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INSULINOTERAPIA E ANTIDIABETICOS Pâncreas: glândula de função mista » Função exócrina (99%): auxilio no processo digestório (suco pancreático) → tecidos » Função endócrina: ilhotas de Langherans → corrente sanguínea Parte endócrina do pâncreas Células α: secretoras de glucagom → hormônio hiperglicemiante Células β: secretoras de insulina → hormônio hipoglicemiante O que estimula a insulina? » Presença de carboidratos no trato gastrointestinal » Glicose na corrente sanguínea Secreção da insulina: Célula β pancreática: Quando chega insulina no nosso corpo ela é transportada até as células pelo transportador GLUT2. Lá essa sofre um processo metabólico que libera ATP e o aumento dos níveis de ATP causa um bloqueio nos canais de K+, levando à despolarização de membrana dos canais de Ca²+, permitindo o influxo pra célula. O aumento do Ca²+ intracelular causa exocitose e a insulina que fica armazenada dentro desses grânulos é finalmente liberada para o organismo. Basicamente o que regula essa polarização é os canais de K+: Canais de K+ aberto = não entra Ca²+ Canais de K+ fechado = entra Ca²+ Os canais de K+ polarizam a célula. Quando há hiperpolarização, significa que tem muito k+ entrando e isso impede a despolarização da célula e entrada de Ca²+ que promove a exocitose e liberação da insulina. Receptor de insulina Receptor enzimático – acoplado a quinase 1) Subunidade α: reconhecimento 2) Subunidade β: atividade enzimática Rede de fosforilação de proteínas intracelulares ↓ Aumento da expressão genica ↓ Aumento da síntese proteica » Quando a insulina se liga ao receptor ela aumenta a atividade enzimática da subunidade β que uma enzima quinase (ação agonista). Após isso se segue rede de fosforilação das proteínas intracelulares. Quando essa rede de fosforilação atinge o núcleo ocorre o aumento da expressão genica e, por consequência, síntese de certas proteínas. • Aumento da síntese transportadores de glicose o A glicose é hidrossolúvel e precisa desses transportadores para sair da célula Efeito da insulina Fígado: • Captação de glicose • Estimula a glicogênese (formação de glicogênio) • Estimula a via glicolítica • Inibe a gliconeogênese (formação de glicose por precursores não glicídicos) Musculo: • Captação de glicose • Estimula a glicogênese • Estimula a via glicolítica • Aumento a síntese de proteínas Tecido Adiposo • Captação de glicose • Estimula a lipogênese • Armazenamento de triglicérides Diabetes mellitus É um grupo de doenças metabólicas caracterizado por hiperglicemia crônica resultante de um defeito na secreção de insulina e/ou sua ação nos tecidos Tipo 1 - Doença autoimune - Deficiência grave ou ausência de síntese e liberação de insulina - Inicio: antes dos 30 anos de idade - Hereditariedade: 10-15% ________________ Tipo 2 - Resistencia a ação da insulina - Fator de risco: obesidade - Início: após aos 40 anos de idade - Hereditariedade: 40-50% ________________ Gestacional - Intolerância a carboidratos de intensidade variável que se inicia durante a gestão atual sem diagnostico prévio de diabetes mellitus Sinais e sintomas Hiperglicemia, acidose metabólica, emagrecimento, poligrafia, polidipsia, poliuria Complicações Neuropatia, retinopatia, nefropatia, doença vascular periférica Terapêutica medicamentosa do diabete mellitus o Diabetes mellitus tipo 1 o Insulinoterapia o Diabetes mellitus tipo 2 o Antidiabéticos o Antidiabéticos e insulinoterapia o Diabetes mellitus gestacional o Insulinoterapia ◆ Diabetes mellitus tipo 1 Insulinoterapia Objetivos: 1) Reposição da insulina prandial (durante as refeições) 2) Reposição da insulina basal (jejum, noturno e entre outras refeições) Há 2 tipos de liberação fisiológica de insulina: prandial e basal. A insulina prandial é durante as nossas refeições, quando consumimos mais carboidratos, e a insulina basal é durante os momentos de jejum, ela fica em níveis baixos e constantes. Via de administração: subcutânea (hipoderme) A insulina é um hormônio peptídico, uma sequência curta de aminoácidos, portanto, não pode ser administrada via oral, pois ao passar pelo trato gastrointestinal, é quebrada. Além do pH ácido do estômago, que inativa a insulina. Com isso, a principal via é a subcutânea. » Administração padrão de insulina: seringas de 1mL Desvantagens: envolve dor e ela precisa ser transportada para todos os locais que a pessoa for (portabilidade). Por causa da portabilidade, foram criados os injetores portáteis do tipo caneta. Vantagem: é a via mais barata que tem. Outro sistema de administração via subcutânea de insulina são as bombas de infusão de insulina. Ela mimetiza a liberação de insulina, porém, são muito caras Via de administração: inalação Vantagem: indolor, pois não há aplicações subcutâneas » contra Indicações: asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fumantes Desvantagem: alto custo Análogos da insulina Rápida absorção – Início rápido – feito de curta duração 1) Insulina de ação ultrarrápida (Fiasp) 2) Insulina de ação de ação rápida (Lispro, asparte, glulisina) 3) Insulina de ação de ação curta (Insulina regular) Lenta absorção – Início de ação lento – feito de longa duração 4) Insulina de ação de ação intermediaria NPH (proteína neutra hagedorn) 5) Insulina de ação de ação longa (garlgina, detemir) 6) Insulina de ação de ação ultralonga (degludeca) Insulina de ação ultra-rapida ↪ Fiasp (complexada com vitamina B3) Inicio de ação: 2 minutos após a refeição ↳ Pode ser administrada até 20 minutos após a refeição Vantagem: vitaminas do complexo B são mais hidrossolúveis, com isso, ao complexar a insulina com a vitamina B3, o complexo se solubiliza mais rapidamente no líquido extracelular (água), caindo mais rapidamente na corrente sanguínea, portanto, é absorvida mais rapidamente Risco reduzido de hipoglicemia, pois o início de ação é rápido e a duração do efeito é curta Insulina de ação rápida ↪ Lispro, Asparte e Glulisina Inicio de ação: 5 a 15 minutos após a administração Administração: 20 minutos antes das refeições Risco reduzido de hipoglicemia ______ Insulina de ação curta ↪ Insulina regular » Disponível no SUS Inicio de ação: 30 minutos após a injeção Ação máxima: 2-3 horas Duração de ação: 5-8 horas Vantagem: passível para administração endovenosa (reversão da cetoacidose diabética) Desvantagem: se após a administração ocorre um atraso na refeição de mais de 30 minutos (em média), a pessoa tem crise de hipoglicemia - ______ Insulina de ação intermediária ↪ Insulina NPH (protamina neutra hagedorn) Inicio de ação: 2-5 horas após a injeção Duração de ação: 4-12 horas A insulina é complexada com uma protamina. Quando esse complexo é aplicado no tecido subcutâneo, as proteases teciduais clivam (quebrar) a protamina, removendo a protamina do complexo com a insulina, assim, depois a insulina cai na corrente sanguínea Desvantagem: farmacocinética imprevisível. A liberação da insulina depende de enzimas teciduais, portanto a liberação é mais lenta, com isso, o pico de concentração é mais baixo e mais constante (platô de concentração) ______ Insulina de ação longa ↪ Glardina Inicio de ação: 1-5 horas após a injeção Duração de ação: 24 horas ↪ Detemir Inicio de ação: 1-5 horas após a injeção Duração de ação: 12 horas (2x ao dia) Usada para imitar a liberação basal de insulina - A diferença entre a glargina e a detemir é o tempo de meia-vida. A meia-vida da glargina é maior - Elas são menos solúveis e quando são aplicadas no tecido subcutâneo, formam um depósito cristalino, que se solubilizam lentamente no líquido extracelulare depois caem na corrente sanguínea para imitar a liberação basal de insulina ______ Insulina de ação ultra-longa ↪ Degludeca Inicio de ação: 1-1,5 horas após a injeção (mimetiza a liberação basal de insulina) Duração de ação: 40 horas A insulina é formulada na forma de hexâmeros (pequenos polímeros de insulina). Hexâmeros são estruturas macromoleculares, de modo que, quando eles são aplicados no tecido subcutâneo, eles se desfazem para formar os monômeros, que caem na corrente sanguínea - Mimetiza a liberação basal de insulina Exemplos de esquema de administração Insulina bifásica Pré-misturas de análogos de insulina - NPH e regular, na formulação 70/30 - NPH + Lispro, nas formulações 75/25 e 50/50 - NPH + Asparte, na formulação 70/30 Vantagens: • Diminui o número de injeções diárias • Pessoas com restrições visuais e motoras Desvantagem: • Dificulta ajustes de dose Complicações do uso Hipoglicemia • Superdosagens • Aumento no metabolismo basal da glicose (exercícios físicos) • Atraso na refeição • Consumo inadequado de carboidratos Sintomas: • Fraqueza, sudorese, taquicardia, confusão mental, dor de cabeça, visão embaçada Tratamento do estado hipoglicêmico: • Leve ou moderado – ingestão de glicose • Grave- glicose a 25% (iv) ou glucagon 1 mg (iv, im,sc) ◆ Diabetes mellitus tipo 2 Antidiabéticos Sensibilizadores da insulina • Metformina • Pioglitazona Inibidores da digestão intestinal de carboidratos • Inibidores da α-glicosidase Fármacos que simulam o efeito do GLP-1 • Exenatida • Liraglutida • Gliptinas Fármacos glicosúricos • Dapaglifozina • Canaglifozina • Empaglifozina Secretagogos de insulina • Sulfoniluréias • Glinidas Sensibilizadores de insulina ↪ Metformina Mec. Ação: desconhecido A metformina aumenta a captação de glicose no fígado e no músculo, de modo que ela consegue, assim como a insulina, aumentar a quantidade de transportadores de glicose na superfície da célula. Além disso, no fígado ela inibe a ação da gliconeogênese. Esses efeitos contribuem para a metformina diminuir a glicemia Efeitos adversos: • Náuseas • Diarreia • Cólicas abdominais • Acidose metabólica • Redução do apetite - (efeito anorexígeno) ↳ Age no tecido adiposo → diminui a gordura corporal → 1ª escolha de tratamento Formulações de metformina de liberação prolongada - (Glifage XR) → reduziu os efeitos adversos gastrointestinais Contraindicação: • Insuficiência renal Precaução: • Uso a longo prazo = ↓ vit. B12 ↪ Pioglitazona Mec. Ação: É agonista de receptores de hormônios tireoidianos Atua nos tecidos alvo da insulina, facilitando a ação da insulina. Ela não atua nos receptores de insulina, ela atua nos receptores de hormônios tireoidianos. A ativação dos receptores de hormônios tireoidianos modula a expressão de proteínas envolvidas no metabolismo da glicose e lipídeos O receptor de hormônio tireoidiano é um receptor intracelular. Hormônios tireoidianos são lipossolúveis, portanto, atravessam a membrana por difusão lipídica e ativa o receptor. Receptor intracelular, quando ativado, sofre translocação para o núcleo da célula, aumentando a expressão gênica. Aumento de expressão gênica aumenta a síntese de transportadores de glicose, ATPsintase e lipases. Com o aumento dos transportadores de glicose, aumenta a captação de glicose; com o aumento da ATPsintase, aumenta a degradação da glicose; com o aumento das lipases, aumenta a degradação de lipídeos. - A pioglitazona é um agonista de receptores de hormônios tireoidianos Efeitos tóxicos: • Cefaleia • Insônia • Distúrbios gastrointestinais • Retenção hídrica » Uso prolongado de pioglitazona é associado a maior risco cardiovascular Inibidores da digestão de carboidratos Inibidores da α-glicosidase O pâncreas é importante na digestão de biomoléculas que ingerimos na alimentação - Uma parte do pâncreas fica voltada para o duodeno e, através do ducto pancreático, ocorre a liberação do suco pancreático, que entra em contato com os elementos da nossa dieta. Dentre esses elementos, têm a amilase pancreática, que digere o amido. O amido precisa ser quebrado antes da absorção, uma parte da quebra é através da amilase salivar e a outra parte através da amilase pancreática. A amilase pancreática quebra o amido, originando a maltose e oligossacarídeos. Eles são menores que o amido, porém, não são absorvíveis, com isso, a enzima α-glicosidase quebra maltose e oligossacarídeos em glicose, que é absorvida ↪ Acarbose A acarbose inibe α-glicosidase, assim, há menos produção de glicose. A acarbose deve ser administrada antes de cada refeição, para diminuir a velocidade de absorção de glicose durante as refeições. Ela possui maior efeito sobre a glicemia pós-prandial. - Principal indicação de acarbose: terapia adjuvante (2ª ou 3ª escolha) Efeito adverso: desconforto abdominal, flatulência e diarreia Contraindicações: pacientes portadores de doença inflamatória intestinal ou obstrução intestinal Fármacos que simulam o efeito do GLP-1 Agonistas de receptores GLP-1 ↪ Exenatida, Liraglutida, Gliptinas A presença de carboidratos complexos no trato gastrointestinal estimula as células intestinais a liberarem o GLP-1 na corrente sanguínea, que ativam os receptores de GLP-1 presentes nas células beta, com isso, há liberação de insulina, tendo regulação de glicemia - O GLP-1 é quebrado pela enzima dipeptidil peptidase em peptídeos inativos – Os fármacos que simulam o efeito do GLP-1 ativam os receptores de GLP-1, aumentando a liberação de insulina, reduzindo a glicose. Indicações: associados a outros fármacos para melhorar o controle glicêmico Administração: via subcutânea Permite associação com insulina no mesmo sistema de administração. Ex.: • liraglutida + degludeca; • lixisenatida + glargina Outros usos: obesidade (liraglutida) - efeito sacietógeno no SNC. Inibidores da Dipeptidil Peptidase ↪ sitagliptina, vildagliptina, saxagliptina, linagliptina Outra forma de simular o efeito de GLP-1 é inibir a dipeptidil peptidase, prolongando o efeito do GLP-1 endógeno. Administração: via oral (maior comodidade) Podem ser usados isoladamente ou em associação à injeções de insulina basal ou a outros hipoglicemiantes Podem ser usados em pacientes com insuficiência renal Sem efeitos sobre o peso corporal Efeitos tóxicos: • dor articular; maior risco de insuficiência cardíaca (saxagliptina, alogliptina) Fármacos glicosúricos ↪ Exenatida, Liraglutida, Gliptinas Fármacos glicosúrico aumentam a eliminação de glicose pela urina Grande parte da glicose que chega nos rins é reabsorvida no túbulo proximal, onde há o transportador Na+/glicose. Os glicosúricos inibem o transportador Na+/glicose, com isso, há aumento da excreção urinária de glicose; aumenta a excreção de sódio (Na+), ocasionando efeito diurético; e promovem a perda de peso e da pressão arterial - Diminui o número de internações por insuficiência cardíaca. Benefício na evolução da insuficiência renal – Contraindicação: • insuficiência renal grave Efeitos tóxicos: • Hipotensão • Aumento da incidência de infecções do trato urinário Secretagogos de insulina ↪ Sulfoniluréias, Glinidas Aumentam a secreção de insulina pela célula beta. As sulfoniluréias são divididas em 3 gerações: ● 1ª geração: Clorpropamida, Tolbutamida - não é mais utilizada ● 2ª geração: Glibenclamida, Glicazida, Glipizaida ● 3ª geração: Glimepirida - Glinidas: Repaglinida, Nateglinida Imitam a ação do ATP e bloqueiam os canais de potássio, assim, ocorre despolarização e abertura de canais de cálcio, aumentando a concentração de cálcio na célula e, com isso,aumenta a liberação de insulina São bloqueadores de canais de potássio sensíveis ao ATP Toxicidade: hipoglicemia Não são fármacos de primeira escolha para tratamento de diabetes mellitus tipo 2 As sulfoniluréias causam reações alérgicas cutâneas Aumento da atividade da insulina no tecido adiposo causa ganha de peso significativo ◆ Diabetes Mellitus Gestacional Insulinoterapia Análogos de insulina de ação rápida: lispro e asparte Análogos de insulina basal: NPH e detemir Pós-parto: necessidade de insulina caem abruptamente. A dose de insulina deve ser adequada a 30% da dose usada no final da gestação Metformina: atravessa barreira placentária, porém, há estudos que dizem que ela não é teratogênica
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