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Câncer de Mama Introdução → Neoplasia maligna extracutânea mais comum em mulheres. → Quase sempre são adenocarcinomas. → É raro em mulheres com idade inferior a 25 anos. Fatores de risco → Mutações hereditárias; → Parentes em primeiro grau com câncer de mama; → Raça/etnia (mulheres brancas não hispânicas); → Idade; → Idade da menarca (muito nova) e da menopausa (muito velha); → Idade do nascimento do primeiro filho; → Doença mamária benigna; → Exposição estrogênica; → Densidade mamária; → Exposição à radiação; → Carcinoma da mama contralateral ou de endométrio; → Dieta, obesidade, exercícios; → Amamentação; Etiologia → O câncer de mama é uma proliferação clonal que se origina de células com varias mutações genéticas, que são adquiridas por influência de exposições hormonais ou genes suscetíveis herdados. Câncer de Mama Hereditário → Em alguns casos o câncer de mama mostra um traço autossômico dominante, conferido pela hereditariedade de uma cópia anormal de um gene supressor de tumor. → Os genes mais importantes e de maior suscetibilidade envolvidos (BRCA1, BRCA2, TP53 e CHEK2) são supressores de tumor que, normalmente, participam do reparo do DNA e da manutenção da integridade genômica. → As mutações no BRCA1 (no cromossomo 17q21) e BRCA2 (no cromossomo 13q12) são responsáveis pela maioria dos cânceres de mama. → Os carcinomas de mama associados a mutações no BRCA1 são pouco diferenciados, apresentam características medulares e são biologicamente muito semelhantes aos carcinomas RE-negativos/HER2-negativos. → Os carcinomas de mama associados a mutações no BRCA2 são pouco diferenciados, no entanto são mais RE-positivos que os carcinomas BRCA1. → Outras possíveis mutações: · TP53 (síndrome de Li-Fraumeni); · CHEK2; · PTEN (síndrome de Cowden); · STK11 (síndrome de Peutz-Jeghers); · ATM (ataxia telangiectasia); → O gene ATM detecta mutações no DNA e com o p53 e CHEK2 induz a interrupção do ciclo celular. O BRCA1, BRCA2 e CHEK2 têm funções importantes no reparo da cadeia dupla de DNA. Câncer de Mama Esporádico → O estrogênio funciona cm um estimulador do câncer de mama. → A exposição hormonal estimula o crescimento da mama durante a puberdade, ciclos menstruais e gravidez, aumentando assim o número de células com potencial para originar o câncer. Patogenia → As células-tronco remanescentes no tecido mamário são, em teoria, as células que originam o câncer de mama. → Existem três vias genéticas nesse processo carcinogênico: 1. Via dos carcinomas RE-positivos; 2. Via dos carcinomas HER2-positivos; 3. Via dos carcinomas RE-negativos; Via dos carcinomas RE-positivos → Receptor de Estrogênio positivo e HER2-negativo. → É o subtipo mais comum de câncer de mama em indivíduos que herdaram mutações de linhagem germinativa no BRCA2. → Apresenta mutações de ativação no PIK3CA (gene decodificador da fosfoinositídeo 3 quinase – PI3K). • Alteração também presente na atipia epitelial plana e na hiperplasia ductal atípica (lesões precursoras desse subtipo de câncer de mama). → Esse carcinoma é denominado “luminal”, por ser semelhante às células luminais mamárias normais em termos de expressão de RNAm, que é dominada por gene regulados pelo estrogênio. Via dos carcinomas HER2-positivos → Tem origem em uma via com amplificações dos genes HER2. → Podem ser tanto RE-positivos quanto RE-negativos. → É o subtipo mais comum de câncer de mama em pacientes com mutações no TP53 (síndrome de Li-Fraumeni). → Possível lesão precursora: adenose apócrina atípica. → Apresentam uma expressão genética distinta comandada pelos genes relacionados à proliferação regulados pelos receptores de tirosina-quinase HER2. Via dos carcinomas RE-negativos → Receptor de Estrogênio negativo e HER2 negativo. → Tem origem em uma via distinta que é independente das alterações mediadas por RE ou HER2. → Não se conhece as possíveis lesões precursoras. → Tipo de tumor mais comum em paciente com mutações em BRCA1. • Ocorre muito em mulheres afro-americanas. → Os tumores esporádicos desse tipo apresentam mutação em TP53 (perda de função). A patogenia em resumo → A mutação mais comum responsável por orientar o desenvolvimento da neoplasia envolve os proto-oncogenes PIK3CA, HER2, MYC e CCND1, e os genes supressores de tumor TP53 e BRCA1 e BRCA2 (carcinomas hereditários). → As células epiteliais neoplásicas não se desenvolvem sozinhas, são dependentes de interações com células estromáticas. • O câncer se origina em áreas de maior densidade, portanto, a concentração de estroma fibroso é um marcador de risco. • O estroma é uma mistura de fibroblastos, vasos sanguíneos, linfáticos, células inflamatórias e matriz extracelular. Classificação dos carcinomas mamários → Quase todas as neoplasias malignas são adenocarcinomas. Carcinoma Ductal In Situ (CDIS) → Proliferação clonal de células malignas limitadas aos ductos e lóbulos pela membrana basal. → Pode-se disseminar pelo sistema ductal e produzir lesões extensas envolvendo um setor inteiro da mama. → A maioria é identificada como um resultado de calcificações associadas a secreções ou necrose. → Tipos: 1. Comedocarcinoma – é detectado na mamografia como áreas de calcificações agrupadas, lineares e ramificações. Possui células neoplásicas com núcleo pleomórfico de alto grau e área de necrose central. 2. Não comedocarcinoma – não tem núcleo de alto grau e nem necrose central. Muitos padrões podem ser reconhecidos. 3. Doença de Paget – manifestação rara do câncer de mama, se apresenta com erupção eritematosa unilateral com uma crosta escamosa. Em geral, se tem um carcinoma invasivo subjacente pouco diferenciado, RE-negativo e que superexpressa HER2. Carcinoma Lobular In Situ (CLIS) → Proliferação clonal de célula dentro de ductos e lóbulos que crescem de maneira não coesa devido à perda da proteína E-caderina. → A célula se dissemina mas não altera os espaços envolvidos. → É sempre um achado incidental de biópsia. → O CLIS quase sempre expressa RE e RP. → É um fator de risco para carcinomas invasivos. Carcinoma Invasivo → RE-positivo, HER2-negativo (luminal) – forma mais comum de carcinoma invasivo. Subdivisão: 1. RE-positivo, HER2-negativo, baixa proliferação; • É o mais frequente em mulheres e homens idosos. • Tipo mais comum detectado pela mamografia e em mulheres que fazer reposição hormonal na menopausa. • A expressão de genes é regulada pelo RE. • Esse tipo de câncer é detectado em estágios iniciais e geralmente são curados com cirurgia. • Quando dão metástase é após um longo período e para os ossos. • Melhor opção de tratamento é a terapia hormonal. • Há resposta incompleta à quimioterapia. 2. RE-positivo, HER2-negativo, alta proliferação; • Subtipo mais comum associado as mutações germinativas de BRCA2. • Apresentam resposta completa à quimioterapia. • Prognóstico melhor, devido a boa resposta à quimioterapia. → HER2-positivo – segunda forma mais comum de carcinoma invasivo de mama. • Mais comum em mulheres jovens e em mulheres não caucasianas. • Aumento na expressão do HER2. • Apresenta: translocações cromossômicas complexas, amplificações de HER2 de alto nível e alta carga mutacional. • Podem metastatizar desde o início, geralmente para órgãos e cérebro. • Respondem a anticorpos que se ligam e bloqueiam a atividade do HER2. → RE-negativo, RP-negativo, HER2-negativo (triplo negativo) – terceira forma mais comum de carcinoma invasivo de mama. • Mais comum em mulheres jovens, antes da menopausa, e também em afro-americanas e mulheres hispânicas. • Se originam em mulheres com mutações em BRCA1. • Alta proliferação e rápido crescimento – pode se apresentar como uma massa palpável no intervalo entre as mamografias. • Podem metastatizar mesmo quando ainda são pequenos, para o órgãos e o cérebro. • Recorrências locais são comuns, mesmo após mastectomia. Tipos histológicos especiais → Carcinoma lobular – perda bialélica da expressão CDH1 (gene que codifica a E-caderina). Não é coeso e estimula pouca resposta desmoplásica. Disseminação metastática envolvendo o peritônio e retroperitônio, as leptomeninges, o tratogastrointestinal e os ovários e útero. → Carcinoma medular – exibem características associadas aos carcinomas com BRCA1. Tem melhor resposta e melhor prognóstico. → Carcinoma micropapilífero – exibe um padrão característico de crescimento independente de ancoragem. Não tem adesão estromática (E-caderina não atua). Manifestações clínicas → Nódulo palpável; → Inchaço mama todo ou parte dela; → Irritação ou abaulamento de uma parte da mama; → Dor na mama ou mamilo; → Inversão do mamilo; → Eritema, edema; → Espessamento ou retração da pele ou do mamilo; → Secreção sanguinolenta ou serosa (água de rocha – cristalina); → Linfonodos aumentados (especialmente axilares); Rastreamento e Exames Diagnósticos → A mamografia anual é o principal exame de rastreamento para o diagnóstico precoce. → O rastreamento é indicado para: • Mulheres assintomáticas com risco populacional e idade maior ou igual a 40 anos. • Mulheres assintomáticas com alto risco e idade maior ou igual a 25/30 anos. → Para mulheres de alto risco é indicado ressonância magnética das mamas adjunta à mamografia. → Pode ser indicado também uma ultrassonografia mamária adjunta à mamografia. → Tomografia computadorizada e PET scan também podem ser úteis. Classificação BI-RADS → Varia de 0 a 6 e é baseada nos achados em tudo o que foi descrito em um laudo de mamografia. → Conclui e determina o diagnóstico, apresentando uma sugestão de conduta. BI-RADS 0 – inconclusivo (complementa estudo com USG mamária ou outro) BI-RADS 1 – exame normal (exame de rotina normal) BI-RADS 2 – achados benignos (exame de rotina anual) BI-RADS 3 – achados benignos que necessitam de acompanhamento (realizar controle precoce – 6, 12, 24, 36 meses) BI-RADS 4 – achados suspeitos para câncer (prosseguir investigação - realizar biópsia) BI-RADS 5 – achados altamente suspeitos para câncer (biópsia) BI-RADS 6 – câncer comprovado (tratamento adequado) Tratamento → Tratamentos locais: • Cirurgia; • Radioterapia; → Tratamentos sistêmicos: • Quimioterapia; • Hormonioterapia; • Terapia alvo; • Imunoterapia; Efeitos Colaterais da Quimioterapia → Queda de cabelo e pelos corporais; → Diarreia; → Feridas na boca; → Náuseas e vômitos; → Pele sensível; → Infertilidade;
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