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Laboratório de
Bioquímica Clínica
Responsável pelo Conteúdo:
 Prof.ª Eliana Adami
Prof.ª Fabiola Regina Stevan
Prof.ª � aís de Souza Lima
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Gabriela Cavagnolli
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal
Introdução à Bioquímica Clínica e 
Marcadores Laboratoriais 
da Função Renal
 
 
• Entender a importância do setor de Bioquímica no laboratório clínico; 
• Conhecer os fatores que afetam os resultados dos exames; 
• Compreender os indicadores de qualidade clínica;
• Reconhecer os principais marcadores laboratoriais da função renal; 
• Compreender a diferença laboratorial entre a lesão renal aguda e a doença renal crônica;
• Avaliar a proteinúria e suas consequências.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Conceitos Aplicados à Bioquímica Clínica;
• Métodos e Técnicas Utilizados em Bioquímica Clínica;
• Aquisição e Interpretação de Dados Bioquímicos;
• Aspectos da Qualidade na Medicina Laboratorial;
• Avaliação Laboratorial da Função Renal;
• Proteinúria;
• Determinação Laboratorial do Ácido Úrico.
UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
Contextualização
Os exames laboratoriais contribuem para a definição do diagnóstico, auxiliando o clí-
nico em seu raciocínio, esclarecendo suspeitas diagnósticas e colaborando com a conduta 
terapêutica. Os testes laboratoriais podem ser utilizados em vários ramos da Medicina 
clínica, sendo úteis na prevenção, diagnóstico, prognóstico e monitoramento das doenças.
Nesse contexto, estudar os perfis bioquímicos relacionados com algumas patologias 
torna-se fundamental porque eles refletem o estado do metabolismo de carboidratos e 
lipídeos, bem como as funções renal, hepática, cardíaca e de eletrólitos.
Ainda nesse contexto, surge a questão: qual é o motivo de tantos exames em uma soli-
citação médica?
O sistema renal tem uma grande colaboração na manutenção da homeostase corpo-
ral, garantindo o equilíbrio constante do pH, de fluidos corporais, de sais, da tempera-
tura e do equilíbrio acidobásico. A manutenção dos fluidos orgânicos e sua participação 
na eliminação de produtos de excreção e do excesso de fluido é fundamental.
Avaliar laboratorialmente a função renal nos permite verificar a participação dos rins 
na realização de suas atividades e nos dá indicação sobre o metabolismo do indivíduo e 
sobre seu estado geral.
Diante desse cenário, de que forma o rim realiza suas funções e quais indícios labo-
ratoriais detectam falhas na sua capacidade filtradora?
8
9
Conceitos Aplicados à Bioquímica Clínica
A homeostase corporal é caracterizada pelo equilíbrio dos componentes bioquímicos no 
or ganismo, garantindo um funcionamento perfeito das funções biológicas. A modificação 
dessa condição pode caracterizar uma patologia. A pesquisa de substâncias, denominadas 
analitos, em fluidos biológicos como o sangue, contribui para a elucidação diagnóstica .
Uso de dados bioquímicos na Medicina clínica
A classificação de um resultado como normal ou alterado baseia-se na interpretação 
do valor detectado do analito e sua comparação com o intervalo de referência ou valor 
de referência. Esse intervalo é obtido através da utilização de métodos estatísticos para 
o cálculo da média do analito dosado na população em geral e a fixação de uma variação 
permitida (desvio padrão). 
Alguns valores de referência possuem adequações em relação a sexo, idade, horário 
do dia, pre sença ou não de jejum ou uso de medicamentos. Estas são condições que 
determinam um intervalo de referência diferenciado. Os analisadores laboratoriais tam-
bém sofrem ajustes em seus valores de referência durante as etapas de implantação e 
validação do método numa rotina laboratorial.
Os laboratórios de Bioquímica são estruturados para realizar desde análises básicas 
até detecções mais complexas. O local em que o laboratório está inserido é que dita seu 
perfil analítico. Laboratórios inseridos em hospitais realizam exames voltados para o 
atendimento de emergência/urgência. Exames coletados em pontos de coleta espalha-
dos pelas grandes ci dades serão processados em centrais analíticas que, além de perfis 
básicos, também realizam quantificações mais complexas.
Essas centrais têm como principal característica a realização de um número expres-
sivo de exames/hora, graças à automação laboratorial e a informatização dos resulta-
dos. O desenvolvimento de sistemas modelares, o aperfeiçoamento das metodologias 
tradicionais, a incorporação da identificação por código de barras e a implantação dos 
programas de qualidade determinaram um marco para os segmentos laboratoriais.
As equipes de laboratórios são formadas por auxiliares, técnicos, analistas e patolo-
gistas clí nicos comprometidos com a excelência laboratorial e com o compromisso ao 
apoio diagnóstico.
Tipos específicos de exames bioquímicos
Existe um número expressivo de detecções disponíveis em um laboratório de Bioquími-
ca: são mais de 300 detecções, que vão desde exames tradicionais, como uma dosagem 
de glicose, até detecções que avaliam lipoproteínas variantes, metabólitos intermediários e 
detecção de fármacos.
A realização dos exames e sua interpretação têm como principais finalidades o diag-
nóstico, conduta clínica e prevenção. Os exames com finalidade diagnóstica geralmente 
são compostos por perfis direcionados e têm como intuito avaliar marcadores relacionados 
9
UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
com algumas patologias. Quando esses marcadores se apresentam acima do valor de 
normalidade, podem indicar disfunções em órgãos ou sistemas corpóreos. A avalição da 
conduta terapêutica por meio de exames laboratoriais revela para o clínico se sua opção de 
tratamento foi eficaz e se o paciente está evoluindo para cura. É na prevenção, entretanto, 
que o laboratório se destaca. A Medicina preventiva tem ressaltado o importante papel das 
análises na detecção precoce e na reversão de quadros antes que esses se estabeleçam.
Atualmente, com o desenvolvimento de novas metodologias diagnósticas e com a 
busca por marcadores mais específicos para determinadas patologias, avançamos para 
uma maior utilização da Medicina diagnóstica no futuro.
Fatores que afetam o resultado dos exames
O processo laboratorial compreende três etapas analíticas caracterizadas pelo: pré-
-analítico, analítico e pós-analítico.
Tabela 1 – Etapas do processo laboratorial
Pré-analítico Analítico Pós-analítico
Pedido do exame Análise do material biológico Análise
Orientação, Preparo do paciente Fluxo de dados Relato de resultados
Coleta Monitoramento do controle de qualidade Armazenamento dos resultados
Armazenamento, identificação, 
triagem e transporte
Análise crítica dos resultados ensaiados 
e dos controles de qualidade Armazenamento de amostras (soroteca)
Entrega do material no 
setor de análise Avaliação da conformidade das amostras
A garantia da obtenção de uma amostra biológica representativa e livre de interferen-
tes é uma das etapas do processo laboratorial. A etapa pré-analítica corresponde a 70% 
dos erros do processo laboratorial. Por isso, garantir o controle dessa etapa e promover 
sua melhoria é uma das metas da política da qualidade.
Os vários colaboradores que participam do processo pré-analítico têm graus de 
instrução e conhecimento variados, desde o momento do agendamento do exame até o 
seu transporte para central técnica; vários fatores podem ser responsáveis por degradar 
a amostra e torná-la não confiável.
As orientações de coleta devem ser realizadas ainda no consultório médico, com a 
participação ativa do clínico, que deve ressaltar a importância das orientações de coleta 
e da realização do preparo quando houver a necessidade (por exemplo, jejum, dieta, 
suspensão das atividades físicas, relato dos medicamentos utilizados etc.). No caso do 
não fornecimento dasorientações no consultório médico, o laboratório deve suprir essa 
lacuna de informações.
Essa etapa é determinante para a obtenção de um resultado exato. Alguns fatores são 
extremamente importantes e devem ser controlados e/ou informados:
• variação cronobiológica: são dosagens em que a concentração de analito sofre 
alterações no decorrer do dia, como exemplo, o hormônio cortisol, que após o pe-
ríodo da manhã tem seus valores diminuídos;
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11
• gênero: alguns exames têm valores de referência distintos entre homens e mulhe-
res, decorrentes de variações biológicas relacionadas a hormônios, massa muscu-
lar e variações metabólicas. Na padronização dos sistemas informatizados e dos 
parâmetros analíticos, devem constar, para transgêneros, ambos os nomes, social 
e de registro civil. Assim possibilita o médico na avaliação correta dos resultados 
 relacionados aos intervalos de referência dos exames hormonais caso o indivíduo 
faça o uso de hormonioterapia;
• faixa etária: alguns exames têm valores de referência distintos de acordo com a fai-
xa etária, inclusive a interpretação dos resultados deve ser cuidadosa, principalmente 
em idosos;
• posição: a coleta deve ser realizada, preferencialmente, com o paciente sentado. Se 
houver a necessidade de coleta com o paciente deitado, essa informação precisa 
constar na ficha, visto que proteínas de alto peso molecular, como albumina, po-
dem ter seus valores superestimados;
• dieta: não há a necessidade de mudança na dieta habitual, desde que não haja in-
dicação para tal, de acordo com o exame a ser realizado. É importante manter os 
hábitos alimentares co tidianos e, principalmente, não contribuir para a geração de 
interferentes no material biológico;
• jejum: na recomendação de jejum, é necessário realizá-lo adequadamente e ficar 
atento para o tempo de jejum recomendado. A maioria dos exames exige três horas 
de jejum, com exceção da glicemia (oito horas) e do perfil lipídico (12 horas). Recen-
temente houve uma atualização que permite a flexibilização do jejum. No entanto, 
é necessário estar na requisição conforme solicitação médica. A água não quebra o 
jejum, sendo necessária para facilitar a coleta sanguínea e evitar uma desidratação;
• álcool e fumo: o álcool em uso prolongado pode causar aumento da enzima gama 
glutamil transferase (GGT) e o fumo pode resultar em aumento da concentração de 
hemoglobina, por exemplo;
• medicamentos em uso: é importante relatar o nome dos medicamentos e o seu 
tempo de uso pelos últimos dez dias, sejam os esporádicos ou de uso contínuo. Exis-
tem alguns medicamentos que podem resultar em variações no resultado e impactar 
em algumas metodologias analíticas. Por exemplo o uso da Furosemida, medicamen-
to diurético que pode elevar os níveis de colesterol (CT) e triglicérides (TG), sendo 
extremamente importante ser mencionado pelo paciente no cadastro laboratorial;
• Atividade física: seu impacto em algumas detecções é transitório. No dia da coleta, 
reco menda-se que não sejam realizados exercícios, visto que exercícios de trabalho 
muscular podem resultar no aumento da atividade das enzimas de origem muscular, 
como creatinoquinase (CK).
Consulte as recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC)/Medicina 
Laboratorial sobre fatores pré-analíticos e interferentes em ensaios laboratoriais e o posi-
cionamento conjunto: Medicina Diagnóstica inclusiva: cuidando de pacientes transgênero. 
Disponível em: https://bit.ly/3ith4ON
A etapa analítica é a mais controlada de todo o processo laboratorial, visto que, em 
sua maioria, tais processos são automatizados e monitorados continuamente, favoreci-
dos por programas e ferramentas de qualidade laboratorial.
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UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
Os procedimentos laboratoriais devem estar em acordo com metodologias publicadas, 
padronizadas ou validadas pelos laboratórios, descritas em POPs (Procedimentos Opera-
cionais Padrão), ou instruções de trabalho tanto para o método quanto para o equipamento 
analítico, que garantem a padronização do processo e unificam os procedimentos entre os 
analistas. A adoção de um controle de qualidade permite o monitoramento da rotina e da 
performance dos analisadores, gerando um controle estatístico do processo laboratorial.
Ainda na etapa analítica, há o fluxo de dados, obtido por meio da implantação dos 
sistemas de informática laboratorial (LIS/SIL), que garantem o fluxo de dados entre os 
analisadores e o computador para que ocorra uma liberação segura, sem a necessidade 
de transcrição dos resultados em planilha. Essa prática gerava maior número de erros 
nessa etapa. Já existe a possibilidade de liberação automática para os exames dentro 
da normalidade em alguns cenários laboratoriais, mas para isso é necessário que o pro-
grama de fluxo de dados o permita.
Por fim, o pós-analítico corresponde à última etapa do processo laboratorial, que con-
centra a elaboração do laudo, sua impressão ou transmissão, seu recebimento e, principal-
mente, a interpretação dos resultados pelo clínico.
Como realizar o controle eficiente de todas as etapas laboratoriais para garantir um resul-
tado de qualidade?
Técnicas de coleta de amostras 
biológicas para exames bioquímicos
A coleta de sangue é um dos procedimentos mais comuns em análises clínicas. 
Garantir a redução de interferentes na obtenção do material biológico e priorizar uma 
coleta segura é o papel do setor de coleta laboratorial.
Os dispositivos de coleta evoluíram: antigamente, a obtenção de material para aná-
lise acontecia, basicamente, utilizando-se seringa e agulha; depois, o material biológico 
era distribuído em tubos plásticos ou de vidros, vazios ou contendo anticoagulantes que 
impediam a formação de coágulos na amostra. Os tubos de vidro ou plástico foram 
aperfeiçoados e hoje contam com vácuo calibrado e aditivos que podem ser anticoagu-
lantes ou ativadores de coágulo (aceleram a coagulação) e gel separador, que preserva 
adequadamente a amostra.
Esse sistema de tubos a vácuo é o mais utilizado devido à sua facilidade na coleta múl-
tipla, a garantia de segurança ao coletor e, principalmente, por permitir a coleta, trans-
porte e processamento da amostra com o mínimo de contato com o material biológico.
Dependendo do material a ser utilizado, soro ou plasma, e do tipo da análise a ser 
realizada, há a necessidade da utilização de um tubo com aditivo correspondente que 
preserve os analitos a serem detectados no sangue. Como cada tubo tem uma função 
pré-determinada, a padronização com a especificação por cores indica o seu conteúdo 
(aditivo) e tem aplicação universal. A seguir, temos um quadro com os tubos e seus adi-
tivos correspondentes:
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Tabela 2 – Cores das tampas dos tubos de coleta, aditivos e aplicação laboratorial
Cor da tampa Aditivo Teste
Azul Anticoagulante citrato de sódio. Testes de coagulação.
Vermelha Nenhum ou ativador de coágulo. Exames sorológicos, hormônios e bioquímicos.
Amarela Ativador de coágulo e gel separador. Exames sorológicos, hormônios e bioquímicos.
Roxa/Lilás Anticoagulante EDTA (etilenodiaminotetracético). Exames hematológicos, preserva a morfologia celular, hemoglobina glicada.
Cinza Anticoagulante fluoreto de sódio + EDTA. Dosagem de glicose e lactato.
Durante a coleta de sangue, há a necessidade de respeitarmos uma ordem de coleta 
para os tubos listados acima. Como a maioria possui aditivos, devemos impedir a con-
taminação cruza da entre eles. Sendo assim, a ordem de coleta para tubos plásticos deve 
ser: azul – vermelho/amarelo – roxo/lilás – cinza.
Vale ressaltar que, durante a coleta de sangue, os tubos necessitam de homogeneiza-
ção por inversão de oito a dez vezes, garantindo a mistura dos aditivos com o sangue. 
Os tubos contendo citrato devem ser invertidos por 3 ou 4 vezes apenas.
O tempo de garroteamento durante a coleta de sangue deve ser controlado, não exce-
dendo dois minutos, pois o garroteamentoprolongado provoca alterações metabólicas, 
como o au mento da concentração de lactato.
Os exames são realizados com basicamente três tipos de amostras: sangue total, 
soro ou plasma. As amostras de sangue total são utilizadas nos exames de avaliação 
celular. As amos tras de soro e plasma serão obtidas após a centrifugação dos tubos de 
coleta, para análise da parte líquida do sangue.
O plasma é obtido após a centrifugação do sangue colhido nos tubos que continham 
an ticoagulante, assim existe plasma citrato, fluoreto e EDTA. O plasma é utilizado nas 
análises da parte líquida sanguínea. Os exames que analisam o soro são obtidos após 
a centrifugação dos tubos de tampa vermelha ou amarela, que possuem ativador de 
coágulo. São análises da parte líquida sanguínea, mas, como houve a formação de coá-
gulos, elementos participantes da cascata de coagulação já foram consumidos.
Plasma
Tubo com anticoagulante
Soro
Coágulo
Leucócitos plaquetas
Hemácias
PLASMA x SORO
Tubo sem anticoagulante
Figura 1 – Diferença entre plasma e soro
Deve-se garantir que nos materiais biológicos não haverá interferentes, que podem ter 
procedências diferentes, e serão, assim, classificados como endógenos ou exógenos. 
Os in terferentes endógenos são aqueles presentes na amostra devido a condições asso-
ciadas ao paciente ou ao processo de coleta. Como exemplo, temos a lipemia, a hemó-
lise e a icterícia. A lipemia ocorre por um aumento transitório da presença de quilomí-
crons no sangue do pacien te, logo após uma refeição copiosa ou por uma desordem no 
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UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
metabolismo lipídico, como em hipertrigliceridemia. A hemólise pode ser causada por 
doença como anemia hemolítica ou por falha no processo pré-analítico, como tempo 
prolongado de garroteamento, coleta traumática, homogeneização vigorosa e falha no 
processo de centrifugação. A icterícia, que é caracterizada por um excesso da bilirrubina 
circulante, faz com que o soro ou o plasma fiquem com uma tonalidade esverdeada. 
Essas alterações em soro ou plasma, lipemia, hemólise e icterícia, dependendo da meto-
dologia analítica utilizada, podem inviabilizar a análise laboratorial.
Os interferentes pré-analíticos exógenos são caracterizados pela luz, temperatura e pre-
sença de infusão de medicamentos. Sendo assim, nas detecções que sofrem degradação 
na presença da luz, é preciso proteger dela os tubos com material biológico. A temperatura 
ideal da sala de coleta deve ser, em média, de 22 a 25º C. Já o armazenamento dos 
tubos com material biológico deve ser realizado entre 2 e 8º C, inibindo, assim, a degra-
dação dos analitos e o metabolismo celular.
Por fim, deve-se evitar a coleta em veias que receberam infusão de medicamentos, visto 
que nesses locais o sangue estará comprometido por, pelo menos, uma hora após a infusão.
Outras amostras biológicas podem ser utilizadas nas detecções de exames bioquími-
cos, como: amostras isoladas de urina, amostras de urina de 24 horas, sangue arterial e 
líquidos corpóreos (cefalorraquidiano, ascítico, pleural e sinovial). A seguir, há algumas 
recomendações para garantia da qualidade desses materiais:
• amostra de urina isolada: a amostra de urina deve ser recente, acondicionada em 
frasco coletor universal, sem adição de nenhum conservante, obtida após um pe-
ríodo de duas horas sem urinar, no volume mínimo de 10 mL. A urina deverá ser 
mantida em temperatura ambiente, podendo ser refrigerada, se necessário, em 
temperatura entre 2 e 8 ºC por 24 horas;
• amostra de urina de 24 horas: deve ser toda a urina produzida em 24 horas. O 
frasco coletor deverá ser o fornecido pelo laboratório. Se no frasco coletor houver 
conservante, ficar atento com sua interferência na metodologia escolhida para aná-
lise do material. A urina não deve ser exposta ao calor e à luz em excesso;
• sangue arterial: a coleta de sangue arterial ocorre com a utilização de uma seringa 
com heparina, responsável por facilitar a obtenção do sangue arterial sem deixá-lo 
coagular. Avaliar se não há a presença de bolhas e/ou coágulos no material, que 
inviabilizem a análise da amostra;
• líquidos cavitários: verificar se o volume coletado é suficiente para análise, se seu 
acondicionamento está adequado e se o material foi mantido refrigerado entre 2 e 
8 ºC, caso sua entrega ao laboratório não for imediata.
Métodos e Técnicas Utilizados 
em Bioquímica Clínica
Os métodos e técnicas utilizados na rotina laboratorial permitiram o desenvolvimento 
das análises clínicas, graças ao aprimoramento das metodologias analíticas e a implan-
tação da automação laboratorial e seus resultados mais rápidos e precisos.
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Conceitos gerais
A automação em bioquímica foi introduzida no laboratório em 1980. Esses equipa-
mentos, em sua maioria, baseiam-se em testes em que a amostra do paciente é aplicada 
em um cartucho de teste, cassete ou fita reagente. Os equipamentos realizam a pipe-
tagem das amostras e reagentes controlam a temperatura e o tempo de incubação e 
detectam a emissão de sinais da reação, que serão transformados em unidade de medida 
ou concentração do que se quer analisar.
Atualmente, a maioria dos métodos foi incorporada a um sistema automatizado, ga-
rantindo maior rapidez e precisão nas análises, se comparado ao processo manual. Numa 
rotina em que o número de exames a serem processados é cada vez maior, o uso da auto-
mação reflete em aumento da produtividade, permitindo um melhor controle analítico.
O surgimento do código de barras, através da codificação de dados numéricos e alfanumé-
ricos, possibilitou aos sistemas laboratoriais importar informações re levantes da ficha de 
atendimento do cliente, transmitindo aos equipamentos os exames solicitados ao paciente.
Em Bioquímica Clínica, destacam-se os métodos a seguir como os mais utilizados nos 
anali sadores de bancada e nas grandes máquinas laboratoriais:
• Fotometria/espectrofotometria;
• Fotometria de reflectância;
• Eletrodos de íon-seletivos (ISE);
• Eletroquímica;
• Cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) e cromatografia iônica;
• Turbidimetria.
Química líquida
Na química líquida, a principal metodologia de análise é a fotometria, ou espectro-
fotom etria ou ainda colorimetria, método que se baseia na medida da luz por meio de 
instrumentos denominados espectrofotômetros. A maioria das reações bioquímicas é 
monitorada por essa interação com a luz. A espectrofotometria utiliza a propriedade das 
substâncias para absorver luz em comprimentos de onda determinados para quantificar 
as reações bioquímicas. A por ção de luz que passa pela solução corada é detectada por 
uma célula fotoelétrica. Essa luz é o percentual de transmitância (%T). A luz que não 
passa pela solução por ser absorvida por ela é medida em unidades de absorbância (A).
Importante!
De acordo com o postulado pela Lei de Lambert-Beer, quanto maior a concentração do 
analito, maior será a absorbância da amostra.
15
UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
Os espectrofotômetros contêm uma fonte que fornece a luz para análise através de 
um feixe de luz branca, que passa por um monocromador equipado por um prisma de 
difração que dispersa a luz em um espectro através de uma fenda estreita que isola a luz 
monocromática (um comprimento de onda) selecionada pelo operador do equipamento 
no momento da análise.
A luz monocromática é direcionada à cubeta de reação, passando pela solução, e é 
detectada pela célula fotoelétrica, que gera uma corrente elétrica e a convertendo em 
leitura digital. Essa informação é expressa em absorbância (A) ou transmitância (%T).
Figura 2 – Partes internas de um espectrofotômetro
Os equipamentos que utilizam essa metodologia analítica medem a interação de subs-
tratos consumidos ou os produtos formados. A medição acontece numa cubeta que pode 
ser de quartzo, vidro óptico ou acrílico e deve estar limpa para evitar erros na medição.Os insumos utilizados por esse método são compostos por um conjunto de reagentes 
caracterizados por soluções que geram resíduos líquidos como resultados para análise.
As reações em Bioquímica Clínica podem ser colorimétricas, que medem a energia 
radiante transmitida/absorvida na faixa do visível do espectro eletromagnético de 400 a 
680 nm (nanômetros) e reações no espectro do ultravioleta, no qual o produto de análise 
não é colorido, mas tem a capacidade de absorver energia na faixa de luz ultravioleta do 
espectro eletromagnético, no comprimento de 340 a 365 nm.
Os exames de colesterol e glicose produzem reações colorimétricas, já as detecções 
de aspartato aminotransferase (TGO) e creatininaquinase (CK) resultam em reações 
não colorimétricas.
O método de eletrodos de íon-seletivos (ISE) baseia-se na detecção de íons em uma so-
lução utilizando hastes seletivas que detectam somente um íon em particular na presença 
de outros íons. Por isso, são necessários dois eletrodos, um que contém a concentração 
conhecida do íon a ser medido, chamado eletrodo de referência, e outro que correspon-
de ao íon que está sendo medido, sobre o qual a amostra biológica será medida.
A diferença entre a concentração de íons do eletrodo de referência e os íons detec-
tados na amostra biológica geram um potencial elétrico (voltagem). Essa voltagem será 
convertida na concentração de íons da amostra biológica.
Cada eletrodo é específico para um íon, então, temos eletrodos de sódio (Na+), po-
tássio (K+), cloro (Cl–), cálcio (Ca2+) e hidrogênio (H+). O método pode ser utilizado para 
detecções no sangue total, plasma ou soro.
16
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A eletroquímica utiliza a tecnologia eletroquímica, em que os analisadores utilizam ele-
trodos que medem os elétrons gerados a partir de uma reação entre as amostras biológicas 
e os reagentes, que convertem os elétrons detectados em unidades do que se quer analisar.
O método de cromatografia líquida de alta resolução se baseia na separação de com-
postos em uma mistura. O sistema analítico é composto por uma fase móvel e uma fase 
estacionária (coluna), permitindo a separação, uma vez que uma maior afinidade de um 
composto com a fase estacionária permite que a sua eluição pela fase móvel seja mais 
lenta. Ao sair da coluna, os componentes passam por um detector que emite um sinal 
elétrico, o qual é registrado, constituindo um cromatograma.
Química seca
A química seca utiliza fotômetros de reflectância que medem a luz de um compri-
mento de onda específico, refletido por um produto corado. Essa luz é detectada por uma 
fotocélula e convertida em unidades analíticas, usadas nos monitores pessoais para glicose.
Esse método é utilizado em analisadores de fase sólida ou química seca, em que os 
reagentes estão impregnados em unidades de testes.
O material biológico é aplicado nas unidades testes, com múltiplas camadas de rea-
gentes. A cor produzida pela reação química é detectada pela fotometria de reflectância 
e sua intensidade é medida e convertida em unidades do teste que está sendo detectado. 
Essa metodologia permite a realização de perfis variados em um mesmo equipamento, 
de forma rápida e com a produção de poucos resíduos pós-analíticos.
Figura 3
Fonte: Getty Images
Siga as instruções do fabricante do equipamento diagnóstico. Tenha certeza de in serir cor-
retamente dados de calibração e checar as fórmulas estatísticas pa a a obtenção da concen-
tração de analito desejada e acompanhe sua rotina analisando os resultados das amostras 
de referência.
17
UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
Aquisição e Interpretação 
de Dados Bioquímicos
O estudo de perfis bioquímicos permite a avaliação de um perfil metabólico completo. 
Assim, os testes realizados simultaneamente em uma amostra fornecem uma avaliação 
geral do paciente. Os testes bioquímicos foram desenvolvidos para diminuir a imprecisão 
do diagnóstico, mas eles só serão úteis se o analista e o clínico compreenderem o quanto 
ele contribui para a elucidação da patologia.
 
SAÚDE DOENÇA
Figura 4 – O processo de saúde e doença
Tabela 3 – Exemplos de perfis bioquímicos
Perfil Exames
Renal Creatinina e eletrólitos.
Lipídeos Colesterol total, LDL-colesterol, HDL-colesterol, VLDL-colesterol e triglicerídeos.
Cardíaco Creatinoquinase (CK), creatinoquinase – músculo cardíaco (CK-MB), troponina T.
Hepático Proteínas totais, albumina, bilirrubina, fosfatase alcalina, gamaglutamiltransfera-se, alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase.
Pancreático Amilase e lipase.
O processo diagnóstico requer algumas etapas: a definição da hipótese diagnóstica 
e a solicitação de exames baseado na história relatada pelo paciente e o exame físico e 
dos testes diagnósticos mais específicos.
Os conceitos de sensibilidade e especificidade são muito utilizados em Medicina diag-
nóstica visto que testes mais sensíveis buscam afastar diagnósticos suspeitos e os mais 
específicos visam definir uma determinada doença, assim, a detecção positiva, tanto em 
testes de alta sensibilidade quanto em especificidade, confirmam a presença da doença.
Interpretação dos resultados
Uma dosagem laboratorial é classificada como normal ou alterada, ao se compa-
rar o valor da detecção na amostra biológica com os valores de referência previa-
mente estabelecidos.
Esse intervalo de referência é determinado a partir da medição do nível do analito na 
população geral e a aplicação desses valores em testes estatísticos que estabelecem uma 
média do que será a taxa normal, e ainda calcula qual será a variação maior e menor do 
intervalo de referência.
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Os valores de referência podem ser alterados devido a idade, sexo, horário da coleta, 
inter valo entre as refeições e uso de medicamentos. As diversas metodologias diagnós-
ticas também apresentam variações entre si, o que pode ocorrer inclusive entre labora-
tórios, portanto cada um deles estabelece seus valores e os informa, obrigatoriamente, 
no seu lado diagnóstico.
Tanto o clínico quanto o paciente devem interpretar seus resultados de acordo com 
os va lores reportados pelo laboratório executor do exame em vez de compará-los aos 
dados da literatura médica.
Valor preditivo em Bioquímica Clínica
O valor preditivo (VP) em Bioquímica Clínica pode ser positivo (VPP) ou negativo 
(VPN) e está relacionado com a sensibilidade e a especificidade do teste e a prevalência 
da doença no grupo de estudo. Para isso, é importante retomarmos os conceitos de 
sensibilidade e especi ficidade diagnóstica.
• Sensibilidade: é a probabilidade de um resultado positivo em pacientes nos quais a 
doen ça está presente, também chamado de verdadeiro positivo;
• Especificidade: é a probabilidade de um resultado negativo em pacientes que não 
têm a doença, também chamado de verdadeiro negativo.
Após o exame ter sido realizado, qual a probabilidade de um teste positivo ter realmente 
identi ficado uma doença?
Quando a sensibilidade e a especificidade do teste forem constantes, quanto maior for 
a prevalência da doença na população, maior o rendimento do valor preditivo positivo 
do teste de rastreamento. Esse valor traduz a maior quantidade de casos detectados em 
cada teste diagnóstico.
Os resultados falso-positivos e falso-negativos podem ser minimizados utilizando-se a 
com binação de testes em paralelo (dois ou mais testes realizados simultaneamente) ou em 
série (dois ou mais testes realizados em sequência) para a definição de resultado positivo.
Juntamente com os conceitos de sensibilidade e especificidade diagnóstica, deve-
mos abor dar os conceitos de acurácia e precisão, também relacionados com as análises 
bioquímicas. A acurácia detecta a proporção de acertos de um teste diagnóstico (% de 
verdadeiros positivos + verdadeiros negativos). É a detecção capaz de determinar o ver-
dadeiro valor do que está sendo medido com a precisão que avalia o teste e a produção 
de resultados consistentes após várias dosagens sob as mesmas condições.Aspectos da Qualidade 
na Medicina Laboratorial
A qualidade na Medicina laboratorial está vinculada à excelência, atendendo às expec-
tativas dos clientes. No cenário laboratorial e na disputa entre as empresas do segmento, 
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Laboratoriais da Função Renal 
implantar ferramentas de qualidade em seus produtos e serviços diagnósticos torna-se 
um diferencial além de atender as legislações vigentes.
Em um laboratório, a qualidade é alcançada toda vez que todas as etapas do proces-
so analítico (pré-analítico, analítico e pós-analítico) são controladas integralmente, na 
busca pela melhoria contínua. O controle de todas as etapas é garantido pela gestão 
da qualidade, que determina ações no cenário laboratorial, produzindo documentações, 
norteando a política de qualidade, gerando indicadores e estabelecendo metas.
Padrões de qualidade
Duas definições que precisam ficar esclarecidas são as de controle de qualidade e de 
garantia da qualidade. O controle de qualidade compreende técnicas e atividades opera-
cionais que se destinam a monitorar um processo para eliminar falhas em todas as eta-
pas analíticas; já a garantia da qualidade se refere às atividades planejadas e sistemáticas 
para promover os requisitos da qualidade e incentivar os colaboradores de que alcançá-la 
é possível.
Indicadores de qualidade clínica
A qualidade só poderá ser atingida com a padronização dos processos realizados, 
abrangendo desde a solicitação médica até o arquivo dos resultados. O principal objetivo 
é garantir a rastreabilidade de todas as atividades, como controle essencial para garantir 
e identificar variáveis que podem impactar no resultado.
O sistema de qualidade deverá ser estruturado ao se providenciar:
• Infraestrutura adequada para as atividades;
• Equipe capacitada e treinada para as atividades a serem executadas;
• Equipamentos diagnósticos de boa qualidade e monitorados frequentemente;
• Reagentes e insumos seguros que atendam às especificações da legislação vigente;
• Métodos de detecção padronizados ou verificados;
• Sistema de limpeza, esterilização e descarte de resíduos adequado;
• Garantia na obtenção da amostra biológica, abrangendo transporte, acondiciona-
mento e conservação;
• Documentação da qualidade completa e atualizada.
Algumas terminologias são frequentemente utilizadas em qualidade laboratorial e seu 
conhecimento é importante:
• Analito: é a substância que será analisada na amostra teste;
• Amostra teste: é o material biológico (sangue, soro, plasma, urina e líquidos cor-
póreos) utilizado para análise;
• Amostra controle: é a amostra que simula um material biológico e que é utilizada 
para avaliar as medidas das amostras testes. Auxilia no monitoramento de equipa-
mentos diagnósticos;
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• Calibração: ação que garante a correspondência entre os valores reportados por 
um equi pamento e o material de referência (calibrador), com a finalidade de ajustar 
equipamentos ou instrumentos laboratoriais;
• Desvio padrão: é a dispersão dos resultados ao redor de uma média pré-estabele-
cida, mostrando a variabilidade de detecção de um determinado analito;
• Controle interno: são amostras de valores conhecidos de determinado analito, 
dosadas juntamente com as amostras testes. São realizadas periodicamente no de-
correr das análises e precisam ser avaliadas e registradas;
• Controle externo: são amostras controle de valor conhecido, que são processadas 
em vários laboratórios que utilizam a mesma metodologia analítica, garantindo a 
uniformidade dos resultados, independente do local de processamento;
• Erro aleatório: são erros acidentais ou ao acaso, decorrentes de imprecisão e difi-
cilmente sua causa é esclarecida;
• Erro sistemático: é o erro mais comum na rotina laboratorial, em geral, decorrente 
de problemas persistentes e mais fáceis de serem descobertos e solucionados;
• Erro total: corresponde ao erro inserido no resultado de um exame, obtido através 
da soma do erro aleatório e do sistemático;
• Exatidão: propriedade do método analítico que garante medidas do analito próxi-
mas do valor real da amostra;
• Instruções de Trabalho (IT) e Procedimento Operacional Padrão (POP): docu-
mentos que descrevem diversas atividades laboratoriais, buscando a padronização 
das atividades en tre os colaboradores;
• Linearidade: é a capacidade do método de gerar resultados proporcionais à con-
centr ação do analito;
• Método analítico: é o procedimento escolhido para detecção do analito em amos-
tra biológica;
• Não conformidade: situação que não atende a um dos requisitos de qualidade 
estabelecidos;
• Precisão: é a concordância entre medidas sucessivas, garantindo a reprodutibilida-
de que garante resultados muito próximos entre si.
A acreditação laboratorial é uma forma das instituições se mostrarem comprome-
tidas com a qualidade de seus serviços. Essa avaliação acontece por meio de auditoria 
realizada por uma instituição externa governamental ou não, buscando verificar se o 
laboratório atende a requisitos pré-determinados na execução de suas tarefas.
Os clientes entendem que o laboratório acreditado tem altos padrões de competência 
pro fissional e técnica. Diante dessa realidade, a certificação laboratorial é uma das exi-
gências do mercado, resultando em novos desafios para a equipe e a gerência na busca 
por padrões mais elevados e melhoria contínua.
Seleção e Qualificação de Sistema Analítico páginas 19-27. OLIVEIRA, C. A.; MENDES, M. E. 
(orgs.) Gestão da fase analítica do laboratório: como assegurar a qualidade na prática. 1.ed. 
Rio de Janeiro: ControlLab, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3w8Cq8d
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Laboratoriais da Função Renal 
Bioquímica Clínica Baseada em Evidências
A Bioquímica Clínica baseada em evidências conta com a utilização de um raciocínio 
médico bem estruturado. Os exames laboratoriais devem servir como ferramenta de 
apoio e não têm a finalidade de fechar um diagnóstico, nesse sentido, a análise deve 
ser conjunta com uma boa anamnese e de um exame físico adequado, buscando-se a 
seleção de exames laboratoriais de forma racional.
O diagnóstico laboratorial deverá ser realizado com um objetivo clínico específico, 
buscando o uso racional das solicitações. Assim, deve-se priorizar exames de menor 
custo antes de optar por outro mais caro, de menor risco, menos invasivos e, por fim, 
optar por uma metodologia mais simples antes de uma mais complexa.
Na Bioquímica Clínica baseada em evidências, devemos ressaltar a participação de 
alguns elementos, dentre eles:
• desempenho técnico: avalia critérios como precisão, exatidão, linearidade e o im-
pacto dos fatores de variabilidade pré-analíticos para garantir o melhor uso do teste 
quanto utilizado na rotina;
• desempenho diagnóstico: prioriza testes que apresentam parâmetros de sensibili-
dade e especificidade confiáveis e adequados para o diagnóstico;
• benefício clínico: é o custo-benefício observado pelo efeito do teste para o esclare-
cimento do diagnóstico, estratégia terapêutica e no desfecho clínico;
• benefício operacional: avalia a redução na utilização dos recursos, seja de mate-
riais ou humanos, para execução do teste;
• benefício econômico: avalia se a substituição de um teste convencional por um 
novo teste justifica a nova alocação de recursos.
A definição de indicadores e uma análise da eficiência dos testes se faz necessária 
entre os analistas clínicos para propor sua implantação na rotina laboratorial e entre a 
comunidade médica para avaliar seu benefício no desfecho clínico dos pacientes.
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu! Elabore uma síntese das etapas 
laboratoriais do processo analítico em Bioquímica Clínica, destacando as principais ideias 
abordadas ao longo do material. Ao produzir sua síntese, considere as leituras básicas e 
complementares realizadas.
Em Síntese
As análises laboratoriais realizadas noâmbito da Bioquímica Clínica fornecem uma va-
riedade de informações sobre o processo de saúde e doença do paciente e as relações 
com a anamnese e com o exame físico.
Existem diferentes testes disponíveis e sua escolha pelo clínico sempre deve obedecer 
ao raciocínio médico reflexivo, escolhendo exames que avaliem as funções metabólicas 
(cardíaca, renal, lipídica etc.), por isso as solicitações médicas são compostas por vários 
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exames. Os métodos menos complexos e mais baratos devem ser a primeira escolha, 
reservando métodos mais caros e complexos para as situações cruciais.
Os testes realizados para que sejam produzidos resultados de qualidade e significativos 
 necessitam de um controle abrangente de todas as etapas do processo laboratorial: pré-
-analítica, analítica e pós-analítica. O controle das etapas é obtido através da implanta-
ção da qualidade laboratorial e do acompanhamento de todo o processo analítico.
Vale ressaltar que o laboratório é fundamental como apoio ao diagnóstico clínico e, por 
isso, a produção de resultados confiáveis e seguros é a sua meta.
Dentre os conhecimentos adquiridos no capítulo, destaca-se ainda o conceito de acurá-
cia, que relaciona-se com a probabilidade de um resultado positivo, de fato, identificar 
a doença. A acurácia relaciona a proporção de acertos de um teste diagnóstico, balance-
ando os verdade iros positivos e os verdadeiros negativos.
Avaliação Laboratorial da Função Renal 
Atualmente, as doenças renais são um problema de saúde pública que acomete mi- 
lhares de brasileiros. A avaliação laboratorial da função renal, portanto, vem despertado 
o interesse de inúmeros pesquisadores, principalmente no desenvolvimento de testes 
que permitam a verificação do surgimento e da progressão de doenças renais – que, via 
de regra, não se manifestam de forma imediata e podem comprometer de 50 a 75% do 
órgão antes de originar sintomas característicos. Por esse motivo, a avaliação laborato- 
rial do perfil renal traz segurança, agilidade e precocidade no diagnóstico de eventuais 
lesões renais.
Fisiologia renal
O sistema excretor tem grande participação na manutenção dos fluidos orgânicos, 
por meio da eliminação de substâncias em excesso e retenção daquelas que serão utili-
zadas pelo corpo.
A excreção colabora principalmente para a eliminação de substâncias estranhas 
(como medicamentos, xenobióticos etc.) e substâncias tóxicas ao organismo resultantes 
dos processos metabólicos (amônia, ureia e ácido úrico).
Além da excreção, os rins também são responsáveis pela produção de hormô nios, como a 
eritropoietina que atua na síntese de eritrócitos e a renina que influencia na pressão sanguí-
nea; além da vitamina D3, que ajuda na regulação do cálcio e do fósforo nos ossos.
O sistema urinário é composto por dois rins, o ureter, um tubo em forma afunilada uni-
do a cada um dos rins e que os liga à bexiga, órgão responsável pelo armazenamento da 
urina. Por fim, há a uretra, o canal por onde a urina é transportada da bexiga ao exterior.
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Laboratoriais da Função Renal 
 
Diafragma
Rim
Ureter
Bexiga
Uretra
Figura 5 – Sistema urinário feminino
Fonte: Adaptada de POOLER; EATON, 2016
Os rins, localizados na região dorsal, um de cada lado da coluna vertebral, medem 
cerca de 10 cm e são protegidos por uma cápsula resistente de tecido fibroso. Interna-
mente, o rim apresenta uma área denominada córtex renal (camada mais externa) e 
medula (região interna), que contém as pirâmides renais. As extensões do córtex renal 
caracterizam as colunas renais que, juntamente com a pirâmide renal, compõem um 
lóbulo do rim.
A região central do rim denomina-se pelve renal e nela estão localizados dois grandes 
vasos, a veia renal e a artéria renal, o estreitamento de cada pelve renal formará os ureteres.
A unidade filtrante dos rins, localizada no córtex renal, é o néfron. Ele é formado 
por estruturas complexas denominadas glomérulo e túbulo renal associado. O glomérulo 
executa a filtração do sangue, retirando dele água, glicose, aminoácidos, sais minerais e 
ureia, gerando, na cápsula de Bowman, o filtrado glomerular.
Existem cerca de um milhão de néfrons em cada um dos nossos rins.
Córtex
Artéria renal
Veia renal
Ureter
PelveMedula
Papila
Cálice
Cápsula
Figura 6 – Estrutura renal
Fonte: Adaptada de POOLER; EATON, 2016
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 Da cápsula de Bowman, o filtrado glomerular entra no túbulo renal. Para cada glo-
mérulo existe um túbulo renal e, enquanto passa pelo túbulo renal, o filtrado glomerular 
se concentra. O túbulo renal é composto por três partes: túbulo contorcido proximal, 
alça de Henle e túbulo contorcido distal.
Enquanto o filtrado glomerular caminha pelo túbulo renal, ocorre a formação da 
urina. Substâncias como vitaminas, eletrólitos, aminoácidos, glicose e água são reab-
sorvidas do filtrado renal, retornando à circulação sanguínea. O fluido concentrado é a 
urina, que atravessa os túbulos coletores, direcionando-se para pelve renal e ureteres, 
ficando armazenada na bexiga.
Por que denominamos somente a urina como produto de excreção e não incluímos as fezes?
Artéria Arteríola
aferente
Capilar
glomerular
Capilar
peritubular
1. Filtração glomerular
2. Secreção tubular
3. Reabsorção tubular
Cápsula de
Bowman
Veia
Arteríola
eferente
Excreção
urinária
Túbulo
1
2
3
Figura 7 – Função renal
Fonte: Adaptada de POOLER; EATON, 2016
 A formação da urina é um processo de filtração, seguido de reabsorção ativa e excre-
ção de corrente da filtração do sangue nos rins. Em média, cerca de 1.200 mL de sangue 
são filtrados por minuto nos rins, resultando de 1 a 1,8 L de urina por dia. A urina é 
composta por água (95%) e solutos (5%) compostos por sódio, glicose, ureia e creatinina. 
Os outros solutos incluem potássio, cloro, fosfato e sulfato, pigmentos biliares, cálcio, 
magnésio e íons bicarbonato.
A detecção de substâncias como glicose, proteínas, pigmentos biliares ou células do 
trato uri nário ou sanguíneas podem ser detectadas na urina e podem indicar uma pos-
sível doença. Os rins também são sensíveis a infecções, toxinas, variações de pressão e 
distúrbios hormonais.
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Laboratoriais da Função Renal 
A regulação dos líquidos corporais acontece através de dois mecanismos:
• A atuação do hormônio antidiurético (ADH), também conhecido como vasopressi-
na, que aumenta a reabsorção de água devido a sua atuação no néfron, favorecendo 
a abertura dos canais de água (aquaporinas) nas células do túbulo de conexão e do 
túbulo coletor. O ADH é sintetizado pelo hipotálamo e secretado pela neurohipófise;
• A atuação da aldosterona produzida pelas glândulas suprarrenais, a qual tem a fun- 
ção de aumentar a reabsorção de sódio nos túbulos renais, garantindo o retorno de 
água ao organismo.
O álcool pode inibir a produção de ADH, o que explica o aumento da diurese quando inge-
rimos bebidas alcoólicas.
O excesso de substâncias detectadas na urina pode ocorrer quando elas estão aumen-
tadas na circulação sanguínea, excedendo a capacidade de filtração renal, denominada 
limiar renal, apresentando-se, desse modo, na urina, o que caracterizará patologias 
importantes, como o diabetes.
As patologias mais comuns no sistema urinário podem ser: uretrite (infecção da ure-
tra), cistite (infecção na bexiga) e nas unidades filtrantes, néfrons, resultando nas glome-
rulonefrites. Se metade dos néfrons forem destruídos, haverá um quadro de insuficiência 
renal, resultando em um desequilíbrio da homeostase corpórea.
A detecção laboratorial da creatinina sérica é útil para avaliar o diagnóstico precoce 
de doença renal. Produzida em ritmo constante pelo organismo, em decorrência do 
produto do metabolismo da creatina muscular, a creatinina sérica se difunde do músculo 
para o plasma, de onde é removida quase que inteiramente, e em velocidade relativa-
mente constante, por filtração glomerular. Dessa forma, a observaçãoda concentração 
de creatinina sérica é uma excelente medida para avaliar a função renal, pois quando o 
rim não funciona bem, os níveis plasmáticos ficam aumentados.
A ureia proveniente do metabolismo proteico é transportada pelo plasma até os rins, 
onde é filtrada pelos glomérulos, sendo sua detecção plasmática útil em casos de defici-
ência da função renal. Ainda assim, os teores de creatinina sérica são mais sensíveis e 
específicos do que a medida da concentração da ureia plasmática.
A análise dos níveis de sódio e potássio no sangue também contribui para avaliar 
a função renal. Os rins têm capacidade de conservar ou excretar grandes quantidades 
de sódio. Como não há reservas de sódio no organismo, faz-se necessário controlar sua 
excreção pela urina, devendo, entretanto, ocorrer sua reintegração ao plasma sanguí-
neo em condições normais, garantindo o volume de líquido extracelular. O potássio, 
por outro lado, que tem seus níveis em maior concentração intracelular, em quadros de 
insuficiência renal crônica, terá seus níveis plasmáticos aumentados. Devemos lembrar 
que variações da concentração de potássio plasmática podem resultar em alterações 
cardiológicas graves.
Os analitos anteriores são facilmente detectados pelas automações utilizadas em bio-
química clínica, facilitando a análise laboratorial. Outro teste que pode sinalizar mau 
funcionamento dos rins e da via urinária é a urinálise ou uroanálise.
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O exame laboratorial da urina detecta distúrbios ou doenças do trato urinário ou 
doenças em outros órgãos que afetem a função renal. Uma boa coleta do material bio-
lógico a ser analisado é primordial para a realização do exame de urina, denominado 
urinálise ou uroanálise. A coleta deve obedecer a quesitos, como a temporalidade, o 
abrigo de luz, a adequação ou inadequação de algumas amostras, entre outros. Além 
disso, podem haver diferentes condições de coleta para essas análises:
• Coleta de urina: preconiza-se que essa urina seja a primeira urina da manhã. É 
preciso colher o jato médio de urina em frasco coletor universal e entregar o mais 
breve possível ao laboratório;
• Coleta de urina aleatória: orienta-se que essa urina deverá ser colhida no decorrer 
do dia, mas há a necessidade de que o paciente esteja há duas horas sem urinar. 
É preciso colher o jato médio em frasco coletor universal e entregar o mais breve 
possível ao laboratório;
• Amostra de urina de 24 horas: orienta-se retirar o frasco para a coleta de urina 
de 24 horas no laboratório. A coleta começa de manhã com o esvaziamento da 
bexiga. A partir desse horário, que deve ser anotado no frasco coletor, toda a urina 
durante 24 horas deverá ser colocada no recipiente de coleta. É preciso manter o 
frasco bem fechado, em local arejado e em temperatura ambiente.
As amostras de urina devem receber a identificação do paciente no momento da 
sua entrega no laboratório, assim como data da coleta, horário de entrega e volume do 
material. Preconiza-se um volume mínimo de 12 mL de urina nas amostras aleatórias.
O armazenamento desse material, se necessário, deve ser sob refrigeração (geralmen-
te, entre 2 a 8ºC), devendo antes da análise estar em temperatura ambiente. Existem 
substâncias que podem ser utilizadas como conservantes desse material, pois a utilização 
de conservantes retarda a proliferação de bactérias na urina. Podem ser utilizados: ácido 
clorídrico, sulfúrico ou hidróxido de sódio.
A urinálise ou uroanálise de rotina consiste em três etapas analíticas: física, química 
e mi croscópica. A análise física compreende a avalição da observação da urina em rela-
ção a sua cor, transparência e densidade. A coloração característica da urina varia desde 
o amarelo claro até o amarelo dourado. Alterações de coloração podem ser decorrentes 
do uso de medicamentos, dei xando a urina azulada ou verde. Quando avermelhada ou 
vermelha é decorrente da presença de sangue, hemácias, hemoglobina ou mioglobina. 
Urina marrom ou preta pode indicar a presença de bilirrubina ou pigmentos biliares 
decorrentes de pacientes com hepatite. Esse tipo de urina também apresenta a presença 
de uma espuma amarelada.
Na análise física, a urina fresca e normal deverá ser transparente e clara. Turvação uri-
nária indica a presença de leucócitos, eritrócitos, células epiteliais ou bactérias. Podemos 
detectar a presença de filamentos de muco e a turvação pela presença de gordura na urina.
A densidade urinária pode ser avaliada com o auxílio de um refratômetro, ou através 
das avalia ções nas tiras químicas de urina. A densidade de uma urina normal fica em 
torno de 1010 a 1025 e o aumento da densidade urinária pode ser indício do aumento 
na concentração de solutos (ureia, fosfatos, açúcares, proteínas e cloretos), o que pode 
indicar alterações na função renal tubular.
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Laboratoriais da Função Renal 
Figura 8 – Refratômetro
Fonte: Getty Images
O exame químico da urina utiliza como método as tiras reagentes que, quando em 
contato com a urina, desencadeiam uma reação específica, que promove alterações de 
cor nas áreas reagentes. Para isso, primeiramente, uma tira específica para o exame é 
mergulhada completamente na amostra de urina. Após a remoção do excesso de urina, 
é preciso aguardar 60 segundos. O último passo é a realização da leitura do teste, com-
parando as cores da tira com a escala-padrão do exame (Figura 9).
Figura 9 – Exame químico de urina
Fonte: Getty Images
É importante que a análise seja feita de acordo com os parâmetros e os intervalos de 
referência. São analisados cerca de dez parâmetros, como: glicose, bilirrubina, urobili-
nogênio, corpos cetônicos, hemoglobina, pH, proteína, nitrito, esterase leucocitária e 
densidade. Numa urina, os parâmetros de glicose, corpos cetônicos, bilirrubina, nitrito, 
esterase leucocitária, hemoglobina e proteína serão negativos ou apresentarão traços. 
No caso de um desses parâmetros aparecer em maior concentração, há a necessidade 
de dosagem bioquímica ou confirmação microscópica.
Os resultados anormais decorrentes da análise química podem ser indicativos de um 
problema renal ou de outros órgãos do corpo. Finalizando a urinálise, temos a análise 
microscópica do sedimento urinário, que avalia a presença de células epiteliais, leucóci-
tos, hemácias, cilindros, fungos, bactérias e cristais. Esses achados podem indicar pato-
logias como: infecções, doença ou trauma e distúrbios metabólicos.
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Na microscopia urinária, quando há a presença de leucócitos e hemácias, esses de-
verão ser quantificados (número de células por campo de grande aumento). É preciso 
avaliar pelo menos dez campos microscópicos com o auxílio da câmara de Neubauer.
 A análise da urina de 24 horas tem como indicativo a avaliação da função renal, con-
firmar a presença de analitos na amostra de urina isolada e quantificá-los como: proteí-
na, creatinina, urobilinogênio e cálcio. Algumas patologias irão desencadear alterações 
urinárias nos parâmetros de volume, cor, transparência e células do trato urinário.
O analista precisa estar preparado para realizar todas as etapas analíticas do exame 
de urina, verificar as condições de integridade da amostra, realizar o controle de qua-
lidade da rotina, correlacionar os parâmetros encontrados nas três etapas da análise 
laboratorial e liberar um resultado coerente.
Qual é a relação entre o aumento de suor dos dias quentes e a concentração de ADH no plasma?
Lesão renal aguda
A lesão renal aguda ocorre quando há diminuição da função renal, levando a um acú-
mulo de metabólitos tóxicos na circulação sanguínea. Algumas doenças como diabetes 
e hiperten são aumentam o risco de doença renal.
A seguir, serão abordadas algumas das principais doenças que podem desencadear 
uma lesão renal aguda:
• Cálculo renal e tumores: presença de estruturas que possam obstruir o rim, resul-
tando em acúmulo de urina, infecções e diminuição da função renal;
• Infecções no trato urinário:infecções que acometem o trato urinário, como ure-
trite e cistite, e que podem acometer o rim, resultando em pielite (infecção renal 
caracterizada pela formação de gás no sistema coletor renal) e pielonefrite (infecção 
do tecido renal).
Existem outros fatores que podem desencadear uma doença renal aguda, tais como: 
he morragias ou a redução do fluxo sanguíneo, desidratação grave, insuficiência cardía-
ca, infecções graves e choques. O uso de medicamentos como anti-inflamatórios (diclo-
fenaco) e alguns antibióticos também pode causar insuficiência renal aguda.
A lesão renal aguda resulta em um acúmulo de resíduos nitrogenados, dificultando o 
equi líbrio eletrolítico do organismo. Pode ser classificada como:
• Pré-renal (de 55 a 60% dos casos): diminuição na perfusão renal, de forma reversí-
vel e sem lesão renal. Pode acontecer após quadros de: hemorragias, sepses, infarto 
agudo do mio cárdio e insuficiência cardíaca congênita;
• Intrínseca (de 35 a 45% dos casos): decorrente de lesão estrutural do néfron, tem 
reversão mais demorada. Pode acontecer após quadros de: vasculite, hipertensão, 
uso de alguns fármacos e toxinas endógenas, como proteínas tubulares, pigmentos 
(hemoglobina) e cristais urinários;
• Pós-renal (menos de 5% dos casos): caracterizada pela obstrução do trato urinário.
Pode acontecer após obstrução renal ou do trato inferior (neoplasia, coágulo e cálculo).
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Laboratoriais da Função Renal 
O maior indicador de lesão renal aguda poderá ser detectado principalmente pela do-
sagem de creatinina e ureia, complementadas pelas detecções de potássio, sódio, cálcio, 
ácido úrico e albumina sérica. Existe a necessidade de dosar em urina o sódio e a creatini-
na para fazer a relação da dosagem sérica e urinária de ambos; nem sempre os casos de 
lesão aguda terão impacto no volume urinário. A análise do sedimento urinário também 
pode ser esclarecedora nesse diagnóstico, e diferencial para os casos de necrose tubular.
Biomarcadores da função renal: do que dispomos atualmente? 
Disponível em: https://bit.ly/3552Uvw
Glomerulonefrite
A glomerulonefrite é uma inflamação do glomérulo, também chamada de nefrite 
ou síndrome nefrítica. Pode estar relacionada com alguma infecção em outra parte do 
corpo e a deposição de anticorpos ou imunocomplexos resultar em dano glomerular.
Como as moléculas de proteína têm grande peso molecular, elas não fazem parte do 
filtrado glomerular normal, estando presentes somente se há lesões glomerulares, 
como as nefrites.
O fluxo de urina diminui, assim água e resíduos se acumulam no sangue e há o apa-
recimento de sangue e proteínas na urina.
A água em excesso nos tecidos resulta em edema nos tecidos e hipertensão. A glome-
rulonefrite por doença pós-estreptocócica é uma complicação decorrente de infecções 
de garganta ou pele, causadas por Streptococcus spp hemolítico do grupo A, devido ao 
depósito de imunocomplexos (antígeno-anticorpo) nos glomérulos, causando inflama-
ção e prejuízo de função. Os exames que podem ajudar na caracterização da síndrome 
nefrítica são:
• Urinálise ou uroanálise de amostra isolada;
• Taxa de filtração glomerular;
• Ureia e creatinina no sangue;
• Albumina;
• Proteinúria;
• Anticorpos anti-estreptolisina A;
• Perfil de autoimunidade.
Em situações em que há redução do fornecimento de sangue ao rim, ingestão ou expo-
sição a substâncias nefrotóxicas, pode haver necrose tubular.
Na presença de patologias como diabetes descompensado, hipertensão prolongada, 
aterosclerose e doenças autoimunes, o dano glomerular pode caracterizar a síndrome ne-
frótica, condição caracterizada por aumento da permeabilidade de glomérulos, resultando 
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na eliminação de proteína na urina (albumina) indicada pela proteinúria. Os exames que 
podem ajudar na caracterização da síndrome nefrótica são:
• Urinálise ou uroanálise de amostra isolada;
• Albumina;
• Proteínas totais;
• Colesterol;
• Proteinúria;
• Perfil de autoimunidade;
• Proteínas do sistema complemento.
Se houver a presença de cistos nos rins, caracterizando o rim policístico, há a perda 
da função glomerular e impacto da filtração renal.
Doença renal crônica (DRC)
Em 2012, a KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcomes) publicou novas 
diretrizes para o diagnóstico da DRC, avaliação da função renal e acompanhamento dos 
pacientes que possuem neropatia. A função renal deve ser avaliada por meio da estima-
tiva de filtração glomerular o qual pode ser estimado por meio de equações baseadas na 
creatinina e na cistatina C associada com a determinação da albuminúria, o que possi-
bilita um melhor diagnóstico e uma avaliação mais confiável do risco de progressão da 
doença renal e do desenvolvimento e complicações ( Tabelas 4 e 5).
 Avaliação da função renal na doença renal. Disponível em: https://bit.ly/3w7yxAd
A creatinina é resultante do metabolismo da creatina e da fosfocreatinina no tecido 
muscu lar. Sua concentração plasmática tem relação com a massa muscular individual, 
 varia de acordo com a idade, sexo e etnia e é afetada por condições que causam perda 
muscular. O consumo de carne pode elevar o nível de creatinina porque a carne con-
tém creatina, que pode ser convertida em creatinina pelo cozimento. de ser afetada por 
medicamentos como a cimetidina e o trimetoprim, dificultando sobremaneira a determi-
nação de uma constante de secreção. A via de excreção da creatinina é urinária, decor-
rente da filtração renal. Em condições normais, uma pequena quantidade de creatinina é 
secretada e não reabsorvida. Assim, ela tem sido usada como marcador de função renal, 
já que a dosagem de creatinina no plasma avalia a função glomerular.
Tabela 4 – Estágios de classifi cação da DRC de acordo com a TFG e a EUA
Estágios Descrição TFG (mL/min/1,73m²)
1 TFG normal ou elevada* ≥ 90
2 TFG Levemente reduzida* 60 a 89
3A Moderada Redução da TFG 45 a 59
3B Redução marcada da TFG 30 44
4 Redução Grave da TFG 15 a 29
5 Insuficiência Renal <15
TFG: Taxa de filtração glomerular.
* Excreção urinária de albumina (EUA) elevada.
Fonte: Adaptada de LEVEY et al., 2011
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Laboratoriais da Função Renal 
As orientações de coleta para a avaliação da taxa de filtração glomerular, em urina 
de 24 horas, são a seguintes:
• Retirar os frascos para coleta da urina, com antecedência, ou coletar o material em 
frasco de água mineral sem gás. Evitar fazer qualquer tipo de alteração na rotina 
durante essa coleta, como: modificações na dieta, exercícios, mudança na ingesta 
de água etc.;
• Quando for iniciar a coleta, de manhã, esvaziar toda a bexiga e anotar esse horário 
no frasco coletor;
• A partir daí, toda urina deverá ser acondicionada no frasco coletor, até a manhã do 
dia seguinte no mesmo horário;
• Ao término da coleta, levar o frasco ao laboratório, onde será realizada a coleta de 
sangue para a dosagem sérica;
• Informar os seguintes dados ao laboratório: peso, altura e horários do início e do 
término da coleta.
Uma as equações mais utilizadas para estimar a TFG é a do estudo Modification of 
Diet in Renal Disease (MDRD), e essa fórmula foi posteriormente adaptada para uso com 
valores e creatinina sérica calibrados. A equação Chronic Kidney Disease Epidemiology 
Collaboration (CKD-EPI) foi desenvolvida posteriormente,no ano de 2009, e tem me-
lhor acurácia o que as anteriores, especialmente na faixa de normalidade.
Calculadoras facilmente utilizáveis e que empregam essas equações para determinar a TFG. 
Os laboratórios deverão calcular a TFG estimada com a equação CKD-EPI ou MDRD e reportá-
-la no laudo sempre que for solicitada dosagem de creatinina sérica. 
Disponível em: https://bit.ly/3gjgccZ
Existem outros marcadores que podem ser utilizados para avaliar a filtração renal, como:
• A inulina é um polissacarídeo considerado ideal para avaliar a FG, uma vez que é 
filtrada pelos glomérulos, não sendo reabsorvida e nem secretadapelos túbulos re-
nais. Considerada padrão-ouro para avaliar FG, tem como principal desvantagem 
ser uma substância exógena, devendo ser administrada por infusão intravenosa. 
Seus valores de referência para a avaliação da filtração variam de acordo com a 
idade e necessita de correção para a superfície corpórea;
• A cistatina C é uma proteína utilizada como marcador endógeno de filtração renal. 
Livremente filtrada nos glomérulos renais, não é secretada nos túbulos e não retor-
na à circulação, assim sua concentração plasmática pode ser um bom marcador de 
função renal. 
Esudos mostram que, a cistatina seria um melhor preditor de doença renal avançada 
e de mortalidade quando comparada à creatinina sérica. Segundo as últimas diretrizes de 
nefrologia,a cistatina C deve ser solicitada quando a TFG estimada com a equação CKD-EPI 
estiver entre 45 e 60 mL/min, especialmente se não houver outras evidências de doença re-
nal, para dirimir úvidas quanto aos achados com a TFG baseada em equações da creatinina.
Calculadoras on-line já disponibilizam o cálculo da TFG a partir da cistatina C. Ainda 
mais recentemente, tem sido sugerido o uso de equações combinadas que incluam a 
cistatina e a creatinina séricas para avaliar a TFG.
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Se não houver outras evidências de doença renal, para dirimir úvidas quanto aos 
achados com a TFG baseada em equações da creatinina.
O estudo do dismorfismo eritrocitário também pode contribuir para a elucidação das 
lesões de causas glomerulares e não glomerulares, através da análise em microscopia 
por contraste de fases. Quando a hematúria é de causa extraglomerular, as hemácias 
têm o mesmo formato de quando estão em sangue periférico. Já na forma glomerular, 
as hemácias encontram-se distorcidas devido à sua passagem pela membrana glomeru-
lar lesada. A presença de cerca de 80% das hemácias dismórficas presentes na urina 
caracteriza o diagnóstico de hematúria glomerular e uma provável lesão glomerular.
Proteinúria
A presença de proteína na urina é um indicativo de lesão renal, caracterizada pela 
perda de albumina e de outras proteínas. Existem várias classificações da proteinúria 
relacionadas com a intensidade e suas causas.
A detecção do aumento da excreção de proteínas tem valor diagnóstico ou prognósti-
co tan to para a detecção inicial quanto para a confirmação de doença renal, tendo valor 
considerável na avaliação da eficácia terapêutica e na progressão da doença.
Conservação de Proteína Pelos Rins
Os rins intactos não permitem a eliminação de moléculas proteicas. A principal pro-
teína sanguínea é a albumina, representando até 50% da proteína plasmática. Dessa 
forma, a detecção de albuminúria em amostra isolada é a mais fácil de ser realizada na 
prática laboratorial e fornece informação confiável.
O organismo necessita conservar a albumina por conta de suas funções primordiais, 
como a manutenção da pressão osmótica, o auxílio no transporte de substâncias, a re-
serva de ami noácidos, entre outras.
Devido a sua ampla atuação, a presença dessa macromolécula ou de outras proteínas 
na urina pode indicar lesão renal ou seu agravamento, dependendo da concentração de-
tectada. Por isso, pacientes submetidos a diálises precisam constantemente de avaliação, 
a fim de evi tar o agravamento da doença.
Proteinúria na doença renal
A avaliação de proteinúria pode ser realizada pelas seguintes detecções laboratoriais: 
urinálise, proteinúria em urina de 24 horas, dosagem de albumina sérica, ureia, crea-
tinina, eletrólitos, lipidograma e hemograma. A detecção padrão-ouro é a detecção da 
proteinúria em urina de 24 horas. A proteinúria pode apresentar várias classificações:
Em relação à concentração:
• Proteinúria elevada (proteinúria maciça): resultado da síndrome nefrótica, carac-
terizada por uma excreção proteica superior a 3,5 g em 24 horas;
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UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
• Proteinúria moderada: excreção entre 0,5 e 3,5 g de proteína em 24 horas;
• Proteinúria mínima: excreção inferior a 0,5 g de proteína em 24 horas; Em rela-
ção à molécula de proteína:
• Proteína de Bence-Jones: pacientes com mieloma múltiplo podem excretar uma 
proteína específica, de baixo peso molecular, pertencente às imunoglobulinas. O pa-
drão-ouro para sua detecção é a eletroforese de proteínas urinárias;
• Excreção urinária de albumina na urina (EUA): detecção de pequenas concen-
trações de albumina na urina, sendo o melhor marcador de lesão renal precoce. 
Recentemente, a albuminúria passou a ser classificada apenas como EUA normal 
ou EUA aumentada (substituição aos termos “microalbuminúria” e “macroalbu-
minúria”). No entanto, esses termos ainda são amplamenteutilizados. A Kidney 
Disease Improving Global Outcomes (KDIGO) confirma a modificação da nomen-
clatura, mas divide a EUA em três tipos: normal, aumentada e muito aumentada.
Excreção urinária de albumina 
na urina (EUA) como Marcador de Risco
A dosagem da albuminúria é o protocolo de acompanhamento de pacientes diabé-
ticos. Ao longo do tempo, a doença pode causar a doença renal do diabetes (DRD). O 
termo “nefropatiadiabética” deve ser, portanto, reservado somente para pacientes com 
proteinúria detectável persistente, em geral associada a uma elevação da pressão arte-
rial. A dosagem de albuminúria é um excelente marcador de lesão precoce, sendo sua 
concentração diretamente ligada com a progressão da doença. Pode ser detectada em 
amostra de urina isolada ou de 24 horas (Tabela 4).
A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda que o rastreamento da DRD 
deve ser iniciado logo ao diagnóstico de DM nos pacientes com DM2 e após 5 anos do 
início nos casos de DM1. Para avaliação da DRD, deve-se fazer medida da EUA e a esti-
mativa da taxa de filtração glomerular (eTFG). Tanto a EUA como a TFG são preditoras 
independentes de doença cardiovascular e de mortalidade em pacientes com Diabetes 
tipo 2. Devido à variação diária da EUA, todo teste de albuminúria anormal deve ser 
confirmado em duas de três amostras coletadas em um intervalo de 3 a 6 meses. O ras-
tramento deve ser feito em pacientes diabéticos Em pacientes hipertensos, a avaliação 
desse marcador pode ser interessante, já que a detecção de roteinúria está associada à 
morbimortalidade dos quadros e prognóstico da terapia clínica.
Tabela 5 – Valores de albuminúria utilizados para o diagnóstico de doença renal do diabetes
Amostra casual de urina Valores
Concentração de albumina15 ≥ 14 mg/L
Índicice albumina-creatina12 ≥ 30 mg/L
Amostra de Urina de 24 horas 21 ≥ 30 mg/24h
Fonte: Adaptada de diabetes.org.br
Saiba mais sobre Avaliação, prevenção e tratamento da doença renal do diabetes mellitus. 
Disponível em: https://bit.ly/2Tgx1gx 
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Investigação Clínica de Proteinúria
Algumas patologias podem resultar em síndrome nefrótica e devem ser investigadas 
com exames laboratoriais complementares, como:
• Sorologia para hepatites B e C, sífilis e malária;
• Hemograma;
• Exame parasitológico de fezes, com foco em esquistossomose e estrongiloidíase;
• Avaliação de proteínas do complemento.
Pode ocorrer a presença de proteína na urina de maneira transitória devido a do-
enças como: infecções urinárias, febre, insuficiência cardíaca e atividade física intensa. 
Esses achados geral mente não têm relevância clínica.
Determinação Laboratorial do Ácido Úrico
O ácido úrico possui baixa solubilidade e, quando presente em excesso, tende a formar 
depó sitos na forma de cristais. A dosagem laboratorial de ácido úrico pode ser realizada 
em soro e em urina, dependendo da investigação clínica.
A detecção em soro é útil na avaliação da concentração de ácido úrico para pessoas 
com gota (artrite) e a detecção na urina é importante na avaliação de cálculo renal recor-
rente. Cristais de ácido úrico podem ser detectados em urina ácida. São semelhantes a 
uma agulha, têm coloração amarelo-marrom e encontram-se agrupados.
Síntese das Purinas e Metabolismo do Urato
O ácido úricoé o produto de degradação das purinas, compostos nitrogenados pre-
sentes nos ácidos nucleicos (DNA e RNA), provenientes do metabolismo celular e da 
ingestão de alguns alimentos. A maioria do ácido úrico formado é excretado pelo rim e 
a menor parte pelas fezes.
A ingestão excessiva de purinas é a causa mais comum de hiperuricemia. O excesso 
de ácido úrico no sangue poderá ser decorrente de gota, a cristalização de ácido úrico 
nas articulações que gera inflamação, ou de distúrbios renais. Pode ocorrer também 
como consequência de alguns tratamentos de câncer, radioterapia e quimioterapia, já 
que há destruição celular.
Hipo e Hiperuricemia
A eliminação insuficiente ou produção excessiva de ácido úrico pode desencadear 
o quadro de hiperuricemia. As situações que desencadeiam o aumento do ácido úrico 
podem ser: neo plasias, anemia hemolítica, dieta hiperproteica, tratamentos de câncer 
e algumas síndromes hereditárias. Se o seu aumento sanguíneo for decorrente de pro-
blemas na excreção, pode-se considerar doenças renais, alcoolismo crônico e o uso de 
diuréticos. O aumento do ácido úrico sanguíneo poderá desencadear a formação de 
depósitos de cristais nas articulações (gota) ou nos rins (nefropatia úrica).
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UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
A hipouricemia não é frequente. Quando presente, pode estar associada à liberação 
inapropriada de ADH ou a quadros de pacientes com cálculos urinários recorrentes.
Método e Interpretação da Determinação do Ácido Úrico
A medida de ácido úrico é usada para o monitoramento dos casos de gota, avaliando 
sua concentração e a possibilidade de formação de novos depósitos. Durante os pro-
cessos de radioterapia e quimioterapia, dosagens devem ser monitoradas, visto que há 
aumento da destruição celular.
O excesso de ácido úrico pode resultar na formação de cálculos renais (litíase), geral-
mente originados nas papilas renais, e a descoberta dos cristais de ácido úrico (urato de 
sódio, cristais em forma de agulhas) na microscopia urinária, fator produtor de litíase.
Os cálculos de ácido úrico não são frequentes, correspondem de 5 a 10% dos qua-
dros de litíase e são mais comuns em pacientes que têm gota, visto que o pH urinário 
encontra-se reduzido. Recentemente, têm sido relatados quadros de litíase úrica associa-
da a síndrome metabólica.
Figura 10 – Cristais de ácido úrico
Fonte: Shutterstock
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu! Elabore um Mapa Conceitual 
destacando as principais ideias abordadas ao longo do material. Ao produzir seu Mapa, con-
sidere as leituras básicas e complementares realizadas.
Em Sintese!
O rim e seu sistema de filtragem plasmática conseguem manter a homeostase corporal, gra-
ças a sua seletividade. A filtração renal é fundamental ao corpo, pois tem como papel principal 
a remoção de substâncias desnecessárias e o resgate daquelas de interesse corpóreo.
A regulação dos líquidos corpóreos é garantida pela ação dos hormônios ADH e aldos- 
terona. Por esse motivo, nos dias de calor e de grande sudorese o organismo aumenta a 
produção de ADH, garantindo maior reabsorção de água, pelos túbulos renais, e impe-
dindo a desidratação. 
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A urina é considerada uma excreção, pois possui produtos normais e anormais do meta-
bolismo, diferentemente das fezes que são formadas por resíduos alimentares. Assim, o 
exame de urina avalia esses produtos e a detecção de alterações pode indicar problemas 
metabólicos ou renais. Entre as patologias, as doenças glomerulares são a principal cau-
sa de insuficiência renal crônica. Na glomerulonefrite, há a inflamação dos glomérulos; 
já na síndrome nefrótica, há o aumento da permeabilidade dos glomérulos e a elimina-
ção de proteína. A formação de cálculo renal também pode impactar na função renal. 
O monitoramento do ácido úrico no soro e a detecção do cristal urinário podem ser úteis 
para a avaliação da formação de cálculos e, consequentemente, de obstrução renal.
Existem alguns marcadores laboratoriais para a verificação renal, como a dosagem de 
 albumina, creatinina, ureia, ácido úrico, cálcio, fósforo e potássio. Em pacientes diabé-
ticos, ela deve ser realizada através da dosagem de EUA e eTFG para o rastreamento da 
DRD. Assim, a avaliação da função dos rins é uma estratégia laboratorial que impede 
processos de dano avançados, decorrentes de patologias, de uso de medicamentos, de 
infecções etc.
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UNIDADE Introdução à Bioquímica Clínica e Marcadores 
Laboratoriais da Função Renal 
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