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Cromatografia Orgexp 1

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Relatório 5 - Cromatografia em camada delgada para identificação dos compostos da 
amostra nº 9 
 
1. Introdução 
 
 A cromatografia em camada delgada (CCD) é uma técnica de partição sólido-líquido1, 
sendo hoje em dia um dos mais importantes métodos de separação de misturas e ele se utiliza 
das diferenças no grau de adsorção e de solubilidade das substâncias.2Nessa técnica temos uma 
fase estacionária, que é sólida e é geralmente uma placa de sílica, e nessa fase sólida serão 
adsorvidas as substâncias que se deseja analisar, então o eluente, ou fase móvel, percorre essa 
fase estacionária pelo efeito de capilaridade. Os componentes analisados irão interagir de 
modos diferentes com a fase estacionária e a fase móvel, sendo a polaridade a principal 
responsável por essa interação. Portanto, se for preferencial para o componente interagir mais 
com a fase estacionária, ele irá percorrer uma curta distância na placa. O contrário também é 
válido, se o componente interagir preferencialmente com a fase móvel, ele irá percorrer a placa 
juntamente à fase móvel.1 
 Como cada substância terá uma polaridade diferente, baseado nos seus grupos 
funcionais, é possível separar os componentes de uma mistura. Geralmente a fase móvel possui 
um maior caráter apolar do que a fase estacionária, que possui caráter polar, sendo assim, o 
componente analisado que percorrer uma maior distância na placa terá interagido mais com a 
fase estacionária e, portanto, será o mais apolar da mistura. As substâncias que percorrem uma 
menor distância possuem um maior caráter polar.1 A razão entre a distância que a substância 
percorreu pela distância total que a fase móvel percorreu é chamada de Fator de Retenção (Rf), 
e seu valor ideal é o de 0,5. Caso não se consiga esse valor, é necessário modificar a fase móvel, 
aumentando o diminuindo a sua polaridade.1 Além disso, mesmas substâncias possuem o 
mesmo fator de retenção nas mesmas condições, logo essa técnica é ótima para confirmar a 
presença ou ausência de substâncias em uma amostra, caso haja a disponibilidade de um padrão 
para a comparação.3 
 Após a corrida da fase móvel pela placa é necessária a revelação da mesma, para 
sabermos o quanto as substâncias percorreram. Caso os compostos não sejam coloridos é 
necessário ou tratar a placa com algum reagente que irá formar compostos coloridos, ou, caso 
os compostos absorvam luz ultravioleta, pode-se utilizar uma sílica que contenha fluoresceína 
que, quando exposta à luz UV, pode-se perceber marcas escuras onde estão os compostos que 
absorvem essa luz.2 
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 Após a prática do ponto de fusão foi possível chegar à conclusão de quais são os 
compostos da amostra nº 9, a prática de cromatografia foi realizada com o objetivo de confirmar 
a hipótese dos possíveis compostos. Para isso realizou-se a cromatografia das fases aquosa e 
orgânica com os padrões das substâncias suspeitas de estarem presentes na amostra, visto que 
essa é uma técnica rápida e boa para essa finalidade. 
 
2. Parte Experimental 
 
 2.1 Materiais 
● 2 Bécheres de 50 mL; 
● Vidro de relógio; 
● Tira de papel de filtro; 
● Tubo de ensaio; 
● Capilar; 
● Lâmpada UV; 
● 4 Placa para cromatografia; 
● Amostra nº 9; 
● Lápis; 
● Régua; 
● Proveta; 
● Padrão das substâncias: 
○ Ácido Benzoico; 
○ Ácido Salicílico; 
○ Benzoína; 
○ Acetanilida; 
● Solventes: 
○ Hexano; 
○ Acetato de Etila. 
 
2.2 Método 
 Após a separação do material necessário, deve-se pegar os bécheres e cortar um 
retângulo com quase a altura e largura que consiga cobrir metade do interior do bécher. Feito 
isso para os dois bécheres, deve-se pegar as placas para a realização da cromatografia. Marca-
se 1 cm de distância das extremidades da placa e onde estará cada amostra, utilizando um lápis. 
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Aplica-se em uma placa, com um capilar, a fase aquosa da amostra e o padrão da substância 
esperada da fase aquosa, em dois pontos distintos e espaçados entre si, porém no mesmo lado 
e mesma altura - 1 cm da base - da mesma placa. Repetir o procedimento em outra placa para 
a fase orgânica e o padrão esperado para a mesma. Preparar duas placas de cada fase. 
 Para o preparo do bécher, deve-se colocar o papel de filtro na parede de cada um dos 
bécheres. Após isso, adicionar, em um dos bécheres, acetato de etila em quantidade suficiente 
para que o papel de filtro fique “encharcado” e o fundo do bécher fique todo coberto, porém 
que não encoste na marcação da amostra e padrão da placa. Colocar a mesma quantidade de 
hexano no outro bécher, que já está com o papel de filtro na parede. Logo que finalizar a 
colocação do solvente no bécher deve-se colocar um vidro de relógio tampando o seu topo, 
evitando a perda de solvente. 
 Com as placas e os bécheres prontos, coloca-se uma das placas preparadas com a fase 
aquosa no bécher contendo o acetato de etila, e a outra placa da fase aquosa no outro bécher, 
contendo hexano. A placa deve ser posta ortogonalmente ao fundo do bécher e o lado contendo 
as marcações deve ficar no lado inferior. Observar o solvente “subindo” na placa por 
capilaridade e, quando atingir a marcação feita em cima - de 1 cm de distância do topo da placa 
- retirar a placa de dentro do bécher e deixar secando em cima da bancada. Repetir o mesmo 
procedimento para a placa contendo a fase aquosa. A imagem 3 apresenta como deve ser a 
montagem do sistema. 
 
Imagem 3: Montagem do sistema para a realização da CCF 
 
 Por fim, deve-se levar as placas para serem lidas com o auxílio de uma lâmpada de luz 
UV, deve-se então circular com um lápis as manchas que forem reveladas pela luz e analisar 
suas alturas e o fator de retenção, comparando as fases da amostra com o obtido no padrão de 
cada substância. 
 
3. Resultados 
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 Para a fase aquosa, realizou-se duas cromatografias utilizando como fase móvel, em 
uma, o hexano puro, e em outra, o acetato puro. A substância possível na fase aquosa era o 
ácido benzoico, por isso fez-se um spot de seu padrão na placa junta à fase aquosa. Para ambas 
as substâncias obteve-se um Rf de 0,5 utilizando o acetato como fase móvel. Quando o hexano 
foi utilizado como fase móvel, o Rf obtido foi de aproximadamente 0. A imagem 4 apresenta a 
plaquinha obtida para a fase aquosa. 
 
 
Imagem 4: Placas de sílica obtidas para as fases móveis de acetato de etila e de hexano puros, respectivamente. 
Onde PA é o padrão de ácido benzoico e FA é a fase aquosa da amostra nº9. 
 
 Para a fase orgânica utilizou-se como padrão de comparação a benzoina, e como fase 
móvel foi necessário realizar a mistura de solventes, na tabela 6 estão os Rf obtidos com cada 
solvente. A imagem 5 apresenta as plaquinhas obtidas para cada fase aquosa. 
 
Tabela 6: Dados de fator de retenção da fase orgânica para cada fase móvel utilizada 
Fase móvel 100% Acetato de 
etila 
100% Hexano 50% Acetato de etila 
50% Hexano 
25% Acetato de etila 
75% Hexano 
Rf amostra 0,77 0 0,72 0,67 
Rf padrão 0,77 0 0,72 0,67 
 
 
 
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Imagem 5: Placas de sílica obtidas para as fases móveis hexano, 25% Acetato de etila/ 75% Hexano, 50% 
Acetato de Etila/Hexano e Acetato, respectivamente. Onde Po é o padrão de benzoina e Fo a amostra da fase 
orgânica. 
 
4. Discussão 
 
 Como um valor de Rf é o de 0,5, testou-se diferentes fases móveis.1 Por isso utilizou-se 
uma fase móvel apolar, hexano (figura 12), e outra fase móvel polar, acetato de etila (figura 
13). Para a fase aquosa foi possível obter esse valor de Rf utilizando o acetato de etila como 
fase móvel, visto que a fase aquosa possui um caráter polar, ela teve afinidade tanto pela fase 
estacionária quanto pela fase móvel, ambas polares. Porém com o hexano, um solvente apolar, 
a fase aquosa não demonstrou nenhuma afinidade, ficando retida na sílica em seu local de 
origem, como esperado, visto que a amostra é uma substância polar.1 
 
 
Figura 12: Estrutura química do HexanoFigura 13: Estrutura química do acetato de etila 
 
 Para a fase orgânica, quando se utilizou o hexano como fase móvel, ele ficou retido no 
ponto inicial da sílica, não demonstrando afinidade pela fase móvel, visto que a amostra é uma 
substância polar e a fase móvel era apolar. Porém, utilizando o acetato de etila como fase 
móvel, pode-se perceber uma grande afinidade pelo mesmo, visto que ele percorreu a placa 
junto com ele. Portanto foi necessário diminuir um a polaridade da fase móvel, visando 
diminuir o seu valor de Rf – o quanto a amostra interage com a fase móvel - e, para isso, fez-se 
uma mistura de acetato de etila e hexano. Inicialmente preparou-se uma solução com metade 
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de cada solvente, porém não foi o suficiente para atingir o Rf de 0,5. Aumentou -se então a 
quantidade de hexano na fase móvel para 75%, obtendo um Rf de 0,67, que está mais próximo 
de 0,5. Portanto pode-se perceber que a substância possui grande afinidade pelo acetato de 
etila.1 
Além disso, com a realização da CCF e comparando os resultados de Rf obtidos para 
os padrões e para as amostras pode-se perceber que eles foram os mesmos. Como, em mesmas 
condições, as mesmas substâncias possuem o mesmo valor de Rf,3 pode-se confirmar que a 
hipótese de quais substâncias estariam presentes na amostra nº 9 está correta. Visto que se 
utilizou os padrões das substâncias das hipóteses em comparação com as fases. 
Também foi possível perceber que não havia tanta impureza nas fases aquosa e 
orgânica, visto que o spot na placa de sílica se comportou da mesma forma que o padrão, que 
está puro, como é possível de observar na imagem 6, tirada quando as placas estavam na câmara 
de luz-UV. 
 
 
Imagem 6: Placas de sílica da fase aquosa e orgânica, respectivamente, juntamente com o padrão das 
substâncias na câmara de luz UV 
 
5. Conclusão 
 
 Com a prática de CCF foi possível confirmar experimentalmente a hipótese de que a 
substância presente na fase aquosa da amostra nº 9 é o ácido benzoico e na fase orgânica a 
benzoína. Além disso pode-se perceber que é uma prática simples e com grande importância 
na identificação de substâncias, sendo essencial para ela. Ademais, é muito interessante para 
observar o comportamento da polaridade das substâncias baseado nas suas interações com a 
fase móvel e estacionária. 
 
6. Referência 
 
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1. PAVIA, Donald L. et al. Introduction to organic laboratory techniques: a 
small scale approach. 6.ed. United States of America, 2016. 
2. CONSTANTINO, M. G.; SILVA, G. V. J.; DONATE, P. M.; Fundamentos de 
Química Experimental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 
2004. 
3. Cromatografia em camada fina. Disponível em: 
https://www.fciencias.com/2015/03/12/cromatografia-em-camada-fina-tlc-
laboratorio-online/. Acesso em: 01/06/2022.

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