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Orgexp I relat4 Cromatografia CCD

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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Curso: Engenharia Química - Integral 
Orgânica Experimental I 
 Cromatografia em Camada Delgada 
(CCD)
Professora: Débora de Almeida Azevedo
Aluna: Sarah Amaral Braz Barcellos Luiz 
Rio de Janeiro
Outubro / 2016
1 – Introdução 
Toda mistura é composta por um ou mais analitos que interagem entre si e com 
o solvente onde estão suspensos. Tal interação pode variar de natureza e intensidade 
quando um dos componentes é trocado. 
A cromatografia é um método físico-químico de separação dos componentes de 
uma mistura. Essa técnica se destaca devido à sua facilidade em efetuar a separação, 
identificação e quantificação das espécies químicas, por si mesma ou em conjunto com 
outras técnicas instrumentais de análise. Está fundamentada na migração diferencial dos 
componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interações, entre duas fases 
imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. É uma técnica versátil e de grande 
aplicação, pois possui uma variedade de combinações entre fases móveis e 
estacionárias. 
A análise é realizada através da distribuição dos componentes entre duas fases, 
que estão em contato íntimo. Uma das fases permanece estacionária enquanto a outra se 
move através dela. Durante a passagem da fase móvel sobre a fase estacionária, os 
componentes da mistura são distribuídos entre as duas fases, de tal forma que cada um 
dos componentes interage com a fase estacionária de maneira única para cada analito, 
resultando em migrações diferenciais destes componentes, ou seja, os componentes da 
amostra têm diferentes velocidades ao passarem pela fase estacionária. 
Existem diversos tipos de cromatografia diferentes, uma delas é a Cromatografia 
em Camada Delgada (CCD). 
Figura 1 – Representação esquemática dos tipos de métodos cromatográficos.
 *CCD (cromatografia em camada delgada), CP (Cromatografia em papel), CSC (Cromatografia 
supercrítica), Clae (Cromatografia liquida de alta eficiência), CG (cromatografia gasosa) CGAR (Cromatografia 
gasosa e alta resolução)
Essa técnica consiste na aplicação de uma pequena quantidade da amostra 
desejada na base de uma fita cromatográfica utilizando um capilar. Logo após, coloca-se 
a fita dentro de um bécher com a fase móvel escolhida (fase móvel não deve tocar o 
ponto de aplicação das amostras), e por capilaridade, a fase móvel sobe pela fita 
passando pela amostra aplicada. Devido a volatilidade do solvente escolhido, coloca-se 
um vidro de relógio tampando o bécher durante o processo evitando perda de solvente. 
Na CCD quando a fase móvel passa pela amostra, carreia os analitos realizando a 
migração diferencial, de maneira única para cada analito, ou seja, cada analito 
percorrerá certa distância na fita. A intensidade da migração depende da temperatura, da 
pressão, da área da superfície e da força das interações moleculares. A distância 
percorrida por cada composto utilizado em amostra, dividido pela distância percorrido 
pelo solvente é chamado de fator de retenção (Rf), sendo o mesmo constante física de 
cada composto em determinadas condições cromatográficas. 
Segundo MARAMBIO (2007), uma vez que tenhamos calibrado o método para 
compostos conhecidos, cujos Rf’s tenham sido determinados em condições 
especificadas, obtemos um padrão para a análise e identificação qualitativa de misturas 
de compostos. Assim, compara-se este valor encontrado para a amostra com o padrão. 
O cálculo do Rf é realizado medindo-se a distância que a substância se deslocou a partir 
do ponto em que foi aplicada (ds), a partir do centro de gravidade da mancha e divide-se 
pela distância percorrida pela massa de solvente a partir do ponto da amostra (dm).
Rf = 
Rf = Fator de Retenção; 
ds = distância percorrida pelo composto; 
dm = distância percorrida pelo solvente.
Figura1- Desenho ilustrativo da fita cromatográfica com os respectivos pontos importantes para analise
Tendo em vista que o que defina a interação da amostra ser maior com a fase 
estacionária ou com a móvel é a polaridade destas. Uma vez que a fase móvel seja mais 
polar, por exemplo, as substâncias mais polares serão melhores eluidas nela, sendo 
carreadas por uma maior distância ao longo da fase estacionaria. O oposto se dá para 
moléculas apolares, que apresentarão maior interação com a fase estacionaria, ficando 
mais retidas nesta. Abaixo se pode notar uma das influências nessas interações em 
moléculas orgânicas, relacionando o grupo funcional à polaridade:
Hidrocarbonetos < Aldeídos, Cetonas e ésteres < Álcoois < Ácidos carboxílicos
Apolar < Ligeiramente polar < polar < Muito pola
Van der Waals < Dipolo- Dipolo < LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO 
2 – Material e Métodos 
2.1 Material
● Capilares 
● Fita Cromatográfica 
(Alumia/Sílica)
● Béquer
● Vidro de relógio
● Amostras A, B e C 
● Padrões de Cafeina, paracetamol 
e AAS
● Solvente
● Dispositivo emissor de luz UV
Item Descrição Estrutura
Fase móvel Acetato de Etila
Fase estacionária Sílica
Padrão 1 Cafeína
Padrão 2 Ácido Acetilsalicílico (AAS)
Padrão 3 Paracetamol
2.2 Métodos 
Inicialmente, foi feito a organização de todos os materiais necessários para execução 
da prática pegando-os em seus respectivos lugares de armazenamento e colocando-os 
em cima da bancada a ser utilizada. Em seguida, selecionou-se quais amostras e quais 
padrões seriam analisados em cada fita, dispondo-os de modo que todos fossem 
analisados possibilitando uma boa visualização dos pontos. A escolha de cada fita 
encontra-se disposta abaixo: 
Fita 1 Fita 2 Fita 3 Fita 4
Amostra A Amostra A Amostra C Amostra C
Amostra B Amostra B Padrão de AAS Padrão de 
Paracetamol
Amostra C Padrão de AAS
Padrão de Cafeína
As fitas foram marcadas em suas extremidas superiores e inferiores com uma 
linha a aproximadamente 5 mm da extremidade, essas serviriam como referencial para 
depositar as amostras e os padrões (inferior), denominada linha de origem, e a superior 
como linha de chegada da fase móvel. 
Em seguida preparou-se a primeira fita colocando-se as substâncias escolhidas 
ao longo da base com o auxílio de um capilar, onde o utensílio foi introduzido no 
recipiente da substancia desejada, e por capilaridade uma pequena quantidade da 
amostra o preencheu, logo após aproximou-se a extremidade preenchida do local de 
depósito na fita, e , tocou-se levemente na superfície da fita e todo líquido dentro do 
capilar foi depositado na fita. Repetiu-se o processo três vezes para cada fita. 
Depois, colocou-se o solvente escolhido em bécher de 50 ml, em uma 
quantidade em que o solvente entrasse em contato com a fita, porém abaixo do nível 
onde se foi depositado as substâncias analisadas. Introduziu-se a fita dentro do bécher 
junto com o solvente e fechou-se com o vidro de relógio para evitar volatilização do 
solvente
Figura 2 – Representação da análise
Aguardou-se cerca de 5 minutos até que o solvente subisse (devido o fenômeno 
de capilaridade) até onde estava marcado como limite superior. Tirou-se do bécher e 
aguardou-se mais 2 minutos para que a fita secasse e o excesso de solvente evaporasse.
Após esse processo, com o auxílio da câmara de raios ultravioletas, foi possível 
enxergar os pontos existentes em cada fita, sendo esses um ou mais de um ponto para 
cada substância analisada. Ainda dentro da câmara de UV, marcou-se na fita os pontos 
identificados e posteriormente mediu-se a distância de cada ponto até a base da fita, 
para todas as substâncias. Esse procedimento foi repetido para as quatro fitas analisadas.
Com os dados de cada ponto das amostras A, B e C ( não identificadas ) junto 
com os dados dos padrões fornecidos pelo laboratório, foi possível identificar os 
componentes de cada amostra, comparando-os. Além disso,tambémfoi calculou-se o Rf 
para cada substância, utilizando o valor do ponto e a distância máxima percorrida pelo 
solvente.
Após a caracterização dos compostos, as amostras foram descartadas e os 
materiais utilizados durante a prática, limpos e armazenados em seus respectivos 
lugares.
 3 – Resultados 
Figura 3 – Foto das fitas analisadas com os respectivos pontos detectados
As tabelas abaixo resumem os resultados coletados no experimento, com as 
respectivas distâncias do ponto analisado para cada amostra e seus Rf’s calculados.
Analisados Pontos Distancia dos pontos ate a base (cm)
Fita 1 Amostra A 3 1,5 2,5 3
Amostra B 2 1,5 - 3,1
Amostra C 1 - - 3
Padrão de Cafeína 1 1,3 - -Analisados Rf (cm) 
Fita 1 Amostra A 0,40 0,71 0,86
Amostra B 0,40 - 0,88
Amostra C - - 0,86
Padrão de Cafeína 0,37 - -
Analisados Pontos Distancia dos pontos ate a base (Cm)
Fita 2 Amostra A 3 1,5 3,1 3,7
Amostra B 2 1,5 - 3,7
Padrão de AAS 1 - - 3,8
Analisados Rf (Cm) 
Fita 2 Amostra A 0,35 0,70 0,84
Amostra B 0,35 - 0,84
Padrão de AAs - - 0,86
Analisados Pontos Distancia dos pontos ate a base (Cm)
Fita 3 Amostra C 1 3,6
Padrão de AAS 1 3,6
Analisados Rf (Cm)
Fita 3 Amostra C 0,86
Padrão de AAS 0,86
Analisados Pontos Distancia dos pontos ate a base (Cm)
Fita 4 Amostra C 1 3,0
Padrão de Paracetamol 1 2,4
Analisados Rf (Cm)
Fita 4 Amostra C 0,86
Padrão de Paracetamol 0,69
Comparando os Rf dos padrões fornecidos pelo laboratório com os encontrados 
experimentalmente das amostras desconhecidas ( A, B e C ) e calculando-se a média 
aritmética para cada substância que foi analisada mais de uma vez temos:
Amostra A
Substância Rf Padrão Rf médio dos pontos encontrado Diferença
Cafeína 0,37 0,38 0,01
AAS 0,86 0,85 0,01
Paracetamol 0,69 0,70 0,01
Amostra B
Cafeína 0,37 0,40 0,03
AAS 0,86 0,86 0,00
Amostra C
AAS 0,86 0,86 0,00
De acordo com os dados de cada fita, pode-se analisar composição relativa aos 
padrões analisados de todas as amostras. Na tabela a baixo as substâncias presentes 
estão destacadas com a cor amarela nas respectivas amostras.
Composição
Cafeína Paracetamol AAS
Amostra A
Amostra B
Amostra C
● ● ●
● - ●
- - ●
 4 – Discussão 
Analisou-se 4 fitas cromatográficas, das quais pode-se observar que a diferença 
dos fatores de retenção dos padrões com relação as amostras é pequeno, indicando a 
veracidade da informação concluída. 
Nota-se que a AMOSTRA B, possui a maior diferença de Rf (0,03) com o 
padrão de Cafeína. Acredita-se que essa diferença possa ser oriunda de algum erro 
pontual durante a análise e inexperiência do analista no método aplicado. Contudo os 
resultados se mostram comprobatórios para definição dos componentes propostos para 
cada amostra. Além disso, para este padrão não foi feita mais de uma análise 
dificultando que os erros sistemáticos fossem minimizados ao analisar mais de uma vez 
e tirar a média.
É importante ressaltar que inicialmente a análise seria feita utilizando-se como 
solvente hexano mas em um teste inicial notou-se que este não se mostrou eficiente para 
a eluição das substâncias analisadas pois as substâncias não foram deslocadas pela fase 
estacionária, substituindo-se assim, o solvente por acetato de etila que apresentou os 
resultados capturados.
Uma vez que a sílica é mais polar que o acetato de etila, pode-se afirmar que o 
ácido acetilsalicilico é a substância mais apolar se comparado com cafeína e 
paracetamol, pois esse apresentou uma maior eluição na fase móvel que as outras. 
Analogamente, a cafeína é a substância mais polar pois interagiu mais com a sílica 
ficando mais retida na fase estacionária. 
Os resultados obtidos foram satisfatórios uma vez que todas as variações 
encontradas de Padrão e Amostra estão dentro do esperado para uma prática em âmbito 
laboratorial. 
5 – Conclusão 
Utilizando a técnica de cromatografia em cada delgada foi possível identificar os 
componentes de cada amostra fornecida, e os fatores de retenção devidamente 
calculados. Têm-se que os objetivos da aula prática proposta foram alcançados com 
sucesso, uma vez que os compostos foram devidamente caracterizados e todos os Rf’s 
calculados utilizando as técnicas analíticas propostas.
6 – Referências 
● Zubrick, James. 2005. Manual de Sobrevivência no Laboratório de Química 
Orgânica. Sexta Edição. 2005. 
● CONSTANTINO, M. G.; SILVA, G. V. J.; DONATE, P. M.; Fundamentos de 
Química Experimental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. 
● RUSSEL, J. B.; Química Geral. 2.ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1994. 
Vol 1.
● LENZI, E. et al.; Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: Freitas Bastos 
Editora, 2004. 
● RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do 
Brasil, Makron Books,1994. 
● SARDELLA, Antônio; MATEUS, Edegar; Curso de Química: química geral, 
Ed. Ática, São Paulo/SP – 1995
● SOARES, Bluma G. e outros. Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Purificação, 
Identificação de Compostos Orgânicos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 
1.988.
● DEGANI, A.L.G.; CASS, Q.B.; VIEIRA, P.C., Química Nova na Escola, 1998.
● CHAVES, M.H.; Análise de extratos de plantas por CCD: uma metodologia 
aplicada à disciplina “Química Orgância”. Química Nova, v. 20, n. 5, p. 560-
562, 1997.
● COLLINS, C.H.; BRAGA, G.L. e BONATO, P.S. Introdução a métodos 
cromatográficos. 6ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1995.

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