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FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais O Serviço Social na Contemporaneidade Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Vaniele Soares da Cunha Copello 1ª Edição Copyright © 2021, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário O Serviço Social na Contemporaneidade Para Início de Conversa... ............................................................................... 4 Objetivos ......................................................................................................... 4 1. O Serviço Social em Sintonia com os Novos Tempos ....................... 5 2. Serviço Social e Questão Social na Contemporaneidade ............... 7 3. As Mudanças no Mercado Profissional de Trabalho ......................... 11 Referências ........................................................................................................ 13 FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 3 Para Início de Conversa... Nos dias atuais os assistentes sociais são constantemente desafiados devido às mudanças ocorridas no mundo do trabalho. Além de trabalharem diretamente com os mais afetados com a reestruturação produtiva, também sofre diretamente com a crescente taxa de desemprego, com os subempregos, com as relações de trabalho fragilizadas. Tempos difíceis para quem vive do trabalho. Nesse contexto de mundialização do capital, nota-se o agravamento das expressões da questão social, aumentando a demanda por serviços socioassistenciais. Em contrapartida, as políticas sociais em vez de serem ampliadas, têm seus investimentos cortados, se tornando focalizadas, seletivas e paliativas. Dessa forma, se faz importante que o assistente social analise as mudanças ocorridas na contemporaneidade em sua totalidade, que tenha uma competência crítica reforçada para criar novas possibilidades. É necessário ser uma/um profissional criativo e propositivo para transformar os rumos da história. Objetivos ▪ Compreender o Serviço Social sintonizado nos novos tempos. ▪ Identificar a relação do Serviço Social e a questão social na contemporaneidade. ▪ Conhecer as mudanças no mercado de trabalho dos assistentes sociais. FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 4 1. O Serviço Social em Sintonia com os Novos Tempos Analisar a trajetória do Serviço Social e compreender seu papel na sociedade nos dias atuais requer a apropriação de uma abordagem teórico-metodológica crítica. Nesse sentido, cabe um rompimento com uma visão endógena da profissão, ou seja, uma visão focalista que não compreende o Serviço Social em sua totalidade, para além de seus muros. Para Iamamoto (2015, p.20), “é importante sair da redoma de vidro que aprisiona os assistentes sociais em uma visão de dentro e para dentro do Serviço Social”. Com a visão endógena rompida, o assistente social consegue compreender as novas mediações, se requalificar e assim propor novas alternativas de intervenção. Refletir sobre a atuação do assistente social nos demais espaços ocupacionais na contemporaneidade, requer uma visão de totalidade histórica que considera as metamorfoses do mundo do trabalho no processo de revitalização da acumulação do capital em um cenário de crise mundial. Com o objetivo de superar uma crise cíclica e alcançar uma alta taxa de lucro foram criadas estratégias que modificaram diretamente o mundo do trabalho, atingindo de forma radical os direitos sociais da classe que vive do trabalho. Destacam-se algumas estratégias do capital: aprofundamento da exploração, ampliação da extração da mais-valia, desemprego estrutural, ataque aos direitos sociais, além de apropriação dos recursos naturais que são fundamentais para a preservação da vida. Figura 1: Desemprego. Fonte: Dreamstime. Os impactos dessas metamorfoses vão atravessar o cotidiano da atuação do assistente social, trazendo alguns desafios para o fazer profissional. O primeiro, e um dos maiores, está relacionado à capacidade que o assistente social possui para interpretar a realidade, e a partir dessa interpretação, criar estratégias de modo com que os direitos dos usuários sejam efetivados. Conforme Iamamoto (2015) afirma, ser um profissional propositivo e não só criativo. FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 5 O assistente social, desde a gênese da profissão, é um profissional que atua na execução das políticas sociais. Ao longo da história da profissão, esse perfil de mero executor das políticas sociais vai tomando outro rumo, principalmente, a partir da década de 1960, no qual se passa a exigir um profissional que tenha um caráter técnico-científico que seja capaz de acompanhar a burocratização das atividades institucionais. Nos dias atuais, o assistente social, além de executar as políticas sociais, atua na gestão destas e na formulação das políticas públicas e sociais. Assim, o trabalho do assistente social requer uma ação para além das rotinas impostas pelas instituições empregadoras, que rompa com as práticas meramente burocráticas. É fundamental que o assistente social consiga decifrar o movimento da realidade para que sejam detectadas possibilidades e tendências que possam ser impulsionadas. Iamamoto (2015, p.21) afirma que “as alternativas não saem de uma suposta ‘cartola mágica’ do assistente social: as possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automaticamente transformadas em alternativas profissionais. Cabe aos profissionais apropriarem-se dessas possibilidades e, como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em projetos e frentes de trabalho”. Mesmo com todos limites e desafios que aparecem no cotidiano profissional, sempre há possibilidades do assistente social intervir na realidade social a partir de alternativas criadoras e propositivas. Essa compreensão se faz necessária para que o profissional não tenha uma postura fatalista, nem uma postura messiânica. No Quadro 1, a seguir, pode-se apreender as características de uma postura fatalista e as de uma postura messiânica. POSTURA FATALISTA POSTURA MESSIÂNICA A postura fatalista é aquela da qual o profissional em Serviço Social leva para sua prática, achando que a realidade não é passível de mudanças, ou seja, sua forma é definitiva e todos os desdobramentos e limites são predeterminados. Isto é, sua intervenção não mudaria tal realidade. A postura messiânica está relacionada a uma visão heroica que o assistente social pode possuir, ou seja, acredita-se que o Serviço Social tem o poder em solucionar os conflitos sociais. Acaba reforçando, de forma unilateral, a subjetividade dos indivíduos sem se defrontar com os próprios limites da realidade social. Quadro 1: Posturas fatalista e messiânica. Fonte: Elaborado pelo autor. Ao se ter uma postura fatalista, o assistente social tem uma visão a-histórica da realidade social e se permite a ações burocráticas e rotineiras do exercício profissional. Quando esse profissional tem uma FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 6 postura messiânica, traz para prática profissional uma visão ilusória e totalmente desfocada da realidade social. Continuando a análise sobre o Serviço Social em sintonia com os novos tempos, é importante compreender a profissão como um tipo de trabalho na sociedade, ou seja, compreender que o Serviço Social está situado na divisão sociotécnica do trabalhoenquanto um trabalho especializado. Para se ter essa visão, é necessário romper com a perspectiva endógena sobre a profissionalização do Serviço Social, que a enxerga como algo que emergiu a partir de uma tecnificação da filantropia. O surgimento do Serviço Social, enquanto profissão inscrita na divisão sociotécnica do trabalho, está diretamente ligada ao movimento da ordem monopólica, pois, por meio de sua intervenção, irá responder às múltiplas expressões da “questão social”. Com a organização política do movimento operário, a burguesia precisa criar estratégias para o controle dessa organização. Nesse momento, o Estado, gerenciador dos interesses da burguesia, passa a intervir sobre a “questão social” de forma constante e ordenada, em que as “funções políticas do Estado imbricam-se organicamente com as suas funções econômicas”. (NETTO, 2011, p.25) Essa intervenção acontece por meio das políticas sociais, que é a base ocupacional do Serviço Social, e a partir da funcionalidade destas, compreendemos a funcionalidade da profissão, que é o ator que as implementam. O Serviço Social ocupa um espaço na sociedade como um trabalho especializado, pois foi socialmente necessária sua criação, tendo assim um valor de uso. O assistente social, ao exercer sua função, contribui na produção e redistribuição da riqueza social, ou seja, a partir da prestação de serviços sociais, contribui para o processo de distribuição da mais- valia. Levando-se em consideração esses aspectos, o Serviço Social é uma especialização do trabalho, e a ação profissional do assistente social se enquadra enquanto uma manifestação desse trabalho, inscrito dentro da esfera da produção e reprodução da vida social. 2. Serviço Social e Questão Social na Contemporaneidade A questão social pode ser compreendida como um conjunto de desigualdades geradas pela relação contraditória entre Capital x Trabalho, no qual seu surgimento está relacionado a apropriação privada do trabalho, das condições de sua realização e da apropriação de seus frutos. FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 7 O termo “questão social” surgiu ainda no século XIX, a fim de caracterizar o pauperismo resultante dos desdobramentos sociopolíticos da Revolução Industrial. É importante destacar que seu surgimento também está relacionado com o ingresso da classe operária no cenário político, ao lutar por melhores condições de vida e de trabalho. A questão social se expressa de diversas maneiras, como por exemplo, a pobreza, o desemprego, a violência, dificuldade de acesso à saúde e educação, déficit habitacional, discriminação de raça, etnia e gênero, entre outras. É a partir da questão social que o Serviço Social tem sua base de fundação, e ela é o objeto de trabalho do assistente social. Figura 2: Pobreza - considerada uma expressão da questão social. Fonte: Dreamstime. O assistente social, no seu cotidiano, atua diretamente no enfrentamento da questão social, nos demais espaços sócio ocupacionais, como na saúde, na assistência social, na habitação, nas empresas etc. Dessa forma, é essencial que o assistente social decifre as novas mediações que envolvem a questão social na atualidade. Na contemporaneidade, as bases da produção da questão social sofreram profundas transformações, principalmente, no que se refere ao padrão de acumulação, após os “30 anos gloriosos”, que foram do fim da Segunda Guerra Mundial até a década de 1970. Durante esses “30 anos gloriosos”, a economia capitalista passou por um momento de expansão em razão das bases tayloristas/fordistas que organizavam a esfera produtiva. Na busca de impulsionar a produção, o Estado vai investir em aumentar o poder aquisitivo dos trabalhadores para consumir as mercadorias. Nessa perspectiva, se torna necessário a criação de políticas para alcançar o pleno emprego, a partir da proposta keynesiana. O keynesianismo foi uma teoria desenvolvida por John Maynard Keynes, que se opunha ao sistema liberal e defendia a intervenção estatal na economia, com a finalidade de garantir o pleno emprego e evitar a retração econômica. Uma de suas principais características era a FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 8 viabilização de benefícios sociais para a população mais pobre, com o objetivo de garantir um sustento mínimo. Essa política governamental garantiu várias conquistas no âmbito do bem-estar social por meio da implantação do Welfare State, e foi um momento em que a profissão de Serviço Social expande seu mercado de trabalho. O Welfare State, ou o Estado de Bem-Estar Social, foi o termo utilizado para designar a ação estatal no que se refere à garantia de padrões mínimos de saúde, renda, educação, habitação entre outros, a todos os cidadãos. Cabe destacar que o Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), ocorreu nos países de primeiro mundo. O Brasil não vivenciou na sua completude esse modelo de Estado. A partir da década de 1970, ocorre uma crise no padrão de acumulação taylorista/fordista e da regulamentação do keynesianismo, dando lugar a um novo modelo de acumulação desenvolvido no Japão, o toyotismo, conhecido também como acumulação flexível. O toyotismo é impulsionado pelo avanço tecnológico, principalmente, da microeletrônica e robótica, além disso, o mercado de trabalho se tornou mais flexível, abrindo espaço para a desregulamentação dos direitos trabalhistas. Esse cenário propicia o aumento do desemprego, o que amplia o exército industrial de reserva, o que contribui para o aumento da informalização e da desregulamentação do trabalho. Aos trabalhadores que possuem emprego estável – a menor parcela –, sua força de trabalho é altamente qualificada, além de executarem diversas funções pelo mesmo salário, que se configura como trabalhador polivalente. Isso rebate também no trabalho do assistente social, que passa a exercer várias tarefas, que, muitas das vezes, não estão relacionadas às suas atribuições. Essas mudanças nos padrões de acumulação vêm acompanhadas de mudanças na estrutura do Estado com a implementação do neoliberalismo. O Estado passa a se preocupar apenas em questões para aliviar a pobreza extrema e transfere sua responsabilidade em executar FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 9 o bem-estar social para o foro privado dos sujeitos e suas famílias, que passam a depender do trabalho voluntário ou dos rendimentos familiares. Figura 3: Filantropia e caridade - o Estado passa sua responsabilidade em executar o bem-estar social para a esfera privada. Fonte: Dreamstime. Os ideais neoliberais foram considerados a melhor estratégia para se recuperar da crise surgida na década de 1970. Dentro dessa perspectiva, as políticas sociais passaram a ser pensadas apenas para preservar o mínimo para os segmentos mais pobres da classe trabalhadora. As políticas sociais se tornaram focalizadas, descentralizadas e com tendência a passar por privatizações, em um cenário no qual a questão social assume um caráter político, atravessada por estratégias políticas e ideológicas de legitimação do poder de classe. O Estado passou a investir menos nas políticas sociais, nas quais se configura o trabalho dos assistentes sociais de forma predominante. De acordo com Iamamoto (2009, p.3): ‘‘ As alterações verificadas nos espaços ocupacionais do assistente social têm raízes nesses processos sociais, historicamente datados, expressando tanto a dinâmica da acumulação, sob a prevalência de interesses rentistas, quanto a composição do poder político e a correlação de forças no seu âmbito, capturando os Estado Nacionais, com resultados regressivos no âmbito da conquista e usufruto dos direitos para o universo dos trabalhadores. ’’ Nesse cenário histórico, surgiram contornos ao mercado de trabalho do assistente social, no qual se abrem novos espaços ocupacionais e fazendo surgir demandas e requisições a esse profissional e, consequentemente, novas habilidades, competênciase atribuições. FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 10 à desresponsabilização do Estado no tocante da questão social, deixando que grandes empresas passem a fazer essa intervenção, como se fosse uma filantropia empresarial. Nos Estados Unidos, existem cursos de Pós-graduação em filantropia social e cursos de administração de empresas passam a dispor de disciplinas nesse âmbito. Estão voltadas à gestão da pobreza, à medida que as empresas estão assumindo uma parcela do seu atendimento, como vem sendo amplamente divulgado pela mídia. (IAMAMOTO, 2015, p.42) Cabe destacar que essa “refilantropização social’, não é um ressurgimento da velha filantropia, que era comum no século XIX e início do século XX, mas é resultado de um processo que envolve a privatização dos serviços públicos, ou seja, o que deveria ser garantido pelo Estado, é transferido para a sociedade civil. Com a parceria entre Estado e sociedade civil, ganham espaços, principalmente a partir da década de 1990, as Organizações da Sociedade Civil - OSCs - um grande e diversificado campo que vem sendo campo de atuação do assistente social. 3. As Mudanças no Mercado Profissional de Trabalho As transformações ocorridas no mundo do trabalho, em virtude da reestruturação produtiva e das políticas neoliberais, trouxeram para a classe que vive do trabalho um contexto, no qual as relações trabalhistas estão cada vez mais flexibilizadas e precarizadas. Essas metamorfoses no mundo do trabalho, somadas a uma reestruturação do Estado, impactam diretamente na atuação do assistente social, por meio da redefinição das políticas sociais e das fragilizadas condições de trabalho, que criaram diversos desafios para a prática profissional, fazendo com que o assistente social seja criativo para propor estratégias. Uma tendência que vem acontecendo, de acordo com Iamamoto (2015) é a “refilantropização social”, que está relacionado FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 11 As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) é a nova denominação para as Organizações não Governamentais (ONGs). A mudança nessa nomenclatura se deu a partir da Lei Nº 13.019, de 31 de julho de 2014. Pode-se destacar como resultados da reestruturação produtiva que afetam a classe trabalhadora e, consequentemente, o assistente social, que é um profissional assalariado, os seguintes efeitos: ▪ A precarização das formas de contratação, por meio da terceirização, ou contratando profissionais apenas para executarem determinadas tarefas ou projetos, resultando na desestabilização e de direitos trabalhistas. ▪ Uma desvalorização do profissional, que muita das vezes se torna descartável, gerando falta de perspectivas de crescimento na carreira, o que possibilita o processo de alienação e estranhamento do trabalho. ▪ Uma intensificação do processo de trabalho, criando trabalhadores polivalentes com aumento na jornada de trabalho e estabelecendo metas inalcançáveis, e resultados imediatos. ▪ Condições insalubres de trabalho, maior exposição a riscos, causando impactos na saúde do trabalhador. ▪ Fragilidade sindical, enfraquecimento da representação política da classe trabalhadora, efeitos produzidos pela terceirização, Druck (2009 apud, RAICHELIS, 2011). Essas são consequências desse novo padrão de acumulação que propõe uma redução dos “custos sociais do trabalho” (IAMAMOTO, 2015) e faz com que o Estado seja parco com investimentos relacionados à execução das políticas sociais. Essas consequências produzem uma relação contraditória sobre o Serviço Social: ‘‘ Trata-se de uma condição de trabalho que produz um duplo processo contraditório nos sujeitos assistentes sociais: a) de um lado, o prazer diante da possibilidade de realizar um trabalho comprometido com os direitos dos sujeitos violados em seus direitos, na perspectiva de fortalecer seu protagonismo político na esfera pública; b) ao mesmo tempo, o sofrimento, a dor e o desalento diante da exposição continuada à impotência frente à ausência de meios e recursos que possam efetivamente remover as causas estruturais que provocam a pobreza e a desigualdade social. (RAICHELIS, 2011, p.8) ’’ Ao mesmo tempo em que os assistentes sociais sofrem diretamente com a flexibilização e precarização das relações de trabalho, que, muitas vezes, ocorre por meio da terceirização, os postos de trabalho acabam aumentando em razão da descentralização dos serviços públicos. Essa ampliação dos postos de trabalho de assistentes sociais pelo poder público, está relacionada a uma proposta de se criar critérios seletivos FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 12 que visam ampliar a lógica da exclusão. Nesse momento, o assistente social precisa se apropriar das três dimensões do fazer profissional: a dimensão teórico-metodológica, a dimensão técnico-operativa e a dimensão ético-política. ‘‘ O novo perfil que se busca construir é de um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o “tempo presente, os homens presentes, a vida presente” e nela atuar, contribuindo, também, para moldar os rumos de sua história. (IAMAMOTO, 2015, p. 48)’’ Assim, o assistente social será capaz de decifrar o movimento da realidade, de forma a compreender os avanços e os retrocessos na relação entre o Estado e a sociedade civil, e buscar a ampliação de conhecimentos que lhe dê suporte para trabalhar no enfrentamento da questão social. As consequências da política neoliberal e da reestruturação produtiva fazem as relações de trabalho, na contemporaneidade, cada vez mais fragilizadas e precarizadas, impactando diretamente a vida da classe trabalhadora e a atuação do assistente social. O assistente social precisa ser um profissional que compreenda essas mudanças ocorridas na contemporaneidade em sua totalidade, que tenha uma competência crítica reforçada para criar novas possibilidades, sendo um profissional criativo e propositivo para transformar os rumos da história. Referências IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 26 ed. São Paulo: Cortez, 2015. IAMAMOTO. M. V. Os espaços sócio-ocupacionais do assistente social. In: Serviço Social: direitos e competências profissionais. Brasília: CFESS/ ABEPSS, 2009. MEIRELLES, G. A. L. Serviço Social e “questão social”: das origens à contemporaneidade. Curitiba: Intersaberes, 2018. [Biblioteca Virtual Pearson] RAICHELIS, R. O assistente social como trabalhador assalariado: desafios frente à violação de seus direitos. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, jul/set 2011. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0101- 66282011000300003. Acesso em: 28 de nov. 2020. FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 13 http://dx.doi.org/10.1590/S0101-66282011000300003 http://dx.doi.org/10.1590/S0101-66282011000300003 _GoBack O Serviço Social na Contemporaneidade Para Início de Conversa... Objetivos 1. O Serviço Social em Sintonia com os Novos Tempos 2. Serviço Social e Questão Social na Contemporaneidade 3. As Mudanças no Mercado Profissional de Trabalho Referências
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