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FHTMESS: Trabalho e 
Espaços Sócio Ocupacionais
As Metamorfoses no Mundo do 
Trabalho
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD
Desenvolvimento do material: Vaniele Soares da Cunha Copello
1ª Edição
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Núcleo de Educação a Distância (NEAD)
Márcia Loch
Sumário
As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Para Início de Conversa... ............................................................................... 4
Objetivos ......................................................................................................... 4
1. Taylorismo e Fordismo ............................................................................... 5
2. Toyotismo/Acumulação Flexível ............................................................. 9
3. As metamorfoses no mundo do trabalho ........................................... 12
Referências ......................................................................................................... 15
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 3
Para Início de Conversa...
Com a aceleração do processo industrial, principalmente no final do 
século XIX, houve a necessidade em buscar o controle sobre a força 
de trabalho. Ao longo dos anos, o mundo do trabalho sofreu várias 
metamorfoses, principalmente a partir dos seguintes modelos de 
produção: taylorista, fordista e toyotista.
Esses modelos de produção metamorfoseiam diretamente o modo 
de trabalhar e a vida da classe trabalhadora, o que proporcionou um 
aumento na produção de riquezas, que se concentram nas mãos da 
classe, detendo os meios de produção. Em contrapartida, aumentam a 
pauperização dos trabalhadores e a desigualdade entre as classes.
Neste capítulo, será possível, a partir da identificação dos modelos de 
produção taylorista, fordista e toyotista, conhecer as metamorfoses do 
mundo do trabalho, analisando as principais transformações ocorridas 
no mundo do trabalho com o advento do regime de acumulação flexível.
Objetivos
 ▪ Identificar as características do taylorismo e do fordismo.
 ▪ Identificar as características do toyotismo/acumulação flexível.
 ▪ Conhecer as metamorfoses no mundo do trabalho. 
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 4
1. Taylorismo e Fordismo
Durante a década de 1980, o mundo do trabalho sofreu mudanças 
significativas, principalmente nos países onde o capitalismo já se 
encontrava em forma avançada. Essas mudanças podem ser verificadas 
na estrutura produtiva e nas maneiras como os sindicatos e a própria 
política serão representados. Não somente as questões no âmbito 
econômico serão afetadas, mas essas mudanças refletirão diretamente 
na forma de ser das pessoas. 
Para que se possa analisar as metamorfoses que o mundo do trabalho 
sofreu, em sua totalidade, é importante resgatarmos o conceito de 
sistemas de produção e compreender as principais características dos 
processos produtivos que já foram utilizados no modo de produção 
capitalista.
Um sistema de produção é formado por uma junção de operações e 
atividades inseridas no desenvolvimento de um produto ou de um 
serviço interligados, cada um com sua função. Como resultado dessa 
integração, o sistema como um todo.
O sistema de produção não se restringe ao ambiente interno de produção 
ao interagir com as demais funções da organização, uma vez que ele 
sofre influência também do ambiente externo. Podemos ver, no quadro 
abaixo, as influências sofridas em cada ambiente.
Influências no Ambiente Interno Influências no Ambiente Externo
Marketing Economia
Finanças Políticas e regulamentações governamentais
 Recursos Humanos Competição
Tecnologia
Quadro 1: Influências dos ambientes interno e externo
Fonte: Elaborado pelo autor.
O principal objetivo do sistema capitalista é a obtenção de lucro. Dessa 
forma, a acumulação do capital se torna umas das características 
principais deste sistema, que vai se firmar no modo como se explora a 
força de trabalho, na tentativa de se manter em constante crescimento.
Com a aceleração do processo industrial, principalmente no final do 
século XIX, houve a necessidade em buscar o controle sobre a força 
de trabalho, com isso o trabalho nas fábricas passou a ter uma carga 
horária mais rígida, com rotinas determinadas, um controle mais estreito 
e tarefas com repetições.
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 5
Figura 1: Cena do filme “Tempos Modernos” que demonstra um controle mais estreito e tarefas 
com repetições. Fonte: Wikimedia.
As transformações oriundas do acirramento industrial foram sentidas 
na maneira de se produzir, em que a produção manual passa a ser 
substituída pela produção em massa. O modo de viver também foi 
modificado, a sociedade urbana foi substituindo a sociedade rural, 
mudaram-se os valores e o racionalismo substituiu o humanismo.
Assim, estratégias para organizar e controlar o trabalho foram foco 
de estudo de alguns autores da economia clássica; no entanto, foi um 
engenheiro americano, Frederick Winslow Taylor, quem introduziu a 
ideia de administração científica.
Frederick Taylor foi um engenheiro mecânico, nascido na Pensilvânia, nos 
Estados Unidos, que desenvolveu o conceito de Administração Científica. 
Suas ideias revolucionaram o sistema produtivo no início do século 
XX. No ano de 1903, Taylor publicou seu primeiro livro com o seguinte 
título: “Shop Management” (Direção de Oficinas), no qual apresenta pela 
primeira vez suas ideias sobre a racionalização do trabalho, o que seria 
chamado mais tarde de administração científica. Frederick Taylor morreu 
em 1915, aos 59 anos, em razão de uma pneumonia. 
A partir das ideias de Frederick Taylor, tem-se o que é chamado de 
taylorismo, um novo método de organizar o trabalho, no qual as tarefas 
são fragmentadas e o trabalho mental é separado do trabalho físico.
Uma das características do taylorismo é a gerência científica do trabalho, 
na qual há uma substituição de métodos empíricos por métodos 
científicos e testados para o controle do trabalho nas empresas 
capitalistas. Nesse sentido, a proposta de Taylor era uma gerência que 
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 6
pudesse criar regras e maneiras padrões de execução do trabalho. 
Havia a preocupação em otimizar o tempo e o movimento, assim, 
os instrumentos, materiais e movimentos dos trabalhadores eram 
padronizados, no intuito de se garantir a eficiência.
Outro ponto que se pode destacar do taylorismo é a expropriação do 
conhecimento dos trabalhadores, em que eram separadas a execução e 
a concepção do trabalho. De acordo com Taylor (1987, p. 35) “está claro, 
então, na maioria dos casos, que um tipo de homem é necessário para 
planejar e outro tipo diferente para executar o trabalho”.
Nesse sentido, para Taylor, o trabalhador, ao deter um conhecimento 
sobre o processo de trabalho, pode favorecer possibilidades de 
resistência e de “se fazer cera”.
Para Taylor, o ato de “fazer cera” é uma posição política dos trabalhadores 
na qual se acredita que, trabalhando menos, estaremos preservando 
postos de trabalhos para a classe, assim como evitando uma exploração 
excessiva da força de trabalho. (RIBEIRO, 2015, p. 67).
Pode-se afirmar que, ao buscar a separação entre a execução e 
a concepção do trabalho, de forma separada, e fazer com que os 
trabalhadores não alcancem o conhecimento de todo o processo de 
trabalho, têm-se formas de fazer com que o controle do processo de 
trabalhoseja assegurado pela gerência e de deixar a mão de obra mais 
barata.
O objetivo era obter o rendimento máximo dos trabalhadores, com 
um modelo rígido de trabalho, reduzindo a quantidade de operações 
desnecessárias, do tempo de execução e dos gastos de energia física 
e mental dos trabalhadores, além de diminuir a ociosidade dos 
equipamentos e intervalos entre uma 
operação e outra.
Dando continuidade e 
intensificação às ideias de 
Taylor, o dono de uma 
indústria automobilística, 
Henry Ford, criou um 
procedimento industrial 
com base na linha de 
montagem, de modo que 
se alcance uma produção 
em grande escala, que 
deveria ser consumida 
em massa.
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 7
Ford introduziu na indústria a esteira rolante, o que proporcionou um 
aumento na produtividade ao fixar o trabalhador em uma única posição. 
O fordismo, nome dado ao modelo de produção elaborado por Ford, não 
trouxe apenas mudanças no interior das fábricas, com uma organização 
do trabalho e da produção de forma racional, mas trouxe mudanças 
significativas também no modo de viver.
Mesmo o fordismo continuando e intensificando o taylorismo em sua 
dinâmica, notamos algumas diferenças essenciais entre eles. Não se 
tinha apenas a intenção de organizar o trabalho, mas fazer com que os 
trabalhadores aderissem à inovação.
‘‘ Produção de massa significava consumo de massa, um novo sistema de reprodução 
da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência da força de 
trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de 
sociedade democrática [...]. O Fordismo equivale ao maior esforço coletivo para 
criar, com velocidade sem precedentes, e com uma consciência de propósito sem 
igual na história, um novo tipo de trabalhador e um novo tipo de homem. Os 
novos métodos de trabalho são inseparáveis de um modo específico de viver e 
de pensar a vida. (HARVEY, 1992, p. 121). ’’
Gramsci vai denominar esse novo tipo de trabalhador como “operário-
massa”, e o novo tipo de vida, como “americanismo”. O uso da esteira 
rolante vai ocasionar um intenso desgaste físico aos trabalhadores, o 
que vai gerar uma rotatividade grande e muitos trabalhadores não vão 
aceitar essa nova forma de gerência e controle. Foi então que Ford 
elevou os salários como forma de aceitação por parte dos trabalhadores, 
combinando coerção com consenso.
A elevação dos salários proporcionou que a classe trabalhadora 
pudesse consumir mais, e a “manutenção de altos padrões de consumo 
era fundamental para alimentar o crescimento da indústria de massa”. 
(RIBEIRO, 2015, p. 70). Passa-se a ter um novo estilo de vida com 
determinados padrões de consumo e alguns bens, como carro e casa, 
passam a ser objetos de desejo.
O controle sobre o operário vai ultrapassar os muros das fábricas, 
um conjunto de princípios será criado, dentro de uma perspectiva 
moralizante, para condicionar a vida do trabalhador e ele consiga 
reservar energia para o trabalho.
 No ano de 1916, foram enviados por Ford aos lares dos trabalhadores 
assistentes sociais para fiscalizar se eles tinham o tipo certo de probidade 
moral, de vida familiar e capacidade de consumir prudentemente e 
racionalmente para atender às necessidades e às expectativas da 
corporação.
Algo que o fordismo focava, diferentemente do taylorismo, era a 
hegemonia, não apenas para controlar o processo de trabalho, mas 
ganhar a adesão dos trabalhadores, necessitando que se extrapole os 
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 8
muros das fábricas. Para isso, o Estado assume um papel importante.
Foi necessário criar novos mecanismos de regulação e intervenção 
estatal, assim, o fordismo alinha-se ao keynesianismo. Após a Segunda 
Guerra Mundial, a produção fordista se aliou à reprodução keynesiana 
para contribuir com o processo de desenvolvimento capitalista. Elas, 
juntamente com o Estado de Bem-estar Social, ocorreram nos países 
centrais capitalistas.
O Keynesianismo foi uma teoria econômica implementada com o 
objetivo de atingir o pleno emprego a partir da intervenção do Estado 
na economia. Isto é, o Estado se coloca como interventor e regula as 
relações entre capital e trabalho.
O fordismo conseguiu proporcionar um aumento nos padrões de vida 
das populações dos países capitalistas avançados e proporcionou 
um ambiente moderadamente estável para os lucros corporativos; 
no entanto, a partir da década de 1970, com uma crescente recessão, 
começa-se a erguer um novo sistema de acumulação. 
Pode-se elencar alguns fatores que contribuíram para a crise do 
fordismo: 
 ▪ Os impactos do choque do petróleo na economia, ocorridos em 1973.
 ▪ O surgimento da concorrência japonesa, com sua nova concepção de 
gestão e produção automobilística.
 ▪ Mudanças tecnológicas.
 ▪ Fusões e incorporações de empresas.
 ▪ Surgimento de novas necessidades no que se refere ao consumo.
Com essas transformações, o regime fordista-keynesiano entra em 
crise e deixa de ser necessário, tornando-se ineficiente e até mesmo 
negativo para o capital. Dessa forma, para superar a crise, ele precisa ser 
substituído por uma nova estratégia econômica, na qual as conquistas 
trabalhistas sejam anuladas e que a superexploração do trabalho seja 
permitida. O regime substituto foi um regime de acumulação, que Harvey 
(1992) denominou acumulação flexível. 
2. Toyotismo/Acumulação Flexível
Harvey (1992) vai definir a acumulação flexível com uma série de 
práticas com o intuito de quebrar a rigidez do fordismo, apoiando-se 
na flexibilidade dos processos de trabalho e padrões de consumo, uma 
nova maneira que o capitalismo encontrou para superar sua crise. Dessa 
forma:
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 9
‘‘ A acumulação flexível se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos 
mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se 
pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras 
de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas 
altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A 
acumulagdo flexivel envolve rápidasmudançasdos padrões do desenvolvimento 
desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por 
exemplo, um vasto movimento no emprego chamado “setor de serviços”, bem 
como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então 
subdesenvolvidas [...]. (HARVEY, 1992, p. 140). ’’
Com as mudanças tecnológicas de grande proporção, principalmente na 
década de 1980, somadas à automação, ao desenvolvimento da robótica 
no ambiente fabril, às relações de trabalho e de produção, os cenários 
vão se modificando. O fordismo/taylorismo vão perdendo espaço e sendo 
substituídos por um novo padrão de produção, o toyotismo. Toyotismo é 
um modelo de produção industrial, idealizado por Eiji Toyoda.
A economia japonesa desapontou com um crescimento fabuloso, 
sustentada em altos índices de produtividade do trabalho. O Japão 
havia saído destruído da Segunda Guerra Mundial e houve, por parte do 
governo, um forte apelo ao trabalho para a reconstrução do país e para 
reerguer a economia. Esse quadro cultural e histórico contribuiu para 
o surgimento de um novo padrão de produção, denominado toyotismo. 
(RIBEIRO, 2015, p. 74).
O que no fordismo/taylorismo era rígido, no toyotismo terá lugar um 
novo processo de produção muito mais flexível. A produção, que era em 
série e de massa, passa a se adequar à lógica estabelecida pelo mercado. 
O toyotismo apresenta algumas características específicas que 
contribuem para o processo de acumulação capitalista. Pode-se 
mencionar o sistema de emprego vitalício como uma 
delas. Embora não haja nenhum contrato 
formalizando essa vitalidade, é 
oferecida aos trabalhadores essa 
vantagem, em troca do aumento 
da produtividade e qualidade.
O trabalhador admitido, 
não para ocupar um posto 
específico, mas para a empresa, 
tem um determinado cargo e 
salário e pode ser promovido 
portempo de serviço.
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 10
O sistema de organização também mudou muito em referência ao 
fordismo, principalmente com a adesão ao just-in-time, que seria algo 
relacionado a se produzir no tempo certo uma determinada quantidade, 
sem excesso. 
O propósito do just-in-time é produzir somente o necessário, na 
quantidade e no momento necessários, para que não sobre estoque 
ou tenha o mínimo. Precisava-se de ter a capacidade de atender aos 
pequenos e variados pedidos.
Figura 2: Just in time: produzir somente o necessário, na quantidade e no momento necessários
Fonte: Dreamstime.
Outra característica do toyotismo é a utilização do sistema kanban, que 
seria um fluxo de informações entre as células de produção por meio 
de placas ou senhas de comando, para repor as peças e o estoque. 
Traduzido do japonês, kanban significa quadro visual. Ele serve para 
trazer informações, em tempo real, de algo que possa atrapalhar o 
processo de trabalho.
Há uma preocupação com a qualidade dos produtos com o envolvimento 
dos trabalhadores. Assim, são criados os CCQs - Círculos de Controle e 
Qualidade. A partir dos CCQs, a produção é controlada pelos próprios 
trabalhadores, que participam e trazem sugestões de como melhorar a 
qualidade e a produtividade.
‘‘ O Just-in-time, o kanban, os CCQ (círculos de controle de qualidade) são formas, 
antes de tudo, de eliminar os tempos mortos da produção. O trabalho em equipe, 
a suposta não separação entre execução e concepção tendo em vista que o 
modelo japonês demanda a participação do trabalhador, seu saber e iniciativa 
no processo de trabalho é, antes de tudo, uma forma de expropriação do saber do 
trabalhador. Se alguns pensadores consideram que o modelo japonês recuperou 
a unidade entre concepção e execução, permitindo ao trabalhador usar sua 
capacidade de iniciativa e criatividade. (RIBEIRO, 2015, p. 75). ’’
O trabalho passa a ser organizado em grupo de trabalhadores, destacando 
o trabalho em equipe. Além disso, o trabalhador passa a exercer diversas 
funções e/ou operar diversas máquinas, o que chamamos de trabalhador 
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 11
polivalente. O trabalhador e a equipe são responsabilizados pela 
qualidade e produtividade do trabalho.
O toyotismo vai trazer influências no processo organizativo político dos 
trabalhadores. Na tentativa de combater o sindicalismo japonês, cria-se 
o sindicalismo de empresa, integrado à política de gestão do trabalho, 
combinando repressão com cooptação. De acordo com Antunes (2016, p. 
32) “essas práticas subordinam os trabalhadores ao universo empresarial, 
criando as condições para a implantação duradoura do sindicalismo de 
envolvimento, em essência um sindicalismo manipulado e cooptado”.
Pode-se considerar que o toyotismo foi responsável pela terceirização 
da economia em razão do sistema de relações interempresas. Nesse 
sistema, as relações entre as empresas são muito hierarquizadas e uma 
grande empresa subcontrata pequenas e microempresas.
Essa rede de subcontratação foi essencial para o modelo japonês de 
produção, uma vez que aumentou o desemprego no setor das indústrias 
e levou a mão de obra para o setor de serviços, em que os empregos se 
concentram mais na distribuição de mercadorias do que propriamente 
em sua produção. 
Outra característica é a desregulamentação da política salarial e a 
flexibilização do salário direto. Há uma flexibilização dos direitos, com 
o mínimo de trabalhadores possíveis, aumentam-se as horas extras 
e ampliam-se as contratações temporárias ou as subcontratações. A 
flexibilização é definida da seguinte maneira: 
‘‘ Fragmentação, segmentação dos trabalhadores, heterogeneidade, individualização, 
fragilização dos coletivos, informalização do trabalho, fragilização e crise dos 
sindicatos, e a mais importante delas, a ideia de perda – de direitos de todo 
tipo – e da degradação das condições de saúde e de trabalho. Noções que dão 
conteúdo à ideia de precarização, considerada como a implicação mais forte da 
flexibilização. (DRUCK, 2007, p. 8). ’’
Essas são as características principais do toyotismo e foram aderidas 
pelas indústrias no ocidente, principalmente nos Estados Unidos, que 
mesmo ainda utilizando o regime fordista, deram início ao novo tipo 
de acumulação e produção no sistema capitalista, que é a chamada 
acumulação flexível.
3. As metamorfoses no mundo do trabalho 
O mundo do trabalho, no decorrer das últimas décadas, vem sofrendo 
diversas metamorfoses. Muitas dessas transformações se devem 
à evolução tecnológica, somadas à implementação do sistema de 
acumulação flexível.
Uma das mudanças está relacionada ao perfil do trabalhador, no qual 
acontece uma diminuição do trabalhador industrial e o aumento do 
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 12
trabalhador no setor de serviços. Antunes (2016) chama esse processo 
de desproletarização do trabalho industrial, fabril. Nesse processo, 
há também a incorporação das mulheres no mercado de trabalho; a 
exclusão dos mais jovens e idosos e o aumento da terceirização com 
uma precarização das relações de trabalho, principalmente a partir da 
subcontratação.
Com o avanço tecnológico, principalmente da robótica, temos o 
surgimento do desemprego estrutural, que é o desemprego gerado pela 
substituição da força física do trabalhador por máquinas, e seu comando 
intelectual, pelo computador.
Figura 3: Avanço tecnológico: substituição da força física do trabalhador por máquinas
Fonte: Dreamstime.
A subproletarização é outra tendência no mundo do trabalho. Cada dia 
mais, têm se tornado comuns as formas precárias de trabalho, a partir 
do trabalho parcial, da contratação temporária, da terceirização, da 
subcontratação e do aumento da informalidade.
Como resultado dessa tendência, temos a desregulamentação das leis 
trabalhistas, a perda de direitos sociais e a precarização dos postos 
de trabalho e dos salários. Há uma propensão no mundo do trabalho 
em substituir trabalhadores centrais por outros que custem menos à 
demissão, como os trabalhadores temporários e/ou terceirizados, o que 
possibilita uma exploração intensificada. 
No processo de subproletarização, o trabalho feminino aparece como 
um traço marcante. O emprego das mulheres na sociedade capitalista 
industrial vem do desejo em usar trabalho barato e de baixo prestígio, 
pois elas não exercem funções de liderança e, sim, de comando, o que 
favorece a apropriação de mais valor.
Até os dias de hoje, na divisão sexual do trabalho, a desigualdade de 
gênero define a qualificação das tarefas, os salários de homens e 
mulheres. Às mulheres são destinados os menores salários, mesmo 
ocupando os mesmos cargos que os homens, e os cargos diretivos têm 
menor possibilidade de serem ocupados por mulheres. 
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 13
em máquinas computadorizadas, programa-as e repara os robôs em caso 
de necessidade”.
Em direção contrária à intelectualização do trabalho social, ocorre 
o processo de desespecialização dos trabalhadores, que são os 
trabalhadores que não conseguem se qualificar. Dessa forma, o 
capitalismo se apropria desses trabalhadores para exercerem funções 
em postos de trabalhos terceirizados e ocupar as vagas de subemprego, 
o que gera uma mão de obra barata. 
Para compreender as metamorfoses que o mundo do trabalho sofreu, 
em sua totalidade, foram resgatados os principais sistemas ou modelos 
de produção. Os modelos de produção taylorismo, fordismo e toyotismo 
apresentam algumas semelhanças e diferenças, no entanto, pode-se 
destacar que todos esses modelos buscavam a conservação de domínio 
de uma classe sobre a outra. 
Outro ponto semelhante é a tentativa de controlar o tempo ou o 
cálculo dele, seja a partir da gerência científica, no taylorismo, pelo 
ritmo estabelecido pela esteira rolante, no fordismo, ou por meio de 
uma dinâmica de organização do trabalho voltada para uma produção 
ininterrupta, como nojust-in-time, no toyotismo.
A busca pela igualdade de gênero é 
uma urgência da história, à medida 
que a diferença entre homens e 
mulheres é uma construção social, 
e a imagem mais frágil atribuída 
à mulher é mais interessante ao 
capitalismo.
O capitalismo se apropria das 
relações de raça e sexo, em sua 
dinâmica de exploração da força 
de trabalho, para atribuir salários 
mais baixos e condições precárias de 
trabalho, alargando, assim, seu poder de 
exploração.
Cada vez mais o trabalho morto está tomando o lugar do trabalho vivo, 
ou seja, as máquinas vão ocupando os lugares dos trabalhadores nas 
fábricas. No decorrer dos anos, algumas funções vão desaparecendo e 
outras vão surgindo, gerando a necessidade de maior qualificação para 
acompanhar essas mudanças, pois, muitas vezes, elas são de cunho 
tecnológico, gerando uma intelectualização do trabalho social.
De acordo com Antunes (2016, p. 56) “o trabalhador já não transforma 
objetos materiais diretamente, mas supervisiona o processo produtivo 
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 14
O toyotismo pode ser considerado o sistema responsável pela 
terceirização da economia. O trabalhador subcontratado e terceirizado 
permite ao capital dispor, quase na sua totalidade, da mão de obra de 
acordo com as suas necessidades. As leis trabalhistas são flexibilizadas, 
passando a vigorar um acordo sobre a lei, e esses acordos, produzidos 
numa relação desigual, ampliam ainda mais a desigualdade.
A partir da implementação do toyotismo, o mundo do trabalho 
sofreu metamorfoses significativas, principalmente nos países onde 
o capitalismo já se encontrava em forma avançada, não somente nas 
questões de âmbito econômico que foram afetadas, mas essas mudanças 
refletiram diretamente na forma de ser das pessoas. 
Referências
ANTUNES, R. L. C. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a 
centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 2016.
DRUCK, G.; FRANCO, T. Terceirização: a chave da precarização do trabalho 
no Brasil, In: NAVARRO, V.; PADILHA, V. (orgs.). Retratos do trabalho no 
Brasil. Uberlândia: EDUFU, 2007.
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola. 1992.
RIBEIRO, A. F. Taylorismo, fordismo e toyotismo. Lutas Sociais, v. 19, n. 35, 
São Paulo, p. 65-79, jul./dez. 2015. Disponível em: https://revistas.pucsp.
br/ls/article/view/26678. Acesso em: 17 dez. 2020.
TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. São Paulo: Atlas. 
1987.
FHTMESS: Trabalho e Espaços Sócio Ocupacionais 15
https://revistas.pucsp.br/ls/article/view/26678
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