Buscar

Caderno Processo Const - prof Pedro D'Angelo (1)

Prévia do material em texto

CADERNO PROCESSO CONSTITUCIONAL
Prof. Pedro D’Angelo
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
· Previsão legal: art. 5º da CF
· São instrumentos destinados a assegurar o gozo dos direitos violados ou em vias de serem violados ou simplesmente não atendidos
· São ações garantidoras de direitos fundamentais
· São sempre contra o Estado, autoridade pública etc. Não cabe contra entidade privada!
· Remédios constitucionais (judiciais)
· habeas corpus (art. 5º, LXVIII)
· mandado de segurança individual (art. 5º, LXIX) e mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX)
· mandado de injunção (art. 5º, LXXI)
· habeas data (art. 5º, LXXII)
· ação popular (art. 5º, LXXIII)
Habeas corpus - não cai na oab
· busca salvaguardar o direito de ir e vir
· na CRFB/88:
· Art. 5º, XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
· Conceito: Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
· O habeas corpus é um processo de cognição sumária (deve ser julgado rapidamente para que a violação a liberdade de locomoção não persista), por isso deve ser exigido direito líquido e certo para sua impetração. Assim, todas as provas que comprovam os fatos alegados devem instruir a peça inicial.
· O habeas corpus é uma ordem, consubstanciada em uma decisão dada pelo Juiz ou Tribunal ao agente coator, que possui carga eficacial mandamental, que exige a cessação imediata da ameaça ou coação à liberdade de locomoção. Descumprida tal ordem judicial exarada em sede mandamental de habeas corpus, caracteriza-se o crime de desobediência, cuja pena é privativa de liberdade, nos termos do artigo 330 do Código Penal.
Espécies
· Preventivo
· quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou coação à liberdade de locomoção - nesta hipótese, será requerida a expedição de um instrumento denominado salvo conduto
· Repressivo ou liberatório
· caso já haja violência ou coação na referida liberdade - nesse caso será requerida a expedição de um alvará de soltura
Aspectos procedimentais
· O autor é denominado impetrante e o nome do indivíduo em favor de quem
se postula é denominado paciente. - podem ser a mesma pessoa ou não
· O autor do constrangimento é denominado autoridade coatora ou impetrado.
· Detentor é aquele que aprisiona ou mantém o paciente sob o seu poder.
· É a ação mais “informal”, dispensando maiores exigências processuais, como pressupostos, condição da ação e capacidade postulatória (até mesmo menores de idade, absolutamente incapazes, analfabetos). É gratuito e prioritário. - OBS: não precisa ser advogado para fazer/assinar um habeas corpus (por isso essa peça NÃO CAI NA OAB!!!)
· OBS: a lei que regular o habeas corpus é o CPP
· Requisitos da petição (art. 654 do CPP):
· nome do paciente e do coator;
· declaração da espécie de constrangimento ou das razões em que se funda o seu temor (em caso de ameaça de coação);
· a assinatura do impetrante (ou alguém a seu pedido, quando não souber/não puder escrever), com a designação das residências do impetrante e do paciente.
· Art. 648, CPP: A coação será considerada ilegal:
I – quando não houver justa causa;
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade.
Legitimidade ativa
· Esta ação pode ser impetrada por qualquer pessoa, nacional ou ou estrangeira, sem exigência quanto à capacidade judiciária. ex: loucos e menores de idade podem mover esta ação sem necessidade de representação ou assistência.
· Analfabeto pode impetrar esse remédio, porém não se admite habeas corpus apócrifo. A solução é a assinatura a rogo.
· O Estatuto da OAB define que o habeas corpus não se inclui dentre as atividades privativas do advogado.
· Pode ser concedido “de ofício” (art. 654, §2º do CPP).
· OBS: pessoas jurídicas não podem ser pacientes, mas podem ser impetrantes.
Legitimidade passiva
· Apesar de o Código de Processo Penal somente se referir à impetração de habeas corpus contra ato de “autoridade”, é comum os Tribunais aceitarem habeas corpus contra ato de pessoas jurídicas de direito privado, como clínicas psiquiátricas e hospitais (ex: que se recusem a dar alta ao paciente)
· É possível, até mesmo, ser o impetrado contra pessoa física (ex: cárcere privado - trabalhadores rurais).
Competência
· O habeas corpus, via de regra, será proposto na primeira instância estadual ou federal, a depender da natureza do posto ocupado pelo responsável pelo cerceamento.
· Contra atos dos juízes, a competência será da segunda instância da Justiça à qual o magistrado esteja vinculado; v.g., contra ato de juiz federal, a competência será do TRF (art. 108, I, d).
· Competência do STF:
· art. 102, I, CRFB/88, alíneas “d” e “i” - caso o paciente seja: o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente
· Competência do STJ:
· Art. 105, I, c - quando o coator ou paciente for os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica
Exceção constitucional
· O Habeas Corpus é cláusula pétrea, não podendo ser suprimido do ordenamento jurídico.
· Não pode ser impetrado habeas corpus durante estado de sítio, art. 139, I e III, CRFB/88
· Não haverá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares federais e estaduais, a não ser que haja ilegalidade na prisão.
Habeas data - também não é cobrada na oab
· na CRFB/88:
· Art. 5º, LXXII - conceder-se-á habeas data:
· a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
· b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
· Objeto: conhecimento, retificação ou exclusão de informação - sempre da pessoa impetrante!
· Direito à informação (Art. 5, XIV, XXXIII, CRFB/88) ex: o Estado declara que a pessoa está envolvida em determinada atividade/cometeu determinado ato e abriu uma sindicância para apurar esse ato, mas a pessoa não ficou sabendo de nada, logo, ela tem direito a requerer essas informações / ex: nome consta no SPC ou SERASA sem estar devendo, é possível impetrar habeas data requerendo a ratificação desse dado
· Expedição de certidão é caso de habeas data? NÃO - isso costuma cair em provas!!!
· ex: me formei mas a UFRJ não quer dar o meu diploma: isso não é caso de habeas data pois já tenho a informação de que me formei, quero apenas a certidão dessa informação
· Aqui é o caso de mandado de segurança!!
· Tentativa extrajudicial frustrada (Lei 9507, art. 8º, p. ú e Súm. 2, STJ) – essa é a lei que regula o habeas data e ela traz todas as suas formalidades!
· Esse é um requisito para a impetração do habeas data: é primeiro preciso tentar solicitar a informação de forma extrajudicial
“Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de ProcessoCivil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.”
· Art. 5º, LXXVII – gratuito e imprescritível
“Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.”
· Legitimidade ativa: ação personalíssima, só pode ser impetrada pelo titular do direito material.
· Exceção: herdeiros para descobrir informações sobre o de cujus.
· É permitido o habeas data coletivo? É uma discussão, apesar de a lei não prever, a doutrina entende que seria possível desde que mediante uma associação
· Legitimado passivo: órgãos públicos ou órgãos privados que prestem informações ao público
· Competência: art. 20, Lei 9.507/97
· O que puxa a competência é a autoridade coatora.
“Art. 20. O julgamento do habeas data compete:
I - originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II - em grau de recurso:
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal;
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição.”
· Prioridade sobre atos judiciários – art. 19, Lei 9.507/97
· Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.
Mandado de segurança - peça mais cobrada na OAB!!!
· é residual: se aplica quando não couber habeas corpus nem habeas data (ou seja, protege o dir. à saúde, dir. à educação, dir. à igualdade etc)
· Ação constitucional posta à disposição de toda pessoa física ou jurídica para tutela de direitos individuais líquidos e certos, não amparados por habeas corpus e habeas data, resultantes de ilegalidade ou abuso de poder por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
· art. 5º LXIX CRFB/88 + Lei 12.016/2009
Espécies
· quanto ao momento
· preventivo: quando houver justo receio de lesão ao direito líquido e certo. É bom notar que a expressão justo receio, contida na Lei 12.016/2009, da mesma forma que previa a lei revogada (Lei 1.533/1951), traz importante lição. O mandamus, nesta hipótese, só será cabível quando o “medo” de lesão for justificado, isto é, somente caberá mandado de segurança preventivo quando houver iminência e certeza de lesão; - ex: no meio da realização de um concurso público ocorrem mudanças nas regras, no edital, nas exigências etc, o que poderia mudar o resultado do concurso e afetar negativamente o candidato
· repressivo: quando já houver ocorrido a lesão, e a ação buscar reparar a ofensa ao direito.
· quanto aos legitimados
· individual: quando impetrado pelo titular do direito material em legitimidade ordinária;
· coletivo: quando movido pelos legitimados extraordinários previstos no art. 5.º, LXX, da CRFB/88 e art. 21 da Lei 12.016/2009. ex: partido político, organização sindical - sempre entidades, associações 
Requisitos
· 1. Direito líquido e certo: se refere ao conjunto probatório que instrui a inicial e comprovar todos os fatos alegados. - a comprovação desse direito é líquida e certa, ou seja, você consegue provar esse direito com documentos e fatos logo na inicial
· Não se admite a dilação probatória no mandado de segurança, e nem existe AIJ - não existe produção de provas, não terá audiencia, testemunhas etc
· ex: suponhamos que a pessoa tenha sua inscrição em concurso público indeferida em razão de divergência de assinatura. Ao propor o MS a parte deve juntar à inicial perícia grafotécnica para provar que a assinatura emana do mesmo punho.
· O art. 6.º, § 1.º, da Lei 12.016/2009 excepciona a obrigação de prova pré-constituída ao dispor que, se documento necessário à prova do alegado estiver em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz deverá ordenar, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de dez dias. Após a juntada, o escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.
· 2. Ato de natureza pública: Para fins de cabimento, importa notar a natureza do ato que será objeto da ação. Independentemente da natureza da entidade que atua, se o ato comissivo ou omissivo tiver natureza pública, a princípio, será cabível mandado de segurança.
· De acordo com este entendimento, o art. 1.º, § 2.º, da Lei 12.016/2009 estabelece que não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. Será inviável o mandado de segurança contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.
· 3. Ato eivado de ilegalidade ou abuso de autoridade
· 4. Prazo decadencial de 120 dias
· Art. 23, 12.016/09: O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
OBS p/ OAB: se no enunciado da questão falar algo sobre pedido de indenização (ex: danos morais), não cabe mandado de segurança!!!
Cabimento
· é residual, só cabe quando não houver outro remédio apto a resolver a questão
· Súmulas STF:
· 268: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.
· 266: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.
· 267: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.
Legitimidade ativa
· Pode propor mandado de segurança individual qualquer pessoa, física (nacional ou estrangeira) ou jurídica de direito público ou privado, universalidades juridicamente reconhecidas (massa falida e espólio), que sofra ou esteja em vias de sofrer violação ao seu direito líquido e certo.
· Legitimidade reflexa: Art. 3º, 12.016/09 – O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente. - ex: Bruna está em 4º lugar da fila deespera de um concurso enquanto o participante em 5º lugar acabou de ser chamado (pulando Bruna) mas vai desistir da vaga. Isso afeta a posição de Bruna no concurso então ela pergunta ao participante que está em !º lugar na fila de espera e ele diz que não pretende fazer nada a respeito, logo, Bruna poderá impetrar mandado de segurança para defender o direito dele e, indiretamente, o seu, para que possa subir na lista
· Mandado de Segurança Coletivo: Art. 21, 12016/09: O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
· Súmula 629: "A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes."
Legitimidade passiva
· o art. 6.º prescreve que a petição inicial deverá indicar, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. - sempre indicar os 2 - ex: Município Alfa e Secretário Municipal de Educação
· Autoridade coatora: representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, mas somente no que disser respeito a essas atribuições.
· obs: pessoas jurídicas são União, Estados, Municípios e o DF - prefeitura, secretaria etc NÃO SÃO pessoas jurídicas, são órgãos
Competência
· depende do polo passivo da ação
· competência do STF: Art. 102, I, d e II, a
· Competência do STJ: art. 105, I, b + art. 105, II, b
· Súmulas:
· Súmula 248: É competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal, para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União.
· Súmula 330: O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer de mandado de segurança contra atos dos tribunais de justiça dos Estados.
· Súmula 433: É competente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar mandado de segurança contra ato de seu presidente em execução de sentença trabalhista.
· Súmula 510: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial
Ação popular - também cai bastante na OAB!!!
Conceito: 5º, LXXIII, CRFB/88 - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência
· Lei 4.717/97 - Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
· Ou seja, ela serve para proteger os direitos coletivos difusos (os indivisíveis, dos quais somos todos detentores)
· Em linhas gerais, a ação popular é, a um só tempo, (I) ação constitucional de democracia participativa rousseauniana; (II) remédio constitucional de proteção de direitos transindividuais difusos de terceira dimensão; e (III) ação constitucional processual de rito sumário e especial, cuja decisão final tem natureza desconstitutiva-condenatória.
Objeto: O objeto da Ação Popular são atos lesivos ao patrimônio público, meio ambiente (ex: poluição de rio, construção irregular em área de preservação ambiental), moralidade administrativa (ex: celebração de contratos fraudulentos - contratação de uma empresa cujo objetivo é, na verdade, enriquecimento próprio) e patrimônio histórico e cultural. Ou seja, alguns dos chamados direitos difusos, que são uma espécie do gênero direitos coletivos em sentido amplo.
· Direitos difusos: indivisíveis, titularidade indeterminada e ligadas por circunstâncias de fato.
· Direitos coletivos em sentido estrito: divisíveis, titularidade determinada e ligadas por uma relação jurídica.
· Direitos Individuais homogêneos: divisíveis, titularidade determinada e ligadas por circunstâncias de fato (class actions)
Requisitos materiais - o que deve aparecer na petição inicial
· A Lei 4.717/97 traz todos os requisitos
· Diferentemente de outros remédios constitucionais, a Ação Popular admite a produção de provas no decorrer do processo, porém, o autor deve instruir o processo com evidências que fundamentem sua tese ou o receio de violação ao patrimônio público.
· A lesividade não pode ser presumida. - ato deve ser ilegal e deve causar dano (não meramente violar os princípios constitucionais)
· O ato deve ser ilegal ou imoral e deve causar dano ao patrimônio público, ao meio ambiente, à moralidade administrativa ou ao patrimônio histórico e cultural.
· Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
· a) incompetência;
· b) vício de forma;
· c) ilegalidade do objeto;
· d) inexistência dos motivos;
· e) desvio de finalidade.
· Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
· a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;
· b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
· c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
· d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
· e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Legitimidade ativa
· O impetrante apenas pode ser pessoa física, com vínculo jurídico de nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado) e no pleno gozo de seus direitos políticos. É isso que a Constituição quer dizer com a palavra cidadão, no inciso LXXIII do artigo 5º.
· A comprovação da cidadania se dá através do título de eleitor (art. 1º, p. 3º, 4.717/65).
· OBS: sempre que cai ação popular na OAB, a prova deve dizer, de alguma forma, que trata-se de cidadão! ex: exame XXVIII - ao dizer que João da Silva é candidato a um cargo político, subentende-se que ele está em pleno gozo de seus direitos políticos
· OBS 2: na qualificação das partes é obrigatório colocar, além do RG e do CPF, o número do título de eleitor (ex: portador de título de eleitor nº XXXX)
· Súmula 365 do STF: Pessoa Jurídica não tem legitimidade para propor ação popular
· Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II,
ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.
· OBS: o MP não pode ser autor de ação popular, mas ele pode assumir a conduçãode uma ação popular e figurar em seu polo ativo caso o autor tenha desistido
· Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.
Legitimidade passiva
· Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
· § 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
· § 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
Competência
· A competência para o processamento e julgamento da ação popular é determinada pela origem do ato ou omissão a serem impugnados. Via de regra, primeira instância.
· Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
· § 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação às quais tenham interesse patrimonial
· § 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoas ou entidade, será competente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do Estado, se houver.
· § 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.
Procedimento
· Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas:
· I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
· a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público;
· b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos documentos que tiverem sido referidos pelo autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, ficando prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento.
· Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
· Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.
Mandado de injunção
· Art. 5º, LXXI, CRFB/88: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
· Lei 13.300/16: regulação do mandado de injunção
· É o remédio constitucional por excelência que garante a efetivação dos direitos constitucionalmente previstos mas não regulamentados. O Mandado de Injunção busca minimizar os impactos da omissão legislativa que, ao lado da ação direta de inconstitucionalidade, e inaugura uma nova etapa na efetivação de direitos fundamentais.
· O Mandado de Injunção é um direito personalíssimo que permite a imediata efetivação do direito previsto na Constituição, através da chamada medida concretista, e por isso difere da ADO. Não é um remédio gratuito e exige a assistência de um advogado.
· ou seja, enquanto o mandado de injunção determina que o legislador legisle sobre o tema em questão, a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) … 	Comment by Laura Soares: procurar melhor a diferença entre eles
Efeito concretista
Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora.
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração
Art. 11. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável
Exemplos de aplicação
· Art. 37, VIII: a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
· Art. 37, § 3º: A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
· Art 37, VII: - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; - MI 670 e 712 (inaugura a posição concretista no STF)
· O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (25), por unanimidade, declarar a omissão legislativa quanto ao dever constitucional em editar lei que regulamente o exercício do direito de greve no setor público e, por maioria, aplicar ao setor, no que couber, a lei de greve vigente no setor privado (Lei nº 7.783/89). Da decisão divergiram parcialmente os ministros Ricardo Lewandowski (leia o voto), Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, que estabeleciam condições para a utilização da lei de greve, considerando a especificidade do setor público, já que a norma foi feita visando o setor privado, e limitavam a decisão às categorias representadas pelos sindicatos requerentes.
· Ao resumir o tema, o ministro Celso de Mello salientou que "não mais se pode tolerar, sob pena de fraudar-se a vontade da Constituição, esse estado de continuada, inaceitável, irrazoável e abusiva inércia do Congresso Nacional, cuja omissão, além de lesiva ao direito dos servidores públicos civis - a quem se vem negando, arbitrariamente, o exercício do direito de greve, já assegurado pelo texto constitucional -, traduz um incompreensível sentimento de desapreço pela autoridade, pelo valor e pelo alto significado de que se reveste a Constituição da República". 
· http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=75355
Legitimidade ativa e passiva
· Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.
· Art. 4º A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado
Mandado de injunção coletivo
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para asseguraro exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.
Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 9º.
Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009, e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e pela Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus arts. 1.045 e 1.046
OBS: estudar controle de constitucionalidade - CAI MUITO NA OAB
· adc
· adi
· ado
· adpf
OBS: ver também ação civil pública (art. 129 CF) e lei 7347/85 - quando cai na OAB cai como associação!! - parece muito com ação popular por proteger direitos difusos
Recurso extraordinário, apelação etc também podem cair na OAB

Continue navegando