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Rebeca Noronha - Medicina 5° Período – Medicina – IESVAP Enunciado: Quando está indicado a internação de um paciente psiquiátrico? Como é o fluxo para a realização da mesma? Anteriormente à Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei n.10.216), as internações eram regulamentadas pelo Decreto n. 24.559, de 1934. Historicamente situado entre as políticas de lógica asilar, esse decreto apresenta concepções sobre quem poderia ser internado em hospital psiquiátrico, sobre a quem caberia o poder de decisão, e sobre as situações em que os sujeitos deveriam ser apartados do convívio social e confinados no hospital psiquiátrico (FATURETO; PAULA-RAVAGNANI; GUANAES- LORENZI, 2020). A lei da Reforma Psiquiátrica aponta para uma direção contrária a essa política asilar, indicando a emergência de novos discursos sobre o cuidado em saúde mental. Com esta lei, houve um maior controle sobre o processo de internação, visando ao fim das internações anônimas e a regulamentação das internações involuntárias, que davam fundamento jurídico ao dispositivo asilar. Na mesma direção, a Portaria n.. 2.391, de 2002, estabelece as internações psiquiátricas como último recurso, após esgotadas outras possibilidades terapêuticas e recursos extra-hospitalares. Além disso, prevê que as internações apresentem a menor duração possível (FATURETO; PAULA- RAVAGNANI; GUANAES-LORENZI, 2020). Esta portaria define quatro modalidades de internação psiquiátrica: a voluntária (IPV), realizada com o consentimento expresso do paciente; involuntária (IPI), realizada sem o seu consentimento; voluntária, mas que poderá tornar-se involuntária quando o paciente exprimir sua discordância com a manutenção da internação; e compulsória (IPC), determinada por medida judicial (FATURETO; PAULA-RAVAGNANI; GUANAES-LORENZI, 2020). Ademais, a internação psiquiátrica é atualmente indicada para casos graves quando foram esgotados os recursos extra-hospitalares para o tratamento ou manejo do problema, sendo a internação de pessoas em instituições com características asilares proibida. São considerados casos graves situações em que há presença de transtorno mental com no mínimo, uma das seguintes condições: risco de auto-agressão, risco de heteroagressão, risco de agressão à ordem pública, risco de exposição social, Rebeca Noronha - Medicina incapacidade grave de auto-cuidado. Sua finalidade centra-se na estabilização do paciente: minimizando riscos, levantando necessidades psicossociais, ajustando o tratamento psicofarmacológico e a reinserção social do paciente em seu meio. Cabe ao profissional médico realizar uma análise criteriosa e ética caso a caso para verificar quando a internação psiquiátrica é necessária (CARDOSO; GALERA, 2011). O fluxo de cada modalidade de internação acontece da seguinte forma: A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente (BRASIL, 2001). Além disso, a internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta. O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento (BRASIL, 2001). Por fim, a internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários (BRASIL, 2001). Rebeca Noronha - Medicina Referências: FATURETO, Maria Lucia Piccinato; PAULA-RAVAGNANI, Gabriela Silveira de; GUANAES-LORENZI, Carla. O manejo da internação psiquiátrica compulsória por profissionais de saúde em seu cotidiano. Psicologia & Sociedade, v. 32, 2020. CARDOSO, Lucilene; GALERA, Sueli Aparecida Frari. Internação psiquiátrica e a manutenção do tratamento extra-hospitalar. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 45, p. 87-94, 2011. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Lei n°10.216, Lei da Reforma Psiquiátrica de 06 de abril de 2001. Diário Oficial da União; 6 abr.
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