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AULA 10 - COMUNICAÇÃO CORPORAL E NÃO VERBAL


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PSICOLOGIA DA COMUNICAÇÃO
COMUNICAÇÃO CORPORAL E NÃO VERBAL
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Olá!
A comunicação não verbal é muito mais confiável que a verbal, uma vez que controle sobre ela é pífio,
permitindo-nos compreender idiossincrasias e identificar incoerências nos discursos.
Elas complementam ou negam o que está sendo dito e são ferramentas inestimáveis para uma percepção mais
plena da mensagem.
Por isso, ferramenta nenhuma substitui o bom senso e a sensibilidade do profissional em analisar caso a caso e
compreender que as técnicas que detém são instrumentos que complementam, mas nunca substituem seu
talento pessoal.
É sobre isso que falaremos na nossa última aula. Bons estudos!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Identificar os principais sinais de comunicação gestual;
2- Verificar os conceitos e consequências dos estereótipos e da percepção social na comunicação.
1 O corpo como mensagem
Logo na abertura do livro o autor, Pierre Weil, ressalta que:O Corpo Fala,
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“Pela linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos outros. E eles têm muitas coisas a dizer para você.
Também nosso corpo é antes de tudo um centro de informações para nós mesmos. É uma linguagem que não
mente (...)”.
Muitas vezes temos a nítida sensação de que, embora o discurso do outro transmita uma mensagem, o que
captamos é algo totalmente inverso.
O motivo pelo qual isto ocorre é que as pessoas transmitem mensagens em dois canais distintos e simultâneos. A
transmissão “principal” vai pelo canal da fala, mas há uma segunda transmissão, tão importante quanto em nossa
percepção.
Essa transmissão se refere aos sinais emitidos pelo corpo, pelas expressões faciais, pelo tom de voz. Enfim, por
todo um conjunto de emissões simultâneas que podem reforçar ou negar o que está sendo dito.
2 Comunicação não verbal
Imagine, por exemplo, alguém que se diz uma pessoa aberta a novas ideias, mas que, no entanto, diz isso com os
braços e as pernas cruzadas e fala entre os dentes.
Dificilmente teremos convicção de que a mensagem de ser “aberta” corresponde à realidade daquela pessoa.
Ou ainda alguém que se diz muito interessado em lhe ajudar, mas sequer olha nos seus olhos enquanto você fala.
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Posturas assim exemplificam, de modo fácil e claro, como nosso corpo “fala” de modo mais espontâneo e sincero
do que, muitas vezes, gostaríamos.
3 Leitura de contradições ou confirmações
O domínio dos sinais auxilia o comunicador tanto na “leitura” de contradições ou confirmações do que está
sendo dito por outros, como no reforço de mensagens que deseja transmitir. Veja a reportagem abaixo e entenda
melhor como é importante para o comunicador fazer essa leitura.
INSERIR LINK DO VÍDEO
Existem alguns bons trabalhos nesta área e cursos específicos para tal.
No entanto, a sensibilidade e o treinamento de cada profissional é que de fato determinará sua eficácia neste tipo
de comunicação.
4 O olhar
O olhar fixo, por exemplo, demonstra confiança e, até certo ponto, ameaça. Do mesmo modo, o olhar fixo de
alguém por muito tempo fará com que você se ponha em situação de desconforto ou conflito.
• Entre os animais, também sabemos que, ao olhar fixamente (e não desviar o olhar), o animal está 
confrontando o outro ou se colocando em posição de superioridade.
• Políticos são treinados para olhar fixamente para as câmeras em suas campanhas televisivas, no sentido 
de demonstrar confiança e coragem de “encarar” os desafios.
• Nada mais desconfortável do que conversar com alguém que não te olha. Por isso, a atenção nos olhos de 
quem fala. Isso pode demonstrar muitos sinais paralelos na comunicação.
• Olhos baixos ou agitados demonstram insegurança e “busca” por algo, já olhos fixos e parados 
demonstram raiva e agressividade.
Ao conseguir estabelecer uma “reta” entre seu olhar e o do outro, você estabelece também uma identidade e uma
sintonia que pode ser interpretada como confiança, sedução ou constrangimento, dependendo da situação.
Por isso, não há regras precisas em como e quando fazer isso. O bom senso e a percepção de como o outro se
sente são determinantes para esta decisão.
Se, enquanto você fala algo, o outro ficar frequentemente olhando para o lado e não para você, este é um sinal de
que não está concordando. Por outro lado, se quem olha frequentemente para os lados for o falante, facilmente
percebemos insegurança ou falsidade no que está sendo dito.
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5 Movimentos das mãos
Outro importante aspecto a ser observado é a gesticulação e os movimentos das mãos. Normalmente
percebemos estes gestos enquanto o outro fala (e menos quando nós mesmos estamos falando), mas raramente
damos à gesticulação um significado maior.
Este desprezo pelos gestos diminui muito nossa capacidade de interpretar a mensagem do outro. É famosa a
gesticulação exagerada dos italianos ou os gestos contidos e praticamente imperceptíveis dos ingleses. De modo
geral, a gesticulação está diretamente associada à espontaneidade ou à repressão de quem fala.
Por exemplo: pessoas mais tímidas ou reprimidas tendem a gestos mais discretos ou mesmo a falar com as mãos
presas (uma segurando a outra) para não exibir movimentos.
Já pessoas mais expansivas tendem a gestos mais largos e muitas vezes podem mesmo chegar a ser consideradas
inconvenientes, na medida em que seguram os outros ou fazem gestos muito próximos, praticamente tocando no
ouvinte.
Indicar o tamanho com as mãos reforça o sentido que se quer dar a algo, mesmo que abstrato.
Mostrar com os dedos um espaço minúsculo enquanto se fala da confiança que se tem em algo reforça a ideia que
o tamanho da confiança é muito pequeno.
Mãos fechadas em punho (como se fosse socar) representam raiva e agressividade e dedos intercalados
demonstram nervosismo ou tensão.
6 Outros gestuais
Quando gostamos de algo, nos aproximamos do objeto; quando não, nos afastamos. Esta atitude natural e
espontânea se reflete também na inclinação do corpo quando falamos.
Se, ao falar, alguém inclina o tronco em sua direção, a pessoa está demonstrando interesse, afetividade e
concordância.
Caso contrário, se o tronco se inclina para trás, demonstra desinteresse, cansaço ou discordância.
Ao se inclinar na direção de quem está ouvindo, você reforçará a percepção de identidade e interesse em relação
a ele e ênfase na mensagem.
Esta proximidade e este distanciamento, no entanto, precisam sempre respeitar a fronteira estabelecida pelo
espaço pessoal de cada um.
Pense em termos de uma visita que você recebe em sua casa. Para algumas pessoas, você não admite que sequer
cruzem sua porta; você as atende do lado de fora mesmo.
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Outras são bem recebidas na sala, mas você não gostaria que elas entrassem no seu quarto.
Outras, ainda, você não se importa que entrem no quarto, desde que não abram suas gavetas e por aí vai, em uma
espécie de hierarquia de “permissões” em relação à sua intimidade.
Do mesmo modo, temos também fronteiras físicas e psicológicas para as relações de comunicação.
Todos nós temos uma espécie de “bolha” imaginária em torno de nós que delimita nosso território pessoal.
Entrar nesta “bolha” de outra pessoa implica em intimidade ou invasão.
7 Diferentes classes da percepção social
Allport divide a percepção social em diferentes classes em função das interferências e alterações que venha a
sofrer pelos fatores sociais e culturais.
Dentre estas classes, duas nos parecem de especial interesse para os objetivos da disciplina:
As mudanças na interpretação da natureza dos estímulos
Evidencia-se aqui o caráter social e grupal da interpretação do fato. Assim, membros de uma dada cultura terão a
tendência a perceber os eventos de forma semelhante em função de suas similaridades culturais.
Essas similaridades são obviamente pertinentes àquela dada cultura e podem ser diametralmente divergentes
da percepção de outro grupo social.
Ou seja, quanto maior a identidade social e cultural existente entre o comunicador e o sujeito de sua interação,
maiorserá a semelhança ideológica e, consequentemente, a forma como interpretarão os eventos;
Os estilos perceptuais relativos à personalidade
Aqui, o que se evidencia são as particularidades da personalidade do indivíduo percebedor.
Assim, mesmo pertencendo à mesma cultura, dois indivíduos podem perceber o fato de forma diferente em
função destas características individuais.
Neste caso, normalmente, uma das percepções é considerada “errada”.
Isto irá se definir por percepções comparativas de outros membros da mesma cultura ou pelo “saber”
formalmente aceito neste grupo social.
Esse “saber” é constituído pelo conhecimento científico, pelos dogmas ou regras vigentes e pela moral do grupo.
Assim, se estiver em pauta a bigamia, por exemplo, esta será considerada “errada” pelos dogmas civis e morais
de uma dada cultura (europeia, por exemplo), mas poderá ser considerada “certa” por outra (muçulmana, por
exemplo).
Não fica difícil perceber que, ao recorrer a padrões socialmente definidos, frequentemente nos vemos
reproduzindo culturalmente definidos.estereótipos
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8 Sensibilidade sempre
Como diversas vezes reiteramos no decorrer de toda a disciplina, técnicas e padrões de conduta são ferramentas
altamente eficazes para o controle, interpretação e manejo da comunicação profissional.
Estes processos e procedimentos de modo algum substituem a importância da consciência ética e profissional;
apenas municiam o profissional de comunicação com boas ferramentas para que possa melhor transformar seu
talento em arte.
No entanto, a mais bem elaborada ferramenta de nada vale na mão de alguém que não possua a sensibilidade, o
talento e a perícia para bem utilizá-la.
Como diversas vezes reiteramos no decorrer de toda a disciplina, técnicas e padrões de conduta são ferramentas
altamente eficazes para o controle, interpretação e manejo da comunicação profissional.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• entendeu as diferentes formas de comunicação gestual e não verbal;
• analisou os conceitos e consequências para a comunicação dos estereótipos e da percepção social.
Referências
ALLPORT, G. W. : Ed. Pedagógica e Universitária Ltda., 1973.Personalidade. São Paulo
ASCH, Solomon E. São Paulo: Nacional, 1977.Psicologia Social.
ASHWORTH, P. D. . Nova York: Wiley and Sons, 1979.Social interaction and consciousness
DELA COLETA, J. Augusto. . Rio de Janeiro: FGV, 1982.Atribuição de causalidade
DAVIS, Flora. São Paulo: Summus, 1979.A comunicação não verbal.
Saiba mais
Leia o interessante e já clássico livro de Pierre Weil e Rolland Tompakow O Corpo Fala.
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HALL, C. S.; LINDZEY, G. . São Paulo: Ed. Pedagógica e Universitária Ltda., 1973.Teorias da personalidade
HEIDER, F. . São Paulo: Ed. USP, 1970.Psicologia das Relações Interpessoais
HOLLAND, Ray. Rio de Janeiro, Zahar, 1979.Eu e contexto social.
MORRIS, Desmond. São Paulo: Círculo do Livro, 1977.Você: um estudo objetivo do comportamento humano.
PIGNATARI, Decio. Cotia: Ateliê Editorial, 2002.Informação, linguagem e comunicação.
RODRIGUES, A. Petrópolis: Vozes, 1979.Estudos em Psicologia Social.
SANTOS, Maria de Fátima de Souza. Temas psicol.,Representação social e a relação indivíduo-sociedade.
Ribeirão Preto, v. 2, n. 3, dez. 1994. Disponível. Acesso em 27 jul. 2013.
SILVEIRA, Emerson S.; SIQUEIRA, Alexsander. : aDesconstruindo estereótipos sociais nas organizações
contribuição da ética da alteridade para a gestão de pessoas. Disponível. Acesso em 27 jul. 2013.
SULLIVAN, H. S. . Nova York: Norton, 1953.The interpersonal theory of Psychiatry
TAIEFEL, Henri. . Handbook of Social Psychology, Volume Three.Social and cultural factors in perception
Massachusetts: Addison-Wesley, 1968.
WEIL, Pierre; Tompakow, R. . 51. Ed. Petrópolis: Vozes, 2000.O corpo fala
	Olá!
	1 O corpo como mensagem
	2 Comunicação não verbal
	3 Leitura de contradições ou confirmações
	4 O olhar
	5 Movimentos das mãos
	6 Outros gestuais
	7 Diferentes classes da percepção social
	8 Sensibilidade sempre
	CONCLUSÃO
	Referências