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Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Epilepsia Todo paciente epilético convulsiona, mas nem todo mundo que convulsiona tem epilepsia; Epilepsia: disfunção neurológica caracterizada por crises recorrentes, espontâneas e crônicas (não provocadas por insulto neurológico agudo); Crise epiléptica: evento paroxístico com descargas anormais e hipersincrônicas de conjuntos neuronais em um ou mais locais o cérebro (atividade elétrica e neuroquímica que estará mais exacerbada); Convulsões: causam alterações elétricas e neuroquímicas, a nível cerebral ➝ movimentos (clônicos, mioclônicos, tônicos); manifestação motora de uma crise epiléptica ou induzida por um outro fator; Etiologia: o Por infecção neurológica ➝ neurotoxoplasmo- se; o Alterações estruturais ➝ AVC isquêmicos ou AVC hemorrágico, traumas cranianos, tumores cerebrais, alterações genéticas; o Causas desconhecidas; o Síndromes podem estar associadas ➝ autismo; o . As crianças com autismo são pacientes que apresentam uma suscetibilidade maior a desen- volver crises epilépticas. Classificação operacional Pelo menos duas crises não provocadas (ou duas crises reflexas) ocorrendo em um intervalo superior a 24 horas; o Crises não provocadas: crises isoladas ou agrupadas dentro de um período de 24 horas; Uma crise não provocada (ou uma crise reflexa) e chance de uma nova crise estimada em pelo menos 60% (dependendo das características relatadas a respeito da crise e as chances daquilo estar associado a um episódio convulsivo ou suspeita de epilepsia, alguns exames são solicitados, com um EEG e exames de imagem. Casos esses exames venham alterados, isso aumenta a chance desse paciente ter novas crises); Diagnóstico de uma síndrome epiléptica → alguma síndrome que, no decorrer do seu quadro clínico, está associado o aparecimento de crises epilépticas, como no transtorno do espectro autista; ➝ Fator facilitador: febre, álcool; Crise reflexa: crise desencadeada por algum fator específico ➝ paciente com quadro de desmielinização de SNC do bulbo até a medula lombar; com um quadro motor bem comprometido. A partir desse episódio, ele iniciou com crises epilépticas associadas a sons agudos; Crises de ausência: preenchem critérios de con- vulsão, mas não apresentam manifestação motora evidente (o paciente fica parado, olhando com olhar fixo); o As crises epilépticas desaparecem ➝ geralmente, crises aparecem no período infantil e ao longo do tempo, no início da adolescência, desaparecem espontaneamente; Quando a epilepsia pode ser considerada resolvida? o Indivíduos que permaneceram livres de crises nos últimos 10 anos e sem uso de medicamentos anticonvulsivantes, pelo menos nos últimos 5 anos; Acidemia metilmalônica e acidemia glutárica são quadros clínicos que estão associados a um erro inato do metabolismo ➝ pacientes vão ter o risco de convulsionar; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Tipo de Crise Origem focal: limitada a um hemisfério; paciente inicia a crise com o olhar para a direita, versão da cabeça para a direita e inicia movimentos clônicos (movimentos mais amplos com o MMS) do membro superior direito, duração de 1-2 minutos, com recuperação pós-ictal mais confusional; presença de um foco bem definido (o foco iniciou em um local específico do cérebro e permaneceu só naquele hemisfério, não se espalhou para o hemisfério contralateral); o Crise focal com comprometimento generalizado secundário: a crise inicia com o paciente olhando para a direita, virando a cabeça para a direita, com movimentos clônicos a direita, mas, depois de um certo tempo, o lado esquerdo também é acometido, também faz movimentos clônicos com o membro superior esquerdo; paciente começa com uma crise focal que teve um comprometimento generalizado (o foco iniciou em um local específico do cérebro, a atividade elétrica e neuroquímica foi maior, e se espalhou para o hemisfério contralateral); o Crise focal com comprometimento generalizado secundário ➝ crise focal evoluindo para tônico-clônica bilateral; paciente que, além de ter crises descritas como focais (olha para o lado direito, mexe com o braço direito e, as vezes, pode comprometer o lado contralateral ou não), mas também tem crises que eu vi o paciente caindo e iniciando com movimentos clônicos. Pela nova classificação, epilepsias que podem ter tanto início focal, quanto generalizada, que são as crises focais e generalizadas combinadas; Origem generalizada: convulsões que se originarem em algum ponto e se distribuem rapidamente bilateralmente; apresentam atividade rápida de pico de onda generalizada ou paroxística generalizada no eletroencefalograma (EEG); o Descarga eletroquímica acontecendo de uma forma mais excitável, diferente do restante do cérebro, mas que, quando iniciou, se espalhou tão rápido pelos dois hemisférios em que não foi determinado um foco → a crise visualmente falando, semiologicamente, preenche os critérios de uma crise generalizada; o Comprometimento de ambos hemisférios cerebrais; o Divididas em motoras e não motoras (ausência); Origem desconhecida: não consegue definir o início da crise; Pacientes que apresenta critérios os quais colocam ele dentro das síndromes epilépticas, como na Esclerose Tuberosa (nódulos no SNC, tubérculos que podem ser encontrados tanto a nível cerebral, quanto a nível medular. Esses pacientes têm crises epilépticas refratárias e de difícil controle) Etiologia Genética: mutação de canais iônicos, mioclonias, crises de ausência; Estrutural: crises após TCE e AVE; Metabólica: erros inatos de metabolismo; Infecciosa: HIV+, neuro-sífilis; Imunológica: doenças autoimunes; Desconhecidas; Fisiopatologia Potencial de ação / Impulso nervoso A membrana celular do neurônio contém canais que permitem a passagem de íons de sódio ou po- tássio; Repouso: canais fechados ➝ interior da membra- na mais negativo que o exterior; -70 mV; Impulso nervoso: começa quando a pressão ou outros sensores entram e desequilibram a MP ➝ potencial de diferença de manutenção limite -55 mV; Despolarização: canais de sódio se abrem ➝ en- trada de carga positiva (Na+) ➝ interior da mem- brana temporariamente mais positivo em relação ao exterior; +40 mV; Repolarização: canais de potássio começam a se abrir ➝ interior de axônio retorna uma carga nega- tiva; -70Mv; interior cargas negativas e exterior cargas positivas; Pós-potencial hiperpolarizante: depois do impul- so nervoso, alguns canais de potássio permanecem abertos um pouco mais do que o necessário para trazer a membrana de volta ao potencial de repou- so; incapaz de produzir impulso nervoso; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Período refratário: curto; bomba de sódio e po- tássio continua a retornar íons de sódio para fora e potássio para dentro ➝ retorno do potencial de re- pouso; GABA Neurotransmissor inibitório ➝ impede o funcio- namento de funções neuronais; resposta de blo- queio; Ácido Gama-amino Butírico; Diminui a capacidade excitável dos neurônios; Receptores GABAérgicos: A, B e C; o GABAA/C: receptores ionotrópicos ➝ recebe diretamente sinal do GABA, desencadeando resposta de alteração da concentração de íons dentro de fora do neurônio; Cl- ➝ maior concentração fora do que den- tro; quando os receptores A e C são ativa- dos, há influxo de Cl-; A/C ativados: aumenta o teor de cargas ne- gativas dentro do nerônio ➝ Hiperpolari- zação (-90mV); o GABAB: receptor metabotrópico ➝ desenca- deia o sinal intracelular e ativa 2º mensageiro para promover a ativação de outros produtos celulares (transdução de sinal); K+ ➝ maior concentração dentro do que fo- ra; tendência é o efluxo de K+por difusão simples/transporte passivo ➝ saída de car- gas positivas faz com que o interior fique mais negativo ➝ Hiperpolarização (- 90mV); Funções: o Quando há uma capacidade excitatória muito elevada, pode ser desencadeada resposta con- vulsiva ➝ GABA controla a saída de K+ e a entrada de Cl- para evitar o processo convul- sivo; o Mantém a hemostasia; Receptores AMPA e NMDA Receptores ionotrópicos ativados pelo glutamato; AMPA: permeável ao Na+; NMDA: permeável a Na+ e Ca2+; o Bloqueado pelo Mg2+; Despolarização fraca: Glutamato se liga apenas ao AMPA na membrana pós-sináptica; o Quando o Mg2+ está ligado ao NMDA, não há li- gação do glutamato ➝ entrada de Na+ apenas pe- lo AMPA ➝ despolarização parcial (-35mV); Despolarização forte/estímulos repetidos de alta frequência: gera alta despolarização na membrana pós-sináptica ➝ gera uma força de repulsão, libe- rando Mg2+ e permitindo a entrada de Na+ e Ca2+ pelos receptores NMDA; o Ca2+: 2º mensageiro; se liga a CaM (calmoduli- na); GABA: neurotransmissor com atividade inibitória ➝ hiperpolarização neuronal que favorece que a atividade elétrica aconteça de forma mais tênue; o O GABA é liberado e quando se liga no receptor GABAa, ocorre uma maior entrada de Cloro no interior da célula, o que deixa a célula mais hiperpolarizada ➝ atividade menor do neurotransmissor ou ter uma capacidade de recaptação maior; o Fenobarbital ➝ age no receptor GABAa ➝ aumenta a entrada do cloro e hiperpolariza a célula ➝ favorece o controle das crises; Glutamato: atividade excitatória ➝ aumento na liberação do glutamato ou o glutamato é liberado na fenda sináptica, porém ocorre uma falha no transportador de glutamato ➝ hiperestimulação de neurônios pós-sinápticos; Necessário a entrada de sódio na célula neuronal para que o neurônio saia do seu estágio de repouso ➝ carga positiva entra ➝ despolarização neuronal; o Quando existe alguma alteração que facilite a entrada desordenada de sódio, ocorre uma despolarização de forma dessincronizada em relação ao restante do cérebro do paciente. o Inibidores dos canais de sódio: Carbamazepina, Fenitoína o Lamotrigina: atua em canais de sódio ➝ Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo diminui excitabilidade do canal e diminui a despolarização no neurônio, contribuindo para o controle de crises; Canais de cálcio voltagem-dependente: favorecem a entrada de cálcio para dentro do neurônio e isso facilita que ocorra liberação das vesículas sinápticas com neurotransmissores no terminal; No momento em que o glutamato é liberado ele se liga ao receptor NMDA (um dos principais receptores associados as disfunções epilépticas) ➝ Mg se desloca do interior do receptor ➝ permite a entrada de íons (Ca) para dentro da célula ➝ Ca contribui na ativação de enzimas intracelulares e favorece o aparecimento de espécies reativas ➝ peróxido de hidrogênio e o íon superóxido vão ser produzidos de forma mais intensa; o Se houver falha na atividade das enzimas mitocondriais, as espécies reativas vão causar danos na membrana mitocondrial, fazendo com que a respiração celular ocorra de modo insatisfatório; Substâncias inflamatórias: interleucina 1beta, TNFa, interferon gama e as caspases; o Quando liberadas de forma exacerbada, hiperativam seus receptores ➝ resposta anormal no interior da célula ➝ resposta de disfunção na célula ou até mesmo uma morte celular; Resumindo: alteração de neurônio pré-sináptico a nível de canais de sódio que favorecerá uma hiper- despolarização; liberação de NT; canais de cálcio; falha nos transportadores ou bombas de receptação; o No nosso cérebro, o glutamato é o acelerador e o GABA é o freio. Se eu piso demais no acele- rador ou corto os freios, isso também favorece o aparecimento de crises. Os radicais livres são produzidos em rotas metabólicas e caso se acumulem podem inibir certas enzimas e des- truir certas organelas. Sua formação é controla- da pelo sistema anti-oxidante. Quando não con- trolados, podem causar dano à mitocôndria e a outras organelas e causar dano a enzimas e até morte celular. O organismo tem um sistema an- ti-oxidante endógeno: super-óxido-dismutase, glutationaperoxidade e NADP-redutase. A pró- pria respiração celular produz superóxidos e pe- róxido de hidrogênio; essas substâncias são al- tamente reativas e quando não controladas po- dem causar grande dano às membranas. Desba- lanço entre a produção e o sistema anti- oxidante pode estar envolvido na patogenia da epilepsia devido a morte celular; Diagnóstico História clínica: identificar o tipo de crise, ver se o paciente realmente tem uma epilepsia; Quadro clínico: início da crise, idade que o paciente começou essas crises, como ela se comporta ao longo do tempo, se a teve mais de uma, se existe um potencial para esse paciente ter mais de uma crise, ou se já teve a segunda ou a terceira crise; EEG: o Alpha e Beta → cérebro ativo; ondas com atividade mais rápida; o Teta e Delta → comuns de serem encontradas em períodos de sono. Quando essas ondas aparecem em períodos de vigília, há algo errado - tumor pode criar uma lentificação da onda; o Posicionamento dos eletrodos: um em cada lado, em regiões: frontais anteriores, frontais posteriores, temporais anteriores, temporais posteriores, occipitais, parietais e os centrais; números ímpares: lado esquerdo; números pares: lado direito; Exames de imagem: preferência para RNM de encéfalo; Laboratoriais: hemograma, sódio, potássio, cálcio, magnésio, hormônios da tireoide, função renal (creatinina, ureia, albumina); Genética: testes genéticos em caso de suspeita de síndromes genéticas; Epilepsias generalizadas 40% de todas as epilepsias; Clinicamente: envolvimento inicial em ambos os hemisférios, com alteração do nível de consciência, muitas vezes como o primeiro sintoma; Manifestações motoras são bilaterais; Eletrofisiologicamente: potenciais de alta voltagem e baixa frequência ocorrem sincronicamente no córtex de ambos os hemisférios; São geneticamente determinadas; o Muitas das Epilepsias Generalizadas Idiopáticas (EGI) raras são canalopatias mediadas por receptor ou íon-voltagem Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo dependentes - Convulsões Neonatais Familiares Benignas; Epilepsia Generalizada com crises febris plus; Epilepsia Mioclônica Juvenil autossômica dominante; Epilepsias generalizadas idiopáticas: o Iniciam na infância ou adolescência; o Ocorrem ao despertar e fatores precipitantes, como privação do sono, hiperventilação (HV) e fotossensibilidade são comuns; o Manifestam-se como ausências, abalos mioclônicos ou crises tônicas generalizadas (TCG), em diversas combinações e severidades; o Testes provocativos: pedir para que o paciente faça hiperventilação; Epilepsia tipo ausência da infância 2-15% dos casos das epilepsias da infância; Início entre 4-8 anos, com pico entre 6-7 anos; Tríade característica: o Ausências típicas (sem mioclonias, crise tônica generalizada ou crises parciais) breves, muito frequentes, embora alguns pacientes possam desenvolver CTCG na adolescência; o Inteligência e desenvolvimento normais; o Ponta-onda 3 Hz no EEG, bilateral, síncrona, simétrica, com atividade de base normal; o Automatismos são muito sutis (face, boca); o No geral, a crise é caracterizada pela desconexão do indivíduo com o meio; Fisiopatologia: potenciais tálamo-corticais oscilatórios, correntes de cálcio e a interação de neurônios gabaérgicos; Neuroimagem se houver suspeição clínica; Resolve-se com o início da puberdade; Apresentam problemas de comportamento e aprendizado; Tratamento: mais utilizado é a Etossuximida. Existe a possibilidade do Valproato de sódio ou doFenobarbital. Epilepsia tipo ausência juvenil Entre 10-16 anos (média 13 anos); forte componente genético (ligação com cromossomos 5, 8, 18 e 21); Crises de ausência são menos frequentes em relação à EAI e com menor prejuízo da consciência, porém tendem a ter maior duração; Isoladamente são raras; Maioria dos pacientes apresenta abalos mioclônicos e crises tônico-clônica generalizas (precedidas por ausência em ¼ dos pacientes e frequentemente precipitadas pelo despertar ou privação do sono) ➝ ao contrário da EAI, a qual “a criança, normalmente, liga e desliga e liga de volta - no caso da EAJ, além do componente deles perderem a conexão, também tem algumas manifestações clônicas ou tônico-clônicas; Anormalidades interictais: ondas lentas < 3 Hz (EAJ = a classificação da onda geralmente é em 3 Hz – algo que ajuda no diagnóstico); Muitos pacientes evoluem para Epilepsia Mioclônica Juvenil; Epilepsia mioclônica juvenil Mutações genéticas na EMJ são associadas aos cromossomos 5, 2, 3, 6 e 15 (afeta canais de cloro voltagem-dependentes e aumenta a produção de GABA); Tratamento: Fenobarbital e valproato de sódio; História familiar positiva em 50% dos casos + combinação de outros fatores; EEG interictal: não é específico e todos os padrões de EGI podem ser vistos; EEG ictal: há polipontas e ponta-onda > 3 Hz, com atividade neuronal de base normal; Não há necessidade de neuroimagem; Manejo Epilepsia de Ausência Idiopática ou Epilepsia de Ausência Juvenil: Etossuximida e Valproato de sódio (VPA) são igualmente efetivos; o Valproato ➝ menor chance de neurotoxicidade e maior espectro; droga de escolha em pacientes com ausência e CTC ou múltiplos padrões de crise; Fenobarbital: Epilepsia de Ausência Idiopática, Epilepsia de Ausência Juvenil, Epilepsia Mioclônica Juvenil; Etossuximida só se tiver a ausência; se tiver um componente mioclônico, usar Valproato de sódio e o Fenobarbital; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Encefalopatias epilépticas Condições nas quais a deterioração neurológica é atribuída inteira ou parcialmente à atividade epiléptica, uma vez que o controle das crises melhora de forma importante a condição do paciente; Relacionadas à idade, resultam de uma interação entre fatores estruturais, genéticos e outros; Excessiva inibição cortical bilateral ➝ desfecho psicomotor final depende da idade de início, do grau de maturação cerebral e da extensão e duração da doença; Síndrome de West Encefalopatia bem descrita, com início entre 3-12 meses de idade; Definida pela combinação de: o Clusters de espasmos ➝ contrações rápidas e simétricas da musculatura do pescoço, tronco e extremidades, podendo ser flexor, extensor ou misto, geralmente ao despertar; o Deterioração psicomotora (motora e cognitiva); o Hipsarritmia ➝ atividade generalizada de alta amplitude de pontas e ondas lentas delta/teta, que são contínuas durante o sono e fragmentadas na vigília, na ausência de atividade fisiológica normal; o Causas: lesões destrutivas, malformações cerebrais e, raramente, erros inatos; 20% criptogênicas; o Necessário realizar neuroimagem (preferencialmente antes do início do ACTH ou corticoide [prednisolona ou prednisona]), testes laboratoriais e punção liquórica; o Calosotomia total: xasos com espasmos intratáveis, produzindo drop attacks; o Prognóstico é reservado; 90% têm prejuízo no desenvolvimento e 2/3 permanecem com alterações no EEG, com SLG ocorrendo em 20%; o Tratamento: Vigabatrina e ACTH (mais efetivos); Lamotrigina e topiramato podem ter efeito mais discreto; Epilepsia focal 2/3 das epilepsias têm origem focal e seu mecanismo subjacente envolve a atividade elétrica anormal de um grupo de neurônios, secundária a uma ampla gama de possíveis insultos cerebrais; Epilepsias temporais mesiais: as mais prevalentes; as que mais frequentemente tornam-se refratárias (difícil controle com um único anticonvulsivante) ao tratamento medicamentoso; Epilepsia de lobo temporal As Epilepsias de Lobo Temporal podem ser: o Mesiais: decorrem de alterações primariamente nas regiões mesiais (hipocampo e amígdala); generalizam menos; as crises costumam ser mais focais; o Neocortical: alterações vem de uma zona epileptogênica temporal neocortical ou lateral; inicia focal, mas geralmente esses pacientes têm mais componente de generalização; Epilepsias de Lobo Temporal Mesiais: o Entre as formas mais comuns de epilepsia focal; o Idade: após um intervalo livre de vários anos, os pacientes iniciam com crises parciais complexas recorrentes ao longo da adolescência ou no início da idade adulta; o Fatores Associados: pacientes com ELT/EH apresentam história de um insulto na primeira infância (IPI), geralmente uma convulsão febril prolongada; o Outros fatores: traumas, alterações no período neonatal, alterações metabólicas; o Quadro clínico: crises recorrentes; sintomas subjetivos autonômicos ou psíquicos (auras) são seguidos por desconexão parcial do ambiente, automatismos discretos da face ou das extremidades e, às vezes, sintomas motores incluindo generalização secundária (geralmente são disperceptivas, o paciente perde conexão com o meio; distonias; componente autonômico associado → alterações orofaciais); o Crises: iniciam-se por auras autonômicas (sensação epigástrica ascendente), cognitivas, (ilusões de memória (“deja vu”)) ou psíquicas (medo súbito inexplicável); Seguem-se por desconexão parcial do ambiente e automatismos orofaciais (mastigatórios) e/ou gestuais nas extremidades ipsilaterais ao foco epiléptico e são seguidos por uma distonia assimétrica, predominando no hemicorpo contralateral ao lobo temporal de origem das crises; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo o Período pós-ictal traz uma confusão mental de duração variável; o EEGs interictais: descargas epileptiformes localizadas nos eletrodos temporais anteriores ou basais, zigomáticos ou esfenoidais; Manejo Maioria dos casos ➝ zona epileptogênica está centrada ao redor de um hipocampo atrófico e a esclerose hipocampal, com um conjunto de peculiaridades histológicas conhecidas como EH; Resultados cirúrgicos melhores do que aqueles obtidos nas demais formas de epilepsia; Dieta cetogênica: rica em gorduras, adequada em proteínas e pobre em carboidratos ➝ mimetiza os efeitos bioquímicos do jejum, mantendo um estado de anabolismo; Tratamento não medicamentoso: cirúrgico; estimulação do nervo vago; Adultos com epilepsia focal: carbamazepina, oxcarbazepina, levetiracetam, fenitoína e ácido valproico; Crianças com epilepsia focal: carbamazepina; oxcarbazepina, levetiracetam. Evitar Fenitoína (hiperplasia gengival, hipertricose, osteopenia, osteoporose); Idosos com epilepsia focal: lamotrigina e gabapentina (não tem um perfil bom como monoterapia – apresenta melhor perfil como adjuvante); Adultos e crianças com crises tônico-clônica generalizada, crianças com crises de ausência, epilepsia rolândica e Epilepsia Mioclônica Juvenil: ácido valproico e a *etossuximida (*somente para ausência); Mulheres em idade fértil: evitar ácido valproico e fenitoína (maior teratogenicidade); Ação dos fármacos Lamotrigina: inibe canais de sódio e canais de cálcio; Fenobarbital: aumenta mecanismos de hiperpolarização; atua em canais Gabaérgicos, fazendo com que o cloro entre na célula, o que facilita a hiperpolarização, diminuindo a excitabilidade; Valproato: inibe vias gabaérgicas; Levetiracetam (Quepra): ação em canais de cálcio e de potássio; inibe via gabaérgica; inibe a liberação do neurotransmissor na pré-sinapse; Tratamento cirúrgico Indicações: pacientes com crisesepilépticas focais resistentes são medicamentos, descontroladas e incapacitantes; se as crises são originárias de uma região que pode ser removida comum risco inexistente ou mínimo de causar alguma disfunção neurológica ou cognitiva; Situações específicas nas quais o prognóstico do tratamento cirúrgico é mais favorável que o prognóstico do tratamento medicamentoso: epilepsia do lobo temporal com esclerose hipocampal, hamartoma hipotalâmico, tumores glioneurais, displasias corticais focais, angioma cavernoso; Algumas doenças podem ser tratadas cirurgicamente: esclerose tuberosa, síndrome de Sturge-Weber, lesões isquêmicas congênitas unilaterais, hemimegalencefalia e síndrome de Rasmussen; Cirurgias de remoção de foco epileptogênico e calosotomia são os principais tipos; Estimulação do nervo vago Estimula diretamente o nervo ➝ estimulação manual ou elétrica, aplicada de forma invasiva ou não; o Melhor forma: implantação de eletrodos helicoidais na região cervical esquerda; Mecanismo exato pelo qual a estimulação vagal produz efeito antiepiléptico não é bem conhecido, mas acredita-se que seja pela ativação do sistema reticular; A estimulação do vago ativa fibras que se projetam ao núcleo do trato solitário, núcleo sensitivo que se conecta ao córtex e a outras estruturas do tronco cerebral, possivelmente modulando estímulos excitatórios sobre o sistema nervoso simpático;
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