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Disciplina: Tecnologia de Alimentos Professor: Equipe: Amanda Marcos, Amanda Mendes, Érik Ferreira, Gabriela Roveda. APPCC: Polpa de Frutas Congeladas - Polpa de acerola Conhecida como uma das principais ferramentas de qualidade em processamento de alimentos, a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é vastamente utilizada para garantia da inocuidade, qualidade e integridade de produtos. Assim, o objetivo deste trabalho foi demonstrar os princípios básicos de um plano APPCC para polpas de frutas. Introdução Produto Mín. Máx. Sólidos solúveis (ºBrix a 20ºC) 5,5 - pH 2,8 - Acidez total expressa em ácido cítrico (g/100g) 0,8 - Ácido ascórbico (mg/100g) 800 - Açúcares totais naturais da acerola (g/100g) 4 9,5 Sólidos totais (g/100g) 6,5 - A produção de polpas congeladas tem se sobressaído como uma alternativa considerável para o aproveitamento dos frutos durante a temporada de safra, consentindo estocagem dos mesmos fora de época de colheita. Os padrões de identidade para a polpa de acerola são mostrados no quadro ao lado. Fonte: Adaptado de IN nº 1 - ANEXO II, 2000. Regulamentações Instrução normativa nº 01/2000 (MAPA) - Determina os Padrões de identidade e qualidade das polpas de frutas; Instrução normativa nº 49/2018 (MAPA) - Complementação dos Padrões de Identidade e Qualidade de Suco e Polpa de Fruta; RDC Nº RDC Nº 272/2005 - Regulamento técnico para produtos de vegetais, produtos de frutas e cogumelos comestíveis; RDC Nº 275/2002 - Regulamento Técnico de POP aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação; Regulamentações Aditivos: RDC n° 45 e 46/2010 - Dispõe sobre aditivos alimentares autorizados para uso segundo as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e seus limites máximos; RDC nº 8/2013 - Aprovação do uso de aditivos alimentares para produtos de frutas e de vegetais; RESOLUÇÃO n° 216/2004 - Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação; Decreto nº 6.871, de 4 de junho de 2009 - Regulamenta a Lei nº 8.918, de 14 de julho de 1994, sobre a padronização, classificação, registro, inspeção, produção e fiscalização de bebidas; Regulamentações Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997 - Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtore/industrializadores de alimentos; Portaria nº 1.428/1993 - Regulamenta a implantação do programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) em indústrias de alimentos, o Regulamento Técnico para Inspeção Sanitária de Alimentos; Certificação da Norma técnica ABNT/NBR ISO 22.000 (2005) - Gestão de Segurança de Alimentos; Definições De acordo com a IN nº 01/2000, “polpa de fruta é o produto não fermentado, não concentrado, não diluído, obtido de frutos polposos, maduros e frescos, através de um processo tecnológico adequado, com um teor mínimo de sólidos totais, proveniente da parte comestível do fruto.” Os métodos producentes de uma indústria de polpa de frutas congeladas apresentam as etapas de acordo com o Fluxograma a seguir. Fluxograma e descrição do processo RECEPÇÃO SELEÇÃO PRÉ-LAVAGEM LAVAGEM 1: BORBULHAMENTO LAVAGEM 2: SANITIZAÇÃO DESPOLPAMENTO PCC 1 M, Q PCC 2 Q, M PCC 3 F Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2016. CÂMARA DE CONGELAMENTO PCC 4 M EXPEDIÇÃO PCC 5 M ENVASE Rotulagem Informações do rótulo Conteúdo líquido; Denominação de venda; Informação nutricional; Ingredientes; Origem; Lote; Prazo de validade: produtos quando abertos, ou prazos que diferem conforme a maneira de armazenamento; Fonte: Acervo próprio, 2020. Boas práticas de fabricação Aspectos gerais de fabricação As frutas ao chegarem na indústria devem ser pesadas e avaliadas quanto à sua qualidade (grau de maturação, brix, cor). De um modo geral, as frutas devem ser processadas no máximo dentro de 12 horas após a colheita pois são alimentos perecíveis exigindo, assim, tratamento pós-colheita adequado. Os tanques de lavagem devem ser preferencialmente de aço inox, para que não absorva umidade. É necessário um resfriamento rápido que não incorpore ar ao produto, e o imediato acondicionamento da polpa em embalagens de volume reduzido, as quais atingirão a temperatura de congelamento em pouco tempo. Boas práticas de fabricação Aspectos do controle da qualidade As frutas destinadas à produção de polpas devem seguir critérios rigorosos de qualidade, em função da sua natureza química, física e biológica. É importante um controle através de análises microbiológicas e físico-químicas para avaliação das condições higiênicas e de possíveis microrganismos deteriorantes. Antes do processamento, submeter as frutas às análises de sólidos solúveis totais (mín. 5,5ºBrix), pH e características sensoriais como cor, textura e odor. O lixo gerado durante o processamento de polpa deve ser manipulado e removido de maneira que se evite a contaminação das áreas de processamento e dos produtos. Boas práticas de fabricação Aspectos do programa de treinamento Os funcionários devem ser capacitados em relação às regras de higiene e sanificação, bem como ter ciência do plano de higienização adotado. Todos os envolvidos no processamento devem iniciar a produção do dia após tomar banho, colocar um uniforme limpo, touca, luvas, máscara e botas. Aspectos gerais de higiene pessoal Deve-se evitar coçar a cabeça, orelhas ou nariz e tossir ou espirrar. Para os homens é essencial estar barbeados e as mulheres não devem utilizar cílios e unhas postiças, bem como qualquer tipo de esmalte ou adornos pessoais como brincos, colares, relógios, pulseiras, etc. Boas práticas de fabricação Aspectos de projeto e instalações A planta de uma indústria de polpa deve permitir uma limpeza fácil e adequada, a devida inspeção quanto à garantia da qualidade higiênica e contemple áreas diferentes para atividades administrativas e de processos. Para evitar contaminação cruzada, o estabelecimento do processo de polpa deve ter áreas de recepção das frutas, de processamento e de armazenamento separadas. Os refeitórios, os lavabos, os vestiários e os banheiros não devem ter acesso direto e nem comunicação com os locais de manipulação de alimentos. Boas práticas de fabricação Limpeza + sanificação = Higienização Superfície limpa Produto de boa qualidade Segurança do consumidor Economia do produtor A higienização deve seguir os estágios: Aspectos de limpeza e sanificação É recomendável que a limpeza e a desinfecção das áreas e dos equipamentos sejam feitas no mínimo, duas vezes ao dia, no início e no fim do processo. Os equipamentos e utensílios que entrarem em contato com a matéria-prima devem ser limpos e desinfetados antes de serem utilizados na produção e produto acabado. Boas práticas de fabricação Controle integrado de pragas Toda unidade de processamento de alimentos deve ter um programa contínuo de controle de pragas. As medidas de controle envolvem tratamentos químicos e não-químicos para o combate de pragas. Alguns exemplos de não químicos: barreiras físicas (telas, ralos fechados, etc.). A utilização de agentes químicos deve ser orientada por profissional especializado (empresas credenciadas). Quando há a necessidade de tratamentos químicos, a fábrica deve permanecer fechada, no mínimo, por 48 horas. Após este período deve ser feita a limpeza e a sanitização de toda a estrutura física e operacional da fábrica. Fonte: Adaptado de DIAS, 2016. Identificação de pontos por meio da “Árvore decisória” padrão do APPCC Pontos críticos de controle Pontos críticos de controle Tabela de determinação dos pontos críticos Etapa do processo Identificação dos perigos Medidas preventivas PCC? Recepção Microbiológico: E. coli, Coliformes e Salmonella Químico: Presença de resíduos de agroquímicos Verificar as condições da matéria-prima e estocagem das frutas, pois seapresentarem não conformidades devem ser rejeitadas. Sim M, Q Pré-lavagem Físico: Presença de objetos estranhos nas frutas (matéria-prima) Força dos jatos d’água suficiente para retirada de sujidades, como areia e outras substâncias que podem danificar os equipamentos em etapas posteriores. Não Seleção Físico: Fragmentos de resíduos vegetais, insetos, terra e restos de embalagens Seleção e retirada dos frutos verdes, defeituosos ou inadequados ao processamento Não Fonte: Adaptado de DIAS, 2016. Pontos críticos de controle Etapa do processo Identificação dos perigos Medidas preventivas PCC? Lavagem 1: Borbulhamento Físico: Presença de restos de objetos estranhos na matéria-prima Tanque de água borbulhando em temperatura ambiente, a fim de retirar sujidades superficiais Não Lavagem 2: Sanitização Químico: Cloro livre em excesso Microbiológico: E. coli e Salmonella E. histolytica e G.lambia Utilização de concentração de cloro ativo adequada e tempo de exposição recomendado para a desinfecção das frutas. Enxágue das frutas em água potável para remoção do cloro residual Sim, Q, M Despolpamento/ Refinamento Físico: Pedaços de metal Controle das peneiras de despolpamento (verificar danos nas malhas), que devem reter partículas maiores que 1 mm Sim, F Envase Microbiológico: E. coli, Salmonella e outros patógenos BPF: Higienização adequada de equipamentos e utensílios e higiene de manipuladores Não Fonte: Adaptado de DIAS, 2016. Pontos críticos de controle Etapa do processo Identificação dos perigos Medidas preventivas PCC? Câmara de congelamento Microbiológico: E. coli, Salmonella e microrganismos deterioradores Resfriamento e congelamento do produto o mais rápido possível Sim, M Expedição Microbiológico: E. coli, Salmonella, coliformes e outros patógenos BPF: Higienização dos carros, bem como mantê-los em temperaturas inferiores a -8 ºC Sim, M Fonte: Adaptado de DIAS, 2016. Pontos críticos de controle Etapas do processo Preocupação com o risco Ponto de controle Limite crítico Frequência de monitoramento Ação corretiva Verificação PCC 1: Recepção Matérias-primas fora das especificações de estado, maturação e uniformidade, livres de pragas e doenças Análise sensorial (textura, cor, odor) Não há Na chegada de todos os lotes Devolver ou descartar a matéria prima (frutas) fora dos padrões estabelecidos Visual PCC 2: Lavagem 2 Cloro livre em excesso (acima de 50 ppm) Solução de hipoclorito Tempo Concentração de 30 e 50 ppm 15 minutos Na chegada de todos os lotes Troca da água e adição de hipoclorito Através da solução de Orto-tolidina Identificação dos pontos críticos de controle Fonte: Adaptado de DIAS, 2016. Pontos críticos de controle Etapas do processo Preocupação com o risco Ponto de controle Limite crítico Frequência de monitoramento Ação corretiva Verificação PCC 3: Despolpamento Peças que possam se desprender das malhas Presença de metais Isenção de qualquer pedaço de metal Sempre que as polpas forem envasadas Manutenção nas peneiras, verificar danos nas malhas Detectores de metais PCC 4: Câmara de congelamento Microbiológico Temperatura -8°C a -18°C 3 vezes ao dia Manter a câmara fechada a fim de evitar troca de calor Termômetros digitais PCC 5: Expedição Microbiológico Temperatura do carro Temperatura de carregamento -8°C a -18°C 0º C Antes do abastecimento dos carros Manter os carros bem fechados e manutenção nos evaporadores e condensadores Termômetros digitais Fonte: Adaptado de DIAS, 2016. O controle de alimentos na indústria de polpas deve ser elaborado dentro dos conceitos da boas práticas de fabricação e no sistema de análises de perigos. Para praticar estes conceitos, o estabelecimento deve estar preparado quanto à sua instalação física, equipamentos e pessoal treinado. Assim, deve-se fazer com frequência a análise das condições de processamento, a fim de identificar os pontos críticos, adotar medidas de controle e monitoramento das ações corretivas. Conclusão Referências BASTOS, M. do S. R.; SOUZA FILHO, M. de S. M. de; MACHADO, T. F.; OLIVEIRA, M. E. B. de; ABREU, F. A. P. de; CUNHA, V. de A. Manual de boas práticas de fabricação de polpa de fruta congelada. Fortaleza: Embrapa - CNPAT / SEBRAE/CE, 1999. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/425855/1/Dc030.pdf. Acesso em: 2 dez. 2020. DIAS, Silvia Carla. PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DA ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE - APPCC EM UMA INDÚSTRIA DE POLPAS DE FRUTAS. João Pessoa. 2016. Disponível em: https://security.ufpb.br/ccea/contents/documentos/downloads-tcc/proposta-para-implantacao-da-analise-de-perigos-e-pontos-criticos-de-controle-appcc-em-uma-industria-de-polpa-de-frutas-silvia-carla-dias-2016.pdf/view. Acesso em: 4 dez. 2020. Referências IFOPE. Legislação para rotulagem de alimentos: o que ela define e qual sua importância. 2020. Disponível em: https://blog.ifope.com.br/legislacao-para-rotulagem-de-alimentos/.Acesso em 11 de Dez. 2020 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 01, de 7 de janeiro de 2000. Aprova o Regulamento Técnico Geral para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Polpa de Fruta. MATTIETTO, Rafaella de Andrade, WURLITZER, Nédio Jair e CARVALHO, Ana Vânia . Aplicação do Plano APPCC para polpas de frutas mistas congeladas com perfil funcional. Belém, PA : Embrapa. Amazônia Oriental, 2016. p. 21 cm ; (Boletim de pesquisa e desenvolvimento/ Embrapa. Amazônia Oriental, ISSN 1983-0483 ; 99). Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/143237/1/BOLETIM-PD-99-OnLine-Ainfo.pdf. Acesso em: 18 nov. 2020. Referências PORTARIA Nº 1.428, de 26 de novembro de 1993. Determinar que os estabelecimentos relacionados à área de alimentos adotem, sob responsabilidade técnica, as suas próprias Boas Práticas de Produção e/ou Prestação de Serviços, seus Programas de Qualidade, e atendam aos PIQ's para Produtos e Serviços na Área de Alimentos, em consonância com o estabelecido na presente Portaria. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1993/prt1428_26_11_1993.html. Acesso em 11 dez. 2020. TOLENTINO, VALÉRIA R. Processamento de vegetais: frutas/polpa congelada. Valéria R. Tolentino, Andréa Gomes da Silva. Niterói: Programa Rio Rural, 2008.
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