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Contabilidade Governamental I Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Ciências Econômicas Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais 2 PATRIMÔNIO PÚBLICO 2.2 Bens Públicos Prof. Diego de Oliveira Carlin Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I CONTEÚDO 2. PATRIMÔNIO PÚBLICO 2.1 Patrimônio Público 2.2 Bens Públicos 2.3 Crédito Público Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I CONTEÚDO 2. PATRIMÔNIO PÚBLICO 2.1 Patrimônio Público 2.2 Bens Públicos 2.3 Crédito Público Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I CONTEÚDO PARA FINS DIDÁTICOS AS CITAÇÕES NÃO SERÃO SEMPRE LITERAIS. FONTES PRINCIPAIS: • PESAVENTO, Roberto. “Cadernão” de Contabilidade Governamental . Vol. II • ALEXANDRE, Ricardo; DEUS João de. Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense 2017 • MEDAUAR, Odete. Direito Administração Moderno. 21. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2018 • CUNHA, Dirley da. Curso de Direito Administrativo. 4 ed. Salvador: JusPODVIM, 2015 • BALTRAN, Fernando; TORRES, Ronny. Direito Administrativo. 5 ed. Salvador: JusPODVIM, 2015. • MANUAL DO GESTOR PÚBLICO. RS, CAGE. Porto Alegre: 2018 LEGISLAÇÃO • BRASIL: Lei 10.406/2003 – Código Civil Brasil Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I CONTEÚDO 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1 Definições 2.2.2 Classificação 2.2.3 Características 2.2.4 Formas de Aquisição 2.2.5 Uso dos Bens Públicos por Terceiros 2.2.6 Gestão dos Bens Públicos 2.2.7 Baixa de Bens Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I CONTEÚDO 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1 Definições 2.2.2 Classificação 2.2.3 Características 2.2.4 Formas de Aquisição 2.2.5 Uso dos Bens Públicos por Terceiros 2.2.6 Gestão dos Bens Públicos 2.2.7 Baixa de Bens Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1. Definições a) Aspectos Introdutórios Para realizar as múltiplas atividades que desempenha, a Administração necessita não só de poderes e de meios jurídicos de expressá-los, mas também de um conjunto variado de coisas, de bens. Os bens têm importância pelo que representam em termos e riqueza pública, integrando o patrimônio do Estado, por serem meios de que dispõe a Administração para atendimento de seus fins e por serem elementos fundamentais na vida dos indivíduos em coletividade. Muitos bens públicos revestem-se de grande relevo em matéria ambiental. Daí a importância do conhecimento dos preceitos fundamentais que informam tais bens. (MEDAUAR, 2018, p. 243) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1. Definições a) Aspectos Introdutórios O domínio público em sentido amplo [domínio eminente] - também conhecido por domínio eminente - nada mais é senão o poder que o Estado exerce sobre todos os bens que se encontram em seu território. Não se trata de análise de propriedade ou posse, mas tão somente de soberania exercida dentro do território nacional, que gera a possibilidade de criação de restrições a esses bens pelo ente estatal, na busca do interesse público, ainda que pertençam a particulares. É a manifestação do Poder de administração do Estado. (CARVALHO, 2017, p. 1085) O domínio público em sentido estrito [domínio patrimonial] é conceituado pelo conjunto de bens que pertencem ao poder público, que goza de rodas as faculdades atinentes ao direito de propriedade. São os chamados bens públicos. Esta é a matéria de nosso estudo. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1. Definições b) Questões Doutrinárias A definição de bens públicos é controversa porque a doutrina tradicional, em um primeiro momento, adotava o entendimento de que seriam bens públicos os bens das pessoas jurídicas de direito público, bem como aqueles bens pertencentes a pessoas de direito privado, desde que estivessem afetados à prestação de determinado serviço público. Ressalte-se, inclusive, que este entendimento é o mais indicado para assegurar as garantias de tais bens, uma vez que as vantagens conferidas pelo ordenamento aos bens públicos não são prerrogativas do titular do bem, mas sim direito da coletividade. Explique-se. Se o ordenamento admitir a penhora e arrematação dos veículos de uma empresa de transporte público, por exemplo, o dano causado ao titular dos bens nada será em comparação com os prejuízos causados à coletividade que não poderá usufruir do serviço de transportes. (CARVALHO, 2017, p. 1085) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1. Definições (RICARDO, DEUS, 2017, Cap. 15) Questões Doutrinárias O conceito de bem público tem causado certa controvérsia na doutrina, existindo basicamente três posições distintas. b) Questões Doutrinárias Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1. Definições c) Definição: Código Civil Brasileiro [Lei 10.406/2003] O citado art. 98 se refere aos bens de qualquer natureza, tais como imóveis, móveis, semoventes, corpóreos, incorpóreos, créditos, direitos e ações. (BALTAR, 2015, p. 495) Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (PESAVENTO, p. 11) Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. c) Definição: Código Civil Brasileiro [Lei 10.406/2003] 2.2.1. Definições Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I I. Quanto à Destinação -> {Uso Comum, Uso Especial e Dominicais} II. Quanto à Natureza Patrimonial -> {indisponíveis ou patrimoniais} III. Quanto à Natureza Física -> {Domínio Hídrico ou Terrestre} IV. Quanto à Titularidade -> {Federais, Estaduais e Municiais} 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.2. Classificação Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.2.1 Classificação quanto à destinação a) BENS PÚBLICOS DE USO COMUM DO POVO Definição: Os bens públicos de uso comum são aqueles destinados ao uso comum e geral de toda a comunidade. Exemplo: os rios, os mares, as estradas, ruas e praças. Destinação: há uma destinação específica ao uso coletivo. Características: sem distinção de usuários, limitação de horários e remuneração. Restrição: Qualquer restrição ao direito subjetivo de livre fruição, como a cobrança de pedágio nas rodovias, acarreta a especialização do uso e, quando se tratar de bem realmente necessário à coletividade, só pode ser feita em caráter excepcional. Exceção: Todavia, a restrição de uso a uma estrada pública para o transporte de grandes cargas (ex.: turbina de hidroelétrica) não retira do bem público a sua destinação de uso comum do povo. (DIRLEY, 2015p. 392) (BALTAR, 2015, p. 498-499) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS b) BENS DE USO ESPECIAL Destinação: destinam-se à prestação do serviço administrativo (Administração Pública) Exemplos: tais como os edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administraçãofederal, estadual, distrital ou municipal, inclusive os de suas autarquias e fundações públicas: os veículos oficiais, prédios públicos onde funcionam órgãos, bens tombados, bibliotecas públicas, estádios de futebol, escolas públicas, universidades públicas, teatros públicos, museus e outros estabelecimentos abertos à visitação pública. Vinculação: ao exercício de alguma atividade administrativa ou ao uso especial coletivo. (DIRLEY, 2015p. 392) (BALTAR, 2015, p. 498-499) 2.2.2.1 Classificação quanto à destinação Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS b) BENS DE USO ESPECIAL Características: a) Utilização pela Administração (Bens Administrativos) b) Utilizados por particular com exclusividade por meio de ato unilateral (autorização e permissão de uso) ou bilateral (concessão de uso); e c) Os que possuem restrições ou para o qual se exige pagamento. Uma vez configurada a situação da alínea "b" acima, o particular passa a ter um direito subjetivo à sua utilização e será oponível a outros particulares. (DIRLEY, 2015p. 392) (BALTAR, 2015, p. 498-499) 2.2.2.1 Classificação quanto à destinação Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS c) BENS PÚBLICOS DOMINICAIS Definição: São os bens públicos que constituem o patrimônio disponível das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Destinação: Os bens públicos dominicais ou dominiais não têm destinação específica. Tais Espécies de bens estão dentro do patrimônio disponível do Estado, compreendendo os bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos. Exemplos: destes bens, as terras devolutas, os terrenos de marinha e seus acrescidos e os terrenos reservados e acrescidos quando não vinculados a destino público específico. (DIRLEY, 2015p. 392) (BALTAR, 2015, p. 498-499) 2.2.2.1 Classificação quanto à destinação Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS c) BENS PÚBLICOS DOMINICAIS Em conformidade com o art. 99, parágrafo único, do CC, não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Bens do patrimônio disponível, os quais, apesar de integrarem o patrimônio público, não se encontram afetados para nenhum fim, podendo ser, ainda, alienados a qualquer tempo. Os bens dominiais possuem as características da impenhorabilidade, da imprescritibilidade e impossibilidade de oneração; no entanto, são bens alienáveis . A alienação pressupõe, como regra geral, autorização legislativa e licitação. (DIRLEY, 2015p. 392) (BALTAR, 2015, p. 498-499) 2.2.2.1 Classificação quanto à destinação Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS d) Aspectos Adicionais quanto à destinação: BENS DE USO COMUM e os BENS DE USO ESPECIAL são bens públicos com destinação pública específica e são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Os bens de uso comum destinam-se, por lei ou por natureza, ao uso coletivo. Os bens de uso especial são destinados ao uso da Administração para a realização de seus objetivos. Os bens dominicais NÃO têm destinação alguma e podem ser alienados, observadas as exigências da lei. (DIRLEY, 2015p. 392; 393) bens de uso especial AFETAÇÃO DESAFETAÇÃO bens dominicais bens de uso comum 2.2.2.1 Classificação quanto à destinação Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (DIRLEY, 2015p. 392; 393) A AFETAÇÃO e a DESAFETAÇÃO podem ser expressas ou tácitas. EXPRESSAS: quando decorrem de lei ou de ato administrativo. TÁCITAS: quando resultam da atuação da Administração Pública, porém sem sua manifestação expressa a respeito, ou de fato da natureza. EXEMPLO: quando a Administração Pública determina a instalação de uma escola pública num determinado prédio público desocupado ou quando determina a mudança dessa escola, deixando o referido prédio novamente desocupado, sem nenhuma destinação, ou, ainda, quando um terremoto põe abaixo um prédio público que sediava uma Secretaria de Estado. 2.2.2.1 Classificação quanto à destinação Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.3. Características a) Regime Jurídico dos Bens Públicos (RICARDO, DEUS, 2017, Cap.15) inalienabilidade (ou alienabilidade condicionada); impenhorabilidade; imprescritibilidade; e não onerabilidade Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS • significa que os bens públicos, enquanto estiverem afetados ao uso comum ou especial, não podem ser objeto de alienação.INALIENÁVEL • significa que não corre a prescrição contra esses bens, isto é, não se admite o usucapião dos bens públicos.IMPRESCRITÍVEL • não podem ser penhorados para assegurar o pagamento das dívidas contraídas pelo Poder Público, porque a Constituição assegura que os créditos contra a Fazenda Pública se submetem ao regime dos precatórios ou das requisições de pequeno valor (Art. 100 CF) IMPENHORÁVEL • Não podem ser ofertados como garantia na obtenção de empréstimos pois a Constituição assegura que os créditos contra a Fazenda Pública se submetem ao regime dos precatórios ou das RPV. (Não podem ser penhorados, hipotecados ou sujeitos à anticrese) NÃO ONERÁVEL 2.2.3 Características (RICARDO, DEUS, 2017, Cap.15)(BALTAR, 2015, p. 500) a) Regime Jurídico dos Bens Públicos Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (DIRLEY, 2017, p. 394-395) b) Inalienável (Alienação Condicionada) A alienação de bens públicos é a transferência de sua propriedade a terceiros. Os bens públicos são sujeitos à alienabilidade condicionada: Só os bens dominicais (desafetados) que podem ser alienados desde que desafetados e observados os requisitos legais), Há os casos em que isto é materialmente impossível (ex.: não é possível alienar o mar). Legislação: As regras básicas sobre alienação de bens públicos estão dispostas nos art. 76 da Lei de Licitações e Contratos (Lei 14.133/2021). 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS Alienação de bens públicos imóveis: Os requisitos exigidos são: • interesse público devidamente justificado; • avaliação prévia; • autorização legislativa; e • licitação na modalidade leilão (Dispensa nas hipóteses previstas no art. 76, I, da Lei 14.133/2021 e no caso de retrocessão). (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Terras públicas com área superior a 2.500 (dois mil e quinhentos) hectares, ainda é necessária a aprovação prévia do Congresso Nacional, nos termos do art. 49, XVII, da Constituição Federal, Salvo nas hipóteses de alienação ou concessão de terras públicas para fins de reforma agrária, em que se dispensa o controle parlamentar (art. 188, § 2°, da CF). Entretanto, se o bem imóvel pertencer à empresa pública ou à sociedade de economia mista, não é necessária a autorização legislativa. (DIRLEY, 2017, p. 394-395) 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS Alienação de bens públicos imóveis: Os requisitos exigidos são: • interesse público devidamente justificado; • avaliação prévia; • autorização legislativa; e • licitação na modalidade leilão (Dispensa nas hipóteses previstas no art. 76, I, da Lei 14.133/2021 e no caso de retrocessão). (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Dispensa: Dação em pagamento Permuta por outros imóveis Investidura Venda a outro órgão ou entidade da administração pública Alienação gratuita ou onerosa, aforamento concessão, direito real de uso, locação e permissão de uso de imóveis residenciais em programas de habitação e de imóveis comerciais(até 250m²) em programas de regularização fundiária Legitimação de posse e legitimação fiduciária (terras públicas, tornadas produtivas e de liquidação de créditos de assentamento da Amazônia legal) (DIRLEY, 2017, p. 394-395) 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS Alienação de bens públicos imóveis: Os requisitos exigidos são: • interesse público devidamente justificado; • avaliação prévia; • autorização legislativa; e • licitação na modalidade leilão (Dispensa nas hipóteses previstas no art. 76, I, da Lei 14.133/2021 e no caso de retrocessão). (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Dispensa: Bens em dação em pagamento ou derivada de procedimentos judiciais não necessita autorização legislativa Prioridade de direito de preferência ao licitante que comprove a ocupação do imóvel objeto de licitação (DIRLEY, 2017, p. 394-395) 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Alienação de bens públicos móveis Os requisitos exigidos são: • a autorização legislativa não é necessária. • interesse público; • avaliação prévia; e • Licitação na modalidade leilão • (dispensa nas hipóteses contempladas no art. 76, II, da Lei 14.133/2021) Dispensa Doação em casos de interesse social Permuta entre órgãos e entidades da administração pública Venda de ações em bolsa Venda de títulos Venda de bens produzidos ou comercializados na atividade fim da entidade Venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS Outras formas de Condições de Alienação de Bens Públicos Ademais, os bens públicos podem ser alienados mediante Doação, Permuta dação em pagamento, concessão de domínio, Investidura, Incorporação, Retrocessão e Legitimação e posse. A doação de bens públicos é admitida excepcionalmente, nos moldes do art. 76 da lei 14.133/2021, sem a necessidade de realização de procedimento licitatório. Com efeito, é dispensada a licitação para doação de bens, o que é admitido exclusivamente para outra entidade ou órgão da Administração Pública, de qualquer esfera de governo O contrato de permuta ou troca é ajuste no qual ocorre transferência mútua de patrimônio. O ente público permuta com outra entidade da Administração Pública, em caráter excepcional e em hipóteses similares à doação. Trata-se, mais uma vez, de situações de licitação dispensada, ou seja, a contratação é realizada diretamente. (DIRLEY, 2017, p. 394-395) 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS Outras formas de Condições de Alienação de Bens Públicos Ademais, os bens públicos podem ser alienados mediante Doação, Permuta dação em pagamento, concessão de domínio, Investidura, Incorporação, Retrocessão e Legitimação e posse. Doação de bens públicos é admitida excepcionalmente, nos moldes do art. 76 da lei 14.133/2021, sem a necessidade de realização de procedimento licitatório. Com efeito, é dispensada a licitação para doação de bens, o que é admitido exclusivamente para outra entidade ou órgão da Administração Pública, de qualquer esfera de governo Permuta O contrato de permuta ou troca é ajuste no qual ocorre transferência mútua de patrimônio. O ente público permuta com outra entidade da Administração Pública, em caráter excepcional e em hipóteses similares à doação. Trata-se, mais uma vez, de situações de licitação dispensada, ou seja, a contratação é realizada diretamente. (DIRLEY, 2017, p. 394-395) 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS Outras formas de Condições de Alienação de Bens Públicos Ademais, os bens públicos podem ser alienados mediante Doação, Permuta dação em pagamento, concessão de domínio, Investidura, Incorporação, Retrocessão e Legitimação e posse. Dação em pagamento da transferência de bem para pagamento de débito da entidade pública. Somente no interesse público justificável, com a autorização legal e avaliação prévia do bem a ser dado em pagamento. Nesse caso, é inviável a licitação, pela impossibilidade de competição. Investidura alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de obra pública, área que se torna inaproveitável isoladamente. Também exige o interesse público e a avaliação prévia do bem. A licitação também é dispensável. Concessão de domínio concessão de terras devolutas (de domínio público que não estão sendo utilizadas pelo Poder Público) Se dão por venda ou concessão e precedidas de lei autorizativa. (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, 246) 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) 2.2.3. Características (Regime Jurídico dos Bens Públicos) b) Inalienável (Alienação Condicionada) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.4. Formas de Aquisição (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Contratos – O instrumento contratual é utilizado pelo Poder Público nos casos de compra e venda, doação, permuta e dação em pagamento. A assinatura do contrato não tem como efeito a transmissão automática da propriedade daqueles bens, sendo necessário para tanto o registro no Cartório de Registro de Imóveis (para bens imóveis; art. 1.245 do Código Civil) ou a tradição (para bens móveis; art. 1.267 do Código Civil). Usucapião - Não obstante a impossibilidade de os bens públicos serem objeto de usucapião, não há impeditivo para que o Poder Público adquira bens por meio do instituto, bastando que cumpra os requisitos previstos em lei (normalmente a posse pacífica por determinado período de tempo, em alguns casos de boa-fé etc.). Desapropriação - Ocorre quando o Poder Público, no exercício do domínio eminente, e tendo em vista a supremacia do interesse público sobre o interesse privado, transfere compulsoriamente para o seu patrimônio bens pertencentes a particulares. O tema é objeto de análise mais aprofundada no capítulo referente à intervenção do Estado na propriedade. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Acessão – Ocorre quando algo adere a determinado bem imóvel e o proprietário deste adquire a propriedade da coisa aderente. Nos termos do art. 1.248 do Código Civil, a acessão pode ocorrer mediante: Formação de ilhas – a ilha formada pertence ao proprietário das águas que a banham. Assim, por exemplo, formada uma ilha em rio pertencente à União, será considerada bem federal; Aluvião – é o depósito de sedimentos nas margens dos cursos de água, ampliando as propriedades ribeirinhas; Avulsão – é o desprendimento repentino de porção de terra que passa a ficar anexada a outra propriedade; Abandono de álveo – ocorre quando as águas do rio deixam de percorrer seu leito. A área que resultar dessa situação é dividida entre os proprietários ribeirinhos. Se o Poder Público tiver a propriedade dos terrenos ribeirinhos, por consequência passará a ser proprietário daquele solo; 2.2.4. Formas de Aquisição Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Construção de obras e plantações - se o Poder Público constrói ou planta em terrenos de sua propriedade, passará a ser proprietário por acessão das construções e plantações. Aquisiçãocausa mortis – Embora o Código Civil vigente não coloque os entes federados na ordem de vocação hereditária, consigna que, não sobrevivendo cônjuge, companheiro ou algum outro parente sucessível, ou, ainda, tendo havido renúncia por parte dos herdeiros, a herança se transmite ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada em seus respectivos territórios, ou à União, caso esteja em território federal (art. 1.844). No caso de herança jacente, o Código Civil estabelece que, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, passarão os bens arrecadados ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados em seus territórios, ou incorporar-se-ão ao domínio da União, quando situados em território federal (art. 1.822). Além disso, o Poder Público pode adquirir bens por meio de testamento. Arrematação – É o meio de aquisição de bens penhorados em processo de execução judicial. Nesse caso, adquirirá o bem aquele que oferecer o maior lance. 2.2.4. Formas de Aquisição Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (RICARDO; DEUS, 2017, Cap. 15) Adjudicação – Ocorre quando o credor, no processo de execução, obtém o direito de adquirir os bens penhorados e praceados, oferecendo preço não inferior ao fixado na avaliação, requerendo que lhe sejam adjudicados os bens penhorados. Resgate na enfiteuse – A enfiteuse era instituto previsto no Código Civil de 1916, segundo o qual o domínio útil (uso e gozo) pertencia ao enfiteuta e a propriedade do bem, ao senhorio direto. O Código Civil de 2002 proibiu a constituição de novas enfiteuses (art. 2.038), mas conservou aquelas já existentes, as quais continuam reguladas pelo Código anterior. Uma das regras da enfiteuse era a relativa ao seu resgate, que permitia ao enfiteuta, após dez anos, adquirir a propriedade do bem, pagando ao senhorio direto determinado valor (art. 693 do antigo Código Civil). Abandono – Segundo o art. 1.276 do Código Civil, o imóvel urbano abandonado (aquele em relação ao qual o proprietário manifesta a 2.2.4. Formas de Aquisição Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I "Todos os bens públicos, qualquer que seja a sua natureza, são passíveis de uso especial por particulares, desde que a utilização consentida pela Administração não os leve a inutilização ou destruição". (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 2006. p. 524). "Os bens públicos das três modalidades previstas no art. 99 do Código Civil - de uso comum, de uso especial e dominical - podem ser utilizados pela pessoa jurídica de direito público que detém a sua titularidade ou por outros entes públicos aos quais sejam cedidos, ou, ainda, por particulares" (Di Pietro, Direito Administrativo, 2006, p. 652). 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Os bens públicos não são utilizados somente pelas repartições públicas. Outras entidades, vinculadas ao Governo e particulares, até mesmo pessoas físicas, também podem os utilizar. Os bens públicos podem ser utilizados pelos próprios titulares, por outras entidades públicas e por terceiros particulares (pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado). (PESAVENTO, p. 67-68) Essa utilização é o que a doutrina costuma denominar de "uso especial de bem público por particular", a qual poderá ser gratuita ou retribuída, por prazo certo ou indeterminado, por ato - unilateral ou negocial - ou contrato administrativo. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS De acordo com a destinação com a utilização • uso normal é o que se dá na conformidade com a destinação principal do bem.Normal • uso anormal é o que ocorre em desconformidade com essa destinação principal.Anormal 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros De acordo com exclusividade do uso • O uso comum é aquele diante do qual todos podem, igualmente, utilizar o bem.Comum • é aquele em face do qual somente o particular utilizará o bem.Privativo (DIRLEY, p. 397) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Exemplo: Se uma rua está aberta à circulação, tem-se uso comum normal; se estiver sendo utilizada, em dada situação, para desfiles ou festejos, tem-se uso comum anormal. Se uma pessoa, com a devida permissão, utiliza um box em mercado municipal, tem-se o uso privativo normal (é normal porque o mercado foi construído para esse fim). Se utiliza, porém, uma parte da calçada para instalar uma barraca ou tabuleiro de venda de acarajé, tem-se uso privativo anormal. Cumpre advertir que o uso anormal só é admitido quando não prejudique ou obstrua uso normal do bem. (DIRLEY, p. 397) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Exemplo: uma rua em que transitam pedestres e veículos tem uso comum normal, pois está sendo utilizada para o seu fim natural, entretanto, quando esta mesma rua é utilizada para a realização de festejos, tem-se o uso comum anormal, tendo em vista não ser esta a natureza do bem público. (DI PIETRO) Da mesma forma, quando uma pessoa obtém permissão para ocupar determinado "Box" em mercado municipal, tem-se o uso privativo normal, já que essa é a finalidade precípua do bem, no entanto, se a permissão visa à instalação de terraço de café sobre a calçada, o uso privativo passa a ser anormal. Essa utilização anormal deve ser precedida de solicitação e deferimento da autoridade competente, que decidirá discricionariamente. Essa autorização estatal só deve ser admitida quando não venha a inviabilizar Permanentemente o uso normal do bem público. (BALTAR, p. 501-502) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS Quanto aos Instrumentos e Destinação para uso PRIVATIVO dos bens públicos (PESAVENTO, p. 67-68) INSTRUMENTOS PÚBLICOS DE OUTORGA (BENS DE USO COMUM OU ESPECIAIS) Autorização de Uso Permissão de Uso Concessão de Uso Cessão de Uso INSTRUMENTOS PRIVADOS DE OUTORGA (BENS DOMINICAIS) Enfiteuse Concessão de Direito Real de Uso Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia Locação Arrendamento Comodato 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS a) Autorização de Uso É o ato unilateral, discricionário e precário pelo qual a administração consente na prática de determinada atividade individual incidente sobre um bem público, onde há interesse somente para o particular. É ato escrito, revogável a qualquer momento e sem ônus à Administração. Dispensam lei autorizativa e licitação para seu deferimento. A autorização de uso de um bem público pode ser gratuita ou onerosa. (MEYRELLES) É o ato administrativo discricionário e precário, pelo qual a Administração consente que um particular utilize privativamente um bem público. Pode incidir sobre qualquer tipo de bem. De regra, o prazo de uso é curto; poucas e simples são suas normas disciplinadoras; independe de autorização legislativa e licitação; pode ser revogada a qualquer tempo. (MEDAUAR, 2008, p. 245) (PESAVENTO, p. 68) Exemplos: uso de área municipal para instalação de circo, para formar canteiro de obra pública. uso de terreno baldio para instalar um circo ou parque de diversões; instalação de objetos ou armações de arame para colocar à venda jornais e de cadeiras de engraxate na via pública, a instalação de caixas eletrônicas de bancos em repartições públicas. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS b) Permissão de Uso É o ato negocial, unilateral, discricionário e precário através do qual a administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem público. (MEYRELLES) “é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual se atribui ao particular o uso privativo de bem público. Qualquer tipo debem público poderá ser objeto de permissão de uso; independente de autorização legislativa; quanto à licitação, embora de regra não se exija, melhor parece efetuar o certame se o caso comportar disputa entre interessados, propiciando-se, desse modo, igualdade de oportunidade e evitando-se favoritismos ... Pode ser outorgada com prazo determinado ou indeterminado; tratando-se de permissão com prazo determinado, se for revogada por interesse público, sem motivos oriundos do permissionário, este deverá ser indenizado." (MEDAUAR, p. 245). (PESAVENTO, p. 68) 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS b) Permissão de Uso É o ato negocial, unilateral, discricionário e precário, que a Administração faculta ao particular a utilização de determinado bem público, desde que a utilização seja também de interesse da coletividade. Esse ato assegura ao permissionário o uso especial e individual do bem público. É modificável ou revogável unilateralmente pela Administração, não lhe cabendo nenhum ônus. São deferidas, normalmente, sem autorização legislativa específica, quando destinados a órgão ou entidade da Administração Pública. A permissão de uso situa-se entre a autorização e a concessão, sendo menos precária que àquela, mas sem atingir a estabilidade desta. (PESAVENTO, p. 68) Exemplos: bancas de jornais em ruas, mesas e cadeiras em frente a restaurantes e bares, vestiários na praia; lanchonete na repartição pública. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS c) Concessão de Uso É o contrato administrativo pelo qual o Poder Público atribui a utilização exclusiva de um bem de seu domínio a particular, para que o explore segundo sua destinação específica." (MEYRELLES, p. 525 e 526)" A concessão de uso é de caráter contratual e estável para utilização exclusiva. O contrato é privativo e intransferível. A contratação deverá ser precedida de lei autorizativa e concorrência. É o contrato administrativo pelo qual a Administração consente que particular utilize privativamente bem público. Qualquer tipo de bem público pode ser objeto de concessão de uso. Em geral, a concessão se efetua para uso conforme à própria destinação do bem, ou seja, é inerente a esse tipo de bem o uso privativo, no todo ou em parte, de particular, Depende de autorização legislativa. Sendo contrato, deve ser precedido de licitação, na modalidade de concorrência, salvo exceções legais ...". (MEDAUAR, p. 246). (PESAVENTO, p. 69) 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS c) Concessão de Uso Na concessão prevalece o interesse público sobre o particular. Pode-se alterar cláusulas regulamentares do ajuste e rescisão antecipada com indenização do prejuízo, sujeito a normas do Direito Público, o que o distingue do contrato de locação, que é contrato típico de Direito Privado. (PESAVENTO, p. 69) Concessão de uso remunerado de um hotel municipal; concessão de uso, gratuito ou remunerado, de áreas de mercado ou de locais para bares e restaurantes em edifícios ou logradouros públicos, boxes em mercados municipais, dependências de aeroportos, de portos, de estações rodoviárias, cantinas de escola. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (PESAVENTO, p. 70) d) Cessão de Uso É um ato de colaboração entre repartições públicas, onde os bens desnecessários de uma têm seu uso cedido a outra. A cessão de uso é a transferência gratuita da posse de um bem público de uma entidade ou órgão para outro, por prazo certo ou indeterminado e sem licitação. A cessão de uso não exige autorização legislativa. É um ato ordinário em que o Executivo distribui os seus bens entre suas repartições para melhor atendimento do serviço. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (PESAVENTO, p. 70) e) Concessão de Direito Real de Uso A Administração transfere o uso, remunerado ou gratuito, de terreno público a terceiro para que este o utiliza em fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo, ou qualquer outra exploração de interesse social. É transferível por ato intervivos ou por sucessão legítima ou testamentária. Se o concessionário não lhe der o uso prometido, o imóvel reverterá à Administração. Depende de autorização legal e concorrência prévia. A Administração poderá conceder direito real de uso de bens imóveis, dispensada a licitação, quanto o uso se destina a outro órgão ou entidade da Administração Pública. (Lei 14.133/21, 76, § 3º). Finalidade de algum interesse social (regularização fundiária, urbanização, preservação de comunidades tradicionais, moradias habitacionais). Exemplo: NOVACAP, empresa pública federal criada para a construção de Brasília, COHAB-RS, nas edificações populares. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS (PESAVENTO, p. 70) f) Aforamento ou Enfiteuse É a transferência do domínio útil de imóvel público a posse, uso e gozo perpétuo de pessoa que irá utilizá-lo. Na enfiteuse, há duas pessoas que exercem simultaneamente os direitos dominiati sobre o mesmo imóvel: o Estado, que exerce o domínio direto, e o particular, que exerce o domínio útil, que tem uma obrigação de pagar perpetuamente uma pensão anual (foro) ao senhorio direto. Quando o foreiro ou enfiteuta pretende transmitir a outrem o domínio útil, deve comunicar ao senhorio direto (a Administração) a sua intenção ou renúncia ao domínio, devendo pagar o laudêmio. Tanto os foros como os laudêmios são Receitas Patrimoniais. Exemplos: Edificações na orla marítima, ilhas marítimas, edificações na Av. Siqueira Campos, em Porto Alegre. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS f) Aforamento ou Enfiteuse A enfiteuse ou aforamento era um instituto previsto no antigo Código Civil, mas hoje se encontra extinto, só sendo admissível para os terrenos de marinha. Dessa forma, atualmente, enfiteuse é o instrumento que permite que a União venha a atribuir a outrem o domínio útil de terreno de marinha, mediante o pagamento de uma remuneração anual chamada de foro. Consiste na transferência da posse, do direito de uso e gozo perpétuos, mas não da propriedade do terreno de marinha. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros (RICARDO, DEUS, 2017, cap. 15) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS f) Aforamento ou Enfiteuse Na enfiteuse dos terrenos de marinha, há o exercício concomitante do domínio útil e direto sobre o mesmo imóvel por duas pessoas distintas, União e enfiteuta, também chamado de foreiro. Sempre que o enfiteuta optar pela venda do bem, deverá observar o direito de preferência do senhorio direito; este, caso não venha a exercê-lo, fará jus ao percebimento de um valor chamado de laudêmio. FORO CANON OU PENSÃO pagamento anual que o foreiro, também chamado enfiteuta, paga ao senhorio direto. Possui natureza perpétua. LAUDÊMIO pagamento efetuado pelo foreiro ao senhorio direto quando este (senhorio) não exerce o seu direito de preferência. COMISSO pena prevista em lei que extingue do aforamento caso o foreiro venha a deixar de pagar o foro por três anos consecutivos. Poderá o senhorio direto, nesta hipótese, reaver o domínio útil, desde que indenize o valor das benfeitorias necessárias. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros (RICARDO, DEUS, 2017, cap. 15) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS g) Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia O instituto da Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia foi introduzido pela Medida Provisória 2.220/2001, nos seguintes termos: “aqueleque, até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural”. Posteriormente, a Medida Provisória 759/2016 estendeu para 22 de dezembro de 2016 o termo final do período de posse necessário à aquisição do direito e ampliou a possibilidade a todos os imóveis situados em áreas com características e finalidade urbanas. Com esta mudança, a abrangência espacial do direito abandona o critério estritamente formal (área urbana, que é definida em lei municipal) e abraça um critério funcional (área com características e finalidade urbanas). 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros (RICARDO, DEUS, 2017, cap. 15) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS h) Locação Contrato de direito privado pelo qual o proprietário (locador) transfere a posse do bem ao locatário, que tem a obrigação de pagar certa importância (o aluguel) pelo período contratual ou de uso do bem. i) Comodato Conforme o ar. 579 do Código Civil, é o empréstimo gratuito de bens não fungíveis . O proprietário transfere ao comodatário o uso gratuito do bem por prazo determinado ou indeterminado. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade (CC, art. 85). Não-Fungíveis: São os bens móveis que não se prestam à substituição. Ex.: quadro artístico, esculturas e obras de arte. 2.2.5. Uso dos Bens Públicos Por Terceiros (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 232) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.6. Gestão dos Bens Públicos (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 234-5) Responsabilidade Patrimonial: A responsabilidade pela guarda e pelo uso dos bens móveis existentes na unidade administrativa deve ser atribuída ao chefes das unidades, ou ser atribuída a outro agente, quanto aos bens que este utilizar em caráter exclusivo. O gestor do órgão (ordenador originário ou primário) é responsável pela utilização e preservação do bem, pois é ele que responde perante os órgãos de controle (Tribunal de Contas e Controladoria) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.6. Gestão dos Bens Públicos (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 234-5) Registro dos Bens de Caráter Permanente (Bens Móveis): Sistema de controle analítico (individual) de cada um dos bens, indicando os elementos para sua perfeita caracterização e localização, inclusive eventos adicionais como incorporação, transferência, alienação, perdas etc. Tombamento => identificado com códigos em chapas metálicas não removíveis facilmente. Cadastramento => Cadastramento em formulários próprios de cada bem no sistema de contabilidade e patrimônio. Controle Patrimonial => pelo setor contábil, mantendo registro de aquisições, cessões, alienações, baixas, reavaliações e quais alterações nos bens móveis Registro dos Bens de Consumo e Almoxarifado (Bens Móveis): Sistema de controle analítico (individual) de cada um dos bens, avaliados de acordo com o preço médio ponderado das compras (Lei 4.320/64, art. 106) Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.6. Gestão dos Bens Públicos (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 240-1) Inventários de Bens Móveis e Imóveis Finalidade -> apurar a existência física e os valores monetários de cada bem do patrimônio. Periodicidade -> Uma vez ao ano, pelo menos; no início e término de cada gestão; em auditorias especiais, em datas aleatórias Comissão de Inventário -> Nomeada uma comissão de inventário, geralmente composta por 3 servidores. Ata de Inventário -> Anotação de divergências entre o relatório patrimonial e o levantamento físico. A ata é remetida ao setor de contabilidade e controle e ao Ordenador de Despesa para os procedimentos cabíveis. Falta de Bens -> Ordenador e responsável pelo controle patrimonial tomar as providências cabíveis: busca, extravio, roubo, perda etc mediante a abertura de processo administrativo. Sindicância -> apurar os prejuízos ao Erário e apuração de responsabilidades, baixa e ressarcimento do bem faltante Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.6. Gestão dos Bens Públicos (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 240-1) Inventários de Bens Móveis Descrição e Localização do Bem • Inclusive em poder de terceiros, como nos casos de cessão Mensuração: • Peso, volume, comprimento, área etc. Avaliação: • Em moeda, valor justo, custo de aquisição, custo de aquisição Ajustes: • Eventuais ajustes procedidos no inventário Inventários de Bens Imóveis No Estado do RS: Departamento de Administração do Patrimônio do Estado Na União: Secretaria de Patrimônio da União Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.7. Baixa de Bens Processo de exclusão do bem do acervo patrimonial da entidade pública. Baixa por alienação -> transferência da propriedade a terceiros, observado o interesse público, por interesse de políticas públicas, da perda da utilidade do bem para a entidade estatal ou por este ter se tornado inservível. Formas de Alienação: Venda Doação Permuta Dação em pagamento Investidura Concessão de domínio Baixa por perda Furto, roubo, sinistro, perecimento, destruição etc. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.7. Baixa de Bens (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 240-1) Processo de exclusão do bem do acervo patrimonial da entidade pública. Bem classificado como INSERVÍVEL: I - ocioso - bem móvel que se encontra em perfeitas condições de uso, mas não é aproveitado; II - recuperável - bem móvel que não se encontra em condições de uso e cujo custo da recuperação seja de até cinquenta por cento do seu valor de mercado ou cuja análise de custo e benefício demonstre ser justificável a sua recuperação; III - antieconômico - bem móvel cuja manutenção seja onerosa ou cujo rendimento seja precário, em virtude de uso prolongado, desgaste prematuro ou obsoletismo; ou IV - irrecuperável - bem móvel que não pode ser utilizado para o fim a que se destina devido à perda de suas características ou em razão de ser o seu custo de recuperação mais de cinquenta por cento do seu valor de mercado ou de a análise do seu custo e benefício demonstrar ser injustificável a sua recuperação. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.7. Baixa de Bens (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 245-6) Venda -> Autorização da autoridade competente (bens móveis) ou legislativa (bens imóveis), expressa justificativa do interesse público, avaliação prévia do bem e realização de licitação na modalidade leilão Doação -> Autorização da autoridade competente (bens móveis) ou legislativa (bens imóveis), expressa justificativa do interesse público, avaliação prévia do bem e realização de licitação na modalidade leilão. Dispensa a licitação quando a doação for efetuada para outras entidades da administração pública e, ainda, no caso de bens móveis para fins e uso de interesse social, após avaliação de oportunidade e conveniência socioeconômica em relação à escolha de outra forma de alienação. Processo de exclusão do bem do acervo patrimonial da entidade pública. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.7. Baixa de Bens (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 245-6) Permuta -> troca por bens públicos ou particulares, da mesma espécie ou diferente. Requisitos gerais: avaliação prévia e justificativa expressa do interesse público Bens imóveis: autorização legislativa e dispensa de licitação no casos da Lei (art. 76, I, b da Lei de Licitações) Bens Móveis: autorização da autoridadecompetente e dispensa de licitação nos casos de permuta entre entidades da administração pública Dação em pagamento -> transferência do bem para quitação de um débito da entidade pública. Interesse público, justificado, autorização legal e avaliação prévia do bem. Dispensa a licitação pelo credor ser único. Investidura -> alienação aos proprietários imóveis lindeiros (às margens de via pública), de área remanescente ou resultante de obra pública, por se tornar inaproveitável isoladamente. Interesse público, avaliação prévia do bem e autorização legal. Dispensa licitação. Prof. Diego de Oliveira Carlin Contabilidade Governamental I 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.7. Baixa de Bens (MANUAL DO GESTOR PÚBLICO, p. 245-6) Concessão de Domínio -> nas concessões de terras devolutas (terras de domínio público que não estão sendo utilizadas pelo Estado). Pode ser por venda ou doação, precedida de lei autorizativa e avaliação das glebas concedidas a título oneroso ou gratuito Baixa por perda -> formalização da baixa de um bem que não mais integra o patrimônio público por eventos como furto, roubo, sinistro, perecimento ou destruição.