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Manual de Trabalho de Curso Geografia Sumário 1. APRESENTAÇÃO ........ ..............................................................................................................3 2. REGULAMENTO COM DEFINIÇÃO DAS FORMAS DE ACOMPANHAMENTO/ ORIENTAÇÃO ..................................................................................................................................4 3 Serviço Social 1. APRESENTAÇÃO “É instaurador de discursividade todo aquele cuja obra permite que outros pensem algo diferente dele.” Michael Foucault O Trabalho de Curso (TC) visa proporcionar aos alunos a vivência na iniciação científica, atividade que está ligada ao desenvolvimento acadêmico dos alunos de graduação. O TC busca ampliar os conhecimentos em relação a temas abordados durante o curso, permitindo aos alunos a escolha daquilo que seja de seu interesse pessoal. É, portanto, uma experiência acadêmica orientada, vivida por alunos que cursam o sexto semestre letivo da graduação, cursos de especialização ou de pós-graduação lato sensu. Não há exigência de que o tema desenvolvido e pesquisado em um trabalho monográfico seja um tema original e inédito. Há, no entanto, exigências em relação à organização do trabalho, coerência e coesão textuais, pesquisa e desenvolvimento do conteúdo. Espera-se que, durante a elaboração do TC, os alunos vivenciem práticas pedagógicas de pesquisa e discussão em atividades grupais, capazes não somente de lhes possibilitar o aprimoramento do trabalho, mas também o aprendizado de práticas docentes que lhes serão necessárias ao longo de sua vida como profissionais de Geografia. Assim, espera-se que o grupo de alunos, ao escolher o tema com o qual deseja trabalhar, faça-o livre e conscientemente, pois somente dessa forma poderá trabalhar prazerosamente, obtendo como resultado, além de seu crescimento acadêmico, um texto criativo e interessante a outros leitores com o mesmo interesse. Espera-se, ainda, que o TC ofereça ao grupo de alunos a possibilidade de articular os conhecimentos desenvolvidos ao longo da graduação, nas diferentes disciplinas que compõem a grade curricular do curso de Licenciatura em Geografia, e que seja também considerado pelo aluno como uma etapa que antecede possíveis cursos de especialização, mestrado e doutorado. 4 Manual de Estágio 2. REGULAMENTO COM DEFINIÇÃO DAS FORMAS DE ACOMPANHAMENTO/ ORIENTAÇÃO I. Orientações para os alunos O TC é um trabalho a ser realizado por alunos matriculados no último semestre. Alunos que antecipam a disciplina por motivos de transferência de outra Universidade para a UNIP, ou alunos matriculados em regime de dependência, deverão integrar-se ao sistema escolhendo o tema que mais lhes interesse e participando, obrigatoriamente, de todas as etapas do desenvolvimento do trabalho de pesquisa, orientação e apresentação. Depois de selecionado o tema do TC, este será encaminhado a um dos orientadores designados pelo curso, envolvido diretamente com a disciplina à qual se relaciona o tema, que exercerá o papel de orientador do trabalho. A coordenação do curso, junto aos professores, poderá também sugerir orientadores para os trabalhos. Orientadores e alunos se comunicarão por e-mail. A frequência e regularidade desses contatos serão controladas pelo professor orientador e todos os alunos deverão tomar ciência das tarefas a serem cumpridas no período que transcorrerá entre um encontro e outro. II. Orientações para as atividades dos alunos Durante o tempo previsto para pesquisa e elaboração do texto do TC, muitas atividades serão desenvolvidas pelos participantes. Essas atividades vão desde as práticas, de cunho organizacional (por exemplo, decidir sobre quem / quando os dados serão coletados, quando / como serão transcritos, caso seja necessário), àquelas voltadas à construção de novos conhecimentos, envolvendo momentos de estudo e realização de tarefas relacionadas à cognição. É fundamental, portanto, que cada aluno escolha diferentes maneiras para estudar. Assim, é importante pensar em tipos de atividades a serem realizadas: 1. leitura e fichamento dos textos; 2. buscas na internet; 3. elaboração de pequenos trechos da monografia, com o propósito de discutir o estilo do texto de cada um, reescrever e estabelecer características para o texto final da monografia. 5 Serviço Social Espera-se que, ao longo do desenvolvimento do TC, os grupos desenvolvam estratégias de aprendizagem que possam colaborar para o resultado final do trabalho. Ao longo do período destinado à elaboração do TC, os alunos deverão cumprir as seguintes etapas/diretrizes: � comunicação regular com o orientador por e-mails; � entrega de partes do trabalho, de acordo com as solicitações do professor orientador e do professor coordenador do curso; � entrega dos exemplares em sua versão final. Em seção posterior, as normas para a confecção do trabalho serão abordadas. III. Orientações gerais As “dicas” a seguir podem ser úteis para a elaboração do trabalho: 1. elaboração de relatório pelo aluno, contendo os aspectos apresentados nas aulas gravadas ou nos e-mails enviados pelo professor; 2. manutenção de um arquivo ou caderno para registro de todas as possíveis citações consideradas relevantes para o trabalho, assim como a referência bibliográfica correspondente; 3. elaboração de diários de leitura de todos os textos lidos e considerados relevantes para o embasamento teórico da monografia; 4. trabalhar sempre com a versão corrigida do trabalho e a nova versão, dando, tanto ao orientador quanto aos próprios alunos, a possibilidade de relembrar os comentários já feitos em etapa e orientação anteriores. IV. O que é uma monografia científica ou TC? A monografia proposta ao final de um curso de graduação é um trabalho de caráter científico e, como tal, deve pautar-se em normas internacionais, que caracterizam as pesquisas em universidades, congressos, etc. Assim, faz-se necessário que escolhamos uma referência bibliográfica sobre questões metodológicas e, uma vez escolhida, esta deverá ser observada 6 Manual de Estágio rigorosamente na elaboração do trabalho. Embora sabendo das divergências em relação às questões metodológicas e da necessidade de, muitas vezes, estabelecermos comparações entre os diferentes autores que tratam dessa questão, optamos por organizar o TC com base nas orientações da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, utilizada por grande parte das universidades brasileiras. Os aspectos a serem observados serão apresentados neste documento, em momento oportuno. Em relação às orientações para o TC, Guidin (2003) propõe, para reflexão, alguns tópicos que poderão nortear esse trabalho acadêmico. 1. A palavra monografia corresponde, etimologicamente, a um tratado escrito (grafia) sobre um único (mono) assunto ou tema. 2. Texto monográfico obedece à estrutura e à linguagem do texto dissertativo. É, portanto, uma dissertação, ou seja, deverá convencer o leitor das propostas lá sustentadas. No caso de TC, é necessário que cada uma das análises se encaminhe para um ponto determinado e que, ao final, os alunos possam encontrar pontos em comum para atingir o objetivo analítico final que será apresentado na conclusão do trabalho. 3. Em princípio, a natureza da monografia é a mesma para os trabalhos de graduação, trabalhos de mestrado e de doutorado. 4. A diferença entre esses níveis de pesquisa estaria no grau de originalidade, abrangência, aprofundamento teórico-metodológico e enfoque analítico; com isso, não se quer dizer que a pesquisa para o TC teria apenas um caráter de compilação e/ou revisão bibliográfica, como propõem alguns autores. É fundamental que os graduandos se posicionem criticamente frente ao material pesquisado. Victoriano; Garcia (1996/1999) consideram importante, em um projeto de pesquisa, que ele seja escrito em sua versão preliminar e que os alunos autoresorganizem-se para responder às seguintes perguntas: 1. O que fazer? A resposta é a delimitação do tema e do problema a ser resolvido. É importante que se restrinja o campo, pois quanto mais circunscrito estiver o objeto, melhor e com mais segurança se trabalha. Muitas vezes, essa delimitação pode ser usada como título provisório do trabalho. 7 Serviço Social 2. Por que fazer? A resposta a esta questão é a justificativa da escolha do objeto de estudo. Nesse tópico, deverão constar a definição e a delimitação do problema, a descrição bibliográfica que demonstre sua relevância enquanto objeto de estudo, suas hipóteses e sua importância para a comunidade, o que o torna um dos tópicos essenciais do projeto. 3. Para que fazer? A resposta está nos propósitos do estudo, ou seja, nos seus objetivos gerais e específicos. É fundamental que seus objetivos sejam claros, pois eles nortearão todo o trabalho metodológico que será desenvolvido. 4. Como fazer? A resposta está na metodologia (métodos e técnicas) que será utilizada em seu trabalho. A metodologia é um procedimento sistemático e formal, cujo objetivo é encontrar as respostas para problemas mediante o emprego de técnicas científicas que permitam descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis em qualquer campo do conhecimento. 5. Com quem fazer? A resposta a esta questão está vinculada às pesquisas que, por utilizarem recursos de estatística ou por serem pesquisas empíricas, devem selecionar uma amostra entre a população-alvo e seu estudo. 6. Onde fazer? Local, campo de pesquisa, pesquisa de campo, bibliografia. Se a pesquisa exigir trabalho com amostragem, necessariamente, é preciso trabalhar com dados colhidos no campo de estudo. Isso não impede que a pesquisa bibliográfica seja executada em centros especializados ou em bibliotecas universitárias, cujas especialidades estão ligadas a áreas de conhecimento específicas. 7. Com o que fazer? Recursos, custeio. Muitas das monografias apresentadas por alunos, devido ao interesse do assunto e da área específica, podem ser financiadas por órgãos de pesquisa ou pela própria universidade. 8. Quando fazer? A resposta encontra-se em um cronograma, que deve descrever, mês a mês, todos os passos que o pesquisador seguirá. Além disso, o bom andamento da pesquisa requer rigor quanto ao cumprimento dos prazos estabelecidos pelo orientador e pela dinâmica da pesquisa. 8 Manual de Estágio V. O que significa pensar cientificamente? Ao afirmarmos que um TC é um trabalho acadêmico, técnico-científico, estamos, de certa forma, dizendo que esse trabalho tem características diferenciadas e que seu público-alvo se encontra na comunidade científica. Quem avalia e atribui relevância aos trabalhos científicos são leitores acostumados a trabalhar com pesquisa e a pensar e raciocinar cientificamente. Mas o que isso significa? É dotado de comportamento científico o aluno que demonstra preocupação com a qualidade dos questionamentos que faz em relação ao foco de seu trabalho, que estabelece metas para os procedimentos de pesquisa, que não se satisfaz com conclusões do senso comum, mas está sempre em busca de explicar e analisar os dados de sua pesquisa. Comportar-se cientificamente significa ser criterioso com as conclusões, fundamentando- as em um referencial teórico ou empírico bem selecionado e pertinente ao tema. Significa, acima de tudo, “ter uma visão relativa dos fenômenos e não absoluta, ou seja, estabelecer relações entre fenômenos e não os conceber como fenômenos isolados de um contexto”. (HUBNER, 1998) Assim, espera-se que os alunos, ao elaborarem seu TC, primem pela qualidade acadêmico- científica de seus textos, sendo criteriosos o bastante para que os resultados de seus trabalhos sejam validados na comunidade científica. Espera-se que produzam textos coerentes, isentos de julgamentos (isto é, sem o uso exagerado de adjetivos), calcados em descrições que possibilitem inferências e tomada de posições equilibradas e fundamentadas. VI. O que faz um orientador de TC? Na orientação do TC, atua o professor orientador de conteúdo específico, que acompanha os alunos nas discussões sobre o tema escolhido, auxiliando-os em relação às leituras e bibliografias indicadas para dar sustentação teórica ao trabalho. Algumas características são fundamentais ao professor escolhido como orientador de um TC: � o professor orientador precisa ser um incentivador dos alunos, motivando-os para que elaborem um trabalho criativo; 9 Serviço Social � o professor orientador precisa ser organizado e estabelecer, ao longo do ano, tarefas claras e objetivas ao grupo de alunos; � o professor orientador precisa sugerir leituras aos alunos; � o professor orientador poderá indicar aos alunos as modificações a serem efetuadas no trabalho, porém, nunca redigir trechos do trabalho. É importante ressaltar que um TC é um momento de construção de conhecimentos e exige, portanto, que orientandos e orientador mantenham um relacionamento cordial, de confiança, assumindo cada qual o seu papel pedagógico. O exercício que se espera na elaboração de um TC tem características dialógicas, isto é, orientandos e orientador têm espaço e voz nas discussões, em busca de transformarem os conhecimentos já adquiridos. Espera-se que as decisões a respeito do trabalho sejam tomadas com maturidade e sempre de forma compartilhada. VII. Como se organiza um TC? O TC organiza-se a partir das seguintes partes: � capa; � elementos pré-textuais ou preliminares; � elementos textuais; � elementos pós-textuais. � elementos que compõem o TC. 10 Manual de Estágio Elementos que compõem o TC * Segundo Traldi e Dias (1998:40), o capítulo da metodologia é facultativo: O capítulo da metodologia é o espaço destinado a descrever o método adota- do para o desenvolvimento do trabalho. É facultativo dedicar-se um capítulo exclusivamente para esse fim, desde que as informações a ele destinadas já tenham sido expostas na Introdução. Nos estudos e nas pesquisas em que a metodologia constitui parte expressiva do trabalho (como nos estudos que se uti l izam demétodos quantitativos envolvendo amostragem ou tabulação de dados) , a opção pelo destaque da metodologia em capítulo separado da Introdução dá ao trabalho uma conotação de melhor organização e permite revelar com mais detalhamento as técnicas e os processos empregados pelo autor para dar prosseguimento ao estudo. 11 Serviço Social Descreveremos, a seguir, cada uma das partes citadas, possibilitando aos autores do TC o exercício de rascunhar e refletir sobre os objetivos de cada uma delas. 1. Capa Alto da página: nome da instituição/departamento. � Centro da página: título do trabalho. � À direita, abaixo do título: disciplina, professor, autores. � Rodapé da página: local/data. Exemplo: Como colocar o autor ou autores (ordem alfabética). Adriana Aparecida SILVA Andréa SANGIULIANO Luciana Souza ANDRÉ Sebastiana ALBUQUERQUE � Margens: sup. – 3 cm; inf. – 2 cm; esq. – 3 cm; dir. – 2,5 cm. 12 Manual de Estágio 2. Elementos pré-textuais Estes são os elementos que antecedem a introdução do trabalho e são constituídos por tudo aquilo que identifica o trabalho e orienta o leitor. � FOLHA DE ROSTO Segue os mesmos procedimentos da capa, em relação às margens e distribuição do texto, com pequenas modificações: � Alto da página: nome do(s) autor(es). � Centro da página: título do trabalho. � À direita, abaixo do título: explicação sobre a natureza do trabalho. � Rodapé da página: instituição/local/data. � Margens: sup. – 3 cm; inf. – 2 cm; esq. – 3 cm; dir. – 2,5 cm. � Verso da página: ficha catalográfica (a ser elaborada pelo bibliotecário da instituição, contendo os dados bibliográficos necessários para que a obra seja catalogada na biblioteca da universidade; deve incluir palavras-chave, fornecidas pelos autores). A folha de rosto é a única da monografiana qual o verso existe texto. As demais páginas deverão conter texto em apenas um dos lados. 13 Serviço Social � FOLHA DE DEDICATÓRIA E FOLHA DE AGRADECIMENTOS Nessas páginas, que são opcionais, o autor apresenta mensagens pessoais. Na folha de dedicatória, o autor deverá elaborar um texto curto, dedicando o trabalho a alguém. Não há uma regra para a utilização da página, no entanto, é comum encontrarmos a dedicatória à direita, da metade da folha para baixo. Normalmente, escolhe-se, para dedicar o trabalho, alguém que tenha tido uma relação direta com o autor, durante a elaboração do trabalho: um familiar, um professor, etc. Já na folha de agradecimentos, o autor agradecerá àqueles que efetivamente contribuíram para a elaboração da monografia, como: professor orientador, professores envolvidos com o trabalho, agências financiadoras. � FOLHA DE EPÍGRAFE Esta também é uma folha opcional. Nela, o autor da monografia apresentará um excerto de um texto de sua escolha (frase ou verso), cujo conteúdo tenha relação com o tema desenvolvido na monografia. Poderão ser escolhidas epígrafes para cada um dos capítulos da monografia, se for da preferência do autor. � SUMÁRIO Aqui o autor informa aos leitores o conteúdo que será tratado na monografia. A palavra “sumário” deverá aparecer no topo da página, em letras maiúsculas, sendo seguida, dois ou três parágrafos abaixo, de todos os intertítulos contidos no trabalho. A estética da página do sumário deverá ser observada, de forma que os títulos e subtítulos apareçam destacados, estando padronizada e obedecendo a recuos da margem esquerda, também padronizados. De acordo com a ABNT, a numeração em algarismos arábicos deverá ter início somente na página em que se iniciar o texto propriamente dito, contando-se, 14 Manual de Estágio porém, as páginas que o antecedem. Essa numeração deverá aparecer no topo da página, do lado direito. Alguns autores optam por numerar, com algarismos romanos, as páginas a partir do sumário até o abstract. Assim, caso o trabalho apresente todas as folhas indicadas (da folha de rosto até a folha de epígrafe), a página do sumário deverá ser numerada com o algarismo romano vi (letras minúsculas) e a página que contiver a introdução do trabalho dará início à numeração em algarismos arábicos (1, 2, 3...). � LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Nessa página, o autor apresentará uma relação das ilustrações ou explicações (abreviaturas, siglas), na ordem em que aparecem no texto, indicando a(s) página(s) de sua localização. � RESUMO Esta é uma página importante do trabalho monográfico. É ela que, num primeiro momento, convida o leitor a mergulhar no texto apresentado. Deve ser um texto conciso, com aproximadamente 300 palavras – em fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento entre linhas simples –, em que o autor apresenta uma síntese do conteúdo do trabalho, destacando os aspectos mais relevantes, a metodologia e a fundamentação teórica que deram sustentação às discussões apresentadas. O resumo visa fornecer ao leitor elementos que lhe permitam decidir sobre ler ou não o trabalho, em função da relevância para seu próprio contexto. Resumo deve ser escrito na língua em que está redigido o trabalho, organizado por meio de frases e nunca em tópicos enumerados. Após o texto do resumo, deverão aparecer as palavras-chaves sugeridas pelo autor como referência do trabalho em meio eletrônico. Segue um exemplo de resumo monográfico: 15 Serviço Social RESUMO Com o apogeu da mídia como produtora de sentidos, o trabalho de educa- dores de diferentes segmentos da escolaridade vem sofrendo transformações e seu interesse tem-se modificado em relação às atividades didáticas desenvolvi- das em sala de aula, no que diz respeito à língua portuguesa e à análise do dis- curso. A mídia televisiva brasileira mantém, com o telespectador, uma relação de poder, produz e reproduz valores, transmitindo textos persuasivos de alta quali- dade, legitimando verdades, saberes, discursos e cristalizando, no imaginário coletivo, sem (quase) nenhum questionamento em relação à veracidade discur- siva. Em se tratando do sistema educacional brasileiro, há um grande abismo e muita resistência em considerar as práticas discursivas da mídia televisiva como possíveis eventos pedagógicos favoráveis a uma formação mais crít ica do futuro profissional. // Assim sendo, este trabalho procura analisar o universo imaginário dos alunos de ensino médio de uma escola da rede pública, focalizando questões concernentes à l inguagem midiática. // Os passos metodológicos iniciaram-se com o levantamento do hábito televisual dos alunos, seguidos de audiência, dis- cussões, análise e debate sobre o funcionamento discursivo da novela “Malhação” – Rede Globo de Televisão, de forma a oportunizar reflexões à luz da Análise do Discurso e da Análise da Conversação, evidenciando as relações entre sujeito, discurso, saber e poder. // Os resultados das análises são apresentados neste trabalho, que se divide nas seguintes seções: Introdução – em que a problemáti- ca e os objetivos são apresentados; O Dizer e o Poder: relações discursivas – em que são apresentadas as referências teóricas sobre Análise do Discurso e Análise da Conversação; A Caminhada – seção que apresenta a metodologia do trabalho: procedimentos relacionados à escolha dos dados e encaminhamentos para a análise; Baixando o véu do discurso – seção que apresenta a análise de trechos transcritos da novela Malhação, discutidos à luz do referencial teórico; e Algumas Considerações – seção que encerra o trabalho, apresentando algu- mas conclusões e possíveis encaminhamentos, com o intuito de desencadear nos leitores o desejo de novas, e mais aprofundadas, pesquisas sobre o mesmo tema. PALAVRAS-CHAVE: discurso, conversação, mídia, l inguagem midiática 16 Manual de Estágio Observe, no resumo apresentado, os trechos destacados e separados com “//”. Eles mostram a organização do resumo: trecho 1 – contextualização do tema discutido na monografia; trecho 2 – propósito do trabalho; trecho 3 – metodologia utilizada no processo de pesquisa; trecho 4 – organização do documento monográfico. � ABSTRACT Nessa página, esteticamente igual à página do resumo, deverá aparecer uma tradução para a língua inglesa, do resumo do trabalho, seguida das key words. 3. Elementos textuais Estes são os elementos que compõem o corpo propriamente dito do TMG. Podemos chamá-los de elementos nucleares, pois sem eles e sem a articulação entre estes, o texto monográfico perde a vida. Cada um dos elementos tem características próprias, porém, se complementam, dando ao leitor a noção exata do caminho trilhado pelos pesquisadores sobre o tema desenvolvido. O texto deve ser escrito com fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento entre linhas de 1,5. � INTRODUÇÃO A introdução da monografia merece atenção especial do autor. Muitas vezes, ela é considerada como de pouca importância, mas é exatamente nessa seção que todo o conteúdo do trabalho é apresentado ao leitor. Duas ou três páginas deverão ser reservadas para a introdução da monografia e é aí que o autor delimitará o assunto sobre o qual versará o trabalho e o justifica. Segundo Machado (2001), É preciso compreender que apresentar justificativas para um determinado trabalho de pesquisa não é simplesmente dizer o que o motivou, do ponto de vista pessoal, a fazê-lo, isto é, por quê fez o trabalho (porque gostou do tema, porque viveu a experiência, etc.), mas sim, dizer para que serve o trabalho, qual é a sua relevância, tendo em vista a problemática maior em que se insere, os estudos que já foram feitos a respeito, as lacunas que esses estudos ainda deixaram, etc. 17 Serviço Social Na introdução da monografia, o autor deve apresentar: � em linhas gerais, o tema do trabalho, oferecendo ao leitor não somente a possibilidade de estabelecer relações entre esse estudo e outros deseu conhecimento, mas também a opção pela leitura do trabalho, em relação ao seus interesses e contexto de atuação; � a delimitação do assunto, isto é, a extensão e profundidade com que o trabalho tratará o assunto escolhido; � os objetivos do trabalho: gerais (relacionados ao tema – contexto-macro) e específicos (relacionados ao assunto escolhido – contexto-micro); � a justificativa da escolha do tema, evidenciando sua importância para o contexto no qual se encontra inserido; vale lembrar que justificar a escolha de um tema não significa dar a ele importância incomensurável e enaltecer sua complexidade de forma exagerada, mas, sim, apontar como esse estudo pode ser fator contribuinte para o desenvolvimento da área em que se encontra inserido, ainda que não se proponha a ser conclusivo; � conceituação e relevância, explicitando ao leitor a fundamentação teórica que apoiará as discussões, seguida de breves enunciados sobre conceitos fundamentais discutidos, e de sua relevância para o estudo realizado; reserva-se a esse item, ainda, a necessidade de apresentar um resumo de obras e/ou pesquisas cujo tema se relaciona diretamente com o estudado, estabelecendo comparações a fim de possibilitar a discussão das lacunas que os demais trabalhos ainda não preencheram; � procedimentos adotados para a realização do trabalho de pesquisa e da elaboração do texto monográfico, isto é, sua organização em seções. Uma discussão relevante para a elaboração do texto monográfico diz respeito à escolha da pessoa do discurso. Embora haja práticas legitimadas sobre esse aspecto, cada vez mais, os textos da introdução de trabalhos monográficos e das seções de desenvolvimento vêm sendo escritos em primeira pessoa (eu/nós). É importante, no entanto, que esse aspecto seja discutido com o orientador do trabalho. 18 Manual de Estágio Vale lembrar que, caso a opção seja pela linguagem científica, o autor deve redigir o texto na voz passiva – foi observado, foi elaborado –, na terceira pessoa do singular com o pronome se, ou por expressões como o presente estudo, a presente pesquisa. Há ainda a opção de desenvolver o texto em primeira pessoa do plural, considerando-se que o trabalho tenha sido desenvolvido pelo aluno e por seu orientador. Ao desenvolver o texto em primeira pessoa do singular, o autor não necessariamente deve prescindir de fazer referência a outros estudos ou de posicionar-se enquanto pertencente a um grupo com determinadas convicções e posicionamentos teóricos. Carmo-Neto (1996) nos oferece algumas pistas para construirmos as justificativas de nosso trabalho: � Por que mais um trabalho sobre esse tema? � Em que este é diferente dos outros? � Por que essa diferença é relevante? � O que meu trabalho muda no conjunto de textos sobre o mesmo assunto? � Por que ele deve ser lido? Por quem? � O que o leitor vai encontrar de interessante, de substancial e atrativo em meu trabalho? Outro lembrete importante em relação ao desenvolvimento da monografia diz respeito à apresentação do objetivo do trabalho no decorrer do texto. Muitas vezes, o autor opta por retomar o objetivo em muitos momentos do desenvolvimento do texto, correndo o risco de apresentá-lo de diferentes maneiras e, inclusive, de cair em contradições. Para que isso não ocorra, sugerimos que sempre que o objetivo do trabalho for explicitado no texto, seja destacado ou indicado a partir de uma marca gráfica, possibilitando, no momento de revisão final, comparar tais enunciados e corrigir inadequações e/ou contradições. � DESENVOLVIMENTO Esta é a parte mais extensa de um trabalho monográfico e também a mais importante. Estará subdividida em capítulos (que, por sua vez, se dividem em subseções), sendo que cada capítulo deverá abrir uma página nova do trabalho. 19 Serviço Social Capítulos deverão ser indicados por algarismos romanos, sendo o título do capítulo escrito em letras maiúsculas; subseções deverão ser indicadas por algarismos arábicos, sendo os títulos escritos com maiúscula apenas nas letras iniciais das principais palavras. Há diferentes formas de identificação para as partes de uma monografia, apresentadas por diferentes autores. O que importa, na verdade, é que, uma vez utilizado um estilo, ele deverá ser padronizado no desenvolvimento de todo o trabalho. � FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Um dos itens apresentados no desenvolvimento da monografia refere-se ao arcabouço teórico, ou seja, toda a teoria na qual o trabalho está apoiado. Esse capítulo deverá ser desenvolvido em linguagem própria do autor, porém, sustentada por citações de autores que já discutiram o mesmo assunto e elaboraram teorias sobre ele. Todos os autores citados no decorrer do texto monográfico estão compondo, ao final do trabalho, o que denominamos Referências Bibliográficas. Em seção posterior, serão apresentadas as orientações para a elaboração das referências bibliográficas. É importante lembrar que nos capítulos de desenvolvimento o autor deverá explicitar, sempre que possível, a relação entre o que está sendo dito e o objetivo do trabalho. Assim, é comum retomar o tema discutido, principalmente no desenvolvimento da seção de fundamentação teórica, pelo simples fato de que a teoria ali apresentada só é significativa na medida em que se relaciona diretamente com o objetivo proposto na pesquisa. A seguir, com base em Guidin (2003), serão apresentados exemplos e comentários característicos de monografias que focalizam temas de Geografia, os quais poderão se reportar à Geografia do Brasil ou Geografia Geral. ASPECTOS BIOGRÁFICOS E CARACTERÍSTICAS DO AUTOR (sempre que JUSTIFICADOS PELO TEMA ESCOLHIDO) Sob orientação bibliográfica do professor orientador, nesse capítulo são abordados os traços biográficos dos trabalhos geográficos cujos autores sejam relevantes para elaboração do seu trabalho, de acordo com as características próprias de seu estilo, influências recebidas de época e de outros autores. Pode-se incluir nesse capítulo um ou outro depoimento crítico sobre o autor, advindos de autoridades na área, de acordo com a bibliografia pesquisada. O que no caso da Geografia, nos leva a questionar determinada classificação ou definição. 20 Manual de Estágio CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL DEPENDENDO DO TEMA ESCOLHIDO E DO LUGAR Nesse tópico, devem-se desenvolver relatos críticos, ou depoimentos, ou ainda bibliografias sobre a época e o lugar em termos sociohistórico e cultural em que se manifestou o fenômeno, seja ele natural ou decorrente da ação antrópica ( grupos humanos) . Se você optar por algum tema que aborde aspectos naturais (relevo, clima, vegetação, hidrografia, atividades sísmicas, vulcanismo, geologia, entre outras), deve mencionar autores específicos dessas áreas. Caso realize pesquisa de campo para agronegócios, aspectos humanos, estudos do espaço rural ou urbano, deve consultar bibliografias de apoio aos seus dados coletados. A sua pesquisa poderá estar inserida em outro contexto histórico, sociológico e cultural, portanto, deve ser abrangente e não se ater apenas a manuais escolares, amplie sua pesquisa através da bibliografia ou investigação de campo. Por exemplo, você pode falar sobre um evento natural ocorrido em sua cidade, no Brasil como um todo ou ainda em alguma área do mundo no passado mais distante ou recente e relatar como está esse lugar nos dias atuais. � METODOLOGIA Nesse capítulo, o autor da monografia deverá descrever, em detalhes, os procedimentos utilizados nas diversas fases da pesquisa e da elaboração do texto. Procedendo dessa forma, dará oportunidade a outros pesquisadores e aos leitores do trabalho de acompanhar todos os passos e pensamentos do autor, entender sua lógica de pensamento em relação à análise dos dados e até mesmo iniciar uma nova pesquisa, com base no encaminhamento apresentado. Quando, na metodologia, o autor explicita claramente os procedimentos escolhidos para a condução da pesquisa, o leitor – mesmoque não conheça a teoria na qual o trabalho está sustentado –, é capaz de compreender os resultados de sua análise de dados. Pressupõe-se também que, quando a metodologia é apresentada de maneira clara, objetiva e detalhada, outros pesquisadores podem replicar o trabalho. Um procedimento interessante para os pesquisadores é a manutenção de um diário de pesquisa, anotando TUDO o que estiver sendo feito para chegar ao resultado da pesquisa. Frequentemente, fazemos muito mais coisas do que dizemos ter feito, no capítulo de Metodologia. Por isso, notas do diário poderão ser muito úteis (Machado, 2001). Aspectos essenciais no capítulo da Metodologia dizem respeito a: 21 Serviço Social � contexto da pesquisa – descrição detalhada da situação (física / social) da pesquisa; � participantes – caso a pesquisa envolva pessoas e/ou gravação de dados orais; � procedimentos / instrumentos de coleta de dados – meios pelos quais os dados foram coletados, como: gravador, vídeo, coleta em jornal, filme, etc. � procedimentos de seleção de dados – critérios utilizados para escolher os dados a serem analisados (por que esses dados e não outros?); � método(s) de análise e as categorias utilizadas. Voltamos a salientar que, segundo Traldi e Dias (1998), o capítulo da metodologia é facultativo, principalmente, quando pensamos em trabalhos de cunho literário. Assim sendo, o “capítulo da Metodologia não precisa existir, desde que as informações a ele destinadas já tenham sido expostas na Introdução. No entanto, os estudos em que a metodologia constitui parte expressiva do trabalho, o capítulo separado da Introdução dá uma conotação de melhor organização e permite revelar com mais detalhamento as técnicas e os processos empregados pelo autor para dar prosseguimento ao estudo”. � ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO Nesse capítulo, o autor de um texto monográfico não só exercita sua capacidade de argumentação, mas também trabalha com critérios de coerência e coesão na elaboração do texto, aspectos muito importantes para dar validade científica ao trabalho apresentado. Os dados, analisados à luz da teoria apresentada na fundamentação teórica, estarão à mercê dos argumentos do autor. Para isso, ele recorrerá a explicações, análises, esclarecimentos de ambiguidades, descrições, etc., que ofereçam ao leitor condições de compreender o encaminhamento do raciocínio na busca por comprovações do aspecto pesquisado. É importante ressaltar que discussões com base nas posições teóricas vão requerer sempre que o autor examine posições contrárias, estabeleça confrontos, compare, fazendo uso de um processo dialógico na elaboração do texto. As análises realizadas num trabalho monográfico deverão ser rigorosamente orientadas pelos professores orientadores de acordo com sua área de saber metodológico e acadêmico. No caso da análise literária, a título de exemplo, ela pode ser interpretativa. A linha de abordagem 22 Manual de Estágio adotada tem de estar clara para o leitor da monografia e deverá estar explicitada no capítulo de metodologia, já apresentado em seção anterior nesta apostila. Como exemplo, Guidin (2003, s.p.), no caso de Geografia brasileira, tece os comentários a seguir: A análise realizada a partir da bibl iografia escolhida para a monogra- fia, orientada pela profa. XXX, segue os parâmetros metodológicos l igados à l inha crít ica interpretativa, segundo as relações entre Ambiente e Sociedade — Assim, interpretar o texto da obra geográfica nem sempre significa aceitar que os conceitos são transparentes em seu sentido. Cabe ao intérprete (que fun- ciona como leitor, tradutor e como crít ico) a função de compreender e traduzir para um discurso outro, (o da compreensão: escrevendo), o que está por trás do texto. Interpretar é, então, recolher, num conjunto de possibi l idades de sentido de um texto, as que sejam mais eficazes (segundo o analista) para responder à pergunta “o que este escrito quer dizer com sua existência” (BOSI, 1995)? Para tanto, considera-se que o texto é produto de uma consciência criadora (o artista, o escritor) , o qual possui determinada postura ideológica, existencial e psicológica frente a sua produção artística. Sob esse aspecto, o seu texto geográfico deverá estar contextualizado com outras áreas do conhecimento a fim de explicitar a sua proposta de trabalho. Assim, todo texto geográfico é gerado numa mistura de lembrança e memória social , fantasia criadora e percepção singular das coisas, além de esti lo herdado de pessoas, l ivros, sociedade em geral . O analista-intérprete do texto geográfico leva em consideração o que provoca alguém a produzir um texto para um pro- blema ou uma investigação no campo, que é muito amplo no caso de pesquisas cujo caráter é próprio da Geografia, podendo decorrer de observações pessoais ou de terceiros, ou ainda de textos bibl iográficos. Ou seja, o autor foi provo- cado, motivado a criar o texto por fatos, acontecimentos, nomes — coisas que acolheu para si , dentro de seu ponto de vista ou dentro de sua área de interesse. Quer dizer: o autor situa o evento no seu aqui e no seu agora, como afirmam Bosi (1995) e Candido (1982). Um texto para monografia, também pode surgir a partir de algum questionamento individual ou do grupo que vai elaborá-lo. 23 Serviço Social Vale lembrar ainda que o capítulo de discussão dos resultados requer do pesquisador a habilidade de tecer uma rede de significados que perpassem as informações, os dados, as teorias apresentadas no decorrer da monografia. É o momento de assumir posicionamentos e buscar a integração teoria/prática, em direção ao objetivo proposto no início do trabalho. Esse fator é o mais relevante em se tratando de aferir os resultados da pesquisa e avaliar o seu significado para o crescimento do conhecimento científico (Severino, 2002). E mais: o capítulo de discussão é, fundamentalmente, um capítulo pautado em debates e questionamentos. Assim, o pesquisador precisa estar preparado para responder seus próprios porquês e apresentar essas respostas com clareza, pois serão elas, quando bem fundamentadas, que farão emergir os resultados da pesquisa. � CONCLUSÕES DO TC As conclusões em uma monografia, mesmo sendo a parte menos extensa, apresentam importância fundamental. Devem conter considerações e síntese a respeito das análises, apresentando aspectos convergentes e/ou divergentes observados ao longo do desenvolvimento do trabalho, além de comentários sobre sua aplicabilidade didático-pedagógica e sobre a sua contribuição da perspectiva discursiva. “A conclusão não é uma ideia nova, um pormenor ou apêndice que se acrescenta ao trabalho; nem tampouco um resumo dele” (Guidin, 2003, s.p.). O tema discutido, anunciado na introdução do trabalho e retomado em seu desenvolvimento, desemboca na conclusão, de forma lógica e natural, como decorrência. É nela que proporcionamos ao leitor recapitular os passos significativos do trabalho e, para isso, faz-se necessário retomar não somente o objetivo, mas também a caminhada do trabalho. A conclusão situa o leitor em relação às partes do trabalho. É na conclusão, momento culminante da monografia, que as experiências pessoais e novas perspectivas dos autores podem vir à tona, de certo modo, resgatando os objetivos propostos inicialmente e as lacunas suscitadas na introdução. Interessante lembrar que, enquanto na introdução existe a preocupação com a delimitação do tema, nas conclusões o sentido maior está em vislumbrar novas possibilidades para tratamento desse mesmo tema. Essas possibilidades podem ser oferecidas ao leitor como sugestões para pesquisas posteriores, caracterizando, aliás, o movimento da ciência: avançar em mares pouco desbravados. 24 Manual de Estágio Quanto às qualidades do texto referente às conclusões, é importante lembrar que suas características são: a) brevidade: a conclusão deve ser breve e exata, concisa e convincente; b) objetividade:a conclusão é síntese interpretativa dos elementos essenciais discutidos e analisados no transcurso da monografia; c) personalidade: a conclusão deve apontar claramente o ponto de vista dos autores, por meio de marcas pessoais, não deixando de apresentar novas rotas para a continuidade do trabalho. 4. Elementos pós-textuais Os elementos pós-textuais, também denominados elementos referenciais, compreendem a referência bibliográfica, os anexos e os apêndices, quando necessários. Estes são elementos orientadores para os leitores, que a eles recorrem, sempre que, no decorrer da leitura do corpo do trabalho, houver indicações que lhes suscitem a curiosidade ou que possam auxiliar na compreensão da caminhada do pesquisador. � REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A exigência, não somente em relação às monografias, mas em qualquer publicação científica, é que seja elaborada uma seção de Referências Bibliográficas. No entanto, é importante que o autor conheça a diferença entre Referências Bibliográficas e Bibliografia. Referências Bibliográficas refere-se às obras (livros, artigos impressos ou presentes em fontes eletrônicas etc.) que foram citadas no corpo do trabalho. Isso significa que, ao fazer uso das vozes de diferentes autores, quer textualmente, quer parafraseando-os, o autor da monografia deve citá-los no corpo do trabalho e referenciá-los na seção Referências Bibliográficas. Já a Bibliografia, usada como referencial em ementas de cursos ou em textos para uso didático, inclui todas as obras lidas e estudadas pelo autor, para a elaboração do texto em questão. Como as citações estão diretamente relacionadas às referências bibliográficas, apresentamos, a seguir, orientações para a elaboração de ambas. 25 Serviço Social � CITAÇÕES Citações correspondem à menção, no texto, de informação colhida em outra fonte. Pode ser uma transcrição ou paráfrase, direta ou indireta, de fonte escrita, oral ou eletrônica. As citações são elementos (partes, frases, parágrafos, etc.) retirados dos documentos pesquisados durante a leitura da documentação e que se revelam úteis para sustentar o que o autor afirma no decorrer do seu raciocínio. Veja exemplos a seguir: Citação textual com mais de três linhas: a língua portuguesa vem assumindo, desde o período do descobrimento até agora, funções culturais, científicas, sociais, estéticas, políticas, administrativas, comerciais etc., tornando-se idioma oficial de oito nações contemporâneas. Segundo Silva Neto (1979, p.127), na África, a língua portuguesa tem grande importância: Autor ano da edição página Citação com mais de três linhas de texto deve vir destacada como o exemplo na página anterior, com recuo apenas à esquerda (de 4 cm), sem aspas, com a mesma fonte utilizada no texto, mas em tamanho 10 e espaçamento entre linhas simples, em itálico se desejado. Citação textual de até três linhas: Conforme Terra (1997/2001, p.50), “vocábulos de origem indígena e africana, como maloca, macumba, vatapá etc., muito comuns para nós, não são tão comuns para os portugueses” e, dessa forma, podemos concluir que ... Terra ( 1997 / 2001, p.50 ) Último sobrenome Ano da edição Ano da edição que Página de onde do autor consultado original do livro você está utilizando foi retirado o que você está trecho utilizado utilizando Em 1551, o inglês Windham esteve nas Guinés. Pois: o rei de Benim falou em português aos ingleses, língua que ele tinha aprendido desde a infância; ou ainda: Em 1563, visitando Baker a costa da Mina, “ao oeste do Cabo das Três pontas, os negros lhe falaram em bom português 26 Manual de Estágio Citação parafraseada: Segundo Duarte (1998/2001), o uso do pronome TU é correto no estado do Maranhão, mas no Rio Grande do Sul, por exemplo, as pessoas utilizam o TU (2ªpessoa) concordando com o verbo na 3ª pessoa, por exemplo, TU VAI ao cinema comigo? (Nessa citação não aparece página porque o texto não foi copiado do autor e sim parafraseado, ou seja, modificado por quem o utilizou.) Notas de rodapé: devem ser identificadas como referências bibliográficas parciais, a serem completadas na bibliografia final; inserir nelas considerações ou informações complementares que, se feitas no texto principal, poderiam prejudicar a sequência lógica do texto; inserir nelas tradução (com indicação “tradução minha”) ou versão original de alguma citação traduzida no texto. Citação de anotações de aula ou comunicações pessoais: devem ser indicadas com o último sobrenome do autor e, entre parênteses, a expressão comunicação pessoal. Observe alguns exemplos de referências bibliográficas: � Sobrenome do autor indicado na ficha catalográfica da obra consultada, em letras maiúsculas, seguido de vírgula e o nome do autor seguido de ponto. � Ano da edição original (caso a edição consultada não seja a primeira), seguido de ponto. � Título do livro, em itálico (opcional), seguido de ponto. � Edição e impressão, caso não sejam as primeiras, seguida de ponto. � Localidade seguida de dois-pontos, editora seguida de vírgula e ano da edição consultada seguido de ponto, caso seja diferente do ano da edição original. DUARTE, Sérgio Nogueira. 1998. Língua Viva: uma análise simples e bem-humorada da linguagem do brasileiro. 4aed. Rio de Janeiro: Rocco Editora, 2001. TERRA, Ernani. 1997. Linguagem, língua e fala. 1aed. 3aimp. São Paulo: Editora Scipione, 2001. 27 Serviço Social � ANEXOS E APÊNDICES Anexos são documentos complementares à monografia, que esclarecem os conteúdos nela tratados. Aos anexos pertencem, por exemplo, as transcrições (na íntegra) de dados coletados, documentos, leis, pareceres, etc. utilizados como suporte às discussões, e que prejudicariam a estética do trabalho caso fossem inseridos em seu corpo. Anexos são necessários, na maioria das vezes, para que os leitores do trabalho busquem a melhor compreensão das interpretações e conclusões do autor. Em geral, são ordenados a FREITAS, M.Teresa; SOUZA, Solange J. e; KRAMER, Sonia. (orgs.) Ciências Humanas e Pesquisa: Leituras de Mikhail Bakhtin. São Paulo: Editora Cortez, 2003. (Coleção Questões da Nossa Época; v.107, p.35-39) MARSICK, V. Factors that affect the epistemology of group learning. Disponível em http://www.eds.educ.ubc.ca/aerc/1997/97marsick.htm. Acesso em 13/05/04. ORELLANA, M.F.; BOWMAN, P. Cultural Diversity Research on Learning and Development: conceptual, methodological, and strategic considerations. In: American Educational Research Association. v. 32, no 5, June/July - 2003. P.26-32. � Obra pertencente à coleção indicada entre parênteses: indicação de volume e páginas consultadas. � Fonte eletrônica, com indicação da data da consulta. � Indicação de autor cujo artigo ou capítulo está inserido em uma obra organizada por outro autor ou em revista – usar In seguido de dois-pontos. FULLAN, Michael; HARGREAVES, Andy. 1996. A Escola como Organização Aprendente: buscando uma educação de qualidade. 2a ed. Trad. Regina Garcez. Porto Alegre: Artmed editora, 2000. BEDNY, Gregory Z. et al. Activity Theory: history, research and application. In: Theor. Issues in Ergon. SCI. V.1, 2000, no 2, p.168-206. � Indicação de obra com dois ou três autores. � Indicação de obra com mais de três autores. 28 Manual de Estágio partir de um critério lógico, por exemplo, sequenciados por data de utilização no trabalho, e aparecem numerados ou são indicados por letras (Anexo 1 ou Anexo A). Essas denominações permitem que, ao fazer referência ao seu conteúdo no corpo do trabalho, o autor da monografia apresente a indicação de onde se encontra o trecho, na íntegra. Exemplificando: “Conforme comentado no capítulo anterior, os dados referentes ao participante André (Anexo 5) foram coletados em seu ambiente de trabalho”. Os anexos aparecem, geralmente,após as referências bibliográficas. No entanto, há controvérsias a esse respeito e muitos autores preferem inserir anexos antes das referências bibliográficas, para que a numeração de suas páginas siga a numeração do próprio trabalho. Já os apêndices caracterizam-se por serem materiais produzidos pelo próprio autor da monografia. Fazem parte deles: questionários utilizados na coleta de dados, fichas e materiais preparados para coletar dados em entrevistas, tabelas elaboradas para sustentar discussões, trechos da análise dos dados. � ÍNDICES Pouco utilizados nas monografias (que optam por apresentar, no início, um sumário com as indicações de assuntos e páginas), os índices, quando utilizados ao final da obra, têm objetivos diversos. Eles podem apresentar: uma lista de assuntos (índice denominado sistemático); lista de termos referidos (índice denominado remissivo); lista de todos os nomes próprios presentes (índice denominado onomástico); lista de lugares (índice denominado toponímico); lista de citações bíblicas (índice denominado escriturário). VIII. A linguagem da monografia Considerando-se as diferentes partes que compõem o texto monográfico, é importante ressaltar que a linguagem se apresenta de diferentes e bem marcadas formas, influenciando na qualidade e validade do texto construído. É possível perceber que a linguagem caminha por diferentes tipos de discurso, com marcas ora expositivas, ora narrativas, percorrendo a descrição, a análise e a crítica (Brandão, 2001), caracterizando essas partes da monografia. 29 Serviço Social � Linguagem expositiva A linguagem expositiva caracteriza-se, nas monografias, pelo discurso teórico presente tanto na introdução quanto na fundamentação teórica. A exposição exige que o autor seja objetivo, que apresente os conceitos teóricos relevantes ao trabalho, atribuindo a ele próprio ou a outros autores a responsabilidade enunciativa. Segundo Brandão (2001:30): � Linguagem descritiva A linguagem descritiva caracteriza-se, nas monografias, pelos relatos fortemente presentes na metodologia. Nesse capítulo, o autor é convidado a detalhar os fatos relacionados ao contexto de pesquisa e a todos os procedimentos que vão desde a escolha do corpus para estudo, e/ou coleta de dados, aos critérios escolhidos para análise. A linguagem descritiva pressupõe a ausência de julgamentos e juízos de valor por parte do autor. � Linguagem analítica A linguagem analítica caracteriza-se, nas monografias, pelo uso da explicação e da argumentação. Nesse sentido, faz uso de relações lógicas entre os elementos que se encontram explícitos no texto e aqueles implícitos, mas provocadores de sentido em relação ao objetivo da monografia. É possível dizer que a linguagem analítica se presentifica com maior intensidade no capítulo Essa função ‘objetiva’ não impede, entretanto, que seja permeada de elementos analíticos, argumentativos ou críticos. Em verdade, a participação do pesquisador se concretiza – o que não é pouco – desde a seleção do material, isto é, quando faz os recortes teóricos, criativos ou críticos incorporados em seu texto e no modo como distingue esses dados ‘objetivos’ das suas próprias interpretações sobre eles. Embora, rigorosamente falando, não exista em estado ‘puro’, podemos chamar de ‘objetiva’ aquela linguagem que procura apreender os fatos ou outra linguagem em seus próprios elementos constitutivos, independentes de interpretação do pesquisador e, ‘subjetiva’ aquela linguagem que expressa reflexões pessoais, opiniões ou propostas do pesquisador, devidamente fundamentadas, e não confundidas com afirmações que apenas denunciam reações afetivas de agrado ou desagrado. 30 Manual de Estágio de discussão e argumentação, no qual são discutidos e sustentados os pontos de vista do autor do trabalho, à luz dos fundamentos teóricos selecionados. � Linguagem crítica A linguagem crítica caracteriza-se, nas monografias, pela emissão de opiniões e conclusões do autor, após o exaustivo questionamento a que submeteu os dados coletados ou o corpus de análise. Segundo Brandão (2001:31), IX. Dicas importantes antes de começar – passos da pesquisa Dependendo de tema e/ou texto escolhido pelos alunos do grupo, o trabalho poderá caracterizar-se como pesquisa analítico-bibliográfica somente, ou pesquisa de campo (contendo entrevistas e coleta de dados). É importante, nesse sentido, atuar eticamente, em especial quando a atividade envolver seres humanos, levando em consideração o seguinte: � participantes da pesquisa têm o direito de receber informação prévia sobre: o fato de estar fazendo parte de um trabalho acadêmico, a temática envolvida, a duração e a frequência dos encontros etc.; � relacionamento entre pesquisador e participantes da pesquisa deve ter caráter formal; � com frequência, escolas, empresas e outras instituições queixam-se de que os alunos vão até elas, recolhem material e depois desaparecem sem retornar para apresentar as conclusões da pesquisa. O participante da pesquisa – quer seja um indivíduo, quer seja uma instituição – não só merece, mas também tem o direito de receber um retorno após o término do trabalho. Por exemplo, podem-se enviar os resultados da atividade desenvolvida, um especial agradecimento, um exemplar da monografia, convites para assistir à apresentação da pesquisa, etc. É pela linguagem crítica que o estudioso pode efetivamente contribuir para o avanço das ideias em relação a determinado campo do saber, apresentando reflexões originais, nascidas seja de novos enquadramentos a partir dos elementos já conhecidos, seja aprofundando ou ampliando os referenciais de pesquisa para aspectos ou setores ainda não considerados. 31 Serviço Social � ESPECIFICAÇÃO DO CORPUS Entende-se por corpus a delimitação do universo a ser estudado, isto é, objeto sobre o qual o pesquisador irá deter-se: textos, fragmentos, etc. Observe os itens a seguir: � Corpora A escolha do corpus depende do fato que se pretende estudar. Um corpus precisa ser representativo em relação ao fato escolhido, ou seja, não posso desejar estudar a fala dos habitantes de uma determinada comunidade de poloneses no sul do país, tendo como corpus apenas a gravação da conversa de duas ou três pessoas de uma mesma família, pois isso não me permitiria perceber como eles são influenciados pela fala de outros habitantes da comunidade. Um corpus pode ser muito extenso, sendo possível encontrar nele uma diversidade de situações para estudar; ou pode ser muito limitado, como por exemplo, compor-se da fala de um único indivíduo e, então, seria possível estudar seu idioleto. Todo corpus contém fatos marginais, ou seja, aqueles que contêm erros, incoerências, jogos de palavras, etc., que deverão ser criticados pelo linguista em sua análise. Um corpus se torna mais significativo quando os dados são gravados, pois, dessa forma, é possível transcrever os dados e os ruídos que eventualmente aparecem na oralidade podem ser descartados no momento da análise. � Materiais construídos São aqueles elaborados por informantes. Os materiais construídos ultrapassam os limites do corpus, pois depende dos informantes. No entanto, pode apresentar armadilhas para o linguista, ou seja, o informante pode descartar enunciados significativos ou apresentar enunciados complexos demais (que fogem ao que se propôs o linguista); ou ainda, entender 32 Manual de Estágio as normas ou regras do trabalho de diferentes formas, interferindo nas informações ou enunciados que produz. Materiais construídos não dependem da situação real e focalizam apenas o fato linguístico que está sendo analisado. X. Elaboração do artigo científico 1. O presente Regulamento normatiza as atividades de pesquisa orientada, e também o trabalho de artigo científico dela resultante, requisito indispensável para a aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II ou equivalente, conforme a especificidadede cada curso da UNIP. 2. A produção do artigo científico visa desenvolver no acadêmico a capacidade de um estudo teórico-reflexivo a partir de atividades de pesquisa, sua análise e procedimentos metodológicos, organizados de forma técnica adequada às normas de produção de um trabalho científico. 3. O artigo, que consiste em trabalho científico de pesquisa orientada individual, compreende a elaboração do pré-projeto e da versão definitiva do trabalho, mantendo paridade entre os temas e a área de concentração escolhida. 4. A produção científica objetiva oportunizar aos alunos dos cursos de graduação (bacharelado ou licenciatura) uma ocasião de demonstrar o grau de habilitação adquirido, o aprofundamento temático, o estímulo à produção teórica, à consulta de bibliografia especializada, segundo as normas formais de metodologia científica e o aprimoramento da capacidade de interpretação e análise de dados. 5. O pré-projeto do artigo será elaborado de acordo com as normas, fases e cronograma estabelecidos na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I ou equivalente, compondo nota como parte de aprovação nesta disciplina. 6. A elaboração do pré-projeto e do artigo deverá adotar as regras da ABNT, adaptadas segundo orientação recebida nas disciplinas: Metodologia do Trabalho Acadêmico, Métodos 33 Serviço Social de Pesquisa e outras afins e determinações das Normas Metodológicas para elaboração do trabalho final. 6.1. O trabalho de conclusão de curso deverá ser elaborado conforme as determinações das Normas Metodológicas para elaboração de Artigo Científico, NBR 6022, disponível no site da UNIP. 7. O trabalho deverá conter no mínimo 15 (quinze) e no máximo 25 (vinte e cinco) páginas, excluindo-se a capa e as referências bibliográficas (fora desse padrão, o trabalho somente será aceito com anuência do professor orientador). 8. O professor orientador será indicado pela Coordenação do curso devendo o trabalho ser orientado por docente, Especialista, Mestre ou Doutor, preferencialmente entre aqueles que ministram ou ministrarão aulas no Curso. XI. Produção de material didático em atividade de TC Levando-se em conta que uma pesquisa pode ser realizada também a partir da elaboração e do uso de materiais didáticos, é preciso observar alguns itens importantes relacionados ao modo como os materiais devem ser produzidos. O primeiro deles diz respeito ao plano geral do texto, ou seja, antes de iniciar a elaboração do material didático, o autor deve destacar os seguintes dados: � Para quem o material será escrito? Detalhes socioculturais em relação ao público-alvo e ao contexto de uso são imprescindíveis para que se produza um material coerente com as necessidades destacadas na pesquisa. � O que será contemplado no material? A escolha do assunto/tema principal a ser explorado no material deverá ser condizente com a realidade pesquisada e, também, com objetivo de aprendizagem proposto. � Qual o objetivo de aprendizagem? O objetivo de aprendizagem deve ser elaborado antes de se iniciar a escrita do material, indicando claramente o que se pretende alcançar ao final da atividade com o referido material. 34 Manual de Estágio A escolha dos objetivos está diretamente relacionada às capacidades e competências que se deseja desenvolver nos alunos ao longo do uso do material. Vale destacar o que diz Leffa sobre a escolha de verbos para indicar objetivos dos materiais para o ensino: � Como os materiais serão elaborados? É importante lembrar-se de que, no momento de decidir como serão elaboradas as atividades/ tarefas propostas no material didático, o autor precisa ter clareza quanto à fundamentação teórica necessária para se alcançar o objetivo proposto para o material. Exemplificando: não é possível um autor preparar uma atividade para o ensino de gêneros textuais se ele próprio não tem conhecimentos teóricos que sustentem as discussões sobre os gêneros textuais propostos no material que organiza; não é possível preparar uma atividade para o ensino de coesão textual se o próprio autor não conhece as teorias sobre coerência e coesão textuais. Ainda em relação ao modo de elaborar os materiais didáticos, vale destacar os seguintes aspectos: Os objetivos podem ser gerais ou específicos. Objetivos gerais são elaborados para períodos maiores de aprendizagem, como o planejamento de um curso; os objetivos específicos, para períodos menores, envolvendo, por exemplo, uma aula ou atividade. Ambos devem começar com um verbo que descreva o comportamento final desejado para o aluno. Para os objetivos gerais usam-se geralmente verbos que denotam comportamentos não diretamente observáveis. Entre esses verbos, os seguintes têm sido usados com mais frequência: saber, compreender, interpretar, aplicar, analisar, integrar, julgar, aceitar, apreciar, criar, etc. Para os objetivos específicos, usam-se verbos de ação, envolvendo comportamentos que podem ser diretamente observados. Entre eles, destacam- se: identificar, definir, nomear, relacionar, destacar, afirmar, distinguir, escrever, recitar, selecionar, combinar, localizar, usar, responder, detectar, etc. Verbos que denotam processo – aprender, desenvolver, memorizar, adquirir, etc. – não podem ser usados para elaborar objetivos educacionais; eles não descrevem o resultado da aprendizagem. (LEFFA, 2003, p.17-8) 35 Serviço Social 1. Quais materiais de suporte serão utilizados na preparação do material didático? A escolha de jornais, revistas, imagens, textos midiáticos, computador, busca na internet, situações do cotidiano, etc. pode ajudar na elaboração do material didático, favorecendo a relação aprendizagem/leitura de conteúdo – aprendizagem/leitura de mundo. 2. Quais atividades para despertar os conhecimentos prévios serão utilizadas na preparação do material? Uma vez determinado o conteúdo a ser aprendido com a realização da atividade, é importante que o autor a inicie oferecendo ao aluno possibilidades de retomada de seus conhecimentos prévios, para propor sua relação com o conteúdo a ser aprendido. Ressalta-se também a importância do trabalho com intertextualidade nos materiais didáticos. Quanto mais um autor recorre à diversidade de textos para compor um material didático, mais eficazmente proporcionará aos alunos o estabelecimento de relações entre os conhecimentos que já possuem e os novos conhecimentos a serem internalizados. 3. Como ordenar as atividades do material didático elaborado? A ordenação das atividades depende dos objetivos de aprendizagem, mas é importante que elas sejam oferecidas de acordo com as competências que se deseja desenvolver, oferecendo aos estudantes condições para resolvê-las. 4. Como deve ser a linguagem de um material didático? A escolha da linguagem dependerá, sempre, do contexto para o qual o material está sendo produzido. Embora o modo impessoal de uso dos verbos seja o mais indicado, vale observar, exemplificando, que se o material está sendo produzido para crianças, essa forma verbal pode distanciá-los dos objetivos propostos, não causando envolvimento da criança com o texto apresentado. Em outras palavras, todo material didático preparado para o aprendizado deve fazer uso de uma linguagem dialógica, tal que o aluno se sinta convidado a “participar” do que está proposto. Atrelada a essa questão da linguagem, está também a necessidade de se utilizar clareza e objetividade, por meio de termos que possam ser reconhecidos pelos estudantes ou que, no mínimo, seja possível a eles procurarem seu significado. 5. Como deve ser o posicionamento do autor? Embora saibamos da não neutralidade da linguagem – e, portanto, da sempre presente ideologia do autor em qualquer texto –, é importante que pontos de vista autorais não sejam explicitados 36 Manual de Estágio nos materiais didáticos, pois afetariam a produção de significados por parte dos alunos. Também é importante para o aluno perceber como o autor recorreua fontes externas no momento da produção do material e isso implica citar fontes em todas as atividades que fazem uso de textos de outros autores, textos midiáticos, imagens, etc. 6. Como deve ser a organização do material didático? Aqui, estamos nos referindo às questões estéticas do material: distribuição clean no suporte, seja ele papel ou qualquer outro como o computador, a lousa, murais, etc., de modo a não causar confusões para o aluno no momento de trabalho. Nesse sentido, vale destacar: a economia de espaço em qualquer tipo de suporte escolhido pode causar um distanciamento do aluno em relação ao objetivo de aprendizagem proposto. Lembrar-se, sempre, de que há alunos que aprendem mais por meio de estratégias visuais, outros por meio de estratégias textuais, ou ainda, outros por meio de estratégias corporais, que implicam em se movimentar, indicativos fortes para que produzamos materiais didáticos orientados à diversidade. XII. Entrega do TC e número de exemplares Respeitando o calendário previamente estabelecido para o atual semestre letivo, os alunos deverão postar sua monografia completa. � Avaliação Na composição dessa nota são levados em conta os seguintes quesitos: a) Participação do aluno: 5% � cumprimento do cronograma; � disciplina do aluno na elaboração da pesquisa; � assiduidade na elaboração do trabalho e na orientação (participação em fóruns e chats). b) Apresentação: 5% � aspectos formais; � redação do trabalho. c) Pesquisa bibliográfica: 10% 37 Serviço Social � pertinência dos textos escolhidos; � leitura crítica dos textos. d) Elaboração do trabalho: 30% � coesão e coerência; � argumentação. e) Banca: 50% Nota: a Coordenação Pedagógica considera também como valor do TC a participação dos alunos nos polos no momento das teleaulas, inclusive no momento da defesa do TC. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (DESTE MANUAL) ANDRADE, M. Margarida de. 1995. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 3a ed. São Paulo: Editora Atlas, 1999. BRANDÃO, R. de O. Elementos de metodologia em nível de pós-graduação. Áreas de Letras. São Paulo: Humanitás; FFLCH/USP, 2001. CARMO-NETO, Dionísio. Metodologia científica para principiantes. 3a ed. Salvador: Ed. Universitária Americana, 1996. DIAS, R.; TRALDI, M. C. Monografia passo a passo. 1ª ed. Campinas/São Paulo: Editora Alínea, 1998. D’ONOFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. São Paulo: Atlas, 1999. ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1989. GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1977. GUIDIN, Márcia Lígia Di Roberto. Manual de TCC – UNIP, 2003. HUBNER, M. M. Guia para elaboração de monografias e projetos de dissertação de mestrado e doutorado. São Paulo: Mackenzie, 1998. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991. LEFFA, V.J. Como produzir materiais para o ensino de línguas. Disponível em: <http://www. leffa.pro.br/textos/trabalhos/prod_mat.pdf> Acesso em: 28 jun. 2013. MACHADO, Anna Rachel. (notas de aula) Gênero Tese. LAEL – PUC-SP, 2001. 38 Manual de Estágio MEDEIROS, João Bosco. Redação científica. São Paulo: Atlas, 1996. MOISÉS, Massaud. Literatura: mundo e forma. São Paulo: Cultrix, 1982. SALOMON, Décio Vieira. Como fazer uma monografia. 3a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 1997. SPINA, Segismund. Normas gerais para trabalho de grau. São Paulo: Fernando Pessoa, 1974. VICTORIANO, Benedicto A.D.; GARCIA, Carla C. 1996. Produzindo monografia. Publisher Brasil, 1999. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 2a ed. Rio de Janeiro: ABL/Block/Imprensa Nacional, 1998.
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