Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Logistics 197 Logistics (Logística) 7.1 O que é A Logística é o conjunto dos fluxos informativos e dos fluxos físicos dos materiais que permitem satisfazer o cliente enviando: os componentes certos e os objetos produzidos ou a ser produzidos; no local certo; na hora certa; na quantidade certa; com a qualidade certa. Nesse sentido a Logística é bem mais ampla do que o tradicional gerenciamento dos materiais, dos almoxarifados e dos transportes. A Logística envolve principalmente três processos diferentes da empresa: o processo comercial e de vendas, o de manufacturing e o dedicado à compra e à distribuição dos componentes. Essa visão, ampla e transversal em toda a empresa, é realmente necessária para alcançar as finalidades de base do pilar logístico, que podem ser resumidas em três pontos: aumentar a satisfação do cliente (seja pela qualidade, seja pelos prazos de entrega); reduzir os custos do capital investido nos semitrabalhados e nos trabalhos no processo; reduzir os custos de movimentação dos componentes, que na indústria automobilística são muito altos. E exatamente nessa visão mais ampla, o pilar Logística do WCM deve ser considerado integrado ao do Customer Service. Figura 7.1 7. Como indicado na figura 7.1 para perseguir essas finalidades nas três fases da empresa, a logística deve enfrentar diversos problemas que estão estreitamente ligados entre si. A logís tica comercial, de fato, trata do posicionamento dos centros de distribuição do produto final para que sejam diretamente ligados à rede de venda, como selecionar e organizar com eficácia as vias e os meios de transporte, como analisar os pedidos de mercado e elaborar um plano de venda em curto prazo e como gerenciar e controlar as entregas das fábricas aos centros de distribuição. As três áreas fundamentais da logística Pilares Técnicos 198 A logística de produção, por sua vez, deve definir o fluxo produtivo, em colaboração com o resto do sistema de produção, para criar o máximo valor para o cliente externo e interno. Isso pode ser realizado nas fábricas através da execução de produções com fluxo tal que possa produzir pequenos lotes (preferencialmente peças únicas: one piece flow, em português, fluxo unitário, faça um peça e mova uma peça), com elevado mix produtivo, com tempos de setup muito reduzidos, com processos de elevada qualidade (pilar QC), com máquinas sempre disponíveis para produzir com as atividades de AM e PM, com uma reposição de materiais adequada, enfim uma forte motivação do pessoal e um baixo nível de ausências (pilar PD). A logística dos fornecimentos, por sua vez, é responsável pelos fluxos e pelos sistemas informativos de e para os fornecedores dos componentes, pela individualização das estradas e pelos meios de transporte mais eficientes, pela ótima gestão dos materiais e dos almoxarifados. Essas três áreas criam valor para o cliente, na medida em que trabalharem em termos de custo total de balanço líquido positivo, e não da otimização de só um desses aspectos. 7.2 Os princípios fundamentais da Logística e os objetivos Para alcançar a finalidade de satisfazer do melhor modo possível o cliente e de reduzir os custos de transformação, de movimentação e de capital, a logística utiliza três princípios-guia. O primeiro é o da sincronização entre produção e venda (Production/Sales Synchronization), do jeito mais perfeito possível, para satisfazer completamente o cliente. A sincronização completa entre produção e venda implica conseguir produzir exatamente os objetos necessários para a satisfação do cliente, na hora certa para entregá-los em tempo e na exata quantidade pedida. A aplicação desse princípio requer a redução ao mínimo dos componentes e dos semitrabalhos que circulam nas fábricas para reduzir os tempos de entrega, até satisfazer completamente o cliente. O segundo princípio baseia-se na redução ao mínimo do depósito (Minimize Inventory) para criar um fluxo produtivo contínuo. De fato, chegar a produzir o produto final e todas as suas partes com uma seqüência predefinida, balanceada e com quantidades iguais, ou seja, com um fluxo contínuo, permite reduzir ao mínimo a superprodução e, em conseqüência, os estoques, e assim aumentar a eficiência do capital investido. O terceiro princípio se baseia na redução ao mínimo da movimentação e da manipulação dos materiais (Minimum Material Handling, em português, movimentação mínima de materiais). De fato, cada movimentação inútil, repetida, aumenta os custos e não cria valor. Isso é muito importante porque, em uma produção em massa, como a do automóvel, é necessário movimentar muitos componentes e materiais, por isso poderiam existir muitos movimentos inúteis e muitos desperdícios que no passado não eram considerados. Aos três princípios fundamentais podem ser adicionados também os objetivos principais de melho- ramento desse método. Em particular, o primeiro objetivo de aumentar a satisfação do cliente, especialmente para os prazos de entrega, reduzindo-os até o mínimo necessário e mantendo-os com a máxima fidelidade possível (tempos e confiabilidade das entregas). O segundo objetivo de aumentar a produtividade do sistema e dos locais de trabalho, reduzindo os movimentos (redução da atividade a não valor agregado: NVAA(22) e os estoques inúteis e assim diminuindo o capital investido em trabalhos no processo. O terceiro objetivo de reduzir ao mínimo os custos da movimentação dos materiais e de utilização dos espaços, contribuindo para a redução dos custos seguida também de outros métodos, com melhoramentos de tipo logístico. (22) Veja capítulo sobre Workplace Organization desse Guia. Logistics 199 Figura 7.2 7.3 Logística e Custos (Logistic Cost Deployment) As análises dos custos conduzidas com os métodos e as técnicas ilustradas no Cost Deployment permitem individualizar muitos desperdícios e muitas perdas de grande importância, que podem ter uma ligação com erros e/ou escolhas erradas de colocação de material ou de logística. Essas perdas maiores da logística podem ser divididas em 18 tipos principais, das quais nove podem ser relacionadas à gestão dos estoques e nove à movimentação, transporte e predisposição dos materiais. É importante conhecer e aprofundar essas possíveis perdas ligadas à logística, porque sua exata identificação permite definir as corretas prioridades das intervenções de melhoramento logístico que conduzam a significativas reduções de custo. É preciso também explicar que os projetos de melhoramento logístico orientados de acordo com o percurso em 7 steps para a criação de um fluxo constituem, de acordo com os princípios de base da logística, o guia para a construção de uma Route Map em direção a uma logística World Class. A ajuda do Cost Deployment (a bússola) é fazer com que essa Route Map fique o mais possível eficaz. Assim, como para o Cost Deployment do processo de produção, e em coerência com os capítulos anteriores, as perdas podem ser conceitualmente conduzidas a três tipos: distanciamento de um padrão; distanciamento da melhor prática do setor; distanciamento da condição ideal. Através dessa leitura, é possível entender também as principais perdas no âmbito logístico. Na figura 7.3, é possível ver as nove perdas principais ligadas à gestão dos estoques. Elas são conduzidas a três fatores principais: Perdas ligadas a materiais, como, perdas por materiais não-utilizados; ou perdas por estoques de excessiva segurança como, por causa de falhas ou flutuações da demanda; ou perdas líquidas sobre materiais por causa dos métodos de produção atuais e não-adequados, portanto fonte líquida de desperdícios; Os princípios básicos da logística As 18 principais perdas da Logística Sincronizar a produção/vendas para melhorar a satisfação do cliente Criar um fluxo contínuo através da contínua redução de estoque Minimizar a movimentação (handling) de materiaisPilares Técnicos 200 perdas relativas à mão-de-obra, como perdas por causa de um excesso de mão-de-obra, visível na diferença entre horas de trabalho disponíveis e horas de trabalho necessárias; ou perdas por pouca eficiência do trabalho, visível na diferença entre horas efetivamente trabalhadas e horas realmente necessárias; ou então perdas líquidas de mão-de-obra, por trabalhos efetuados mas na realidade não necessários com uma correta configuração logística; perdas relativas ao espaço físico: como perdas por excesso de espaço, visível na diferença entre espaço disponível e espaço efetivamente utilizado; ou perdas por pouca eficiência no uso do espaço, visível na diferença entre espaço usado e espaço efetivamente necessário; ou então perdas líquidas de espaço, por causa do uso do espaço para depósitos que poderiam não ser necessários (preferencialmente zero depósitos). Figura 7.3 As nove perdas principais, que poderiam ter uma conexão com a movimentação, a predisposição e o transporte dos materiais (Material Handling) são conduzidas a três fatores principais: perdas relativas à mão-de-obra, como as perdas por excesso de trabalho disponível e de fato não usado, ou as perdas por pouca eficiência do trabalho nas movimentações por causa de uma disposição errada dos materiais ou então, a necessidade de efetuar algumas movimentações que na verdade não são necessárias; perdas relativas ao espaço, como o excesso de espaço de movimentação não utilizado, ou a pouca eficiência no uso do espaço disponível, ou então as perdas líquidas por espaço utilizado para movimentos que não são necessários. De fato, a eliminação dos movimentos inúteis reduz também os espaços necessários; perdas relativas aos equipamentos de movimentação, como o excesso de meios de movimentação ou a pouca eficiência em seus usos por organização errada, ou então, o uso de meios/equipamentos para movimentos não necessários. Dentro dessas famílias é possível caso a caso detalhar as perdas em função da realidade de aplicação. É aconselhável que na definição mais específica dos tipos de perda sejam usadas palavras claras, explícitas, úteis para entender a natureza causal ou conseqüente, para orientar corretamente a escolha das intervenções de redução dos desperdícios e das perdas nas fases seguintes. As principais perdas da logística As 18 perdas da logística • Estoque: nove principais perdas - (I) Perda por estoque » (1) Perda por excesso de estoque: perda causada por uma unidade não utilizada » (2) Perda por estoque de segurança: perda por estoque preparado para compensar o aumento da demanda, avarias, etc. » (3) Perda por estoque líquido: perda por estoque necessário baseado nos métodos produtivos atuais (ideal zero) - (II) Perda de mão-de-obra » (4) Perda por excesso de mão-de-obra: a diferença entre a hora disponível do homem e a efetivamente prevista/utilizada » (5) Perda de produtividade da mão-de-obra: diferença entre mão-de-obra efetivamente desperdiçada e as horas líquidas efetivamente necessárias » (6) Perda de horas líquidas necessárias: (ideal zero) - (III) Perda por espaço » (7) Perda por excesso de espaço: a diferença entre espaço disponível e espaço efetivamente utilizado » (8) Perda por espaço ineficiente: a diferença entre o espaço efetivamente ocupado e o espaço líquido necessário » (9) Perda de espaço líquido necessário: (ideal zero) Logistics 201 Figura 7.4 Existem muitos modos para reduzir os custos com intervenções logísticas, já que os custos conseqüentes às perdas causais de logística são muitos e podem ser sintetizados em pelo menos oito categorias diferentes de custos. As oito categorias principais de custos logísticos são as seguintes: 1. Custo do capital incorporado nos materiais Custos dos almoxarifados 2. Custo de gerenciamento do depósito 3. Custo do espaço 4. Custos das ferramentas e das equipamentos Custos de elaboração e comunicação 5. Custo dos sistemas informativos das informações (custos de gestão das informações) 6. Custo dos veículos da empresa Custos de transporte/handling 7. Custo dos veículos das transportadoras internos/ externos 8. Custo de programação Cada uma dessas oito grandes categorias de custos pode ser analisada em detalhe através dos itens específicos que as compõem. Para intervir em cada custo, é necessário estudar as situações reais e procurar soluções adequadas aos vários setores. Em geral as intervenções típicas de redução dos desperdícios logísticos se referem, de um lado à minimização dos almoxarifados e dos estoques e, do outro, à redução dos movimentos e dos posicionamentos. Redução de estoques de material Uma primeira intervenção típica se refere à redução dos materiais guardados no depósito, que em teoria poderiam ser reduzidos a zero. Se a superprodução deve ser considerada como o pior desperdício, o depósito deve ser considerado como uma das conseqüências mais evidentes. De fato, ele se esconde em todos os lugares das linhas de trabalho e, somando também os pequenos depósitos com os maiores do estabelecimento, alcançamos valores muito elevados que constituem um grande desperdício. As principais perdas da logística: Material Handling Reduzir os depósitos e os movimentos melhorando a qualidade 1. Custo do capital incorporado nos materiais 2. Custo de gerenciamento do almoxarifado 3. Custo do espaço 4. Custos das ferramentas e dos equipamentos Material handling inclusas as movimentações: nove principais perdas - (I) Perda mão-de-obra » (10) Excesso de mão-de-obra » (11) Perda de eficiência de mão-de-obra » (12) Perda líquida de mão-de-obra - (II) Perda de espaço » (13) Perda por excesso de espaço » (14) Perda de eficiência do espaço » (15) Perda líquida de espaço (necessária) - (III) Perda por equipamento » (16) Perda por excesso de equipamento » (17) Perda de eficácia dos equipamentos Pilares Técnicos 202 Na figura 7.5 é possível ver como uma simples reorganização do layout das máquinas e dos locais de trabalho, com uma eventual melhora das funções em um pequeno departamento (Célula de produção), permite reduzir algumas vezes os buffers dos materiais em elaboração colocados entre as diversas fases de elaboração. Geralmente essa reorganização se baseia no abandono da idéia de juntar todas as máquinas do mesmo tipo para aumentar a especialização do operador e de adotar, ao contrário, a idéia de um layout que reflete a seqüência efetiva das elaborações para não ter mais os buffers entre uma elaboração e outra: Layout Orientado ao Produto (Product Oriented Layout). Antes do melhoramento existem três pessoas que trabalham exclusivamente com as soldadoras unitárias e com a prensa, por isso precisam de vários buffers intermediários. Depois do melhoramento existe somente uma pessoa, mais flexível e mais polivalente, que faz em seqüência todas as operações nas soldadoras unitárias e na prensa e que não precisa de nenhum buffer intermediário. Também os buffers de início e fim podem ser reduzidos. Figura 7.5 Redução dos movimentos inúteis (Minimum Material Handling) Uma segunda intervenção típica é a redução dos movimentos inúteis e de seus desperdícios. Também os movimentos inúteis estão escondidos em todos os lugares, nos lugares aparentemente inócuos, como na colocação dos materiais mais simples nas caixas ao lado da linha, ou andando para procurar alguma coisa que não pode ser alcançada facilmente na linha de montagem. Geralmente, todos os componentes que não se pode pegar e montar facilmente na linha de montagem, requerem vários movimentos que na maioria das vezes podem ser eliminados com uma preparação e predisposição mais acurada dos materiais. Esses movimentos são, por exemplo, o caminhar e posicionar temporariamente os materiais, o procurar a peça certa, se levantar nas pontas dos pés ou se inclinar para levantar alguma coisa e assim por diante.(23) O objetivo da reduçãodos movimentos inúteis pode ser resumido no conceito de pega e monta ou, one touch one motion, concentrando as atividades de quem é responsável pela montagem na operação sem distrações por causa da seleção, nem movimentos irregulares ou difíceis do ponto de vista do transporte até o ponto da montagem, como se estivesse em uma sala operatória, onde o operador, o cirurgião, tem que estar sempre concentrado na cirurgia, e o enfermeiro deve ficar concentrado na preparação e na seleção dos instrumentos (lógica cirurgião - enfermeiro). (23)Veja o tipo de atividades sem valor agregado já mencionado no capítulo Cost Deployment. O movimento como desperdício (Layout orientativo ao produto) Logistics 203 A redução dos movimentos pode ser obtida também no caso da Célula de Produção, onde, trabalhando na ótica one piece flow, fluxo com peça única, é possível para um operador, mais flexível e polivalente, chegar a controlar mais processos de produção em paralelo, convertendo os tempos de espera, para permitir a execução do ciclo da máquina, em tempos mais breves de movimentação e inspeção da qualidade. Em particular, enquanto um produto é carregado na máquina, em elaboração, em acabamento, em garantia de qualidade ou em qualquer outra parte do ciclo de produção, o operador se dedica ao carregamento e descarregamento das outras máquinas, mexendo-se ciclicamente ao longo do percurso físico constituído pelo layout das máquinas. Esse tipo de solução se chama linha Chacku-Chacku (do japonês, Carregado-Carregado), porque durante o ciclo produtivo o operador é responsável só pelo transporte, controle de qualidade e controle de processo. Durante o ciclo realizado em Chacku-Chacku, o princípio básico é que a máquina deve esperar, e não o operador. Esse tipo de linha serve mais para as elaborações mecânicas do que para as máquinas multielaborações tradicionais. Seqüência (Sequential Feeding) Uma terceira atitude é aquela de fornecer na linha o material seqüenciado. A seqüência pode ser realizada para famílias singulares de produtos ou para verdadeiros kits veículos (Kitting). O método do kitting consiste em predispor os materiais que deverão ser montados em cada automóvel em caixas, carrinhos, sacos, recipientes específicos de montagem predefinidos, que já incluem todos os particulares necessários para uma UTE ou uma parte da linha para cada veículo. Esse método é particularmente oportuno para reduzir os problemas de qualidade, gerando ao mesmo tempo uma redução dos movimentos inúteis na linha, em face de uma dupla manipulação do material na área de preparação justificada exatamente pelo benefício em termos de qualidades, além do melhor controle das quantidades de material. O kit é colocado em uma posição prática para o operador na linha, que assim encontra os materiais prontos, não faz movimentos inúteis e evita cometer erros na montagem. Diferenças entre picking e kitting O picking ou remoção, consiste em recolher nas áreas predispostas (no depósito externo/interno ou na oficina perto da linha) um mix de materiais de vários tipos, organizados por família e por produtos, para permitir um fornecimento de um mix coerente com efetivas absorções (mixed deliveries). Figura 7.6 O supermercado pelo Kitting dos materiais (Picking) Pilares Técnicos 204 Se em particular o mix é dividido por cada veículo ou produto, a remoção irá produzir verdadeiros kits (carrinhos, caixas, sacos etc.): só nesse caso falamos de kitting. A esse ponto o kit vem composto em áreas apropriadas por operadores dedicados, que devem ter um profundo conhecimento do produto e/ou ajudados por Poka Yoke (às vezes é necessário ter pequenas pré-montagens) para focar na escolha correta do componente e no controle da integridade do mesmo componente. Figura 7.7 Como já mencionado, a área de picking pode se encontrar em várias posições em função dos vínculos específicos de cada estabelecimento (áreas disponíveis, distâncias dos fornecedores, distância do ponto de utilização, etc.). Só no caso em que essa área for fornecida diretamente pelo fornecedor interno (outro processo) ou externo, será possível falar de supermercado. 7.4 Logística e tempos: realizar o Just In Time A condição de uma Logística World Class, com poucos desperdícios, é representada pelo sistema de produção Just in Time, ou seja, produzir no momento certo e no local certo só os produtos pedidos pelo cliente. O objetivo do pilar da Logística (integrado com o Customer Service) é encaminhar à produção fazendo-a alcançar gradualmente e quanto mais possível essa concepção. Existem pelo menos quatro princípios imprescindíveis para realizar um sistema de produção JIT: Princípio do Fluxo Esticado Objetivo: realização da montagem em cadeia pela integração e orientação dos layouts de processo ao produto; princípio Pull (Puxar) Objetivo: o processo pede inicialmente só as peças que consome, que necessita; Princípio Cadência ou Takt Time Objetivo: realização do balanceamento das várias atividades operativas em função do volume e do ritmo pedido pelo cliente (Takt Time); Princípio de Zero Erro Objetivo: melhoramento e estabilização de todos os processos da empresa que influem na produção (qualidade, confiabilidade, presenças, etc.) Exemplo de Kit Logistics 205 Com referência aos quatro princípios, o pilar da Logística segue o Just in Time realizando uma produção orientada ao cliente com os seguintes objetivos: Uma produção baseada na ordem do cliente, através de um sistema de gestão de ordens adequado; A redução dos lead time de produção, para permitir a sincronização entre vendas, produção e fornecimento; A aquisição em tempo dos componentes adquiridos externamente, por meio de um sistema de transporte e entrega do tipo multientrega (shared transportation). Para realizar esses objetivos, o conjunto de ações principais a ser aplicado, seguindo o percurso em 7 steps, são: Produção somente sob o pedido do cliente; Produção com mix nivelado; Balanceamento das linhas; Redução do número de operações; Redução do lote de produção; Redução dos tempos de mudança de ferramentas (setup); Programação pull (sistema Kanban); Redução sistemática dos estoques; O melhoramento logístico não pode ser realizado sem estabilizar o sistema de produção por meio de alavancas, como: AM e PM para incrementar a confiabilidade dos equipamentos; QC para melhorar a qualidade. Para ajudar a quantificar esses objetivos ao longo do percurso, pode ser útil fazer referência ao fluxo de trabalho ideal e por sucessiva análise dos gaps em relação à condição atual (por meio de um mapeamento do fluxo existente) estabelecer as etapas sucessivas. Na passagem de um sistema tradicional de produção para um sistema de produção Just in Time é necessário, gradualmente, criar processos em fluxo esticado, colocados em cadência, continuando depois a conectar os processos que não podem ser ligados diretamente por meio de supermercados gerenciados com base no consumo por sinais pull (exemplo Kanban). Em uma lógica de crescente evolução a um sistema de produção JIT é, então, possível continuar com a sincronização dos processos por meio de uma gestão da ordem que sincroniza vários processos (lógica da escama de peixe). Pilares Técnicos 206 Um instrumento prático para aplicar o pull e regular a produção sobre o efetivo pedido do cliente, e não como acontecia no passado só com base nas previsões de venda elaboradas pela Direção (sistema chamado push), é o sistema que parte das necessidades do cliente e as transmite para trás ao longo do fluxo produtivo por meio de cartões (ou Kanban), que descrevem o que o cliente comprou e o que é necessário fazer em cada fase do processo. Figura 7.8 O kanban funciona sob o princípio de funcionamento de um supermercado no qual tenha, além de um espaço de venda com a mercadoria nas prateleiras, um pequeno depósito na parte posteriore um conjunto de fornecedores que produzem as mercadorias à venda. Quando o cliente se apresenta no caixa com o carrinho e as mercadorias compradas, a pessoa do caixa pega o cartão de cada produto, com o código do produto e o coloca em um recipiente apropriado que será enviado ao depósito. Quando o depósito recebe o cartão do produto vendido, ele a considera como uma ordem para repor uma mercadoria idêntica à prateleira do supermercado, para permitir uma nova venda; nessa aplicação se fala de Kanban de movimentação (em preto na figura). Todavia, depois de várias operações de reposição, o depósito vai ficar com falta de um determinado produto, e então vai enviar outro cartão (em branco na figura), e é chamado Kanban de produção, ao fornecedor daquele produto pedindo para produzir as peças e enviá-las ao depósito. Desse modo, o sistema é ativado com base nas escolhas dos clientes e está pronto para responder às suas necessidades, reduzindo a produção quando for preciso e minimizando os depósitos. O procedimento Kanban pode ser aplicado de vários modos, permitindo-se produzir com base nos pedidos efetivos do cliente. O Kanban O Kanban Logistics 207 Chegar à sincronização completa do sistema produtivo e de venda é um objetivo que pode ser alcançado só progressivamente e passando através de alguns steps intermediários e cada vez mais complexos. Uma das intervenções mais importantes e complexas da sincronização consiste em produzir os maiores e mais caros componentes do automóvel, por exemplo, os motores, na mesma seqüência da montagem dos automóveis de acordo com os pedidos do cliente. Quando conseguimos alcançar uma sincronização desse tipo, os motores e os outros componentes que são muito grandes ou muito caros, são levados para a linha para ser montados diretamente, de acordo com a seqüência de montagem, sem precisar colocá-los em depósitos intermediários e movê-los várias vezes. Os benefícios são muito importantes, porque, desse modo, os depósitos, os trabalhos no processo e os movimentos sem valor agregado se reduzem e se fabricam motores só quando estiverem já vendidos. Mas, para isso, é necessário que a produção dos motores seja muito flexível, tenha prazos curtos de troca das ferramentas, seja feito com pequenos lotes e tenha todas as características da produção com fluxo controlado. A mesma coisa pode acontecer com os outros componentes e as matérias-primas que são compradas pelos fornecedores: se conseguirmos fazê-las chegar só quando serão usadas e nas quantidades necessárias, não iremos ter mais tempos ociosos de espera nem muito estoque, e os riscos de obsolescência, estrago e danos serão minimizados. 7.5 Logística e Qualidade Figura 7.9 A Logística e a Qualidade estão estritamente ligadas entre si. A ligação principal depende do fato de que a qualidade ruim do produto e a conseqüente necessidade de reparações, verificações ou correções do trabalho obrigam a manter estoques de segurança e, assim, atrasar os prazos de entrega e, por último, atrasar a entrega ao cliente final. A sincronização dos processos Efeitos da baixa qualidade nos tempos das entregas Pilares Técnicos 208 Além disso, os produtos defeituosos a ser reparados que são colocados ao lado do fluxo produtivo principal, acabam aumentando os depósitos e, por conseqüência, os custos. Nesse sentido, é possível ver como os carros, que são tirados do fluxo para reparo por causa de danos e qualidade ruim, acabam destruindo o fluxo produtivo programado de veículos. Desse modo, mesmo se a produção foi programada com fluxo e tempos fixos predefinidos, o resultado final é uma seqüência de entrega muito diferente, e muitos veículos que deveriam ser entregues aos clientes, acabam ficando para trás. Além disso, esses produtos em reparação aumentam os custos logísticos, enchendo o depósito e deixando uns espaços vazios nos meios de transporte em que deveriam ser carregados. Ao contrário, a redução dos defeitos e o melhoramento da qualidade se traduzem em redução dos custos logísticos. Figura 7.10 7.6 Os padrões: coerência entre fluxos logísticos e tipo de materiais Para aplicar os princípios da Logística e alcançar os objetivos de satisfação do cliente e de redução dos custos, o ponto-chave é utilizar o fluxo de movimentação mais adequado em função do tipo de material, ou seja, de suas características intrínsecas, dimensionais, econômicas e físico-químicas. Com esse objetivo, foram desenvolvidas algumas linhas guia padrão para indicar a escolha do tipo de fluxo mais idôneo em função do tipo de material. Na FIAT Group Automobiles (FGA), até hoje, foram individualizados cinco tipos de fluxos logísticos: JIT, Seqüência Externa, Direto, Seqüência Interna, Desacoplado. Cada tipo tem características específicas. (24) Na lógica WCM, os padrões devem ser considerados em contínua evolução de acordo com a lógica PDCA. Na data de publicação desse manual, os tipos de fluxos lógicos padrões, a classificação dos materiais, e os critérios de escolha dos conteúdos na Matriz de correlação. Classe-Fluxos-Chamada se encontram na fase de Check; só resolvendo pontualmente as criticidades que irão aparecer em sua aplicação, podemos evoluir o nosso padrão na direção do nível World Class. Relação da Logística, Qualidade, Confiança Tipos de fluxos logísticos padrões(24) Melhorar o percentual de atendimento para os prazos de entrega ao cliente Melhorar o percentual de atendimento referente à sequência programada Melhorar o percentual de atendimento referente à produção programada Manter o máximo possível o programa da produção Realizar um plano de produção razoavelmente factível Reduzir os refugos Reduzir as carrocerias/ veículos separados para reparação por um longo prazo Otimizar os Layouts Melhorar a disponibilidade dos equipamentos Reduzir as paradas de linha devido à atraso no nivelamento Definir um Lead Time (Tempo de atravessamento razoável Adotar contramedidas para as cau- sas raízes dos refugos e previnir sua repetição Adotar correções na linha Reduzir os refugos que requerem muito tempo de reparação Reduzir os tempos de reparação Reduzir os tempo de espera para reparação Reduzir o número de carrocerias/ veículos separados para o controle de qualidade Abandonar, separação e reencontros da linha Aspectos ligados à qualidade Aspectos ligados à manutenção e a confiabilidade Logistics 209 Figura 7.11 Veja a figura seguinte para a definição de T0, T1, T2, T3 nos vários casos de fluxo logístico. Em particular, os cinco fluxos funcionam no seguinte modo. No caso de fluxo JIT, os diversos produtos são pedidos ao fornecedor que, só depois de ter recebido o pedido os produz e os enviam à linha de produção do FGA. O fluxo é então o mais simples possível: tem poucos estoques, ou seja, somente aqueles na linha de produção do fornecedor e a mercadoria em trânsito ou em movimento na fábrica. O tempo de espera entre o momento da emissão da ordem e o momento em que o material está disponível na linha à disposição do operador (Lead Time) é igual ao tempo de produção do fornecedor mais o tempo de transporte e de movimentação interna na fábrica. No caso de fluxo Seqüência Externa, os diversos produtos são pedidos ao fornecedor que, após ter recebido o pedido, retira do seu depósito os produtos e organiza o despacho para a linha produtiva do FGA. Os produtos, então, já estavam no depósito do fornecedor. Nesse caso, é necessário que o fornecedor tenha um depósito de produtos diferentes (supermercado). O lead time é, nesse caso, igual ao tempo necessário para retirar, organizar o despacho no depósito do fornecedor, mais o tempo de transporte e de movimentação interna na fábrica. No caso de fluxo Direto, cada produto é pedido ao fornecedor, que retira do seu depósito e despacha para a linha de produção FGA um recipiente que contém só as peças daquele produto. Também aqui, o fornecedor tem um depósito de produtos,mas nesse caso não deve colocar na remessa produtos diferentes. No caso de fluxo Seqüenciamento Interno, ele se divide em duas fases dependendo se a seqüência acontece diretamente em uma parte do depósito ou em uma área de seqüência (picking) perto do ponto de utilização. No caso do depósito, os produtos chegam dos fornecedores em vários recipientes e, quando a linha precisa de certa seqüência ou de certo kit, ele vem organizado no depósito FGA. No outro caso, aplicável na condição de tempo escasso para fornecer o material seqüenciado, a área de seqüência (picking) será alimentada pelo depósito interno (double handling), ou melhor, diretamente pelo fornecedor quando for tecnicamente possível. Nesse caso, o lead time é igual ao tempo necessário em FGA para dar uma seqüência ou organizar o kit e transportá-lo até a linha de produção. No caso de fluxo Desacoplado, cada produto se encontra no depósito FGA de onde é extraído quando a linha necessita. Tipos de fluxos logísticos padronizados pelo Fiat Group Automobile, setembro 2007 Pilares Técnicos 210 Figura 7.12 A Fiat Group Automobiles também classificou as matrículas em três classes: A, B e C. A classe A é posteriormente dividida em: A1: inclui todas as matrículas que têm muitas variações; A2: incluem os produtos que são muito grandes; A3: Incluem os produtos caros. A classe C é composta por vários objetos. Na classe B está tudo aquilo que não está incluído na classe A ou C, e então é considerada normal. Para reduzir os estoques e combater os desperdícios, é importante adotar um tipo de fluxo logístico diferente, de acordo com o tipo de matrícula. No momento de escolher o tipo de fluxo, além dos aspectos indicados acima, será necessário considerar a distância do fornecedor em relação ao ponto de utilização, além da avaliação custos/ benefícios da mudança de fluxo de fornecimento, garantindo-se avaliar o custo total (total cost) em função da produti vidade, qualidade, handling e das distâncias. Relação da Logística, Qualidade, Confiança A classificação dos materiais e a escolha do tipo de fluxo no FGA Logistics 211 O fluxo de tipo Desacoplado não é bom no caso de produtos com muitas variações, porque, para garantir a linha que teríamos sempre todas essas variações, seria necessário ter um depósito para cada variação e ter muitos estoques. Nesse caso, é muito melhor um fluxo do tipo JIT, que representa a primeira escolha, porque produziria a variação necessária só quando fosse necessária e não teria estoques. Se o tempo para produzir a variação requisitada fosse muito longo, seria possível utilizar a seqüência externa e interna, preferivelmente realizada diretamente no depósito. Para os materiais normais, nas linhas de montagem, o fluxo desacoplado com chamada por meio Kanban pode ser o mais indicado. É preciso fazer uma consideração diferente para as minuterias (classe C), porque não custam muito e não são grandes, então mantê-los no depósito não custa muito, e são utilizados tanto, que não vale a pena pedí-los e mandar despachá-los cada vez que for necessário. Nesse caso, um fornecimento em pequenas caixas, em pequenas quantidades, diretamente do depósito é a solução mais apropriada. No caso de produtos enormes, caros ou baratos, podem ser gerenciados com um fluxo Direto, com o objetivo de ter o menor estoque possível. E se realmente esses produtos são enormes ou caros e de qualquer forma, é caro tê-los no depósito e, por não ter muitas variações, podem ser gerenciados por meio de recipientes monodesenho pedidos diretamente ao fornecedor. É possível identificar, depois da classificação dos materiais, o acoplamento ao fluxo ideal, ou seja, o mais próximo possível dos princípios e dos objetivos do sistema Just in Time. Para alcançar a condição ideal, é oportuno continuar com o processo de otimizações sucessivas, consolidando os resultados intermediários: o conhecimento e sustentando economicamente o melhoramento. 7.7 Os instrumentos O que é É um instrumento que permite evidenciar os desperdícios de um processo da empresa. Ajuda a ver, entender e representar o fluxo atual dos materiais e das informações que, relativamente a um produto específico, atravessam o fluxo do valor do cliente aos fornecedores (Current State Map). Permite desenhar um mapa sobre como deveria ser o fluxo do processo futuro, com base nos melhoramentos individualizados e com base na aplicabilidade certa (Future State Map). Na ótica do melhoramento contínuo, antes de definir a Future State Map aonde queremos chegar, é importante realizar também a representação de uma situação ideal a qual perseguir (Ideal State Map). Para que serve VSM é um instrumento de análise e planejamento ou projeto que auxilia a: visualizar o fluxo dos processos e definir o que precisa fazer para melhorá-lo e para se obter um valor agregado; ver onde está o desperdício e onde estão as causas; pensar em uma situação a ser alcançada; construir as bases para um plano de implementação através de uma representação gráfica que sintetiza as escolhas operativas e os benefícios. VSM: Value Stream Map ou Mapa do Fluxo de Valor Pilares Técnicos 212 Como se aplica Antes de tudo é necessário identificar a família de produtos que se deseja estudar. Depois é preciso representar o fluxo atual fazendo um mapeamento da situação, para então desenhar uma situação ideal. A situação ideal pode ser alcançada passando através de estados intermediários (situação futura) que introduzem melhoramentos coerentes com os vínculos operativos não-removíveis em curto prazo. Para desenhar o mapa da situação, é possível utilizar a simbologia do VSM. Em resumo, desenhar os mapas da situação atual significa descrever o funcionamento do equipamento analisado recolhendo os dados sobre os seguintes temas: organização do trabalho (por exemplo, número de turnos); perdas (por exemplo, de ciclo, setup e defeitos); descrição do processo produtivo (por exemplo, fases, transportes); controle da produção (por exemplo, modo de entrega de matérias primas); percursos físicos, distâncias e movimentações (por exemplo, o número de vezes que a peça é tocada). Figura 7.13 Icone fluxos das informações e do material da VSM Processo produtivo Operador Fluxo informativo eletrônico Fluxo informativo manual Gestão a vista do Scheduling Problema qualitativo Kanban de produção Pull físico Tratamento térmico Processo produtivo compartilhado Ponto de estocagem Produto final para o cliente Supermercado ÍCONE FLUXOS DE MATERIAIS Desenho de Kanban Aplicação de nivelamento (Heijunka box) Área de aplicação do Kaizen (Lightening Burst) Cronograma Semanal Cronograma FLUXOS DE INFORMAÇÃO & ÍCONES GERAIS Fontes externas Fluxo PUSH Fluxo First-in-First-Out Transporte com Forklift Entrega por navio Gravitacional de Kanban FIFO Sequenciamento (Pull Ball) Tampão ou estoque de segurança Sinal de Kanban XYZ Corp. Prensa Logistics 213 Por exemplo, na figura seguinte, vemos representadas as várias fases da produção: estampagem, soldagem #1 e #2, e montagem #1 e #2. Para cada fase são indicados o número de operadores, os turnos, o tempo ciclo (C/T = tempo ciclo), o tempo de setup (C/O = changeover time), o grau de disponibilidade do equipamento, o tempo disponível e o tempo necessário para uma simples operação de uma peça. Além disso, na parte baixa da figura, entre uma operação e outra, estão indicados também os tempos médios de permanência no depósito, ou seja, quanto tempo em média uma peça fica no depósito do momento em que entra até quando a sua retirada para a elaboração sucessiva. Se somarmos o tempo necessário para produzir e o tempo de permanência, obtemos o lead time total (LT). Na figura, o LT total é de 25,1 dias; todavia, o tempo de produção de cada peça é de somente 178 segundos. Figura 7.14 Figura 7.15 Value Stream Map, exemplo de fluxos produtivos VSM: Exemplo de VSM CurrentState - Maserati Pilares Técnicos 214 Outro mapa que é necessário desenhar é o dos fluxos físicos e informativos, que vão dos fornecedores aos clientes ou vice-versa. Na figura seguinte, são representados os vários elementos que compõem o sistema de controle e planejamento da produção: Production Control, MRP (Material Requirements Planning), Scheduling Semanal e Plano de Entregas. Por meio das flechas, são representados os fluxos de informação, dos fornecedores à produção e os que chegam dos clientes e vice-versa. Aos fornecedores vão as previsões para as seis semanas seguintes. Dos clientes chegam as previsões de 30,60 e 90 dias e os pedidos diários. O ciclo total de pro dução é o tempo necessário para a transformação da matéria-prima em produto acabado, incluindo o tempo de espera. Ou seja, o LT total, que inclui também o tempo que os fornecedores levam para produzir e/ou transportar a mercadoria, incluindo o tempo de espera. Figura 7.16 O objetivo é reduzir ao mínimo o ciclo total de produção, eliminando o tempo de espera e desperdício de material. Para isso, é necessário desenhar os mapas ideais, perguntando a si mesmo quais são as maneiras que permitem individualizar os pontos de melhoramento. Por exemplo: Precisa produzir para a expedição e para os estoques? Em geral, será necessário produzir para o supermercado. Se o tempo de entrega for muito baixo, a demanda previsível e os produtos poucos, seria bom produzir para a expedição, caso haja tempo para produzir sob encomenda. O OEE (Overall Equipment Effectiveness) é alto? Se for, é possível reduzir os estoques de segurança se o output tiver baixa variabilidade. Onde é possível produzir com fluxo contínuo? Geralmente, é possível produzir com fluxo contínuo os produtos que têm tempo de ciclo parecido em todas as fases e baixa interferência com as outras famílias de produtos. Ou, então, se os tempos de setup forem muito baixos. Onde usar o Pull System? Por exemplo: se foi decidido produzir para a expedição, então é necessário estudar os recipientes Kanban, para facilitar o trabalho no processo com fluxo contínuo. Onde posicionar o pacemaker, ou seja, o ponto central de programação dos fluxos? Geralmente, onde começa o fluxo contínuo. Com a ajuda dessas perguntas e respostas, é possível desenhar o mapa ideal e os mapas futuros e, então, avaliar os benefícios e os custos, aplicando a análise custos-benefícios. Os parâmetros são os dados de base para calcular o valor dos desperdícios em atividade com o valor não adicional (NVAA) e os custos do pessoal e os valores e os custos do estoques. Além disso, são indicados os custos de transporte (valor das distâncias - ano). Esses valores são calculados para os três estados (atual, futuro e ideal), para avaliar a economia de custos que se obtém. Podemos prever chegar ao ponto ideal através de várias passagens intermediárias (futuras). VSM, fluxos versus fornecedores e clientes Logistics 215 Figura 7.17 Um dos tempos que deveriam ser reduzidos o quanto antes para sincronizar os processos de capital intensivos de produção, é o tempo de parada da máquina, causado por operações no equipamento, no caso de mudanças nas elaborações ou no mix produtivo. O SMED é uma técnica orientada para solucinar esse problema e é usada para efetuar todas as operações de execução e setup em menos de 10 minutos. Existem dois tipos de operações de setup: as podem ser feitas mesmo se a máquina estiver trabalhando, como, por exemplo, a predisposição das ferramentas, as pré-montagens e as que devem ser feitas com a máquina parada, por exemplo, a fixação da ferramenta na máquina. As primeiras se chamam operações de setup externo; as segundas de setup interno. A modalidade tradicional de fazer o setup prevê que a máquina esteja parada, seja quando se efetuam as operações de setup externo, seja quando se efetuam as internas. Isso, geralmente, requer que a máquina fique parada por períodos longos e superiores a uma hora, o que traz grande impacto no ciclo produtivo. Para superar essa modalidade, se aplica o SMED. O SMED ocorre do seguinte modo: É preciso identificar e separar as operações de setup interno e externo. Em seguida, precisa se organizar para fazer as operações de setup externo quando a máquina ainda estiver trabalhando. Para isso, é necessário fazer uma lista das fases, condições e passos que podem ser manipulados e efetuar enquanto a máquina estiver trabalhando. Ao final, é preciso controlar as fases para que funcionem de maneira tal que não haja perda de tempo durante o setup interno. É necessário também desenvolver métodos mais rápidos para transportar as ferramentas e as fases enquanto a máquina trabalha. É preciso, também, analisar a situação depois da implementação do ponto um e determinar se e quais operações de setup interno podem ser feitas enquanto a máquina estiver trabalhando, fazendo-as, então, virar operações de setup externo. Enfim, depois de ter completado o ponto dois, é necessário estudar de novo todas as operações de setup interno e externo, para reduzir posteriormente o tempo necessário para fazê-las, por exemplo, por meio de intervenções de melhoramento das máquinas. VSM: Análises custo/benefício SMED (Single Minute Exchange of Die) Pilares Técnicos 216 A figura seguinte apresenta um esquema com os passos que acabaram de ser descritos. Figura 7.18 Algumas técnicas ajudam a implementar o SMED: Padronização Apertos funcionais Eliminação dos ajustes Uso de operações paralelas Mecanização e automação 7.8 O percurso de implementação e os 7 Steps O percurso de realização do pilar Logística é composto de sete steps. Figura 7.19 7 steps em: Logística na empresa A técnica SMED Criar um fluxo STEP 1 STEP 2 STEP 3 STEP 4 STEP 5 STEP 6 STEP 7 Reengenharia das linhas para satisfazer os clientes Reorganizar a logística interna Reorganizar a logística externa Nívelar a produção Refinar a logística interna e externa Integra a áreas de vendas, produção e compras Adotar uma programação a sequência-tempo prefixado Criar um fluxo contínuo Criar um fluxo exato Criar un fluxo sobre controle FASE 2 Mover o setup interno para externo FASE 3 Reduzir o setup interno e externo 1. Preparação, ajustes, operações pós-processo, controles nos materiais, trabalhos, estampos, equipamentos, instrumentos, etc. 2. Montagem e desmontagem dos utensílios 3. Centralização, mensuração, calibração e definição das altas condições 4. Prova de processamento Setup interno Setup externo Ganho Legenda: OPERAÇÃO/ÁREA DE COMPRIMIBILIDADE FASE 0 Nenhuma diferença entre setup interno e externo FASE 1 Preparar o setup interno do externo Logistics 217 MontagemPrensas Funilaria Pintura As atividades dos primeiros 3 steps objetivam criar um fluxo logístico na parte interna do estabelecimento, utilizando a reengenharia das linhas e da logística interna e externa. Objetivos típicos dos steps 1, 2 e 3 são redução do lead time, redução do tempo de setup e da dimensão dos lotes, eliminação da movimentação inútil do material e desperdício logístico, limpeza e reorganização do ambiente e do material a ser gerenciado com lógica FIFO. Os steps 4 e 5 pretendem criar um fluxo contínuo, sincronizando e nivelando toda a produção, para que cada departamento produza só aquilo que é necessário, intervindo na logística interna e externa, para alcançar o zero defeito, a zero parada e o fornecimento Just in Time dos componentes necessários. Os steps 6 e 7 conduzem a um fluxo acurado e controlado, sincronizando completamente vendas, produção e fornecimentos e utilizando uma seqüência baseada em uma programação com tempos prefixados e controlados. Na figura seguinte estão visualizados os 7 steps para as quatro áreas produtivas principais de um estabelecimento de carroceria: estamparia, funilaria, pintura, montagem. As características distintasde cada unidade estão evidenciadas em vermelho. Figura 7.20 7.8.1 Step 1 Executar reengenharia nas linhas para satisfazer o cliente Os objetivos do step 1 são dois: executar reengenharia nas linhas, para satisfazer o cliente e restabelecer as condições básicas para bom funcionamento. O primeiro objetivo requer entender as necessidades dos clientes e os gaps mais relevantes em relação à situação atual, para definir as prioridades e um plano de melhoramento temporal. O segundo objetivo requer a introdução de critérios de classificação, de mensuração e de gestão do material e das máquinas, para realizar o primeiro conjunto de melhoramento. Os 7 steps nas diversas fases do processo O precurso dos passos a ser seguidos no desenvolvimento do pilar são deferenciados nos conteúdos conforme as características das fases do processo 1. Layout e lado linha 2. Abastecimento das áreas a frente 3. Recebimento de materiais 4. Produção nivelada 5. Serviços de limpeza e ciclos Logísticos 6. Sistema logístico Integrado 7. Produção sincronizada 1. Lado linha e Setup 2. Abastecimento das áreas a frente 3. Recebimento de Materiais 4. Produção nivelada / troca de tipo 5. Serviços de limpeza e ciclos logísticos 6. Sistema logístico integrado 7. Produção sincronizada 1. Lado linha 2. Abastecimento das áreas a frente 3. Recebimento de material 4. Produção nivelada 5. Serviços de limpeza e ciclos logísticos 6. Limpeza ambiental 7. Programação com sequência e tempos fixos 1. Limpeza inicial e organização das áreas 2. Abastecimento das áreas a frente 3. Recebimento de material 4. Abastecimento nivelado e recebimento de materiais 5. Fornecimento de componentes em JIT 6. Padronização 7. Programação com sequência e tempos fixos Pilares Técnicos 218 O primeiro objetivo (análise dos gaps e plano de trabalho) é comum para as quatro unidades operativas e prevê as seguintes atividades: identificar e entender as necessidades do cliente final; definir os objetivos da logística e analisar a situação de partida; fazer análise dos gaps entre os targets e a situação atual; definir um plano de melhoramento temporal. Em particular, a escolha do fluxo a ser melhorado, que representa a primeira fase, pode ser feita de dois modos: com método analítico ou indutivo. O método analítico é realizado por meio do Cost Deployment das perdas da logística. O método indutivo é realizado por meio da análise dos materiais e das matrículas, que é mais rápida, mas poderia não evidenciar de maneira exata as prioridades. De fato, o uso da análise das matrículas e suas classificações nas classes A, B, C pressupõem que as características das matrículas, ou seja, numerosas variações, dimensões e valor, sejam um indicador de criticidade. As fases seguintes da reengenharia podem ser feitas com o uso do VSM (Value Strem Map) para análise dos desperdícios e definição de hipóteses alternativas de redesenho dos fluxos (veja acima o método VSM), avaliando a solução melhor por meio de considerações quantitativas. O segundo objetivo é especificado com diversas atividades nas quatro unidades operativas. As diversas atividades implicam também diversos indicadores de realização do step (Key Performance Indicators). Abaixo estão listadas as atividades e alguns indicadores recomendados para medir o nível de alcance para cada fase do processo. Step 1 Prensas. Organização ao lado das linhas e redução setup Introduzir critérios de gestão da locação por matérias-primas, peças e artigos estampados e aplicar o critério FIFO. Padronizar tabelas e as tarjetas. Classificar os moldes com base na freqüência de uso e introduzir critérios de gestão das locações para os moldes. Redução do tamanho dos lotes passo a passo (SMED). Expandir o conceito de mínima movimentação do material. Usar meios de coleta menores. Fazer transferências de lotes sempre menores. Aplicar a gestão à vista em todas as situações possíveis. Exemplos de indicadores Redução dos tempos setup Redução dos lotes Resultados audit house keeping Step 1 Pintura. Organização lado da linha Aplicar os 5S Introduzir critérios de gestão da locação dos materiais utilizados na pintura Não utilizar os materiais que produzem sujeira e pó Exemplos de indicadores Resultados audit sobre os 5S Quantidade de impurezas, por causa dos materiais Objetivo 1: Reorganizar a linha Objetivo 2: Restaurar as condições das bases para bom funcionamento Logistics 219 Step 1 Funilaria. Layout organização lado da linha Implementar um layout de produção orientado ao produto e criar um fluxo com peça singular (balanceamento entre as diversas seções da linha e de cada estação da linha). Expandir o conceito de mínima movimentação do material. Reduzir os lotes passo a passo. Implementar sistemas de gestão das locações para depósitos de componentes ao lado da linha e aplicar o FIFO em todos os artigos desses depósitos. Aplicar a gestão à vista em todas as situações possíveis. Eliminação dos pontos de estocagem temporários e retornos de linha. Exemplos de indicadores Percentual de artigos gerenciados FIFO Percentual de redução dos tempos setup Número de novas aplicações gestão a vista Step 1 Montagem. Limpeza inicial e ordem na área Remover dos departamentos todo o material não necessário Não posicionar componentes diretamente no chão fora das áreas de estocagem designadas e sem proteções adequadas Aplicar ações corretivas para remover as fontes de sujeira e de pó Exemplos de indicadores Espaço recuperado para material Ausência de material no chão Número de ações corretivas para remover a sujeira Instrumentos e métodos do step 1 5W-1H 5 Why's Quick Kaizen Standard Kaizen Análise das matrículas e do tipo de material, com a utilização dos critérios dos padrões Fiat Group Automobiles. Cost Deployment da logística: as matrizes A, B, C, D, E do Cost Deployment podem ser utilizadas de maneira eficaz para individualizar e calcular os 18 desperdícios da Logística e individualizar as áreas de intervenção prioritárias. VSM (Value Stream Map) Exemplos do step 1 – Análise das matrículas (estabelecimento de Cassino) e do Cost Deployment Logística (estabelecimento de Mirafiori) Análise das matrículas (método indutivo para escolha da área prioritária) Análise do número de matrículas gerenciadas por unidades e linhas. Para a área selecionada: – classificação dos desenhos em classe A, B, C; – classificação das modalidades de gestão (fluxo e chamada) e sinalização de méritos com base nos padrões Fiat Group Automobiles; – classificação das UTE de acordo com os deméritos dos desenhos gerenciados pela UTE. Pilares Técnicos 220 Figura 7.22 Figura 7.21 Análises registros: classificação do desígnio em classes A, B e C - Estabelecimento de Cassino, 2007 Classificação da UTE em base aos deméritos dos desenhos geridos pela UTE Estabelecimento de Cassino, 2007 57% 27% 16% Classe A (Muitas variações, grandes, custosas) A1 - Muitas variações = Numerosas família >= 3 (6 se dx + sx) A2 = Grandes = volume da peça > de 60 litros A3 = Custosas* = Cálculo valor máximo em base a avaliação Base distinta Classe B Normais (todas não identificadas nas classes A e C) Classe C volume da peça < 0,015 litros (Minuteria: parafusos, arroelas, porcas, etc.) * Se considera o valor modal de um produto analizando 100% da distinta base (A - Z). Ordenando os valores de forma decrescente, assim se identifica os componentes mais próximos do limite máximo, os quais, quando somados, devem ser cerca de 50% do valor total (incluindo os motores). Esse valor máximo (em €) aplica-se a todos os modelos/estabelecimentos.Deve-se adicionar a essa classe os materiais definidos como "preciosos" , em razão dos valores de mercardo interno/externo que passam a ter, mesmo que o seu valor seja menor que o valor máximo definido. Logistics 221 O Cost Deployment logísticodo estabelecimento utiliza técnica e abordagem muito parecida com o que foi apresentado no pilar Cost Deployment, mesmo quando enfrenta os processos com suporte das atividades características com valor agregado dos estabelecimentos (transformação produtiva), na qual apresenta algumas especificidades. Em particular, o preenchimento em seqüência das matrizes típicas do Cost Deployment permite sair das perdas ou desperdícios para as causas e sua eliminação. A Matriz A permite individualizar como são distribuídas as perdas maiores, cruzando as áreas e os tipos de perda (perdas relativas à movimentação interna e externa e perdas relativas à gestão dos estoques). Figura 7.23 A Matriz B permite ressaltar as perdas e os desperdícios causais que estão na origem das perdas resultantes. Como já dito, é oportuno sinalizar o tipo de perda específica, nomeando-a de modo claro e explícito, para identificar a natureza causal (perdas pelo layout do estabelecimento, embalagens ruins, saturação, variações produtivas, fornecedores, etc.), evitando e eliminando as descrições muito genéricas (por exemplo, gerenciais) ou que possam gerar confusão (como NVAA, para atividades de entrega – handling -, para não confundir essa atividade com a definição normal relativa ao processo de transformação durante as afinações sucessivas do CD logístico). O desenvolvimento do CD no âmbito logístico deve também detalhar a relação causa e efeito até individualizar as perdas conseqüentes, não somente em nível família das perdas (relativas à movimentação interna e externa e à gestão dos estoques), mas também, pelo menos, em relação às 18 perdas principais, além das áreas onde elas se manifestam. Cost Deployment Logístico Exemplo da Matriz A - Primeira aplicação do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007 Pilares Técnicos 222 Figura 7.24 A Matriz C permite quantificar os desperdícios e as perdas através do cálculo dos custos indutivos para cada um deles. Figura 7.25 No início da Matriz C, é possível individualizar alguns projetos de melhoramento pela utilização da Matriz D. A Matriz D permite pensar na hipótese de eventuais intervenções de melhoramento e avaliar quais indicadores se beneficiariam e avaliar o ataque às perdas. Além disso, auxilia a escolher os métodos e os instrumentos de intervenção. Exemplo de Matriz B - Primeira aplicação do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007 Exemplo de Matriz C - Primeira aplicação do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007 Logistics 223 Na figura seguinte, que mostra a Matriz D, aplicada na primeira tentativa em FGA em Mirafiori, é possível ver como foi decidido atacar as perdas maiores com alguns projetos de melhoramento específicos, cujos nomes estão indicados no lado direito da tabela. Figura 7.26 A Matriz E permite uma avaliação direta dos custos/benefícios, pois, para cada intervenção, são confrontadas as recuperações das perdas em base anual com os custos necessários para realizar a economia. Figura 7.27 Exemplo de Matriz D - Primeira aplicação do Estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007 Exemplo de Matriz E - Primeira Aplicação do Estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007 Pilares Técnicos 224 A Matriz F, enfim, permite o planejamento dos projetos para avançar, em termos operativos e de resultados econômicos. N.B. O caso acima descrito representa a primeira abordagem ao CD na área de logística em FGA, realizada em Mirafiori. Por essa razão, já em fase de evolução, não pode ainda representar padrão de acordo com o espírito WCM. O objetivo das afinações em curso e futuras é detalhar e remover as iniciais aproximações relativas ao sistema de coleta de dados e de definição de cada perda na linha com a roadmap do estabelecimento. 7.8.2 Step 2 Reorganizar a logística interna O objetivo do step 2 é rever os métodos da logística interna, para reduzir os buffers e as atividades sem valor agregado e os outros desperdícios logísticos. Um dos princípios inspiradores do step 2 é a análise do layout, dos fluxos e a escolha do layout mais adequado com critérios de progressividade. Na figura seguinte, são ilustrados os vários tipos lógicos de layout produtivos: começando pela tradicional produção ilhas com buffers intermediários muito elevados e fonte de desperdício, até o fluxo contínuo baseado em células sem estoques intermediários. Para passar das ilhas à produção em células, é possível passar por soluções intermediárias de ilhas conectadas, ou seja, dotadas de esteiras para transporte dos semitrabalhados, com ilhas conectadas a sistemas de controle, que avisam (sinal pull) quando o semitrabalhado está pronto para a seguinte elaboração, eliminando assim os buffers. Tipos de layouts produtivosFigura 7.28 Logistics 225 Figura 7.29 Na figura seguinte, vemos como vários layouts apresentam características diferentes de eficiência, lead time, qualidade e outros desperdícios. A solução em células é a melhor, mas, todavia, não é sempre aplicável imediatamente, sendo necessário, então, transitar por meio de soluções intermediárias. A configuração do layout com fluxo contínuo deveria ser a I, a L ou a U. Além de intervir no layout da produção, é possível alterar também o layout dos almoxarifados ao lado da linha. Para efetuar as operações de picking ou kitting, é possível utilizar um layout com prateleiras facilmente acessíveis colocadas em U, mas, caso a caso, é possível desenvolver a forma na base do princípio de movimentação mínima de materiais e da saturação melhor das atividades de picking ou kitting. Na figura seguinte, vemos como um operador com um carrinho tipo supermercado passa entre as prateleiras e compõe facilmente o carrinho com o mix de material necessário para cada um dos pontos de utilização, fornecidos na sessão da linha interessada. Evolução dos diversos layouts Tipo Efeito Comentários Eficiência Lead Time Qualidade Outros resíduos Ilhas (aldeias - processo) Baixa Baixa Baixa Baixa Resíduos na transferência, problemas de programação, WIP elevado, retorno mínimo da qualidade Ilha conectada (através dos transportadores, controle parcial do trabalho) Um pouco melhor Um pouco melhor Um pouco melhor Um pouco melhor Ainda difícil de se adaptar à troca de produção pedida. Um pouco menos de WIP (o quanto pode ser transportado) Ilha conectada (com com o controle total do trabalho) Um pouco melhor Um pouco melhor Um pouco melhor Um pouco melhor WIP menores e resíduos menores na transferência de semi-produtos Células (produção com fluxo contínuo) Alta Alta Alta Alta WIP mínimo, resíduos míni- mos na transferência. Retorno contínuo sobre a qualidade Pilares Técnicos 226 Figura 7.30 Step 2 Prensas: Alimentação dos departamentos, no começo Alimentar a quantidade de material certa ao lado da linha. Analisar os métodos de fornecimento nas áreas de alimentação das linhas de prensas. Analisar os métodos de retirada no final das linhas de prensas. Eliminar os pontos de estocagem temporários. Exemplos indicadores Nível de coerência tipo material-fluxo. Números de pontos de estoques eliminados. Step 2 Funilaria: Alimentação da linha Alimentar a quantidade de material certa ao lado da linha. Analisar os métodos de fornecimento nas áreas de alimentação das linhas de funilaria principal: - alimentação sincronizada dos componentes; - alimentação direta dos componentes grandes; - alimentação através de prateleiras dos componentes pesados; - kitting para os materiais com muitas variações; - kanban para os artigos normais; - abastecimento vazio contra cheio para artigos pequenos e de custo baixo; - analisar os métodos de fornecimento dos materiais nas áreas de alimentação das linhas de componentes de funilaria; - analisar os métodos de retirada no final das linhas de funilaria; - eliminar os pontos de estocagem temporáriose os retornos de linha; Layout em U de uma área de picking Atividade Logistics 227 - aplicar o fornecimento com tempos fixos e quantidades variáveis pelas longas distâncias (exemplo do fornecedor) - aplicar fornecimentos com tempos variáveis e com quantidades fixas para as distâncias curtas (exemplo fornecimentos internos) Exemplos indicadores Coerência metodológica de alimentação da linha principal. Número de pontos de estocagem temporária eliminados. Step 2 Pintura: alimentação da linha Alimentar materiais na entrada sem sujeira. Utilizar agasalhos sem sujeira. Controlar as fontes de geração de sujeira e pó, incluindo o fator humano. Tomar contramedidas contra a queda e excesso de materiais "sigilantes". Exemplos indicadores Número de intervenções para redução de fontes de sujeira, pó. Step 2 Montagem: alimentação da linha Analisar os métodos de fornecimento do depósito à linha de montagem: - alimentação sincronizada de peças grandes e/ou caras (criar áreas apropriadas de estocagem); - alimentação direta das peças grandes pelos fornecedores; - alimentação através de carrinhos planos (flat carriers) para artigos pesados; - kitting para artigos com numerosas variações; - kanban para os artigos normais; - abastecimento vazio contra cheio para artigos pequenos e de custo baixo. Padronização de expositores e plaquetas. Análise do retorno de containers vazios e dos métodos de estocagem dos componentes. Análise dos métodos de remoção de caixas e embalagens. Eliminação de áreas de estoques temporárias. Exemplos indicadores Coerência de sistemas de alimentação com princípios guia. Números de áreas temporárias de estoques eliminadas. Ferramentas Classificação dos materiais Kanban Kitting Controle Visual (Visual Control) Gestão de inventários Check list peças faltantes Prazo de entregas Mixed delivery (rebocadores) Meios de coleta/recipientes que podem ser reutilizados Troca de embalagem Troca de percursos de fornecimento Layout Pilares Técnicos 228 7.8.2 Step 3 Reorganizar a logística externa O objetivo do step 3 é rever a logística externa, em particular, a relação com fornecedores e sistema de transporte, para reduzir desperdício, aumentar a eficiência dos meios e colocar em fluxo a produção e os fornecimentos. Existem cinco intervenções típicas que foram utilizadas para melhorar o desempenho da logística externa. Os primeiros são o transporte misto e a carga mista (milk-run). Nesses casos, é necessário carregar no mesmo caminhão os produtos que chegam de fornecedores diferentes. Como vemos na figura seguinte, antes da mudança, cada fornecedor enviava o seu caminhão; depois da mudança só tem um caminhão que passa em todos os fornecedores. Desse modo, cada fornecedor pode fazer despachos menores, pois o caminhão será preenchido com os produtos de outros fornecedores. Essa solução apresenta a vantagem de aumentar a saturação dos caminhões e aumentar a freqüência de chegada dos componentes e, então, reduzir as dimensões médias do “lote” de entrega, com conseqüente redução dos estoques no estabelecimento. A terceira intervenção típica que pode acontecer para reduzir os desperdícios é a padronização das embalagens. A quarta intervenção para eliminar o desperdício em estoque consiste em utilizar mais vezes possíveis as entregas diretas do fornecedor à linha de produção, sem deixar a mercadoria em depósitos intermediários. Enfim, para reduzir os custos, é necessário utilizar o transporte disponível, também para o transporte externo. Atividade Step 3 Prensa: Recebimento de material Aplicar sistemas de transporte misto/compartilhado e cargas mistas, para receber apenas a quantidade necessária com base no fichário de produção fixado. Receber as matérias-primas (bobinas, etc.) com qualidade garantida, sem pó/sujeira. Exemplos indicadores Número de matrículas transportadas por tipo de transporte (forklift, misto). Andamento da qualidade na entrada bobinas (resultados de inspeções). Step 3 Funilaria: Recebimento de materiais Aplicar sistemas de transporte misto (compartilhado) e de carga mista, para receber só as quantidades necessárias com base no fichário de produção fixado. Recebimento de pequena quantidade de cada artigo/componente. Levar o mais perto possível do ponto de utilização. Receber produtos de moldagem com zero defeito (seja do molde, seja dos fornecedores). Reduzir o tempo de estocagem dos artigos moldados, para evitar o acúmulo de pó/sujeira. Exemplos indicadores Número de aplicações de transportes mistos. Número de artigos sujeitos ao autocontrole pelo fornecedor (mais descartes em linha). Step 3 Pintura: Recebimento de material Receber produtos da funilaria com zero defeito e sem sujeira/pó. Exemplos indicadores Realização do step: introdução de procedimentos que garantam o recebimento de produtos sem sujeira/pó. Logistics 229 Step 3 Montagem: Recebimento de material Aplicar sistema de transporte misto (compartilhado) e de carga mista, para receber só a quantidade necessária com base no fichário de produção prefixado. Definir os padrões para fornecer, na linha, a quantidade definida de componentes em regime de alimentação direta. Recebimento de material de acordo com os métodos que garantam a qualidade sem pó e sujeira. Estabelecer sistema de gestão do material de fácil aplicação. Exemplos indicadores Número de transportes/cargas mistas ativadas. Novos procedimentos e padrões para alimentação direta da linha e eliminação de fontes de sujeira. Ferramentas Kanban Gestão de inventários Check list de peças faltantes Tabela de controle das entregas Mixed ou shared transportation (milk-run) Meios de coleta/recipientes que podem ser reutilizados (dimensões padrão) Troca de embalagem Mudanças dos percursos de transporte Figura 7.31 A logística do transporte e seus benefícios (mixed ou shared transportation ou milk-run) Antes Depois Fornecedor A Fornecedor B Fornecedor C Nossos estabelecimentos Uma vez por dia Caminhão da empresa de transporte Fornecedor A Fornecedor B Fornecedor C Nossos estabelecimentos Duas vezes por dia Nosso caminhão levará as partes necessárias Entrega Direta 60% 1/d 1/d 1/d Entrega mista • Aumentar a taxade carregamento • Melhorar a freqüência de entrega Colocando as peças de volume reduzido e levando o caminhão com partes de outras peças, aumenta a taxa de carregamento e melhora a freqüência de entrega Pilares Técnicos 230 7.8.4 Step 4 Nivelar a produção O objetivo do step 4 é nivelar a produção em cada fase, para que entre as várias fases do sistema produtivo não tenham buffers intermediários. Isso significa que, por exemplo, o departamento das prensas deve produzir só a quantidade pedida pelo departamento de funilaria. Para fazer isso, precisa chegar a um sistema produtivo em que todas as suas fases consigam produzir baixas quantidades e elevada variedade, produzindo somente aquilo que serve, respeitando o plano, também, para os setup. 7.8.5 Step 5 Refinar a logística interna e externa O objetivo do step 5 é aperfeiçoar a logística externa e interna, intervindo em particular no ciclo completo de fornecimento das peças nas linhas de montagem e na realização de lotes idênticos de produção, nas diversas fases de trabalho. Ter a mesma dimensão dos lotes nas diversas fases e o esforço para produzi-los na mesma seqüência e tempo oportuno, transportando-os no momento certo, conduz à sincronização do sistema inteiro. Ferramentas Fornecimento cíclico Cadência/lote único Alinhar os fluxos (streamline flows) Troca de embalagens 7.8.6 Step 6 Integrar a rede de venda, produção e compras No step 6, a integração e a sincronização são estendidos às vendas, à distribuição e às compras para alcançar um sistema logístico integrado e criar um fluxo acurado. Isso podeser obtido melhorando a flexibilidade e a capacidade de handling e definindo os métodos e os procedimentos padrões para recebimento e fornecimento das componentes. O step 6 é realizado também por meio de um sistema de decisões, que permite orientar as vendas em relação ao benefício que ele provoca no fluxo manufatureiro (nivelamento), entendido como produção em cadeia dos fornecimentos. As decisões que surgem permitem otimizar os resultados totais, por meio de uma negociação interna, que deve ser baseada no valor aportado na empresa para cada simples escolha, que deve ser guiada sempre por uma avaliação custo/benefício. 7.8.7 Step 7 Adotar uma seqüência-método de programação em tempo prefixado No step 7, o objetivo é utilizar um método de fichário baseado em uma seqüência em tempo prefixado, para criar um fluxo totalmente sob controle. Isso pode ser obtido melhorando ainda mais o sistema logístico, até poder aplicar um sistema de fichário em tempos prefixados e certos. O resultado é o alcance da plena sincronização entre vendas, produção, compras e fornecedores, chegando ao estoque mínimo de artigos no depósito. Não tendo descarte e com a produção respeitando perfeitamente o plano, os automóveis pedidos são produzidos a tempo e podem ser entregues ao cliente exatamente como ajustado. O fluxo permanecerá então completamente sob controle. Logistics Melhores Práticas 231 7.9 Best practices – O projeto de reengenharia entrega UTE no estabelecimento de Mirafiori, auditoria 2007 Em Mirafiori, começaram as atividades do pilar logístico, seguindo o percurso em 7 steps. No step 1, foram classificados e controlados os materiais de acordo com o padrão FGA, sendo então classificados os locais de trabalho, atribuindo deméritos em função da densidade do material e de atividades com valor não agregado induzidas pela sua disposição. Para poder quantificar o desperdício e a perda no âmbito logístico, foram desenvolvidas as matrizes A, B, C do Cost Deployment logístico. A partir da Matriz C, foi desenvolvida a Matriz D e, então, foram individualizados os projetos de melhoramento a ser ativados (Matriz E), que foram catalogados e controlados pela Matriz F. Entre esses, foi escolhida a reengenharia do abastecimento UTE 3 como um dos projetos que envolviam algumas das perdas logísticas mais elevadas do estabelecimento. Essas perdas se referiam à gestão dos materiais e às condições do layout do estabelecimento. A partir da Matriz D, surgiram outros projetos, que enfrentaram outros tipos de perdas, sempre guiados pelas prioridades determinadas pelo custo das perdas e dos desperdícios detalhados na Matriz C, por meio de uma avaliação de tipo ICE (Impact, Cost, Easiness). Figura 7.32 Em particular, entre as UTE's de Mirafiori, foi escolhida a UTE 3, pois parecia ser a mais crítica, de acordo com a análise de classificação dos materiais e dos locais. Nessa UTE, começamos com um projeto de Focused Improvement na área Logística (step 2). A análise foi conduzida combinando o método indutivo, parte do step 1, baseado na avaliação entre a incoerência da classe de material e tipo de fluxo logístico utilizado em relação à referência World Class, integrado ao método analítico do Cost Deployment. Na figura seguinte, as diversas UTE's da linha 1, dedicada ao Punto, Idea e Musa, Cost Deployment Logística, maio 2007 Logistics Melhores Práticas 232 são classificadas com base na crítica total resultante da análise. Podemos ver que a UTE 3 apresenta numerosas áreas vermelhas e amarelas, que indicam a presença de elevadas criticidades. Figura 7.33 O problema da UTE 3 era o lado da linha congestionado, a distância entre o material e operador muito grande e a execução de muitas atividades sem valor agregado (passos, procura, erros na escolha do material etc.). Na área, já havia sido ativado um projeto de Workplace Organization, que instalara as bases para outro salto, em que era necessário trabalhar no tipo de fornecimento do material. O objetivo colocado no projeto foi, então, eliminar o material grande ao lado da linha (materiais abastecidos com empilhadeiras), trazer o material para perto do operador de linha (gold zone), pela utilização de um carrinho com material seqüenciado por kit-veículo e reduzir, ao mesmo tempo, as NVAA relativas aos passos ao apanhar o material ao lado da linha e a possibilidade de erro ao pegá-lo, produzindo melhoramento na qualidade. Classificação UTE da linha 1 Mirafiori Logistics Melhores Práticas 233 Foi aplicada a análise do 5W e 1H. Em seguida, por meio da análise da situação atual e a exploração das possíveis soluções, chegamos à solução do problema. Figura 7.34 Isso consiste na realização de dois sets de carrinhos seqüenciados para kit veículos (lado direito e esquerdo) e de duas áreas de picking (ou kitting) para a constituição de um kit veículo (lado direito e lado esquerdo). Em seguida, é possível visualizar o layout inicial, caracterizado por grande distância entre a UTE e a preparação das seqüências e as duas áreas de kitting, onde os kits veículos são preparados. Figura 7.35 A aplicação da técnica 5W e 1H Layout Inicial WHAT (O QUE) • Sobre qual linha é verificado o problema? Criticidade linha 1: linha com três modelos, com o mais alto número de desenhos, com o mais alto número de rotação de contenintores. WHEN (ONDE) • Quando, em que circunstância é verificado o problema? Linha promíscua, três modelos Punto, Idea, Musa WHERE (ONDE) • Onde é verificado a anomalia? A UTE 3 é aquela com a classificação dos materiais e das estações de trabalho mais críticas WHO (QUEM) • O problema é ligado a capacidade específica? Layout físico da UTE WHICH (QUAL) • Quais características são ligadas ao problema? Lado linha congestionado Distância do material por empregado HOW (COMO) • Como é verificada a anomalia? Impossibilidade de inserir desenhos ulteriores (Musa FL) para lado linha Logistics Melhores Práticas 234 Figura 7.36 As vantagens obtidas pela área de picking são as transparências com os estoques, a separação entre atividades de fornecimento e atividades de montagem (lógica cirurgião-enfermeiro), com conseqüente eliminação do tempo de procura e retirada dos componentes nas linhas, redução dos movimentos (atividade sem valor agregado), redução do material ao lado da linha e presença somente de peças boas na linha, melhoramento da qualidade produzida na primeira realização do trabalho pela UTE. Conceito de área de picking e a solução do layout realizado Logistics Melhores Práticas 235 Figura 7.37 Depois das mudanças, os resultados obtidos podem ser resumidos nos seguintes pontos: passagem do fluxo do material a um fluxo mais próximo do ideal; melhoramento da qualidade do produto (deliberação do trecho aumentado para 97,5%, com aumento de 32%); melhoramento da parte crítica dos locais da UTE 3 de acordo com a classificação baseada na densidade e NVAA; melhoramento da saturação da linha (dessaturação média quase na metade); variação do custo handling, crescimento desconsiderável; eventual AGV, em substituição do rebocador, para regularizar o ciclo de fornecimento (com possível posterior eficiência sobre o custo de handling). Essa alteração necessita da verificação técnica da confiabilidade dos AGV. O projeto inclui também atividades de manutenção dos resultados (fase de ACT), baseadas principalmente na atualização dos padrões de área, no desenvolvimento dos instrumentos para a formação dos operadores (OPLs, SOP etc.) Além disso, na lógica do melhoramento contínuo, foram iniciadas algumas atividades de Kaizen sobre o sistema de fornecimento com carrinhos, para melhorar suas características de funcionamento. Foi também identificada como futura hipótese de melhoramento a aplicação de um sistema de AGV, para regularizar e melhorar a eficiência do sistema. Figura 7.38 Melhoramento da qualidade produzida UTE 3, registrada
Compartilhar