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Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Esclerose múltipla Doenças desmielinizantes ➝ doenças da substância branca (mielina); Destruição parcial ou total da bainha de mielina (proteína do SNC); Desmielinização ➝ alteração no impulso nervoso; Forma saltatória do impulso nervo ➝ transmissão mais rápida; Neurônio motor acometido ➝ diminuição da força e do movimento; Neurônio sensitivo acometido ➝ alterações na sensibilidade; Esclerose múltipla Doença de paciente jovem; Doença inflamatória desmielinizante primária do SNC; doença autoimune (não se tem um gatilho bem identificado), incurável, que afeta adultos jovens na idade de máxima produtividade; Curso clínico imprevisível, prognóstico variável; Causa principal de incapacidade neurológica no adulto jovem, exceto trauma; Predominância feminina 2 a 3:1. Patogênese Fatores ambientais – prevalência segundo a região geográfica (regiões mais frias e menor exposição solar) e grupos étnicos; Idade de migração (≤ adolescência: pior); Influência de infecções virais e bacterianas: HSV, EBV, sarampo, HHV6; Chlamydia spp? Fatores estressores: ansiedade, depressão, tabagismo; Gestação (risco 3x nos 6 meses puerpério ➝ durante a gestação é fator de proteção; período de puerpério ocorre surgimento dos sintomas); Baixa exposição a luz solar; Fatores genéticos: o Associação com HLA-DR2 (DRB1*1501 e DQB2*0602); o Mediterrâneo HLA-DR4 (DRB1*0405- DQA1*0301-DQB2*0302); o Genes do receptor α da Interleucina-2 (IL2RA) e da Interleucina-7 (IL7RA) o Polimorfismos em alguns genes de resposta imune relacionam-se com a gravidade da doença e a resposta à terapêutica imunomoduladora; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Fisiopatogenia Reação autoimune (inflamatória) contra componentes da mielina, mediada por resposta T (linfócitos TH1 E TH17) periféricos e B (anticorpos); Fatores inibitórios e reguladores: TH2 E T REG (mimetizam a resposta inflamatória desencadeada pelos linfócitos TH1 E TH17 ou pelos anticorpos via linfócito B); Lesão axonal mediada por mecanismos imunes diretos e indiretos; Remielinização: lesões agudas na EM mediada por O2A (célula precursora de oligodentrócito), estimulada por IGF-1; neurotrofina 3 e IL-6; Células T seriam autoreativas (Th1 e Th17) ➝ à nível de corrente sanguínea podem estar associadas a resposta inflamatória ➝ ultrapassam a barreira hematoencefálica e desencadeiam respostas inflamatórias (liberação maior de interferon gama, TNF-β, formação de complexos que auxiliam na destruição da bainha de mielina); Interferon A e B: tentam diminuir essa resposta inflamatória via linfócitos T, assim como o Natalizumabe que tenta diminuir a passagem dos linfócitos T para o SNC; o Acetato de Glatirâmer que tenta inativar a formação de complexos desses anticorpos no SNC; o Rituximabe que tenta diminuir a reposta ativada pelos linfócitos B; Patologia Placas desmielinizantes ➝ áreas hipocelulares bem demarcadas de perda de mielina dispersas pelo SNC; Infiltrados inflamatórios em localização perivascular, composto de linfócitos e macrófagos contendo produtos de degradação da mielina; Pode ocorrer remielinização extensa em placas agudas e no início da doença ➝ só ocorre até a formação de cicatrizes gliais (esclerose); Lesões axonais precoces e severas; Alterações: edema; inflamação; desmielinização; remielinização (oligodendrócitos – produtoras de mielina); gliose (esclerose – cicatriz); lesão do axônio (lesão irreversível); consequência da inflamação transecção axonal; processo degenerativo Padrões de desmielinização I – Desmielinização (15%) o Mediada por macrófagos (imunidade celular); o Inflamação mediada por Células T – ativação dos macrófagos e micróglia; II – Desmielinização (58%) o Anticorpos e complemento (imunidade celular + humoral); o Inflamação mediada por Células T – ativação dos macrófagos e micróglia; o Anticorpos ativação do complemento dirigidos contra componentes da mielina; III – Distrofia Distal do Oligodendrócito (26%) o Inflamação ➝ Células T + Macrófagos + vasculite + Degeneração distal oligodendrócito ➝ comprometimento distal na célula precursora da mielia; o Apoptose dos oligodendrócitos; o Remielinização limitada; o Causa: hipóxia, Vírus? (PML); IV – Lesão Primária do Oligodendrócito (1%) o Desmielinização secundária associada a M=macrófagos (inflamação ≅ Tipo I, mas forma periclaca); o Degeneração extensa dos oligodendrócitos ➝ alterações genéticas; o Causa: defeito genético dos oligodendrócitos? Manifestações clínicas Muito variáveis; dependentes; da zona do SNC afetada; Cérebro: alterações de sensibilidade (hipostesia dolorosa, ataxia, nível de sensibilidade); alterações de motilidade (paresia, espasticidade, alterações nos reflexos); Nervo óptico: alterações visuais (neurite óptica, atrofia óptica); Cerebelo: alterações cerebelares (tremor, ataxia, disartria, nistagmo); Tronco cerebral: alterações nos pares cranianos (disfagia, disartria, nistagmo, diplopia, vertigem, alterações oculomotoras); Medula espinhal: alterações esfincterianas e sexuais Outras: sinais paroxísticos (espasmos tônicos, nevralgia V, dor); fadiga e sensibilidade ao calor; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo depressão e alterações do humor; deterioração cognitiva; Fenótipos EM se apresenta por 4 fenótipos: Síndrome clínica isolada; Esclerose múltipla surto-remitente; Esclerose múltipla secundariamente progressiva; Esclerose Múltipla primariamente progressiva; Síndrome Clínica Isolada (CIS): o Apresentação inicial em 90% EM (sinais e sintomas de desmielinização numa área do SNC); o Neurite óptica retrobulbar; o Mielite transversa; o Disfunção tronco cerebral; o 30% convertem em EM aos 12 meses. 80% no total; o Risco de conversão de CIS para EM depende da existência de outras manifestações paraclínicas: alterações RMN, bandas oligoclonais, anticorpos anti-mielina.; Esclerose Múltipla Surto-Remitente: o Maior parte dos casos de EM apresenta esse fenótipo ➝ paciente tem o surto e a remissão ➝ sintomatologia diminui por um tempo; o Mais frequente (80-85% casos) o Evolui por episódios de agravamento neurológico “surtos” (24h a 1 Mês); o Após um surto a recuperação espontânea “parcial” é a regra; o Há tendência a um acumular da incapacidade ao longo do tempo; o Não há relação direta entre o nº de surtos e a incapacidade; Esclerose Múltipla Secundariamente Progressiva: o Piora do surto-remissão; o paciente tem o surto e a melhora, tem o surto e a melhora, mas entre os surtos e a melhora não apresenta uma melhora tão eficaz; o Vários sintomas; Esclerose Múltipla Primariamente Progressiva: o Menor porcentagem de pacientes com esse fenótipo; pior prognóstico; o Sempre o mesmo sintoma, mas vai piorando; Curso clínico Esclerose Múltipla Surto-Remissão e Esclerose Múltipla Secundariamente Progressiva: 80% dos doentes evoluem por surtos e remissões, com uma fase secundariamente progressiva; Esclerose Múltipla Primariamente Progressiva: 20% dos doentes têm curso progressivo desde o início, com ou sem surtos; 70% dos doentes evoluem para formas progressivas 10-15% têm formas benignas (estabilidade clínica >20 anos); Prognóstico 50% dos doentes atingiram EDSS1 6 ➝ marcha com apoio bilateral; 7 anos se ≥ 5 surtos nos 2 primeiros anos n=34; 13 anos se 2 a 4 surtos nos 2 primeiros anos n=244; 18 anos se < 2 a 4 surtos nos 2 primeiros anos n=452; ➝ Quanto maior o nível da escala, maior o comprometimento motor; Diagnóstico Sinais/sintomas objetiváveis de disfunção do SNC com recorrência e/ouprogressão ao longo do tempo, no contexto clínico apropriado e após eliminação de outros diagnósticos prováveis; Se houver lesão no nervo óptico: levantar suspeita e reavaliar a cada 3 meses; Critérios diagnósticos: o McDonald 2001: disseminação no tempo e espaço pode ser provada meramente por RMN ➝ um CIS com novas lesões na RMN após 3/6 meses passa a ser classificado como EM; PRINCIPAL CRITÉRIO: envolvimento de duas ou mais áreas distintas do SNC, com intervalo mínimo de 1 mês ou mais entre o surgimento de uma lesão e outra, na ausência de outras explicações para o quadro ➝ Porém, deve-se demonstrar objetivamente a existência de déficit neurológico ou lesão, sendo assim a RNM e potenciais evocados têm grande utilidade; 1 Escala que auxilia no diagnóstico no acompanhamento; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo RNM: envolvimento de substância branca ➝ periventricular, bilateral e simétrico, com acometimento típico do nervo óptico unilateral e presença de “placas” póstero-laterais na medula espinhal; Exame de potenciais evocados: condução neuronal alterada em regiões características da esclerose múltipla (campo visual alterado), porém sem relato de sintomas prévios; Punção lombar: diagnóstico diferencial com outras condições - infecciosas (infecções herpéticas podem causar lesões desmielinizantes); o Líquor pode mostrar bandas oligoclonais de IgG ➝ achado de baixa sensibilidade e especificidade; ➝ A presença de bandas oligoclonais associadas ao exame de RMN sugestiva e clínica do paciente sugestiva vai auxiliar a fazer o diagnóstico. Entretanto, a presença de bandas oligoclonais não é específica para Esclerose Múltipla (pode ser encontrada em outras doenças inflamatórias) - não é um exame patognomônico. Ressonância magnética Disseminação no espaço (Critérios de Barkhoff): o Três dos seguintes: Pelo menos uma lesão captando contraste ou 9 lesões hiper-intensas em T2; Pelo menos 1 lesão infratentorial; Pelo menos 1 lesão justacortical; Pelo menos 3 lesões periventriculares; ➝ Uma lesão na medula é equivalente a 1 lesão cerebral infratentorial; Disseminação no tempo: o Duas formas: Detecção de novas lesões captando gadolínio pelo menos 3 meses depois do evento clínico inicial e com localização diferente; Detecção em qualquer altura de novas lesões em T2 quando comparadas com imagens de referência feitas pelo menos 30 dias após o evento clínico inicial; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Lesões inflamatórias Lesões desmielinizantes periventriculares; Hipersinal na ponderação T2; Lesões ativas: captação de gadolínio; Degenerescência axonal Lesões crônicas com perda – “black holes”; Atrofia cerebral; T1 = black holes; T2 = hipersinal; Pesquisa de bandas oligoclonais no LCR Quando duvidar do diagnóstico?? Exame neurológico normal; Lesão local único: sem disseminação espaço; Progressiva desde o início: sem disseminação temporal; Início após os 50 anos de idade; Presença de doença psiquiátrica; Presença de doença sistêmica; História familiar proeminente; Sintomas atribuídos substância cinzenta; Sintomas do sistema nervoso periférico; Hemiparesia aguda; Ausência de sintomas típicos de EM; Evolução benigna prolongada; Ressonância e LCR normais; Doenças disseminadas no tempo e espaço Doença cérebro-vascular; Lúpus Eritematoso Sistêmico; Síndrome anti-fosfolipídico; Síndrome de Sjogren; Doença de Behçet; Vasculite do Sistema Nervoso; Sarcoidose; Infecções crônicas: Doença de Lyme, Sífilis meningovascular, HIV, Leucoencefalopatia multifocal progressiva, Doença de Whipple; Porfiria; Doença mitocondrial; Neuromielite óptica (D. Devic); Neuropatia mielo-óptica subaguda; Terapêutica Terapêuticas sintomáticas: fisioterapia, terapia ocupacional, fadiga (amantadina, modafinil), espasticidade (baclofeno, tizanidina), problemas esfincterianos e sexuais (oxibutinina, sildenafil), depressão (antidepressivos, ansiolíticos), deterioração cognitiva (anticolinesterásicos?), etc; Terapêutica dos surtos: corticoides (metilprednisolona), IVIG (imunoglobulina), plasmaferese; Terapêutica imunomodulatória / imunossupressora: o Imunomodulação: Interferon beta1a, beta1b (IFN): diminuem a resposta inflamatória a nível de linfócitos T; Acetato Glatirâmer (copolímero-1, GA): impende a formação dos complexos que atingem a bainha de mielina; IVIG, plasmaferese (PLEX); o Imunossupressão: Mitoxantrona (MTX) – cardiotóxicos -, Azatioprina, Ciclofosfamida, Metotrexato; Indicações terapêuticas: Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo o EM Surto-Remitente: IFNβ, Acetato de Glatirâmer; o EM Secundariamente-Progressiva: IFNβ, Acetato de Glatirâmer ➝ Natalizumabe (potencial de imunomodulação, utilizando geralmente na falha do interferon e do acetato de glatirâmer); o EM Primariamente-Progressiva: Ocrelizumabe; Surtos Pulsoterapia de Metilpredinisolona ➝ 1 g IV por 3-5 dias (diluída em soro fisiológico 500 mL), seguida de prednisona VO por mais 4-8 semanas. Isso controla o quadro agudo, mas não previne a progressão da doença; Prescrição da pulsoterapia, controle de pressão arterial a cada 15 min ou a cada 30 min (se história de HAS) e controle de HGT (conforme o HGT, aplicação de insulina regular ideal para cada nível de HGT detectado), prescrever fármaco antiparasitário (ivermectina), ou antes ou no início da infusão da pulsoterapia (altas doses de corticoide diminuem a imunidade do paciente ➝ risco de infecção parasitária de SNC); Terapia crônica Fármacos “modificadores da doença” ➝ drogas que reduzem as recidivas da doença; Interferon-beta-1a, Interferon beta-1b ou Acetato de Glatirâmer; Natalizumabe (anticorpo monoclonal contra o VLA-4 - molécula facilitadora da entrada de leucócitos autorreativos no SNC): considerada a droga mais eficaz, mas só é usada em casos refratários à terapia convencional ➝ pode reativar o vírus JC, latente na maioria da população ➝ leucoencefalopatia multifocal progressiva; Mitoxantrona: quimioterápico imunossupressor usado na forma progressiva da doença; o Droga cardiotóxica ➝ monitorização periódica; Novos agentes Anticorpos monoclonais: Natalizumabe CD49d (VLA-4), Alemtuzumabe CD5, Daclizumabe CD25 (IL-2Rx), Rituximabe CD20; Agente oral: Fingolimóide, Tecfidera, Teriflunomide, Laquinimod Estratégia terapêutica Primeira linha (Betainterferonas, glatirâmer ou teriflunomida) ➝ EM-SR e EM-SP; o Azatioprina: opção menos eficaz; só deve ser utilizada em casos de pouca adesão às formas parenterais (intramuscular, subcutânea ou endovenosa); Segunda linha (Betainterferona, glatirâmer, teriflunomida, fumarato de dimetila ou fingolimode); o Em casos de intolerância, reações adversas ou falta de adesão a qualquer medicamento da primeira linha de tratamento, é permitida a troca por qualquer outro medicamento entre os de primeira linha (betainterferonas, glatirâmer ou teriflunomida) ou por fumarato de dimetila; o Em casos de falha terapêutica ou resposta sub- ótima a qualquer medicamento da primeira linha de tratamento, é permitida a troca por qualquer outro medicamento entre os de primeira linha (betainterferonas, glatirâmer ou teriflunomida) ou por fumarato de dimetila ou por Finglimode; Terceira linha (Fingolimode); o Em casos de falha terapêutica após tratamento preconizado na segunda linha de tratamento, preconiza-seo uso do Fingolimode, caso não tenha sido utilizado em segunda linha; Quarta linha (Natalizumabe); o Em casos de falha terapêutica ao tratamento da terceira linha ou contraindicação ao fingolimode após falha terapêutica ao tratamento preconizado, indica-se o natalizumabe; ➝ Fingolimod (Gilenya®) é a primeira terapêutica oral para o tratamento de EMSR; tratamento de segunda linha em doentes com padrão agressivo de EMSR; É um análogo da esfingosina; Diminui a secreção de citocinas pró-inflamatórias, através da regulação dos receptores S1P, presentes nos astrócitos e reduz a produção de IL-17 pelas células Th17; Promove remielinização através da indução da diferenciação de células percursoras de oligodendrócitos; ➝ Fumarato de dimetila ou BG-12 (Tecfidera 120 mg e 240 mg) cápsula: Respostas farmacodinâmicas mediadas pela ativação da via de transcrição do fator Nuclear (eritróide-derivado 2)- tipo 2 (Nrf2); Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Regula positivamente os genes antioxidantes dependentes de Nrf2 em doentes (ex.: NAD(P)H desidrogenase, quinona 1; [NQO1]); Menos lesões à RM; ➝ Teriflunomide: Inibidor da dihidro-orotatedesidrogenase ➝ inibe a síntese de pirimidina; Diminui replicação de céls T; Menos lesões à RM; ➝ Laquinimod: Depriva linfócitos; Menos lesões à RM.
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