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Página 1 de 160 ARC – Administração e Relacionamento com o Cliente Sumário Módulo de Boas-Vindas .................................................................... 02 Módulo de Apresentação da Disciplina e Bibliografia ............................. 05 Módulo 01 – Clientes: Definições e Entendimentos ............................... 10 Módulo 02 – Clientes como início e fim dos Processos Organizacionais ..................................................................................................... 19 Módulo 03 – Segmentação de Mercado e Definição de Clientes-Alvo ..................................................................................................... 27 Módulo 04 – Introdução aos Atributos Valorizados Pelos Clientes ..................................................................................................... 41 Módulo 05 – Riscos ao Ouvir o Cliente ................................................ 67 Módulo 06 – Canais de Acesso Oferecidos aos Clientes ......................... 77 Módulo 07 – Requisitos Exigidos dos que Interagem com os Clientes .................................................................................................... 102 Módulo 08 – A Compra racional, por impulso e a dissonância cognitiva .................................................................................................... 122 Cases: Mercado Personalizado + Wal-Mart ........................................ 129 Textos Complementares Para Estudo ................................................ 137 Página 2 de 160 Módulo de Boas-Vindas Caro Aluno(a), Seja bem vindo(a)! Nesta nossa disciplina de Administração do Relacionamento com o Cliente (ARC) trataremos de assuntos como a definição e o entendimento do que vêm a ser cliente e consumidor, segmentação de mercado e identificação de clientes alvo, atributos valorizados pelos clientes, instrumentos para ouvir os clientes, canais de acesso dos clientes às organizações, padronização do atendimento, compra por impulso, dissonância cognitiva, dentre outros, com o objetivo principal de levar você, a saber, como definir quem são os clientes de uma organização e quais são suas necessidades e expectativas, saber como se relacionar com eles e como avaliar sua satisfação, e com isso, auxiliar no processo de tomada de decisão e na atingimento de resultados mutuamente benéficos (para os clientes e para as organizações). Portanto, é nossa expectativa que você aprenda bastante. Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, a sugestão é que dedique ao menos “10” horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e realizando os exercícios de auto- avaliação. Uma boa forma de você fazer isso é planejar o que estudar, semana a semana. Para facilitar seu trabalho, apresento na tabela abaixo, os assuntos que deverão ser estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. No mínimo você deverá buscar entender muito bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão será maior, na medida em que acompanhar, também, a leitura complementar. Você mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos. Quadro 1 - Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas Assuntos / Módulos Leituras Sugeridas Fundamental Complementar - 1 - Clientes: definições e entendimentos. · Clientes internos (Livro texto: cap.3) · Necessidades dos clientes internos (Kotler, 2009: cap.7) - 2 - Origens do Clicentrismo e as Ondas da Qualidade. · Processos internos (arquivo anexado ao assunto 02) · - 3 - Segmentação de Mercado e Definições de Clientes- Alvo. - 4 - Atributos Valorizados pelos Clientes. - 5 - Risco ao Ouvir os Clientes Página 3 de 160 e como Selecioná-los. - 6 - Canais de Acesso dos Clientes às Organizações. - 7 - Requisitos Exigidos dos que Interagem com os Clientes. - 8 - Compra Racional, Compra por Impulso e a Dissonância Cognitiva. Nota: ver as Referências para maior detalhamento das fontes de consulta indicadas. Avaliações Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações, cabendo a você tomar conhecimento do calendário das mesmas e de fazer a marcação das datas das suas provas (agendamento de provas), dentro dos períodos especificados. É importante destacar que uma das formas de você se preparar para as avaliações é realizar os exercícios de auto-avaliação, disponibilizados para você neste sistema de disciplinas on line. O que tem que ficar claro, entretanto, é que os exercícios que são requeridos em cada avaliação não são a repetição dos exercícios da auto-avaliação. Para sua orientação, é informado na tabela a seguir, os assuntos que serão requeridos em cada uma das avaliações às quais você estará sujeito: Quadro 2 - Conteúdos a serem exigidos nas avaliações Avaliações Assuntos Exercícios de auto- avaliação relacionados NP1 Do assunto 1 até o assunto 4. Todos os exercícios dos módulos 1, 2, 3 e 4. NP2 Do assunto 5 até o assunto 8. Todos os exercícios dos módulos 5, 6, 7 e 8. Substitutiva Toda a matéria Todos os exercícios. Exame Toda a matéria Todos os exercícios. Referências Bibliográficas Referência principal: Silva, Fábio Gomes; Zambon, Marcelo S. (0rg). Gestão do relacionamento com o cliente. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Página 4 de 160 _____________. (0rg). Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning, 2006. Outras referências: Sheth, Jagdish N.; Mittal, Banwari; Newman, Bruce I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. Solomon, Michael R. Comportamento do Consumidor. (5 ed). Porto Alegre: Bookman, 2002. Página 5 de 160 Módulo de Apresentação MERCADO DE CAPITAIS Caro Aluno Seja bem-vindo. Por favor, leia atentamente as informações a seguir, para que você possa tirar o máximo proveito da disciplina, nesta modalidade on line. Nesta nossa disciplina estaremos tratando de assuntos, tais como: Um breve histórico do Sistema Financeiro Nacional – (SFN), abordando o sistema normativo e operativo. A abertura de capital de empresas. A segmentação do mercado financeiro e os títulos encontrados nesse mercado. Modalidades operacionais do mercado acionário. Operações no mercado de derivativos; fundos de investimentos em ações e os principais índices do mercado acionário brasileiro. Com isso a disciplina pretende atingir os seguintes objetivos específicos: Apresentar e discutir os conceitos fundamentais sobre o mercado de capitais com a finalidade de propiciar ao aluno uma visão geral do tema e de sua importância para a criação de valor econômico das empresas e a promoção do desenvolvimento social do País. Contribuir para a compreensão dos indicadores do mercado acionário brasileiro e seus efeitos na economia. Estabelecer análise de investimentos no mercado, considerando aspectos como políticas econômicas e formação de preços do mercado de ações. Desenvolver a capacidade de acompanhar e interpretar as variações de preços nas bolsas, a partir da composição das carteiras e análise da macroeconomia. Atingindo esses objetivos a disciplina espera contribuir para que você desenvolva as seguintes competências: Senso crítico: por meio do fomento de uma visão questionadora dos métodos e processos em uso nas organizações, a partir dos vários insumos fornecidos pelas correntes de pensamento administrativo. Capacidade de contextualização: através do exercício do relacionamento das propostas teóricas das correntes depensamento administrativo com o momento histórico em que foram apresentadas e com a sua possível aplicação contemporânea. Visão estratégica: pela discussão dos pontos fracos e fortes de cada teoria, das ameaças que podem enfrentar e das oportunidades que podem aproveitar no contexto das organizações. Orientação para resultados: pela ênfase no entendimento de que o pensamento administrativo só faz sentido na medida em que permite o atingimento dos objetivos organizacionais. Desenvolvimento pessoal, comunicação e expressão e trabalho em equipe: pelo desenvolvimento de atividades que permitam, desde Página 6 de 160 as reflexões pessoais até a formação de consenso, pelo exercício da comunicação e expressão adequadas. Assim sendo, levando em conta todos esses aspectos, nossa expectativa é que você consiga aproveitar o máximo possível. Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que você dedique ao menos quatro horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e realizando os exercícios de autoavaliação. A administração do tempo é fundamental para que você possa concluir seus estudos sobre a disciplina, por isso, planeje o que estudar, semana a semana. INFORMAÇÕES IMPORTANTES: A – CONTEÚDOS (ASSUNTOS) E LEITURAS RELACIONADAS Nossa disciplina está estruturada em 8 (oito) MÓDULOS, cada um deles cobrindo um assunto ou conteúdo próprio, conforme tabela a seguir. Para facilitar seu trabalho, estão apresentados esses assuntos (ou conteúdos) que deverão ser estudados na disciplina e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida, retirada da seguinte fonte: TEXTO DE LEITURA FUNDAMENTAL EXIGIDA Mercado de Capitais – Fundamentos e Técnicas Autor: Juliano Lima Pinheiro 5ª. Edição – 2009 Editora: Atlas MÓDULOS CONTEÚDO 1 O Sistema Financeiro Nacional ( S.F.N.): · Subsistema Normativo: Conselho Monetário Nacional - CMN · Entidades Supervisoras: Banco Central - Bacen; Comissão de Valores Mobiliários - CVM; · Operadores: Instituições financeiras; Bolsas de Valores; Bolsa de Mercadoria e Futuros; Bancos de Câmbio e Outros intermediários. 2 Abertura de Capital de Empresas: · Companhia Aberta – Conceito Legal; · Desenvolvimento das Sociedades Anônimas; · Abertura de capital na estratégia empresarial. 3 Segmentação do Mercado Financeiro: · Mercado monetário; · Mercado de crédito; · Mercado de Câmbio; · Mercado de capitais. Página 7 de 160 4 Títulos do Mercado de Capitais: · Ações; · Debêntures; · Commercial Paper. Modalidades Operacionais do Mercado Acionário: · Operações no Mercado à vista. 5 Conceituações dos Índices do Mercado Acionário Brasileiro: · Índice da Bolsa de Valores de São Paulo – IBOVESPA; · Índice Brasil – IBX. Conceituações dos Índices do Mercado Acionário Internacional: · Índice Dow Jones - Bolsa de Valores de Nova Iorque (N.Y.S.E); · Índice S&P 500 - Bolsa de Valores de Nova Iorque (N.Y.S.E); · Índice Composto Nasdaq; · Índice Nikkei – Bolsa de valores de Tókyo; · Índice Financial Times – Bolsa de Valores de Londres. 6 Operações no Mercado de Derivativos: · Conceitos; · Mercado a Termo; · Mercado de Opções. 7 Fundos de Investimento em Ações: · Conceitos; · Tipos de fundos de investimento em ações. 8 Análise fundamentalista: · Conceitos; · Formação do preço justo de uma ação; · Principais indicadores fundamentalista; · Aspectos a serem observados na análise de uma empresa. LEITURA COMPLEMENTAR SUGERIDA: INDICAÇÃO DE MATERIAL È recomendável que você busque entender muito bem o conteúdo da leitura fundamental exigida, já designada acima. Porém, é evidente que sua compreensão será maior, se você explorar a bibliografia complementar sugerida como leitura adicional. Para tanto, escolha na relação que aparece no item C- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, logo abaixo, dentre os títulos apresentados, aqueles que lhe sejam mais acessíveis, para essa complementação de estudos. B – AVALIAÇÕES Como é de sua ciência, segundo o regulamento da Universidade, você precisa realizar uma série de avaliações para as quais existe um calendário que fica sob sua responsabilidade conhecer. Página 8 de 160 Você deve tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das datas das suas provas, dentro dos períodos especificados. Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as avaliações é realizando os exercícios de autoavaliação, disponibilizados para você neste sistema de disciplinas on line. O que tem que ficar claro, entretanto, é que as avaliações a que você terá que se submeter não repetirão esses exercícios disponibilizados no site da disciplina on line, uma vez que estes são considerados como um apoio para seus estudos: constarão de questões inéditas. Para sua orientação a tabela a seguir mostra os assuntos que serão requeridos em cada uma das avaliações às quais você estará sujeito, bem como os respectivos exercícios de auto- avaliação para seu apoio: CONTEÚDOS A SEREM EXIGIDOS NAS AVALIAÇÕES (CONFORME DESCRITOS EM TABELA ACIMA ESPECIFICADA) AVALIAÇÕES ASSUNTOS ou CONTEÚDOS EXERCÍCIOS DE AUTOAVALIAÇÃO RELACIONADOS PARA ESTUDO NP1 MÓDULOS: 1, 2, 3 e 4 EXERCÍCIOS APRESENTADOS NAS AULAS, QUE VÃO DO MÓDULO 1 AO MÓDULO 4 NP2 MÓDULOS: 5, 6, 7 e 8 EXERCÍCIOS APRESENTADOS NAS AULAS, QUE VÃO DO MÓDULO 5 AO MÓDULO 8 SUBSTITUTIVA E EXAME CONTEÚDOS DE TODOS OS MÓDULOS, OU SEJA: DO 1 AO 8 TODOS OS EXERCÍCIOS DOS 8 MÓDULOS C – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRAFIA BÁSICA · PIHNEIRO, Juliano Lima. Mercado de Capitais. 5 ed..São Paulo: Atlas, 2009. · CAVALCANTI, Francisco, MISUMI, Jorge Yoshie, RUDGE, Luiz Fernando.Mercado de Capitais. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. · LAGIOIA, Umbelina Cravo Teixeira. Fundamentos do Mercado de Capitais. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: · CERBASI, Gustavo. Investimentos Inteligentes. 1 ed. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008. Página 9 de 160 · GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 12 ed. São Paulo: Pearson, 2010. Bons estudos! Líder da disciplina Página 10 de 160 Unidade I MÓDULO 1 CLIENTES: DEFINIÇÕES E ENTENDIMENTOS Objetivo resumido desse módulo Ao final desse módulo, você será capaz de compreender termos como cliente, comprador, cliente final, consumidor etc., objetivando que não ocorram interpretações errôneas, uma vez que, embora muitos dos termos sejam semelhantes, não são sinônimos e, uma boa identificação dos casos estudados requer saber exatamente ‘quem é quem’ no contexto dos clientes e das organizações. Além disso, poderá entender, de maneira breve, porque o comportamento do consumidor é visto como um processo. 1. Definições básicas e entendimentos Aqui são apresentadas algumas das principais definições e entendimentos para o termo cliente. Esse conhecimento servirá de apoio para que haja entendimento em cada um dos módulos desta disciplina, sendo assim, compreende-los é fundamental. São eles. 1.1 Cliente É possível compreender o cliente como aquele que é o destinatário de um produto, entendendo-se como produto o resultado de um processo e, entendendo-se como processo um conjunto de atividades inter-relacionadas que transformam entradasem saídas. Neste sentido, é valido compreender que um produto tanto pode estar relacionado a uma mercadoria (tangível) como a um serviço (intangível). O termo cliente, portanto: “Designa uma pessoa ou unidade organizacional que desempenha papel no processo de troca ou transação com uma empresa ou organização. (...) O terno cliente refere-se a pessoas que assumem diferentes papéis no processo de compra, como o especificador, o influenciador, o comprador, o pagante, o usuário ou aquele que consome o produto”. (Bretzke, apud Dias, 2003, p.38). “Constituinte, em relação ao advogado, ou procurador. Divididos em mercado-alvo, podem ser: consumidores, industriais, revendedores, empresas governamentais e internacionais. 2. Forma pela qual os publicitários designam os anunciante, os empresários em geral, quando vinculados a uma agencia de propaganda.” [Moreira; Pasquale; Dubner. 1999, p.89] ”Deve-se considerar o cliente como o destinatário dos produtos da organização. Pode ser uma pessoa física ou jurídica. É quem adquire Página 11 de 160 (comprador) e/ou que utiliza o produto (usuário / consumidor).” (FPNQ, 2004: p.50). “Designa uma pessoa ou unidade organizacional que desempenha papel no processo de troca ou transação com uma empresa ou organização. (...) O termo cliente refere-se às pessoas que assumem diferentes papéis no processo de compra, como o especificador, o influenciador, o comprador, o pagante, o usuário ou aquele que consome o produto, (...).” (Dias, 2003: p.38). 1.2 Marketing e Marketing de Relacionamento Marketing é visto, dentre outras possibilidades, como um conjunto de processos humanos, sociais e administrativos por meio dos quais se estabelece e se facilita a troca de produtos e serviços de valor entre compradores e vendedores, os quais segundo Kotler e Keller (2006) e Pinheiro e Gullo (2011) estão em busca da satisfação de suas necessidades, desejos e objetivos. Os estudos sobre o cliente, principalmente o comportamento de compra, a satisfação e a fidelização, estão no cerne da área de Marketing, da qual emana o Marketing de Relacionamento, que visa estabelecer – por meio de ferramentas específicas com o composto de marketing, dentre outras – relacionamentos duradouros e mutuamente vantajosos para os compradores (clientes) e os vendedores (organizações). 1.3 Compostos de Marketing O composto de marketing, também conhecido como mis de marketing, em inglês marketing mix, ou simplesmente como 4Ps, compreende, principalmente, a abordagens sobre o produto, o preço, a praça e a promoção, condição que leva o composto a ser chamado, corriqueira e simplesmente de ‘4Ps’. Os 4Ps representam a visão que a empresa vendedora tem das ferramentas de marketing disponíveis para influenciar compradores. Do ponto de vista de um comprador, cada ferramenta de marketing é projetada para oferecer um benefício ao cliente. Robert Lauterborn (1990) sugeriu que os 4Ps do vendedor correspondem aos 4Cs dos clientes. Quadro 1 - A correlação sugerida por Robert Lauterborn: Produto Cliente (requerem soluções) Preço Custo (para o cliente) Praça Conveniência Promoção Comunicação Fonte: Adaptados de Lautenborn (1990). A correlação sugerida por Lauterborn (1990) ajuda a compreender que o foco do marketing é o cliente e para tanto é preciso proporcionar Página 12 de 160 conveniência, comunicar essas conveniências, sempre ao menor custo para não pesar no orçamento do cliente. Já que estamos falando sobre clientes, os 4Cs não podem ser deixados de lado, pois, servem para demonstrar que toda medida de uma organização (com ou sem fins lucrativos) está ligada aos seus clientes e/ou consumidores, pois, sabem que para existir precisam deles, bem como os mesmos sabem que os produtos que compram facilitam suas vidas, solucionam problemas cotidianos etc. Para reflexão: Discuta a frase: “Não há pior cliente que cliente nenhum.” Ou seja, é melhor ter todos os piores clientes, desde que sejam de fato clientes ativos, pois sem eles não existe organização. Veja o quadro, a seguir, que a apresenta a relação dos 4Cs com os clientes, ou seja, com a relação que se estabelece com os clientes. Quadro 2 – Dos 4Cs aos clientes Clientes Conveniência Comunicação Custos Necessidade e Desejos dos clientes Produtos / Serviços Fonte: Desenvolvido pelo autor. 1.4 Consumidor O termo consumidor trata do “indivíduo que compra bens ou serviços para consumo próprio.” [Moreira; Pasquale; Dubner. 1999, p.103] 1.5 Comprador Trata-se da pessoa que faz a compra. 2. Do indivíduo que adquire o produto ou serviço. [Moreira; Pasquale; Dubner. 1999, p.97] É a pessoa que está presente no ato da compra executando-a. 1.6 Pagante É quem paga pelo produto ou serviços adquirido, podendo, portanto não ser a mesma pessoa do comprador ou mesmo do consumidor. (Porém, direta ou indiretamente o pagante pode ser considerado como cliente). Nota, o pagante não precisa estar presente no fechamento da compra, pois, ele pode ter enviado o dinheiro, cheque ou cartão por exemplo. Página 13 de 160 1.7 Cliente Externo “É, geralmente, aquele que paga pelos produtos e serviços sem participar do processo de produção e realização do mesmo. Ele sobre o impacto dos produtos e serviços oferecidos sem fazer parte da organização.” (Bogmann. 2000, p.36) Em outras palavras, o cliente externo é genericamente o ‘cliente’, porém, o termo ‘externo’ remete ao fato que ele (cliente externo) não faz parte da organização, não trabalha nela e nem possui qualquer tipo de relação profissional com a mesma. Este é um termo importante porque há clientes internos, e é importante para as organizações diferenciá-los. 1.8 Cliente Interno É aquele que faz, ou deixa de fazer, o que é necessário para que a expectativa do cliente final seja satisfeita e positivamente superada. É a peça principal na qualidade total em serviços. De acordo com Bognmann (2009, p.39) o cliente interno é a pessoa que trabalha em nossa empresa e influencia o processo produtivo e de fornecimento de serviços. Para Meireles (2003, p.191) dentro de uma empresa acontecem várias situações nas quais os departamentos ou as pessoas fornecem produtos uns aos outros, essa visão do autor sugere que se estabelece uma relação clientelística entre os envolvidos, portanto, os receptores (das atividades internas) são denominados clientes internos. De certa forma é possível explicar que o cliente interno é o mais esquecido dentre os tipos de clientes e, não por acaso, o primeiro em qualquer processo de vendas. Sugestão de leitura: Estude o capítulo 16, ‘Clientes Internos’, do livro Gestão do Relacionamento com o Cliente, da editora Cengage, 2012, para maior aprofundamento sobre esse assunto. 1.9 Cliente Pessoal “É aquele que influencia nossas vidas e nosso desempenho no trabalho. O termo ‘cliente pessoal’ remete ou é formado pelas pessoas que amamos: a esposa, o marido, os filhos, os amigos e todos aqueles que convivem conosco, alimentado nossas necessidades emocionais e sociais”. [Bogmann. 2000, p.38] Clientes pessoais, são importantes porque muitas vezes, compram em determinados estabelecimentos apenas porque tem afinidade conosco (pessoa – funcionário daquele estabelecimento). Ou seja, os clientes pessoais são levados pelas relações de amizade. 1.10 Cliente da Concorrência Página 14 de 160 É o cliente externo que não compra de nossa empresa, mas sim, dos nossos concorrentes. A soma dos nossos clientes externos com os clientes da concorrência forma a massa de clientes ativos que chamamos de mercado atual. O número de clientes externos que temos em relação ao mercado atual determinaa nossa participação no mercado em um determinado território definido.” [Bogmann. 2000, p.39] De certa forma o cliente da concorrência é o cliente que queremos para nós, pois, por algum motivo ele prefere fazer negócio com outro (nosso concorrente). 1.11 Cliente Lucrativo É uma pessoa, residência ou empresa que, ao longo do tempo, rende um fluxo de receita que excede por margem aceitável o fluxo de custos de atração, venda e atendimento da empresa relativa a ele. [Kotler, 2000. p.77]. 1.12 Então, o que é um cliente? · Um Cliente é a “pessoa mais importante do mundo nesse escritório...” quer ele se comunique pessoalmente ou por carta etc. · Um Cliente não depende de nós... nós é que dependemos dele. · Um Cliente não interrompe nosso trabalho... é a finalidade dele. · Não estamos fazendo um favor em servi-lo... ele está nos fazendo um favor dando a oportunidade de fazê-lo. · Um Cliente não é alguém com quem discutir ou debater. Ninguém jamais venceu uma discussão com um Cliente. · Um Cliente é uma pessoa que nos traz seus desejos. É nossa obrigação lidar com eles de maneira lucrativa, para eles e para nós. [Kotler, 2000. p.71] - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as 4 questões propostas a seguir. 1 - Explique qual a diferença entre cliente e consumidor? 2 - Já que, os papéis de um cliente, dentre outros, podem ser (a) comprador, (b) consumidor e (c) pagante, explique cada um deles. 3 - O que diferencia um cliente externo de um cliente interno? 4- Como você entende cliente lucrativo? Nota sobre a atividade: Todas as questões para reflexão propostas acima são encontrados nesse material, pois, cada uma delas refere-se a um item diretamente abordado. Página 15 de 160 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1.13 Clientes: outras reflexões e entendimentos e o comportamento do consumidor visto como processo Em geral, um cliente é uma pessoa ou uma unidade organizacional que desempenha um papel na consumação de uma transação com o profissional de marketing ou com uma entidade. Os clientes de uma empresa podem estar atuando como membros de uma família ou representantes de outra empresa. Por sua vez, o termo consumidor tem sido usado para se referir apenas aos mercados de bens de consumo. O termo correspondente para o mercado industrial tem sido cliente (Sheth; Mittal; Newman, 2001, p.29). Mas, lembre-se que, por definição, consumidor é quem consome, também entendido como cliente final, já os clientes tendem a ser aqueles ligados ao processo de relacionamento (como compradores, pagantes ou usuários em caso de empresas). Logo, o cliente e o consumidor podem ser a mesma pessoa, mas também podem não ser, veja o exemplo: Eu vou ao supermercado comprar iogurte para meu filho. Questiona-se: · Quem é o cliente em relação ao supermercado e quem é o consumidor (em relação ao produto)? Resposta: · Eu sou o cliente por ativar o processo de negociação para aquisição do produto iogurte (resumo do processo: ir ao supermercado, identificar o produto, passar no check-out, pagar, embalar, voltar para casa). – Por sua vez, meu filho ao consumir o iogurte será identificado como sendo o ‘consumidor’ do produto (igual a cliente final). Qual a importância de saber este tipo de diferenciação? Ela serve, por exemplo, para descrever corretamente um planejamento estratégico de marketing quando se descreve a quem se direciona a campanha (aos clientes ou consumidores) dado que podem não ser as mesmas pessoas... É bom lembrar, Lembre-se, por exemplo, que as propagandas televisivas de brinquedos infantis podem ter dois públicos distintos, (a) a criança potencial consumidora do produto ou (b) os pais, potenciais compradores (pagantes). Para cada uma deles a propaganda apresentará um tipo de orientação, pois, a linguagem que atinge cada um dos públicos é diferente. 1.14 O Comportamento do Consumidor é um Processo Em seus estágios iniciais de desenvolvimento, a área (comportamento do consumidor) com frequência era chamada de comportamento do comprador, o que refletia uma ênfase na interação entre consumidores e produtores no momento da compra. A maioria dos profissionais de Página 16 de 160 marketing reconhece agora que o comportamento do consumidor é um processo contínuo, e não só o que acontece no instante em que um consumidor entrega dinheiro ou apresenta seu cartão de crédito e, em troca, recebe uma mercadoria ou serviço. (Solomon, 2002, p.24) O processo é muito maior e interativo do que simplesmente realizar o processo de comercialização entre um ofertante e um demandante. A troca, uma transação em que duas ou mais organizações ou pessoas dão e recebem algo de valor, é uma parte integrante do marketing [e, portanto, processo de relacionamentos entre pessoas e organizações]... Embora a troca continue sendo uma parte importante do comportamento do consumidor, a visão mais abrangente enfatiza todo o processo de consumo, o que inclui as questões que influenciam o consumidor antes, durante e depois da compra. (ibid: 24) 1.15 O Comportamento do Consumidor envolve muitos atores diferentes Geralmente se pensa no consumidor como uma pessoa que identifica uma necessidade ou desejo, faz uma compra correspondente a tal necessidade/desejo e, então, dispõe do produto/serviço. Em muitos casos, no entanto, deferentes pessoas podem estar envolvidas nessa sequência de eventos. O comprador e o usuário de um produto podem não ser a mesma pessoa, como quando um pai escolhe roupas para um adolescente (e faz escolhas que podem resultar em um “suicídio da moda” na visão do adolescente). Em outros casos, outra pessoa pode agir como influenciador, fazendo recomendações a favor ou contra certos produtos sem realmente comprá-los ou usá-los. Por exemplo, a “cara feia” de um amigo quando alguém experimenta uma calça nova pode influenciar mais do que qualquer coisa que os pais possam fazer. Finalmente, os consumidores podem tomar a forma de organizações ou grupos. Uma ou várias pessoas podem tomar decisões envolvidas na compra de produtos que serão utilizados por muitos, como quando um encarregado de compras encomenda material de escritório para a empresa. Em outras situações organizacionais, as decisões de compra podem ser tomadas por um grande número de pessoas – por exemplo, contadores, designers, engenheiros, equipes de vendas e outros –, todas elas com algo a dizer em cada fase do processo de consumo. (Solomon, 2002, p.25) 1.16 A Estrutura Organizacional deve atender aos clientes As organizações atuais precisam revisar a estrutura que desenvolveram para então avaliar se estão adequadas as expectativas de seus clientes ou não. Se não estiverem, é preciso saber o que causa esta circunstância e como resolvê-la? Muitas organizações tradicionais, ainda hoje, são estruturadas com base em departamentos que, por sua vez, tendem a se concentrar quase que exclusivamente no que realizam, sem se preocuparem com o que sucede nas outras áreas. O mesmo não acontece com organizações mais modernas e mais atentas que buscam se estruturar na forma de processos como Página 17 de 160 modo de atender às necessidades dos clientes (externos e internos) (Silva e Zambon, 2006, p.11). Sugestão: Faça pesquisas em livros e na internet sobre o tema “comportamento do consumidor”, assim, outras abordagem poderão ser estudadas, enriquecendo-se sua formação. Uma leitura que pode ser útil é “Comportamento do Consumidor: fatores que influenciam o comportamento de compra e suas variáveis”, disponível em: < http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/comportamento-do-consumidor-fatores-que-influenciam-o-comportamento- de-compra-e-suas-variaveis/47932/# > (publicado em 07 de setembro de 2010). 1.17 Exemplo de Exercício Resolvido Veja a seguir um exemplo de exercício para seu estudo, com a resposta correta e, com o comentário sobre o mesmo. Questão: Partindo do entendimento de que a palavra shopper da língua inglesa, na língua portuguesa é compreendida como “comprador”, fica fácil compreender porque empresas como Coca-Cola e Lego fazem o que pode para chamar atenção do shopper no ponto de venda. Tal objetivo, chamar a atenção do comprador, está relacionado? 1. Ao comportamento de compra do consumidor. 2. Ao comportamento de venda da empresa. 3. Ao comportamento de Coca-Cola e da Lego em seu âmbito cultural e organizacional. 4. Ao sistema de fechamento de venda adotado pela empresa. 5. As pessoas que atendem aos clientes. Resposta correta: Letra “A”. Comentário: Assim como o texto apresenta no parágrafo de número 1, o objetivo de chamar a atenção do shopper (comprador) está relacionado ao comportamento de compra do consumidor, isso ocorre porque a empresa as empresas sabem que alguns segundos a mais de atenção dos consumidores para com seus produtos pode significar vender mais, afinal, quando mais atenção os compradores dão a determinado produto, por exemplo, mais interessem poderem desenvolver pelo mesmo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/comportamento-do-consumidor-fatores-que-influenciam-o-comportamento-de-compra-e-suas-variaveis/47932/ http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/comportamento-do-consumidor-fatores-que-influenciam-o-comportamento-de-compra-e-suas-variaveis/47932/ http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/comportamento-do-consumidor-fatores-que-influenciam-o-comportamento-de-compra-e-suas-variaveis/47932/ Página 18 de 160 Básicas: SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Complementares: BOGMANN, Itzhak Meir. Marketing de Relacionamento: estratégias de fidelização e suas implicações financeiras. São Paulo: Nobel, 2000. MEIRELES, Manuel & PAIXÃO, Marisa. Teorias da Administração: Clássicas e Modernas. São Paulo: Futura, 2003 MOREIRA, Júlio César Tavares; PASQUALE, Perrotti Pietrangelo; DUBNER, Alan Gilbert. Dicionário de Termos de Marketing: definições, conceitos e palavras-chaves de marketing, propaganda, pesquisa, comercialização, comunicação e outras áreas correlatas a estas atividades. São Paulo: Atlas, 1999. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. 764p. DIAS, Sergio Roberto (coord) – Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. FPNQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. Caso para Estudo “Hospital Taquaral”. São Paulo: FPNQ, 2000. SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, Bruce I. Comportamento do Cliente. São Paulo: Atlas, 2001. SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. SOLOMON, Michael R. Comportamento do Consumidor: comprando, possuindo e sendo. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. Página 19 de 160 Unidade I MÓDULO 2 CLIENTES COMO INÍCIO E FIM DOS PROCESSOS ORGANIZACIONAIS Objetivo Ao final desse módulo, você vai ser capaz de compreender porque os clientes podem ser vistos como inicio e fim dos processos organizacionais, o sentido do clicentrismo (clientocentrismo), e as ondas da qualidade. 2. Definições Iniciais Todas as definições desse item foram extraídas do glossário dos Critérios de Excelência/2004, da FPNQ. 2.1 Processo Conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas). Essa transformação deve agregar valor na percepção dos clientes do processo e exige certo conjunto de recursos. Os recursos podem incluir pessoal, finanças, instalações, equipamentos, métodos e técnicas, numa sequência de etapas e ações sistemáticas. O processo poderá exigir que a sequência de etapas seja documentada por meio de especificações, de procedimentos e de instruções de trabalho, bem como que as etapas de medição e controle sejam adequadamente definidas. 2.2 Processos Relativos ao Produto Processos diretamente relacionados à criação de valor para os clientes. Estão associados, diretamente, tanto à manufatura de bens como a prestação de serviços necessários para atender as necessidades dos clientes e da sociedade. Compreendem, normalmente, os processos de projeto, processos de produção (fabricação de bens ou prestação de serviços), processos de execução e de entrega do produto (expedição, transporte e distribuição de bens ou conclusão de um serviço) e os processos-fim ou finalísticos (prestação de serviços públicos) 2.3 Processos de Apoio Processos que dão suporte aos processos relativos ao produto (projeto, produção e entrega de produtos) e que são usualmente projetados em função de necessidades relacionadas à estrutura e aos fatores internos à organização. Os processos de apoio dependem do perfil e do ramo de Página 20 de 160 atividades da organização, podendo incluir, dentre outros, pesquisa e desenvolvimento, manutenção e utilidades, vendas, marketing, controle da qualidade, suprimentos, logística, desenvolvimento da tecnologia da informação. 2.4 Produto Resultados de atividades ou processos. Considere que: · O termo produto pode incluir serviços, materiais e equipamentos, informações ou uma combinação desses elementos. · Um produto pode ser tangível (como por exemplo, equipamentos ou materiais) ou intangível (por exemplo, conhecimento ou conceitos), ou uma combinação dos dois. · Um produto pode ser intencional (por exemplo, oferta aos clientes), ou não intencional (por exemplo, um poluente de efeitos indesejáveis). 2.5 Atributos do Produto Propriedades importantes para um desempenho adequado do produto que, na percepção do cliente, possa exercer influência na sua preferência ou na sua fidelidade. Essas são características que normalmente diferenciam os produtos da organização em relação aos dos concorrentes, entre as quais se incluem preço e valor para o cliente. 2.6 Desenho do Processo Organizacional Para as organizações (empresas, governos e Terceiro Setor) tudo o que se realiza faz parte de um processo ou grupo de processos, ou ainda subprocessos organizacionais. Por exemplo, para que se emita um documento qualquer, existe todo um grupo de processos, que por sua vez exigem um conjunto de insumos interligados e atuantes para que possa se realizar. Quando aprendemos a dirigir o mesmo ocorre, ou seja, demandamos um conjunto de variáveis, processo para que algo ocorra. Se as organizações, realmente, conhecerem muito bem cada um de seus processos elas poderão melhorar sua capacidade competitiva, melhorar sua relação com o mercado (cliente) e obter mais lucros. 2.7 Os Clientes e os Projetos de Produtos e Projetos de Processos A definição dos projetos de produtos e projetos de processos é fundamental para a melhor compreensão da inter-relação entre os processos (de qualquer projeto). 2.7.1 Projeto de produtos Projetar produtos significa projetar-se aquilo que vai ser produzido (formato, cor, tamanho, funções, embalagem, desempenho etc). Regra geral o que se admite é que, pensando-se em clientes externos, um produto Página 21 de 160 terá mais chances de ter sucesso no mercado se for produzido a partir das necessidades que se deseja atender, isto é, dos clientes. Uma coisa é uma empresa identificarnecessidades não atendidas e desenvolver produtos (bens ou serviços) que possam atendê-las, outra coisa é produzir algo que já se sabe fazer, para depois se verificar se existem clientes para o produto. Quem tiver interesse poderá investigar o volume de novos produtos lançados a cada ano que não tem sucesso no mercado. Feita essa investigação talvez valha a curiosidade de se verificar se os produtores de tais produtos mal sucedidos identificaram previamente os clientes que desejariam atender e quais suas respectivas necessidades. Muito provavelmente não o fizeram. 2.7.2 Projeto de processos Projetar processos significar projetar-se como fazer o produto (bem ou serviço) que irá ser produzido. Define os recursos necessários (mão de obra, matérias primas, equipamentos etc.) e a sequência das atividades necessárias para a produção. Aqui também se admite que os envolvidos no processo produtivo precisam estar preocupados em gerar produtos compatíveis com as necessidades dos clientes. 2.7.3 Clientes como início e fim dos processos As explicações acima parecem ser suficientes para sugerir que um bom processo deve começar com o projeto do produto e este, por sua vez, deve estar baseado nas necessidades de clientes que se deseja atender. Em outros termos, um bom processo deve começar a partir das necessidades dos clientes. Um processo somente terá sentido se dele saírem produtos que atendam as necessidades dos clientes, o que nos leva a dizer que os clientes constituem-se o fim de quaisquer processos. 2.7.4 Pense nisso: os processos a partir dos clientes Dentre as justificativas de se estudar o cliente como início e fim dos processos organizacionais, destaca-se o fato de que, quanto mais se conhece cada cliente, maiores serão as chances de se realizar atividades que de fato atendam a suas necessidades e desejos, o que tende a proporcionar maior rentabilidade do processo total de negociação (lucro) para as partes (organizações e clientes). Conhecendo cada processo é mais fácil descrever o posicionamento que a organização possui ou devo possuir para cada contingência enfrentada, por exemplo, as ligadas a suporte técnico, garantias etc.; além disso, torna a organização homogênea no que tange as informações transmitidas aos clientes, ou seja, diminui o risco de erros provenientes de informações desencontradas ou inacabadas etc. Os clientes tendem a retornar e realizar novas compras nas organizações que os atendem com coerência, prontidão, exatidão, gentileza, dentre outros. Isso equivale a dizer que, o produto e/ou serviço certo, no lugar certo, pelo preço certo, com a negociação certa, com a Página 22 de 160 entrega certa são valorizados pelos clientes, sejam ou não clientes finais (consumidores). 2.8 Origens do Clicentrismo e as Ondas da Qualidade Em seguida são apresentadas e explicadas as origens do clicentrismo (cliente no centro ou cliente como foco) e as ondas da qualidade. 2.8.1 Origens do Clicentrismo O que justifica nossa preocupação com o entendimento claro do significado da palavra clientes e com o entendimento de que processos são estruturados para atender necessidades de clientes é o fato de que, cada vez mais nossas organizações devem ser ‘clicentristas’, isto é, centradas em clientes. (Maiores detalhes sobre esse tema podem ser encontrados na obra de Meirelles: Sistemas administrativos clicentristas: organizações com foco no cliente, 2001). Talvez, atualmente, pareça algo óbvio pensar que as organizações concentrem-se no atendimento das expectativas dos clientes. Do mesmo modo, parece estar claro que as organizações estão preocupadas com a questão da qualidadedaquilo que fazem, só que isto nem sempre foi assim. Para o Prof. Marco Cesar Goldbarg, autor do livro Qualidade Substantiva, o movimento de qualidade pode ser dividido em ondas, sendo a primeira onda, surgida no final da década de 1950, centrada no controle de qualidade e a segunda onda, que começa dar seus primeiros passos na década de 1970, centrada no cliente. O movimento ou linha de pensamento clicentrista, ajuda muito as organizações ainda pouco engajadas nos clientes a desenvolver relacionamento sustentado no conhecimento de quem são os clientes, seus perfis e preferências etc. Para as organizações que já seguem esta linha, existem ainda mais benefícios, pois, valorizam sobremaneira as pessoas com as quais fazem negócios. 2.8.2 As Ondas da Qualidade São duas as ondas da qualidade apresentadas aqui. Cada uma representando um momento importante do reconhecimento do que é qualidade e a relação dela com o cliente. Em outras palavras, o que é qualidade, remete para o fato de haver pelo menos uma visão técnica (estruturada e desenvolvida pela indústria por determinadas especificações metódicas ou técnicas – do que é qualidade de um produto) e a visão do cliente (reconhecimento do que ele pensa ‘ser de qualidade’ ou ‘ter qualidade’, variando de pessoa para pessoa e não, necessariamente, regulado pela técnica). 2.8.3 Primeira onda da qualidade total Na abordagem de Goldbarg (2000), a essência da primeira onda da qualidade é a preocupação com a conformidade daquilo que é produzido, entendendo-se conformidade como a produção de bens conforme, isto é, de acordo, com as especificações planejadas. Página 23 de 160 Nas palavras desse autor “...na dimensão da técnica com o conceito de Qualidade apontando para a conformidade, o foco do processo produtivo só poderia acabar centrado no bem produzido. Fabricar um bem isento de defeitos, cumprir plenamente as especificações, eliminar desperdícios etc., são ações perfeitamente contempladas pelas técnicas da Qualidade Cartesiana. As normas e especificações incidem, via de regra, sobre o produto. Na dimensão da implementação prática os procedimentos de melhoria contínua e normalização, bem como a promoção da participação e do comprometimento da força de trabalho permitiram que a conformidade fosse perseguida de forma metódica.” A origem da conformidade é evidenciada pelos princípios de Philip B Crosby: · Qualidade é definida como conformidade a requisitos. · A medida da qualidade é o preço da não conformidade. · O sistema que leva a qualidade é a prevenção. · O padrão de execução é o zero defeito. A primeira onde da qualidade se notabilizou pela mentalidade voltada para a prática de técnicas e o uso de ferramentas que permitissem um alto grau de higidez [saúde] do tecido organizacional. Uma organização otimizada em seus processos, sendo capaz de produzir com confiabilidade exatamente aquilo que desejava produzir.” (Goldbarg, 2000, p.79) 2.8.4 Segunda onda da qualidade total Ainda citando Goldbarg (2000), a busca da conformidade foi suficiente como uma resposta no cenário do após guerra. O mundo, contudo, continuava girando e novos desequilíbrios foram produzidos na relação das organizações produtivas com seu ambiente. A visão do Controle da Qualidade Total (TQC) primitivo estava principalmente voltada para dentro da organização e para a solução de problemas de racionalização da produção. A década de 1970 produz uma silenciosa revolução nessa dimensão. Nasce lentamente e sem alardes, uma nova figura de comprador, cada vez menos consumidor e cada vez mais cliente. Na medida em que essa figura passou a demandar por atenção e não somente por produtos adequados a determinadas necessidades específicas, a situação foi se complicando para o produtor ou prestador de serviços desatento. Dentro desse [novo] padrão de exigência: · Cabe ao cliente e não a um setor técnico definir o que venha a ser qualidade. · O cliente pode não ter sempre razão, mas deve ser sempre ouvido. · É muito mais barato preservar um cliente antigo do que buscar um cliente novo. · Clientes são parceiros e não apenascompradores. · Um bom cliente é bem mais raro que um bom produto. O antigo entendimento sobre o que seria qualidade pouco a pouco vai tornando-se inadequado para proporcionar uma solução ao problema da sobrevivência organizacional. Cumpre redesenhá-lo. Na segunda onda o conceito de qualidade incorpora o atendimento das necessidades e das expectativas do cliente. A nova definição, além de colocar o cliente como Página 24 de 160 foco do esforço organizacional, utiliza a visão sistêmica de compreender o então denominado ‘processo produtivo’. Nessa definição de qualidade tanto o produto como o processo de atendimento estão contemplados. A satisfação do cliente é realizada pela ausência de ‘defeitos” ou atributos negativos e pela presença de atributos positivos ou utilidade do produto ou serviço oferecido.” (Gobdbarg, 2000, p.80-88) Compreender as ondas da qualidade ajuda a compreender o movimento de transformação que redefiniram a realidade das organizações a partir do que os clientes passaram a pensar sobre os produtos e/ou serviços. Muitas das alterações ocorridas advieram das próprias posturas competitivas das organizações (buscando diferenciais e superação sobre os concorrentes) e advieram dos clientes que passaram a esperar por melhoramentos no processo de relacionamento, como facilidade de acesso aos produtos, comparação entre produtos similares, diferentes formas de pagamento e crédito etc. Sugestão: Sempre que possível estude a literatura disponível na bibliografia desse material, mas não fica restrito a ela, existem outros livros e fontes interessantes que poderem ampliar se conhecimento sobre o conteúdo dessa disciplina. Acesse o site da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) para maiores informação sobre a mesma e sobre suas respectivas publicações: < http://www.fnq.org.br/ > - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as questões propostas a seguir. 1 - Explique o que é um ‘projeto de produto’. 2 - Explique o que é um ‘projeto de processo’. 3 - Por que os clientes podem ser vistos como início e fim dos processos organizacionais? 4 - Explique a primeira e a segunda, ondas da qualidade. 5 - Como se entende o clicentrismo? 6 - Por que o movimento clicentrista é importante para a organização e para os clientes da mesma? 7 - Por que as ondas da qualidade são importantes para as organizações e para os clientes? Nota sobre a atividade: Todas as questões para reflexão propostas acima são encontrados nesse material, pois, cada uma delas refere-se a um item diretamente abordado. http://www.fnq.org.br/ Página 25 de 160 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2.9 Exemplo de Exercício Resolvido Questão: Como, resumidamente, você explicaria o significado da expressão “o processo de decisão de compra do cliente”, para um amigo ou familiar que pediu ajuda a você na busca por maior entendimento sobre o assunto? A resposta correta deve considerar / conter: O processo de decisão de compra do cliente trata-se dos elementos pessoais, emocionais e técnicos que um cliente utiliza para chegar a uma decisão de compra que, nesta condição, poderá estar baseada na razão (necessidades) ou na emoção (desejo), portanto, o processo de decisão de compra é o entendimento e análise das condições e justificativas que um cliente utiliza-se para decidir-se pela compra ou não e em que condições isso poderá ocorrer. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Básicas: SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Complementares: BOGMANN, Itzhak Meir. Marketing de Relacionamento: estratégias de fidelização e suas implicações financeiras. São Paulo: Nobel, 2000. FPNQ – Fundação Prêmio Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência 2004. São Paulo: FPNQ, 2004 GOLDBARG, Marco Cesar. Qualidade substantiva: aplicações à educação. RJ: BookMark, 2000. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. 764p. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. Página 26 de 160 LAUTERBORN, Robert. (1990). New marketing litany: 4P’s passé; c- words take over.Advertising Age, (October 1), p. 26. MEIRELES, Manuel; PAIXÃO, Marisa. Teorias da Administração: clássicas e modernas. São Paulo: Futura, 2003. MEIRELES, Manuel. Sistemas administrativos clicentristas: organizações com foco no cliente. São Paulo: Arte & Ciência Villipress Editora, 2001. MOREIRA, Júlio César Tavares; PASQUALE, Perrotti Pietrangelo; DUBNER, Alan Gilbert. Dicionário de Termos de Marketing: definições, conceitos e palavras-chaves de marketing, propaganda, pesquisa, comercialização, comunicação e outras áreas correlatas a estas atividades. São Paulo: Atlas, 1999. Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). <http://www.fpnq.org.br/> PINHEIRO, Duda; GULLO, José. Fundamentos de Marketing: suporte às estratégias de negócios das empresas. São Paulo: Atlas, 2011. SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. http://www.fpnq.org.br/ Página 27 de 160 Unidade II MÓDULO 03 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO E DEFINIÇÃO DE CLIENTES-ALVO Objetivos Ao final desse módulo, você deverá ser capaz de compreender o sentido, uso e importância da segmentação de mercado. Além disso, compreenderá os tipos de segmentação de mercado e, o que é e, para que serve a diferenciação. 3. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO E DEFINIÇÃO DE CLIENTES-ALVO 3.1 A Segmentação de Mercado O conceito de segmentação de mercado, considerado uma das ferramentas mais importantes do marketing, começou a projetar-se no meio acadêmico e gerencial a partir da segunda metade do século passado, quando surgiram os trabalhos de Wendell Smith (1956) e de Engel, Fiorillo e Cayley (1972). Seu objetivo era claro: diante da impossibilidade de atingir todos os consumidores, seja devido à heterogeneidade de necessidades, valores, dispersão geográfica, gênero ou padrões culturais, as organizações direcionaram seus esforços para grupos específicos de consumo. Por meio dessa filosofia empresarial, fragmenta-se o mercado total em inúmeros micromercados, cada qual englobando consumidores que apresentam particularidades que os fazem semelhantes em termos de atitudes, comportamentos, valores, localização, etnia, sexo, uso e emprego dos produtos. (Parente, 2003, p.234). No Brasil, o assunto foi abordado pela primeira vez em 1972 por meio de uma tese de doutoramento de Geraldo L. Toledo da Universidade de São Paulo. A partir daí, as atenções para a segmentação aumentaram significativamente e velozmente. Em 1991, foi definitivamente incorporada nas opções estratégicas brasileiras através da obra de Richers e Lima (Segmentação: opções estratégicas para o mercado brasileiro). Resumidamente, para Churchill Jr. e Peter (2000, p.207), a estratégia de segmentação consiste na utilização do marketing diferenciado, isto é, o uso de ações de marketing projetadas especificamente para cada grupo de clientes identificados. Um exemplo de segmentação: “Durante os anos 1980, a American Express tentou crescer com aquisições, Página 28 de 160 passando a oferecer vários tipos de serviços financeiros. A Amex aumentou de tamanho, mas os lucros diminuíram e seu valor de mercado caiu mais de 50% entre 1987 e 1991. No início dos anos 1990, um novo time de executivos comandado por Harvey Golub e Ken Chenault passou a segmentar e a sub-segmentar continuamente seus clientes em grupos cadavez menores e, a partir daí, criou tipos diferentes de cartão e de programas de fidelidade para cada um desses grupos, como cartões para professores, para executivos em viagens, grandes ou pequenas empresas etc. Eles dobraram o tamanho da companhia por meio de uma estratégia que envolve basicamente dois pontos: segmentação de mercado e foco na venda de serviços mais sofisticados com a meta de aumentar o valor médio de venda por cliente. A American Express repetiu essa fórmula por cerca de oito anos. Nesse período cresceu muito mais do que a média do seu mercado” (Zook, 2004, p.80). Quando a organização adota a perspectiva do marketing de segmento, decide atender grupos de clientes que têm entre si algumas características em comum, com produtos e serviços dirigidos a esses públicos. Boa parte das empresas, atualmente, investem elevadas somas para identificar esses grupos e suas preferências, para elaborar produtos que agradem à média dos clientes. (Betanho. Segmentação de Mercado e identificação de Clientes-alvo. _In.: Gestão do Relacionamento com o Cliente. 2006). 3.2 Significado de Segmentação de Mercado No livro “Gestão de Marketing” publicado em 2003 e de autoria dos professores do Departamento de Mercadologia da FGV-EAESP e convidados, o capítulo 2, de autoria do Prof. Sergio Roberto Dias, trata de “Analise de Mercado”. A maior parte desse capítulo é destinada ao estudo do tema segmentação de mercado. Sem dúvida é mais uma boa fonte de pesquisa. Na abordagem de Dias (2003), “Se você está pensando em desenvolver seu próprio negócio, ou em lançar um novo produto no mercado, ou, ainda, se foi recentemente contratado para se responsabilizar pelo marketing de alguma empresa, então uma das perguntas que deverá fazer a sim mesmo, antes de qualquer coisa, é: · A quem interessa este produto? · Quem pode estar interessado em receber este benefício que meu produto (ou serviço) oferece? · Quem é o meu cliente? Além dessas questões, algumas outras podem muito contribuir para o mesmo entendimento e fazem com que saibamos um pouco mais sobre os clientes. São elas: · Qual é o perfil do meu cliente potencial? · Que tipo de pessoa e de consumidor ele é? · Quais são seus hábitos de compra? · Qual seu estilo de vida? Página 29 de 160 Esse é o ambiente da segmentação de mercado. Então, o que vem a ser isso (segmentação de mercado)? O autor Art Weinstein (no livro Segmentação de Mercado), define a segmentação de mercado como o processo de dividir os mercados em grupos de consumidores potenciais com necessidades e/ou características semelhantes entre si, e que, provavelmente terão comportamentos de compras semelhantes”. (Weinstein apud Dias, 2003, p.18) Para Churchill Jr. e Peter. “segmentação de mercado é o processo de dividir um mercado em grupos de compradores potenciais com necessidades, desejos, percepções de valores ou comportamentos de compra semelhantes”. (2000, p.204). É importante lembrar que os profissionais de marketing não criam segmentos; sua tarefa é identificá-los e decidir em quais vão se concentrar. ( Kotler e Keller *2006, p.237). A aplicação prática da segmentação requer competente visão estratégica no contexto (perfil) da organização. 3.3 Formas ou Critérios para a Segmentação Veja o quadro a seguir, extraído da obra de Dias, que resume forma e critérios de segmentação de mercado. Segmentação demográfica É o processo de identificar segmentos de mercado com base nas características da população” ( tais como: faixa etária, sexo, estado civil etc.). Segmentação socioeconômica É o processo de identificar segmentos de mercado com base nas características sociais e econômicas da população, como renda, posse de bens, escolaridade, classe social e ocupação profissional. Segmentação geográfica É o processo de identificar segmentos de mercado com base em critérios geográficos, como localização e densidade populacional. Segmentação por benefícios É o processo de identificar segmentos de mercado com base nos benefícios procurados pelos clientes (status, desempenho etc.). Segmentação por grau de utilização É o processo de identificar segmentos de mercado com base no nível de consumo. Segmentação psicográfica É o processo de identificar segmentos de mercado com base no modo como as pessoas pensam (autoconceito, personalidade, valores) e levam suas vidas (estilo de vida, atividades, interesses e opiniões). Página 30 de 160 Fonte: Dias, 2003, p.20-23. Seguindo a mesma linha de raciocínio do quadro anterior, como outra forma de explicar a segmentação (mercado de clientes finais) na visão de outros importantes autores, temos: a. Demografia: independentemente das unidades geográficas, o que importa são as características distintivas básicas de grupos sociais. Assim, idade e ciclo de vida, tamanho da família, sexo, renda, ocupação, grau de instrução, raça, geração, nacionalidade e classe social podem ser utilizados em conjunto ou separadamente para entender as orientações atitudinais e comportamentais de grupos de clientes (Kotler e Keller, 2006; Churchill Jr. e Peter, 2000). b. Geografia: divisão do mercado em unidades geograficamente distintas. É possível definir o mercado com respeito a blocos econômicos, continentes, países, regiões, estados, cidades e bairros (Kotler e Keller, 2006). c. Benefício: esta variável consiste no agrupamento de clientes de acordo com os benefícios que buscam nos produtos e serviços, como economia de tempo ou dinheiro, serviços agregados, funcionalidade entre outros, enfim, os motivos básicos pelos quais os clientes são atraídos por diferentes ofertas (Sheth, Mittal e Newman, 2001; Hooley, Saunders e Piercy, 2005; Churchill Jr. e Peter, 2000; Richers, 1991). d. Psicografia: os compradores são separados em grupos com base em seu estilo de vida, personalidade, valores e envolvimento com o produto – portanto, baseado em características psicológicas dos clientes (Kotler e Keller, 2006; Sheth, Mittal e Newman, 2001). Um dos critérios de classificação psicográfica é o VALS 2, que estuda os clientes de acordo com a auto-orientação (princípio, status e ação) e seus recursos (renda, instrução, autoconfiança, saúde, desejo de comprar, inteligência e energia pessoal) (Churchill Jr. e Peter, 2000). e. Comportamento: os clientes podem ser agrupados de formas diferentes se a atenção do pesquisador de marketing se voltar aos conhecimentos acumulados, à atitude do cliente, ao uso que ele faz dos produtos, ocasiões de consumo e seu perfil de resposta. Os papéis de compra e a forma como são exercidos podem afetar o Página 31 de 160 comportamento do cliente. Dividi-los em função do nível de uso (contumazes, medianos e leves) pode ajudar a estabelecer estratégias para a atração e retenção dos clientes mais rentáveis (Kotler e Keller, 2006; Churchill Jr. e Peter, 2000). 3.4 Algumas Vantagens da Segmentação Veja a seguir algumas das principais vantagens da segmentação referentes à relação cliente e organização: · É possível conhecer melhor cada cliente, seu perfil e características. · É possível servir melhor o cliente que se conhece mais. · É possível quantificar (contar) com maior exatidão quem são os clientes. · É possível cuidar melhor do tipo e da intensidade da distribuição dos produtos e serviços oferecidos. · É possível utilizar melhor os recursos de propaganda. · É possível pesquisar melhor. · É possível planejar melhor. As vantagens são muitas, e muito maiores do que o custo de sua não aplicação. Segmentar é conhecer melhor o mercado em que se atua ou se pretende atuar, é tornar-se mais ágil para reagir às mudanças, em especial as mudanças de comportamento do consumidor e econômicase, é a capacidade de concentrar esforços em grupos cujo potencial de retorno é mais elevado. - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as questões propostas a seguir. 1 - O que é segmentação de mercado? 2 - Qual a importância da segmentação de mercado? 3 - Por que as organizações mais desenvolvidas em ferramental de segmentação tendem a conhecer melhor seus clientes? 4 - Quais os principais tipos (ou formas) de segmentação? Explique cada um deles. 5 - Disserte sobre as principais vantagens da segmentação de mercado. 6 - Disserte sobre os fatores que você imagina serem os principais desafios de um processo de segmentação de mercado. Nota sobre a atividade: Todas as questões para reflexão propostas acima são encontrados nesse material, pois, cada uma delas refere-se a um item diretamente abordado, mas não se restrinja ao item na hora de estudar. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Página 32 de 160 Informações adicionais É fundamental estudar o capítulo 02 (Segmentação de Mercado e Identificação de Clientes-alvo) do livro da bibliografia básica. E, faça os exercícios sugeridos para maior fixação dos conceitos. 3.5 Características da Segmentação de Mercado: principais variáveis da segmentação do mercado consumidor Veja a seguir as principais variáveis apresentadas por Kotler, quanto as principais variais de segmentação para os mercados consumidores e para os mercados industriais. Principais variáveis de segmentação para os mercados consumidores. VARIÁVEIS DESDOBRAMENTOS TÍPICOS GEOGRÁFICAS Região Tamanho do Município Tamanho da Cidade ou da Área Metropolitana Concentração Clima DEMOGRÁFICA Idade Sexo Tamanho da família Ciclo de vida da família Renda Ocupação Educação Religião Raça Pacífico, Montanhas, Noroeste Central, Sudoeste Central, Nordeste Central, Sudeste Central, Atlântico Sul, Atlântico Médio, Nova Inglaterra. A, B, C, D. Abaixo de 5.000; 5.000 - 20.000; 20.000 - 50.000; 50.000 - 100.000; 100.000 - 250.000; 250.000 - 500.000; 500.000 - 1.000.000; 1.000.000 - 4.000.000; 4.000.000 ou mais. Urbana, suburbana, rural. Norte, Sul. --- Abaixo de 6 anos; 6 - 11; 12 - 19; 20 - 34; 35 - 49; 50 - 64; 65 ou mais. Masculino, feminino. 1 a 2; 3 a 4; 5 ou mais. Jovem solteiro; jovem casado sem filhos; jovem casado com filho ou mais novo abaixo de 6 anos; jovem casado com filho mais novo acima de 6 anos; meia idade, casado, com filhos; meia idade, casado, sem filhos menores; idosos solteiros; outros. Abaixo de $5.000; $5.000 - $10.000; $10.000 - $15.000; $15.000 - $20.000; $20.000 - $25.000; $25.000 - $30.000; $30.000 - $50.000; $50.000 ou mais. Liberal e técnico; gerentes, funcionários públicos e proprietários; funcionários de escritórios e vendedores; artesãos e encarregados; operários; fazendeiros; aposentados; estudantes; donas de casa; desempregados. 1º grau completo; 1º grau incompleto; 2º grau completo; 2º grau incompleto; universitário completo; universitário incompleto; pós-graduado. Católica, protestante, judaica, outras. Branca, negra, oriental. Página 33 de 160 Nacionalidade PSICOGRÁFICA Classe Social Estilo de Vida Personalidade COMPORTAMENTAL Ocasiões Benefícios Condição de usuário Taxa de uso Grau de lealdade Estágio de aptidão Atitude relativa ao produto Norte-americana, britânica, francesa, alemã, sueca, italiana, latino-americana, japonesa, outras. Miseráveis; pobres; classe operária; classe média; classe média-alta; classe alta e classe alta-alta. Metódicos; impulsivos; intelectuais. Compulsiva; sociável; autoritária; ambiciosa. Normais; especiais. Qualidade; serviço; economia. Não usuário; ex-usuário; usuário em potencial; usuário principiante; usuário habitual. Pequena; média e grande. Nenhum; médio; forte; completo. Inconsciente; consciente; informado; interessado; desejoso; disposto a comprar. Entusiástica; positiva; indiferente; negativa, hostil. Fonte: Kotler, 1995, p.241. Além de conhecermos as principais variáveis ou características dos tipos de segmentação de mercado é importantes, lembrar que – genericamente – existem algumas variáveis principais para a segmentação de mercados industriais. As principais variáveis de segmentação para os mercados industriais são: · Variáveis demográficas; · Variáveis operacionais; · Abordagens de compra; · Fatores situacionais; e · Características pessoais. Lembrando que quando tratamos de um mercado industrial, ou simplesmente indústria, não estamos falando apenas de uma organização, mas sim, da soma de todas as organizações que atuam e competem no mesmo segmento. Por exemplo, indústria farmacêutica compostas por todos os laboratórios farmacêuticos existentes. Mas atenção: que fique claro que cada indústria possuía, a partir de seus produtos e clientes, segmentos de atuação dentro de seu contexto industrial maior, por exemplo, fabricação de medicamentos que tratam de problemas pulmonares ou medicamentos que tratam de problemas do coração. Veja a seguir, as principais variáveis de segmentação para os mercados industriais de acordo com Kotler (1995: p.247): Variáveis Demográficas · Setor industrial: Quais indústrias devemos focalizar? Página 34 de 160 · Tamanho da empresa: Qual o tamanho das empresas que devemos focalizar? · Localização: Quais áreas geográficas devem ser focalizadas? Variáveis Operacionais · Tecnologia: Que tecnologias de cliente devem ser focalizadas? · Status de usuário/não usuário: Devem ser focalizados grandes, médios, pequenos usuários ou não usuários? · Capacidade do cliente: Devemos focalizar os clientes que necessitam de muitos ou de poucos serviços? Abordagens de Compra · Organização da função compra na empresa: Devemos focalizar as empresas com departamentos de compras altamente centralizados ou descentralizados? · Estrutura de poder: Devemos focalizar as empresas orientadas para engenharia, finanças etc.? · Natureza dos relacionamentos existentes: Devemos focalizar as empresas com as quais temos forte relacionamento ou, simplesmente, ir atrás daquelas mais desejáveis? · Política geral de compras: Devemos focalizar as empresas que estão procurando qualidade, serviços ou preço? Fatores Situacionais · Urgência: Devemos focalizar as empresas que precisam de entregas ou serviços rápidos e repentinos? · Aplicação específica: Devemos focalizar em certas especificações de nosso produto, em vez de em todas? · Tamanho do pedido: Devemos focalizar em grandes ou em pequenos pedidos? Características Pessoais · Similaridade entre comprador-vendedor: Devemos focalizar as empresas cujo pessoal e valores sejam similares aos nossos? · Atitudes em relação a riscos: Devemos focalizar os clientes que assumem risco ou evitá-los? · Lealdade: Devemos focalizar as empresas que demonstram alta lealdade a seus fornecedores? 3.6 A Diferenciação no Contexto da Segmentação de Mercado Antes de segmentar é preciso estar consciente ‘do que é’ e ‘para que serve’ a diferenciar. Para Sheth, Mittal, Newman (2001, p.404), a segmentação de mercado está relacionada à idéia de diferenciação. Sendo que, diferenciação é o modo pelo qual os profissionais de marketing fazem suas ofertas de forma diferente da concorrência, a fim de tornar-se a escolha do cliente. Fazer ofertas de forma diferente implica criar e implementar o composto de marketing (produto, preço, praça e promoção). Para diferenciar-se de seus concorrentes, os profissionais da área de marketingPágina 35 de 160 utilizam três tipos de diferenciação: a genérica, a focalizada e a segmentada (Sheth, Mittal, Newman, 2001: 404). Veja a seguir a explicação de cada uma delas. a. Diferenciação genérica É uma diferenciação global (ou geral), feita em uma base não focalizada, o que significa que a diferenciação não se destina a nenhum grupo específico de clientes. Em vez disso, uma empresa faz uma oferta melhorada para todo o mercado. Esse tipo de diferenciação é adequada para empresas que são capazes de apresentar seus produtos e serviços como superior aos da concorrência em todo o mercado. Por exemplo, foi o que fez Henry Ford, ao perceber que os carros disponíveis em sua época não eram bem-fabricados e, ao mesmo tempo, vendidos a um preço muito alto. Seguindo uma estratégia de diferenciação genérica, Ford criou o sistema de linha de montagem, que produzia um carro mais confiável com produtividade melhorada. Consequentemente, foi capaz de oferecer um produto melhor a um preço mais baixo (600 dólares, quando foi lançado) que os concorrentes. Essa abordagem proporcionou a Ford uma liderança de mercado. b. Diferenciação focalizada Uma abordagem em que a empresa identifica um segmento de mercado específico e, então, cria um programa de marketing para atrair esse segmento. Tal estratégia se opõe à diferenciação genérica, em que um único programa de marketing indiferenciado é oferecido a todos, ou seja, na diferenciação focalizada é oferecido, geralmente, diversos programas de marketing direcionados aos segmentos. As empresas geralmente atuam como agentes de “nicho” nesse tipo de diferenciação. Exemplo: algumas empresas estão formulando produtos específicos para mercados étnicos. Tanto a Revlon quanto a Max Factor têm uma linha de produtos de beleza específicos para a população afro-americana. A base química é diferente para esses cosméticos, refletindo as diferenças de necessidades genéticas e físicas dessa população. Essa estratégia de diferenciação também foi expandida para as populações hispânica e asiática. Naturalmente as populações agradecem produtos adequados ao seu perfil. c. Diferenciação segmentada Esse terceiro tipo de diferenciação, envolve a divisão do mercado total em segmentos que são homogêneos por algumas características dos clientes (como demografia, psicografia e padrões de uso), e depois o tratamento de cada um desses segmentos como um mercado distinto, para o qual todos os elementos do composto de marketing são diferentes. Exemplo: o setor automotivo, pois, basta olhar para os deferentes tipos de soluções que mesmo oferece, por exemplo, carros utilitários, monovolumes etc. Carros compactos, station wagon e sedans etc. As diferentes categorias de preços dos produtos, ligados a marca, ao acabamento e a tecnologia empregada dentre outros. Além disso, o estilo e o perfil do comprador, pois, mesmo quando o poder aquisitivo não está em Página 36 de 160 jogo, há carros para um público mais jovem e talvez, o mesmo casso em outra configuração para um público mais exigente em termos de requinte e conforto etc. Outro exemplo é a Gap, Inc. a empresa começou em 1969 com o nome Gap Stores, vendendo jeans da Levi’s, oferecendo muito mais estilos e tamanhos do que uma típica loja de departamentos. Além disso, ali as mercadorias eram exibidas de forma mais organizada que nas lojas de departamentos. Assim, a loja era em si um exemplo de diferenciação genérica em relação a outras lojas que vendiam jeans. Anos depois, em 1983, a empresa adquiriu a Banana Replublic, vendendo roupas casuais para clientes da classe alta. Mais recentemente, em 1994, abriu outra cadeia de lojas, a Old Navy, dessa vez tendo como alvo clientes de baixa renda. Em 1986, a Gap também inaugurou uma nova divisão a GapKids, tendo como segmento-alvo as crianças. (Sheth, Mittal e Newman, 2001, p.407). Recomendação: Para maiores informações sobre este assunto, recomenda-se o estudo do capítulo 12: Diferenciação e Segmentação de Mercado: respondendo as diferenças dos clientes (Sheth, Mittal e Newman, 2001: 402-437). Mas, você encontrará o tema diferenciação em muitas outras obras, pois, trata- se de um assunto com ampla abordagem. 3.7 Critérios de Segmentação Shet, Mittal e Newmann (2001, p.412), afirmam que existem três bases fundamentais para identificar segmentos em qualquer mercado, são elas: perguntar o quê segmentar, quem (público que será segmentado), e por quê segmentar? A seguir, é apresento um quadro explicativo das três bases para identificação de segmentos de mercado. O mesmo ajuda e entender porque tais perguntas são realmente fáceis de aplicar e compreender. Quadro – Bases da Segmentação de Mercado Bases Tipos de segmentação Características O quê? Segmentação por uso A abordagem costumeira da segmentação por uso é dividir os clientes de acordo com seu nível de uso, isto é, de acordo com a quantidade que consomem. Além disso, podemos incluir a frequência / repetição das compras. Quem? Segmentação demográfica Essa abordagem identifica subgrupos de clientes com base em suas características descritivas (por exemplo, idade, sexo, classe social). Página 37 de 160 Por quê? Segmentação psicográfica Essa abordagem relaciona-se com os motivos pelos quais os clientes se comportam da maneira como o fazem; esses motivos são encontrados nos diferentes benefícios que os clientes buscam em um produto, e nos diferentes estilos de vida que desejam que o produto promova. Fonte: Sheth, Mittal e Newman, 2001, p.412. 3.8 Exemplos de Clientes-alvo de empresas selecionadas As empresas citadas nestes exemplos são vencedoras do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ) e as informações aqui apresentadas constam dos Relatórios de Gestão por elas apresentados à FPNQ e disponibilizados ao público após o processo de premiação. Tais Relatórios de Gestão constam da bibliografia da disciplina. a. Caterpillar Brasil Ltda. (vencedora PNQ/1999). · Produtos: Motoniveladoras, tratores de esteiras, pás carregadeiras, moto-escrêiperes, compactadores e escavaderias. · Segmentação: “Há três níveis de segmentação básicos: por região (norte, nordeste, exportação etc), por ramo de negócio do cliente (construção, florestal, mineração, agricultura, industrial) e por porte do cliente (pequeno, médio, grande, governo)” (p.15). b. Bahia Sul Celulose (vencedora PNQ/01) · Produtos: Celulose e papel branco de imprimir e escrever não revestido. Veja no quadro a seguir a identificação de clientes alvo: Quadro – Identificação de Cliente-alvo da Bahia Sul Celulose. Segmentação Diretrizes para identificar clientes-alvo Celulose Mercado Externo Solidez financeira e diferenciação mercadológica. Dependência das qualidades da fibra de eucalipto. Características logístico/comerciais que permitam minimizar despesas e problemas com sazonalidades. Disponibilidade para cooperações técnicas e pesquisas. Atuação, preferencialmente, em nichos de mercados diferentes dos da Bahia Sul. Mercado Interno Potencial para absorverem volumes regulares contratados e eventuais “volumes não contratados”. Página 38 de 160 Disponibilidade para cooperações técnicas e pesquisas. Localização geográfica que permita boa logística. Idoneidade creditícia. Papel Mercado Externo Compradores regulares e de longo prazo Disponibilidade para cooperações técnicas e pesquisas Localização geográfica que permita boa logística de fornecimento. Idoneidade creditícia. Mercado Interno Compradores regulares e de longo prazo. Disponibilidade para cooperações técnicas e pesquisas. Localização geográfica que permitam boa logística no fornecimento. Idoneidade creditícia. c. Santa Casa – Complexo Hospitalar – Porto Alegre (vencedora PNQ/2002) ·Produtos: (a) consultas de ambulatório (de emergência e eletivas); (b) internações hospitalares (clínicas e cirúrgicas); (c) exames auxiliares de diagnóstico e tratamento (clínicos, radiológicos, tomográficos, ecográficos, invasivos, de análise clínicas e hemodinâmicos, entre outros); d) procedimentos cirúrgicos e obstétricos. · Segmentação: O mercado é segmentado em clientes usuários do convênio SUS (Sistema Único de Saúde) e clientes particulares e de outros convênios de saúde. Os clientes da instituição são segmentados em: (a) Clientes usuários de consultas, diagnóstico e tratamento e internações; (b) clientes de convênios; (c) clientes médicos; (d) clientes funcionários e (e) cliente comunidade. A segmentação dos clientes se dá de acordo com suas necessidades e a de mercado por categoria de convênio. d. Estudo especial: o segmento de mercado das pessoas de baixa renda. · Vale a pena ver o artigo “O discreto charme da baixa renda”, publicado pela Revista Exame em 24/09/2003 para se entender como que os mercados das classes de menor renda estão cada vez mais no foco das organizações, no Brasil e no mundo. Em especial, sugere-se verificar o que as empresas brasileiras estão fazendo para atender esse segmento de mercado. 3.9 Alguns Critérios para Realizar um Processo de Segmentação Adequado Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001) para que um processo de segmentação tenha sucesso, ele deve satisfazer a três critérios básicos: Página 39 de 160 · Substancialidade – tudo segmento focalizado deve ser grande o suficiente para trazer lucros para a empresa. Não faz sentido para uma empresa no setor de computadores gastar 10 milhões de dólares para pesquisar e desenvolver um produto com preço final de dois milhões, se a probabilidade é que apenas duas empresas o comprem. · Identificabilidade – cada segmento deve ser identificável, de modo que o profissional de marketing possa saber quem é o cliente e quem são suas necessidades, desejos e recursos. · Atingibilidade – finalmente, esses segmentos devem ser atingíveis sem desperdício de recursos. Ou seja, deve haver a possibilidade de discriminar os segmentos pelos hábitos de mídia e pela demografia de seus membros, de modo que o profissional de marketing saiba como anunciar e distribuir o produto, para que possa atingir os segmentos focalizados. (p.433). - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as 4 questões propostas a seguir. 1 - O que é diferenciação? Por que ela e importante? 2 - Explique qual a importância da diferenciação no contexto da segmentação de mercado? 3 - Quais os tipos de diferenciação você conhece, explique cada um? Nota sobre a atividade: Todas as questões para reflexão propostas acima são encontrados nesse material, pois, cada uma delas refere-se a um item diretamente abordado. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3.10 Exemplo de Exercício Resolvido Questão: Baseado nos conhecimentos adquirido ao estudar sobre a Administração do Relacionamento com o Cliente, apresente uma definição de segmentação de mercado. A resposta correta deve considerar / conter: A segmentação de mercado pode ser compreendida como o esforço de dividir o mercado total em partes, mais ou menos homogêneas, ou seja, em grupos de compradores/clientes que podem requer produtos, serviços e, claro, compostos de marketing específicos. A segmentação de mercado trata do processo de classificar clientes em grupos com necessidades, Página 40 de 160 características e comportamentos que se assemelham, ou seja, cada segmento criado representa a identificação e junção de características comuns a certas pessoas (clientes), agora agrupadas em um segmento específico e diferente dos demais segmentos; isso corresponde a dizer que as pessoas alocadas no segmento “x”, apresentam, dado do critério de segmentação, diferenças conhecidas das pessoas que se encontros em outros segmentos como “y, z, t, n”. REFERÊNCIAS Básica: GOMES DA SILVA, Fábio; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Complementares: Blecher, N. e Teixeira Jr.,S. O discreto charme da baixa renda.Revista Exame. São Paulo: Editora Abril, 24/09/2003. Dias, Sergio Roberto (coord). Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2003 GOMES DA SILVA, Fábio; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning, 2006. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1995 Parente.J., Wood Jr, T. e Jones, V. (coord). Gestão empresarial: estratégias de marketing. São Paulo: Atlas, 2003 Sheth, J.N., Mittal, B. e Newman, B.I. – Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001 Zook, Chris. A oportunidade mora ao lado.Revista Exame, ano 38, n. 2, São Paulo: Editora Abril, 04/02/2004. Página 41 de 160 Unidade II MÓDULO 4 INTRODUÇÃO AOS ATRIBUTOS VALORIZADOS PELOS CLIENTES 4. ATRIBUTOS VALORIZADOS PELOS CLIENTES Objetivo Ao final dessa aula, você deverá ser capaz de compreender o sentido, uso e importância dos atributos valorizados pelos clientes e como fazer uso deles em favor dos próprios clientes e das organizações; saberá usar os momentos-verdade como forma de identificar atributos; o ciclo de serviço e o pacote genérico de valor para o cliente. 4.1 Atributos valorizados pelos clientes No livro “A única coisa que importa: trazendo o poder do cliente para dentro da sua empresa”, Karl Albrecht (1997), considerado um dos pioneiros na questão relacionada à qualidade em serviços, ao iniciar a explicação do seu modelo Serviço de Qualidade Total (SQT), afirma que são necessários dois tipos de pesquisa para compreender os clientes, são elas a [a] ‘pesquisa de mercado’ e [b] ‘pesquisa da percepção do cliente’. · A Pesquisa de Mercado, nesta conotação, é a investigação da estrutura e da dinâmica do mercado que você se propõe a servir. Ela inclui a identificação de segmentos de mercado, análise demográfica, escolha de nichos críticos no mercado e análise das forças competitivas. · A Pesquisa da Percepção do Cliente vai, pelo menos, um passo além da pesquisa de mercado convencional. Ela procura compreender as expectativas, pensamentos e sentimentos do cliente individual em relação ao serviço produzido e ao provedor do serviço. Seu objetivo é discernir um ou mais fatores críticos na percepção do cliente em relação à experiência total. Isso possibilita que você elabore um modelo de valor para o cliente, que é um conjunto de critérios que guiam as escolhas do cliente entre você e seus concorrentes.” (Albrecht, 1997, p.62). Um pouco daquilo que Albrecht denomina de pesquisa de mercado você já estudou anteriormente, quando tratamos da questão relacionada à segmentação de mercado e identificação de clientes-alvo. O que queremos ver, a partir de agora, é aquilo que Albrecht chama de pesquisa da percepção do cliente, que a busca da compreensão das necessidades e/ou desejos dos clientes. Em outros termos, uma coisa é você identificar os clientes que deseja conquistar (clientes-alvo) outra coisa Página 42 de 160 é identificar as necessidades e/ou desejos desses clientes, que é o que passaremos a tratar. Embora isso possa parecer uma preocupação óbvia, vale ressaltar que “embora algumas poucas empresas notáveis dediquem intensos esforços à descoberta e à compreensão das necessidades dos clientes, a maioria delas faz relativamente pouco. Muitas nada fazem para entrar nasmentes dos clientes e descobrir o que eles estão pensando e sentindo.” (Albrecht, 1997: 101). Há ainda casos de algumas empresas não fazem nada não porque não querem, mas porque não sabem como, outras pensam que sabem e assumem o caminho errado; com isso, é importante aprender a conhecer os clientes, ouvi-los e responder a eles, uma vez que a idéia está ligada aos atributos valorizados por eles. 4.2 Definindo a Palavra ‘Necessidades’ Uma coisa bastante comum no estudo relacionado à Ciência (ou Arte) da Administração é a falta de significados precisos, e de larga aceitação geral, para os termos técnicos utilizados. Por este motivo, é bastante comum que os autores e pesquisadores cuidem de definir muitas das palavras que utilizam, dentro do contexto dos seus trabalhos. Um destes casos refere-se ao significado da palavra necessidades. Vejamos a seguir algumas abordagem e explicações sobre o sentido deste termo: a. Necessidades: abordagem do PNQ De acordo com os ‘Critérios de Excelência’ do Prêmio Nacional da Qualidade, temos a seguinte definição para a palavra necessidades: “Necessidades: conjunto de requisitos, expectativas e preferências dos clientes ou das demais partes interessadas” (p.52). Os termos contidos nessa definição ajudam muito em sua compreensão, tais termos são, por sua vez, assim definidos: · “Requisitos. Necessidades básicas dos clientes ou das demais partes interessadas, explicitadas por eles, de maneira formal ou informal. Por exemplo, o cliente ‘requer’ que o produto possua características que atendam suas necessidades básicas, claramente especificadas no momento da aquisição. Exemplos de requisitos incluem prazo de entrega, tempo de garantia, especificação técnica, tempo de atendimento, qualificação de pessoal, preço e condições de pagamento.” (p.55). · “Expectativas. Necessidades importantes dos clientes ou das demais partes interessadas, em relação à organização, que normalmente não são explicitadas. Por exemplo, o cliente ‘espera’ que o produto possua características que atendam suas necessidades mais importantes em função de experiências passadas, comparações com produtos similares, nível de tecnologia disponível ou outros fatores. Por exemplo: cortesia do pessoal de atendimento, capacitação técnica dos profissionais, acesso fácil às informações, instalações limpas e resposta rápida a problemas.” (p.51). · “Preferências. Necessidades específicas e particulares dos clientes ou das demais partes interessadas, normalmente não explicitadas por eles. Por Página 43 de 160 exemplo, o cliente ‘prefere’ adquirir um produto que possui características que atendem suas necessidades particulares em detrimento de outros que não as possuem. A capacidade de gerir preferências está ligada à de aprender sobre clientes e demais partes interessadas. Exemplos de preferências incluem: condições de pagamento e de entrega, atributos opcionais, formas de aquisição e de atendimento e marcas específicas.” O importante a ser notado no conjunto de definições acima é que a palavra necessidade não está servindo para designar aquilo que é necessário, no sentido que esta palavra é definida nos dicionários de língua portuguesa, como o Dicionário Aurélio que nos descreve necessidade como: “que não se pode dispensar; que se impõe; essencial; indispensável”. Na verdade, a palavra necessidade na abordagem do PNQ pode envolver tanto aquilo que é necessário (imprescindível), como desejos relacionados a status, prazer ou quaisquer outros motivos não vitais. b. Necessidades: abordagem de Sheth, Mittal e Newman No livro “Comportamento do Cliente”, Sheth, Mittal e Newman (2001), não trabalham com uma definição tão abrangente da palavra necessidade, como aquela utilizada nos Critérios de Excelência do PNQ. Para eles a palavranecessidades deve ser diferenciada da palavra desejos. Na abordagem desses autores: “Necessidade é condição insatisfatória de um cliente, que o leva a uma ação que tornará essa condição melhor. (...) A necessidade nasce de um desconforto nas condições físicas ou psicológicas da pessoa.” “Desejo é o afã de obter mais satisfação do que absolutamente necessário para melhorar uma condição insatisfatória.” Para tais autores os desejos ocorrem quando e porque os seres humanos querem levar suas condições físicas e psicológicas a um nível além do estado de conforto mínimo. Um estômago faminto, um corpo desprotegido exposto a temperaturas extremas, ou as caspas nos cabelos constituem uma necessidade. O mesmo acontece com o isolamento social, o tédio, o desrespeito dos pares ou de outras pessoas, a falta de apoio emocional por parte dos seres amados e o amor não correspondido. No entanto, além desses estados de desconforto, a existência da vontade de obter produtos ou serviços melhores ou em maior quantidade indicam a presença de desejos. Assim, a comida satisfaz uma necessidade, mas a comida de primeira também satisfaz um desejo. Qualquer carro satisfaz uma necessidade de transporte do ponto ‘A’ para o ponto ‘B’, ao passo que um carro da Lexus ou um da Mercedes satisfazem também um desejo de sentir emoção com o desempenho do carro, de obter prestígio, ou de projetar a auto-imagem correta para as outras pessoas consideradas importantes. Só quando as necessidades são satisfeitas é que aparecem os desejos.” (Sheth, Mittal e Newman, 2001, p.59). Página 44 de 160 Leitura complementar sugerida Para saber mais sobre os atributos valorizados pelos clientes, sugere-se a leitura do capítulo 3 (Atributos Valorizados pelos Clientes) e 4 (Priorização dos Atributos Valorizados pelos Clientes) do livro, Gestão do Relacionamento com o Cliente, editora Cengage Learning (2012), da bibliografia básica. Para saber mais detalhes sobre a distinção entre necessidades e desejos, bem como sobre os fatores determinantes das necessidades e os fatores determinantes dos desejos, sugere-se a leitura do item “Necessidades e Desejos dos Clientes”, que está nas págs. 59 a 65 do livro de Sheth, Mittal e Newman: Comportamento do Cliente, Atlas, 2001. 4.3 Atributos Valorizados pelos Clientes Entendida a questão relacionada à definição da palavra necessidades, passamos agora para entender outra palavra: atributos. Para nós, no contexto desta disciplina, a palavra atributos será entendida como o conjunto de valores (preço, atendimento, garantia etc.) que envolvem, ou devem envolver determinado produto (incluindo-se os serviços) de forma que ele possa atender as necessidades dos clientes aos quais se destina. a. Papéis do cliente: abordagem de Sheth, Mittal e Newman Para os autores do livro ‘Comportamento do Cliente’, os clientes têm três diferentes papéis: usuário, pagante e comprador. “O conceito mais amplo de ‘cliente’ traz para a discussão três diferentes papéis, que podem ou não ser desempenhados pelo mesmo indivíduo. Independentemente da questão de saber se a mesma pessoa é usuária, pagante e compradora, cada papel dita um conjunto diferente de valores que são buscados pelo cliente” (Sheth, Mittal e Newman, 2001, p.55). Veja Quadro 01 abaixo. Esses autores, que são os mesmos que diferenciam necessidades e desejos, tratam assim a questão daquilo que é valorizado pelos clientes. Quadro 01: Adaptação / montagem para facilitar o entendimento dos Papéis dos Clientes, Valores Universais e Valores Pessoais. Papéis dos clientes Valores universais Valores pessoais Usuários Desempenho = valor funcional ou utilitário. Produtos e serviços são comprados não só por causa de sua função física, mas também pelos benefícios sociais que Página 45 de 160 trazem. Para o usuário esses benefícios são denominadosvalores sociais e emocionais. Entre eles, estão o prazer sensorial, o alcance de estados de humor desejados, a realizaçãode objetivos sociais (por exemplo, status social e aceitação por parte do grupo de referência da pessoa) (p.77). Pagantes Para um pagante, o valor universal é o valor de preço – os preços e outros custos financeiros que se incorre ao adquirir um produto (por exemplo, transporte, manutenção etc) (p.80). Crédito e financiamento (p.81) Compradores Para os compradores, o valor universal é o valor de serviço, o atendimento que os clientes buscam ao adquirirem um produto ou serviço. Esse valor tem três elementos: 1. Aconselhamento e ajuda pré-compra 2. Aconselhamento e ajuda pós-compra, na manutenção do valor de uso do produto. 3. Garantia contra risco de uma compra equivocada, com possibilidade de reembolso e troca de mercadoria (p.83). Conveniência e personalização. (p.85) Fonte: Sheth, Mittal e Newman, 2001, p. 53-71. Importante: Para os autores acima mencionados os valores universais são aqueles que satisfazem as necessidades dos clientes, e os valores pessoais satisfazem os desejos. 4.4 Atributos Valorizados pelos Clientes e Momentos-verdade Página 46 de 160 a. Expectativas comuns dos clientes Na aula anterior tratamos, em linhas gerais, daquilo que os clientes esperam, nos seus diferentes papéis, quando buscam satisfazer suas necessidades e/ou desejos, através de produtos (inclusive serviços). O que passaremos a tratar, agora, é um detalhamento dos fatores que podem provocar tal satisfação de necessidades e desejos. Para tanto faremos uso, inicialmente, do livro ‘Administração de Operações de Serviço’, onde os autores Robert Johnston e Graham Clark (2002), apresentam um conjunto de fatores de qualidade do serviço que são os atributos sobre os quais os clientes podem ter expectativas. Tais fatores são os seguintes: · Acesso.A acessibilidade da localização do serviço, incluindo a facilidade de encontrar o ambiente de sua prestação e a clareza do trajeto. · Estética. A extensão em que os componentes do pacote de serviços estão de acordo ou ao agrado do cliente, incluindo a aparência e a atmosfera do ambiente, a apresentação das instalações, os artigos genuínos e os funcionários. · Atenção/assistência. A extensão em que o serviço, particularmente o pessoal de contato, fornece ajuda ao cliente e dá a impressão de estar interessado no cliente e mostra disposição em servir. · Disponibilidade. A disponibilidade das instalações do serviço, dos funcionários e dos bens oferecidos ao cliente. No caso do pessoal de contato, isso significa o índice de funcionários/cliente e o tempo que cada funcionário dispõe para passar com o cliente individual. No caso da disponibilidade de bens, inclui a quantidade e a variedade de produtos disponibilizados ao cliente. · Cuidado. A preocupação, a consideração, a simpatia e a paciência mostradas ao cliente. Isso inclui a extensão em que o cliente fica à vontade com o serviço e sente-se emocionalmente (em vez de fisicamente confortável). · Limpeza/atratividade. A limpeza, a aparência clara e atraente dos componentes tangíveis do pacote de serviços, incluindo o ambiente, as instalações, os bens e o pessoal de contato. · Conforto. O conforto físico do ambiente e das instalações do serviço. · Comprometimento. O comprometimento aparente dos funcionários com o trabalho, incluindo seu orgulho e satisfação, diligência e perfeccionismo. · Comunicação. A habilidade de comunicar o serviço ao cliente de maneira inteligível. Isso inclui clareza, a totalidade e a precisão da informação verbal e escrita comunicada ao cliente e sua habilidade de ouvi- la e entendê-la. · Competência. A habilidade, a expertise e o profissionalismo com que o serviço é executado. Isso inclui a adoção de procedimentos corretos, a execução correta das instruções do cliente, o grau de conhecimento do produto ou serviço mostrado pelo pessoal de contato, a entrega de produtos finos, a orientação consistente e a habilidade geral de fazer um bom trabalho. · Cortesia. A educação, o respeito e a experiência mostrados pelo pessoal da organização de serviço, principalmente o pessoal de contato, ao lidar com o cliente. Isso inclui a habilidade dos funcionários de não serem desagradáveis e intrusivos quando apropriado. Página 47 de 160 · Flexibilidade. Uma disposição por parte do pessoal do fornecedor a complementar ou alterar a natureza do serviço ou produto para atender as necessidades do cliente. · Cordialidade. O calor e a natureza da abordagem pessoal (em vez da abordagem física) do serviço, particularmente dos funcionários de contato, incluindo a atitude agradável, a habilidade de fazer com que o cliente se sinta bem-vindo · Funcionalidade. A natureza do serviço e sua adaptação ao propósito da ‘qualidade do produto’, das instalações e dos artigos sofisticados. · Integridade. A honestidade, a justiça, a imparcialidade e a confiabilidade com que os clientes são tratados pela organização de serviço. · Confiabilidade. A confiança e a consistência do desempenho das instalações, dos produtos e do pessoal da organização de serviço. Isso inclui pontualidade de entrega e manutenção dos acordos firmados com o cliente. · Responsividade. Velocidade e pontualidade de entrega do serviço. Isso inclui a velocidade da produção e a habilidade da organização de serviço de responder prontamente às solicitações do cliente, com espera e tempo de fila mínimos. · Segurança. Segurança pessoal do cliente e de suas posses enquanto participa ou beneficia-se do processo do serviço. Isso inclui a manutenção da confidencialidade.” (Johnston & Clark, 2002: 135-137). Para reforçar o aprendizado dos atributos ou valores acima mencionados, vale recorrer a H. James Harrington, no livro Aperfeiçoando Processos Empresariais (1993), quando ele afirma que para assegurar que o processo seja eficaz, é preciso que você defina as necessidades e expectativas do cliente e, então, atenda a essas necessidades e expectativas. As necessidades e expectativas dos clientes se relacionam tipicamente às seguintes características do produto e/ou serviço: · Aparência, · Pontualidade, · Exatidão, · Desempenho, · Confiabilidade, · Utilidade, · Facilidade de manutenção, · Durabilidade, · Custo, · Receptividade, · Adaptabilidade, e · Confiabilidade. (Harrington, 1993, p.89). Todas as características vistas acima ajudam a compreender melhor o cliente e a melhorar a relação das organizações com os mesmos, especialmente porque, boa parte delas, certamente, ocorre diariamente. b. Atributos valorizados pelos clientes intermediários e clientes internos Página 48 de 160 Para tratarmos da questão das diferenças entre os clientes intermediários e os clientes internos, comparativamente aos clientes finais dos produtos derivados dos processos organizacionais, vale recorrer à abordagem de Sheth, Mittal e Newman (2001), apresentada anteriormente. O que se espera, regra geral, em relação aos clientes intermediários, isto é, aqueles que compram para revender ou para transformar, é que seus requisitos referem-se, fundamentalmente a necessidades, ou seja, não tem a ver com desejos. Por este motivo seus valores são aqueles classificados como valor universal. (Veja aula anterior). Os clientes intermediários também apresentam os três papéis: usuários, compradores e pagadores. Quanto a compradores e pagadores é razoável imaginar que seus requisitos não se diferenciam muito dos clientes em geral, com a agravante que o valor preço é um componente de custos e, portanto, interfere na competitividade e rentabilidade dos negócios. No papel de usuários, o valordesempenho tem um significado um pouco diferente daquele que ocorre para os clientes finais visto que o intermediário não usufrui do produto comprado. Para eles (intermediários), a questãodesempenho certamente está mais relacionada a questões como facilidade de revenda ou adequação (da matéria prima) ao processo produtivo. Os clientes internos, por sua vez, têm como característica geral, o fato de não atuarem como pagadores (Uma exceção a essa regra encontra- se nas organizações que trabalham na forma de Unidades Estratégicas de Negócios, com a prática de preços internos de transferência.), restando- lhes, então os papéis de usuários e compradores. Como usuários tanto eles podem ser usuários finais como intermediários, sendo que, em ambos os casos o que se espera é que seus atributos estejam relacionados a necessidades, isto é, suas expectativas tendem a relacionar-se aos chamadosvalores universais (o que, neste caso significa desempenho). O papel de compradores dos clientes internos pode ter ou não significado, dependendo do grau de poder de negociação de cada cliente-interno em relação aos seus fornecedores. c. Momentos-verdade como instrumento para identificação de atributos Pelo que vimos até agora, são vários os papéis exercidos pelos clientes e são vários os atributos/valores que eles podem esperar. A questão que nos fica é a seguinte: como saber que atributo é requerido em cada momento da interação do cliente com seu fornecedor? Para ajudar a responder a esta questão, um conceito que pode ser bastante útil é o conceito de “momento-verdade”, que é assim abordado por Albrecht & Bradford, na obra ‘Serviços com Qualidade’: “(...) um momento da verdade é precisamente aquele instante em que o cliente entra em contato com qualquer setor do seu negócio e, com base nesse contato, forma uma opinião sobre a qualidade do serviço e, possivelmente, da qualidade do produto.” Tenha em mente que o momento da verdade não deve envolver necessariamente um contato pessoal. O cliente sente um momento da verdade quando entra no seu estacionamento. Existem vagas suficientes? O lugar está limpo e bem cuidado? É fácil achar a entrada da empresa? As Página 49 de 160 placas indicativas estão colocadas de modo lógico e são fáceis de ler? Todos estes são potencialmente momentos da verdade, e ocorrem antes que você entre em contato com o seu cliente. Como podemos achar os momentos da verdade da sua empresa? Uma forma consiste em sentar com os gerentes, supervisores e funcionários, e fazer uma lista dos rápidos encontros que os clientes têm com qualquer aspecto da sua empresa – mas você deve estar disposto a fazê-lo de acordo com a perspectiva dos clientes. Não tente racionalizar nem dar desculpas. Apenas faça uma relação de todos os pontos de encontro que conseguir lembrar, através dos quais o cliente pode formar uma opinião sobre a qualidade do seu serviço (e, potencialmente, do seu produto). Você provavelmente terá uma lista bem comprida; isto só é o começo.” (Albrecht, 1992: 29). d. Modelo de ciclo de serviço Uma forma simples de identificação dos momentos-verdade é o chamado “modelo de ciclo de serviço”, que segundo Albrecht & Bradford (1992) é um mapa dos momentos da verdade, conforme vivenciados pelos clientes; é ativado cada vez que um cliente entra em contato com a firma. Assim como há centenas de momentos da verdade em determinado dia de trabalho, também há muitos ciclos de serviço. A técnica usada é simples e eficaz: desenhe um circulo numa prancha de desenho ou em qualquer outra superfície grande. Essa vai ser a base para relacionar os vários momentos da verdade encontrados pelo cliente conforme passa por eles. É importante relacionar esses momentos da verdade na sua freqüência habitual, sempre tomando cuidado para enxergá-los de acordo com o ponto de vista do cliente. A figura abaixo (Figura 01) é o exemplo do ciclo de serviços de um cliente de um supermercado.” (Albrecht, 1992: 30). e. Ciclo de serviço e atributos dos clientes Tendo-se o modelo de ciclo de serviço elaborado, a tarefa agora é simples: basta identificar, para cada momento-verdade identificado no ciclo de serviço, qual ou quais atributos são valorizados pelo cliente. O importante aqui é notar que atender necessidades do cliente é algo que transcende em muito a questão de simplesmente fornecer-lhe o produto que ele deseja obter. Há toda uma série de fatores, de alguma forma inter-relacionados com essa entrega, que também representam necessidades (ou necessidades + desejos) da parte dos clientes. f. Pacote Genérico de Valor para o Cliente Não é fácil ter-se regras gerais quando se trata da questão relacionada à compreensão e atendimento das necessidades e desejos dos clientes. De qualquer forma algumas generalizações podem ser úteis, como é o caso dopacote de valor para o cliente apresentado por Karl Albrech Página 50 de 160 (1997), no seu livro “A única coisa que importa – trazendo o poder do cliente para dentro da empresa.” Na abordagem de Albrecht, embora o projeto específico do pacote de valor para o cliente varie grandemente entre indústrias e organizações, as pesquisas identificaram sete componentes críticos para um pacote ‘genérico’ de valor para o cliente. Estes sete componentes (veja Figura 02) tornam-se a estrutura natural para se avaliar a adequação do projeto de qualquer pacote de valor para o cliente: Ambiental– o cenário físico no qual o cliente experimenta o produto. Pode ser um quarto de hospital, o saguão de um banco, a cabine de um avião, uma cadeira de barbeiro, uma loja de departamentos, a calçada diante de um caixa automático, uma academia de ginástica ou um número ilimitado de possibilidades. No caso de serviços à distância, o ambiente pode ser a própria casa do cliente, ampliada pelo telefone através do qual ele tem contato com a empresa. Estético – a experiência sensorial direta, caso haja, encontrada pelo cliente. Ela pode inclui cenas, sons, sabores, sensações físicas, desconforto, sentimentos, características estéticas de uma mercadoria e o ambiente visual ou psicológico da empresa. Inter-pessoal – as interações do cliente com funcionários ou, em alguns casos, com outros clientes, como parte da experiência total. Esta dimensão inclui amabilidade, cortesia, solicitude, aparência física e competência aparente na execução de certas tarefas. Processual – os procedimentos pelos quais você pede que o cliente passe ao fazer negócios com você. Eles podem incluir esperar, explicar as necessidades dele, preencher formulários, prestar informações, ir a vários locais e ser sujeito a manipulações ou tratamentos físicos. Informativo - os aspectos da experiência do cliente que envolvem a obtenção das informações necessárias para que ele atue como tal. Isto inclui coisas simples, como quer a sinalização em um prédio: possibilita que o cliente descubra onde deve ir, se o cliente pode decifrar a fatura ou a conta, e se ele pode entender a apólice de seguro. Este componente pode incluir fatores críticos, como por exemplo se alguém explicou adequadamente o uso de um item de um equipamento ou se o cliente sabe o que deve esperar depois de um procedimento médico crítico. Página 51 de 160 Entregável– qualquer objeto que fique em poder do cliente durante a experiência do serviço, mesmo que apenas temporariamente. Aqui está certamente incluída qualquer mercadoria comprada, mas também pode estar incluída a bandeja de comida servida a bordo do avião. O item entregue pode não ser um “produto” no sentido comercial no termo, mas não obstante o cliente o recebe. Outros exemplos são os talões de cheques, fitas de vídeo alugadas, cardápios, documentos de viagem e coletes salva-vidas. Financeiro – quanto e como o cliente paga pela experiência total. Em muitos casos, isto é óbvio,é o preço. Em outros, pode ser menos óbvio. Por exemplo, um departamento de serviços internos pode cobrar dos outros pelos seus serviços; nenhum dinheiro muda de mãos, mas os fundos irão de um orçamento para o outro. Uma companhia de seguros pode pagar as despesas médicas, mas mesmo assim o cliente sabe o preço.” (Albrecht, 1997, p.120-121) g. Hierarquia do valor para o cliente Vimos que, na abordagem de Sheth, Mittal e Newman (2001), as pessoas se defrontam com necessidades e desejoscujo atendimento requer diferentes atributos/valores. Para Albrecht (1997), tais atributos relacionados a necessidades e a desejos, podem ser hierarquizados de forma “semelhante à famosa hierarquia de necessidades humanas de Abraham Maslow” (Figura 03). Tal hierarquia é composta de quatro níveis: · Básicos – os atributos absolutamente essenciais da experiência, tangíveis ou intangíveis; sem eles é inútil tentar fazer negócio. O carro novo deve estar adequadamente montado, acabado e preparado para ser entregue. A refeição deve ser comível e o local deve estar limpo. O quarto de hotel deve estar limpo e mobiliado de forma adequada. O produto pedido pelo correio deve ser conforme o que promete o catálogo. · Esperados – os atributos associados da experiência que o cliente acostumou-se a considerar como fazendo parte da prática geral de negócios. Alguém deve explicar as características do carro. O restaurante deve ter uma seleção razoável de pratos no cardápio e preços razoáveis. O hotel deve ter uma cafeteria, um serviço razoável de mensageiros e um sistema confiável de recados para os clientes. A empresa de mala direta deve aceitar devoluções se o cliente não ficar plenamente satisfeito com o produto. · Desejados– atributos que o cliente não espera necessariamente, mas conhece e aprecia se a experiência os incluir. Alguém dá sugestões úteis a Página 52 de 160 respeito dos cuidados com o carro. Os atendentes sugerem pratos especiais ou fazem favores especiais para tornar a refeição mais agradável. O pessoal da recepção pode prover informações a respeito de atividades turísticas locais, ou ajudar com problemas especiais. A empresa de mala direta paga o custo da devolução do item desejado. · Inesperados – atributos “surpresa”, que adicionam valor para o cliente além dos seus desejos ou expectativas normais. O vendedor entrega o carro na casa do cliente, ou em seu escritório. O gerente do restaurante passa pela sala com biscoitos recém-assados, oferecendo-os gratuitamente aos clientes. O funcionário do hotel oferece ao hóspede um copo de suco para ele tomar enquanto espera ser servido. Alguém da empresa de mala direta telefona ao cliente para saber se ele gostou do produto. A Hierarquia do Valor para o Cliente Inesperados Desejados Esperados Básicos Página 53 de 160 Figura 03: A Hierarquia de Valor para o Cliente. (fonte: ALBRECHT, Karl. A Única Coisa que Importa. 1997: 106). Esta hierarquia comunica alguns pontos óbvios a respeito do valor para o cliente. Em primeiro lugar, ela diz que você deve se desempenhar bem nos níveis básico e esperado, apenas para ter o direito de fazer negócio com o cliente. Um restaurante limpo e comida de boa qualidade não são elementos de vantagem competitiva: são um requisito mínimo para competir. Os atributos básicos e esperados são meramente sua entrada para o jogo. A diferenciação dos concorrentes e a vantagem competitiva se estabelecem somente quando você pode faze melhor alguma coisa e o cliente dá valor à diferença.” (Albrecht, 1997, p.105). 4.5 Instrumentos para Ouvir os Clientes 4.5.1 Ouvir Clientes É comum as organizações afirmarem que ouvem seus clientes. De modo geral isso até ocorre, porém com ressalvas, por isso é importante oferecer os instrumentos (meios) que facilitem a comunicação entre clientes e organizações, além disso, é preciso que exista adequada preparação para filtrar as informações dos clientes e identificar o que é necessário responder, em outras palavras, é necessário compreender o que de fato é relevante e o que não é, tanto para o cliente quanto para a organização. 4.5.2 As necessidades declaradas versus necessidades reais: um cuidado inicial No livro ‘A Qualidade desde o Projeto’, J. M.Juran (1992), cuida de alertar para o fato seguinte fato de que os clientes comumente declaram suas necessidades segundo seus pontos de vista e em sua linguagem. Isto acontece especialmente com os clientes externos que compram produtos. Os clientes podem declarar suas necessidades em termos dos bens que desejam comprar. Entretanto, suas necessidades reais são pelos serviços que aqueles bens podem prestar.” (Juran, 1992, p.74). Como exemplo, Juran (1992) utiliza as seguintes situações: Quadro – Necessidades Declaradas e Reais Necessidades Declaradas Necessidades Reais Alimentos Nutrição, sabor agradável Automóvel Transporte Televisor a cores Entretenimento Casa Espaço para viver Pintura da casa Aparência colorida, ausência de manutenção Fonte: Juran, 1992, p.75. Página 54 de 160 Segundo Levitt a distinção entre a orientação para o produto e a orientação para o cliente. Em seu ponto de vista, as ferrovias perderam uma oportunidade de expansão devido ao seu foco ferroviário e não em transportes. Os estúdios cinematográficos também perderam a oportunidade de participar da crescente indústria da televisão, como resultado do seu foco sobre filmes, ao invés de entretenimento. (Levitt apud Juran, 1992, p.75). Claro que os exemplos acima são simples. Quando uma pessoa quer um automóvel ela quer muito mais que transporte, quando ela quer uma casa ela também quer muito mais do que simplesmente um espaço para viver e quando ele faz uma viagem aérea que muito mais do que sair de um ponto e chegar num outro. A esse respeito vale ver os resultados de uma pesquisa realizada pela empresa Qantas Airways, a respeito das necessidades dos clientes das companhias de transporte aéreo de passageiros: Qantas Airways Pesquisa de Necessidades de Passageiros Ordem de Prioridade Ordem Necessidades 1 Nenhuma bagagem perdida 2 Nenhuma bagagem danificada 3 Toaletes limpos 4 Poltronas confortáveis 5 Entrega rápida da bagagem 6 Amplo espaço para as pernas 7 Refeições de boa qualidade 8 Serviço rápido de reserva 9 Tripulação de cabine amigável/eficiente 10 Cabine limpa e arrumada 11 Temperatura/umidade da cabine confortáveis 12 Assistência para conexões 13 Ser informado dos atrasos 14 Transporte aeroporto-cidade 15 Informações precisas sobre chegadas para parentes e amigos 16 Embarque bem organizado 17 Check-in rápido e cordial no aeroporto 18 Carrinhos para bagagem 19 Chegada no horário 20 Fornecimento de travesseiros/mantas 21 Assistência com alfândega/imigração 22 Partidas no horário Fonte: J.M.Juran. Qualidade desde o projeto. p.100. Página 55 de 160 Não se chega a um “rol” tão completo de necessidades, como o apresentado no exemplo acima, sem um conjunto adequado de instrumentos para se ouvir o cliente. 4.5.3 Os papéis do cliente e a pesquisa sobre seu comportamento Vale recordar que na abordagem de Sheth, Mittal e Newman (2001), os clientes podem exercer os papeis de usuários, pagantes e compradores. Na tabela, adaptada como quadro (quadro 01) abaixo tais autores apresentam suas ideias a respeito da pesquisa do comportamento dos clientes nesses diferentes papéis. A pesquisa é sobre o comportamento do cliente e os três papéis do cliente: Quadro 01. Os papeis deusuários, pagantes e compradores e suas idéias a respeito da pesquisa do comportamento dos clientes. Usuário Pagante Comprador Necessidade de pesquisar o comportamento do cliente. Pesquisar as necessidades e desejos do usuário para novos projetos de produtos. Pesquisar sensibilidade a preços dos clientes. Pesquisar as preferências dos clientes em relação aoleasing. Pesquisar os preços de referência dos clientes. Pesquisar as atitudes dos clientes em relação a fornecedores alternativos (por exemplo, a rede de compras domésticas). Pesquisar o uso, pelos compradores, de sistemas de intercâmbio de dados eletrônicos. Métodos específicos de pesquisa Discussões em grupo. Visitas a clientes Pesquisa motivacional Pesquisa por questionários Explorar as visões do usuário e identificar necessidades e desejos insatisfeitos Identificar motivos subconscientes dos usuários Explicitar Valor percebido e preço de referência como tópicos de discussão em grupos focais e visitas a clientes Pesquisar os clientes em Podem-se explorar as percepções sobre fornecedores alternativos Pesquisa com os compradores Página 56 de 160 Pesquisa experimental Pesquisa de processamento de informações atitudes, crenças e comportamentos dos usuários Testes de paladar cego Testes de uso de produtos Pesquisa sobre como os telespectadores processam mensagens de propaganda questões como a determinação de preços-alvo, a consciência de preços etc. para avaliar atitudes dos fornecedores Mercados de teste Principalmente aplicável ao estudo do processamento de informações pelos compradores Adaptado de Sheth, Mittal e Newman. Comportamento do Cliente, 2001, p.473. 4.6 Ferramentas para Ouvir o Cliente: abordagem de Richard Witheley No livro “Crescimento orientado para o cliente” o consultor Richard Whiteley (1996) apresenta um conjunto de ferramentas para ouvir o cliente, sua natureza, suas vantagens e desvantagens. Tal conjunto de ferramentas é reproduzido abaixo: Ferramenta Natureza e Propósito Vantagens Desvantagens Grupos de Foco Pequenos grupos (de clientes ou de qualquer grupo- alvo) convidados para se reunir com um facilitador, a fim de responder a perguntas abertas. Trata-se de uma técnica simples considerada de extrema utilidade em nossas pesquisas. Proporciona uma íntima visão dos clientes e permite que eles lhe revelem coisas que não mencionariam nas pesquisas de opinião. Pequeno grupo de clientes pode não representar toda a sua base de clientes. Pode ser inadequado para clientes que viajam e, por isso, você pode utilizar técnicas de grupo virtual. Página 57 de 160 Painéis de Clientes Como um grupo de foco, um painel de clientes consiste em um pequeno número de clientes convidados para responder a perguntas abertas. Entretanto, um painel de clientes é um grupo que se reúne regularmente. Reuniões regulares criam uma intimidade até maior do que os grupos de foco. A longo prazo, os clientes que pensam nos seus problemas podem sugerir ideias especialmente boas. Exige considerável esforço gerencial. Entrevistas individuais Oferece nuances dos pensamentos de diferentes clientes. Em grupos, os clientes influenciam as respostas uns dos outros. As entrevistas individuais podem permitir que os clientes articulem pensamentos mais idiossincráticos. Em grupos, os clientes se ajudam mutuamente a articular pensamentos que possam não estar claros em princípio. Nas entrevistas pessoais você perde esse aspecto. Visitas a clientes e observação de sua utilização do produto Um exame cuidadoso de como o cliente utiliza o seu produto provavelmente oferece mais intimidade do que qualquer técnica. Provavelmente o método mais subutilizado. Quando as pessoas que conhecem a finalidade para a qual o produto foi projetado veem como esse produto realmente está sendo utilizado, ocorrem-lhes ideias de melhoria que os próprios clientes nunca proporiam. Menos desvantagens do que você esperaria. Muitos clientes adoram receber visitas. As visitas, no entanto, exigem planejamento. Estabelecem ideias sistemáticas do que você está procurando antes de agir. Números para ligações telefônicas gratuitas As empresas fazem contar em seus produtos ou material Método eficaz de coleta de dados do cliente na ocasião em que os Pode ser dispendioso. Página 58 de 160 promocional números de telefones para contato. problemas de faro estão ocorrendo. Além disso, melhora o índice de satisfação e gera vendas adicionais. Registros de contatos com o cliente Pede-se aos funcionários encarregados de manter contato com o cliente que reportem algo de interessante ou significativo que os clientes digam. Capta dados dos primeiros lugares aos quais os clientes provavelmente recorrem quando têm problemas. O pessoal da linha de frente considera muitos “relatórios de contato com o cliente” um desconforto burocrático. Se quiser obter boas informações, você deve avaliar os registros sobre a qualidade das informações e mostrar que está agindo de acordo com os dados. Linha direta com o serviço ao cliente Número telefônico para o qual o pessoal do serviço ao cliente pode ligar para reportar problemas. Uma caixa de correio de voz pode ser suficiente. Além de fornecer informações, proporciona uma sensação de poder ao pessoal da linha de frente. Os dados devem ser gerenciados cuidadosamente para terem utilidade. Visitas do cliente às instalações da empresa Consiste em convidar os clientes para visitar suas instalações e discutir como você pode oferecer-lhes um melhor serviço. Os clientes apresentam excelentes idéias enquanto estão nas suas instalações. Não oferecem uma compreensão abrangente dos pontos de vista do cliente. Pesquisas de opinião por telefone ou correspondência Estas pesquisas têm um menu de perguntas fixo para um grande número de pessoas. Muito Se bem gerenciados, podem fornecer informações cientificamente válidas sobre o Obterá poucas informações sobre qualquer outro aspecto que não as perguntas Página 59 de 160 útil para a obtenção de opiniões sobre perguntas fechadas, cuja importância você já determinou ao fazer perguntas abertas em outras situações. que os clientes, de um modo geral, pensam. (Reuniões em pequenos grupos não representam de forma confiável o que a base de clientes como um todo pensa.) específicas que você fizer. (embora valha a pena ser feita, a pergunta, “Você teria outras sugestões?” raramente gera respostas extensas.) Compradores disfarçados Profissionais que visitam a sua empresa no papel de clientes, que reportam a maneira como foram tratados. Fornece informações precisas sobre o serviço que você oferece. Pode fazer com que os funcionários não se sintam acreditados. Interrogatório do pessoal da linha de frente dos departamentos vendas e serviço Em um ambiente descontraído, pergunte ao pessoal da linha de frente sobre suas experiências, com a finalidade de obter uma visão do que o cliente enfrenta e quer. Recorre a um conjunto de dados que a empresa já possui. Solução parcial, mas que apresenta riscos. Encontro com os clientes nas férias profissionais Método de ouvir o cliente que economizatempo e custos. Atinge um número maior de clientes por dólar gasto do que qualquer outro método. Pouco tempo para conversar, atmosfera artificial. Fonte: Whiteley & Hessan. Crescimento Orientado para o Cliente. 1996, p.77-79. O que se pode perceber é que a tabela acima apresenta um detalhamento maior das ferramentas para ouvir o cliente, do que aquilo que apresentado por Sheth, Mittal & Newman (2001). Fica a sugestão de se classificar as ferramentas propostas por Whiteley dentro subdivisão proposta por tais autores (pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa), como forma de se integrar as duas abordagens. 4.7 Ferramentas para Ouvir o Cliente: o caso do Hospital Taquaral Uma das publicações da Fundação Prêmio Nacional da Qualidade é o “Caso para estudos – Hospital Taquaral” que é um Relatório de Gestão de um hospital imaginário, que serviu como instrumento para preparação dos Página 60 de 160 examinadores do Prêmio Nacional Qualidade em 1999 e 2000. Neste caso aparece um interessante rol de “métodos utilizados para prospecção de oportunidades de mercado e levantamento da voz do cliente.”, que reproduzimos a seguir. Métodos utilizados para prospecção de oportunidades de mercado e levantamento da voz do cliente. Método Descrição 1 Gemba Técnica originada no Japão, consiste na observação em profundidade de todas as possíveis interações entre clientes e serviços, realizadas no local e no momento que essas interações ocorrem. O responsável procura sempre “andar com os sapatos dos clientes”, observando, sentindo, ouvindo e registrando as experiências do cliente e as oportunidades que surgem. No segundo semestre de 1999 vivenciou-se uma experiência única até hoje: a realização de gembas na UTI Neo-natal, com apoio de uma psicóloga especializada em recém-nascidos. Os dados coletados, representando requisitos tanto das mães como das crianças, estão sendo utilizados atualmente para melhorias em diversos processos que envolvem aquela UTI. 2 Contato Direto Conforme apresentado no item 1.1, membros do Comitê Executivo possuem uma agenda pré- determinada de encontros com as diversas partes interessadas no hospital, inclusive os clientes; além disso, como já citado nesse item, colaboradores são treinados em técnicas para ouvir clientes. Tais práticas fazem com que as entrevistas com clientes sejam oportunidades ricas para a coleta de informações sobre os mesmos. 3 Pesquisa Além da Pesquisa Anual de Satisfação dos Clientes (ver tópico 3.2b), pesquisas quantitativas e qualitativas são desenvolvidas no mínimo uma vez a cada bimestre, visando conhecer a opinião dos clientes perdidos e clientes da concorrência, para que a análise decorrente seja a mais completa possível. Frequentemente são incluídas nas pesquisas (assim como em entrevistas, focus groupse outros métodos) questões sobre os pontos fortes e as principais vantagens dos concorrentes, eventuais mudanças que o cliente queria introduzir no hospital e fatores que levaram os clientes novos a optar pelo Hospital Taquaral. 4 Focus Group Muito utilizado pelo hospital, vem adquirindo características inovadoras nos últimos meses. De julho a novembro de 1999 realizaram-se várias sessões “cruzadas”, quando grupos de clientes foram motivados a discutir sobre desejos e Página 61 de 160 expectativas de outros grupos. Exemplos: pacientes foram ouvidos sobre as necessidades de seus familiares, familiares sobre pacientes, médicos sobre pacientes, convênios sobre médicos e convênios sobre pacientes. 5 SAC Os relatórios gerados pelo SAC são analisados frequentemente, em busca de informações importantes transmitidas pelos clientes, através de suas opiniões, reclamações e sugestões. Treinamentos específicos oferecidos aos atendentes fazem com que estes percebam e registrem informações implícitas transmitidas pelos clientes em suas manifestações. 6 Pesquisa de Mercado As pesquisas de mercado, promovidas tanto pelo Hospital Taquaral (pelo menos uma vez ao ano) quanto por organizações independentes, direcionam as ações do hospital para áreas onde há possibilidade de crescimento. Outras informações colhidas nessas pesquisas são: características de serviços, volume de atendimento, participação e atuação da concorrência e as principais necessidades do mercado. 7 Visitas a Clientes Através das visitas a convênios e médicos (sejam eles clientes efetivos ou potenciais) procuramos obter o máximo possível de informações, inclusive o porquê, no caso dos potenciais, de ainda não terem escolhido o Hospital Taquaral. 8 Field Intelligence O hospital está sempre atento para detectar informações importantes sobre os concorrentes, através do monitoramento de suas ações pela imprensa, por propagandas de laboratórios; por médicos que também trabalham em outros hospitais; por fornecedores, etc. 9 Intercâmbio de Informações Seja formal ou informal, é uma rica fonte de informações. As principais práticas são visitas a outras instituições de saúde, recepção de visitantes ligados à área hospitalar e contato direto de colaboradores do Hospital Taquaral com pessoas de outras instituições. 10 Acompanhamento Pós-serviço As sugestões, reclamações e opiniões de nossos clientes, obtidas pelas práticas de acompanhamento pós-serviço (ver Tópico 3.2b) são coletadas e analisadas em busca de necessidades e expectativas. 11 Análise e Correlação de Dados Com o Balanced Scorecard, os principais indicadores de desempenho do hospital são integrados e correlacionados (ver Item 4.3). Assim, análises periódicas desses indicadores correlacionados podem trazer “mensagens” do mercado. Exemplo disso deu-se no final de 1999, quando pode-se observar um crescimento intenso Página 62 de 160 de um concorrente na área de oftalmologia, inclusive com a captação de pacientes do Hospital Taquaral. A ação, em curso atualmente, foi desenvolver instrumentos específicos para detecção dos fatores de decisão que estão levando esses ex- pacientes a preferir primeiro o concorrente. 12 Workshops com Colaboradores Promovido pela Diretoria de Mercado e Qualidade, tem como participantes membros da força de trabalho que tem contato direto com clientes (por exemplo, assistentes sócias, corpo de enfermagem e médicos). Seu objetivo é levantar necessidades detectadas pelos colaboradores nesse contato com clientes. 13 Participação em Feiras, Congressos e Exposições O hospital se utiliza de feiras, congressos e exposições para detectar possíveis oportunidades, observando novas tendências terapêuticas, resultados de pesquisas científicas em Universidades e laboratórios, serviços e condutas oferecidos por outros hospitais, evolução tecnológica, etc. 14 Registros Internos do Hospital O SAME (Serviço de Arquivo Médico e Estatística) permite que se analise informações relativas a pacientes que já passaram pelo hospital, além de gerar relatórios estatísticos e de tendências. A avaliação desses registros torna-se extremamente interessante quando usada na procura de tendências futuras. 15 Registros de Associações e Órgãos Oficiais Em busca de oportunidade, tendências do mercado e informações sobre clientes, analisamos informações provenientes do Ministério da Saúde, IBGE, Conselho Regional de Medicina, Secretaria Municipal de Saúde, Direção Regional de Saúde (DIR), CQH e CEG. 16 Livros, Revistas, Papers, outros periódicos e web sites Essas fontes de informações, sejam gerais ou especializadas, são úteis para se conhecer as novidades do mercado hospitalar e de saúde, principalmente de outros países. Bem interpretadas, ajudam a detectar oportunidades e requisitos de clientes. Fonte: Caso para estudo – Hospital Taquaral, p. 19. (Silva e Zambon, 2006, p. 72-74). Tal qual o conjunto de ferramentasapresentado por Whiteley, o rol de métodos para ouvir os clientes, apresentado no caso do Hospital Taquaral, também amplia aquilo que foi apresentado por Sheth, Mittal & Newman. Mais uma vez fica a sugestão de enquadrar os métodos agora apresentados, dentro da classificação desses autores (pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa), como forma de integração de conhecimentos. Página 63 de 160 4.8 Reflexões Importantes sobre Conhecimento dos Clientes: segmentação, métodos, decisões, conhecimento Muitos instrumentos, meios e técnicas podem ser utilizados para se conhecer os clientes, especialmente no que tange a ouvi-los e oferecer-lhes respostas satisfatórias. Neste sentido é pertinente realizar a seguinte apreciação crítica: “...de nada adianta possuir eficientes meios para ouvir os clientes (captar as informações manifestadas por eles, que apresentam seus interesses, desejos e necessidades) se não houver conhecimento a apuro no ato de utilizar tais informações no momento da “construção” o relacionamento sustentável entre organizações e clientes.” É importante lembrar que os instrumentos utilizados para ouvir os clientes também sofrem críticas, positivas ou negativas, por parte dos próprios clientes, daí a importância de seu uso de forma coerente e contínua, bem como, é importante que sejam realizadas apreciações e revisões frequentes cujos fins objetivem melhoramento permanente dos meios utilizados. Além disso, os clientes podem apresentar maior ou menor aceitação em relação a cada método utilizado, o que justifica, em certos casos, a substituição do método em prática por outro considerado mais eficaz para a situação corrente. Os métodos (meios) são muitos, porém, maiores são as possibilidades de interpretação e uso das informações levantadas por eles. Por exemplo: quando se utiliza, simplesmente, uma pesquisa quantitativa, que por meio de um questionário, aponta o perfil de consumo e tendências de um determinado grupo da população (segmento: homens, entre 25 e 35 anos, renda entre R$5.001,00 a R$8.500,00, moradores de centros urbanos, sem filhos, sem esposa, que residem sozinhos, compram produtos de marcas conhecidas e renomadas, renda em crescimento acompanhando a idade, viajam com frequência etc.), é possível que algumas generalizações sejam feitas frente às condições de consumo e ao que se é consumido, mas, também é importantes conhecer exatamente em que nicho cada membro pesquisado (os clientes em geral) se enquadram. Se todos os membros do segmento citado acima, de uma determinada região, fossem identificados e recebessem uma determinada campanha promocional qualquer, será que seria correto dizer que todos responderiam a uma campanha promocional da mesma maneira? A resposta é, por certo, um NÃO, pois, mesmo dentro de um grupo aparentemente homogêneo há membros diferentes e com diferentes intenções de consumo. Daí a importância de respeitar a individualidade e singularidade de cada cliente, principalmente, quanto mais se sabe sobre ele, quanto mais tempo ele mantém relacionamento com a empresa. Pense, ainda seguindo o exemplo proposto acima, se tal grupo fosse agora separado por: indivíduos que residem com os pais e indivíduos que não residem com os pais; indivíduos que possuem casa própria, indivíduos que estão construindo a casa própria e, indivíduos que estão guardando dinheiro para comprar a casa própria; Página 64 de 160 indivíduos noivos ou recém casados, e indivíduos que não pensam em se casar. indivíduos heterossexuais, indivíduos bissexuais e indivíduos homossexuais etc. Partindo desta condição, se percebe que é possível escolher uma ou mais das categorias de identificação (alocação) acima como forma de identificar melhor o público alvo que se deseja atingir. Com isso, fica mais fácil separar os membros do grupo, com o objetivo de ouvir aqueles que realmente são mais significativos para o negócio, por exemplo, hipotético: ‘Minha empresa comercializa produtos de construção civil, seria mais recomendável, portanto, direcionar meus esforços de comunicação mercadológica para aqueles que estão de fato construindo ou iniciando a construção de residências (...). Além disso, não de pode deixar de destacar que, quanto maior o número de cruzamentos realizados a partir das características levantadas, provavelmente, mais numerosas e precisas serão as informações, para as organizações, no tocante ao conhecimento de seus clientes. Ou seja, ouvir os clientes é uma tarefa difícil, mas através dela é possível direcionar o foco da empresa (suas imagem, seus produtos e serviços) em função justamente de quem se pretende atender (os clientes). Os instrumentos utilizados para ouvir os clientes, o cruzamento das informações levantadas por categorias etc., leva ao conhecimento do que os clientes pensam, esperam e como se manifestam em relação a você (empresa). Do ponto de vista do Marketing Estratégico para o relacionamento com o cliente, está e uma realidade chave, pela qual, todas as organizações passam, algumas “de olhos fechados” e outras, pelo contrario, “de olhos bem abertos”, para aprender o máximo possível com os próprios clientes – alma do negócio. Por fim, mais do que saber qual é o melhor instrumento a utilizar para ouvir os clientes, é importante elencar um ou alguns que consigam realizar esta tarefa, para que a tarefa seguinte possa ocorrer, que é, juntamente o uso de tais informações no processo de tomada de decisão para levar respostas positivas aos clientes e que, naturalmente, sejam positivas em igual proporção à própria empresa. - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividades 1 - Defina necessidade. 2 - Como você explicaria atributos valorizados pelos clientes? 3 - Explique o que são valores universais no contexto desta disciplina. 4 - O que são e para que servem os momentos-verdade? 5 - Disserte sobre a importância da Hierarquia de Valor para o cliente. 6 - O que são instrumentos para ouvir os clientes? 7 - Explique para que servem os instrumentos de ouvir os clientes? 8 - Explique a diferença entre necessidades reais e necessidades declaradas. Página 65 de 160 Nota sobre a atividade: Todas as questões para reflexão propostas acima são encontrados nesse material, pois, cada uma delas refere-se a um item diretamente abordado. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 4.9 Exemplo de Exercício Resolvido Questão: O momento-verdade como instrumento para identificar atributos valorizados pelos clientes pode ser identificado como? a. Momento em que o cliente é questionado através do ciclo de serviços sobre sua satisfação em relação a um determinado produto ou serviço, portanto, o momento-verdade é representativo de uma pesquisa de mercado quantitativa que verifica se o cliente após a compra gostou ou não do produto, e o que pensa dele. b. Momento em que a organização projeta um novo produto ou serviço no mercado, logo, momento em que o objetivo central é desenvolver uma ação concorrencial competitiva que lance a empresa à frente das suas concorrentes diretas, pois, o momento verdade é relatado em função da empresa e não do cliente. c. Precisamente aquele instante em que o cliente entra em contato com qualquer setor do seu negócio e, com base nesse contato, forma uma opinião sobre a qualidade do serviço e, possivelmente, da qualidade do produto. d. É o instante em que uma organização desenvolve um novo contato com seu ‘cliente potencial’ por meio de um novo produto, objetivando torná-lo leal e só depois fiel à organização, com isso, aumentando sua participação de mercado e reconhecimento competitivo. Isso ocorre porque o cliente é a “alma viva” do negócio. e. É o instante em que o clientedefine a compra, portanto, o momento verdade é unicamente o momento em que, ocorre o processo de decisão de compra e sua efetiva realização. Tal condição exclui a interpretação do momento verdade como qualquer outra atividade anterior ao ato de comprar. Resposta correta: Letra “C” REFERÊNCIAS Página 66 de 160 Básica: SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Complementares: ALBRECHT, Karl; BRADFORD, Lawrence J. Serviços com qualidade: como entender e identificar as necessidades dos seus clientes. São Paulo: Makron books, 1992 ALBRECHT, Karl. A única coisa que importa: trazendo o poder do cliente para dentro da sua empresa. São Paulo: Pioneira, 1997 Blackwell, Roger. O ABC do consumo. Entrevista publicada na revista HSM Management, n.37, ano 7, volume 2, março-abril 2003 Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. Caso para estudo “Hospital Taquaral” 2000. São Paulo: FPNQ, 2000. Fundação Prêmio Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência 2004. São Paulo: FPNQ, 2004 Goebert, Bonnie. O consumidor e os focus groups. In Revista HSM Management n.37, ano 7, volume 2, março-abril 2003 HARRINGTON, H.J. Aperfeiçoando processos empresariais. São Paulo: Makron Books, 1993. JOHNSTON, C; CLARK, G.- Administração de Operações de Serviço. São Paulo: Atlas, 2002 JURAN, J.M. A qualidade desde o projeto. São Paulo: Pioneira, 1992 SHETH, MITTAL e NEWMAN. Comportamento do cliente. São Paulo: Atlas, 2001 SOLOMON, Michael. Comportamento do Consumidor. Porto Alegre: Bookman. 2002. WHITELEY, R.; HESSAN, D. Crescimento orientado para o cliente. Rio de Janeiro: Campus, 1996. Página 67 de 160 Unidade III MÓDULO 5 RISCOS AO OUVIR OS CLIENTES 5. RISCOS INIRENTES AO PROCESSO DE OUVIR OS CLIENTES Objetivo Ao final desta aula você deverá ser capaz de discutir os riscos presentes na atividade de ouvir os clientes para quaisquer tipos de organizações. Sensibilizar para a importância de se ouvi-los, especialmente no tocante as suas necessidades reais e declaradas. Você compreenderá ainda o que é e, qual a importância, do processo de seleção de clientes para uma organização. 5.1 Os Clientes Sabem o que Querem Estudar os riscos ao ouvir os clientes nos remete a seguinte indagação: ‘os clientes sabem o que querem?’ Riscos existem sempre que a condição de certeza é inexistente, ou seja, a condição de incerteza é alta. Quando os clientes não estão certos do que realizar (comprar – consumir) algumas dificuldades podem surgir, como por exemplo, podem desenvolver um sentimento de insatisfação e/ou de repúdio sobre algo ou alguém (marca, produto, empresa-lugar, funcionário). Para as organizações, quando mais riscos como este forem evitados, maiores serão as chances de reter clientes satisfeitos. Tal condição deve ser buscada com afinco, de forma que a organização seja reconhecida pela maioria das pessoas que atende como comprometida com o sucesso de seus clientes. 5.2 Mais do que Voltado para o Cliente No livro “Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã”, Hamel & Prahalad (1995), são críticos quanto à ideia de se ouvir clientes. Para eles os clientes não sabem identificar aquilo de que necessitam, motivo pelo qual, consideram que as empresas devem buscar se antecipar às necessidades dos clientes, ao invés de atender suas necessidades articuladas. Para tais autores, existem três tipos de empresas: · As que tentam levar os clientes para onde eles não querem ir. · As que escutam os seus clientes e respondem às suas necessidades articuladas. Página 68 de 160 · As empresas que levam os clientes para onde eles querem ir, mas ainda não sabem disso. No terceiro tipo estão as empresas que criam o futuro. Elas fazem mais do que satisfazer os clientes; elas os surpreendem constantemente. Empresas do segundo tipo, de acordo com Hamel e Prahalad (1995), talvez estejam em mercados nos quais as necessidades dos clientes já estejam sendo satisfeitas por concorrentes com maior capacidade de prever o futuro. Logo abaixo se encontra transcrito um trecho do livro acima referido, que trata mais detalhadamente desse assunto. Por enquanto nos interessa destacar o seguinte: o fato de Hamel e Prahalad serem céticos a respeito da capacidade dos clientes de identificar produtos/serviços que atendam suas necessidades, não significa que eles não devam ser investigados. O que acontece é que, o que se tem a aprender com os clientes refere-se as suas necessidades (requisitos, expectativas e preferências) não atendidas ou atendidas de forma insatisfatória e, depois disso, buscar formas adequadas e/ou inovadoras de atendê-las. Ao que parece a proposta dos autores pode ser assim traduzida: ao invés de perguntar ao cliente o produto ou serviço que ele deseja, deve-se investigar quais suas necessidades não atendidas (no todo ou em parte). Segundo Hamel e Prahalad (1995): (...) você precisa entender a distinção entre características e benefícios, que é igual à distinção entre características objetivas do produto daquilo que você oferece ao cliente e o valor subjetivo que ele obtém ao experimentá-lo. Caso em questão: várias centenas de milhares de pessoas compram, todos os anos, brocas de um quarto de polegada nas lojas de ferragens. Muito poucas entre elas querem brocas de um quarto: a maioria quer furos de um quarto. Milhões de pessoas pagam para que gás e eletricidade sejam levados até suas casas. Elas não querem gás ou eletricidade. Querem aquilo que o gás ou a eletricidade fazem para elas. A razão pela qual uma pessoa compra um pequeno Honda e outra compra um Mercedes-Benz não está nos produtos em si, mas nos significados que eles têm nas vidas dos respectivos compradores. São esses significados que precisamos descobrir – a verdade Página 69 de 160 oculta por trás das características objetivas. Charles Revson, executivo chefe da multibilionária Revlon, resumiu da melhor forma a ideia do valor subjetivo ao explicar os produtos da sua empresa. ‘Quando ele sai da fábrica é batom’, disse ele, mas quando passa por cima do balcão da loja de departamentos, é esperança. (Albrecht, 1997, p.100). 5.3 Valores e Requisitos Mudam com o Tempo e são Variáveis entre Clientes Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001, p.93), os valores de mercado que os clientes buscam são: · Instrumentais. · Dinâmicos. · Hierárquicos. · Cada vez mais diversificados a medida que atingem níveis mais altos. · Sinérgicos. · Específicos dos papéis. · Variáveis entre clientes. Em relação à nossa preocupação com o risco de ouvir os clientes, ênfase especial deve ser dada ao fato que os valores são dinâmicos e variáveis entre clientes. De acordo com Sheth, Mittal e Newman (2001): a. “Os valores de mercado que os clientes buscam mudam com o tempo. Em primeiro lugar, eles mudam porque as necessidades e desejos dos clientes individuais alteram-se em virtude de mudanças em seu estágio de vida e em seus recursos. Em segundo lugar, eles mudam em razão de expectativas que surgem em todo o mercado. À medida que [as organizações] satisfazem e excedem as expectativas do mercado, elas tornam-se um novo ponto de referência pelo qual [as organizações] são julgadas. Se ninguém no mercado oferece um serviço de primeira classe, os clientes estarão satisfeitos com um serviço meramente adequado, por exemplo.” (p.94). b. “(...) o que um cliente valoriza em um produto ou serviço pode não ser valorizado por outro cliente. Conseqüentemente, um produto ou serviço é mais versátilse for capaz de gerar valores múltiplos, para satisfazer pessoas diferentes. Por exemplo, os computadores pessoais têm alto grau de versatilidade porque devem satisfazer a diferentes necessidades: processamento de textos, armazenamento de informações, comunicação Página 70 de 160 com o mundo externo via e-mail, recepção das informações do mundo externo pela Internet, e assim por diante.” (p.94). Não parece ser fácil a missão daqueles cuja missão é ouvir o cliente e/ou se antecipar às suas necessidades: os clientes não sabem identificar aquilo que necessitam, o que eles valorizam parece sempre caminhar para níveis maiores de exigência e, não bastasse isso, o que um cliente valoriza não é – necessariamente – o mesmo que outro valoriza. Que os valores mudam de cliente para cliente é fácil de compreender e constatar, porém, também é necessário entender que os valores de um determinado cliente mudam com o tempo. As necessidades e os desejos dos clientes individuais alteram-se em decorrência de modificações em seu estágio de vida e em seus recursos. Além disso, os valores mudam em razão de expectativas que surgem em todo o mercado (Silva e Zambon, 2006, p.86). Outra referencia importante sobre os valores é o fato de que à medida que atingem níveis mais altos eles se diversificam e cada cliente, pode ter sua própria dimensão de valor para cada produto ou serviço. 5.4 A Miopia de Marketing e o Cuidado ao Ouvir as Necessidades dos Clientes Inicialmente é importante destacar que a miopia de marketing é uma das justificativas para que se instalem problemas desnecessários na estrutura organizacional. Um dos principais obstáculos para que a melhor competência seja atingida ao ouvir os clientes é acreditar que já se sabe o que fazer e como fazer. (Silva e Zambon, 2006, p.84) Muitas organizações apresentam problemas porque não conseguem enxergar corretamente o seu ambiente e o comportamento, expectativas e necessidades de seus clientes. Sendo assim, muitos riscos ao ouvir os clientes não estão ligados à sua forma de pensar e de agir, mas na forma pela qual as organizações entendem o que eles realmente querem dizer. Nesse sentido, a miopia de marketing é um tipo de ato consciente ou inconsciente de muitos profissionais que teimam em não querer enxergar o que está de certa forma, revelado aos seus olhos e ouvidos. É preciso que os clientes sejam estimulados a se pronunciar, então é necessário ouvi-los, interpretá-los, compilar suas falas e tomar medidas no sentido de cumprir suas expectativas, necessidades e desejos, superando-os. Informações adicionais Leia o capítulo 6 (Instrumentos para “ouvir” os clientes) do livro da bibliografia básica, e faça os exercícios sugeridos para maior fixação dos conceitos. Página 71 de 160 5.5 Selecionando Clientes Antes de tudo é preciso dizer que, o contexto de selecionar clientes não trata apenas de uma forma de identificação, mas sim, de uma forma de seleção, em outras palavras, avaliar ‘quais clientes interessam e quais não interessam’ para o seu negócio, obviamente, com muitas ressalvas, inclusive éticas. O cerne desta dessa aula é o entendimento de que, por mais que se diga que todos os clientes são importantes, que devem ser preservados etc., não é exatamente assim na prática. Eu costumo dizer aos meus alunos a seguinte frase: Não há pior cliente que cliente nenhum. É bastante claro o motivo dessa fala. Toda organização precisa concentrar-se em atender bem e, de certa forma, agradecer pelos clientes que têm, pois, é melhor ter todos os clientes complicados do mundo do que não ter nenhum – o que significaria que o negócio não existe. Então, vamos aos fatos, pense nestas indagações: · Será que todos os clientes são interessantes? · Será que todos são lucrativos? · Será que todos são promissores? Infelizmente a resposta para tais questões é: Não. A verdade é que nem todos os clientes interessam. E por que isso? Justamente, porque, alguns clientes podem ser tão danosos para o negócio, que mantê-los poderia representar muito mais problemas do que simplesmente, deixá-los partir. A esse respeito, na entrevista Invista nas Contas Estratégicas, concedida por Ben Shapiro à Revista HSM Management (1998), aparece a seguinte introdução: Uma empresa deve saber responder a três perguntas para ter uma boa relação com seu cliente: o que está oferecendo, quão diferenciado é isso em relação à concorrência e, também, quanto ganha. Se ela descobrir, no último item, que seu ganho mais parece prejuízo, precisa acionar o alarme. Essa não é uma conta estratégica, ou seja, não tem o potencial de longo prazo. Deve ser reformulada ou dispensada, por mais doloroso que seja. (1998, p.58). 5.6 A Questão dos Clientes Não Rentáveis Por mais que as organizações busquem conhecer seus clientes, para poder conquistá-los, isto não significa que os clientes devam ser mantidos a qualquer custo. Veja a seguir, alguns trechos da entrevista acima mencionada. Os mesmos podem ajudar a melhor compreender essa questão: Página 72 de 160 · Pode acontecer, por exemplo, de alguns clientes exigirem muito e seus produtos e serviços não estarem à altura. Então, você acabará sempre tendo de corrigir erros, fazer grandes esforços e até se endividar com isso. Em relacionamentos desse tipo, os clientes podem estar muito felizes, mas você não. Esses clientes não são contas estratégicas, que é como chamamos, nos EUA, as contas de clientes que mostram um potencial de trabalho de longo prazo. Digo sempre: invista nas contas estratégicas. (p.58). · Uma vez que você tenha a informação sobre a rentabilidade das contas, a primeira providência é dividir em dois grupos os problemas detectados: o dos problemas de caráter interno – os custos da empresa são altos demais para o que os clientes querem – e o dos pedidos com características não rentáveis. Então você age de acordo com o grupo de problemas em que ele se enquadra. Há um modo de lidar com os problemas internos, do primeiro grupo, e outros dois modos para os problemas externos, do segundo grupo. ### _ Modo um: resolva seu problema interno para manter o cliente de forma rentável. Suponhamos que você tem um grupo de contas que exige entrega mais rápida dos produtos, pouco compatível com sua produção em massa. Você pode instalar uma fábrica menor para atender o que algumas empresas chamam de ‘pequenos pedidos’ – pedidos em que há pressa e fazem você voar dentro da fábrica. Você torna muito rentável o que era um negócio não rentável por causa das modificações internas. ### _ Modo dois: descubra as características não rentáveis dos pedidos dos clientes e aponte-as diretamente para o cliente. Diga: ‘veja bem, isso não faz sentido. É muito caro para mim e provavelmente para você.’ Por exemplo, um cliente costuma fazer vários pequenos pedidos depois os altera. Isso cria um enorme problema para você porque há um custo para colocar todos esses pequenos pedidos no sistema – eles interrompem o fluxo de pedidos maiores. E as alterações posteriores são particularmente inconvenientes, porque não é possível planejá-las. O cliente está mexendo na estrutura de custos de sua empresa. Ele pode ouvir o que você tem para dizer, reconhecer e procurar uma solução junto com você. (p.59). · Você pode aumentar o preço, chamar o cliente e abrir o jogo: ‘não posso mais fazer isso pelo que estou cobrando hoje; quero ser um bom fornecedor para você, mas também preciso que seja um bom cliente para mim. Portanto terei que cobrar mais por esses produtos ou esses serviços para que sejam rentáveis. (...) Se não for possível resolver o problema de modo algum, seja interno ou externo, então o cliente é irrecuperável e você simplesmente deve ser afastar dele.(...) Portanto, você tem três modos de agir e um deles, o último, é deixar o cliente ir embora. Você pode fazer isso aumentando o preço continuamente ou simplesmente dizendo ‘tchau’. (p.60). · A pressão sobre preços é enorme e, na maior parte do tempo, você precisa reduzir cada vez mais o custo daquilo que faz, porque o cliente não está disposto a pagar constantemente mais. Acho que, quando pensa nisso, você deve direcionar seus negócios para serem mais e mais eficientes. Não dê aos clientes o que eles não querem, mas somente aquilo que eles realmente querem. (p.62). Página 73 de 160 Esse não é um processo fácil, selecionar clientes requer informações seguras e bem compiladas e capacidade de tomar decisões, assumindo riscos mesmo em momentos conturbados. Ou alguém acha que é fácil assumir a posição, frente ao conselho diretor da empresa, que alguns clientes não servem mais e precisam ser abandonados. Outra questão importante é, o Código de Defesa do Consumidor deixa claro quais as condutas de uma organização frente a seus clientes, portanto, mesmo não tendo uma norma sobre como abandonar cliente, quando é necessário abandoná-los, isso não pode ser feito de qualquer maneira e, em hipótese algum, o cliente pode ser exposto negativamente ao meio. 5.7 Como Selecionar Clientes Primeiramente, é preciso ter bom senso. Não basta imaginar que os clientes não servem mais e pronto, é necessário ter certeza, ou seja, estar respaldado por estatísticas históricas que mostram a evolução do cliente. Além disso, é importante ter em mente que a informação histórica em caso de clientes novos tende a não ser muito segura, pois, pode não haver tempo suficiente para a construção de um histórico seguro, ou o cliente pode ter mudado, por exemplo, seu padrão de consumo, talvez, justamente o que o levou para o seu negócio. A questão de como selecionar clientes nos leva a uma reflexão sobre o fato de o homem ter sempre dois motivos para tudo que faz: uma boa razão e uma razão verdadeira. No que diz respeito à “boa razão”, pode-se afirmar que a lucratividade está totalmente voltada para esse cenário. E, quando se faz referência a “razão verdadeira”, significa que não se deve modificar as estruturas de atendimento, produção e logística, enfim, todos os processos organizacionais, para atender um outro tipo de cliente apenas (Silva e Zambon, 2006, p.97). Selecionar clientes, portanto, é uma questão de estratégia, a organização precisa conhecer muito bem os clientes que tem para saber quando e porque não são lucrativos ou vice-versa, com isso, pode tomar a decisão de mantê-los ou não. A seleção de clientes é uma medida estratégica porque considera a viabilidade de curto, médio e longo prazos de cada cliente, além disso, precisa considerar o tipo de clientes que os concorrentes possuem para então identificar se é vantajoso ou não empenhar esforços e recursos para atraí-los. Você deve se lembrar de que a questão não é abandonar clientes indiscriminadamente, pelo contrário, se isso realmente precisa ser feito, que seja com o máximo de conhecimento sobre as partes e fatores envolvidos, evitando assim que o cliente se sinta discriminado e ataque à empresa na saída. Todo e qualquer negócio deve ser voltado ao cliente e, principalmente, ser focado nele e nas suas necessidades e desejos, passando, portanto, para o sentido de “foco do cliente” é uma verdade que sempre será defendida e estará entranhada nas organizações, do mesmo modo, que todos concordam que o lucro está diretamente ligado à Página 74 de 160 qualidade dos que se faz e para quem se faz, em outras palavras, bons clientes tendem a ser sempre bons clientes se bem atendidos. - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as questões propostas a seguir: 1 - Como você entende e explicaria o processo de seleção de clientes? 2 - Qual a importância da seleção de clientes? (Por que selecionar clientes?). 3 - Segundo os autores Zambon e Lemes de Luccas (Selecionando Clientes que Interessam. _In.: Gestão do Relacionamento com o Cliente, 2006, cap.07), o que você faria para selecionar clientes que interessam e que não mais interessam para a organização? 4 - Disserte sobre a seguinte questão. “Como uma organização pode definir que um cliente não é rentável?” 5 - O que você faria para selecionar quais os clientes que não mais interessam para uma loja de departamentos; para uma concessionária de veículos e para uma rede de fast-food? 6 - Quais são os possíveis riscos em caso de não se ouvir os clientes adequadamente? 7 - Discuta a frase: “Nem todos os clientes sabem o que querem, mas todos declaram querer algo.” 8 - Como (e por que) a miopia de marketing pode atrapalhar muitas organizações? 9 – Discuta qual a relação entre a miopia de marketing e os riscos ao ouvir os clientes? - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Informações adicionais Leia o capítulo 8 (Selecionando clientes que interessam) do livro da bibliografia básica, páginas de 91 a 104 e faça os exercícios para maior fixação dos conceitos. 5.8Exemplo de Exercício Resolvido Questão: Sobre a discussão de haver ou não riscos inerentes ao processo de ouvir os clientes, assinale a única alternativaincorreta. a. Não existe nenhum tipo de risco em ouvir os clientes. Página 75 de 160 b. É necessária muita atenção para ouvir o que os clientes têm a dizer, pois, fazendo isso é sempre possível atendê-los melhor e, consequentemente, lucrar mais. c. A falta de atenção ao que os clientes pensam e tem a dizer pode, literalmente, levar uma divisão, produto ou negócio ao declínio. d. Os clientes podem não saber exatamente o que dizer, mas mesmo assim devem ser ouvidos. e. Existe risco os clientes. Resposta: Letra “A”. Comentário: Naturalmente, é incorreto afirmar que ‘não existe nenhum ripo de risco em ouvir os clientes’, pois, como já é de seu conhecimento, muitos podem ser os riscos nesse processo, especialmente, a incapacidade ou incompetência em compreender e registrar o que o cliente tem a dizer (miopia de marketing). Em caso de dúvida sobre esta questão, recorra ao item “Riscos ao ouvir os clientes” em seu livro texto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA Básica: SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Complementar: ALBRECHT, K. A única coisa que importa: trazendo o poder do cliente para dentro da sua empresa. São Paulo: Pioneira, 1997. HAMIL, G.; PRAHALAD, C.K. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1995. SHAPIRO, Ben. – Invista nas contas estratégicas. Entrevista publicada na Revista HSM Management n.7, ano 2, março-abril de 1998. SHETH, Jagdish N.; MITTAL, Banwari; NEWMAN, Bruce I.Comportamento do cliente. São Paulo: Atlas, 2001. SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. Página 76 de 160 Página 77 de 160 Unidade III MÓDULO 6 CANAIS DE ACESSO OFERECIDOS AOS CLIENTES 6. CANAIS DE ACESSO DOS CLIENTES ÀS ORGANIZAÇÕES Objetivo Ao final desta aula, você deverá ser capaz de identificar e avaliar alguns dos canais de acesso dos clientes às organizações, especialmente no tocante a eficiência de tais meios.Além disso, compreenderá a importância da padronização do atendimento prestado aos clientes através dos canais de acesso. 6.1 Canais de Acesso dos Clientes às Organizações Os canais de acesso dos clientes às organizações são os meios através dosquais as organizações recebem os mais diversos tipos de contatos de seus clientes. Seja qual for a forma desejada de contato dos clientes a empresa é ela que deve estar apta a atender a tal expectativa atendendo ao cliente. Por exemplo, as organizações que buscam submeter suas práticas de gestão a avaliação do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), tem que responder, entre outras coisas, a seguinte questão: “Como são selecionados e disponibilizados canais de relacionamento para os clientes? Apresentar os canais de relacionamento utilizados pela organização.” (FPNQ, 2004: p.30). Esta exigência, contida numa sistemática de avaliação organizacional tão completa e tão rigorosa com é a avaliação do PNQ, certamente serve para indicar que empresas que buscam a excelência do desempenho devem ter, dentre suas práticas de gestão, práticas que permitam que os clientes se relacionem com a organização, sendo que, para isso, um requisito fundamental é que sejam disponibilizados canais de acesso. Os canais de acesso devem oferecer a possibilidade de receber retorno de todas as pessoas que de alguma forma são impactadas pelos resultados da organização. Uma estrutura eficiente de atendimento ao cliente deve incluir um conjunto de fatores ligados a: infra-estrutura (vias pelas quais circulam as interações do cliente com a empresa) erecursos humanos (todas as pessoas envolvidas em cada uma das etapas do processo de interação). Alguns dos elementos que compõem a infra-estrutura: canais (por onde ingressa, transita e retorna a comunicação com o cliente), formulários e padrões de atendimento (ferramentas por meio das quais são estruturadas, registradas e organizadas as interações com o cliente) e equipamentos e softwares (onde são armazenadas, processadas e consolidadas as interações). (Velardez, 2006, p.106). Página 78 de 160 6.2 Casos de Canais de Acesso No Quadro a seguir estão reproduzidos alguns casos interessantes sobre canais de acesso que as empresas oferecem a céus clientes, são eles: [1] - o Hospital Taquaral, [2] - a Politeno (ganhadora do PNQ 2002), [3] - a Bahia Sul (ganhadora do PNQ 2001), e [4] - o 7º Ofício (casos para estudo), Vejamos: Quadro – Caso de canais de acesso [1] - Hospital Taquaral [2] - Politeno [3] - Bahia Sul (*) [4] - 7.o ofício SAC – Serviço Apoio ao Cliente Telefone (0800 e ramal) Carta Fax Contato pessoal Site na Internet 0800-Disque Ambulância Entrevista de saída Contato do Comitê Executivo com os clientes Centrais de Atendimento ao Cliente (telefone) Programa Fat Line e Fast Line Export (contato eletrônico com senha) Sistema de telefonia via satélite e 0800 (conferência telefônica ou videoconferência) Sistema de telefonia celular Correio eletrônico através da home page Visitas a clientes pela força de vendas; Telefones fixos e celulares Linha 0800 Home page / Internet Correio eletrônico Visitas dos clientes Feiras e Congressos SAC-Serviços de Atendimento ao Cliente Internet Caixas de Sugestão Telefone Pesquisas periódicas Fonte: Elaborado pelo autor com base no conteúdo publicado pela FNQ sobre as empresas. 6.3 Sobre os Serviços de Telefonia Nos canais de acesso acima mencionados, há um destaque para o uso do telefone. A esse respeito sugiro que você seja consulte o site <www.embratel.com.br> e verificado o que vem a ser cada um dos produtos abaixo: § 0300; http://www.embratel.com.br/ Página 79 de 160 § 0800 (verificar quais as semelhanças e diferenças com o 0300); § Call Center 21; § Cesta Vox; § DigiDial; § FreePhone; § Vip-et; § Vip-Phone. No referido site aparece a descrição, os benefícios, a aplicação e casos de sucesso relacionados a cada um dos produtos mencionados. 6.3.1 A respeito do atendimento telefônico Ainda a respeito do uso de telefones, vale reproduzir um trecho do livro Marketing de Relacionamento no Varejo (1999), que aparece no capítulo Como preparar o pessoal de atendimento, de autoria de Maria Aparecida Fonseca, Diretora de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Cia. Brasileira de Distribuição. ATENDIMENTO TELEFÔNICO Acabamos de explicitar quão delicado é o atendimento. Se o atendimento feito pessoalmente, in loco, é delicado, imagine o atendimento telefônico. Ele é ainda mais delicado, pois nesse caso não podemos usar outros recursos de comunicação, como o contato visual, a leitura corporal, o sorriso e todas as outras expressões que, se bem utilizadas, sem dúvida, muito contribuem no atendimento. Geralmente, é muito mais difícil imprimir atenção, interesse, cortesia no contato telefônico, tanto para quem oferece o atendimento com o para quem o recebe. As pessoas também parecem sentir-se menos comprometidas quando não há o contato pessoal. Talvez, por tudo isso, o atendimento telefônico represente hoje um dos principais pontos de atrito no que se refere à formação de boa imagem e relações entre as empresas e os consumidores. Em nossa empresa, não é diferente, e, por ser assim, dedicamos atenção especial a essa habilidade de prestar atendimento via telefone, objetivando capacitar nossos funcionários para melhores níveis de desempenho. Nossa estratégia foi então desenvolver um programa de treinamento: “O primeiro alô, o cliente nunca esquece.” Nossa população-alvo, obviamente, foram às telefonistas, e embora tenhamos trabalhado sobre técnicas de atendimento telefônico, nosso grande objetivo foi sensibilizá-las quanto à importância de seu papel profissional. Assim trabalhamos conteúdos tais como: Página 80 de 160 Conscientização do papel profissional. Como receber uma ligação: - a disponibilidade de linhas - atender no primeiro toque: a prontidão; - identificar-se (seu nome e o da empresa ); - o que revela o tom de voz; - atenção exclusiva àquela ligação, sem atividades paralelas. Como realizar o atendimento telefônico: É trabalhada a importância de imprimir eficiência e cortesia por meio de: - estar bem informado e atualizado sobre o que acontece em uma loja, bem como de que maneira; - conhecer o organograma e os nomes dos responsáveis; - conceito de seção e linha de produtos; - ofertas; - campanhas promocionais; - procedimentos básicos; - tipos de pagamentos aceitos pela loja; - política de troca de mercadorias; - horário de funcionamento; - endereço e telefone de outras lojas (quando houver), dentre outros. A arte de ouvir o cliente implica as seguintes características: - com atenção; - sem interrupção; - anotando dados/recados quando necessário (não se deve confiar na memória) A comunicação clara e precisa é ágil: - a linguagem simples e objetiva; - a utilização de termos técnicos; - as informações corretas; - a ingestão de alimentos durante uma ligação - como minimizar o impacto da espera do cliente no telefone. Outros meios complementam a comunicação: - o uso do telex; - o uso do fax. Finalizando uma ligação: - como encerrar uma ligação, com cortesia e educação; - a importância do retorno, quando persistirem pendências.” (Ângelo, C.F.; Giangrande, V., 1999: p. 62 à 64). Veja que o texto acima ajuda e entender a importância o atendimento telefônico. Ele á sem dúvida uma dos principais meios de acesso dos clientes e aos clientes, é um excelente meio para o desenvolvimento e realização de negócios, desde que seja utilizado conscientemente e com responsabilidade. Página 81 de 160 6.3.2 A respeito do ombudsman e o exemplo do Pão de Açúcar Não consta do conjunto de canais de acesso dos clientes, apresentado na figura 1 acima, a figura do ombudsman, utilizado por algumas organizações, cujo papel é atender e representar o cliente junto à organização buscando solucionar quaisquer problemas que outros não puderamresolver. Independentemente do segmento que represente, é esperado que o ‘ombudsman’ conheça seus representados e saiba expor suas expectativas, para melhorar o atendimento que a empresa lhes dispensará; atenda as suas reivindicações dentro de critérios legais, de justiça e das promessas que a empresa explicitou; colha seus elogios, transmitindo-os de forma abrangente, para que sirvam de motivação e reforço às atitudes percebidas como positivas; acolha suas sugestões, passando-as às áreas competentes para estudá-las, dando retorno quanto a sua implantação ou não, sempre explicando por que não podem ser implantadas. (...) Um ‘ombudsman’ não pode confundir-se com um juiz – não sendo essa sua função -, podendo e devendo ser um facilitador ou mediador. (Ângelo, C.F.; Giangrande V., 1999: p.22) Um dos casos mais conhecidos da atuação do ombudsman no Brasil é o do Grupo Pão de Açúcar. Para o grupo, que implantou a figura do ombudsman em 1993, os objetivos dessa função são os seguintes: · Conhecer e atender adequadamente às reivindicações dos clientes no sentido de humanizar a relação entre eles e o Grupo Pão de Açúcar. · Tornar a alta administração do grupo consciente da preocupação, das necessidades e dos problemas das comunidades por ele servidas. · Conscientizar as administrações das lojas da necessidade de solução dos eventuais problemas nas próprias lojas onde são causados, promovendo, assim, uma mudança de cultura de toda a gestão. · Criar um canal direto de comunicação com o cliente, que funcionará como um catalisador de ideias para gerar ações destinadas à plena satisfação do consumidor. · Colaborar para o aumento de padrões de qualidade do atendimento, dos produtos e serviços. · Reforçar a credibilidade do Grupo Pão de Açúcar perante os clientes e o mercado. · Colaborar na preservação e disseminação dos padrões éticos do grupo. Veja a seguir a forma como o Grupo pão de Açúcar descrevia o papel do ombudsman em relação a sua estrutura organizacional: · Será independente, de forma a legitimar seu papel de defensor do cliente Pão de Açúcar. · Terá acesso ao presidente, ao vice-presidente e a toda a diretoria do Grupo Pão de Açúcar. Página 82 de 160 · Acionará os mecanismos disponíveis dentro da empresa para solucionar os problemas em sua origem, descobrir como surgiram e a razão de não terem sido resolvidos em primeira instância. · Não deixará nenhum cliente sem atendimento ou resposta. · Representará o cliente de maneira personalizada junto à alta administração da empresa para atender as suas reclamações, sugestões e dúvidas. · Funcionará como um crítico interno. · Criará um sistema de controle e acompanhamento dos problemas resolvidos e não resolvidos para avaliar a eficiência do programa. · Manterá a diretoria executiva informada de todas as queixas, soluções e dificuldades encontradas no processo. · Alimentará as áreas e divisões da empresa com informações específicas por meio de relatórios, reuniões e visitas de campo. O ombudsman do cliente no Grupo Pão de Açúcar recebeu da empresa a estrutura necessária para o funcionamento, compreendendo quatro assistentes e uma coordenadora, bem como equipamento de telefonia e informática. Coube a coordenadora (ombudsman) o desenvolvimento do software necessário. Seguindo as medidas implantadas na busca por resultados satisfatórios, a ombudsman intitulou sua área de Grupo de Representação do Cliente (GRC), para tornar muito claro ao cliente a que se propõe, em outras palavras, para que toda a estrutura chamada ombudsman (pessoas e recursos) serve. Ressaltou-se ainda que o atendimento é função de todos na empresa, mais especificamente dos integrantes das lojas. A atuação do GRC passou a atuar acolhendo os telefonemas dos clientes, anotando seu conteúdo, contatando a loja ou responsável pela solução e voltando ao cliente num espaço de tempo ideal de 48 horas. E sempre que a solução demanda-se mais tempo, o cliente seria avisado rapidamente. Após a solução do problema apontado pelo cliente, é feito contato com o cliente para medir sua satisfação e, obtida esta, o caso é encerrado. Ao final, é remetida carta do ombudsman, agradecendo a oportunidade oferecida pelo cliente para melhoria das atividades. (...) A partir de 1998, foi implantado o serviço ‘fale com a ombudsman’ no site do Grupo Pão de Açúcar, via Internet. O número de mensagens recebidas cresce rapidamente, em 1999, o número já chegava a trinta mensagens por dia, e todas são respondidas em até 24 horas. (Ângelo, C.F.; Giangrande, V., 1999: p.23 a 25) Informações adicionais Para maior aprofundamento de seus estudos, sugiro a leitura do capítulo 9 (Canais de acesso oferecidos aos clientes) do livro da bibliografia básica. Página 83 de 160 6.4 Padronização do Atendimento aos Clientes: tratamento das reclamações e das sugestões O tratamento dado às sugestões e as reclamações dos clientes pode representar o quanto a empresa está comprometida com os clientes que possui e em sua satisfação. Por isso, tendo novamente como referência os Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) outra questão que deve ser respondida por organizações que se submetem ao PNQ é a seguinte: Como as reclamações ou sugestões dos clientes, inclusive as obtidas por meio de contatos informais, são tratadas e como é assegurado que sejam pronta e eficazmente atendidas ou solucionadas?(FPNQ, 2004: p.30) Em outras palavras, é muito importante destacar como os resultados das análises dessas informações e as ações implementadas são repassadas para os demais setores da empresa e para os clientes. A qualidade da informação é igualmente importante para as pessoas envolvidas e/ou interessadas nelas, bem como a qualidade o trabalho de divulgação (fazer com que as informações cheguem aos destinatários rápida e integralmente). De nada adianta oferecer canais de acesso para que os clientes possam realizar suas sugestões e reclamações, se estes não receberem um tratamento adequado. É disso que trataremos a seguir. 6.4.1 Tratamento de reclamações Sugere-se uma acurada análise dos extratos dos Relatórios de Gestão da Politeno, Bahia Sul, Hospital Taquaral e 7.o ofício, que aparecem na próxima aula (Modulo 03 – Aula 15), pois, permitirá o conhecimento de conjunto de práticas que podem ser adotadas para o registro e tratamento de reclamações. Em síntese as práticas de tratamento de reclamações tendem a envolver: · Recebimento e registro das reclamações. Cabe às organizações definir a quem compete receber reclamações. Pode ser somente um Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) ou qualquer pessoa que faça interação com os clientes. O importante é que haja registro da reclamação em formulário próprio, onde se possa identificar o reclamante e a reclamação. Na Bahia Sul, por exemplo, utiliza-se o Relatório de Atendimento ao Cliente (RAC). Afora isso, deve existir, sempre, um ou mais órgãos responsáveis pelo recebimento e tratamento das reclamações. · Análise da procedência de cada reclamação. Nem sempre os clientes têm razão, motivo pelo qual nem todas reclamações são procedentes. Compete à organização designar pessoas competentes para saber avaliar a procedência ou não de uma reclamação. No caso de reclamações não procedentes, deve-se dar retorno ao cliente, justificando a não procedência. Página 84 de 160 · No caso de reclamações procedentes. Dever-se buscar classificá-las segundo o grau de dificuldade / gravidade dos problemas apresentados. Problemas mais simples e rotineiros devem ser, quando possível, resolvidos pelos próprios agentes do atendimento. Problemas mais complexos podem exigir a criaçãode “grupos de trabalho” para análise e solução de cada problema. Regra geral estes grupos devem seguir métodos específicos de análise e solução de problemas (como é o caso, por exemplo, do método MASP – Método de Análise e Solução de Problemas – que têm uma sequência específica e um conjunto de ferramentas adequadas para cada etapa da sequência). · Deve-se fixar um mínimo tempo ideal para a solução dos problemas. Como, exemplo: 24 horas ou 48 horas como tempo máximo de resposta. Caso alguns problemas demandem tempo superior ao mínimo desejado, o cliente deverá ser informado. · Resolvido o problema, o cliente deve ser informado. Lembre-se, por exemplo, do caso do Pão de Açúcar que trata do ombudsman, onde não só se informa o cliente das medidas relacionadas à sua reclamação, como também se avalia sua satisfação em relação às soluções adotadas. · As reclamações e as respectivas soluções devem ser registradas. Em algum banco de dados da organização as informações são constantemente analisadas por órgãos competentes (da própria organização ou externos se for necessário), de forma abrangente. O objetivo é o de tomar medidas voltadas para a redução do número de reclamações combatendo-se as causas geradoras das mesmas, geralmente com a proposta de medidas que buscam evitar sua ocorrência ou sua rápida e eficiente reparação se ocorrerem. · Informar as diferentes áreas da organização. É recomendável que as diferentes áreas da organização sejam informadas a respeito das reclamações recebidas e das providências tomadas, com o objetivo de se evitar fatos geradores de outras reclamações. Além disso, tal medida torna claro para todos os funcionários quais procedimentos foram adotados pela organização para solucionar os problemas, fato que acaba preparando os demais envolvidos a auxiliar os clientes em eventuais problemas solucionando-os rapidamente. 6.4.2 Tratamento de sugestões, dúvidas ou solicitações Procedimentos similares aos das reclamações devem ser dados às sugestões dadas pelos clientes: registro, definição de responsáveis, Página 85 de 160 definição de tempo de resposta e feedback (retorno) aos clientes, são práticas desejadas. O mesmo deve acontecer no que trata de esclarecimentos de dúvidas e solicitações (principalmente de informações). Lembre-se que o que é fundamental em qualquer atendimento a sugestões, dúvidas ou solicitações, assim como reclamações é o bom sendo. Dizer a verdade, registrar o ponto de vista do cliente, estabelecer prazos, dentre outros, não adiantarão de nada se o atendente/respondente não for preparado para lidar com o cliente. Lembre também que, em muitos momentos, os clientes encontram- se exaltados, cansados e indignados com situações cujo erro não é de sua responsabilidade, ou pelo menos, eles pensam que não é. A atenção e a cautela redobradas nesses momentos podem evitar que se perca um bom cliente e, pode até torná-lo um cliente ainda melhor para a organização. Clientes não gostam de surpresas desagradáveis, gostam sim de soluções e agilidade. Mudar as regras constantemente é, sem sobra de dúvida, uma das coisas que mais pode desagradar um bom cliente. Informações adicionais Leia o capítulo 10 do livro da bibliografia básica para mais explicações e complementações. 6.5 Estudos de Caso a. COMO A DISNEY ESCOLHE AS PESSOAS CERTAS Por: Tom Connellan (com adaptações) -Vejamos – disse Mort, revisando seu bloco de anotações. – O próximo a falar será a pessoa que tem as maiores orelhas Cada um olhou a dos outros. - Ah, sim – disse Judy. Ela vasculhou sua bolsa e pôs as grandes orelhas redondas em sua cabeça. - Você me deixou preocupado – disse Alan. – Ainda não estava pronto. Os outros riram enquanto Judy abria sua agenda. - Certo – disse. – Antes de tudo, não é segredo que, para mim, a Disneyworld é um lugar fantástico. Passei semanas entusiasmada com a perspectiva desta visita. “Mas o que nunca contei para ninguém é que um dos meus sonhos sempre foi me tornar membro do elenco (casting). Estive aqui três vezes antes, e em todas elas nutri o desejo secreto de me candidatar. “Assim, decidi fazê-lo nesta manhã. Que momento seria melhor para ver se meus sonhos poderiam se tornar realidade? Foi o que fiz.” - Bem, isso é que é mostrar entusiasmo! – exclamou Alan. - Você pediu emprego aqui? – perguntou Mort. Página 86 de 160 - Lógico! Só me senti um pouco culpada porque sabia que nunca iria trabalhar de fato aqui. Afinal, tenho um ótimo emprego e não iria pedir a minha família que deixasse suas raízes e se mudassem para cá. Mas sempre tive curiosidade de saber se iria conseguir. Sabe como é. - Sim, creio que sei – disse Mort. – E o que aconteceu? - Bem, fui até um membro do elenco e perguntei a ela onde poderia obter informações a respeito de empregos no Magic Kingdom. Ela me orientou, e quando apontou o caminho que deveria tomar, percebi que o fez com dois dedos em vez de um. Assim. – Ela ergueu o braço e mostrou como era o gesto. – Ora, vi que você fez isso outro dia, Mort, e, embora tivesse achado estranho, não pensei muito no caso até ver uma pessoa fazê-lo também. “Por isso, perguntei-lhe o motivo para os dois dedos. Ela explicou que havia duas razões. Primeiro, é mais fácil manter o braço reto com dois dedos, o que facilita a orientação. Experimentem.” Todos experimentaram apontar com um e com dois dedos e concordaram que com dois dedos era melhor. - A outra razão – disse Judy -, é que em algumas culturas não é educado apontar com um dedo, chegando mesmo a ser considerado um insulto. É apenas um pequeno detalhe, mais importante. “Bem, cheguei na Central Casting, a central de escalação do elenco. Ah! E o motivo pelo qual um funcionário é chamado de membro do elenco é porque ele não é contratado, mas entra para participar de um elenco em seu papel respectivo. Outro exemplo de como tudo mostra entusiasmo. A primeira coisa que notei foi uma maçaneta de latão na forma de uma cabeça de taturana, retirada de Alice no País das Maravilhas. Tive a mesma sensação de quando era garotinha e assisti ao desenho animado pela primeira vez.” - Lembro-me de você ter dito que tudo mostra entusiasmo, Mort. Essa maçaneta é um bom exemplo. Poucos convidados chegarão a vê-la, não é exatamente para que eles notem que a maçaneta está naquele lugar. É para prováveis membros do elenco. Pergunto-me quantos deles já perceberam a maçaneta, lembraram do filme e sentiram a mesma onda de saudades que eu. Aposto que isso é um bom componente da magia de trabalhar aqui. “Comecei então a compreender como essas coisinhas vão se acumulando. Sabe, Mort, eu achava que compreendia o que você estava dizendo antes, mas depois que vi a maçaneta de Alice no País das Maravilhas, realmente comecei a compreender. Depois, um dos membros do elenco me disse que a maçaneta fora colocada ali para deixar os candidatos à vontade, mostrando-lhes que tudo mostra entusiasmo. Assim, acho que ela conseguiu atingir exatamente o seu intento. Comigo, funcionou mesmo! “Decidi que seria melhor tirar meu crachá para que as pessoas não ficassem perguntando porque um convidado especial estaria se candidatando a trabalhar aqui. Depois, fui em frente. Passei por um corredor e cheguei a uma sala circular repleta de estátuas de personagens Disney. Percebi que todos estavam pintados de ouro – tal como o carrossel de que você nos falou. Não saberia a diferença, e por isso presumo que se tratava de tinta de ouro 23 K. Devo dizer, Mort, que suas conversas conosco realmente me ajudaram a perceber todos esses detalhes. Se não fossem elas, provavelmente não os teria notado. Página 87 de 160 “Depois, fui até a recepcionista e disse que queria me candidatar. Não sabia o que esperar, mas já havia muitos candidatos por ali, e em pouco tempo levaram-nospara uma sala onde apresentaram um vídeo de alguns minutos. Falava tudo sobre as condições básicas de emprego e coisas assim. “Foi bem objetivo quanto aos elevados padrões que a Disney espera dos membros do elenco. A pessoa que estava nos acompanhando disse que depois de assistirmos ao vídeo provavelmente iríamos achar que ser um membro do elenco da Disneyworld era tudo o que queríamos, ou então não seria algo para nós. Disse que, se não nos sentíssemos encaixados, ninguém iria ficar ofendido se não prosseguíssemos. “Sabe o que aconteceu? Das 25 pessoas que estavam na sala, quatro se levantaram e saíram logo após o vídeo. A princípio fiquei espantada, mas depois percebi que era apenas bom senso. Este não é um lugar para todos. Você pode ser muito talentoso, pode ser um gênio, mas se você precisa se esforçar para manter um sorriso no rosto, vai acabar ficando maluco aqui. O vídeo ajudou algumas pessoas a se selecionarem antes que perdesse mais tempo, e desperdiçassem o da Disney, com entrevistas. “Fiquei, e em pouco tempo fui chamada para entrevista que durou uns 30 minutos.” Judy ficou quieta. Os outros ficaram olhando para ela. - E então? – perguntou Carmen. Judy sorriu. - Consegui. - Ofereceram-lhe emprego? – perguntou Bill. - Com certeza! - Muito bem, Judy! Mas você ia dizendo... - disse Mort. - Sim, é claro que não poderia aceitar, Mort. Contei-lhes que estava me sentindo um pouco culpada por desperdiçar o tempo deles, e por isso, assim que ofereceram emprego, disse logo que não poderia aceitar, pois estava apenas pesquisando. Mostrei-lhes a carta e o crachá. Disse onde trabalhava e o que fazia. Também disse que gostaria de conhecer melhor seus métodos de seleção e contratação. “Disse que me sentia honrada por ter recebido a proposta, especialmente depois de ter aprendido tanto nos últimos três dias sobre o significado de ser um bom membro do elenco. Eles não ficaram nem um pouco aborrecidos, e disseram que teriam prazer em permitir que eu continuasse o processo. Pareciam até contentes com meu interesse no modo como faziam as coisas. Fizeram com que me sentisse melhor”. “O passo seguinte foi uma apresentação sobre benefícios. O entrevistador estava prestes a fazer uma pausa e por isso se ofereceu pra ficar comigo, explicando o processo. Eis o que ele me contou. “No final da entrevista, pode acontecer uma dessas três coisas. Uma: você recebe uma oferta. Duas: dizem-lhe que você não é um candidato muito forte no momento e relacionam os motivos. Três: dizem-lhe que você é um candidato bem forte, mas que não há cargos em aberto no momento e que podem chamá-lo no futuro. “Os entrevistadores fazem rodízio em um período que varia de nove a doze meses, e, juntos, entrevistam 75 mil pessoas por ano. “Depois, vem treinamento. O primeiro é o Tradições, que todos nós conhecemos. Mas isso é apenas o começo. Depois dele, o treinamento que Página 88 de 160 você recebe depende da área a qual você vai, se de hotéis, parques etc. É um treinamento mais especializado. “Depois, os novos membros do elenco recebem de três a cindo dias de treinamento individual, após o que passam por uma verificação final. Nesse ponto, o treinador decide se o novo membro do elenco necessita ou não de mais treinamento antes de ir para o ‘palco’. A última coisa que querem é alguém no palco antes da hora.” - É um treinamento extenso – disse Bill, olhando para Mort. - É verdade – admitiu Mort -, mas também é crítico. Para cada cem dólares de remuneração, as empresas de nível internacional investem cinco ou seis dólares em treinamento. Segundo tenho visto, empresas que incentivam o crescimento de seus funcionários têm maiores lucros. Empresas que desestimulam seus funcionários reduzem suas chances de lucros. Assim, analise o investimento que sua empresa está fazendo nas pessoas para ver se é suficiente. - Ainda há mais – disse Judy, folheando seu bloco de anotações. – Bill, lembra-se daquela bilheteria? Você vai gostar desta. Ticket Takin and Selling (Recepção e Venda de Ingressos) é um curso de duas semanas. Duas semanas! Não era à toda que aquele membro do elenco sabia dizer: “Bem-vinda de volta, Mary.” “Agora, escutem esta! O membro do elenco com quem eu estava conversando trabalhava no Atendimento ao Convidado. O curso de Atendimento ao Convidado também leva duas semanas. Mas o melhor vem agora. Ele disse que o exame para esse curso de duas semanas leva de quatro a seis horas, e foi mais difícil do que as provas de direito constitucional que ele fez na faculdade. Difícil é isso! “Os membros mais experientes do elenco também recebem outros treinamentos. Durante a Career Enhancemente Week (Semana de Aperfeiçoamento da Carreira), você pode ter uma aula chamada Futuras Carreiras, na qual fica conhecendo novas oportunidades que estão surgindo na Disneyworld, e como se preparar para elas.” “Depois, há um curso chamado Wish upon a Star (Peça a uma Estrela), uma espécie de aula sobre motivação. Ali são oferecidas maiores informações sobre a história de Walt Disney. Sobre seus sonhos. E como seus sonhos são importantes. Mostra também como você faz a diferença. Ajuda cada membro do elenco a compreender que ele ou ela faz parte da produção do espetáculo. “Mas o programa de treinamento de que mais gostei foi o We’ve Come a Long Way, Mickey (Foi Longo o Caminho, Mickey). Foi feito para pessoas que já são membros do elenco há muito tempo e ainda não tiveram uma boa oportunidade para sair e ver como as coisas mudaram. Podem ter acrescentado dois hotéis, cinco restaurantes e três atrações desde que você fez o Tradições. Você se afasta de suas atividades e tem três dias de aula, boa parte dos quais você passa percorrendo o parque para ver o que há de novo, de diferente. É educativo, mas também é uma oportunidade de revitalização, de evitar monotonia e a falta de motivação. “Treinamento, treinamento. Estou sendo um pouco repetitiva, não? Mas o que estou querendo dizer é que tive a chance de realizar meu sonho de me tornar membro do elenco, e aprendi muito sobre a quantidade de treinamento necessária para ser um bom membro do elenco. Foi muito interessante. Página 89 de 160 “Quando cheguei aqui, simplesmente presumia que as pessoas eram contratadas e recebiam um ou dois dias de orientação, e depois eram designadas a esta ou aquela vaga disponível. Sabe como é, contrate um bom profissional e deixe-os fazer o que precisam. Mas descobri que fazer com que o convidado se divirta exige muito planejamento, treinamento e esforço. “Se tivesse de resumir isso tudo – é nós, do Sul dos Estados Unidos, não somos conhecidos por isso – diria que convidados felizes não são fruto de acasos felizes.” Frenéticos, Alan e Carmen faziam anotações, tentando acompanhar o que ela dizia. - Vou dizer o que diria à minha empresa: clientes fiéis não são fruto de acasos felizes. São fruto de planejamento detalhado, trabalho impecável de equipe e execução a toda prova. Que tal? - Ótimo, Judy – disse Mort. – Agora, poderia dizer como planeja transformar tudo em ação? - Bem, estive bastante ocupada ouvindo e aprendendo, mas, sim, pensei em algumas coisas... “Sempre analisei a parte pessoal das equações, quase nunca estudei os sistemas. Imaginava que pudéssemos motivas as pessoas a fazer qualquer coisa.Agora, porém, vejo que é preciso contar com sistemas para dar apoio às pessoas desde o princípio. “Assim, a primeira coisa que farei será redefinir o modo como contratamos nossos funcionários de atendimento ao cliente. Sempre fiz essas contratações por meio de entrevistas pessoais, cara a cara. Hoje, enquanto caminhava, percebi que nossos clientes nunca se defrontam com esses funcionários. O contato com eles dá-se por telefone. Bem, há pessoas que causam boa impressão quando são vistas, mas nem tanto quando falam ao telefone. Portanto, de hoje em diante, minha primeira entrevista comtodos eles será telefônica. Desse modo, posso ter com o candidato o mesmo tipo de contato que o cliente tem. “É claro que ainda irei entrevistá-lo cara a cara, pois há coisas que se descobrem em entrevistas pessoas que nunca serão descobertas ao telefone. Mas vou usar a entrevista telefônica como etapa inicial. “Também tentei pensar em algumas perguntas que poderia fazer para ter uma idéia melhor do modo como as pessoas realmente se comportam. Tenho feito perguntas padronizadas e recebido respostas pré-fabricadas. Eis algumas das novas perguntas que idealizei...” Judy pigarreou para limpar a garganta e leu as perguntas para o grupo. “Houve alguma ocasião em que um cliente pediu algo pouco razoável? Como você resolveu o problema? “Sei que ocasionalmente fico aborrecida quando tenho que lidar com um cliente zangado. Você já teve experiências com clientes difíceis. Como lidou com eles? “Fale-me de uma ocasião em que você fez mais do que o normal para atender um cliente. “Ao chegar aqui hoje, o que, daquilo que fazermos no atendimento ao cliente, achou realmente bem feito? Em que precisamos melhorar? “De que mais gosta no trabalho de contato com o cliente? “De que menos gosta no trabalho de contato com o cliente?” Ela olhou para seus amigos e prosseguiu. - Esta é a melhor de todas: Página 90 de 160 “De vez em quando, todos se cansam da pressão causada pelo contato com o público. O que você faz para se manter alerta, tranquilo e entusiasmado? Como lida com o estresse do contato com a clientela?” Judy cobriu o bloco de anotações com a mão disse imaginar que não havia respostas prontas para essas perguntas. As pessoas precisam me dar respostas verídicas e situações verídicas que irão enfrentar em seu trabalho. Aposto que, como essas, há centenas de boas perguntas que eu poderia fazer, mas já é um começo. - É um ótimo começo! – exclamou Carmen. – Posso tirar uma cópia dessa lista? - Claro, vou datilografá-la quando voltar para o escritório e lhe mandarei uma cópia. – Ela olhou para os outros. – Alguém mais gostaria de uma cópia? Cinco pessoas disseram que sim, inclusive, Mort e Don. - Podem deixar – disse Judy. – Por falar nisso, ainda não recebi os cartões de visita de todos. O meu está aqui. – Ela deu um cartão para cada um. “Outra coisa que vou começar a fazer é o pré-recrutamento. Tenho um amigo que sempre leva muitos cartões de visita onde quer que vá. Quando alguém lhe presta um bom serviço, seja em restaurante, um supermercado ou uma lavanderia, meu amigo dá à pessoa um cartão, diz que esta sempre procurando pessoas de valor, e avisa que, se um dia a pessoa estiver à procura de emprego, deve telefonar para ele. Ele diz que conseguiu alguns de seus melhores funcionários dessa maneira. Vou tentar fazer o mesmo.” - Assim, é isso que vou fazer, em função do que aprendi sobre o modo como a Disney contrata seu pessoal. É claro que não vou fazer exatamente o que a Disney faz, pois nossas necessidades não são as mesmas. Mas vou embutir o conceito de sistemas no modo como fazemos contratações. “E fiquei realmente impressionada com a quantidade de treinamentos dados aqui. Oferecemos alguns cursos e isso funciona, mas poderíamos fazer muito mais. Por isso, vou desenvolver algumas ideias para incrementar o treinamento. Alguns serão treinamentos normais e outros informais. “Posso, por exemplo, chamar uma equipe de oito a dez funcionários de atendimento ao cliente uma vez por semana e pedir-lhes que falem de modo c Omo lidaram com os piores telefonemas. Eles formam a linha de frente do contato diário com os clientes, sei que enfrentam situações difíceis, e sei que conseguem resolvê-las. Mas nunca repartimos esses conhecimentos, nem os incluímos em nosso modo de trabalhar. A forma como nosso melhor pessoal lida com situações difíceis nunca é passada para o papel. Vamos começar a fazer isso. “A seguir, vou começar a estudar outros sistemas. Se a Disney pode usar computadores portáteis para entrevistar as pessoas, então deve haver maneiras de se utilizar melhor a tecnologia. O pessoal que lida com sistemas de informações tem me falado muito de algo a que chamam de middleware. Nunca me esforcei para compreender isso. Mas hei de fazê- lo.” - Middleware é...- começou Alan, mas Judy sequer reduziu a sua velocidade. - Também vou enfatizar bastante aquela lição sobre concorrentes. Como todos sabem, as empresas concessionárias estão tendo dores de cabeça com tantas privatizações e com as novas formas de concorrência. Ficamos Página 91 de 160 falando sobre a importância do serviço ao cliente porque é a única coisa que realmente nos diferencia de outras empresas fora de nosso setor. Tenho de transmitir essa mensagem a todos. Ela esperou para ver a reação do grupo, mas todos ficaram em silêncio. - Bem, creio que era isso – riu. – Ah! Quase me esqueci. Decidi que vou registrar a ideia do Premio Radar O’Reilly. b. A LEALDADE COMO FILOSOFIA Por: Frederick F. Reichheld Nesta entrevista, o “guru” Frederick F. Reichheld explica a estratégia defendida por ele em seu último livro,Princípios da Lealdade, e mostra quais regras seguir para implementá-la. Sinopse · Para Frederick Reichheld, a lealdade é o combustível que impulsiona o sucesso financeiro, especialmente em períodos de incertezas – econômicas e de outros tipos. O especialista em fidelização acredita que a única maneira de uma empresa desenvolver uma base de clientes fiéis é construir relacionamentos a partir de em sólidos compromissos com os funcionários responsáveis pelo atendimento a esses clientes. Isso é o que fazem as companhias que Reichheld chama de “líderes em lealdade”. · Essas empresas são as que superam o desempenho de seus concorrentes no mercado acionário durante os anos 90 – como a locadora de automóveis norte-americana Enterprise Rent-a-Car e a administradora de fundos de investimentos Vanguard, entre outras citadas. Uma pesquisa da firma de consultoria Bain & Company foi a primeira a revelar que um mero aumento de 5% em retenção de clientes é responsável por um crescimento de 30% a 40% na rentabilidade vitalícia gerada por um cliente em setores como os de software e de construção civil e de até 90% nos serviços financeiros e publicidade. · Nesta entrevista, o especialista afirma que a lealdade serve de marco para estabelecer as metas de um negócio e a forma correta de medi-las. Ele sugere quais são as principais regras em que os executivos devem se concentrar inicialmente ao implementar uma estratégia da lealdade – que não é igual a programa de fidelização, como enfatiza Reichheld – e destaca o passo fundamental, que ele chama de “acid teste”,ou “prova de fogo” numa tradução livre do inglês. A entrevista é de William Finnie e Robert M. Randall, editores da revista Strategy & Leadership. Página 92 de 160 Como os executivos encaram sua abordagem da lealdade? Eles a consideram uma estratégia de marketing, uma estratégia para lidar com as pessoas ou uma estratégia corporativa? As três. Trata-se, na verdade, de uma filosofia da liderança que tem implicações sobre como as empresas lidam com seus funcionários, como administram seu marketing e como tratam seus clientes. Fundamentalmente, Princípios da Lealdade (Loyalty Rules!, em inglês) é um livro sobre liderança. A lealdade é a melhor forma de saber se um líder está alcançando resultados financeiros por meio do sucesso de funcionários e clientes ou à custa deles. Como a lealdade se encaixa na discussão sobre estratégia que vem sendo desenvolvida desde o primeiro livro do especialista em estratégia Michael Porter em 1980? Pode-se dizer que é uma estratégia genérica? Acho que, mais do que estratégia, a lealdade é uma estrutura para a empresa pensar sobre seus objetivos e como mensurá-los. Certamente, é necessário ter estratégiase táticas para alcançar as metas. O pressuposto básico da estrutura da lealdade é a ideia de que a tarefa de uma empresa é atender aos interesses do consumidor final por meio da construção de uma rede de relacionamentos mutuamente benéficos. Como na teoria capitalista há uma predominância de medições contábeis, muitas pessoas se esquecem dos relacionamentos e partem do pressuposto de que a tarefa da empresa é maximizar os lucros. Essa é uma via de mão única. Quando presume que sua principal tarefa é obter vantagens em cima de clientes e funcionários vulneráveis, apertar desnecessariamente os fornecedores, construir sua força no mercado e utilizar esse poder para se aproveitar de outras partes do sistema, a empresa está trilhando um caminho que será rentável, mas por pouco tempo. Os elementos comuns das estratégias da lealdade de que o sr. Trata em Princípios da Lealdade estão resumidos em “Os oito elementos de uma estratégia da lealdade” (Veja o quadro). Há elementos que se concentram nos clientes e outros concentrados nos funcionários. O que deve vir primeiro, funcionários ou clientes, ou tudo deve ocorrer simultaneamente? Os oito elementos de uma estratégia da lealdade, segundo Reichheld 1. Desenvolva uma proposta de valor superior para o cliente. Forneça uma proposta de valor que ofereça aos clientes- chave um valor efetivamente superior quando comparada às ofertas dos concorrentes. 2. Identifique os clientes certos. Saiba quem são os clientes-alvo e desenvolva sistemas para uma aquisição seletiva. A conquista dos clientes certos geralmente depende mais do magnetismo da proposta de valor e das indicações que ela gera do que de habilidades excepcionais de venda. 3. Conquiste a lealdade dos clientes. Trate os clientes como Página 93 de 160 ativos e faça de todo o possível para retê-los e aumentar seu valor vitalício. Prepare políticas de preço, linhas de produto, incentivos aos funcionários e níveis de serviços que reforcem a lealdade dos clientes. 4. Identifique os funcionários certos. Seja tão seletivo ao escolher funcionários quanto ao escolher clientes. Busque pessoas de caráter, que compartilhem os valores da empresa e tenham o talento e as habilidades para alcançar uma produtividade superior. 5. Conquiste a lealdade dos funcionários. Invista pesadamente no desenvolvimento e treinamento de funcionários e construa progressões de carreira e estruturas organizacionais que lhes possibilite a aproveitar ao máximo sua formação e suas habilidades. 6. Ganhe vantagem de custos por meio da produtividade superior. A produtividade superior permite aos funcionários receber salários acima da média e às empresas manter custos mais baixos como porcentagem da receita. 7. Identifique os investidores certos. Em geral, significa estruturas de capital não-tradicionais, como propriedade mútua ou privada. Para as empresas de capital aberto, os investidores certos são aqueles predispostos a manter relacionamentos de longo prazo e que acreditam que só prosperam quando clientes e funcionários também prosperam. 8. Conquiste a lealdade dos investidores. Os membros do alto escalão só prosperam quando os demais integrantes da empresa prosperam. Os investidores precisam ter um retorno justo de suas aplicações antes do pagamento de qualquer gratificação aos dirigentes. Os executivos conquistam a lealdade dos investidores tratando o dinheiro deles da mesma maneira com que tratam o seu. Há dois pontos de vista. Alguns acreditam que não podemos dizer que um grupo de partes interessadas é mais ou menos importante que qualquer outro grupo. Se quiser obter a lealdade, a empresa precisa manter relacionamentos mutuamente benéficos. E não é possível existir clientes leais sem funcionários leais. No entanto, na prática, embora os benefícios financeiros obtidos com a lealdade dos clientes sejam mais óbvios, os líderes precisam, primeiro, garantir a lealdade de seus funcionários. É por meio deles que se consegue mudar a experiência dos clientes. Descobrimos que metade de todo os funcionários da linha de frente das empresas norte-americanas não acredita que a organização mereça sua lealdade, e são essas pessoas que lidam diariamente com os clientes. Nenhum investimento em tecnologia, nenhum truque de marketing e nenhum sistema de milhagem podem superar a barreira de ter metade de seus funcionários achando que não pode confiar na empresa, que ela não fala a verdade e que não recompensa o comportamento leal. O que o sr. chama de lealdade não é o que os profissionais de marketing denominam programas de fidelização, certo? Estes são, na verdade, programas de incentivo? Página 94 de 160 Sim, alguns deles são ótimos programas de incentivo. Minha intenção não é depreciá-los. Alguns programas de milhagem são brilhantes, apropriados e recompensam a lealdade. No entanto, muitos deles são triviais e simplesmente não recompensa a lealdade. Não passam de truques para obter o máximo valor da base de clientes. Acredito que, em geral, o marketing da lealdade aviltou o termo. Lealdade significa trabalhar com uma empresa no longo prazo porque clientes, funcionários e acionistas têm orgulho de estar associados a ela. E, quando ela não oferece o melhor valor, as pessoas acreditam que, se fornecerem o feedback apropriado, a organização resolverá o problema, uma vez que está comprometida com a manutenção de um relacionamento de longo prazo. Como os relacionamentos leais se traduzem em redução de custos? Comparemos o custo de atender um cliente antigo e conquistar um cliente novo. Em uma ampla faixa de empresas, os clientes geram lucros crescentes cada ano que compram de uma empresa. Por quê? Os clientes que retornam tendem a comprar mais de uma companhia ao longo tempo. Com isso, os custos operacionais para atendê-los se tornam menores e, o mais importante, eles recomendam a empresa a outras pessoas. Muitas vezes, eles estão dispostos a pagar um preço mais alto para continuar a comprar dela em vez de mudar para um concorrente com o qual não estão familiarizados ou não se sentem à vontade. Obviamente, nem todo cliente é rentável. A teoria da atratividade econômica dita que as organizações segmentem os clientes para identificar os grupos que apresentam esse potencial e direcionem seus investimentos à construção de relacionamentos. O sr. pode dar exemplos? Vejamos o caso da Vanguard, empresa líder em custos do setor de fundos de investimentos nos Estados Unidos. Quando Jack Brennan foi eleito seu presidente em 1996, os custos do principal produto da Vanguard, o S&P 500 Index Fund, representavam apenas 0,20% de seus ativos. Em 1999, esse percentual baixou para 0,18% - uma melhoria de 10%. Um dos motivos foi que Brennan, como seu antecessor; Jonh Bogle, está comprometido com a retenção de clientes. A paixão de Brennan é selecionar os tipos certos de clientes desde o início, aqueles com alto potencial para relacionamentos de longo prazo. Por exemplo: há alguns anos, a Vanguard recusou um novo investimento institucional que queria investir US$ 40 milhões em um fundo porque suspeitava que o investimento seria de curtíssimo prazo, o que geraria custos extras para toda a base de clientes. Os “líderes em lealdade” também reduzem seus custos construindo relacionamentos de confiança com os funcionários. É o caso da Chick-fil-A, cadeia de restaurantes fasto-foods que dominou com tanta eficácia os aspectos econômicos da lealdade de funcionários que até pode permitir que seus franqueados sejam remunerados pelo dobro ou triplo da media do setor; ao mesmo tempo que geram recursos suficientes para fazer a rede crescer e contribuir com 10% dos lucros para obras de caridade. Clientes, funcionários, fornecedores, distribuidores, parceiros nos canais de distribuição, enfim, praticamente todas as partes interessadas leais de uma empresa são batalhadorasem potencial pela redução de custos. Página 95 de 160 Quando a empresa facilita a operação de um fornecedor sendo flexível quanto a datas de entrega, por exemplo, é bastante provável que ele retribua a gentileza e seja mais flexível na hora de atender a uma necessidade especial dela. E, com o tempo e maior confiança, também é quase certo que esse fornecedor se mantenha leal à empresa, mesmo que um concorrente lhe ofereça um contrato de curto prazo mais atraente. Assim, as duas partes reduzem seus custos e, se a companhia estiver atenta, poderá maximizar a eficiência de suas transações ao mesmo tempo em que amadurece o relacionamento. O sr. acredita que o conceito “as pessoas em primeiro lugar” se torne um paradigma? As “pessoas” vêm antes da estratégia? Sim, e não apenas as pessoas do alto escalão. Se a empresa não contrata funcionários para a linha de frente com os valores e as prioridades adequados, não há como fazer com que eles tratem os clientes corretamente, mesmo dispondo do melhor programa de incentivos do mundo. É preciso contratar o tipo certo de profissional talentoso; caso contrário, o produto não terá qualidade. Além do mais, as estratégias não podem permanecer estáticas na maioria dos setores de atividade, já que hoje a turbulência tornou-se a norma. São as pessoas que precisam modificar e adequar as estratégias à medida que o ambiente em que atuam se transforma. A estratégia é inútil sem pessoas de alta qualidade. Os seis princípios da lealdade, segundo Reichheld 1. Jogue para que todos ganhem. Lucrar à custa dos parceiros é o atalho para um beco sem saída. O foco incansável no valor para o cliente cria as condições para a confiança. Não desperdice recursos em negócios e clientes nos quais você não pode ser o melhor. 2. Seja seletivo. Participar é um privilégio. Transforme o recrutamento em prioridade. Seja seletivo sobre quem não sai do lugar e quem é promovido. Seja igualmente seletivo ao escolher seus clientes. Identifique a fonte de clientes leais. Reformule seu marketing e crie programas que gerem clientes leais. 3. Não complique. A complexidade é inimiga da rapidez e da resposta rápida. Mantenha seus registros estáveis e simples. Organize sua empresa em equipes pequenas para maximizar a responsabilidade, a flexibilidade e a prestação de contas. Enxugue a matriz e continue “alérgico” à hierarquia. 4. Recompense os resultados certos. Parceiros valiosos merecem metas valiosas. Mensure a retenção dos clientes e funcionários certos. alinhe os incentivos recompensando a criação de valor, não a conquista de valor. Faça as pessoas aspirar ao melhor possível eliminando os tetos dos incentivos. Recompense os clientes leais. 5. Ouça com atenção, fale sem rodeios. Os relacionamentos de longo prazo exigem franqueza, comunicação de mão dupla e aprendizado. Mantenha seus parceiros a par de tudo que estiver acontecendo. Utilize menos e melhores pesquisas e conecte-as às ações. 6. Pregue o que você pratica. As ações falam mais alto do que palavras, mas, juntas, elas são imbatíveis. Coloque seus princípios no papel e dissemine-os com paixão. Página 96 de 160 Quais são os princípios da lealdade em que os executivos devem concentrar-se inicialmente para, então, implementar uma estratégia da lealdade? Meu conselho aos líderes é, antes de qualquer coisa, fazer o que eu chamo de “acid test” [prova de fogo]. É preciso uma enorme coragem para perguntar a clientes e funcionários se eles acreditam que a empresa merece sua lealdade. No entanto, se quiserem melhorar, precisam enfrentar a verdade. Por quê? Porque, antes de saber exatamente qual a situação da companhia quanto aos relacionamentos-chaves, não há como aperfeiçoá-los. A prova de fogo esclarece quais das diversas regras os lideres estão violando mais escandalosamente, pelo menos na cabeça dos parceiros. Muitas vezes eles nem acreditam que as estejam violando. Entretanto, se um parceiro acreditar que o líder está quebrando as regras, a base da lealdade poderá ruir. Quando aos princípios da lealdade, eu diria que um dos principais é “recompensar os bons resultados”, uma regra quebrada frequentemente e com consequências dolorosas, quando se oferecem os melhores negócios aos piores clientes, aqueles que são apenas de curto prazo. Em relação aos funcionários, os líderes deixam de definir ou medir sua lealdade e, por isso, muitos acabam confundindo tempo de casa com lealdade. Funcionários leais não precisam permanecer na empresa a vida inteira, mais sim proporcionar um valor superior aos clientes enquanto lá permanecerem – e por isso devem ser recompensados. Lamentavelmente, poucas organizações mensuram efetivamente os resultados para os clientes e os vinculam à remuneração e às recompensas aos funcionários. “Não complique” é outro princípio em que os líderes devem concentrar-se inicialmente. A Bain analisou o tamanho médio das equipes nos Estados Unidos e descobriu que, no mínimo, metade das equipes que trabalham diretamente com clientes é grande demais para garantir a lealdade. Doze pessoas é o número máximo apropriado; equipes de seis a oito integrantes são ainda melhores. Os líderes em lealdade se organizam em pequenas equipes. Os segredos do aumento de lucros dos líderes em lealdade, segundo Reichheld As empresas que compreendem melhor as economias de custo e o aumento nos lucros por meio da lealdade tomam medidas deliberadas. As três medidas abaixo merecem consideração: 1. Modifique os incentivos para aquisição de clientes. Recompense as equipes de vendas e os canais de marketing pela conquista de clientes duradouros. Pense em um corte em comissões ou gratificações caso os clientes abandonem a empresa antes de 18 meses. 2. Redistribua os investimentos de marketing. Classifique sistematicamente todas as campanhas para aquisição de novos Página 97 de 160 clientes com base nos clientes leais que elas possam gerar. Redistribua os recursos para programas que atraiam o mix mais risco de clientes leais. 3. Identifique maneiras de melhorar o desempenho. Prepare os relatórios anuais sobre relacionamentos com fornecedores e intermediários (e também clientes e funcionários) com o mesmo cuidado com que prepara os relatórios anuais para os investidores. Que empresas exemplificam isso? A Southwst Airlines, por exemplo, tem um supervisor para cada dez funcionários; a United e a American, um para cada 20. Os registros contábeis fazem as equipes numerosas parecer baratas porque há um chefe caro para vários funcionários de atendimento aos clientes baratos. Entretanto, não se espera que eles criem lealdade. Eles não estão motivados. Não estão comprometidos. Não acreditam que possam dar uma contribuição valiosa. Isso leva a aumento de custos, pois uma equipe numerosa não tem flexibilidade. Em nosso mundo dinâmico e em constante mudança, o que realmente influencia os custos são a capacidade de resposta rápida e a flexibilidade, não a contabilidade estática formal. Qual sua opinião sobre a abordagem de Jack Welch de diferenciar os funcionários da General Eletric entre os 20% do escalão superior, os 70% que são o cimento que sustenta a organização e os 10% do escalão inferior e, quando um funcionário permanece entre os 10% por dois anos seguidos, é demitido? Pode ser surpreendente, mas a maioria das organizações líderes em lealdade segue esse modelo. A Northwestern Mutual, por exemplo, demite sistematicamente seus funcionários de desempenho mais baixo. A Chick-fil- A descarta 5% de seus franqueados por ano, a maioria por baixo desempenho. Quando as empresas trabalham com equipes pequenas, não cabe aos dirigentes tomar essa decisão. As pessoas de uma equipe pequena que deve gerar resultados têm pouca tolerância com quem não faz sua parte. Em seu livro, o sr. menciona os quatro requisitos necessários para alguém ser promovidona Entreprise Rent-A-Car. Pela ordem, são eles: nota em qualidade de serviço final, crescimento da filial, rentabilidade da filial e número de funcionários possíveis de serem promovidos que foram desenvolvidos pela própria filia. A Enterprise tem um dos melhores sistemas de remuneração e promoção que conheço. É um modelo que eu recomendaria a muitas empresas. Os princípios corretos são reforçados quando a organização remunera e recompensa as pessoas da maneira certa. Ela não transforma pessoas incompetentes em bons profissionais, mais boas pessoas em profissionais de alto desempenho. Por que o sr. atribui tanta importância ao uso de estratégias de marketing que atraiam “o tipo certo de cliente”? Página 98 de 160 Se você quiser matar lentamente sua empresa, atraia parceiros comerciais, clientes, funcionários, investidores ou fornecedores com baixo potencial para relacionamentos de longo prazo mutuamente benéficos. Sempre que uma empresa explora demasiadamente um relacionamento para torná-lo mais rentável e toda vez que um relacionamento se exaure prematuramente, ele rouba custos, energia, possíveis indicações de clientes e crescimento. Na verdade, ele dissipa o capital intelectual. Então, este é o segredo para as empresas: conquistar o tipo de cliente para o qual possam fornecer algo que o incentive a manter o relacionamento com lucro e atrair funcionários que possam prosperar em seu sistema. Em épocas em que a economia vai mal, qual o papel das estratégias da lealdade? Em qualquer crise ou queda na atividade econômica, as pessoas reconhecem a importância da lealdade. Acho que o 11 de setembro fez muita gente nos Estados Unidos reconhecer a importância de manter relacionamentos confiáveis e baseados no compromisso. Isso é muito mais importante do que saber se suas opções de compra de ações lhe permitirão adquirir uma casa de férias de seis ou oito quartos. Os tempos difíceis na economia levam as pessoas a perceberem que fazer as coisas básicas é a única maneira de ganhar dinheiro. Chega de estratégias simplórias para sustentar um índice de crescimento insustentável. Agora é o momento de voltar ao que importa: valor real para os clientes. Uma empresa não pode crescer sem a lealdade dos clientes. E não pode construir a lealdade dos clientes sem funcionários leais. Então, os líderes em lealdade saem fortalecidos quando se aferram a seus valores? Em que empresa você gostaria de ver seu filho trabalhar? Naquela que enfrenta os tempos difíceis como uma equipe e trata as pessoas corretamente ou naquela que os coloca em uma situação difícil e dizem “boa sorte”? Qual a melhor forma de encontrar um grupo de clientes leais com que as empresas possam conversar e aprender? Há várias formas e cada empresa tem seu estilo. Em geral, os líderes em lealdade gastam menos com pesquisas de mercado, porque seus funcionários da linha da frente fazem esse trabalho para eles. Os líderes em lealdade estabelecem canais de comunicação que permitem a esses funcionários e aos executivos entrar em contato com os clientes, comunicar-se com eles e aprender com eles. A eBay é um ótimo exemplo do que uma empresa mais moderna pode fazer. Os dirigentes não se limitam a tomar decisões na matriz. Nas grandes decisões, eles pedem comentários aos clientes e a outras partes interessadas. Depois de tomada, a decisão é comunicada: “Esta foi a decisão que tomamos, e isto foi o que ouvimos de todas as partes. Por tais motivos tomamos essa decisão, que consideramos justa e coerente com nossos princípios”. Com quais clientes leais a empresa deve conversar: os melhores clientes, aqueles com que mantém um relacionamento emocional ou os mais bem-informados? Página 99 de 160 Como a empresa precisa ter lucro, eu conversaria primeiro com os clientes que fizessem parte de meu futuro – em geral, os que estivessem comprando a maioria dos meus produtos e os mais rentáveis. Quando uma empresa deixa os clientes encantados, ganha sua confiança e eles compram apenas dela, só coisas boas podem acontecer. Qual a melhor fonte de dados sobre lealdade? Os índices de retenção e a prova de fogo fornecem informações muito importantes. A pesquisa sobre satisfação tradicional não resolve o problema. ela continua a informar que de 60% a 80% dos clientes que deixam de comprar estão “satisfeitos” ou “muito satisfeitos”. A pesquisa sobre satisfação dos clientes nas mãos do líder certo pode ser útil. Acho que, talvez, a satisfação dos clientes seja prima em segundo grau da lealdade dos clientes. A satisfação dos funcionários, por sua vez, não compartilha gene algum com a lealdade dos funcionários. Qual sua expectativa para o futuro no que diz respeito aos conceitos de lealdade? Minha esperança é que mais líderes reconheçam que não há sucesso de longo prazo sem a construção da lealdade de seus funcionários e clientes. - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as questões propostas a seguir. 1 - Quais as principais vantagens da padronização do atendimento aos clientes? 2 - Quais as principais dificuldades de realizar a padronização do atendimento de clientes. 3 - O que você entende por canais de acesso dos clientes as organizações? 4 - Qual a importância para as organizações de oferecer canais de acesso aos clientes? 5 - Explique o que é e o que faz o ombudsman. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 6.6 Exemplo de Exercício Resolvido Questão Leia os dois trechos a seguir e então responda a questão. [1] Você já sabe que, quando se trata do relacionamento com os clientes, principalmente no que diz respeito a reclamações e/ou sugestões, os canais de acesso aos clientes são algo de vital importância, da mesma forma que também são importantes às sistemáticas padronizadas para o tratamento de reclamações ou sugestões. Página 100 de 160 PORTANTO [2] Não se pode esquecer, entretanto, de que, quando os clientes entram em contato com as organizações, eles querem comunicar-se com pessoas e ser atendidos por pessoas. Também são pessoas que deverão dar encaminhamento às reclamações ou sugestões. Sobre a afirmação acima, é correto afirmar que? a. Ambas estão corretas e a segunda complementa e justifica a primeira. b. A primeira frase está correta é a segunda está incorreta. c. A primeira frase está incorreta e a segunda está correta. d. As frases estão incorretas. e. Ambas as frases estão incorretas e se justificam corretamente, o que faz delas corretas novamente. Resposta: Letra “A”. Comentário: As afirmações estão corretas, e tal como aparece a segunda complemente e justifica a primeira. Além disso, vale dizer que as pessoas (clientes) querem ser atendidos por pessoas, ou seja, buscam e esperam personalização e agilidade na solução de seus problemas, retorno sobre suas reclamações e sugestão...Em caso de dúvida reflita sobre os requisitos exigidos das pessoas que interagem com os clientes. REFERÊNCIAS Básica: SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Complementar: FELISONI, Cláudio Ângelo e GIANGRANDE, Vera. Marketing do relacionamento no varejo. São Paulo: Atlas, 1999. Fundação Prêmio Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência – 2004. São Paulo: FPNQ, 2004. _________. Relatório de Gestão – Bahia Sul – 2001. São Paulo: FPNQ, 2002 Página 101 de 160 _________. Relatório de Gestão – Politeno – 2002. São Paulo: FPNQ, 2003 _________. Caso para estudo “Hospital Taquaral” 2000. São Paulo: FPNQ, 2000 _________. Caso para estudo 7.o Ofício. São Paulo: FPNQ, 2003. SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestãodo relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. Página 102 de 160 Unidade IV MÓDULO 7 REQUISITOS EXIGIDOS DOS QUE INTERAGEM COM OS CLIENTES Objetivo Ao final desta aula você será capaz de compreender os requisitos das pessoas que interagem com os clientes. Deverá saber ainda sobre os fatores que causam a satisfação e a insatisfação dos clientes e conhecer algumas formas de como avaliar a satisfação/insatisfação dos clientes. 7. Requisitos Exigidos das Pessoas que Interagem com os Clientes Você já sabe que, quando se trata da questão do relacionamento com os clientes, principalmente no que diz respeito a reclamações e/ou sugestões, sabe-se que a existência de canais de acesso para os clientes é algo de vital importância, da mesma forma que também é bastante importante à existência de sistemáticas padronizadas para tratamento de tais reclamações ou sugestões. O que não se pode esquecer, entretanto, é que quando os clientes entram em contato com as organizações eles querem se comunicar com pessoas e ser atendidos por pessoas. Também são pessoas que deverão dar encaminhamento às reclamações ou sugestões. A questão que fica é: que tipos de pessoas as organizações devem ter, para atender adequadamente os clientes? Qual o preparo que elas devem ter? É para responder tais questões, dentre outras, propõe-se o conteúdos a seguir. 7.1 Perfil dos Atendentes No caso do Hospital Taquaral aparece o Serviço de Apoio ao Cliente – SAC que é responsável por atender reclamações, solicitações e sugestões. Quadro: Hospital Taquaral: Padrões de atendimento Serviço de Apoio ao Cliente · Tempo de atualização de informações no sistema: diariamente (ou sempre que necessário). · Facilidade de acesso: 7 dias x 24 horas. · Tempo de resposta a sugestões e reclamações: máximo de 16 horas. · Perfil dos atendentes: autossuficiência técnica, habilidade de comunicação, e cortesia e empatia; capacidade de gerenciar crises e autonomia para resolver problemas. Página 103 de 160 Os padrões acima tratam da atualização das informações que devem ser acessadas pelos atendentes, mostram quando o cliente poderá recorrer ao SAC, definem um tempo de resposta para reclamações e sugestões e definem o perfil dos atendentes, que é o que nos interessa nesse momento. De acordo com esse perfil, os atendentes devem ter: · Autossuficiência técnica. · Habilidade de comunicação · Cortesia e empatia. · Capacidade de gerenciar crises. · Autonomia para resolver problemas. Com certeza, esse não é um perfil fácil de ser preenchido, motivo pelo qual não é de se esperar que num SAC como esse trabalhem pessoas inexperientes e em início de carreira. a. Autossuficiência técnica Significa que o atendente deve ter conhecimentos técnicos suficientes, a respeito do funcionamento do hospital para, em primeiro lugar, poder entender a manifestação do cliente (solicitação, sugestão ou reclamação) e, depois, tomar as decisões necessárias tanto para resolver a situação como para providenciar o devido encaminhamento, quando for o caso. Essa regra válida para um hospital, também deve ser válida para quaisquer outros negócios. Para alguém entender, solucionar ou encaminhar uma solicitação, reclamação ou sugestão de um cliente, é necessário que o atendente conheça a empresa, aquilo que ela faz e aquilo que fazem suas várias áreas/setores. Ele precisará saber entender aquilo que lhe está sendo comunicado e saber a quem compete dar o passo seguinte, inclusive ele. b. Habilidade de comunicação Saber ouvir e ser claro o suficiente para se fazer entendido é uma outra habilidade essencial de um atendente. c. Cortesia e empatia Entende-se empatia como a capacidade de uma pessoa colocar-se no lugar de outra, sentir como a outra. Ocorrerá empatia no relacionamento com um cliente quando este sentir que quem o está ouvindo o está entendendo perfeitamente bem, simplesmente porque está sabendo colocar-se como se estivesse no lugar dele (o cliente). Cortesia, por sua vez, significa delicadeza, amabilidade e urbanidade. d. Capacidade de gerenciar crises Tratar com pessoas não é algo simples e fácil. Nem todos aqueles que reclamam, tratam os atendentes com cortesia. O que pode ocorrer, isto Página 104 de 160 sim, é a existência de pessoas exaltadas, malcriadas e, muitas vezes, até agressivas. Ter o equilíbrio emocional suficiente para não se deixar envolver pela situação é o que se exige de atendentes. É aqui que, mais do que nunca, se aplica aquele princípio evangélico que diz que quando lhe baterem numa face, você deve dar a outra ao agressor. A este respeito o que se tem percebido é que muitas organizações têm cuidado para que seus colaboradores que se relacionam com os clientes tenham intervalos para descanso, de tempos em tempos, para poder recompor suas energias e seu equilíbrio pessoal. e. Autonomia para resolver problemas A questão de se atribuir autonomia às pessoas da organização não é uma coisa muito simples. Regra geral, para que se possa dar autonomia a alguém, é necessário que: · Quem recebe a delegação de autoridade tenha autossuficiência técnica (conforme tratado acima). · Quem recebe a delegação tenha acesso às informações necessárias para entender/avaliar as manifestações dos clientes, resolver aquilo que poderá ser resolvido no seu âmbito de atuação e encaminhar para quem de direito aquilo que deverá ser encaminhado. · Haja aceitação de erros, visto que quem decide está sujeito a erros. (Só não erra quem não faz). - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as questões propostas a seguir. 1 - Qual a importância de se identificar os requisitos das pessoas que devem interagir com os clientes. 2 - Comente os principais requisitos exigidos das pessoas que interagem com cliente nos seguintes casos: a. Em empresas prestadoras de serviço. b. Em supermercados. c. Em lojas de eletrodomésticos. d. Em concessionárias de automóveis. 3 - Explique porque a ‘autonomia para resolver problemas’ é tão importante para as empresas no tocante ao relacionamento com seus clientes. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 7.2 Avaliação da Satisfação dos Clientes Página 105 de 160 Satisfação dos Clientes = f (desempenho versus expectativas) A respeito da questão relacionada à satisfação do cliente, Kotler (2000), ressalto que a satisfação do comprador após a realização da compra depende do desempenho da oferta em relação às suas expectativas. Nesse sentido, portanto, a satisfação consiste na sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação do desempenho (ou resultado) percebido de um produto em relação às expectativas do comprador, Fica claro por essa definição que a satisfação é função de desempenho e expectativas percebidas. Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se o desempenho alcançar as expectativas, o cliente ficará satisfeito. Se o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito e encantado. (grifo nosso). Como os [clientes] formam suas expectativas? Com base em experiências anteriores em compras, conselhos de amigos e colegas e informações e promessas de profissionais de marketing e concorrentes. Se os profissionais de marketing estabelecem expectativas muito altas, o comprador provavelmente ficará desapontado. Por exemplo, a Holiday Inn realizou campanha há alguns anos denominada ‘Sem surpresas’. Entretanto, os hóspedesdos hotéis continuaram a encontrar uma infinidade de problemas, e a Holiday Inn teve de cancelar a campanha. Por outro lado, se a empresa estabelecer expectativas muito baixas, não atrairá compradores suficientes (embora satisfação àqueles que efetivamente comprarem)” (Kotler, 2000: p.58). Confirmando o que está afirmado no último parágrafo acima, Sheth, Mittal e Newman (2001, p. 514) afirmam o seguinte: Se as comunicações e outros elementos do composto de marketing (por exemplo, propagandas, vendedores, preço, aparência da loja e assim por diante) prometem demais, podem criar expectativas que o produto ou serviço quase com certeza não consegue satisfazer, correndo o risco de causar insatisfação do cliente. Sem dúvida, se as expectativas são muito baixas, a venda pode nem acontecer. A estratégia correta deve ser, portanto, criar expectativas realistas e não prometer demais, e conceber o produto ou serviço de modo que expectativas realistas impliquem um nível de desempenho que mercado-alvo julga atraente o bastante para selecionar a marca. 7.2.1 Instrumentos para avaliação da satisfação dos clientes Certamente são muitos os meios que se tem para acompanhar e medir a satisfação dos clientes. Dentre os meios possíveis, Philip Kotler, (2000:p.60) sugere os seguintes: Página 106 de 160 Quadro: Ferramentas para acompanhamento e medição da satisfação dos clientes. Ferramentas Detalhamento Sistemas de reclamações e sugestões Uma organização centrada no cliente facilita o recebimento de sugestões e reclamações. Muitos restaurantes e hotéis oferecem formulários para que seus clientes relacionem os itens de que gostaram e de que não gostaram. Algumas empresas centradas no cliente criaram sistemas de ligações gratuitas. Há ainda empresas que estão aderindo a páginas Web e e-mail, para facilitar a recepção e resposta das comunicações. Esses fluxos de informação oferecem muitas boas ideias às empresas e permitem que elas ajam com rapidez para solucionar problemas Pesquisas de satisfação de clientes Estudos mostram que, embora os clientes fiquem insatisfeitos com uma a cada quatro compras, menos de 5% dos clientes insatisfeitos reclamam. A maioria dos clientes simplesmente passa a comprar menos ou muda de fornecedor. Os níveis de reclamação, portanto, não são uma boa medida da satisfação dos clientes. Empresas proativas medem a satisfação dos clientes diretamente, realizando pesquisas periódicas. Elas enviam questionários ou telefonam para uma amostragem aleatória de clientes recentes. Também solicitam as opiniões de seus compradores quanto ao desempenho de seus concorrentes. Ao coletar os dados de satisfação dos clientes, é útil medir também o nível da intenção de recompra, que normalmente será alto se houver alto nível de satisfação do cliente. Recomenda- se ainda avaliar a probabilidade de esse novo cliente recomendar a empresa e a marca para outras pessoas, assim como sua disposição para isso. Um alto índice positivo de propaganda boca a boca indica que a empresa está produzindo alto nível de satisfação de clientes. Compras simuladas As empresas podem contratar pessoas para se passar por compradores potenciais, a fim de relatar pontos fortes e fracos vivenciados na compra de produtos da empresa e dos concorrentes. Esses compradores misteriosos podem até testar se a equipe de vendas da empresa está preparada para lidar adequadamente com diversas situações. Assim, um comprador misterioso pode reclamar da comida de um restaurante para testar como o Página 107 de 160 restaurante lido com esse tipo de reclamação. Análise de clientes perdidos As empresas devem contar clientes que deixaram de comprar ou que tenham mudado para outro fornecedor a fim de verificar por que isso aconteceu. Quando a IBM perde um cliente, ela empreende um esforço minucioso para descobrir onde errou. É importante não apenas conduzir entrevistas de saída quando clientes param de comprar, como também acompanhar o índice de perda de clientes. Se este estiver crescendo, é um claro indício de que a empresa não está conseguindo deixar seus clientes satisfeitos. A respeito do conteúdo das pesquisas, uma sugestão que se faz é que se busque identificar, inicialmente, o conjunto de atributos valorizados pelos clientes e a importância relativa de tais atributos. Feito isso o passo seguinte será o de se identificar, através de pesquisa, o grau de atendimento de tais atributos. (Witheley, 1996: cap.6). 7.2.2 Evidências da avaliação da satisfação dos clientes Com o intuito de demonstrar que avaliar satisfação e insatisfação dos clientes é uma prática adotada pelas organizações, principalmente aquelas que têm com valor o foco nos clientes. Reproduzimos abaixo parte dos Relatórios de Gestão de empresas premiadas pelo Prêmio Nacional da Qualidade, que tratam do assunto: O acompanhamento de transações recentes com novos clientes e com produtos já entregues é f eito principalmente através da Pesquisa de Satisfação do Cliente. (...) A Pesquisa de Satisfação avalia itens como a relação com os gerentes de projeto, facilidade em realização de modificações nos projetos, facilidade em agendar reuniões em obra, eficácia na realização de modificações em obra, limpeza do canteiro de obras, qualidade dos serviços prestados (mão de obra civil em pontos específicos e gerais, mão de obra elétrica e mão de obra hidro sanitárias) etc. (...)Como última questão da Pesquisa de Satisfação Pós-Ocupação, há uma pergunta se o cliente construiria novamente com o EEJJ e se indicaria a empresa a um amigo ou conhecido. “Através desse método avalia-se a fidelização dos clientes à organização” (Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum, ganhador do PNQ 2003). A avaliação da satisfação, insatisfação e fidelidade dos clientes e não clientes da Politeno é realizada através de pesquisa. Nos anos de 1995 e 1996, a Politeno realizou, via mala direta, pesquisas próprias junto aos seus clientes. A partir de 1997, utilizando-se do aprendizado das edições anteriores, contratou a empresa InterScience para a realização de pesquisas independentes, tendo sido feitas nos anos de 1997, 1999 e 2001.” (Politeno, ganhadora do PNQ 2002). Página 108 de 160 A instituição realiza sistematicamente a avaliação da satisfação, da insatisfação e da fidelidade dos clientes, através de pesquisas, com todos os segmentos, através de formulários padronizados. (...) Através da análise dos resultados das pesquisas consegue-se identificar os motivos de insatisfação dos clientes, agir corretiva e preventivamente nas suas causas e, assim, melhorar a satisfação dos mesmos. “Os diferentes tipos de pesquisa para cada segmento da clientela tem tratamento diferenciado.” (Santa Casa – Complexo Hospitalar – Porto Alegre, ganhadora do PNQ 2002). 7.3 Um Exemplo de Questionário de Avaliação da Satisfação e/ou Insatisfação dos clientes Quando Sheth, Mittal e Newman (2001), tratam do assunto relacionado às pesquisas sobre o comportamento do cliente, eles abordam dois tipos de pesquisas: (a) as pesquisas qualitativas e (b) as pesquisas quantitativas. A respeito das pesquisas qualitativas eles dizem que “uma característica básica da pesquisa qualitativa é que os métodos qualitativos não solicitam que o cliente limite suas respostas a categorias pré-atribuídas. As respostas são verbais e não numéricas, e pede-se que o entrevistado as faça com as suas próprias palavras. Um aluno que responde a uma questão do tipo verdadeiro/falso ou de múltipla escolha está fornecendo uma resposta quantitativa. Todavia de ele responde a uma pergunta dissertativa, está fornecendo uma resposta qualitativa.”(p.439). Por outro lado, “ na pesquisa quantitativa, as respostas do consumidor estão em uma escala numérica, como em umaescala de 0 a 10.” (p.452) O exemplo a seguir, gentilmente fornecido pela Fundação Prêmio Nacional da Qualidade, mostra como que, num só instrumento de avaliação, pode-se ter pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. A parte quantitativa refere-se àquelas questões onde o cliente (no caso o participante do Curso de Preparação da Banca Examinadora) atribui seus conceitos (++, +, -, ou --) aos itens avaliados. A parte qualitativa, por sua vez, diz respeito às questões abertas, onde os participantes são convidados a dissertar sobre pontos fortes e oportunidades de melhoria relacionadas ao curso, não abrangidos pelos itens quantitativamente avaliados. Cursos e Workshops da FPNQ - Pesquisa de Opinião Nome:_______________________________ Data: ___/___/___ (opcional) (Início do Seminário) A melhoria contínua dos eventos da FPNQ depende de sua realimentação. Conceitue cada um dos quesitos abaixo, utilizando as seguintes notações: (++) excelente; (+) bom; (-) regular; (- -) fraco Quesitos Conceito Página 109 de 160 1 - A comunicação prévia com a FPNQ (divulgação, inscrição, negociação, etc.) Comentários 2 - O programa do curso e a sua carga horária. Comentários 3 - As publicações distribuídas, tanto sob o aspecto de conteúdo didático como de apresentação. Avalie cada um deles: - Instruções para Candidatura (IC) - Critérios de Excelência(CE) / Primeiros Passos para a Excelência (PP) - Apostila do seminário (xerox) - Relatório de Premiada - Classe Mundial - - Comentários 4 - Os recursos audiovisuais (vídeos, slides, etc.) tanto sob o aspecto de conteúdo como de apresentação. Comentários 5 - A metodologia de ensino (exposições teóricas, trabalhos práticos, trabalho em grupo etc.) Comentários 6 - As instalações utilizadas (conforto, iluminação, espaço físico, segurança, banheiros, facilidade de acesso, apoio logístico às necessidades dos participantes etc.). Comentários Continua no verso O(s) Instrutor(es) do seminário: (conceitue cada um) Nome do Instrutor A Nome do instrutor B Página 110 de 160 7 - Conhecimento sobre o assunto. 8 - Didática (facilidade de comunicação e esclarecimento de dúvidas). 9 – Administração de conflitos 10 – Atitude, postura e relacionamento interpessoal 11 – Organização 12 – Autoconfiança 13 – Condução do curso (cumprimento do programa dentro do prazo) Comentários (++ ou +) PONTOS FORTES (- - ou - ) OPORTUNIDADES PARA MELHORIA FPNQ 57/03 - Rev.1, Mar.04. 7.4 O e-relacionamento Cuidar do relacionamento com os clientes não é uma necessidade recente, porém, são novos alguns meios para que isso possa ser adequadamente realizado. Com o desenvolvimento de novas tecnologias e a profusão destas em diversos setores da economia, o que se vê hoje, é uma alteração marcante no modo pelo qual as organizações, de todos os setores e tipo, interagem com seus clientes, seja vendendo-lhes algo, seja pela forma de informar do lançamento de novos produtos ou serviços, pela Página 111 de 160 forma como as dúvidas são sanadas, as modalidades de pagamento, as possibilidades de entrega, dentre outras. Com o crescimento dos meios e métodos de comunicação com o público-alvo, cresceram as preocupações com o desenvolvimento das estratégias mercadológicas e com a formatação da comunicação desejada. A partir de tal realidade é possível constatar todo um movimento articulado que objetiva reorganizar os recursos das organizações em função de seu perfil (missão e visão) em função do perfil dos clientes que atende, considerando que os clientes possuem necessidades e desejos e que estes muitas vezes, não podem ser matematicamente explicados, o que faz do planejamento estratégico de marketing peça fundamental ao buscar compreender quais são as variáveis (momentos-verdade e atributos) valorizadas pelos clientes e porque. O momento para as organizações é crucial, não apenas porque precisam aprender a lidar com novas ferramentas tecnológicas e mercadológicas, mas porque, se não o fizerem rapidamente, podem perder significativa participação de mercado para a concorrência. Com isso, é importante destacar que, quanto mais sensível a organização e seus dirigentes forem para a compreensão e uso de novas ferramentas, em especial quando se busca saber se os clientes são concordantes com o que se propõe e de que formar isso deve ser feito, maiores serão as chances de se obter sucesso nesse momento da economia mundial em que conhecimento, recursos e disposição de ‘fazer acontecer’ são primordiais. A gestão do relacionamento com o cliente vem se tornando cada vez mais importante para as organizações no que diz respeito à manutenção da estratégia competitiva e da identidade do negócio frente ao mercado. Partindo da necessidade de se gerenciar o relacionamento com os clientes se propõem compreender o e-relacionamento, ou seja, o relacionamento por meio eletrônico, já que este está presente no cotidiano das grandes organizações, na maioria das médias e é cada vez mais comum nas pequenas. Deste contexto nascem algumas indagações: · O que é a gestão do relacionamento com o cliente (e-relacionamento)? · Quais são as novas regras da economia que norteiam o relacionamento entre organizações e clientes e, portanto, que servem como pano-de-fundo para o e-relacionamento? · Quais os novos perigos da era do relacionamento? · Os clientes e as organizações conseguem falar a mesma língua? · O que é permissão (marketing de permissão) no que se refere a gestão do relacionamento com cliente? Muitas outras indagações poderiam ser feitas, mas é necessário que se concentre naquelas que são consideradas genericamente relevantes. 7.5 Entendendo a Gestão do (e-)relacionamento com o Cliente A gestão do relacionamento com os clientes pode ser entendia como o gerenciamento dos meios utilizados para se estabelecer e mensurar os contatos com os clientes, sendo considerado que cada contato pode ter como origem o cliente ou a própria organização. Página 112 de 160 O relacionamento com o cliente se tornou mais notável nas organizações com o desenvolvimento do CRM que entende as interações entre demanda e oferta (cliente e organizações) e as ferramentas tecnológicas necessárias para ter melhor proveito de tais interações, regido pelos princípios e prática da administração. De certo modo é como se o CRM fosse um tipo de ERP (Enterprise Resource Planning – Planejamento de Recursos Empresariais) só que voltado exclusivamente ao cliente. Aliás, em soluções ERP completas, no CRM normalmente está presente. O CRM não é um conceito, bem como não é um projeto, na verdade é uma estratégia de negócios que visa entender, antecipar e administrar as necessidades dos clientes atuais e potenciais de uma organização. É uma jornada de estratégias, processos, mudanças organizacionais e técnicas pelas quais a empresa deseja administrar melhor seu próprio empreendimento acerca do comportamento dos clientes. Acarreta em adquirir e distribuir conhecimento sobre os clientes e usar essas informações por meio de vários pontos de contato para equilibrar rendimentos e lucros com o máximo de satisfação dos clientes. (Brown, 2001: XXIII) Ainda segundo Brown, CRM é um processo de aquisição e retenção de clientes lucrativos (Ibid: 8). Esta definição é especialmente importante, porque reluzna vida das organizações de uma maneira profissional, causando a reflexão de que, não é apenas necessário atender aos clientes, mas é necessário fazer isso de maneira sustentável, ou seja, a relação de ganho deve ser proporcional aos clientes e as organizações, pois, elas também precisam ter suas necessidades atendidas para poder continuar operando. É importante destacar também que a implementação do CRM pode trazer diversas vantagens de marketing para a organização e, tais vantagens, podem ser consideradas no e-relacionamento. Veja algumas delas são: · reduzir custos com propaganda; · diminuir os riscos de comunicações (propagandas) generalizadas, e que podem confundir ou irritar o público-alvo; · melhorar a abordagem de clientes específicos por se concentrar em suas necessidades e na capacidade de atendê-las; · aumentar a capacidade de mensurar o resultado de determinada campanha; · dar suporte a organização para competir por clientes através dos serviços e diferenciais agregados que fornece, não apenas por preço; · acelerar o processo de desenvolvimento e comercialização de produtos; · utilizar mais eficientemente o Data Base Marketing (banco de dados de marketing) que armazena, processa e distribuí informações relevantes para qualquer áreas organizacional solicitantes; · dimensionar melhor o investimento, o que significa, redução de gastos com clientes de baixo valor, e incremento de maiores gastos com clientes mais lucrativos; · realizar a customização de massa; dentre outros. (Inspirado de Brown, 2001:9). Página 113 de 160 Porém, para que qualquer benefício possa ser abstraído da administração do relacionamento com o cliente, seja no e-relacionamento ou no relacionamento tradicional é necessário haver planejamento adequado do uso das informações e recursos disponíveis, e isso, corresponder a saber se o cliente é concordante com certas atitudes da organização ou não. Portanto, entra em cena a necessidade da permissão do cliente, que é, um levantamento através do Marketing de Permissão, para descobrir se o cliente concorda com, por exemplo, ser fonte de informações direta para a empresa, se aceita receber material publicitário, se autoriza à divulgação de seus dados etc. Logo, não basta apenas apoiar-se nos benefícios teóricos que o CRM ou e-CRM (eletronic-CRM) podem trazer, para que se tornem práticas, é fundamental que as organizações hajam com responsabilidade e coerência, desde o momento em que solicitam informações aos clientes (ou simplesmente as capturam) até o momento em que fazem uso dela. As regras do jogo estão, cada vez mais, privilegiando os consumidores (já não era sem tempo!), portanto, respeite-os e as novas regras para que tenha maiores chances de sucesso no século XXI. 7.6 As Novas Regras da Economia que Norteiam o Relacionamento entre Organizações e Clientes Dentre as novas regras da economia que podem ser destacadas como pano-de-fundo para a maximização do valor do relacionamento entre organizações e clientes e, portanto, do e-relacionamento, pode-se destacar: (1) a perda de importância da matéria, (2) a “aceleração” do tempo, (3) a necessidade de se importar com as pessoas, (4) entender que os clientes também são recursos, portanto, também podem ser transformados em agentes de venda, mesmo que de maneira indireta, (5) a participação de mercado deve ser a maior possível, é o que se busca, pois, quanto maior, possivelmente, maior será o valor agregado, (6) a informação é a principal forma de valor para gerar valor, portanto, quanto maior sua quantidade e qualidade, maior o valor do negócio e das atividades pratica, e na era do relacionamento, a informação trás o redimensionamento do papel dos intermediários no e-business / e- commerce com a morte e a revitalização no ambiente Internet (7) a customização deve ser utilizada como diferencial estratégico para agregar valor e reter clientes, (8) a acessibilidade deve ser desenvolvida e aproveitada a partir da ótica do cliente, especialmente na concepção de utilização adequada de espaço e tempo, o que pode gerar percepção de competência além de satisfação, e (9) o repensar de quem são os compradores e os vendedores – o duplo papel dos clientes. Discutindo novos e principais propulsores da economia: a. A matéria perde sua importância Página 114 de 160 O tamanho das organizações deixa de ser justificativa irrefutável de poder e autonomia, bem como, se uma organização fabrica produtos que são maiores e mais pesados que outros, isto não quer, necessariamente dizer que tais produtos tenham maior valor que outros menores e mais leves. Por peso, por exemplo, os automóveis têm menos valor agregado que os computadores e esse menos valor que os softwares de computador. Um outro exemplo que pode ajudar a entender a perda de valor da matéria é a Internet, nela o valor está na informação, nos serviços, no conhecimento e no entretenimento, em contrapartida, o valor dos materiais utilizados na construção (montagem) dos computadores – metal, plástico, dentre outros, diminuem em custos periodicamente. Neste caso, há uma valorização crescente das informações disponíveis na rede mundial de computadores ao mesmo tempo em que há um barateamento do custo de seu armazenamento de tais informações (Fiore, 2001: 26). b. Ocorre a “aceleração” do tempo e o colapso Em função do ritmo do dia a dia, as pessoas passam a sentir haver menos tempo disponível para realizar as tarefas do cotidiano, especialmente aquelas ligadas ao relacionamento, entretenimento, lazer e trabalho. O total de horas despendidas em frente aos computadores, seja para fins pessoais ou profissionais vem crescente. Muitos motivos servem de justificativa para tal realidade, em que, o tempo parece mais curto: · quantidade de informações disponíveis; · qualidade das informações disponíveis; · fontes de informações de inseguras a muito seguras; · entretenimento visual e sonoro; · busca por prazer; · possibilidade de desenvolver relacionamento à distância; · dentre outros, inclusive de ordem biológica (como ritmo cardíaco, mas não vem a caso). Em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, é possível ter acesso a conteúdos específicos de própria autoria ou de outros. É possível escolher o que comprar e efetivar a comprar, e possível solicitar informações, fazer certos tipos de ensaios, etc. Os clientes podem estar em qualquer lugar do mundo, podem entrar em contato a qualquer instante, podem mudar de opinião, além de poder comparar produtos e preços com maior facilidade. O fato é simples, embora para as organizações a Tecnologia da Informação (TI) proporcione melhores meios e chances de estabelecer relacionamento com os clientes, ela não é partidária de uma única organização, ela é sim, possível e – até certo ponto – acessível por todas as organizações. Esta realidade remete a um maior potencial de contato com os clientes e stakeholders, porém, faz o mesmo com os concorrentes, uma vez que eles também podem ampliar sua capacidade de relacionamento com seus clientes. Um das preocupações com essa noção simbólica de aceleração do tempo é que, por basear-se em tecnologia e no cruzamento e comunicação entre diversas modalidades tecnológicas, ocorre também o risco de colapso, seja decorrentes de uma situação natural como sobrecarga de sistema ou coisa parecida (o que é menos provável) ou pior, um colapso provocado. Página 115 de 160 Veja que, na concepção do colapso, o que ocorreria é a “parada” do tempo, como se toda a aceleração alcançada fosse bruscamente paralisada em função da capacidade de continuidade provocado por forças como, falta de energia nos sistemas (fonte ou usuário), falta de capacidade de estabelecer coneção ou o rompimento dela,travamento de máquinas (hardwares) ou sistemas (softwares), ataque de hacker etc. A “aceleração” do tempo é uma dimensão simbólica que as sociedades criam, de certa forma naturalmente, em função do incremento de novas tecnologias. Mas serve também para fazer lembrar a reflexão de diz que “o criador torna-se escravo de sua criação”. Ou seja, tudo o que é criado para melhorar, facilitar a vida de alguma maneira, pode ser representativo de um quase insuportável nível de desconforto e estresse caso não funcione como outrora planejado. Uma das principais decorrências desta realidade é que os consumidores podem comunicar-se rápida e eficientemente, o que amplia exponencialmente a capacidade de divulgação de informações boas e ruins, como por exemplo, casos que passaram com determinada empresa, sendo bem ou mal atendidos, tendo recebido uma adequada ou inadequada solução para sua reivindicação. Logo, a capacidade de publicidade dos clientes está maximizada, considerando-se que tal publicidade pode ser negativa, é melhor que as organizações tornem-se mais atentas aos relacionamentos que estabelecem. Por fim, o colapso do tempo fere-se a todas as mudanças, no modo pelo qual as organizações relacionam-se com seus clientes. A interatividade instantânea está acelerando a mudança, e as organizações que conseguirem se adaptar rapidamente as mudanças em seu espaço de mercado serão as que terão maiores chances de sucesso. Tempo é dinheiro, e se as empresas puderem economizar tempo, especialmente o tempo de seus clientes e consumidores, isso certamente será revertido em maior quantidade de dinheiro disponível em seu caixa. (Fiore, 2001: 28). c. Importe-se com as pessoas Na nova economia, a economia na qual a gestão do relacionamento ganha ainda mais importância estratégica, o capital intelectual é mais valioso do que o dinheiro. Para se ter sucesso, é necessário desenvolver a capacidade de cultivar pelo menos dois tipos de fontes de capital intelectual fundamentais: os funcionários e os clientes. (Fiore, 2001: 29) Uma frase interessante que pode ser colocada neste momento é: “Não há pior cliente que cliente nenhum.” Imagem organização que acaba de nascer, bem estrutura, desburocratizada, de posse dos mais novos computadores e impressoras, softwares etc., agora imagine tudo isso é uma falta de capacidade (ignorância) para utilizar tais recursos para o bem comum, lembrando que o bem comum de uma organização começa pelos clientes. Isso quer dizer que, mesmo quando se possui apenas clientes problemáticos eles ainda são melhores que a sua ausência, e mais, quando uma organização possui apenas problemas no que tange o relacionamento com os clientes, o certo é que é ela e os clientes a fonte de problemas. d. Clientes também são recursos: transforme-os em vendedores Página 116 de 160 A ideia aqui não é a de usar os clientes como recursos estratégicos exploráveis unicamente, mas sim, entender que se forem bem atendidos e surpreendidos, os clientes poderão tornar-se fonte segura e alternativa de comunicação positiva da organização. Quando melhor for a imagem da organização na mente do cliente, melhor será a relação desse com a organização e, melhores serão as argumentações com base positiva em defesa da mesma. Surpreenda seus clientes, valoriza o ciclo de serviços de cada clientes, na pior das hipóteses, o cliente apenas estará indiferentes, e pelo menos não será um emissor de publicidade negativa. e. Quanto maior a participação de mercado, possivelmente, maior será o valor Pouco antes da Internet se tornar notável no que tange oportunidade de negócio, Frank Fiore especialista e consultor em e-commerce e autor de livros sobre o assunto, esteve em um jantar com um investidor capitalista com foco em capital de risco. Naquele momento Fiore aproveitou para indagar ao investidor se sua empresa estava investindo em empresas de Internet, já que aquela era para ela uma grande oportunidade (tendência). A resposta foi um taxativo não, pois, segundo o investidor, não era possível saber como ganhar dinheiro com tal tipo de investimento. Os capitalistas de risco estavam acostumadas a ver planos (propostas) que pediam dinheiro para primeiro desenvolver um produto, e então testá-lo, comercializando-o em seguida, e vendendo-o para ter um retorno sobre o investimento realizado. Agora veja as empresas “ponto- com” – precisam de recursos financeiros para desenvolver um produto ou serviço, testá-lo, comercializá-lo, e então, entregá-lo gratuitamente. (Fiore, 2001: 32) Na Internet a chave para o sucesso é a participação de mercado e as relações advindas de tal participação. f. Quanto maior a quantidade e a qualidade das informações disponíveis, maior o valor: o nascimento do infomediário Uma interessante constatação com o advento da Internet é a relação de valor que se tem com a informação. Mesmo sendo cada vez mais numerosa e disponível, ainda assim, quanto mais precisa for a informação disponível e corretamente relacionada aos fatos do cotidiano, maior será a chance desta ter seu valor aumentado em função de sua ação sobre os meios e fins a que se aplica, por exemplo, ao produtos e serviços, ou ao planejamento estratégico de marketing das organizações. Um fator que chama a atenção nesta relação entre valor e informação é o que vem ocorrendo com os intermediários. A rede mundial de computadores é capaz de facilitar o contato entre quem produz e quem consome, o que acaba pondo fim em muitas estruturas intermediárias. Enquanto a rede extingue uma série de intermediários, ela também cria a oportunidades de surgimento de outros (um tipo de ciclo natural do sistema capitalista). Nasce o “infomediário”, um tipo de intermediário que substitui os tradicionais intermediários como agentes de viagem, corretores de ações, dentre outros. Página 117 de 160 O que justifica o surgimento desta nova modalidade de intermediário (infomediário) é a necessidade de eficiência e acesso a conteúdos cada vez mais numerosos e dispersos, com isso, mais difíceis de manejar. A quantidade de informação disponível tornou-se tamanha que, especialistas na identificação e utilização de partes específicas dela passaram a ser fundamentais. Noutras palavras, é preciso ser capaz de cruzar dados e/ou informações dispersos para gerar mais informações e ser capaz de, a partir do que se apurou, gerar informações relevantes e conhecimento. Quanto maior a quantidade e a qualidade das informações disponíveis, maior seu valor de uso, ou seja, o valor de certas atividades aumenta genericamente, tornando-as mais notórias à medida que um maior número de pessoas passa a utilizá-la direta ou indiretamente. Logo, quanto maior o número de pessoas que utilizam serviços de comparação de preços em ambiente on-line, ou mesmo classificados de jornais, maior será o valor da prática profissional que dá suporte e torna possível aquele serviço que está sendo prestado, bem como, o valor da própria informação. g. Customização em massa e aumento de valor É mais fácil customizar a informação do que os bens materiais (Fiore, 2001: 36). A customização em massa não é algo fácil de se fazer, especialmente no mercado tradicional, por sua vez, customizar a informação chega a ser algo feito automaticamente na rede. Por exemplo, em e-business pode-se coletar informações sobre fornecedores, clientes, e demais stakeholders e, a partir disso, melhorar o relacionamento com eles através da personalização dos relacionamentos. Na velha economia vivia-se em função das empresas de produtos, sendo seu principal impulso a padronização da produção, dos produtos e dos processos de negócios. Os fabricantes buscavam beneficiar-se de economias de escala. A nova economia, por sua vez, é apoiada pelos dados e informações e, naturalmente, pelo conhecimento deles advindos. A informação tem a vantagemde ser fácil de diferenciar, customizar, personalizar e transmitir pelas redes a velocidades cada vez maiores. h. Acessibilidade: espaço e tempo Na nova economia, em especial no ambiente projetado pela Internet, ocorre uma reconfiguração da ação de consumo. Não é mais necessário haver horário específico para a compra de determinado bem ou contratação de determinado serviço porque há um horário estipulado de atendimento. É possível acessar os conteúdos disponíveis a qualquer hora do dia ou da noite, realizar suas compras e/ou contratações em geral. Nesse contexto, McKenna na obra ‘Competindo em Tempo Real’, de 1998, faz uma boa reflexão para as organizações que precisam e se dispõem competir em tempo real. Ele destaca que os clientes nunca estão totalmente satisfeitos, e por isso, é necessário sempre atentar ao que se pode fazer para atrair e manter clientes, sendo que para isso, é preciso cada vez mais conhecer bem o perfil de seus grupos (segmentos) de clientes e se possível, conhecê-los individualmente. Atualmente, todo produto está virtualmente disponível em qualquer lugar a todo o momento, pelo menos que se refere ao acesso à informação e possibilidade de aquisição. O espaço da prateleira da rede é ilimitado Página 118 de 160 (Fiore, 2001: 38). Enfim, a acessibilidade é uma tendência que veio para ficar, sua notoriedade deve aumentar muito nos próximos anos, especialmente, com o aumento do acesso móvel (sem fio). A questão tempo é vista de maneira simples, as pessoas, buscam aproveitar o máximo possível os recursos disponíveis para “economizar” tempo, pois, assim podem – pelo menos teoricamente – aproveitar melhor suas vidas. i. Compradores ou vendedores Com o advento da Internet, os compradores passam a ter mais poder de barganha, logo, possibilidade de negociação. Claro que neste campo muito amadurecimento está por vir, mas, pelo menos, é cada vez mais comum o aumento de autonomia de quem compra, seja porque compra em volumes maiores, seja porque prefere pagar a vista, seja porque há concorrentes e, portanto preços e formas de pagamento deferências frente a vasta possibilidade de realizar pesquisas de preço etc. Neste caso ainda, a possibilidade de acesso e comparação de conteúdos disponíveis na rede, por exemplo: preço, prazo de entrega, quantidade em estoque, informações técnicas complementares, servem como suporte a quem compra, noutros termos, quanto maior a quantidade de informações disponíveis ao comprador, maiores serão as chances dele realizar uma venda que dê a sensação de compra consciente, aumentando a chances de repetição da compra e da indicação para outras pessoas. Isso remete ao crescimento dos níveis de exigência dos compradores, porém, em contrapartida diminuem o risco de ocorrer à sensação de arrependimento pelo ato (compra) realizado (dissonância cognitiva). Glossário CRM – Customer Relationship Management – Gerenciamento do Relacionamento com o cliente. e-business – negócio por meio eletrônico. Termo que é mais frequentemente aplicado aos negócios resultantes do uso da tecnologia digital e da Internet como principal meio de comunicação e interação. e-commerce – comércio eletrônico ou comércio virtual – é um tipo de comercialização caracterizada pela troca de bits, onde as transações são feitas no Cyberspace. O relacionamento é digital e, portanto, virtual. Os produtos ou serviços se utilizam de uma mídia digital, a multimídia e os principais veículos deste comércio são: CR-ROM, quiosques, BBS e Internet. (Nota – BBS – Bulletin Board System – computadores acessados via telefone que disponibilizam informações específicas – tende a desaparecer com crescimento da Internet). e-CRM – (eletronic-Customer Relationship Management) gerenciamento do relacionamento com o cliente através de meios eletrônicos. Página 119 de 160 e-customer – consumidor-eletrônico, ou seja, o consumidor que utiliza-se dos recursos de tecnologia da informação – no comercio eletrônico – para ter acesso aos produtos que deseja. e-relacionamento – “electronic-ralationship”, ou seja, relacionamento com o cliente ou stakeholders por meio eletrônico, por exemplo, através da internet. Na verdade apresenta os mesmos princípios do relacionamento com os clientes no varejo tradicional (de loja), o que muda são os canais utilizados. ERP – Enterprise Resource Planning – Planejamento de Recursos Empresariais. Internet – uma rede de redes de computadores. A Internet evoluiu de uma ARPAnet (uma rede militar norte-americana) para uma rede de busca acadêmica e, posteriormente, para a atual rede mundial de computadores. Outros nomes que identificam a Internet são: ciberespaço e infovia. marketing de permissão – é um pratica de marketing (tipo de marketing) que procura obter a permissão das pessoas antes de fazer marketing como tradicionalmente entendido, exemplo: como marketing de produtos ou serviços, de lugar, promocional, etc. Grosso modo, é pedir permissão aos cliente para que a organização possa ter um contato regular com ele, oferecendo-lhe produtos... m-commerce – abreviação para comércio móvel, vendendo produtos e serviços em um aparelho móvel como telefone celular ou um PDA habilitado no ciberespaço. (PDA – Personal Digital Assistent – um Palm Pilot é um exemplo de PDA). Nova economia – descreve todo um conjunto de forças que aparecem na última década e que exigem novas práticas de marketing e de negócios. Lembrando que, a economia hoje é composta de elementos novos e antigos, portanto, ela é híbrida. One to one – de marketing one to one – quer dizer relacionar-se com clientes de forma individual, um por vez. Stakeholders – o termo “stakeholders” foi criado para designar todas as pessoas ou empresas que, de alguma maneira, são influenciadas pelas ações de uma organização (Goldschmidt – vide bibliografia). - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as questões propostas a seguir. 1 - O que você entende por satisfação do cliente? Discutam com colegas. Página 120 de 160 2 - Qual a importância da satisfação do cliente? 3 - O que você faria para avaliar a satisfação dos clientes da: a) TAM, Gol, Azul (Cia. aéreas)? b) Vivo, Oi, Tim (telefonia móvel)? c) Banco do Brasil, Santander, Bradesco, Itaú? d) Concessionária Ford, Chevrolet, Fiat...? 4 - Quais instrumentos você conhece para avaliar a satisfação dos clientes? 5 - Reflita em grupo, como o e-relacionamento pode mudar a realidade competitiva das organizações? 6 - Será que o e-relacionamento pode auxiliar as organizações e os clientes a “falarem a mesma língua”? Como isso pode ocorrer? 7 - Quem é o intermediário na internet? Será que é necessário? - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - REFERÊNCIAS Básica: SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Complementar: CONOLLAN, Tom. Nos bastidores da Disney. São Paulo: Futura, 1998. FIORE, Frank. E-Marketing Estratégico. São Paulo: Makron Books, 2001. 306p. FPNQ-Fundação Prêmio Nacional da Qualidade. - Caso para Estudo – Hospital Taquaral. São Paulo: FPNQ, 2000. FPNQ – Fundação Prêmio Nacional da Qualidade. Relatório de Gestão: Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum. São Paulo: FPNQ, 2004 _________. Relatório de Gestão: Santa Casa - complexo hospitalar de Porto Alegre. São Paulo: FPNQ, 2002 _________. Relatório de Gestão: Politeno. São Paulo: FPNQ, 2002. BROWN, Stanley A. CRM – Customer Relationship Management: uma ferramenta estratégica para o mundo e-Business. São Paulo: Makron Books, 2001. 331p. Página 121 de 160GOLDSCHMIDT, Andréa. http://integracao.fgvsp.br/ano6/04/financiadores.htm. Acessado em 10/08/2005. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. 10 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. ______________. Marketing para o Século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 2000. ______________. 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SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. ZAMBON, Marcelo Socorro; BENEVIDES, Gustavo. Compra por impulso e dissonância cognitiva no varejo. _In. Gestão de Marketing no Varejo. São Paulo: OLM, 2003. WHITELEY, Richard C. A empresa totalmente voltada para o cliente. Rio de Janeiro: Campus, 1996. http://integracao.fgvsp.br/ano6/04/financiadores.htm.%20Acessado%20em%2010/08/2005. http://integracao.fgvsp.br/ano6/04/financiadores.htm.%20Acessado%20em%2010/08/2005. http://www.prenhall.com/kotler_br Página 122 de 160 Unidade IV MÓDULO 8 A COMPRA RACIONAL, POR IMPULSO E A DISSONÂNCIA COGNITIVA. Objetivos Ao final desta aula você deverá ser capaz de compreender o sentido e a importância de se conhecer o processo de compra racional, de compra por impulso, e de dissonância cognitiva. 8.1 Cliente e Organizações As relações entre clientes e organizações são palco para muitas discussões, dentre elas estão os motivos que levam os indivíduos a praticarem a compra e as formas que o fazem. Pelo menos duas condições são fundamentais para se compreender o processo de compra de um cliente: · a primeira é que ele ao praticar qualquer aquisição o faz de maneira racional, portanto, programada e geralmente baseada em necessidades claramente definidas e, · a segunda é a compra impulsiva que normalmente ocorre no próprio estabelecimento comercial ou quando se depara com determinada informação (propaganda), o que se caracteriza pela pouca ou nenhuma programação prévia (necessidades previamente racionalizada), ocorrem uma pulsão (desejo) que acaba transmutado em compra. Outro momento importante decorrente da compra por impulso é a dissonância cognitiva, cuja importância para os Administradores e Profissionais de Marketing está ligada ao conhecimento das sensações e relações de mundo que o cliente tem ou desenvolve após o ato de compra. Quando no pós-compra carrega consigo sensações de satisfação, logo, cujas expectativas presentes no ato da compra foram satisfeitas não há a dissonância cognitiva, mas ao contrário, depois do ato de compra o cliente se vê com pensamentos negativos sobre a compra que realizou, levando-o a uma sensação de arrependimento sobre o ato praticado está em ocorrência a dissonância cognitiva. Este é um momento que, nenhum profissional de vendas gostaria de estar por perto do cliente, pois, certamente ouviria muitas lamúrias. Então, o que é a dissonância cognitiva e, porque é importante que sua ocorrência seja minimizada? 8.2 Conceito de Dissonância Cognitiva Página 123 de 160 O termo ‘dissonância cognitiva’ é proveniente dos estudos e posicionamentos de Festinger (1957), com a obra A Theory of Cognitive Dissonance, e, desde então, muitas discussões sobre o assunto tomaram corpo. No campo da Administração, a pauta ficou enquadrada em Marketing por seu empenho em relacionar as atividades organizacionais às atividades individuais dos clientes e consumidores, bem como pela aproximação do marketing com os discursos sociológico, psicológico e antropológico, além do filosófico. Tudo num conjunto de variáveis que contemplam vantagens para as duas partes (clientes e organizações) e que, para serem atingidas é necessário que haja interação entre as partes. Segundo Festinger (1957) a dissonância cognitiva refere-se exatamente ao processo final cognitivo e emocional de verificação da diferença entre o que se esperada e o que ocorreu. Porém, para Giglio, Festinger apresentou o conceito de maneira ampla, incluindo toda e qualquer discordância entre as ações (o corpo em ação), a ideia (o mundo de ideias) e a ética do sujeito (código de ética de relações) (Giglio, 2002:161). A existência da dissonância cognitiva após o consumo cria um ambiente psíquico (uma predisposição) para o surgimento de julgamentos negativos em relação ao produto ou serviço, o que interfere naquela etapa imediatamente anterior à compra (Giglio, 2002:162), tal interferência pode ser entendida como risco porque, pode evitar que o cliente repita a compra do produto consumido, ou ainda, o que é pior, pode fazer com que ele não compre mais o produto em determinado estabelecimento – comprando em um concorrente. Portanto, A dissonância ocorre quando o consumidor faz uma comparação dos resultados da compra com o pós-compra, e as expectativas que originaram a mesma, e chega a uma constatação diferente e inferior à expectativa previamente estabelecida, ou seja, ele vê o seu julgamento primário, reduto de uma expectativa de como o produto deveria servir, transformar-se em uma negação daquele que fora adquirido, baseado em uma depreciação clara e consciente do que se adquiriu versus o que se esperava (Zambon e Benevides, 2003, p. 84). Além disso, a dissonância cognitiva pode ainda acontecer por meio de um sentimento de arrependimento comparativo, quando o consumidor percebe que, se não tivesse comprado alguma coisa, por mais útil que ela seja, poderia adquirir uma outra que talvez fosse mais importante ou interessante, ou então teria, por exemplo, dinheiro para aplicar em poupança ou num investimento imobiliário, fazer uma viagem internacional etc. 8.3 Três Abordagens de Compra Impulsiva A compra por impulso expressa os elementos manifestos ou latentes de desejo dos consumidores sobre os quais os profissionais de Página 124 de 160 marketing empenham seus esforços para desenvolver ações mercadológicas que maximizem o desejo de consumir e, portanto, o ato de comprar. Por sua vez, a dissonância cognitiva é o oposto daquilo que os profissionais de marketing desejam, ou seja, todos os esforços possíveis são empenhados para que a mesma não aconteça, pois, ela é um elemento/manifestação psicológico que prejudica a recompra do produto ao gerar na mente do consumidor a nefasta sensação de que fez um mau negócio. É um sentimento de negação sobre a compra realizada (Zambon e Benevides, 2003:73). Na busca por maior esclarecimento conceitual sobre a compra por impulso no tocante aos riscos de se ouvir os clientes, foram identificadas três abordagens centrais que descrevem variações comportamentais dos indivíduos ao praticarem compras impulsivamente, são elas: conceito tradicional, conceito comportamental simples e conceito comportamental exagerado (Almeida, 1993). O primeiro (conceito tradicional) corresponde à compra não planejada, cuja principal causa motriz é o próprioambiente, ou seja, o ato impulsivo de compra é baseado na configuração do ambiente: local, disposição, comparação. O segundo (conceito comportamental simples) corresponde à compra impulsiva motivada por elementos emocionais: ocasionado pelo momento sentimental de cada indivíduo, se feliz ou triste, se entusiasmado ou desanimando, cada um correspondendo a um perfil de impulso de compra. E o terceiro (conceito comportamental exagerado) corresponde à compra impulsiva como sendo uma doença, um tipo de distúrbio que deve ser acompanhado e tratado de modo medicamentoso. O conhecimento de tais abordagens pode ajudar as organizações a melhor avaliar o processo de tomada de decisão de compra dos consumidores (clientes), bem como buscar meios operacionais que promovam o envolvimento do consumidor com o objeto comprado para que se reduza ou evita a ocorrência da dissonância. 8.4 A Dissonância Cognitiva pode ser Eliminada Conforme a teoria de Festinger (1957), os profissionais de Administração e Marketing não podem eliminar a dissonância, mas tais profissionais – no cunho de suas atribuições profissionais cotidianas nas organizações – podem compreender a forma de construção dos mecanismos em que ocorre a dissonância e então, podem agir de forma a minimizá-la ao máximo, reduzindo assim sua intensidade. O estudo do tema, portanto, não está concentrado na erradicação da dissonância, mas sim na maximização da capacidade dos profissionais e organizações em desenvolver ações de negócio (as vendas) que satisfaçam aos clientes, e gerem neles o máximo de consciência sobre o ato realizado, para que possam identificar e aproveitar as justificativas positivamente que levaram à compra em favor da organização e contra a dissonância. Não se trata de evitar as impulsões de compra (contexto emocional), mas sim de estimular atribuições que façam delas válidas emocionalmente, de tal forma que tais emoções não se tornem danosas para a organização por meio de arrependimento da compra realizada. Já que não se pode evitar a dissonância cognitiva, pelo menos tudo que for feito e cujo resultado reduza sua incidência será bem vindo. As Página 125 de 160 organizações que mais avançam neste sentido, em sua maioria estão comprometidas com o eficiente desenvolvimento de campanhas de administração de relacionamento com o cliente, que pode ser vista, dentre outra forma, como os sistemas de Costumer Relationship Management (CRM). 8.5 O que fazer quando a dissonância cognitiva ocorre Outro ponto importante que precisa ficar claro é que, a abordagem do capítulo concentra-se na dissonância ocorrida pelo consumo (na mente do consumidor), e que a intensidade e tipo de respostas para sua “eliminação” dependem dos graus de importância dada ao consumo e de consciência das expectativas. Neste caso, segundo Giglio (2002, p.163), observações informais e pesquisas de Psicologia Social têm demonstrado que ao sentir dissonância cognitiva, as pessoas (clientes – consumidores) percorrem três soluções básicas: a. Os indivíduos distorcem as percepções. Resumidamente esta interpretação pode ser assim entendida: “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. Em outras palavras, como a percepção é uma seleção de estímulos, ao sentir dissonância, os indivíduos alteram as percepções. b. Os indivíduos depreciam a fonte da dissonância. Resumidamente esta interpretação pode ser assim entendida: “Mas quem foi que disse isso?”. Em outras palavras, trata-se do entendimento de que às vezes os estímulos não podem ser negados, por sua evidência. c. Os indivíduos buscam apoio social. Resumidamente esta interpretação pode ser assim entendida: “Amigo e pra essas coisas.” Geralmente esta situação ocorre quando as duas anteriores não são o bastante para reduzir a dissonância, logo, é a mais forte delas. Ela deve funcionar quando os estímulos são fortes demais para serem negados e a própria pessoa não consegue reunir depreciações adequadas, daí precisa de apoio externo (os amigos / grupo social). Além dessa situação, há outra que associa a dissonância ao consumo. Trata-se da dissonância que ocorre por motivos independentes do consumo e que leva os indivíduos a um consumo específico com resposta para eliminá-la. Por exemplo, mulheres quando se sentem deprimidas ou frustradas por ‘n’ motivos, não têm dúvida em passear e consumir no shopping. Para elas, é uma forma eficaz de mudar os sentimentos negativos (Giglio: 2002:165). Neste caso, os profissionais mais observadores aproveitam dos momentos de dissonância coletiva, como a morte de uma personalidade pública muito querida (um Papa por exemplo), para promover a venda de seus produtos ou imagem. As organizações por sua vez, necessitam entender que a primeira coisa a ser feita é influenciar a etapa referente à construção das expectativas, ou seja, elas precisam esclarecem, o mais detalhadamente possível, quais são os benefícios que o consumidor pode esperar do produto ou serviço. Por exemplo, deixar claro que: o que é o produto; como é utilizado; quais garantias; assistência técnica; formas de pagamento; custos com a manutenção; adaptabilidade; dentre outros. Página 126 de 160 Passa ser necessário que as organizações desenvolvam, inclusive no contexto de venda de produtos, uma tática de prestação de serviços (encarar o processo de venda como um processo de prestação de serviços), que substitua as tradicionais táticas de vendas (tirar pedidos). Isso equivale a dizer que é preciso que fique claro, para o cliente, o compromisso da organização com ele e, quais as responsabilidades da mesma com o produto. A entrega de algo deve ser mais deve significar mais ao cliente que simplesmente uma compra, ela deve representar compromisso e gerar relacionamento. As organizações devem também, segundo Giglio (2002:168) cuidar dos benefícios obtidos. Isso consiste em atuar no momento da compra e no pós-compra, que é quando se constrói a noção do que se está obtendo em comparação ao que se esperava. Este momento refere-se a dois aspectos que são ‘as expectativas’ e ‘os resultados’, por exemplo, durante um show musical ou durante uma limpeza de pele. No pós-compra a tática consiste em influenciar positivamente as conclusões sobre o que se obteve. Entende-se que para isso, muitas ações podem ser praticadas, por exemplo, a apresentação em comerciais de tevê o produto sendo utilizado por pessoas em situação de indiscutível satisfação. Mulheres bonitas em campanhas de shampoo etc. Logo, a própria propaganda poder ser utilizada, não apenas para chamar a atenção e para a venda, mas para a retenção e influencia de satisfação. Por fim, as organizações precisam realizar pesquisas constantes sobre o comportamento de seus clientes, sejam pesquisas científicas ou seja pela mera observação. Indagar os funcionários do front-office e alguns clientes sempre é útil, bem como, acompanhar as informações gerais sobre a demanda por setor, publicadas por sérios institutos de pesquisa, instituições de ensino e jornais qualificados como Gazeta Mercantil, Valor Econômico, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo. Revista como Veja, Exame e os anuários da Exame e da Gazeta Mercantil também devem ser acompanhados. Informações regionais, apresentadas em jornais locais idem. Outro caminho importante a percorrer é indagar não clientes sobre o produto ou serviço, muitas vezes, as respostas obtidas podem surpreender no tocante aos motivos de não ter comprado antes, ou simplesmente não comprar de tal marca ou estabelecimento etc. imagine que muitos indivíduos informem não comprar em determinado estabelecimento devido ao elevado número de críticas que ouvem sobre o local, provavelmente tal informação – que está ligada a situação de dissonância dos clientes atuais – causaria todo um repensar das atividades de relacionamento no momento da venda, indo desde treinamento de funcionáriosa revisão de layout. Não cegar para as questões relativas aos clientes é um passo inicial, procurar ampliar o entendimento do comportamento dos clientes e o que os causa frustrações é ainda mais importante (passo para organizações maduras). Com o incremento da competição, maiores serão as disputas pela clientela e, bem sucedidas serão aquelas que melhor conhecerem e relacionarem-se com seus clientes. Faça de seu cliente seu “amigo”, retribua a dedicação dele e seja sempre, antes mesmo de qualquer posicionamento do cliente, dedicado a ele. Não espera nada antes de ter dado algo. Página 127 de 160 Glossário CRM – Customer Relationship Management – Gerenciamento do Relacionamento com o cliente. Desejo – é o afã de obter mais satisfação do que é absolutamente necessário para melhorar uma condição insatisfatória. Dissonância cognitiva – comparação dos resultados da compra com a pós-compra e as expectativas que originaram a mesma, e chega-se à constatação diferente e inferior à expectativa previamente estabelecida, ou seja, as expectativas presentes no ato da compra não foram atingidas e mantidas depois o ato de compra, gerando uma sensação de negação e/ou arrependimento do ato de compra (Zambon e Benevides, 2003, p.84). Compra por impulso – aquisição de bens sem qualquer planejamento ou esforço de procura, já que são amplamente expostos e normalmente de baixo preço, tais como revistas, chocolates etc. (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999: 98). Porém, a compra por impulso pode se dar para produtos com preço elevado. Necessidade – é a condição insatisfatória de um cliente que o leva a uma ação que tornará essa condição melhor. Necessidades declaradas – aquelas necessidades que o cliente declara ter quando em situação de potencial compra, por exemplo: o cliente diz precisar de condicionador de ar, direção hidráulica, air-bag, rodas de liga leve aro 16 quando está em busca de um automóvel. Necessidades reais – aquelas necessidades que de fato devem ser supridas (necessidade literal), por exemplo: o cliente realmente necessidade de transporte quando requer um automóvel. - - - - - - - - - - - - - - - - - MOMENTO DE REFLEXÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - Atividade: Reflita sobre as questões propostas a seguir 1 - Você já comprou algum produto por impulso? ( ) Sim ( ) Não. Como tenho certeza que sim, como poderia ter evitado tal ato se não realizá-lo fosse realmente muito importante? 2 - Reflita e disserte sobre o sentido de dissonância cognitiva e sua importância no contexto (a) dos consumidores e (b) das organizações. 3 - Disserte sobre a importante para as organizações compreenderem: a) O comportamento de compra racional. Página 128 de 160 b) O comportamento de compra por impulso. c) A ocorrência da dissonância cognitiva. 4 - Explique por que, na prática, a dissonância cognitiva não pode ser eliminada. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - BIBLIOGRAFIA Básica: SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Cengage Learning, 2012 Complementar: ALBRECHT, K. A única coisa que importa: trazendo o poder do cliente para dentro da sua empresa. São Paulo: Pioneira, 1997. ALMEIDA, Cláudio Felisoni de. et al. Comportamento do consumidor: um estudo de caso em supermercado. In. Varejo Competitivo. v.4. São Paulo: Atlas, 2000. GADE, Christiane. Psicologia do Consumidor e da Propaganda (rev. ampl.) São Paulo: EPU, 1998. GIGLIO, Ernesto. O Comportamento do Consumidor. 2 ed. (rev. ampl.) São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. JURAN, J. M. A Qualidade desde o Projeto. São Paulo: Pioneira, 1992. SHETH,; MITTAL,; NEWMAN.- Comportamento do cliente. São Paulo: Atlas, 2001. The Wall Street Journal – www.wallstreetjournal.com . ZAMBON, Marcelo Socorro; BENEVIDES, Gustavo. Compra por Impulso e Dissonância Cognitiva no Varejo. In. Gestão de Marketing no Varejo. São Paulo: OLM, 2003. http://www.wallstreetjournal.com/ Página 129 de 160 CASOS PARA ESTUDO: (1) MERCADO PERSONALIZADO: mundo digital (2) WAL-MART: O MAIOR VAREJISTA DO MUNDO Objetivo: Você deverá ser capaz de avaliar com maior amplitude os casos sugeridos e compreenderá que a Administração do Relacionamento com o Cliente por ter diferentes aplicações em diferentes momentos da vida de uma organização, mesmo quando não aparecem tão destacadamente. Síntese: A capacidade de personalização, especialmente no que tange o mundo digital, é mais que um desafio é uma oportunidade, portanto, lembre-se que nele temos clientes também. Além disso, lembre-se que grandes corporações não se tornam grandes, como é o caso do Wal-Mart, por acaso, certamente muitas medidas puderam levá-la ao sucesso, pensar em tais medidas, especialmente aquelas que parecem ter pouco haver com os clientes é importantes, pois, no final das contas nos mostrará que é para eles (o clientes) que a organização existe. Observação: Os textos disponibilizados foram extraídos de endereço eletrônico referente a publicações de Philip Kotler e estão disponíveis para acesso e download para qualquer alunos. (1) MERCADO PERSONALIZADO: tudo o que pode ser digitalizado pode ser personalizado Imagine-se caminhando em uma cabine que banha seu corpo com uma luz branca e, em uma questão de segundos, captura sua estrutura tridimensional exata. Os dados digitalizados resultantes são transferidos para um cartão de crédito, que você passa a utilizar para comprar roupas customizadas. Não, essa não é uma cena do próximo episódio deGuerra nas estrelas, mas a maneira como você comprará roupas em um futuro não muito distante. Um consórcio que reúne mais de cem empresas de vestuário, incluindo a Levi-Strauss, trabalha para desenvolver uma tecnologia de análise do corpo, na esperança de tornar regra a ‘customização em massa’. Embora a tecnologia de análise do corpo e os cartões inteligentes que carregam as medidas do cliente ainda estejam em desenvolvimento, muitas empresas atualmente utilizam as tecnologias existentes para desenvolver seus produtos sob medida para cada cliente. A seguir apresentamos alguns exemplos. Página 130 de 160 Levi-Strauss: desde 1994 a Levi’s faz calças femininas sob medida por meio de seu programa Personal Pair. A atendente tira as medidas da cliente e as insere no computador. Dois dias depois, a cliente recebe a roupa feita de acordo com suas necessidades. Ela pode pedir outra calça a qualquer hora e para isso não precisa ir à loja. A Levi’s agora está lançando uma versão expandida desse sistema chamada Original Spin, que oferecerá mais opções de modelo, inclusive para calças masculinas. Enquanto uma loja da Levi normalmente contém 130 calças em estoque para diferentes numerações, com o programa Personal Pair esse número sobe para 430 e com o Original Spin pulará para 750. Mattel: desde 1998 as meninas podem acessar o site www.barbie.com e desenhar sua própria boneca. Elas podem escolher o tom de pele, a cor dos olhos, a cor dos cabelos, o penteado, as roupas, os acessórios e o nome da boneca. Também preenchem um questionário apontando em detalhes o que gostam e o que não gostam no brinquedo. Quando a boneca chega pelo correio, as meninas encontram o nome dela na embalagem, juntamente com um pequeno texto sobre sua personalidade. CDuctive: sucesso em Nova York, a CDuctive, sediada em Tribeca, permite que seus clientes confeccionem CDs on-line. Se o cliente gosta de jazz, ele pode clicar nessa categoria e ver 30 títulos, com uma amostra de 45 segundos para cada título. Com alguns comandos, o cliente pode então pedir um CD com todas as músicas selecionadas por 21 dólares. ParisMiki: nessa ótica de Tóquio, um software especial permite que os técnicos desenvolvam lentes e armações que combinem com o formato do rosto do cliente. Utilizando um monitor, vários modelos são sobrepostos em uma imagem escaneada do rosto da pessoa. O cliente então escolhe um modelo, os óculos são feitos e a pessoa fica com um par deles projetado e desenvolvido especialmente para ela. As empresas de bens de consumo não são as únicas que caminham na direção de um mercado personalizado. As empresas voltadas para o mercado empresarial também oferecem aos clientes produtos feitos sob medida — e muitas vezes esses produtos saem mais baratos e chegam ao cliente mais rapidamente que os padronizados. Principalmente para as pequenas empresas, a ‘customização em massa’ oferece uma maneira de elas lutarem contra seus concorrentes de maior porte: ChemStation: essa pequena empresa de sabão oferece a seus clientes empresariais — que vão de lava-rápidos à Força Aérea dos Estados Unidos — fórmulas de sabão preparadas individualmente. O que limpa um carro não serve para limpar um avião ou um equipamento em um poço de mineração. Informações coletadas pelos vendedores da ChemStation acerca das necessidades de limpeza de cada cliente são inseridas em um banco de dados chamado Tank Management System (TMS). Em seguida, os químicos da empresa desenvolvem uma ‘receita de sabão’ especial para o cliente, designam um número para essa receita e inserem a fórmula no TMS. Então, os funcionários da fábrica simplesmente inserem o número da receita do cliente em uma máquina controlada por computador, que mistura determinada quantidade do sabão especial. A ChemStation envia a mistura customizada para um tanque que fica na instalação do cliente. A empresa Página 131 de 160 monitora o uso do sabão e automaticamente reabastece o tanque quando o nível de sabão está baixo. Ao mesmo tempo que o sistema de customização oferece aos clientes exatamente o que eles precisam, também reduz os custos, o que gera margens mais altas. Desde que a ChemStation iniciou a customização em massa, em 1985, o custo por cliente caiu aproximadamente 25 por cento, enquanto a margem bruta por cliente aumentou cerca de 50 por cento. A customização em massa também ajuda a ChemStation a neutralizar a concorrência. Ninguém — nem mesmo os clientes — conhece as fórmulas, de modo que fica difícil para eles mudar para os concorrentes. “Dizemos [aos clientes] que isso é segredo”, disse George Homan, fundador e diretor-presidente da ChemStation. “Não somos ‘protecionistas’ [em relação à fórmula] como a Coca-Cola, mas somos fechados.” Duas tendências estão por trás do crescimento do marketing personalizado. Uma delas é a ênfase cada vez maior no valor e na satisfação do cliente. Atualmente, os clientes têm expectativas muito altas e esperam cada vez mais produtos e serviços que atendam a suas necessidades individuais. Contudo, seria extremamente caro ou completamente impossível atender a essas necessidades individuais se não fosse outra tendência: rápidos avanços em novas tecnologias. Os data warehouses permitem que as empresas armazenem trilhões de bytes de informações sobre o cliente. Hoje em dia, robôs industriais e equipamentos de fábrica controlados por computador podem reajustar rapidamente linhas de montagem. Scanners de código de barras possibilitam rastrear peças e produtos. E o mais importante de tudo: a Internet une tudo isso e faz com que fique fácil para a empresa interagir com seus clientes, descobrir suas preferências e responder a elas. Além disso, a Internet parece ser o meio definitivo para atingir o mercado um-para-um. A idéia de serviço pessoal na Internet pode parecer um paradoxo, mas está se tornando rapidamente uma realidade. Considere o seguinte exemplo: Logo depois de Jeri Capozzi entrar no sementeiro on-line Garden Escape no último inverno, ela já estava viciada. E isso não aconteceu apenas porque o site oferece plantas incomuns, mas porque o Garden Escape criou uma loja só para ela. Recebida pelo nome em sua página Web pessoal quando a visita, Capozzi pode fazer anotações em um espaço on-line privado, ajustar projetos de jardim utilizando o programa de projeto interativo do site e obter respostas do ‘doutor Garden’. Capozzi já gastou 600 dólares no Garden Escape e não tem planos de comprar em nenhum outro sementeiro. Com os serviços pessoais, ela disse que “provavelmente nunca o deixará”. Portanto, assim como a produção em massa constituía o princípio de marketing do último século, a customização em massa está se tornando o princípio de marketing do século XXI. O mundo parece caminhar em círculos — partimos dos bons e velhos tempos em que os clientes eram tratados como indivíduos, passamos ao marketing de massa, em que ninguém sabia ao menos seu nome, e retornamos ao início. Como disse Joseph Pine, autor de Mass customization: “Tudo o que pode ser digitalizado pode ser customizado”. Página 132 de 160 Fonte: Christina Del Valle, “They know where you live: and how you buy”, Business Week, 7 fev. 1994, p. 89. Veja também Jonathan Marks, “Cluster plus Nielsen equals efficient marketing”, American Demographics, set. 1991, p. 16; Karen Dempsey, “Up close and personal”, Marketing, 11 jul. 1996, p. III–IV; Leon G. Schiffman e Leslie Lazar Kanuk, Consumer behavior. 6. ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1997, p. 66–67 e 392– 395; Philip Kotler, Kotler on marketing. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1999, p. 78–79; Michael J. Weiss, The clustered world. Boston: Little, Brown, 2000; e www.claritas.com, mar. 2000. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (2) WAL-MART: O MAIOR VAREJISTA DO MUNDO Em 1962, Sam Walton e seu irmão abriram a primeira loja de desconto Wal- Mart na cidadezinha de Rogers, Arkansas. Era uma loja grande, sem graça, mais parecendo um depósito, onde se vendia de tudo, desde roupas até suprimentos automotivos e eletrodomésticos por preços muito baixos. Os especialistas deram pouca esperança ao inexperiente varejista — a experiência sugeria que lojas de desconto só alcançavam sucesso em cidades grandes. Porém, partindo desse modesto começo, a rede se expandiu rapidamente, abrindo uma nova loja atrás da outra nas cidadezinhas do Sul. Na metade da década de 1980, a Wal-Mart tinha explodido no cenário do varejo nacional. Inacreditavelmente, as vendas anuais da empresa chegaram a 220 bilhões de dólares em 2001 e a Wal-Mart transformou-se na maior empresa do mundo — com faturamento superior ao da Sears, da Kmart, da JCPenney e da Target juntas. Nos Estados Unidos, a Wal-Mart vende, anualmente, uma de cada quatro latas de óleo para motor, um de cada cinco desodorantes e um de cada quatro assentos para vasos sanitários. Vende um relógio Timex a cada 7,4 segundos e uma boneca Barbie a cada 2 segundos. O fenomenal crescimento da Wal-Mart não está emitindo nenhum sinal de desaceleração. Nos últimos anos, a empresa levou sua fórmula vencedora a novas áreas em crescimento. Por exemplo: atualmente a empresa já está bem estabelecida em cidades maiores e está se expandindo rapidamente nos mercados internacionais. Apenas alguns anos após ter entrado no negócio de secos e molhados com seus supercentros — e, mais recentemente ainda, com seus armazéns menores chamados Neighborhood Stores (Armazéns da Vizinhança) — a Wal-Mart é, agora, o segundo maior varejista de secos e molhados do país. A empresa está começando a flexionar seus ‘cibermúsculos’. A gigante do varejo já vende uma seleção de mercadorias em seu site Web (www.walmart.com) e, recentemente, formou uma aliança com a Fingerhut, conhecida por sua perícia na distribuição de http://www.walmart.com/ Página 133 de 160 pedidos individuais diretamente nos domicílios dos clientes. Muitos especialistas do setor acreditam que, dentro em breve, a Wal-Mart dominaráo mercado da Internet do mesmo modo que domina agora os mercados físicos. “No final dos próximos quatro anos”, prevê um consultor do setor de varejo, “a Wal-Mart será a número 1 nos mercados físicos e virtuais”. Esse desempenho brilhante trouxe belas recompensas a seus investidores. Um investimento inicial de 1650 dólares em ações da Wal-Mart feito em 1970 valeria mais de 5 milhões de dólares hoje! Quais são os segredos que estão por trás desse sucesso espetacular? A Wal-Mart ouve seus clientes e cuida deles, trata seus funcionários como sócios e mantém rédeas curtas nos custos. a. Ouvindo os clientes e cuidando deles A Wal-Mart se posicionou muito fortemente em um mercado-alvo bem escolhido. Inicialmente, Sam Walton concentrou-se nos consumidores das pequenas cidades norte-americanas, sensíveis ao valor. A rede construiu uma forte posição como varejista de preços baixos todo dia, bem antes de essa forma de varejo se tornar popular. Cresceu rapidamente levando os preços mais baixos às cidades pequenas ignoradas pelas lojas de desconto nacionais, como Van Buren, no Arkansas, e Idabel, em Oklahoma. A Wal-Mart conhece seus clientes e cuida bem deles. Como observa um analista: “O evangelho da empresa é relativamente simples: comporte-se como um agente dos clientes, descubra o que eles querem e venda pelo menor preço possível”. Dessa maneira, a empresa ouve atentamente seus clientes — cada alto executivo da Wal-Mart, por exemplo, passa no mínimo dois dias da semana visitando lojas, falando pessoalmente com os consumidores e observando as operações de perto. E, então, a Wal-Mart fornece o que os clientes querem: uma ampla variedade de produtos cuidadosamente selecionados a preços imbatíveis. Conclui o atual presidente da Wal-Mart: “Somos obcecados pela entrega de valor aos clientes”. Mas a mercadoria certa por um bom preço não é única chave do sucesso da Wal-Mart. A empresa também oferece o tipo de serviço que deixa os clientes satisfeitos. Um cartaz onde se lê ‘Satisfação garantida’ está sempre exposto bem à vista na entrada de cada loja. Outro cartaz no interior da loja proclama: “Na Wal-Mart, nossa meta é: Você é sempre o próximo da fila!”. Os clientes são freqüentemente recebidos por ‘recepcionistas’ sempre dispostos a ajudar ou apenas a ser amigáveis. E, é claro, a loja abre caixas extras para manter as filas curtas. b. Tratando os funcionários como sócios A Wal-Mart acredita que, afinal de contas, são os funcionários da empresa que realmente a fazem melhor. Assim, ela se aplica em mostrar-lhes que se importa com eles. A Wal-Mart foi a primeira empresa a chamar seus funcionários de ‘associados’, uma prática agora muito imitada por seus concorrentes. Os associados trabalham como sócios, envolvem-se Página 134 de 160 profundamente nas operações e compartilham as recompensas pelo bom desempenho. Todos na Wal-Mart [são] associados — desde [o diretor-presidente]... até a operadora de caixa chamada Janet que trabalha na Wal-Mart da Rodovia 50 em Ocoee, Flórida. ‘Nós’, ‘a nós’ e ‘nossos’ são as palavras de ordem. Os chefes de departamento da Wal-Mart, associados operacionais que supervisionam um ou mais dos trinta e poucos departamentos que vão desde material esportivo até equipamentos eletrônicos, conhecem números que muitas empresas não mostram nem aos gerentes gerais: custos, despesas de frete, margens de lucro. A empresa estabelece uma margem de lucro para cada loja, e se esta exceder a margem, os associados operacionais compartilham o lucro extra. O conceito de parceria está profundamente enraizado na cultura corporativa da Wal-Mart. A preocupação da empresa com seus empregados se traduz em funcionários muito satisfeitos que, por sua vez, se traduz em maior satisfação dos clientes. c. Rédea curta nos custos A Wal-Mart tem a estrutura de menor custo do setor. Assim, a empresa pode cobrar preços mais baixos, mas ainda assim obter altos lucros, o que permite que ofereça melhores serviços. Os preços mais baixos e os melhores serviços da Wal-Mart atraem mais compradores, produzem mais vendas, tornam a empresa mais eficiente e permite que ela baixe os preços ainda mais. Os custos baixos da Wal-Mart resultam, em parte, de sua administração superior e da tecnologia mais sofisticada que emprega. Sua sede em Bentonville, Arkansas, dispõe de um sistema de comunicação por computadores que provocaria inveja no Departamento de Defesa e que dá acesso instantâneo aos gerentes do país inteiro às informações operacionais e de vendas. Suas imensas centrais de distribuição totalmente automatizadas empregam as tecnologias mais recentes para suprir as lojas eficientemente. A Wal-Mart também gasta menos que seus concorrentes em publicidade — apenas 0,5 por cento das vendas, em comparação com os 2,5 por cento da Kmart e 3,8 por cento da Sears. Como a Wal-Mart tem o que os clientes querem a preços que eles podem pagar, sua reputação se espalhou rapidamente por propaganda boca a boca. E, até agora, não precisou de mais publicidade. Por fim, a Wal-Mart mantém os custos baixos por meio do velho e bom método de ‘ser duro nas compras’. Enquanto a empresa é conhecida pela maneira calorosa como trata seus clientes, é igualmente conhecida pelo modo frio e calculista com que consegue preços baixos de seus fornecedores. O trecho a seguir descreve uma visita ao escritório de compras da Wal-Mart: Não espere um recepcionista e muito menos uma atitude amigável... Assim que você chega a uma daquelas sóbrias salas dos compradores, pode esperar frieza do outro lado da mesa e se preparar para baixar seus preços. Página 135 de 160 “Eles são pessoas muito, mas muito focadas e utilizam seu poder de compra com mais força do que qualquer outro comprador dos Estados Unidos”, diz o vice-presidente de uma importante empresa vendedora. “Todos os rituais normais de camaradagem são proibidos. Sua mais alta prioridade é fazer com que todos saibam, sem nenhuma dúvida, o tempo todo, e em todos os casos, que quem manda é a Wal-Mart. Falam macio, mas são rígidos, e se você não estiver totalmente preparado quando entrar lá, vão cortar sua cabeça e oferecê-la sobre uma bandeja.” Alguns observadores duvidam que a Wal-Mart conseguirá continuar a ser tão grande e ainda assim manter seu foco e posicionamento. Também não acreditam que uma Wal-Mart cada vez maior possa permanecer próxima de seus clientes e funcionários. Os gerentes da empresa apostam que sim. Não importa onde ela opere, a política anunciada da Wal-Mart é cuidar de seus clientes ‘“uma loja de cada vez”, diz um alto executivo: “Continuaremos bem enquanto não perdermos a receptividade dos clientes”. Fonte: citado do artigo de Bill Saporito, “Is Wal-Mart unstoppable?”, Fortune, 6 maio 2001, p. 50–59; John Huey, “Wal-Mart: will it take over the world?”, Fortune, 30 jan. 1998, p. 52–61; Jay L. Johnson, “A borderless Wal-Mart”, Discount Merchandiser, abr. 1998, p. 43; e Alice Cuneo, “Wal-Marts goal; to reign over the Web”, Advertising Age, 5 jul. 1999, p. 1, 27. Veja também Joan Bergmann, “Food for thought: going into the grocery business”, Discount Merchandiser, maio 1999, p. 36–40; Joe Ronning, “Understanding Wal-Mart”, Discount Merchandiser, abr. 1999, p. 48–50; Karen Lowry Miller, “When Wal-Mart flex its cybermuscles…”, Business Week, 26 jul. 1999, p. 82–87; e Kerry Capell e Heidi Dawley, “Wal-Mart’s not-so-secret British weapon”, Business Week, 24 jan. 2000, p. 132. ATIVIDADES Exercícios para reflexão. 1. Explique em um parágrafo, com no máximo cinco linhas, os caso ‘Mercado Personalizado: tudo o que pode ser digitalizado pode ser personalizado’ estudado nesta aula. 2. Explique em um parágrafo, com no máximo cinco linhas, os caso do Wal-Mart estudado nesta aula. 3. Que relação você pode fazer entre os dois casos. REFERÊNCIAS Básica:Página 136 de 160 SILVA, Fábio Gomes; ZAMBON, Marcelo Socorro. Gestão do relacionamento com o cliente. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. Endereço eletrônico: Pearson Prentice Hall: http://wps.prenhall.com/br_kotler_princimkt_9/0,8204,995770-,00.html textos complementares: Mercado Personalizado (presente nesta aula) Missão Posicionamento das Companhias Aéreas Wal-Mart o maior varejista do mundo (presente nesta aula) Complementar Kotler, Philip; Armstrong, . Princípios de Marketing. 9 ed. São Paulo: Pearson Kotler, Philip. Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006. http://wps.prenhall.com/br_kotler_princimkt_9/0,8204,995770-,00.html http://wps.prenhall.com/wps/media/objects/972/995770/Mercado.doc http://wps.prenhall.com/wps/media/objects/972/995770/Missao.doc http://wps.prenhall.com/wps/media/objects/972/995770/aereas.doc http://wps.prenhall.com/wps/media/objects/972/995770/WalMart.doc Página 137 de 160 TEXTOS COMPLEMENTARES PARA ESTUDO Disciplina: Administração do Relacionamento com o Cliente (ARC) Prof. Me. Marcelo S. Zambon Nota: Você vai encontrar neste material: No.: TÍTULO 1 Ciclo de vida do produto. 2 Segmentação de mercado como estratégia de marketing. 3 As dezesseis tendências da economia segundo Faith Popcorn. 4 Tendências mundiais do consumidor: uma pesquisa do Boston Consulting Group. 5 Dicas para manter seu cliente fiel. 6 Resumo de itens importantes nesta disciplina. Vamos aos textos. Texto Complementar 01 CICLO DE VIDA DO PRODUTO O modelo de ciclo de vida do produto pode auxiliar na análise do estágio de maturidade de um produto (ou de uma indústria). Ele também é utilizado para avaliação de uma forma de produto ou até mesmo uma marca de uma empresa em conjunto com a matriz BCG (Boston Consulting Group), o que não é considerado a adequado dentro da teoria de marketing. Quando se fala do ciclo de vida de um produto fala-se, por exemplo, de aparelhos de fax, carruagens, fornos de microondas e discos de vinil. Não o sucesso ou fracasso de uma versão específica de um produto (por ex.: uma linha de aparelhos de fax da Panasonic). O ciclo de vida de um produto visa olhar além das fronteiras da empresa, não necessariamente preocupado com a competência da empresa avaliada. A questão seria (com um exemplo atual): quanto vale a pena investir (em pesquisas tecnológicas e em esforços de mercado) em fitas VHS? Através da análise do ciclo de vida do produto pode-se ter um forte auxílio para esta resposta. Todo negócio busca modos de aumentar suas receitas futuras maximizando o lucro das vendas de produtos e serviços. O fluxo de caixa permite à empresa se manter viável, investir em desenvolvimento de novos produtos e aumentar sua equipe de colaboradores. Tudo para buscar adquirir participação de mercado adicional e se tornar uma líder em sua indústria. Página 138 de 160 Um fluxo de caixa (receita) consistente e sustentável vindo das vendas dos produtos é crucial para qualquer investimento de longo prazo. A melhor forma de obter um fluxo de caixa contínuo e estável é com um produto "vaca leiteira" (ver Matriz BCG), um produto líder que tem uma grande participação de mercado em mercados maduros. Os produtos têm ciclos de vida cada vez mais curtos e muitos produtos em indústrias maduras são revitalizados através da diferenciação e da segmentação do mercado. Por vezes não é fácil identificar com precisão quando cada estágio começa e termina, por este motivo a prática é caracterizar os estágios, quando as taxas de crescimento ou declínio se tornam bastante pronunciadas. Ainda assim, as empresas devem avaliar a seqüência normal do ciclo de vida e a duração média de cada estágio. Um conhecimento profundo de cada um destes estágios é essencial para os profissionais de marketing, pois cada oferta de marketing requer estratégias diferentes para suas finanças, produção, logística e promoção em cada um de seus ciclos de vida. Esses estágios são: 1. Introdução O produto é apresentado ao mercado através de um esforço de marketing intenso e focado visando estabelecer uma identidade clara e promover ao máximo o conhecimento do produto. Muitas compras de teste ou por impulso acontecerão nesta fase. É o período de crescimento lento das vendas. É preciso visão a longo prazo, pois o lucro é ainda inexistente neste estágio, onde grandes despesas de lançamento são necessárias. · Estratégias para a fase de introdução do produto: o desnatamento rápido o desnatamento lento o penetração rápida o penetração lenta 2. Crescimento Neste estágio há uma rápida aceitação de mercado, e melhoria significativa no lucro. O mercado apresenta uma abertura à expansão que deve ser explorada. Caracterizado por vendas crescentes, este estágio também traz concorrentes. As ações de marketing buscam sustentação e as repetições de compra do consumidor. · Estratégias para a fase de crescimento: o melhoria da qualidade e adição de novas características o acrescentar novos modelos e produtos de flanco o entrar em novos segmentos de mercado o aumentar a cobertura de mercado e entrar em novos canais de distribuição o mudar o apelo de propaganda de conscientização sobre o produto para preferência do produto o reduzir preços para atrair novos consumidores 3. Maturidade Página 139 de 160 É o momento de redução no crescimento das vendas, porque o produto já foi aceito pela maioria dos consumidores potenciais. Este estágio fica evidente quando alguns concorrentes começam a deixar o mercado, a velocidade das vendas é dramaticamente reduzida e o volume de vendas se estabiliza. O lucro estabiliza-se até entrar em declínio graças ao aumento das despesas de marketing em defendê-lo da concorrência. Nesta fase, os consumidores fiéis repetem suas compras. · Estratégias para a fase de maturidade: o modificação do mercado § expansão dos consumidores § expansão da taxa de consumo o modificação do produto § melhoria da qualidade § melhoria de características § melhoria de estilo (design) o modificação do composto de marketing § preço § distribuição § Propaganda § promoção de vendas § venda pessoal § marketing direto § serviços 4. Declínio Período de forte queda nas vendas e no lucro. Este estágio pode ser causado por uma competição feroz, condições econômicas desfavoráveis, mudanças nas tendências ou outros fatos. É o momento de desaceleração, eliminação ou revitalização, com a introdução de um novo produto/serviço e seu próprio ciclo de vida. · Estratégias para a fase de declínio: o identificação dos produtos fracos § manter § modificar § abandonar o manter o nível de investimento o aumentar o investimento o reduzir o investimento § retrair seletivamente § recuperar ao máximo § desacelerar rapidamente Texto Complementar 02 NOTA: A finalidade deste texto a contribuir com o entendimento do que vem a ser segmentação de mercado e de como pode ser utilizada. Pense na importância do assunto no tocante ao relacionamento com os clientes. Ou seja, pense no quanto a boa segmentação pode contribuir para que as Página 140 de 160 organizações saibam mais sobre seus clientes, sobre o que fazer para melhor relacionar-se com eles etc. A SEGMENTAÇÃO DE MERCADO COMO ESTRATÉGIA DE MARKETING Fonte: http://www.geocities.com/Eureka/2471/segmerca.html - Data da pesquisa: 10/10/2008 (00:44h) O ponto crítico no planejamento de marketing é, sem dúvida, a identificação dos alvos de mercado. Uma das soluções, que se apresenta como ponto de apoio e que subsidiará a tomada de decisão do administrador é, sem dúvida, o processo de segmentação de mercado. A segmentação tem sido definida como estratégia de marketing,de fundamental importância para o sucesso de uma empresa. O fundamento da segmentação de mercado é relativamente simples. Baseia-se na idéia de que um produto comum não pode satisfazer necessidades e desejos de todos os consumidores. O motivo é simples: os consumidores são muitos, dispersos em diversas regiões; têm hábitos de compra variados, gostos diferenciados e variam em suas necessidades, desejos e preferências. Assim sendo, não se pode tratar todos da mesma forma, bem como não se pode tratar todos de forma diferente. O que se pode fazer é tentar reunir grupos de pessoas com características, preferências e gostos semelhantes, e tratá-los como se fossem iguais. Como se percebe, o centro de toda a discussão é que existem diferenças entre os consumidores, diferenças essas que devem ser consideradas no processo decisório da empresa. Daí a importância da segmentação de mercado como instrumento estratégico, que começa a ganhar força a partir da publicação do artigo de Wendell Smith (1956), no Journal of Marketing, EUA, intitulado: "Diferenciação do Produto e Segmentação de Mercado como Alternativas de Estratégia Mercadológica". Nesse clássico do marketing, Smith vê a segmentação como condição indispensável para o crescimento da empresa. Diz ainda que a segmentação é baseada em desdobramentos do lado da oferta de mercado e representa um ajuste mais racional e preciso de produto, e do esforço mercadológico às exigências do consumidor. Muito se escreveu sobre o assunto até os dias de hoje, com maior ênfase para McCarthy (1960), citado em McCarthy (1982, p.173), o qual defendeu a adoção da segmentação para maior sucesso, no atingimento dos objetivos da empresa, incluindo-a nas considerações estratégicas do marketing mix. Kotler (1967), citado em Kotler (1990, p.177), reconhece que a segmentação de mercado está no cerne da estratégia de marketing. Segundo ele, a segmentação de mercado, a idéia mais recente para orientar a estratégia, começa não com a distinção de possibilidades de produto, mas sim com a distinção de interesses ou de necessidades de clientes. A segmentação é a subdivisão do mercado em subconjuntos homogêneos de clientes, em que qualquer subconjunto pode, concebivelmente, ser selecionado como meta de mercado a ser alcançada com um composto de marketing distinto. O "modelo quantitativo", contribuição multidisciplinar vindo da http://www.geocities.com/Eureka/2471/segmerca.html Página 141 de 160 estatística, ganhou força como ferramenta auxiliar no processo de medir, agrupar e segmentar mercados. Outras disciplinas têm contribuído de maneira significativa para os estudos de segmentação de mercado, como é o caso da Sociologia e da Psicologia. Em 1977, um artigo de Schwitzer propôs a adoção da segmentação psicográfica para maior alcance da audiência de veículos. A segmentação psicográfica enfoca o estudo do comportamento do consumidor e divide o mercado em segmentos com estilo de vida homogêneo, entre si, e heterogêneo, em relação aos demais segmentos. No Brasil, a maior contribuição ao estudo vem de Richer e Lima (1991), por intermédio do livro Segmentação - opções estratégicas para o mercado brasileiro. Não menos importante é o trabalho acadêmico de Toledo (1972), que deu à segmentação tratamento integrado, evidenciando seus aspectos operativos e responsabilizando-os pela viabilidade de processo decisório. Seu trabalho teve a preocupação de conferir à segmentação uma dimensão mais ampla, considerando-a como conceito e como processo que conduz o executivo à escolha entre estratégias alternativas. Conceito de segmentação de mercado Na revisão da literatura sobre o assunto, verifica-se que a maioria das contribuições ao estudo de segmentação mantém suas bases nos escritos de Smith (1956). Segundo ele, a segmentação consiste em se ver um mercado heterogêneo, com determinada quantidade de mercados homogêneos menores, em resposta a diversas preferências de produtos entre importantes segmentos de mercados. Ela se baseia no desdobramento do lado da demanda e representa ajuste racional e mais preciso do produto e do esforço de marketing às exigências do consumidor ou usuário. A primeira vista, a segmentação de mercado não é tarefa difícil; por muito tempo, foi entendida como um conceito que consistia apenas em dividir o mercado em segmentos. Depois, os teóricos e executivos perceberam que a segmentação de mercado constitui poderosa arma estratégica, cujas implicações decorrem da escolha de segmentos bem definidos para o delineamento de estratégias competitivas. Primeiro, segmenta-se o mercado; em seguida, escolhe-se o alvo com que se quer trabalhar, diferenciando-se produtos e serviços de modo a atender necessidades e desejos do público-alvo e, posteriormente, posiciona-se o produto como forma de expressar as diferenças existentes. Como se pode perceber, a segmentação, no conjunto, é a base de toda a estratégia de marketing. Algumas confusões relacionadas ao conceito de segmentação A segmentação é estratégia que auxilia a empresa a penetrar em focos escolhidos, facilitando o acesso ao consumidor por intermédio do ajuste da oferta à demanda, e do produto ao mercado. Página 142 de 160 É importante observar que o conceito de segmentação tem relação direta com o mercado. Segmenta-se o mercado e não setores de atividades, produtos, canais de distribuição. Os produtos e canais de distribuição são ajustados em decorrência do alvo escolhido. Ao decidir segmentar o mercado, a empresa dispõe de poucas variáveis que estão sob controle do administrador de marketing. Segundo Richers (1991, p.22), a empresa deve enfocar suas opções de segmentação sob quatro ângulos distintos: o do setor, que é problema de concorrência; o dos segmentos, que é problema de oportunidade; o dos produtos, que é problema de adaptação; o de distribuição e comunicação, que é problema de escolha. Dessas quatro variáveis, somente as duas últimas se prestam à manipulação e devem, portanto, ser exploradas como as primeiras a ter-se em vista. Finalidades em segmentar o mercado O objetivo básico da segmentação é concentrar esforços de marketing em determinados alvos, que a empresa entende como favoráveis para serem explorados comercialmente, em decorrência de sua capacidade de satisfazer a demanda dos focos, de maneira mais adequada. Cada segmento deverá ser constituído por grupos de consumidores que apresentem o mínimo de diferenças entre si, do ponto de vista das características adotadas, e o máximo de diferenças em relação aos demais segmentos. Por meio da segmentação de mercado, pode-se conhecer melhor as necessidades e desejos dos consumidores. Tal conhecimento se aprofunda, à medida que novas variáveis de segmentação são combinadas entre si, proporcionando conhecimento mais individual do consumidor. As vantagens de segmentar mercados Segundo Richers (199l, p.17), com a segmentação de mercado, a empresa procura obter uma série de vantagens sinérgicas. Essas vantagens incluem: a) domínio de tecnologia capaz de produzir bens preferidos por certas classes de compradores; b) maior proximidade ao consumidor final; c) possibilidade de oferecer bens e serviços a preços altamente competitivos; d) disponibilidade de pontos de venda adequados a seus produtos ou serviços; e) existência de veículos de publicidade que se dirijam direta e exclusivamente aos segmentos visados, etc. A alocação de recursos de forma adequada, não citada de forma específica por Richers, é um dos pontos chaves da segmentação de mercado, diminuindo, com isso, os riscos associados ao desempenho das atividades empresarias. Página 143 de 160 Esse conjunto de vantagens propicia à empresamelhores condições para localizar e avaliar as oportunidades de marketing, assim como para auxiliar o administrador de marketing na avaliação das forças e vulnerabilidade da concorrência, e com isso tomar decisões que possam minimizar os pontos fracos da empresa e otimizar seus pontos fortes. Passos para segmentação de mercados Os segmentos de mercado podem ser identificados quando se aplicam técnicas sucessivas para subdividi-lo. Para isso, há procedimento formal para identificar os principais mercados. Boyd e Massay (1976, p.109) sugerem duas condições que são essenciais para a implantação de uma estratégia de segmentação: a) identificação de diferentes oportunidades de marketing e estabelecimento de priori- dades entre elas; b) eficiente alocação de recursos para os focos escolhidos. Kotler (1992, p.323) identifica três etapas: - estágio de levantamento; - estágio de análise; - estágio de desenvolvimento de perfil. Principais modalidades utilizadas como base para a segmentação de mercados Na segmentação de mercado, o administrador de marketing deve levar em conta o comportamento do consumidor. Isso porque os compradores são pessoas com necessidades e desejos diversos, e o mesmo produto não pode mais atrair todo o mundo. Deve-se, portanto, conhecer o comportamento, as atividades, as motivações, os benefícios e as vantagens que os diferentes grupos de consumidores, relativamente homogêneos, estão procurando. Para conhecer os consumidores, o administrador precisa reuni-los em grupos, os mais homogêneos possíveis. Para tanto, ele pode fazer uso das variáveis de segmentação, as quais procuram revelar certas características geográficas, sócio-econômicas, de personalidade e comportamentais. Essas variáveis podem ser decompostas em diversas outras, que por sua vez podem ser empregadas individualmente ou inter-relacionadas com as demais. O elenco de variáveis que se apresenta como critérios para segmentar mercado é muito amplo. Existem milhares de maneiras para segmentar determinado mercado, principalmente se a empresa pretende combinar várias de suas formas. Os segmentos geralmente são identificados a partir de duas correntes. Na primeira, através das características dos consumidores, independentemente do produto. Utilizam-se as variáveis geográficas, demográficas e psicográficas. Na segunda, a identificação é feita por meio Página 144 de 160 das respostas do consumidor diante do produto, como benefícios procurados, ocasiões de uso e lealdade à marca. As modalidades constituídas pelas variáveis geográficas, demográficas e sócio-econômicas são usuais e mais comuns, pelo fato de terem características conciliáveis e complementares entre si, cujos dados não estão a depender de pesquisas de campo e podem ser, facilmente, encontrados a partir de fontes secundárias. O mesmo não ocorre com as variáveis de segmentação por padrões de consumo, por benefícios procurados, por estilo de vida e por tipos de personalidades, as quais, geralmente, dependem de pesquisa de campo para se conhecer aspectos específicos das pessoas e de seus comportamentos. Condições básicas para atingir-se o alvo ideal O processo de segmentação de mercado objetiva a determinação de diferenças significativas entre grupos de compradores, separando-os em conjuntos diferenciados, para que a em- presa possa selecionar segmentos que se apresentem mais favoráveis à concentração de esforços. A escolha desses segmentos de forma eficaz, conjugada com a avaliação dos elementos do ambiente em que a empresa desenvolve suas atividades, deve ser precedida de certas características fundamentais. (Kotler, 1992, p.339) apresenta algumas contribuições inovadoras e importantes que devem ser observadas: a mensurabilidade, a substancialidade, a acessibilidade e a operacionalidade. Sem que o segmento apresente essas características, parece imprudente alimentar decisões específicas do composto de marketing voltadas a esses compradores. Conclusão A segmentação de mercado é a concentração, consciente e planejada, de uma empresa em parcelas específicas de seu mercado. A empresa opta voluntariamente por concentrar todos os esforços de marketing em determinado segmentos de mercados, possivelmente abandonando outros, mesmo que constituam potencial. Dessa forma, a função da segmentação de mercado é agrupar indivíduos, cujas ações esperadas aos esforços de marketing sejam semelhantes, ao longo de determinado período. Objetiva, ainda, a determinação de diferenças significativas entre grupos de compradores, separando-os, de forma a possibilitar à empresa a seleção daqueles, nos quais pareça mais conveniente concentrar esforços. Com isso, aumenta a competitividade da empresa em relação aos concorrentes. Essa prática tem, como principal objetivo, descobrir as diferenças realmente importantes entre os consumidores, e reuni-los em grupos relativamente homogêneos quanto a certas características objetivas e Página 145 de 160 subjetivas. A partir daí, o administrador pode posicionar seus produtos e dedicar seus esforços de marketing, visando à escolha e ao atendimento daqueles segmentos mais lucrativos, determinando assim a estratégia que, convenientemente conduzida, iniba a reação da concorrência e gere lucros satisfatórios para a empresa. Isac José Lopes Mestre em Administração, pela UnB. Pós-Graduado em Marketing e Propaganda, pela ESPM Professor de Administração, na UPIS e na FGV, na área de Marketing. Referências ARANGUREN, Carlos M.C. - O posicionamento do Rio de Janeiro em um contexto turístico. Tese de Mestrado. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica, 1992. BERRIGAN, John & Carl Finkbeiner - Marketing de segmentação. São Paulo: McGraw-Hill Ltda, 1994. 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Texto Complementar 03 Página 147 de 160 NOTA: Através deste texto você terá melhores condições para compreender como evoluem os padrões de consumo e as condições (tendências que levam as pessoas a consumir). AS DEZESSEIS TENDÊNCIAS DA ECONOMIA segundo Faith Popcorn. Sobre a autora: Faith Popcorn dirige uma empresa de consultoria de marketing chamada BrainReserve, que fundou em 1974. Dentre seus clientes: AT&T, Citibank, Black & Decker, Hoffman-La Roche, Nissan, Rubbermaid etc. Sua empresa oferece diversos serviços. Brain Renewal, que tenta dar vida nova a marcas enfraquecidas; Brain-Jam, que utiliza uma lista de tendências para gerar novas idéias; FutureFocus, que desenvolve estratégias e conceitos de marketing que criam vantagens competitivas em longo prazo; e TrendBank, banco de dados destinado ao monitoramento cultural e a entrevista de consumidores. A autora Faith Popcorn aponta 16 tendências culturais, que estão afetando a economia norte-americana e, certamente, outras economias de outros pontos do globo. O estudo dessas tendências ajuda a compreender o tipo de relação que os clientes (as pessoas em geral) têm com suas próprias histórias, e a de outros, e como isso interfere em sua maneira de consumir. As tendências apresentadas pela autora carregam consigo, uma infinidade de oportunidades de negócios, logo de investimentos mundo afora. Leve em consideração o titulo de cada uma das tendências, pois, ajudará a entender melhor sua própria finalidade, com isso, não fará confusão entre elas. 1. Retorno às origens: a tendência de utilizar práticas antigas como âncoras ou suporte para os estilos de vida modernos. Essa tendência explica a popularidade generalizada do aroma terapia, da meditação, da ioga e das religiões orientais. Tal tendência trata do impulso para uma pessoa mudar de vida, buscando uma carreira mais lenta, embora mais recompensadora. É manifestada por pessoas que, repentinamente, perdem seus agitados empregos urbanos e mudam-se para Vermont ou Montana para dirigir um pequeno jornal, um pequeno hotel que oferece apenas pernoite e café da manhã ou associam-se a um conjunto musical. Eles acham que o stress da vida moderna em escritórios não vale a pena. Há um retorno nostálgico aos valores das pequenas cidades com ar puro, escolas seguras e vizinhos de linguajar simples. 2. Viver (Manter-se vivo): o desejo de viver mais e de desfrutar mais a vida. O vegetarianismo, a medicina alternativa, a meditação e outras práticas para uma vida melhor e mais longa fazem parte dessa tendência. Os profissionais de marketing podem capitalizar essa tendência desenvolvendo produtos e serviços mais saudáveis. Certamente essa é uma tendência que no Brasil, tornou-se evidente nos últimos anos, veja o supermercado Pão de Açúcar, por exemplo, em que você tem várias opções de produtos orgânicos. Em síntese, diz respeito às pessoas que se esforçam viver mais tempo e em melhores condições. Sabem, agora, que seus estilos de vida podem matá-las – comer alimentos errados, fumar, respirar ar poluído, consumir drogas. Estão dispostas a assumir a responsabilidade pela Página 148 de 160 própria saúde e escolher melhor os alimentos, praticar exercícios com regularidade, descansar com mais freqüência. As empresas podem atender a esta necessidade, lançando produtos e serviços mais saudáveis consumidores. 3. Mudança de Vida: o desejo de seguir um estilo de vida mais simples e menos agitado, como no caso de um executivo que subitamente abandona uma carreira de alto nível, foge dos problemas das grandes cidades e abre uma pousada em uma estação climática. Essa tendência é marcada por uma volta nostálgica aos valores das cidades do interior. 4. Formação de Clãs: a crescente necessidade de se associar e pertencer a grupos para enfrentar um mundo mais caótico. Os profissionais de marketing estão respondendo com produtos, serviços e programas que ajudam os clientes a sentir que fazem parte de alguma coisa. Um exemplo é a associação dos proprietários de Harley (HOG) da Harley-Davidson. No contexto da formação de clãs, vale lembrar que segundo a Sociologia, o homem é um ser gregário por natureza, ou seja, vive em bando, e nesses bandos, há sentimento de pertença por tipo de grupo (o sentimento de pertença está ligado a condição para ser aceito em determinado grupo, por exemplo: padrões de consumo e renda, estilo de vida através de valores morais e formação intelectual etc.). Um exemplo simples é: imagine que algumas das pessoas de vivem em determinados condomínio trocam seus carros (sedans médios: Corolla, Civic, Megané, Vectra), haverá uma verdadeira avalanche dentre os demais moradores no mesmo sentido, o que levará a maioria deles a trocarem seus carros em curto período de tempo. Essa situação é particularmente importante ao profissional de marketing porque promove fortemente os consumo, conseqüentemente as vendas. 5. Encasulamento: o impulso de proteção quando o que acontece lá fora é muito difícil e assustador. As pessoas estão transformando suas casas em ninhos super protegidos, redecoram o ambiente, assistem a programas de tevê e a filmes em DVDs, fazem compras por meio da internet e catálogos; utilizam secretárias eletrônicas para filtrar o mundo exterior. Além disso, criam casulos socializados ao promover reuniões em casa. Há também os casulos ambulantes caracterizados pelas pessoas que se fecham em seus carros, incluindo refeições para viagem e seus telefones celulares. Em outras palavras, o encasulamento é o impulso para a busca de vida interior, quando os valores exteriores tornam-se “difíceis”. Uma das situações que chama a atenção (talvez seja um problema) é que as pessoas estão tornando-se escravas de seus próprios isolamentos. Existem ainda, em reação ao aumento da criminalidade (como seqüestros), da AIDS e outros problemas sociais, os casulos blindados caracterizados por se esconder, construindo verdadeiras casamatas (bunkers). A autopreservação é o tema dominante. Note que essa tipo de tendência, é evidente no mundo todo, no Brasil, por exemplo, basta olhar para a quantidade de empresas de segurança privada que monitoram as casas, os casos e as próprias pessoas para efeito de preservar suas vidas (e modo de vida). Sem dúvida essa é uma tendência de bilhões de reais. Página 149 de 160 6. Volta ao Passado: a tendência de as pessoas agirem e se sentirem como se fossem mais jovens que sua idade cronológica. Gastam mais com roupas joviais e tinturas para os cabelos e tem um comportamento mais brincalhão. Elas também compram brinquedos de adultos além de participar de acampamentos para adultos e de aventuras nas férias. Essa tendência também envolve uma enorme movimentação financeira, pessoas mais velhas por exemplo, homens na faixa dos 40 a 50 anos que compram camisetas e bermudas da Hot Point ou outras surf wares para sentirem-se joviais comoquando tinham 18 anos. 7. Egonomia (ou egotismo): o desejo de oferecer a si mesmo posses e experiências. A egonomia dá aos profissionais de marketing uma oportunidade de sucesso ao oferecer produtos, serviços e experiências customizadas. Trata do desejo das pessoas desenvolverem uma individualidade que permite que sejam vistas e tratadas de maneira diferente. Não se trata de egomania, mas simplesmente o desejo de alguém se individualizar por intermédio de posses, pessoas e experiências. As pessoas estão crescentemente assinando revistas de interesse restrito, unindo-se a pequenos grupos com missão bem dirigida, comprando roupas, carros e cosméticos personalizados. O egotismo fornece as empresas uma oportunidade competitiva de serem bem-sucedidas ao oferecerem bens, serviços e experiências personalizadas, vendidas com maior valor agregado, logo, gerando maior lucratividade. Note que neste caso, também há o componente grupal, você deseja destacar-se perante o seu grupo, parecendo mais culto ou mais bem sucedido. 8. Aventura da Fantasia: a necessidade de encontrar válvulas de escapes emocionais para compensar as rotinas diárias. As pessoas que seguem essa tendência vão a safáris nas férias ou gostam de comidas exóticas. Os profissionais de marketing podem aproveitar a oportunidade para criar produtos e serviços que explorem a fantasia. Essa tendência certamente vem estimulando o crescimento da realidade virtual durante a primeira década desse novo milênio. 9. FemininaMente: o reconhecimento de que homens e mulheres agem e pensam de maneira diferente. Um forte indicador do pensamento feminino é a popularidade de livros como Homens são de Marte e Mulheres são de Vênus. Como os relacionamentos são poderosos motivadores para as mulheres, a Saturn Car Company, por exemplo, criou fortes relacionamentos com seus clientes, muitos dos quais são mulheres. A Ford Motors Company no Brasil, desenvolveu a EcoSport com forte apelo para o publico feminino, aliás, deu certo, as mulheres adoram o carro. A Fiat lançou o ‘Idea’ também com apelo feminino, por exemplo, o carro vem com espelho direcional para que o(a) motorista possa observar as crianças no bando de trás. Veja que a visão de carro é coisa de e para homem vem dando lugar a ações melhor enquadras, em que tanto homens e mulheres são valorizados. 10.Queda e Ícones: a idéia de que ‘se é grande é ruim’. Para reagir a essa tendência, os profissionais de marketing estão descobrindo formas de pensar, agir e parecer menor. Um exemplo é a cerveja Plank Road Brewery, da Miller, que lembra em todos os sentidos os populares produtos das Página 150 de 160 microcervejarias. Essa é uma tendência não tão comentada pelas pessoas (clientes), mas sem dúvida observada por muitas organizações que se preocupam em não deter apenas marcas globais, mas também marcas locais, e marcas regionalizadas localmente. 11.Emancipação: essa sem dúvida é uma das tendências que melhor apresenta a evolução cultura da humanidade, nela ocorre a emancipação dos homens de seus papéis masculinos estereotipados. Os homens não precisam mais fazer o tipo “machão”, distante e forte. Essa tendência é revelada em anúncios que mostram homens cuidando com carinho de seus filhos e sendo atenciosos com suas esposas. Acabou configurando-se o perfil do homem ideal, romântico, sensível, atencioso, vaidoso e que gosta de discutir o relacionamento com a mulher. Essa tendência levou ao grande crescimento do número e categoria de produtos cosméticos para homens. Há por exemplo, clínicas estéticas apenas para eles. Essa tendência é sem duvida uma grande oportunidade de mercado, que vai desde cirurgias plásticas até a assinatura de revistas voltadas para o publico masculino como a Men’s Health (lançada em 2006 no Brasil). 12.99 Vidas: a tentativa de aliviar as pressões do tempo fazendo muitas coisas de uma só vez. As pessoas tornam-se capazes de realizar multitarefas, como falar em um telefone celular enquanto navegam na internet, ou ver vários livros ao mesmo tempo. Os profissionais de marketing podem aproveitar a tendência às 99 vidas criando um grupo de empreendimentos de marketing – lojas de serviços do tipo tudo em uma só e outros tipos de conveniências (centros de serviços que oferecem lavanderia, sala de bronzeamento, bicicleta para exercícios, máquinas copiadoras e fax e 10.000 títulos de vídeos para locação.). Em suma, ela é o estado desesperado das pessoas que devem exercer muitos papéis e responsabilidades ao mesmo tempo, por exemplo uma idéia de “supermãe” que trabalha em tempo integral, dirige a casa e educa as crianças, faz as compras e assim por diante. Essas pessoas sentem que o tempo é curto e tentam resolver este problema usando fax, internet, telefones celulares, notebooks, palmtops etc., elas ainda comem em restaurante de fast food e compram comida congelada para “ganhar” tempo em casa. 13.Revanche do Prazer: a busca clara é assumida do prazer em oposição ao autocontrole e à privação. Cansadas da onda de saúde do início dos anos noventa, as pessoas agora estão consumindo mais carne vermelha, gorduras e açucares e se afastando das comidas saudáveis. Mas atenção essa não é uma tendência geral que movimenta toda a sociedade, pois, grande parte das pessoas permanecerá no contexto da saúde, porém, muitas certamente consomem alimentos exatamente desse modo, sem a preocupação com a qualidade de vida do organismo. Talvez por isso, apenas recentemente a preocupação com gorduras saturadas etc, tenha tomado mais corpo em muitos países do mundo, talvez porque alguns Estados estejam enfrentando um caso de saúde pública com os excessos e má educação alimentar. Por fim, não podemos generalizar dizendo que essa seja uma tendência contra a saúde, muitos consumidores, aliás, a implementaram em suas vidas e cultivaram ganhos. Página 151 de 160 14.S.O.S. (Selve O Social): o desejo de tornar a sociedade mais responsável com relação à educação, à ética e ao meio ambiente. A melhor resposta para os profissionais de marketing é pedir a suas empresas que pratiquem um marketing mais socialmente responsável. Portanto, trata-se de um crescente número de pessoas preocupadas em tornar a sociedade mais responsável em torno dessas três variáveis críticas (ambiente, educação e ética). Esses indivíduos estão agrupando-se para promover maior responsabilidade social por parte das empresas e dos cidadãos, cobrando participação e condutas exemplares. Os consumidores de maneira geral, preferem comprar produtos de empresas que assumidamente colaboram / respeita o planeta e a sociedades, bem como, podem vingar-se das organizações poluidoras e antiéticas. 15.Pequenas Indulgências: uma inclinação para se satisfazer com pequenos exageros a fim de obter um estímulo emocional ocasional. Um consumidor pode comer com moderação durante toda a semana e se esbaldar com um pode inteiro de sorvete Häagen-Dazs no fim de semana; ele também pode economizar no almoço de casa todos os dias, mas comprar leite rico em gorduras e alimentos caros na Starbucks para o café da manhã. _ _ Logo, essa tendência descreve a ação de consumidores que enfrentam dilemas emocionais. Eles podem não ter dinheiro para comprar um carro BMW (mas compra um caro chaveiro da marca). Seu desejo de duas semanas de férias na Europa é substituído por um minicruzeiro de três dias no Caribe. As empresas devem estar conscientes das privações sentidas por muitos consumidores e das oportunidades de oferecer-lhes pequenas indulgências como compensação emocional. Sem dúvida, esta é uma outra tendência bilionária. 16.Consumidor Vigilante: a intolerância para com produtos de baixa qualidade e serviços inadequados. Os consumidores vigilantes querem que as empresas sejam mais conscientes e sensíveis (e responsabilizadas por seus atos). Por isso, reagem, boicotam, escrevem cartase compram produtos verdes (ecologicamente corretos). São os consumidores que desejam que as empresas sejam mais humanizadas, por exemplo, que as indústrias automobilísticas assumam suas responsabilidades recebendo devolução dos carros não aceitos pelos consumidores e devolvendo totalmente o dinheiro pago. Assinam as publicações National Boycott News e Consumer Reports; associando-se à instituição MADD (Mothers Against Drunk Driving) e analisam listas de boas e más necessidades de oferecer padrões mais humanos nos bens e serviços que fornecem. Estimulam a existência de entidades como Organizações Não Governamentais (ONGs) voltadas ao meio ambiente, como o Green-Peace, incluindo doando dinheiro para seus fins nobres. Texto Complementar 04 NOTA: Se este assunto estiver presente em sua prova, o que se desejará avaliar é se você compreende o sentido detrading up e de trading down, ou Página 152 de 160 seja, o que significam e qual sua importância quando se buscam compreender o comportamento dos consumidores. Nota: este texto ajuda a compreender como agem ou reagem os consumidores em certos momentos de consumo e condições econômicas. TENDÊNCIAS MUNDAIS DO CONSUMIDOR: uma pesquisa do The Boston Consulting Group (BCG) The Boston Consulting Group (BCG) - Consultoria líder em estratégia e gestão empresarial lança um estudo sobre duas tendências do comportamento do consumidor, chamadas: trading up, e trading down. A primeira (Trading Up): Reflete a intenção dos consumidores de pagar preços mais elevados por produtos e serviços em algumas categorias, desde que ofereçam benefícios técnicos, funcionais e emocionais mais relevantes. A segunda (Trading Down): Reflete a intenção dos consumidores de pagar preços mais baixos por certos produtos. Contraponto Para gastar mais em determinada categorias, os consumidores pagam menos em outras. Em momentos de crise ou de alerta financeiro, os consumidores tentem a ampliar o essa tendência de economizar aqui para gastar mais ali. A Pesquisa Trata-se do 1º relatório com uma visão global sobre esta tendência. A pesquisa ouviu 21 mil consumidores sobre 117 categorias de produtos em diversos países, inclusive o Brasil. O relatório traçou o comportamento dos consumidores em relação a gastos diários e percepções de aspectos da vida em geral, como a relação com a natureza, moradia e energia. Os consumidores também foram questionados sobre as razões de optar pelo trading up ou o trading down, bem como os benefícios emocionais que procuram. Conclusões da Pesquisa A primeira conclusão do estudo é que o trading up e o trading down são fortes tendências, tanto em países desenvolvidos quanto nos emergentes. Porém, há uma variação regional considerável, sobretudo quanto aos [1] tipos de segmentos e [2] as razões que levam os consumidores a seguir um ou outro caminho e [3] os benefícios procurados. Consumidores de países emergentes são ávidos para fazer o trading up, enquanto os mercados estabelecidos procuram diminuir – mas sem congelar – os gastos nesse viés da tendência. Segundo Michael Silverstein, sócio sênior do BCG em Chicago e autor do relatório: Página 153 de 160 “Consumidores de todos os mercados começaram a adotar um novo modelo de compras: ao mesmo tempo em que preferem lojas de descontos para abastecer a despensa e procuram economizar cada centavo, investem significativamente em categorias que ofereçam gratificação emocional.” Considerações Finais “Não é o caso de perder totalmente as esperanças, mas, sim, um excelente momento para as empresas investirem em inovação, oferecer novos valores e criar produtos que os consumidores considerem indispensáveis. Referências: Revista Brasileira de Administração (publicação bimestral do Conselho Federal de Administração – CFA). ANO XIX; número 68, jan/fev de 2009. p.50. www.bcg.com Texto Complementar 05 Nota: Este texto serve de complemento do material recomendado para estudo, e poderá ser muito útil para você. Caro aluno faça uma profunda reflexão sobre o texto a seguir. O propósito do mesmo é estimulá-lo a partir do que você estudou até agora e do ainda estudará. DICAS PARA MANTER SEU CLIENTE FIEL Por Jeff Wuorio, disponível em: Fonte: http://www.microsoft.com/brasil/pequenasempresas/issues/running/ retail/keeping.mspx Está no auge do inverno nos Estados Unidos, e os canos das casas estão tão congelados quanto o ar do lado de fora. Encontrar um bombeiro parece uma tarefa mais complicada do que esperar que o verão chegue. Em busca de clientes regulares Não se você for cliente da Benjamin Franklin Plumbing, sediada em Rogersville, Missouri, EUA. Você pode fazer parte do principal programa da empresa, o que significa que seu problema de encanamento será tratado como prioridade. Você será o primeiro a ser atendido ao telefone e, caso necessário, receberá uma visita no dia seguinte — sem espera na linha ou sem aquela dúvida de quando será atendido. http://www.bcg.com/ http://www.microsoft.com/brasil/pequenasempresas/issues/running/retail/keeping.mspx http://www.microsoft.com/brasil/pequenasempresas/issues/running/retail/keeping.mspx Página 154 de 160 E aí, gostou? Parece o tipo de vantagem que faria você se tornar um cliente a longo prazo? Pois é. Programas e estratégias semelhantes ao programa "frente de linha" da Benjamin Franklin Plumbing podem ser o diferencial que transforma um cliente acidental em um cliente para sempre. Há diversas maneiras de alcançar esse objetivo. A seguir estão sete formas que podem se encaixar como uma luva em sua empresa: 1. Faça o que prometeu fazer "Se uma empresa não é capaz de oferecer o básico, então qualquer outra medida seria uma perda de tempo", diz Ruth Stevens da eMarketing Strategy, uma empresa de consultoria. Em outras palavras, muitas empresas se concentram demais em como manter seus clientes e acabam não percebendo que seu produto ou serviço não é exatamente como deveria. Antes de qualquer coisa, é importante ter certeza de que o que você está oferecendo merece a fidelidade do cliente a longo prazo, e só depois procurar formas de alimentar essa fidelidade. 2. Espere o melhor Outro obstáculo para muitas empresas é ter que esperar que os clientes "provem" que são importantes antes de começar a investir na solidificação do relacionamento. Em vez disso, encare qualquer pessoa como um cliente em potencial a longo prazo: "Não adote a postura que um cliente tem que "merecer" seu lugar ao sol na empresa", diz Erin Duckhorn da Crucial Technology, uma empresa provedora de upgrade de memória online. "Devemos é assumir desde o início que esse novo cliente vai se tornar um cliente a longo prazo e tratá-lo como tal". Ao tratar seus clientes com respeito desde o princípio e ao esperar que com o tempo valerão a pena — em vez de ficar desafiando-os com prazos de pagamento antes mesmo que se tornem uma questão a ser considerada — você pode conseguir aumentar a lealdade dos clientes a longo prazo, afirma Duckhorn. 3. A partir daí, busque novos desafios Assim que o básico estiver funcionando bem, uma forma de conquistar para sempre um cliente é superar cada vez mais as expectativas. Estabeleça um parâmetro para bom e defina uma diretiva para alcançar o muito bom e assim por diante. Por exemplo, E.D. Foods, um fornecedor online de sopas e outros produtos alimentícios, é aclamado por oferecer novos produtos que os clientes ainda não encontram em seu catálogo online. "É bem simples", explica o co-proprietário Leslie Eiser. "Ter ótimos produtos e oferecer aos clientes serviços que estão além de suas expectativas." 4. Observe o cliente, não os resultados finais Um elemento fundamental para conseguir a lealdade do cliente é prestar mais atenção às necessidades e preferênciasde sua clientela e menos atenção ao crescimento dos lucros. Sem dúvida alguma o lucro é vital. Mas a solvência a longo prazo surge de clientes de longa data. E isso acontece em empresas que escutam de várias maneiras. "Eu sempre peço aos clientes idéias sobre novos produtos", diz Ellen Cagnassola da MaryEllen's Sweet Soaps, uma fornecedora online de sabão. "Fazer com que eles façam parte do processo pode inspirá-los de várias formas." Página 155 de 160 5. Mantenha funcionários antigos Uma estratégia eficaz para conquistar uma clientela leal não surge do nada. Trate seus funcionários como trataria um cliente que deseja que volte sempre. Isso incentiva a equipe a dar sua contribuição para que a lealdade seja conquistada. Além disso, também é uma excelente idéia se concentrar na construção de um ambiente que permita a colaboração e a interação. "A Southwest Airlines insiste em elogiar o cliente e o funcionário em todas as suas correspondências", diz o consultor Rich Gallagher. "Como resultado, eles não são só líderes no fornecimento de um serviço de qualidade, são também funcionários." 6. Faça com que os clientes desejem voltar Oferecer bons serviços e produtos é ótimo, mas não custa nada tirar umas cartas da manga para atrair os clientes para o grupo da clientela fiel. No caso da Franklin Plumbing, isso significa oferecer descontos para clientes regulares. Para Fern Reiss da PublishingGame.Com, uma fonte independente para leitores, autores e editores, significa 25% de desconto nos títulos atualizados se os clientes enviarem a capa da edição anterior. "Como meus livros são atualizados a cada três ou seis meses, e o setor editorial está em constante mudança, muitas pessoas que gostam do livro acabam pedindo novamente uma nova edição", diz. "Eles recebem as informações mais recentes, para a venda, e eu consigo fechar novos negócios." 7. Seja seletivo em relação aos clientes a longo prazo Dizer que algumas pessoas simplesmente não foram feitas para ser clientes a longo prazo pode soar estranho. Mas o fato é que alguns clientes trazem mais problemas do que benefício. Controle o que é necessário para manter um cliente satisfeito; se for muito caro ou significar muito trabalho, talvez seja melhor gastar suas energias com outro cliente. "Analise os custos do seu serviço. Alguns clientes demandam uma cobertura de venda muito cara e outros sempre insistem em ter reuniões com um representante de vendas", explica Stevens. "Se forem um problema, dê o número do telefone do concorrente ou aprenda a lidar com esses clientes de forma mais cuidadosa. É um mito dizer que todos deveriam ser clientes a longo prazo." Texto Complementar 06 Nota: Este texto é um importante resumo de materiais que você precisará estudar para esta disciplina e para outras disciplinas no futuro. Logo, trata- se de um resumo para ampliar a base de conhecimento e entendimento geral no tocante a disciplina. RESUMO DE ITENS IMPORTÂNCIAS NESTA DISCIPLINA Página 156 de 160 1. CUSTOMIZAÇÃO Pode ser entendido como um processo através do qual se agrega valor a um produto, uma vez que o mesmo sobre uma adequação (melhoramento) de acordo com as necessidades ou desejos (expectativas) do cliente. Portanto, a termo customização não quer dizer vender mais barato, na verdade, se preço for a relação comparativa, nela (na customização) os preços são um pouco mais elevados uma vez que o cliente interessa-se em pagar mais para que o produto seja adequado ao que ele deseja (forma, características, complementos técnicos etc.). 1.1 Customização em Massa A Customização em Massa (CM) é definida como a produção em massa de bens e serviços que atendam aos anseios específicos de cada cliente, individualmente, a custos semelhantes aos dos produtos não customizados. Dessa forma a CM oferece produtos únicos a baixo custo e com prazo de entrega relativamente curto, em um ambiente de produção em massa. A CM pode ser entendida como uma evolução natural dos processos de negócios, resultante do aperfeiçoamento dos padrões tradicionais de organização de processos que possibilitou aumentar significativamente a flexibilidade e agilidade da empresa, bem como melhorar seus índices de qualidade, mantendo os custos competitivos. 2. PESQUISA QUALITATIVA A pesquisa de mercado qualitativa é um conjunto de técnicas usadas em marketing e nas ciências sociais, pelas quais são obtidos dados de um número relativamente pequeno de respondentes dependendo da escala com que se trabalha, os quais não são analisados com técnicas estatísticas. Isto diferencia estas técnicas da pesquisa de mercado quantitativa, na qual um grande número de respondentes fornece os dados que são analisados estatisticamente. Um exemplo deste tipo de técnicas são os focus groups. Focus group ou em português "discussões de grupo": É uma técnica utilizada na pesquisa de mercado qualitativa, na qual se emprega a discussão moderada de entre 8 e 12 participantes. Discussões de grupo costumam durar entre hora e meia e duas horas e devem ser coordenadas por um moderador experimentado. O moderador é também o facilitador da sessão, pois para além de regular a sessão dentro dos seus moldes, vai também ajudar o grupo a interagir. Os focus groups são usados nos temas mais diversos. Muito frequentemente são usados em testes da publicidade, testes de conceito e como pré-fase de estudos quantitativos maiores. O Procedimento: Os clientes (os contratantes da pesquisa) podem observar a discussão por detrás de uma janela espelhada, eles podem portanto ver e ouvir os Página 157 de 160 participantes, mas não podem interferir na participação de um convidado (cliente ou potencial cliente). Normalmente uma câmara de vídeo é usada para gravar a discussão para ser vista por outros que não puderam estar presentes no momento ou mesmo rever as discussões objetivando acertos nas decisões etc. Outro ponto importante é que, os pesquisadores examinam mais do que apenas as palavras. Eles estão interessados nas expressões faciais, linguagem corporal e dinâmica de grupo. Por vezes são criadas transcrições da gravação, nos pontos mais importantes. Tipos ou variações de Focus Groups (Discussão em Grupo): - Focus group bi-direccional - um grupo observa o outro e discute as interações observadas e conclusões. - Focus group com dois moderadores - um moderador assegura que a sessão decorre ordenadamente, enquanto que o outro assegura que todos os tópicos são cobertos. - Focus group com moderadores em duelo - dois moderadores tomam deliberadamente partido por lados opostos nas discussões. - Focus groups moderados pelos próprios respondentes - um ou mais dos respondentes são pedidos a moderar temporariamente. - Focus groups com participação do cliente - um ou mais clientes participam na disccussão, seja abertamente ou de forma anónima. - Fini focus groups - grupos de 4 ou 5 membros em vez de 8 a 12. - Focus groups em teleconferência - usando o telefone. - On-line focus groups - usando meios informáticos. Vantagens: As vantagens deste método qualitativo são entre outras as seguintes: - De organização rápida. - Custos relativamente baixos. - É possível testar também produtos ainda não terminados. - A dinâmica de grupo pode ser positiva para os resultados. - Os resultados não são apenas "este produto agrada" ou "este produto não me agrada" mas sim os motivos dessas opiniões. Pode ser informação valiosa no desenvolvimento dos produtos. Desvantagens: - Não são resultados representativos - Certos elementos do grupo podem sobrepor-se aos outros na discussão, enviesando-a. - Caso sejam necessários vários encontros, os custos deixam de ser baixos. 2.1 Finalidade da Pesquisa Qualitativa Página 158 de 160 Os métodos de pesquisa qualitativos são usadosprimeiramente como um prelúdio à pesquisa quantitativa. Eles são usados para definir um problema, gerar hipóteses, identificar determinantes e desenvolver meios de pesquisa quantitativa. São pouco caros e são rápidos. Por causa do baixo número de respondentes envolvidos, estes métodos de pesquisa exploratórios não podem ser usados para generalizar toda uma população, muito embora possa obter resultado preciso quando se trata de um nicho pequeno, como por exemplo os dentistas de um bairro. Eles são, no entanto, muito úteis para explorar um assunto e são usados em grande escala. Eles podem ser melhores do que os métodos quantitativos testando por debaixo da superfície os impulsos afetivos, emotivos e as motivações subconscientes. 3. PESQUISA QUANTITATIVA A pesquisa de mercado quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente implica a construção de inquéritos por questionários. Normalmente são contactadas muitas pessoas. Os marketeiros usam a informação assim obtida para desenhar estratégias e planos de marketing. Procedimentos da Pesquisa Quantitativa: 1. Definição do problema - Quais os vários aspectos do problema ? Que informação é necessária. 2. Conceptualização e operacionalização - Como exactamente é que definimos os conceitos envolvidos? Como é que os traduzimos em variáveis observáveis e passíveis de serem medidas? 3. Especificação da hipótes - Que tese(s) é que queremos testar? 4. Especificação técnica - Que metodologia usar ? Por exemplo Inquérito estatístico. 5. Especificação das perguntas - Que perguntas fazer ? Por que ordem ? 6. Especificação da escala , internet... 7. Codificação e re-especificação- Fazer ajustamentos aos dados por forma a torná-los compatíveis com as técnicas estatísticas e os objectivos da pesquisa - exemplos: atribuição de números, controles de consistência, substituições, deleções, ponderar, variáveis dummy, transformações de escala, estandardização de escala. 8. Análise estatística - Empregar várias técnicas descritivas e de inferência nos dados. Fazer inferências a partir da amostra para a totalidade da população. Testar os resultados para a significância estatística. 9. Interpretar e integrar os resultados - o que é que os resultados significam ? Que conclusões podem ser tiradas ? Como é que estes achados se relacionam com pesquisa semelhante? 10.Escrever o relatório de pesquisa - O relatório tem normalmente os seguintes pontos: 1) Sumário executivo; 2) Objectivos; 3) Metodologia; 4) Principais resultados; 5) Gráficos detalhados e diagramas. Apresente o relatório ao cliente numa apresentação de 10 minutos. Esteja preparado para perguntas. 4. ORIGEM DOS DADOS Página 159 de 160 • Dados Primários – são exclusivos, únicos, sob encomenda, específicos. São levantados através de pesquisa – levantamentos específicos ou dirigidos. De certa forma, pode se dizer que o dado primário é um dado exclusivo, constato pelo próprio pesquisador, ou seja, da forma que foi concebido não existia anteriormente (não estava publicado). • Dados Secundários – são públicos, acessáveis por qualquer empresa ou pessoa. Por exemplo são os dados publicados em jornais, revistas, relatórios, associações, governo, teses ou pessoas... • A origem de tais dados pode ser tanto interna (dentro da organização), quanto externa (no mercado, ou seja, fora da organização). • Podem ter caráter: oficial e/ou informal. 5. PESQUISA DE MERCADO • O QUE É? Instrumento utilizado p/ entender a percepção de consumidores sobre uma determinada marca, bem ou serviço, e sobre aspectos e eles inerentes. Ex.: propaganda. • P/ QUE SERVE? Auxiliar na tomada de decisão: solução de problemas e realizar planejamentos... • CUIDADO! Exige cuidado em todas as etapas, para não fornecer resultados viciados, nem possibilitar conclusões errôneas... • PORTANTO: Pesquisa de mercado é investimento em aprendizado. 6. CRM O CRM é o acrônimo da frase em inglês Customer Relationship Management, expressão que pode ser traduzida para a língua portuguesa como Gestão de Relação com o Cliente (Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente, em português do Brasil). O termo CRM foi criado para definir toda uma classe de ferramentas que automatizam as funções de contato com o cliente, essas ferramentas compreendem sistemas informatizados e fundamentalmente uma mudança de atitude corporativa, que objetiva ajudar as companhias a criar e manter um bom relacionamento com seus clientes armazenando e inter- relacionando de forma inteligente, informações sobre suas atividades e interações com a empresa. 6.1 Definições CRM é um sistema integrado de gestão com foco no cliente, constituído por um conjunto de procedimentos/processos organizados e integrados num modelo de gestão de negócios, do Inglês "Customer Relationship Management" (CRM). O software que auxilia e apoia esta gestão é normalmente denominado sistema de CRM. O seu objectivo principal é auxiliar as organizações a angariar e fidelizar clientes ou prospectos, fidelizar clientes actuais procurando atingir a sua Página 160 de 160 satisfação total, através do melhor entendimento das suas necessidades e expectativas e formação de uma visão global dos ambientes de marketing. O CRM abrange, na generalidade, três grandes áreas: · Automatização da gestão de marketing. · Automatização da gestão comercial, dos canais e da força de vendas. · Gestão dos serviços ao cliente. Os processos e sistemas de gestão de relacionamento com o cliente permitem que se tenha controle e conhecimento das informações sobre os clientes de maneira integrada, principalmente através do acompanhamento e registro de todas as interacções com o cliente, que podem ser consultadas e comunicadas a diversas partes da empresa que necessitem desta informação para guiar as tomadas de decisões. Uma das atividades da Gestão do Relacionamento com o cliente implica registar os contactos por si realizados, de forma centralizada. Os registos não dependem do canal de comunicação que o cliente utilizou (voz, fax, email, chat, SMS, MMS etc.) e servem para que se tenham informações úteis e catalogáveis sobre os clientes. Qualquer informação relevante para as tomadas de decisões podem ser registradas, analisadas periodicamente, de forma a produzir relatórios de gestão. · CRM Operacional: visa a criação de canais de relacionamento com o cliente. · CRM Analítico: visa obter uma visão consistente do cliente, usando os dados recolhidos pelo CRM operacional para obter conhecimento que permita optimizar e gerar negócios. · CRM Colaborativo: foca na obtenção do valor do cliente através de colaboração inteligente, baseada em conhecimento.