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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia “Proliferação local de clones celulares atípicos, sem causa aparente, de crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, descoordenado e autônomo (ainda que se nutra as custas do organismo, numa relação tipicamente parasitária), irreversível (persistente mesmo após a cessação dos estímulos que determinam a alteração), e com tendência a perda de diferenciação celular”. NEOPLASIA = NOVO CRESCIMENTO Baseia-se no comportamento (benigno ou maligno), na origem (epitelial, mesenquimal ou embrionária) e na morfologia. Origem Se os tumores forem benignos, a nomenclatura segue o seguinte esquema: CÉLULA DE ORIGEM + OMA Lipoma (tecido adiposo); Osteoma (osso); Adenoma (glândulas); Papiloma (epitélio); Exceções: linfoma, melanoma e mieloma (são malignos). No entanto, se os tumores forem malignos (câncer), a nomenclatura será diferente dependendo do local do tumor. Se for mesenquimal, a nomenclatura será: CÉLULA DE ORIGEM + SARCOMA Lipossarcoma (tecido adiposo); Osteossarcoma (osso); Se for de origem epitelial, recebe o nome de carcinoma e se for de origem glandular, de adenocarcinoma. Ainda em relação a origem, se for no sangue, tem-se: Leucemias (sangue branco); Linfomas (tumores de linfócitos ou seus precursores). Com relação a morfologia, os tumores sólidos podem ser de quatro tipos: Nodular (benigno ou maligno); Vegetante (benigno ou maligno); Infiltrativo (maligno); Ulcerado (maligno). Desregulagem de energia celular; Sinalização proliferativa sustentável; Escape de destruição imune; Evasão de supressores de crescimento; Ativação de imortalidade replicativa; Inflamação indutora de tumores; Ativação de invasão e metástase; Instabilidade genômica (fenótipo mutador); Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia Indução a angiogênese; Resistência a morte celular. Progressividade: crescimento tecidual excessivo e descoordenado, e de intensidade progressiva. Irreversibilidade: ausência de dependência da continuidade do estímulo. Independência: ausência da resposta aos mecanismos de controle, ou seja, autonomia. Mitoses: maior taxa replicativa. No entanto, não indica se o tumor é maligno pela taxa de proliferação aumentada. Além disso, é comum a presença de figuras mitóticas atípicas, aberrantes ou bizarras. Pleomorfismo: variação no tamanho e na forma das células. Morfologia nuclear: encontra-se núcleos desproporcionalmente grandes para a célula (1:1), núcleo irregular e cromatina agrupada de forma desordenada e distribuída pela membrana nuclear e mais escurecida (hipercromática). Perda de polaridade: a orientação das células anaplásicas é alterada. As células tumorais crescem de maneira anárquica e desordenada. Outras alterações: encontram-se necroses isquêmicas centrais em tumores de crescimento rápido. A disseminação de tumores é um processo complexo que envolve uma série de etapas sequencias chamadas de cascata de invasão-metástase. Essas etapas consistem em invasão local, intravasamento nos vasos sanguíneos e vasos linfáticos, trânsito na vasculatura, saída dos vasos, formação de micrometástases e crescimento de micrometástases em tumores macroscópicos. Previsivelmente, essa sequência de etapas pode ser interrompida em qualquer estádio, por fatores relacionados ao hospedeiro ou ao tumor. OBS: o tumor metastático, apesar de estra em outro tecido, continua com as mesmas características do tecido e das células que lhe deram origem, antes da migração. Por exemplo, um câncer de mama com metástase nos ossos, possuem as mesmas características. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia As células neoplásicas realizam um metabolismo chamado de glicólise aeróbica, na qual ocorre a conversão de glicose em ácido lático mesmo na presença de oxigênio, diferentes das células normais que, na presença de O2, encaminham o metabolismo para o clico de Krebs e fosforilação oxidativa. Isso ocorre porque essas células utilizam piruvato, acetil-CoA para sintetizam moléculas que promovem crescimento e proliferação celular. Além disso, a diminuição do pH intracelular devido a produção de lactato, estimula a produção de HIF-1 (fator induzível de hipóxia), que estimula a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese), aumentam a expressão de transportadores de glicose (GLUT), estimula a eritropoietina e a síntese de oxido nítrico (NO) que promove a vasodilatação, tudo isso para facilitar o processo de crescimento e proliferação do tumor. O processo inflamatório pode ser desencadeado por duas vias, a extrínseca (quando ocorre uma infecção ou inflamação basal) e a via intrínseca (por ativação de oncogenes). Uma inflamação na célula neoplásica ativa fatores de transcrição, fazendo com que a célula produza citocinas, quimiocinas e mediadores que atrai o sistema imune (leucócitos), fazendo que que mais fatores pró-inflamatórios sejam liberados. A inflamação leva a proliferação das células, imunossupressão, angiogênese e favorece a metástase pela vasodilatação. TNF-alfa: inativa receptores das células T, diminuindo o reconhecimento das células tumorais, e tem função imunossupressora; IL-6: faz com que as células se proliferem, ocorra a formação de vasos sanguíneos, favorecendo a nutrição do tumor, facilita a metástase e amplifica a inflamação; IL-1: recruta mais leucócitos para o local, fazendo a manutenção da inflamação. Ou seja, a inflamação crônica e as células neoplásicas possuem grandes características em comum. Ocorre quando há defeitos genes reparo e estresse oxidativo durante replicação do DNA (quebras do DNA em sítios frágeis), tornando o genoma instável quando essas lesões no DNA não são reconhecidas nem reparadas. Isso Facilita alterações genéticas e epigenéticas e favorece progressão neoplásica. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia Diz respeito ao crescimento celular e desordenado de um tecido específico ao resultar em células que variam de tamanho, forma e organização. Tumores se originam de uma única célula que sofreu ruptura dos mecanismos de controle de proliferação e autodestruição (expansão clonal). Ou seja, ocorre um acúmulo de mutações complementares de forma gradual ao longo do tempo. Existem 4 classes de genes que são alvo de mutações para desenvolvimento câncer, sendo: Proto-oncogenes; Genes supressores de tumor; Genes que regulam apoptose; Genes que reparam o DNA. Os proto-oncogenes promovem o crescimento e a divisão celular. Uma mutação nesses genes os tornaria oncogenes, aumentando a sua função que é a divisão celular. Células que expressam oncoproteínas são liberadas dos pontos de checagem e do controle que limitam o crescimento, ou sejam, se proliferam excessivamente. Essas oncoproteínas promovem o crescimento celular mesmo na ausência se sinais de crescimento normais. Um exemplo é o HER-2 (receptor de fator de crescimento epidérmico humano). Em células normais, possui um papel regulador, mas em células cancerosas, promove a multiplicação desordenada das células. Está presente em alguns tipos de câncer de mama. São genes que inibem o crescimento, atuando nos pontos de checagem. A mutação nesses genes permite que as células avancem sem interrupção, ou seja, esses genes perdem a sua função. Como exemplo, tem-se a proteína p53, que verifica eventual mutação na sequência do genoma. Em uma possível correção, a p53 acumula no núcleo celular e ativa genes que determinam parada do ciclo celular até que ocorra o reparo do Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia DNA.Já em uma lesão extensa, a p53 ativa genes envolvidos no mecanismo de apoptose e suprime a ação de genes com ação anti-apoptótica. Esses genes induzem a apoptose, como no caso da p53 quando não consegue promover o reparo no material genético. Ao sofrerem uma mutação, podem: Perder sua função (genes promovem a morte celular); Ganhar função (genes suprimem a apoptose). Induzem o reparo no DNA e uma mutação nesses genes leva a perda de função, acelerando a aquisição de mutações (fenótipo mutador). O processo de carcinogênese segue três estágios principais, sendo: Iniciação; Promoção; Progressão. A iniciação se dá quando uma mutação ocorre em uma célula normal. Ou seja, os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos (endógenos e exógenos). Já a promoção acontece quando ocorre mutações condutoras, ou seja, os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada, ocorrendo mutação em um ou mais genes envolvidos no ciclo celular. Por fim, o estágio de progressão é caracterizado pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula. Ocorre uma seleção darwiana, na qual as células mais aptas sobrevivem, isso devido a heterogeneidade das células neoplásicas. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Patologia OBS: cerca de 80 a 90% dos casos de neoplasias estão associadas a fatores ambientais (sociais, culturais, consumo, ocupacionais). É um ramo de estudos genéticos que avaliam a ocorrência de silenciamento ou expressão de genes promovidos pelo DNA quando este sofre alguma modificação. Isso se dá, principalmente por meio de metilação e modificação de histonas. Avaliar o estágio do câncer é importante para determinar a localização e a extensão do tumor presente no corpo de uma pessoa. É a forma como o médico determina o avanço da doença no organismo de um paciente. Utiliza-se o sistema de classificação TNM como uma ferramenta para os médicos estadiarem diferentes tipos de câncer com base em determinadas normas. Ele é atualizado a cada 6 a 8 anos; No sistema TNM, a cada tipo de câncer é atribuída uma letra ou número para descrever o tumor, linfonodos e metástases. O sistema TNM verifica a extensão anatômica da doença, que considera as características do tumor primário: Tamanho do tumor (T) Comprometimento nodular (N) Metástases (M) A avaliação desses parâmetros permite a determinação do estadiamento que varia dos estágios I ao IV. Dessa forma: O estadiamento é realizado de acordo com cada tipo de tumor; O sistema TNM é utilizado na maioria dos tumores; Auxilia no planejamento terapêutico; Indicação de prognóstico. CARACTERÍSTICAS NEOPLASIAS BENIGNAS NEOPLASIAS MALIGNAS Taxa de crescimento Baixa Alta Figuras de mitose Raras Frequentes Grau de diferenciação Bem diferenciadas Diferenciadas até anaplásicas Degeneração, necrose Ausente Presentes Tipo de crescimento Expansivo Infiltrativo Cápsula Presente Geralmente, ausentes Limites da lesão Bem definidos Imprecisos Efeitos locais e sistêmicos Geralmente inexpressivos Geralmente grave, letal Recidiva Em geral, ausentes Presente Metástases Ausentes Presente
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