Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@JESSICALECRIM Débito Cardíaco 1. O coração como bomba O débito cardíaco, abreviado como DC, pode ser compreendido como a capacidade de bombeamento do coração em função da frequência cardíaca e do volume de sangue ejetado a cada batimento (volume sistólico). Para pessoas sem cardiopatias, em condições normais, em repouso, é de 5 a 6L/min. Em exercício, o débito cardíaco é maior para suprir a necessidade do organismo – principalmente dos músculos –, aumentando a demanda metabólica por oxigênio nos tecidos. Durante períodos de aumento de atividade, o coração utiliza quase todo o oxigênio trazido pelas artérias coronárias. Assim, a única maneira de conseguir mais oxigênio para o músculo cardíaco no exercício é aumentando o fluxo sanguíneo. O sistema nervoso simpático atua aumentando a contratilidade e a frequência cardíaca, assim a pressão arterial ficará mais alta no exercício. A ação do músculo estriado esquelético sinaliza, metabolicamente, a vasodilatação do músculo liso para que o fluxo sanguíneo se direcione para ele. A h i p e r o s m o l a l i d a d e t a m b é m é u m determinante da vasodilatação no exercício. Ou seja, em estado de repouso há vasoconstrição por causa do pequeno consumo de oxigênio. No estado de exercício físico, há vasodilatação concomitante à redução da disponibilidade de oxigênio e o aumento de produtos metabólicos, K+ extracelular e osmolalidade. O coração do atleta é grande, já que exige maior demanda de sangue dentro dele. → Beta-bloqueadores são fármacos usados na terapia de pessoas com o coração hipertrofiado. Atua inibindo a exacerbação simpática, MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA @JESSICALECRIM restaurando o receptor funcional beta-1, assim como o coração. 2. Determinantes do débito cardíaco - Volume sistólico - Pré-carga - Pós-carga - Contratilidade - Frequência cardíaca - Regulação intrínseca - Regulação extrínseca 3. Conceitos Retorno venoso: quantidade de sangue que flui das veias cavas para o átrio direito a cada minuto. Determina o volume diastólico final e a pré-carga. A pressão depende do sangue, do diâmetro e do comprimento dos vasos. Sístole: contração e esvaziamento do coração (atrial e ventricular). Diástole: enchimento do coração (atrial e ventricular). Volume sistólico (VS = 50-80 ml): quantidade de sangue bombeado pelo coração a cada sístole ventricular. Volume sistólico final (VSf = 60-70 ml): quantidade de sangue que permanece no coração após a sístole. Volume diastólico final (VDF = 120-140 ml): volume de sangue dentro dos ventrículos ao final da diástole. Fração de ejeção: porcentagem de sangue do ventrículo esquerdo que é ejetada pela aorta a cada batimento cardíaco. Seu valor considerado normal pelo ECG é acima de 55%. Prediz a capacidade de ejeção ventricular, logo, um coração insuficiente apresenta uma fração de ejeção baixa, o que indica algumas situações de intervenção. Pré-carga: todo o sangue que chega ao coração pelo retorno venoso, expressa no volume diastólico final. Toda vez que aumenta a pós- carga, o volume sistólico diminui (inversamente proporcional). Estresse na parede ventricular antes do início da contração. Volume sistólico no ventrículo: a pré-carga é proporcional ao volume ventricular, com força ou estresse do músculo antes do início da contração. Maior pré-carga, maior volume sistólico. Menor pré-carga, menor volume sistólico. Lei de Laplace: quanto maior a pressão, mais fácil de romper o vaso. Valores obtidos ao final da diástole. ENPV → Estresse na parede ventricular PDF → Pressão diastólica final EP → Espessura da parede Pós-carga: todo o sangue que sai do coração. Em pacientes hipertensos, a pré-carga é alta devido o aumento da resistência. Se opõe a ejeção. Estresse na parede ventricular durante a ejeção. Volume sistólico no ventrículo: pós-carga é proporcional a carga mecânica que se opõem, ejeção ventricular. Lei de Laplace: quanto maior a pressão, mais fácil de romper o vaso. Valores obtidos durante a ejeção. ENPV → Estresse na parede ventricular PDF → Pressão sistólica ventricular EP → Espessura da parede Paciente saudável → PDV = PAS Pós-carga VE → PAS = DC x RVP FE = (VDf − VSf ) VDf x100 ENPV = PDF × Raio 2 × EP ENPV = PSV × Raio 2 × EP MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA @JESSICALECRIM Pós-carga VD → Pressão arterial pulmonar = DC x resistência vascular pulmonar → Fatores importantes para o VSf, que será ejetado: pré-carga pelo retorno venoso, força que o ventrículo faz para realizar a ejeção (contratilidade) e pós-carga se opondo a resistência vascular periférica. 4. Propriedades do coração Automatismo (cronotropismo): Capacidade do coração gerar seus próprios estímulos elétricos, independentemente de influências extrínsecas ao órgão. Efeito cronotrópico positivo: aumenta a frequência cardíaca, estimula o sistema nervoso simpático. Efeito cronotrópico negativo: reduz a frequência cardíaca, estimula o sistema nervoso parassimpático. Excitabilidade (batmotropismo): É a capacidade das células miocárdicas gerarem potenciais de ação em resposta à corrente de entrada despolarizante. Condutibilidade (dromotropismo): É a condução do processo de ativação elétrica por todo o miocárdio, numa sequência sistematicamente estabelecida [NSA → NAV → Feixe de Hiss → Fibras de Purkinje]. Contratilidade (inotropismo): É a propriedade que o coração tem de se contrair ativamente como um todo, uma vez estimulada toda a sua musculatura, o que resulta no fenômeno da contração sistólica (aumenta a força de contração). A ação é sempre simpática. Efeito inotrópico positivo: aumenta a contratilidade, atua por feedback positivo (catecolaminas). Efeito inotrópico negativo: diminui a contratilidade, atua por feedback negativo (beta-bloqueador). → Antagonistas de canais de Ca+ diminuem a pressão arterial, diminuem o débito cardíaco e mantém a resistência vascular periférica constante. MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA @JESSICALECRIM Distensibilidade (lusitropismo): É a capacidade de relaxamento total do miocárdio, uma vez cessada sua estimulação elétrica, terminando o processo de contração, o que determina o fenômeno do relaxamento diastólico. 5. Lei de Frank-Starling “A força desenvolvida por uma câmara cardíaca durante a contração é diretamente proporcional ao grau de estiramento a que as fibras miocárdicas são submetidas no período imediatamente anterior ao início da contração”. - Capacidade intrínseca do coração de aumentar o DC com o aumento do retorno venoso - Aumenta a contratilidade depois da pré-carga - Maior aumento no volume de ejeção, maior aumento no VS - O ventrículo aumenta de tamanho até um limite - Quanto mais o miocárdio é distendido nas fases de enchimento, maior será a força de contração 6. Curva de pressão-volume e gráfico do ciclo cardíaco - Mudanças no V e no P do VE durante o 1º ciclo - Circulação sistêmica - Gradiente de pressão A: abertura da valva atrioventricular (gradiente de P) A’ → B: sístole atrial (1ª bulha) B → C: contração isovolumétrica C: abertura da valva da aorta C → D: ejeção do ventrículo esquerdo D: fechamento da valva da aorta (2ª bulha) D → A: relaxamento isovolumétrico - Quanto maior o VS, maior a ejeção - Quanto menor a ejeção, maior a quantidade de sangue no coração MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA @JESSICALECRIM CASO CLÍNICO 1) Mulher de 43 anos passa em consulta com cardiologista devido palpitações e dispneia aos esforços. Médico solicita alguns exames. O ecocardiograma demonstra Volume Diastólico Final de 120 ml e Volume Sistólico Final de 70 ml. A FC da paciente é 90 bpm. Calcule o volume sistólico, a fração de ejeção e o débito cardíaco: VS = VDF-VSF → VS = 120ml - 70 → VS = 50ml FE = VS/VDF x 100 → FE = 50ml/120ml x 100 = 41,6% DC = FCxVS → DC = 90bpmx 50ml → DC = 4,5L/min CASO CLÍNICO 2) Paciente de 75 anos, hipertenso e sedentário, faz uso do fármaco Diltiazem 30mg. O paciente se queixa de cansaço aos mínimos esforços como: lavar os cabelos, escovar os dentes e amarrar o calçado. O paciente após a consulta cardiológica foi diagnosticado com Insuficiência Cardíaca Congestiva e recebeu a seguinte prescrição Digoxina 3x por semana e Captopril. → Ca p t o p r i l b l o q u e i a o re c e p t o r d a Angiotensina II, diminui a vasoconstrição, induz a liberação de Na+ dos terminais simpáticos, estimula a secreção de aldosterona pela adrenal, libera ADH, atua como fator de crescimento para o músculo liso vascular. A) Explique os sintomas relatados pelo paciente após o uso de Diltiazem? O uso do fármaco, ao atuar como um bloqueador dos canais de cálcio, justifica os sintomas descritos pelo paciente. Os canais lentos de cálcio, permitem a entrada desse íon para que haja a contração muscular cardíaca, se houver um bloqueio nessa entrada, os cardiomiócitos contráteis não mantém a fase de platô no potencial de ação, o que resultará em um efeito inotrópico negativo. B) Explique a relação do uso de Digoxina com a melhora do DC? O mecanismo de ação da Digoxina é a inibição da bomba de sódio e potássio que irá fazer com que o trocador de sódio-cálcio funcione de forma mais ativa e aumente a concentração de cálcio no meio intracelular, aumentando ass im a cont rat i l idade do coração, consequentemente, aumentando o débito cardíaco para compensar a frequência cardíaca de forma adequada, causando o efeito inotrópico positivo. C) Explique a prescrição inicial de Diltiazem no quadro de hipertensão arterial sistêmica? Relacione sua resposta a equação de Poiseuille. O mecanismo de ação do Diltiazem é pela promoção da dilatação dos vasos, uma vez que atua como bloqueador dos canais de cálcio e, consequentemente, no potencial de ação da membrana, o que dificulta a contração dos vasos pelo relaxamento da musculatura lisa que compõe os mesmos. Dito isso, com o re laxamento, o ra io vascular estará aumentado, atuando diretamente na diminuição da RVP, uma vez que pela equação de Poiseuille, no qual o raio, por estar a quarta potência, ao sofrer mínimas alterações causam um efeito determinante. MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA REVISÃO @JESSICALECRIM D) Com o aumento da RVP como estará o VS? O aumento da RVP promove a diminuição do volume sistólico (VS). Isso ocorre, com o aumento da pós-carga, acarretando em uma maior dificuldade em ejetar o sangue. CASO CLÍNICO 3) Um aluno da Uninove, quis cochilar entre as aulas de BMF-II, quando repentinamente, acordou assustado e se colocou de pé subitamente, se sentindo "tonto". Após poucos segundos, se sentiu bem novamente e percebeu que sofreu hipotensão ortostática devido à queda da PA. Qual variável hemodinâmica levou a queda da PA no c o n t ex t o c l í n i c o a c i m a ? E x p l i q u e o m e c a n i s m o. Q u a n d o o a l u n o l e v a n t a subitamente, há queda da pressão arterial e diminuição da pressão de enchimento ventricular, estimulando os barorreceptores para compensar o quadro de hipotensão ortostática. Assim, a principal variável envolvida é a frequência cardíaca, variável direta relacionada, nesse caso, a ativação do sistema autônomo parassimpático e inibição do simpático. CASO CLÍNICO 4) Roberto tem 52 anos e não é fumante. Ele pesa 81 kg, tem 1,75 m de altura e a sua pressão sanguínea arterial média é 145/95 em três visitas sucessivas ao consultório do seu médico. Seu pai, seu avô e seu tio tiveram infartos do miocárdio por volta dos 50 anos, e sua mãe morreu aos 71 anos de acidente vascular encefálico. O médico do Sr. Roberto prescreveu um fármaco chamado de beta- bloqueador. Explique o mecanismo pelo qual o fármaco bloqueador do receptor e pode ajudar a baixar a pressão arterial. A frequência cardíaca aumenta devido a associação dos beta receptores cardiosseletivos com a epinefrina no sistema nervoso autônomo simpático. Tal cenário acarreta no uso dos beta-bloqueadores, que impedem a interação dos receptores com a NE, diminuindo a FC, então, resulta na diminuição da PA. CASO CLÍNICO 5) Mulher de 72 anos, hipertensa, está sendo tratada com propranolol, agente bloqueador beta-adrenérgico. Ela apresentou vários episódios de tonturas e síncope (desmaio). O ECG revela bradicardia sinusal: onda P regulares, normais, seguidas de complexos QRS normais; porém, a frequência das ondas P é diminuída, para 45/min. O médico vai diminuindo o propranolol, gradualmente e, em seguida, o descontínua, e, então muda a medicação da paciente para classe diferente de fármacos anti-hipertensivos. Após a interrupção do propranolol, a repetição do ECG mostra ritmo sinusal normal com frequência de ondas P de 80/min. Explique a relação do propranolol a bradicardia sinusal. Explique o mecanismo de ação desse fármaco na FC. O mecanismo de ação do propranolol é causar um efeito cronotrópico negativo, ou seja, pela sua atuação como beta-bloqueador não seletivo, atua nos receptores beta-1 e beta-2 inibindo o SNA simpático, causando a diminuição da frequência cardíaca. QUESTÕES NORTEADORAS: 1) O que é débito cardíaco? 2) Quais são os determinantes do DC? 3) O que é cronotropismo? 4) O que é dromotropismo? 5) O que é batmotropismo? 6) O que é inotropismo? 7) O que é lusitropismo? MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA @JESSICALECRIM 8) E x p l i q u e p r é - c a r g a , p ó s - c a r g a e contratilidade. Relacione essas variáveis com o VS. 9) O que é curva pressão-volume? 10) O que é fração de ejeção? Qual sua importância para a prática clínica? 11) Explique a relação de Frank-Starling com a pré-carga e contratilidade. GABARITO: 1) Capacidade de bombeamento do coração em função da frequência cardíaca e do volume de sangue ejetado a cada batimento (volume sistólico). 2) Frequência cardíaca, pré-carga, pós-carga e contratilidade. 3) Capacidade do coração gerar seus próprios estímulos elétricos, independentemente de influências extrínsecas ao órgão. 4) É a condução do processo de ativação elétrica por todo o miocárdio, numa sequência sistematicamente estabelecida. 5) É a capacidade das células miocárdicas gerarem potenciais de ação em resposta à corrente de entrada despolarizante. 6) É a propriedade que o coração tem de se contrair ativamente como um todo, uma vez estimulada toda a sua musculatura, o que resulta no fenômeno da contração sistólica. 7) É a capacidade de relaxamento total do miocárdio, uma vez cessada sua estimulação elétr ica, terminando o processo de contração, o que determina o fenômeno do relaxamento diastólico. 8) Pré-carga: Estresse na parede ventricular antes do início da contração. Pós-carga: Estresse na parede ventricular durante a ejeção. Contratilidade: Inotropismo. Volume sistólico: Quantidade de sangue bombeado pelo coração a cada sístole ventricular. Eventos relacionados com a contração e ejeção de sangue do ventrículo. 9) Registra os eventos mecânicos do ciclo cardíaco. 10) Porcentagem de sangue do ventrículo esquerdo que é ejetada pela aorta a cada batimento cardíaco. Indica quando há insuficiência cardíaca. 11) Quanto mais o miocárdio é distendido nas fases de enchimento, maior será a força de contração. MEDICINA NOVE DE JULHO JÉSSICA SANTANA SILVA
Compartilhar