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1 1 Lucas Ferraz Medicina – 2º P SP 1.3 OBJETIVOS: 1) Descrever a geração e a condução do estímulo elétrico no coração. 2) Descrever o registro gráfico da atividade elétrica cardíaca (fundamentos do eletrocardiograma). 3) Descrever o automatismo cardíaco e sua regulação pelo SNA. 4) Caracterizar o débito cardíaco e descrever seus mecanismos de controle. 5) Caracterizar a pressão arterial, identificando a regulação de seus componentes sistólico e diastólico. 6) Identificar a regulação autonômica da musculatura perivascular periférica. 7) Reconhecer ajustes do ritmo do coração feitos a curto e longo prazo considerando a influência do estresse e hábitos de vida. 8) Correlacionar as alterações da função cardíaca com a sintomatologia das duas senhoras do problema. 9) Identificar os fatores psíquicos que podem desencadear e ou piorar as condições do paciente cardíaco. 1) DESCREVER A GERAÇÃO E A CONDUÇÃO DO ESTÍMULO ELÉTRICO NO CORAÇÃO. O coração humano tem um sistema especial para a autoexcitação rítmica e a contração repetitiva de aproximadamente cem mil vezes ao dia, ou três bilhões de vezes em uma vida humana de duração média. Esse feito impressionante é realizado por um sistema que: (1) gera impulsos elétricos rítmicos para iniciar contrações rítmicas do miocárdio; e (2) conduz esses impulsos rapidamente por todo o coração. O coração tem dois tipos de células, as células miocárdicas, também denominadas células funcionais, que quando estimuladas eletricamente são capazes de se contrair, e as células marcapasso, responsáveis pela geração e condução dos estímulos elétricos. Os tecidos especializados que geram e conduzem impulsos elétricos através do coração, são o nó sinoatrial (nó SA), nó atrioventricular (nó AV), feixe de His e fibras de Purkinje (VAN DE GRAAF, 2003). O controle da atividade cardíaca é feito sistema nervoso simpático e parassimpático, que inervam de forma abundante o coração (GUYTON; HALL, 2006). O nó sinoatrial está localizado na parede posterior do átrio direito, onde a veia cava chega ao coração. O nó atrioventricular está na porção inferior do septo interatrial. O feixe de His está no topo do septo interventricular, esse feixe se divide no interior da parede dos ventrículos denominando-se fibras de Purkinje, causando a contração simultânea dos ventrículos. Sístole é a contração da câmara cardíaca para ejeção do sangue presente em seu interior. Diástole é o relaxamento da câmara cardíaca para um novo preenchimento de sangue em seu interior (GUYTON; HALL, 2006). A regulação da ritmicidade do coração ocorre no nó SA ou marca passo do coração. Esta ritmicidade ocorre porque as membranas das fibras do nó sinoatrial são muito permeáveis ao sódio, que passa para o interior das fibras, fazendo com que o potencial da membrana em repouso passe para o valor positivo até atingir seu limiar transformando em potencial de ação. O impulso é propagado pelos átrios através do sistema de Purkinje provocando sua contração. Centésimos de segundos depois, o impulso atinge o nó atrioventricular, que retarda o impulso para que os átrios forcem a passagem de sangue para os ventrículos. Após esse retardo, o impulso é propagado pelo sistema de Purkinje aos ventrículos contraindo-os (GUYTON; HALL, 2006). Os impulsos elétricos que passam pelo complexo estimulante do coração podem ser registrados pelo eletrocardiograma. Onda P é a despolarização das fibras atriais do nó SA, o complexo QRS é a despolarização dos ventrículos e a onda T é a repolarização dos ventrículos, iniciando assim um novo ciclo cardíaco (VAN DE GRAAFF, 2003). 2) DESCREVER O REGISTRO GRÁFICO DA ATIVIDADE ELÉTRICA CARDÍACA (FUNDAMENTOS DO ELETROCARDIOGRAMA). O Eletrocardiograma (ECG) é o meio que possibilita estudar as propriedades do músculo cardíaco por meio de um aparelho conhecido como eletrocardiógrafo. Este, por sua vez, é um galvanômetro (aparelho responsável por medir a diferença de potencial entre dois pontos) que analisa a formação e condução do estímulo cardíaco, através de eletrodos dispostos em certas áreas do corpo. Em outras palavras, os eletrodos capturam a variação cíclica que o coração apresenta durante sua atividade elétrica, devido à variação na quantidade de íons de sódio presentes interna e externamente às células do miocárdio. 2 2 Lucas Ferraz Medicina – 2º P →Componentes do ECG e seu traçado básico. O traçado do eletrocardiograma é composto basicamente por 5 elementos: onda P, intervalo PR, complexo QRS, segmento ST e onda T. ONDA P - É produzida pelos potenciais elétricos gerados quando os átrios se despolarizam, antes de a contração atrial começar. É o traçado que corresponde à despolarização dos átrios (contração dos átrios). INTERVALO PR - É o tempo entre o início da despolarização dos átrios e dos ventrículos. Cerca de 0,16s. COMPLEXO QRS - É produzido pelos potenciais gerados quando os ventrículos se despolarizam antes de sua contração, isto é, enquanto a onda de despolarização se propaga pelos ventrículos. É a despolarização dos ventrículos (contração dos ventrículos). SEGMENTO ST - É o tempo entre o fim da despolarização e o início da repolarização dos ventrículos. Cerca de 0,35s. ONDA T - É produzida pelos potenciais gerados, enquanto os ventrículos se restabelecem do estado de despolarização. Esse processo no músculo ventricular normalmente ocorre 0,25 a 0,35 segundo após a sua despolarização. É a repolarização dos ventrículos, que passam a ficar aptos para nova contração. →Funcionamento O eletrocardiograma (ECG) representa a corrente elétrica em movimento através do coração durante um batimento. O batimento cardíaco começa com um impulso do marca- passo cardíaco (nó sinoatrial ou sinusal). Esse impulso ativa as câmaras superiores do coração (átrios). A onda P representa a ativação dos átrios. Em seguida, a corrente elétrica flui para as câmaras inferiores do coração (ventrículos). O complexo QRS representa a ativação dos ventrículos. A corrente elétrica, em seguida, espalha-se para trás, ao longo dos ventrículos no sentido oposto. Esta atividade é chamada onda de recuperação, representada pela onda T. IMPORTANTE! . A onda P como os componentes do complexo QRS são ondas de despolarização. . A onda T é conhecida como onda de repolarização. . A repolarização dos átrios ocorre ao mesmo tempo da despolarização dos ventrículos, por isso, ela não aparece no ECG, ficando encoberta pelo complexo QRS. →RELAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA COM O CICLO CARDÍACO O eletrocardiograma mostra as ondas P, Q, R, S e T que são voltagens elétricas geradas pelo coração e registradas pelo eletrocardiógrafo na superfície do corpo. A onda P é causada pela disseminação da despolarização pelos átrios, e isso é seguido pela contração atrial, que causa aumento discreto na curva de pressão imediatamente após a onda P eletrocardiográfica. Passado mais ou menos 0,16 segundo após o início da onda P, as ondas QRS surgem como resultado da despolarização elétrica dos ventrículos, o que inicia a contração ventricular e faz com que a pressão ventricular comece a aumentar, como ilustrado na figura. Portanto, o complexo QRS se inicia pouco antes do início da sístole ventricular. Finalmente, vê-se a onda T ventricular no eletrocardiograma. Ela representa o estágio de repolarização dos ventrículos quando suas fibras musculares começam a relaxar. Portanto, a onda T surge pouco antes do final da contração ventricular. 3) DESCREVER O AUTOMATISMO CARDÍACO E SUA REGULAÇÃO PELO SNA. → Automatismo (Cronotropismo) - Diz respeito a capacidade de o coração gerar seus próprios estímulos elétricos, independentemente de influências extrínsecas ao órgão. No entanto, o automatismo pode ser modificado por diversos fatores,adaptando a frequência de contração do coração as necessidades fisiológicas ou alterando-se em situações patológicas. Os fatores que exercem influência mais importante sobre o automatismo são a atividade do sistema nervoso autônomo, os íons plasmáticos, a temperatura e a irrigação coronariana. Os estímulos responsáveis pela excitação automática do miocárdio podem nascer em qualquer parte do coração. Certas regiões (zonas de marcapasso), no entanto, possuem a capacidade de gerar estímulos de forma especial, fazendo-o com uma frequência própria e mais elevada que aquela das demais regiões do coração, devido à sua diferenciação morfofuncional e consequente peculiaridade eletrofisiológica (tecido nodal). A zona de automatismo que possui a frequência de descarga mais rápida comanda a ativação elétrica cardíaca, 3 3 Lucas Ferraz Medicina – 2º P submetendo a excitação de todo o coração ao seu próprio ritmo, pelo que é denominada de marca-passo do coração, representado pelo nodo sinusal. → Condutibilidade (Dromotropismo) – Diz respeito a condução do processo de ativação elétrica por todo o miocárdio, numa sequência sistematicamente estabelecida, à qual se segue a contração do coração como um todo. O estímulo elétrico gerado no nodo sinusal (marca-passo natural) segue pela musculatura atrial e pelos feixes intermodais atingindo o nodo atrioventricular, de onde emerge penetrando no feixe de His para espalhar-se pelo tecido de condução intraventricular representado pelos ramos e sub-ramos direito e esquerdo deste feixe. Este complexo morfofuncional gerador e condutor do estímulo elétrico cardíaco é, pois, denominado tecido excito- condutor. → Excitabilidade (Batmotropismo) - É a capacidade que tem o miocárdio de reagir quando estimulado, reação esta que se extende por todo o órgão. Isto é, ativando-se um ponto, todo o órgão responde. Cada uma das respostas às ativações regulares do marcapasso constitui uma sístole cardíaca. Quando qualquer outro ponto, que não o marcapasso natural, consegue excitar o coração, a resposta extra chama-se extrassístole. A ocorrência de extrassístoles demonstra, pois, a extraordinária capacidade de excitação do miocárdio, que pode constituir-se em fenômeno puramente fisiológico ou em manifestação de condições patológicas que acometem o coração. → Contratibilidade (Inotropismo) - É a propriedade que tem o coração de se contrair ativamente como um todo único, uma vez estimulada toda a sua musculatura, o que resulta no fenômeno da contração sistólica. Assim, o coração funciona uniformemente, como um sincício. Também o grau de contratilidade pode ser modificado por diversos fatores, intrínsecos e extrínsecos ao coração, com resultante aumento (efeito inotrópico positivo) ou diminuição (efeito inotrópico negativo) da força de contração. Mas, em qualquer caso, o miocárdio sempre responde obedecendo a lei do tudo-ou-nada: ou responde com uma contração máxima ou não responde, em reação a um estímulo. → Distensibilidade (Lusitropismo) - Diz respeito a capacidade de relaxamento global que tem o coração, uma vez cessada sua estimulação elétrica e, em decorrência, terminado o processo de contração, o que determina o fenômeno do relaxamento diastólico. O relaxamento do coração também é um processo ativo, dependente de gasto energético e de ações iônicas e enzimáticas específicas. 4) CARACTERIZAR O DÉBITO CARDÍACO E DESCREVER SEUS MECANISMOS DE CONTROLE. O débito cardíaco (DC) é o volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo (ou ventrículo direito) na aorta (ou tronco pulmonar) a cada minuto. O débito cardíaco é igual ao volume sistólico (VS), o volume de sangue ejetado pelo ventrículo a cada contração, multiplicado pela frequência cardíaca (FC), a quantidade de batimentos cardíacos por minuto: DC (mℓ/min) = VS (mℓ/batimento) × FC (batimentos/min) Em um homem adulto típico em repouso, o volume sistólico é de 70 mℓ/batimento, em média, e a frequência cardíaca é de cerca de 75 bpm. Assim, o débito cardíaco médio é: DC= 70 mℓ/batimento × 75 bpm = 5.250 mℓ/min = 5,25 ℓ/min Este volume é próximo do volume total de sangue, que é de cerca de 5 ℓ em um homem adulto típico. Assim, todo o volume de sangue flui pelas circulações pulmonar e sistêmica a cada minuto. Fatores que aumentam o volume sistólico ou a frequência cardíaca normalmente elevam o DC. Durante o exercício leve, por exemplo, o volume sistólico pode aumentar para 100 mℓ /batimento, e a frequência cardíaca para 100 bpm. O débito cardíaco então seria de 10 ℓ /min. Durante o exercício intenso (mas ainda não máximo), a frequência cardíaca pode acelerar para 150 bpm e o volume sistólico pode subir para 130 mℓ/batimento, resultando em um débito cardíaco de 19,5 ℓ/min. A reserva cardíaca é a diferença entre o débito cardíaco máximo de uma pessoa e o débito cardíaco em repouso. A pessoa média tem uma reserva cardíaca de quatro ou cinco vezes o valor de repouso. Os atletas de resistência de elite têm uma reserva cardíaca sete ou oito vezes o seu DC de repouso. As pessoas com cardiopatia grave podem ter pouca ou nenhuma reserva cardíaca, o que limita a sua capacidade de realizar até mesmo as tarefas simples da vida diária. 4 4 Lucas Ferraz Medicina – 2º P CONTROLE DO DÉBITO CARDÍACO PELO RETORNO VENOSO — MECANISMO DE FRANK-STARLING DO CORAÇÃO Quando se diz que o débito cardíaco é controlado pelo retorno venoso, isso significa que não é o próprio coração normalmente o controlador principal do débito cardíaco. Em vez disso, os diversos fatores da circulação periférica que afetam o fluxo sanguíneo de retorno pelas veias para o coração, referido como retorno venoso, é que são os principais controladores. A primordial razão, pela qual os fatores periféricos são, em geral, tão importantes no controle do débito cardíaco, é que o coração apresenta um mecanismo intrínseco que, nas condições normais, permite que ele bombeie automaticamente toda e qualquer quantidade de sangue que flua das veias para o átrio direito. Esse mecanismo, designado como lei de Frank-Starling do coração, basicamente, diz que quando quantidades elevadas de sangue fluem para o coração, essa maior quantidade de sangue distende as paredes das câmaras cardíacas. Como resultado da distensão, o músculo cardíaco se contrai com mais força, fazendo com que seja ejetado todo o sangue adicional que entrou da circulação sistêmica. Desse modo, o sangue, que flui para o coração, é automaticamente bombeado sem demora para a aorta para fluir de novo pela circulação. Outro fator importante, é que a distensão do coração faz com que seu bombeamento seja mais rápido, resultando em uma frequência cardíaca maior, isto é, a distensão do nodo sinusal na parede do átrio direito tem efeito direto sobre a ritmicidade do próprio nodo, aumentando por até 10% a 15% a frequência cardíaca. Além disso, o átrio direito distendido desencadeia reflexo nervoso, designado como reflexo de Bainbridge, que passa primeiro pelo centro vasomotor do encéfalo e, a seguir, de volta ao coração, pela via nervosa simpática e vagal, acelerando também a frequência cardíaca. Na maioria das condições não estressantes usuais, o débito cardíaco é controlado principalmente pelos fatores periféricos que determinam o retorno venoso. Fontes: -GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. - TORTORA, 14ª ed. 5) CARACTERIZAR A PRESSÃO ARTERIAL, IDENTIFICANDO A REGULAÇÃO DE SEUS COMPONENTES SISTÓLICO E DIASTÓLICO. O sangue flui de regiões de maior pressão para regiões de menor pressão; e quanto maior a diferença de pressão, maior o fluxo sanguíneo. A PA é determinada pelo débito cardíaco, volume de sangue e resistência vascular. A PA é maisalta na aorta e nas grandes artérias sistêmicas; em um adulto jovem a PA sobe para aproximadamente 110 mmHg, durante a sístole, e desce para aproximadamente 70 mmHg durante a diástole. A pressão arterial sistólica é a pressão mais alta obtida nas artérias durante a sístole, e pressão arterial diastólica é a pressão mais baixa obtida nas artérias durante a diástole. À medida que o sangue deixa a aorta e flui pela circulação sistêmica, sua pressão diminui progressivamente, conforme aumenta a distância do ventrículo esquerdo. A pressão arterial diminui para aproximadamente 35 mmHg quando o sangue passa das artérias sistêmicas, através das arteríolas sistêmicas, e para os capilares, nos quais as flutuações de pressão desaparecem. Na extremidade venosa dos capilares, a pressão arterial diminuiu para aproximadamente 16 mmHg. A pressão arterial continua a diminuir conforme o sangue entra nas vênulas sistêmicas e, em seguida, nas veias, porque estes vasos estão muito mais afastados do ventrículo esquerdo. Finalmente, a pressão arterial chega a 0 mmHg quando o sangue flui para o ventrículo direito. Pressão arterial media (PAM): a pressão arterial média nas artérias é aproximadamente um terço das pressões sistólica e diastólica. Pode ser calculada como se segue: PAM = PA diastólica + 1/3 (PA sistólica - PA diastólica) Assim, em uma pessoa cuja PA seja 110/ 70 mmHg, a PAM e de aproximadamente 83 mmHg (70 + l / 3 (110 - 70)). Já vimos que o debito cardíaco é igual a frequência cardíaca multiplicada pelo volume sistólico. Outra forma de calcular o débito cardíaco é dividir a pressão arterial média (PAM) pela resistência (R) .DC = PAM + R. Reorganizando os termos desta equação, podemos verificar que PAM= D C X R. Se o debito cardíaco aumenta em decorrência de um aumento no volume sistólico ou na frequência cardíaca, neste caso, a pressão arterial média aumenta desde que a resistência permaneça estável. Igualmente, uma redução no débito cardíaco provoca redução na pressão arterial, se a resistência não se alterar. A pressão arterial também depende do volume total de sangue no sistema circulatório. O volume normal de sangue, 5 5 Lucas Ferraz Medicina – 2º P no adulto, e de aproximadamente 5 litros. Qualquer redução deste volume, como na hemorragia, diminui o volume de sangue circulando pelas artérias a cada minuto. Uma redução modesta e compensada pelos mecanismos homeostáticos que ajudam na manutenção da pressão arterial, mas se a redução no volume sanguíneo for maior do que 10% do total, a pressão arterial diminui. Inversamente, qualquer aumento no volume sanguíneo, como a retenção de água no corpo, tende a aumentar a pressão sanguínea. MECANISMOS DE REGULAÇÃO Existem complexos mecanismos de regulação que permitem adaptar a pressão arterial às necessidades fisiológicas de cada momento, assegurando assim os valores mais corretos para que o fluxo sanguíneo chegue a todos os territórios do organismo. Basicamente, estes mecanismos modificam, de uma forma ou de outra, os dois parâmetros básicos que mantêm a pressão arterial, o débito cardíaco e a resistência vascular periférica. Deste modo, a pressão arterial sobe perante um aumento do débito cardíaco ou quando se produz uma vasoconstrição periférica (contração das pequenas artérias) e desce quando o débito cardíaco diminui ou quando se produz uma vasodilatação periférica (dilatação das pequenas artérias). Tipos. Existem alguns mecanismos reguladores de ação rápida, que se ativam em poucos segundos e em poucos minutos tentam normalizar a situação. É o caso dos barorreceptores, terminações nervosas especialmente sensíveis às variações de pressão no interior da aorta e das artérias carótidas. Próximo dos anteriores, existem outros receptores especiais, os quimiorreceptores, estimulados caso detectem urna redução da concentração de oxigénio ou volume de sangue circulante, provocando indiretamente o aumento da força contráctil e frequência cardíaca. Existem outros mecanismos reguladores que têm, por outro lado, uma ação mais lenta, embora com efeitos mais prolongados. Os principais rodeiam o rim, órgão encarregue de filtrar o sangue e, por isso, muito sensível perante a diminuição do fluxo sanguíneo que lhe chega. Caso se produza uma grande descida da pressão arterial, que leve a uma diminuição da perfusão, as células especializadas do rim segregam para o sangue uma hormona denominada renina. Esta hormona ativa um precursor denominado angiotensinogénio, que se transforma, após reações bioquímicas catalisadas pela enzima de conversão, em angiotensina II, um potente vasoconstritor periférico, que provoca a contração das pequenas arteríolas e o aumento da pressão arterial. Para além disso, a angiotensina II estimula as glândulas suprarrenais a produzir outra hormona, denominada aldosterona. Todos estes mecanismos resumidos previamente interagem entre si e constituem um complexo sistema de regulação da pressão arterial, um sistema que, infelizmente, falha muitas vezes, dando origem a desvios dos valores normais da pressão arterial, quer seja a sua persistente subida (a hipertensão arterial) ou a sua considerável diminuição (a hipotensão arterial). 6) IDENTIFICAR A REGULAÇÃO AUTONÔMICA DA MUSCULATURA PERIVASCULAR PERIFÉRICA. - Os ajustes da frequência cardíaca são importantes no controle a curto prazo do débito cardíaco e da pressão arterial. O nó SA inicia a contração e, se deixado por conta própria, estabeleceria uma frequência cardíaca de100bpm. - Entretanto os diferentes tipos de tecidos precisam de diferentes volumes de sangue. - Nesses casos, os mecanismos homeostáticos mantêm um débito cardíaco adequado pelo aumento da frequência cardíaca. Os mecanismos mais importantes são a divisão autônoma do sistema nervoso e os hormônios liberados pelas glândulas suprarrenais (epinefrina e noradrenalina) Regulação Autonômica da Frequência Cardíaca: a regulação pelo sistema nervoso tem início no Centro Cardiovascular que é localizado no bulbo, sendo que essa região do tronco encefálico recebe in formações de diversos receptores sensoriais e dos centros cerebrais, como por exemplo: sistema límbico e do córtex cerebral. - A partir dessas informações recebidas o Centro Cardiovascular direciona o débito cardíaco apropriado, por meio do aumento ou diminuição da frequência dos impulsos nervosos nas áreas simpáticas e parassimpáticas do SNA. - Mesmo antes da realização de atividades físicas, como em momentos antes de competições a frequência cardíaca pode aumentar, isso ocorre, pois, o sistema límbico envia impulsos nervosos para o Centro Cardiovascular do bulbo. - Quando a atividade física se inicia os proprioceptores que monitoram a posição dos membros e dos músculos enviam impulsos nervosos ao CV para aumentar a frequência cardíaca. 6 6 Lucas Ferraz Medicina – 2º P - Os quimiorreceptores, que monitoram alterações químicas no sangue, também enviam impulsos para o CV, e os barorreceptores, que monitoram o estiramento das principais veias e artérias causado pela pressão do sangue que passa por elas, também enviam impulsou ao CV. - Os neurônios simpáticos, que estão presentes na região do bulbo até à medula espinal. Da região torácica da medula espinal, os Nervos Simpáticos Aceleradores Cardíacos estendem-se para o Nó SA, Nó AV e para a maior parte do miocárdio. → Os impulsos dos nervos cardíacosaceleradores desencadeiam a liberação norepinefrina, que se liga aos receptores β1 (Beta-1) das fibras cardíacas; → Essa interação possui dois efeitos diferentes: 1) Nas fibras do Nó SA, a norepinefrina acelera a taxa de despolarização espontânea, de modo que estes marca-passos disparam impulsos mais rápido, o que aumenta a frequência cardíaca; 2) Nas fibras contrateis dos átrios e ventrículos, a norepinefrina aumenta a entrada de Ca²+ através dos canais lentos de Ca²+ acionados por voltagem, aumentando então a contrabilidade. Como resultado um maior volume de sangue é ejetado durante a sístole. - Com a estimulação simpática máxima, no entanto, a frequência cardíaca pode chegar a 200bpm em uma pessoa de 20 anos de idade. Sendo que a frequência máxima diminui com idade. - Já os impulsos parassimpáticos chegam por meio dos Nervos Vagos (NC X) direito e esquerdo. Os axônios vagais terminam no Nó SA, no Nó AV e no miocárdio atrial. → Eles liberam acetilcolina, o que reduz a frequência cardíaca, diminuindo a velocidade de despolarização espontânea das fibras autorrítmicas; → A frequência cardíaca de repouso (75bpm) geralmente é menor do que a frequência autorrítmica do Nó SA (cerca de 100bpm); → Com a estimulação máxima pela parte parassimpática, o coração pode desacelerar para 20 a 30 bpm , podendo também parar. 7) RECONHECER AJUSTES DO RITMO DO CORAÇÃO FEITOS A CURTO E LONGO PRAZO CONSIDERANDO A INFLUÊNCIA DO ESTRESSE E HÁBITOS DE VIDA. A epinefrina e a norepinefrina aumentam a frequência cardíaca. O hormônio tireoideo, liberado pela glândula tireoide na corrente sanguínea, é outro fator que aumenta a frequência cardíaca. Durante o repouso, em adultos, a frequência cardíaca normal é de 60 a 100 batimentos por minuto. Frequências menores são comuns, no entanto, entre adultos jovens, especialmente os com boa forma física. A frequência cardíaca de uma pessoa normalmente varia em resposta à atividade física e a determinados estímulos, como dor e ira. O ritmo cardíaco deve ser considerado anormal se a frequência cardíaca estiver excessivamente rápida (taquicardia), lenta (bradicardia) ou irregular, ou quando os impulsos elétricos percorrem o coração por uma via de condução anormal. ESTRESSE Um dos principais componentes de influência negativa sobre a saúde física e mental das pessoas é o estresse, sendo que a sua relação com o coração já está bem estabelecida (JUNQUEIRA, 2015). O estresse agudo ativa o ramo simpático do sistema nervoso. O corpo então reage e libera cortisol e adrenalina no organismo, acelerando os batimentos cardíacos (ELIOT, 1992). Caso não seja retirada a fonte que desencadeou o estresse agudo, que inclui fatores biopsicossociais de patogênese, o estresse começa a se acumular no organismo e torna-se estresse crônico. Se não tratado, o indivíduo pode atingir a fase de exaustão total. Dentre as formas de se identificar a presença do estresse, está a utilização de instrumentos de avaliação psicológica (questionários) e as técnicas de coleta e avaliação de variáveis fisiológicas (JUNQUEIRA, 2015). Uma dessas técnicas utiliza a avaliação da frequência cardíaca e a sua variabilidade, conhecida na sigla em inglês por HRV (Heart Rate Varibility). Considera-se que os indicadores de HRV, que inclui parâmetros nos domínios do tempo e da frequência, refletem as alterações que ocorrem no sistema nervoso autônomo, que, por sua vez, se traduzem na ativação dos ramos simpático e parassimpático, indicando assim a presença ou a ausência de estresse do organismo. Em particular, o fenômeno conhecido como Isquemia do Miocárdio Causada pelo Estresse Mental, caracterizada pelo surgimento da isquemia do miocárdio durante eventos associados às experiências mental ou emocionalmente estressantes, tem exigido a atenção dos pesquisadores, que 7 7 Lucas Ferraz Medicina – 2º P buscam compreender a patofisiologia do fenômeno e a definição dos possíveis tratamentos a serem adotados (MOLINARI; COMPARE & PARATI, 2007). 8) CORRELACIONAR AS ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO CARDÍACA COM A SINTOMATOLOGIA DAS DUAS SENHORAS DO PROBLEMA. • Sintomatologia → Josefina: fortes palpitações / assustada pela situação da mãe. Dona Dulce: palidez, pulso arterial lento (56 bpm), pressão arterial 90x60 mmHg e implantação do marcapasso cardíaco. Palpitações: Normalmente, as pessoas não percebem os batimentos do seu coração. Entretanto, muitos podem perceber os batimentos de seu coração quando algo faz com ele bata com mais força ou mais rapidamente que normal. Esses batimentos rápidos e fortes são uma resposta normal do coração (taquicardia sinusal). As causas incluem o seguinte: ✓ Exercício ✓ Emoções fortes (como ansiedade, medo e dor) ✓ Contagem de células sanguíneas baixa (anemia) ✓ Hipotensão arterial ✓ Febre ✓ Desidratação • Em outros casos, as palpitações resultam de uma perturbação do ritmo cardíaco (arritmia). • Tipos de arritmias: as arritmias variam de inofensivas a potencialmente fatais. As arritmias mais comuns incluem ✓ Batimentos atriais prematuros ✓ Batimentos ventriculares prematuros ✓ Esses dois tipos de arritmia normalmente ocorrem em pessoas sem doença cardíaca e são inofensivos. O batimento prematuro em si não é sentido. O que se sente é o batimento normal seguinte, que ocorre após um pequeno atraso e, em geral, é um pouco mais forte que o normal. Embora as pessoas sintam que seu coração pulou uma batida, na verdade, isso não aconteceu. • Outras arritmias que causam palpitação incluem: ✓ Taquicardia paroxística supraventricular (TPSV) ✓ Taquicardia atrioventricular nodal de reentrada ✓ Fibrilação atrial ou flutter atrial ✓ Taquicardia ventricular • Há outras arritmias que envolvem aceleração dos batimentos cardíacos para muito além do normal. Arritmias em que o coração bata muito lento raramente causam palpitações, embora algumas pessoas sintam a frequência lenta. • Causas de arritmias: algumas arritmias (por exemplo, batimentos atriais prematuros, batimentos ventriculares prematuros ou TPSV) frequentemente acontecem em pessoas que não possuem doenças subjacentes graves. Outros frequentemente são causados por uma doença cardíaca grave ou por uma doença em outras partes do corpo. ✓ Doenças cardíacas sérias incluem angina, ataque cardíaco (síndrome coronariana aguda), doenças cardíacas congênitas (por exemplo, síndrome de Brugada ou síndrome do QT longo), problemas nas válvulas do coração e perturbações do sistema de condução (por exemplo, síndrome de Wolff-Parkinson-White). ✓ Doenças não relacionadas ao coração que podem causar arritmias incluem: Glândula tireoide hiperativa (hipertireoidismo) Baixo nível de oxigênio no sangue (hipóxia) Baixo nível de potássio no sangue (hipocalemia) Baixo nível de magnésio no sangue (hipomagnesemia) Certos medicamentos, incluindo álcool, cafeína, digoxina, nicotina e alguns medicamentos estimulantes (como albuterol, anfetaminas, cocaína, epinefrina, efedrina e teofilina) Um tumor das glândulas adrenais (feocromocitoma) • Complicações: as arritmias que fazem com que o coração bata de forma muito acelerada causam complicações (particularmente em pessoas idosas). Se o coração bater muito rapidamente, ele pode não ser capaz de bombear sangue adequadamente e as pessoas podem ter sensação de desmaio, desmaiar ou desenvolver insuficiência cardíaca. A falência cardíaca ocorre especialmente em pessoas com 8 8 Lucas Ferraz Medicina – 2º P histórico de falência cardíaca ou ataque cardíaco, porém ela pode ocorrer em outras pessoas se a frequência cardíaca estivermuito rápida ou se o coração estiver batendo muito rapidamente por um longo período. Uma frequência cardíaca muito acelerada também aumenta a demanda por oxigênio do músculo cardíaco. Pessoas que têm estreitamento das artérias que vão para o músculo cardíaco (doença arterial coronariana) podem desenvolver dor torácica causada por angina ou um ataque cardíaco (que pode ser fatal). Algumas arritmias, particularmente as taquicardias ventriculares, são instáveis e podem causar um ataque cardíaco diretamente. • Avaliação de palpitações: embora nem todas as palpitações sejam causadas por uma doença cardíaca, as consequências de algumas dessas doenças são tão sérias que pessoas com palpitações geralmente devem ser avaliadas por um médico. As informações a seguir podem ajudar as pessoas a decidir quando procurar um médico e ajudar a saber o que esperar durante o exame. • Sinais de alerta: em pessoas com palpitações, certos sintomas e características são motivo de preocupação. Incluem: ✓ Sensação de desmaio iminente ou desmaio ✓ Pressão ou dor torácica ✓ Falta de ar ✓ Frequência cardíaca superior a 120 batimentos por minuto ou inferior a 45 batimentos por minuto ✓ Apresentar doença cardíaca ou histórico familiar de morte súbita, desmaio recorrente ou distúrbio convulsivo sem explicação. • Exames: ✓ (ECG), às vezes com monitoramento ambulatorial ✓ Testes laboratoriais ✓ Às vezes, exames por imagem, teste de esforço ou ambos ✓ Às vezes, teste eletrofisiológico ✓ É feito um ECG. Se o ECG for realizado enquanto a pessoa está apresentando palpitações ou frequência cardíaca anormal, o diagnóstico geralmente é claro. Entretanto, apenas poucas causas produzem um ECG anormal quando as pessoas não estão apresentando palpitações. Assim, as pessoas com palpitações intermitentes podem precisar usar um monitor de ECG por um ou dois dias (monitor Holter – Monitor Holter: Leituras de ECG contínuas) ou por um período mais extenso (gravador de eventos) para detectar arritmias de ocorrência breve ou irregular. Em algumas pessoas, os médicos podem inserir um dispositivo sob a pele para monitorar os batimentos cardíacos. Esse dispositivo é chamado um monitor de eventos (“loop recorder”) e monitora continuamente os batimentos cardíacos da pessoa. Depois disso, os médicos podem utilizar um monitor externo para verificar se o monitor de eventos registrou arritmias cardíacas. Alguns produtos disponíveis comercialmente, por exemplo, rastreadores de condicionamento físico, que monitoram a frequência cardíaca, e outros rastreadores que monitoram os ritmos cardíacos, estão disponíveis para smart phones e relógios, mas oferecem informações mais limitadas. Testes laboratoriais são necessários. Os médicos fazem um hemograma completo e medem os eletrólitos no soro, incluindo potássio, magnésio e cálcio. Outras substâncias no sangue podem ser medidas (marcadores cardíacos) se a pessoa apresentar outros sintomas que sugiram uma possível síndrome coronariana aguda. Os médicos medem os níveis da tireoide no sangue, caso suspeitem de tireoide hiperativa, e também os níveis de outros hormônios em pessoas que possam ter feocromocitoma. Podem ser realizados outros exames, caso o médico suspeite de outras causas. ✓ Às vezes é necessário um exame de imagem. Em pessoas com achados sugestivos de doença cardíaca no ECG, os médicos fazem um ecocardiograma e, às vezes, uma ressonância magnética (RM) do coração. Pessoas com sintomas durante as atividades precisam realizar um teste de esforço acompanhado, às vezes, de ecocardiograma ou varredura nuclear. Um estudo eletrofisiológico (EF) é realizado quando os sintomas são graves e os médicos suspeitam de um problema perigoso no ritmo cardíaco que não foi encontrado em outros exames. Nesse exame, o médico passa pequenos eletrodos através de uma veia até o coração. Esses eletrodos registram a atividade elétrica do coração com mais detalhes do que o ECG. • Tratamento de palpitações: Medicamentos e substâncias como a cafeína, conhecidas por piorarem as palpitações, são interrompidas. Se arritmias perigosas ou debilitantes forem causadas por um medicamento terapêutico necessário, os médicos tentam outro medicamento. Os médicos, em geral, simplesmente oferecem apoio e conforto para pacientes com batimentos atriais ou ventriculares prematuros que não são causados por uma doença cardíaca. Se essas palpitações 9 9 Lucas Ferraz Medicina – 2º P inofensivas forem muito incômodas, os médicos podem prescrever um betabloqueador (um tipo de medicamento antiarrítmico). Outras perturbações rítmicas e doenças subjacentes detectadas são investigadas e tratadas (Arritmias cardíacas). Inicialmente, os médicos geralmente administram medicamentos controladores do ritmo (como digoxina, flecainida, verapamil, diltiazem ou amiodarona). No entanto, muitos desses medicamentos podem causar perturbações do ritmo cardíaco eles mesmos, bem como outros efeitos colaterais. No caso de determinadas arritmias (por exemplo, flutter atrial, TPSV e taquicardia atrioventricular nodal de reentrada), ablação por radiofrequência, um tratamento mais invasivo, é frequentemente a melhor opção. Se os medicamentos não funcionarem ou se as pessoas tiverem certas perturbações do ritmo perigosas, os médicos podem usar tratamentos invasivos, como cardioversão elétrica por corrente contínua ou implantação de uma combinação de marca-passo e desfibrilador. A escolha do procedimento depende do quadro clínico específico que está causando a perturbação. Hipotensão arterial: A hipotensão arterial ocorre quando a pressão arterial cai a ponto de provocar sintomas como tonturas e desmaios. Uma pressão arterial muito baixa pode causar danos a órgãos, um processo chamado choque. Quando a pressão arterial é muito baixa, não chega uma quantidade suficiente de sangue a todas as partes do corpo. Assim, as células não recebem oxigênio e nutrientes suficientes e os resíduos não são eliminados da forma adequada. Por isso, os órgãos e as células afetadas em seu interior começam a funcionar mal. A pressão arterial muito baixa pode ser fatal, já que pode provocar choque, pois a falta de fluxo sanguíneo causa danos aos órgãos. Pessoas saudáveis com pressão arterial baixa, mas ainda dentro dos limites normais (quando medida em repouso), tendem a viver mais tempo do que pessoas com pressão arterial que esteja na extremidade alta do normal. O corpo conta com vários mecanismos para normalizar a pressão arterial após ela aumentar ou diminuir durante as atividades normais, como exercício físico ou sono. Estes envolvem • Alteração do diâmetro das artérias pequenas (arteríolas) e, em menor grau, das veias • Alteração do volume de sangue bombeado do coração para o corpo (débito cardíaco) • Alteração do volume de sangue nos vasos sanguíneos • Alteração da posição do corpo Monitoramento e controle da pressão arterial: Barorreceptores são células especializadas localizadas nas artérias que atuam como sensores da pressão arterial. Os sensores localizados nas grandes artérias do pescoço e do tórax são especialmente importantes. Quando os barorreceptores detectam uma alteração na pressão arterial, eles desencadeiam uma reação do corpo para manter uma pressão arterial constante. Os nervos transportam sinais desses sensores e do cérebro para: • O coração, que recebe sinais para alterar a frequência e a intensidade dos batimentos cardíacos (alterando, assim, a quantidade de sangue bombeado). Essa alteração é uma das primeiras a ocorrer e corrige rapidamente a hipotensão arterial. • As arteríolas, que recebem sinais para se contrair ou se dilatar (alterando, assim, a resistência dos vasos sanguíneos). • As veias, que recebem sinais para se contrair ou se dilatar (alterando, assim,sua capacidade de retenção de sangue). • Os rins, que recebem o sinal para mudar a quantidade de líquido excretada (alterando, assim, o volume de sangue nos vasos sanguíneos) e para mudar a quantidade de hormônios que produzem (sinalizando, assim, as arteríolas para que se contraiam ou dilatem e alterem o volume de sangue). Esta alteração demora muito para produzir resultados e, por isso, é o mecanismo mais lento para a forma como o corpo controla a pressão arterial. Causas de hipotensão arterial: normalmente, a hipotensão arterial resulta de um ou mais dos seguintes: • Dilatação das artérias pequenas (arteríolas) • Certos distúrbios cardíacos • Volume de sangue muito reduzido Também ocorre hipotensão arterial quando os nervos que conduzem sinais entre o cérebro e o coração e os vasos sanguíneos são danificados por distúrbios neurológicos chamados neuropatias vegetativas. Quando a pressão arterial se encontra muito baixa, o primeiro órgão cujo funcionamento é atingido geralmente é o cérebro. O cérebro passa a funcionar mal em primeiro lugar porque está localizado na parte superior do corpo e o fluxo sanguíneo 10 10 Lucas Ferraz Medicina – 2º P precisa vencer a gravidade para chegar ao cérebro. Por isso, a maioria das pessoas com hipotensão arterial sente tonturas ou sensação de desmaio iminente, principalmente quando estão em pé e algumas podem chegar a desmaiar. Quando desmaiam, as pessoas geralmente caem no chão, em geral com o cérebro ao nível do coração. Como resultado, o sangue pode fluir para o cérebro sem ter de vencer a gravidade e o fluxo sanguíneo para o cérebro aumenta, ajudando a protegê-lo de lesões. No entanto, se a pressão arterial estiver muito baixa, ainda há a possibilidade de lesões cerebrais. Além disso, o desmaio pode resultar em lesões sérias na cabeça ou em outras partes do corpo. A hipotensão arterial ocasionalmente provoca falta de ar ou dor torácica devido ao fornecimento insuficiente de sangue ao músculo cardíaco (um quadro clínico chamado angina). Todos os órgãos começam a funcionar mal se a pressão arterial se tornar muito baixa e permanecer baixa. Esse quadro clínico é conhecido como choque. Bradicardia: A disfunção do nódulo sinusal é uma anormalidade no marca-passo natural do coração que causa uma redução da frequência cardíaca. • Em algumas pessoas é assintomática, ou podem sentir-se fracas, cansadas ou ter palpitações. • O diagnóstico é estabelecido com base no eletrocardiograma. • O implante de um marca-passo artificial é geralmente necessário. A disfunção do marca-passo natural do coração (nódulo sinusal ou sinoatrial) pode causar batimentos cardíacos persistentemente lentos (bradicardia sinusal) ou a interrupção total da atividade normal do marca-passo (parada sinusal – veja a figura Rastreamento das vias elétricas do coração). Quando a atividade cessa, outra zona do coração geralmente se encarrega da função do nódulo sinusal. Essa zona, denominada foco ectópico de escape, e pode ser logo abaixo no átrio, no nódulo atrioventricular, no sistema de condução ou no próprio ventrículo. Todos os tipos de disfunção do nódulo sinusal são mais frequentes em idosos. O uso de certos medicamentos e uma glândula tireoide hipoativa (hipotireoidismo) podem causar disfunções do nódulo sinusal. A causa, no entanto, é geralmente desconhecida. Quando a causa é desconhecida, a doença denomina-se síndrome do nódulo sinusal. As disfunções do nódulo sinusal afetam mais frequentemente idosos, especialmente aqueles com outras cardiopatias ou diabetes. O motivo mais comum é a formação de um tecido cicatricial (fibrose) no nódulo sinusal. Outras causas incluem o uso de medicamentos (betabloqueadores e outros medicamentos usados para arritmias cardíacas, por exemplo), impulsos excessivos emitidos pelo nervo vago, responsável pela inibição dos batimentos cardíacos (comum em atletas bem treinados) e muitos distúrbios que limitam o fluxo sanguíneo (por exemplo, doença arterial coronariana) ou causam inflamação (como a febre reumática ou a inflamação do músculo cardíaco, chamada miocardite). Sintomas de disfunção do nó sinusal: Muitos tipos de disfunção do nódulo sinusal são assintomáticos. Uma frequência cardíaca persistentemente lenta geralmente provoca fraqueza e cansaço. Se a frequência se tornar muito lenta, desmaios podem ocorrer. A frequência cardíaca acelerada é geralmente sentida sob a forma de palpitações. Quando a frequência acelerada é interrompida, podem ocorrer desmaios caso o nódulo sinusal tarde em restaurar o ritmo cardíaco normal. Diagnóstico de disfunção do nó sinusal→Eletrocardiograma Pulso lento (sobretudo, se irregular), pulso que oscila muito sem que a pessoa altere suas atividades ou pulso que não se acelere durante a atividade física, são indicativos de disfunções do nódulo sinusal. Os médicos podem diagnosticar uma disfunção do nódulo sinusal em função dos sintomas e dos resultados do eletrocardiograma (ECG), especialmente se o ritmo cardíaco puder ser registrado durante 24 horas com um monitor Holter. Tratamento de disfunção do nó sinusal--→Implante de um marca-passo artificial Um marca-passo artificial é geralmente implantado em pessoas que manifestam sintomas, com o objetivo de acelerar a frequência cardíaca. Se essas pessoas também tiverem frequência cardíaca acelerada, o uso de medicamentos redutores da frequência cardíaca (como betabloqueadores ou bloqueadores dos canais de cálcio – veja a tabela. Alguns medicamentos usados no tratamento de arritmias) pode ser necessário 9) IDENTIFICAR OS FATORES PSÍQUICOS QUE PODEM DESENCADEAR E OU PIORAR AS CONDIÇÕES DO PACIENTE CARDÍACO. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as doenças cardiovasculares (DCV) são consideradas a principal causa de 11 11 Lucas Ferraz Medicina – 2º P morte em todo o mundo. Estima-se, por exemplo, que em 2012 cerca de 31% de todas as mortes registradas no mundo foram devidas às DCV (OMS, 2015). O Brasil segue este percentual, tendo as doenças cardiovasculares sido responsáveis por 31,2% de todas as mortes registradas no país, de acordo com levantamentos do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012). Existem diversos fatores de risco associados ao aparecimento das DCV, entre eles o tabagismo, o sedentarismo, o abuso de álcool e drogas, a obesidade, a presença de diabetes e a hipertensão arterial. Para além destes, existe também o impacto dos fatores psicológicos e psicossociais na patogênese das DCV. Dentre esses fatores destacam-se a depressão, a ansiedade, as características de personalidade, o isolamento social e o estresse crônico (ROZANSKI; BLUMENTHAL & KAPLAN, 1999). Também o estresse mental é agora reconhecido como fator de risco (GINSBERG et al, 2015), em particular aquele desencadeado por fatores emocionais presentes durante a interação interpessoal, devido à reatividade cardiovascular associada (LIPP et al, 2006). Coração e mente parecem estar profundamente interligados. Assim, um evento que provoque um impacto mental intenso pode produzir, por exemplo, sensações de dor ou de ansiedade, de alegria exagerada ou de otimismo, que se estendem ao coração, alterando o seu ritmo, o que provoca alterações no sistema nervoso autônomo, que por sua vez afetam o humor e o comportamento do indivíduo (ALLAN & FISHER, 2003).
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