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RESUMOS ENSINO DE QUÍMICA 2 SUMÁRIO 1. O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ................................................................................... 5 1.1 APRESENTAÇÃO ..................................................................................... 5 1.2 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 5 1.3 A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA .................................................. 6 1.4. O CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA .......................................... 7 1.4.1 O Estágio curricular supervisionado em química ................................ 8 1.4.2 O currículo ........................................................................................ 11 1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 12 1.6 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 13 2. A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA .......................................................................................................... 13 2.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 13 2.2 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 13 2.3 A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ................................................ 14 2.4. A PESQUISA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM QUÍMICA16 2.4.1 A importância da Pesquisa ............................................................... 16 2.4.2 Os desafios da Pesquisa no ensino de química ............................... 19 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 20 2.6 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 21 3. A INCLUSÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE, NO ENSINO DE QUÍMICA E NA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................................ 21 3.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 21 3.2 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 22 3.3. A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ............................................... 23 3.4 A INCLUSÃO NO ENSINO BRASILEIRO ................................................ 24 3.4.1 A inclusão no ensino de química ...................................................... 28 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 30 3.6 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 31 4. O PAPEL DAS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE ELETROQUÍMICA ........................................................................................... 31 4.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 32 4.2 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 32 4.3 O ENSINO DE QUÍMICA ......................................................................... 33 4.3.1 O ensino de eletroquímica ................................................................ 33 4.4 A UTILIZAÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS PARA O ENSINO DA QUÍMICA E ELETROQUÍMICA ..................................................................... 35 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 39 4.6 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 39 5. POLÍTICAS PÚBLICAS E DIRETRIZES NACIONAIS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA .................................................................. 40 5.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 40 5.2. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 41 5.3 A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ................................................ 41 3 5.4 AS LEIS QUE BALIZAM A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA ....................................................................................................... 43 5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 50 5.6 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 50 6. CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS E EPISTEMOLÓGICAS NA FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ................................................................................. 51 6.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 51 6.2. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 52 6.3 A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ................................................ 52 6.4 AS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS ATUAIS PARA O ENSINO ............ 54 6.5 AS CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS NO ENSINO DE QUÍMICA .... 55 6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 58 6.7 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 58 7. INTERDISCIPLINARIDADE E CONTEXTUALIZAÇÃO NO ESTUDO DA QUÍMICA ORGÂNICA ..................................................................................... 59 7.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 59 7.2 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 59 7.3. O ENSINO DE QUÍMICA ........................................................................ 60 7.3.1 O ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA .................................................. 61 7.4. A CONTEXTUALIDADE NO ENSINO DA QUÍMICA ORGÂNICA ........... 62 7.5. A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DA QUÍMICA ORGÂNICA .. 64 7.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 66 7.7 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 67 8. A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR NA FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ........................................................... 67 8.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 67 8.3. A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ............................................... 68 8.4. O ENSINO DE QUÍMICA ........................................................................ 70 8.5. A PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR .............................. 71 8.5.1 Na legislação atual ............................................................................ 71 8.5.2. A importância da prática no currículo ............................................... 72 8.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 75 8.7 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 75 9. AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE SUBSTÂNCIAS E SUAS PROPRIEDADES .............................................. 75 9.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................... 75 9.2. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 76 9.3 O ENSINO DE QUÍMICA ......................................................................... 77 9.3.1 O ensino de substâncias e suas propriedades ................................. 77 9.4. AS TIC’S NA EDUCAÇÃO ...................................................................... 79 9.4.1 AS TIC’S NO ENSINO DE QUÍMICA .................................................... 79 9.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................81 9.6 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 82 10. A CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA ........................................................................ 82 10.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................. 82 4 10.2. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 83 10.3. A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA ............................................. 83 10.4. A EXTENSÃO NOS CURRÍCULOS DOS CURSOS DE QUÍMICA LICENCIATURA ............................................................................................ 85 10.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 87 10.6 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 88 5 1. O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA 1.1 APRESENTAÇÃO Educar é o desafio que todo professor tanto na área da química, como em outras áreas, encontra e vivencia diariamente. Com isso, a perspectiva de formação de docente torna-se de grande relevância para a área da química, pois auxilia a investigar e analisar como realmente ocorrem as práticas pedagógicas e como podemos melhorá-la. Além disso, momentos de aprendizagem e de reflexão a respeito do professor que se quer formar, quais são suas necessidades educativas e quais são os conhecimentos necessários para o seu desenvolvimento profissional, são pontos extremamente necessários para serem avaliados continuamente, pois assim, teremos um professor apto para o ambiente escolar e alunos mais motivados e afim de aprenderem. Com isso temos os itens essenciais que a formação docente devem enfatizar e priorizar, para poder formar um professor crítico e reflexivo em sua prática pedagógica, para que todo o processo de ensino e aprendizagem tenham significado. Desta maneira, uma das partes principais da formação docente, o estágio curricular supervisionado, será abordado ao longo deste texto. 1.2 INTRODUÇÃO O estágio supervisionado é um percurso de formação que propicia a dialética entre a teoria e a prática, ou seja, um espaço de questionamentos, de pesquisa, de ressignificação das práticas, como possibilidades de o professor reinventar sua trajetória pessoal e profissional. (MENDES; MACIEL; LIMA, 2012, p. 8). Esse espaço permite o desenvolvimento de práticas as quais integrem o ensino, a pesquisa e a extensão aos licenciandos. Os estágios de Ciências e de Química são uma parte fundamental da formação para a compreensão dos estudantes da Licenciatura em Química sobre o ofício que irão assumir como profissionais após a conclusão da graduação em nível superior em química licenciatura. Eles proporcionam aos estudantes um espaço para pensar, refletir e buscar meios e estratégias de aprendizado aos estudantes das escolas, visto que estas disciplinas, na 6 maioria das vezes são muito abstratas e de difícil compreensão por parte dos estudantes (KLEIN; LÜDKE, 2019). Com isso, devido a importância do estágio curricular supervisionado no curso de licenciatura em química, que este deve proporcionar aos estudantes uma experiência relevante e significativa. 1.3 A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA o professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos. Neste contexto, o reservatório de todos esses saberes discutidos acima, poderá ser aliado de referência nas decisões do professor em sala de aula, podendo resultar um processo de ensino e de aprendizagem significativo. A construção e funcionalidade do saber está estritamente relacionado com a formação de professores. Ou seja, pensar na formação inicial e continuada dos professores, implica estudar, construir, aplicar, refletir a respeito dos saberes. É relevante um contínuo aprimoramento profissional do professor de Química, com reflexões críticas a respeito de sua prática pedagógica, que expressa melhoria no processo de ensino e de aprendizagem de conceitos químicos. Uma segunda razão diz respeito à relevância de minimizar o distanciamento entre as pesquisas a respeito do ensino de Química e a utilização das mesmas no processo de ensino e de aprendizagem, implicando que o professor participe desse processo. Muitas vezes, em pesquisas, o professor é considerado apenas como objeto de investigação por parte de professores da universidade. A terceira razão seria lacunas da formação inicial do futuro professor de Química. A formação continuada é um processo de aprendizagem e de socialização, de natureza voluntária, informal e pouco previsível, que está centrado na interação entre colegas e nos problemas que trazem de suas práticas docentes (SCHNETZLER, 2002, p. 16). Leal (2009) afirma que o modelo de ensino e de aprendizagem por transmissão-recepção de conteúdos, devido à falta de aperfeiçoamento de professores de Química, ainda está em alta nessa área do conhecimento. Isto 7 acarreta uma passividade por parte dos alunos que acaba "provocando um sentimento de frustração e desmotivação" (LEAL, 2009, p. 9). Assim, a formação continuada é uma necessidade intrínseca à prática pedagógica, sempre mais complexa e de nível crescente de exigência de conhecimentos da qual a formação inicial não pode dar conta. Para MALDANER (2020), a formação continuada dos professores de Química deve proporcionar ao docente uma visão mais ampla no que diz respeito a conhecimento, sujeitos em interação, currículo, metodologia, ensino e aprendizagem. Tendo em vista, que o objetivo dos cursos de Licenciatura em Química é: formar o professor para atuar na educação básica. Tal formação deve contemplar inúmeros aspectos inerentes à formação do bom professor, tais como conhecimento do conteúdo a ser ensinado, conhecimento curricular, conhecimento pedagógico sobre a disciplina escolar Química, conhecimentos sobre a construção do conhecimento científico, especificidades sobre o ensino e a aprendizagem da Ciência Química. (Silva & Oliveira, 2009, p. 1). Dessa maneira, formar professores transcende o ensino de técnicas e métodos na prática docente, pois é de grande relevância formar sujeitos que atuem de forma crítica, refletindo constantemente sua prática e que tenham uma ampla compreensão do que é de fato atuar no campo educacional atualmente (Corte & Lemke, 2015). Com isso, tem-se que se adequar o curso às reais necessidades do mundo atual, que é transformar o ensino, a educação em algo que todos tenham respeito, vontade e coragem de se aliar com os demais professores, que estão lutando cada dia mais por uma educação transformadora. 1.4. O CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA Atualmente no Brasil, há várias universidades que contêm o curso de licenciatura em química. Esta é contemplada em 8 semestres, estes que abrangem todos os requisitos básicos da formação, juntamente com os estágios curriculares supervisionados dos licenciandos nas escolas. O estágio curricular supervisionado é considerado parte essencial do curso, sendo um divisor de águas para os estudantes. 8 1.4.1 O Estágio curricular supervisionado em química De acordo com a lei 11788 de 2008 o estágio curricular faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando. Com isso, o estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho (BRASIL, 2008). O estágio curricular supervisionado é entendido como o tempo deaprendizagem que acontecerá em um período de permanência nos espaços de atuação docente, para assim aprender e vivenciar como realmente é a rotina e o ambiente escolar. O período de atuação que faz parte da carga horária a ser cumprida durante a disciplina de estágio supervisionado tem como objetivo permitir que o licenciando e o futuro professor faça um primeiro contato com a realidade escolar, vivenciando e aproximando o aluno do contexto no qual ele atuará enquanto profissional. “É necessário, pois, que as atividades desenvolvidas no decorrer do curso de formação considerem o estágio como um espaço privilegiado de questionamento e investigação”. (PIMENTA e LIMA, 2012, p. 112). Assim, o estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é profissional com o aluno estagiário. Este momento, é onde efetivamente o aluno articulará os saberes que vêm sendo constituídos ao longo do curso: o saber, o saber fazer e o saber ser, visando assim o desenvolvimento de competências do estudante que está cursando o curso de licenciatura. O estágio deve oportunizar aos iniciantes a possibilidade de “errar e corrigir seus erros”. Nessa acepção, observar e refletir sobre as ações em sala de aula, como por exemplo, se os objetivos foram alcançados durante a aula e como foi sua postura durante a interação com os alunos é um dos pontos que servirão de base para as próximas atuações em sala de aula (CARVALHO, 2012). Tem-se a necessidade de o estagiário conhecer a realidade escolar, pois isso permite a realização de uma prática criativa e inovadora, sustentada pela teoria, indispensável para embasar o trabalho do professor. Assim, “sua práxis educativa” se consolida com a aplicação de metodologias 9 de ensino apropriadas, planejamento adequado, a partir da observação da unidade escolar na qual vai atuar, promovendo “um processo de ação- reflexão-ação”, tendo “como base os seguintes aspectos: a intencionalidade, a natureza social, a necessária ação conjunta, e a sua realização como trabalho humano” (BARROS; SILVA; VÁSQUEZ, 2011, p. 511) Mesquita e França (2011) salientam que o ECS insere o aluno em um ambiente no qual passará a conviver com profissionais experientes e atuantes na área, os quais desenvolvem um papel importante na formação do acadêmico ao demonstrar como os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula serão, efetivamente, aplicados na prática. O estágio é de extrema importância para a formação da identidade do professor, pois é o momento conhecer e investigar as práticas educativas, de experimentar metodologias didático-pedagógicas e discutir/debater a respeito dos processos de ensino e aprendizagem, com base em leituras e práticas adotadas durante as disciplinas de Estágio. (PIMENTA; LIMA, 2006). Nesse cenário, o estágio curricular supervisionado constitui espaço, no curso de licenciatura em química, de aproximação com a realidade da profissão, com o ambiente e com a instituição escolar. O estágio supervisionado tem se mostrado uma importante ferramenta na formação inicial de docentes de Química. Visto que é um importante momento para a teoria e a prática trabalharem em conjunto. Ou seja, trazer para sala de aula, as diversas temáticas, teorias e conceitos discutidos ao longo da formação do licenciando. No curso de licenciatura em química, o estágio supervisionado, além de integrar a teoria e a prática, deverá ser um espaço no qual os estudantes tenham a oportunidade de vivenciar experiências tanto no Ensino Fundamental (ciências) quanto no Ensino Médio (química) para completar a sua formação. O estágio é um forte aliado para começar a se compreender como é o campo educacional, pois auxilia na construção dos significados da docência, pois por meio desta prática, experimentam-se aprendizagens sobre o contexto social, a escola, o PPP, as relações no ambiente escolar, os professores, os demais profissionais da escola, os alunos, a relação com 10 a comunidade, enfim, trata-se de uma aprendizagem de múltiplas dimensões. O estágio docente não deve ser considerado como somente atividade prática, mas atividade teórica, instrumentalizadora da práxis docente, entendida esta como a atividade de transformação da realidade (PIMENTA; LIMA, 2006). Nesse sentido, o estágio como atividade curricular, é uma atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, este sim objeto da práxis pedagógica. Ou seja, é no trabalho docente do contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá. (PIMENTA; LIMA, 2006). O estágio curricular supervisionado na formação docente pode ser um espaço tanto de confirmações como de rupturas. Segundo ALMEIDA E PIMENTA (2014) os estagiários da educação passam por quatro rupturas durante sua formação profissional docente. A primeira, é a existencial, onde é analisado a educação, onde o licenciando inicia seus questionamentos em relação ao papel da educação, da escola e da universidade. A segunda é a existencial-cognitiva, onde é desenhado a construção de alguns conceitos que viabilizam o confronto entre os conhecimentos estabelecidos e a dicotomia entre ensinar e transmitir. O aluno começa a perceber que o ato de ensinar requer outras tantas habilidades, e aponta para outros sentidos, diferentes da mera transmissão de significados. Na terceira, sobre os conhecimentos científicos, se inicia o questionamento sobre o sentido do conhecimento científico acumulado para a vida do outro. E, na quarta, a cognitiva, que o futuro professor começa a explorar sua área de atuação e perceber a necessidade e a importância de outros conhecimentos além da perspectiva técnica. Com isso, tem-se o desenvolvimento do estagiário durante o período do estágio curricular supervisionado. Esta parcela do curso destinada às práticas pedagógicas e escolares proporciona aos estudantes visões e reflexões da prática docente, pois nos estágios curriculares supervisionado são utilizados vários recursos que para a maioria dos professores, são banais, porém para os estagiários são de grande importância, pois auxiliam e contribuem para que o licenciando tenha uma direção e construa sua prática docente, como por exemplo, caderno de 11 observações, roteiros, diários de classes, diários de campos, plano de aulas, tabelas de avaliações qualitativas, enfim, recursos estes, que irão auxiliar os licenciandos na prática docente e escolar para uma maior e melhor aprofundamento da práxis docente. 1.4.2 O currículo Os cursos lincados a ciências da natureza, atualmente vêm sofrendo uma grande defasagem de inscritos e de alunos matriculados, principalmente na área da química licenciatura. Tem-se notado em várias pesquisas realizadas pelo Brasil, que atualmente, os cursos lincados as ciências naturais, mais especificamente a química licenciatura estão desenvolvendo o curso de modo “bacharelesco”, ou seja, focam muito no aprendizado bruto da química, considerando na maioria das vezes, as práticas pedagógicas como meros apêndices nos cursos de formação. Silva e Oliveira (2009) ressaltam que os cursos superiores de formação de docentes (Licenciaturas) em Química devem contemplar aspectos como conhecimento do conteúdo a ser ensinado, conhecimento curricular, conhecimento pedagógico sobre a disciplina escolar Química, conhecimentos sobre a construção do conhecimento científico e outras especificidades sobre o ensino e a aprendizagem da ciência Química. No Ensino de Química são fundamentais para o exercício profissional tanto a formação específica na área de conhecimento quanto a formação pedagógica. Entende-se que a formação profissional se subdivide em formação específica (conteúdos e conceitos de Química) e formação pedagógica (estratégias metodológicas e concepções de ensino e aprendizagem). Formar um professor deQuímica exige que, ao final do curso de graduação, o licenciado garanta bom conhecimento sobre Química e sobre como se ensinar Química, o que envolve muitos aspectos, pois para se ensinar algo de modo significativo é preciso transitar muito bem pela área da Química e pela área de Ensino de Química. Acontece que muitos cursos de licenciatura em Química acabam por privilegiar apenas um dos lados, geralmente o lado da Química, buscando garantir que o licenciado, egresso do curso de graduação de Licenciatura em Química, possua grande embasamento teórico e prático no 12 campo da Química, conhecimento esse que, em alguns casos, também pode ser bastante questionável, pois minimiza uma parte muito importante do curso de química licenciatura, que é a parte pedagógica. Isso, provoca aos licenciandos uma grande dificuldade na hora que eles chegam aos estágios curriculares supervisionado, pois como os mesmos não têm experiência docente ainda, eles possuem uma grande dificuldade na hora de transpor didaticamente os conteúdos que estão no currículo do ensino médio. Esta falta de comunicação entre os conteúdos brutos e dos conteúdos pedagógicos dos cursos de química licenciatura, às vezes desmotiva os estudantes, os fazendo questionar se é isso mesmo que eles queriam, ocasionando, na maioria das vezes um alto índice de evasão no curso, e assim diminuindo o número de professores formados para atuar nas disciplinas de ciências e de química nas escolas. 1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com isso, tem-se que se ter em mente que o estágio curricular na licenciatura em química é um processo que envolve vários atores, a área da química e a área pedagógica atuando juntas, em conjunto, não uma tendo mais destaque que a outra, porém sabe-se que nem sempre é possível uma comunicação efetiva entre eles, podendo gerar problemas e situações desfavoráveis a todos os envolvidos nos estágios. A finalidade do estágio curricular supervisionado é de propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual atuará. Além disso, prepara para um trabalho docente coletivo, uma vez que o ensino não é um assunto individual do professor, pois a tarefa escolar é resultado das ações coletivas dos professores e das práticas institucionais, situadas em contextos sociais, históricos e culturais. O estágio não deve ser o principal e nem o menos importante, deve ser uma atividade articuladora do curso, um eixo integrador da formação inicial de professores, pois não se configura como uma disciplina, mas como uma atividade que pode servir e auxiliar às demais disciplinas. É necessária uma estreita vinculação do estágio com os demais componentes do curso de formação de professores, de forma a se caracterizar como integrador da teoria/prática e eixo nuclear. 13 1.6 REFERÊNCIAS BRASIL. LEI Nº 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008. PIMENTA, LIMA. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíesis - Volume 3, Números 3 e 4, pp.5-24, 2005/2006 ALMEIDA, Maria Isabel de; PIMENTA, Selma Garrido. (orgs.). Estágios Supervisionados na Formação Docente. São Paulo: Cortez, 2014. KLEIN, V.; LÜDKE, E. Uma investigação sobre motivação de estudantes frente a aulas de química orgânica no ensino médio. Revista Vivências, Erechim, v. 15, n. 29, p. 81-99, 2019. MALDANER. A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES DE QUÍMICA: PROFESSORES/PESQUISADORES. IJUÍ: ED UNIJUI 2020 2. A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA 2.1 APRESENTAÇÃO Educar é o desafio que todo professor tanto na área da química, como em outras áreas, encontra e vivencia diariamente. Com isso, a perspectiva de formação de docente torna-se de grande relevância para a área da química, pois auxilia a investigar e analisar como realmente ocorrem as práticas pedagógicas e como podemos melhorá-la. Além disso, momentos de aprendizagem e de reflexão a respeito do professor que se quer formar, quais são suas necessidades educativas e quais são os conhecimentos necessários para o seu desenvolvimento profissional, são pontos extremamente necessários para serem avaliados continuamente, pois assim, teremos um professor apto para o ambiente escolar e alunos mais motivados e afim de aprenderem. Com isso temos os itens essenciais que a formação docente devem enfatizar e priorizar, para poder formar um professor crítico e reflexivo em sua prática pedagógica, através da pesquisa, para que todo o processo de ensino e aprendizagem tenham significado. Desta maneira, uma das partes principais da formação docente, o estágio curricular supervisionado, será abordado ao longo deste texto. 2.2 INTRODUÇÃO Atualmente a formação docente, vêm inserindo práticas diversificadas em seus currículos de formação de professores, uma dela é a pesquisa para a 14 formação dos professores, esta de extrema relevância para a formação crítica e reflexiva dos futuros professores. A iniciativa de repensar e reestruturar a formação de professores com base no educar pela pesquisa, para poder atingir a melhoria de sua qualidade, parte da convicção da necessidade de superar a aula caracterizada pela simples cópia, a nova formação se constituirá em uso da pesquisa como atitude cotidiana na sala de aula. Isso implica em transformar os licenciandos, de objetos, em sujeitos das relações pedagógicas, assumindo-se autores de sua formação por meio da construção de competências de crítica e de argumentação, o que leva a um processo de aprender a aprender com autonomia e criatividade. A pesquisa, pode e deve estar ligada à formação docente, esta, quando incorporada à prática docente, é responsável pela compreensão e pela transformação dos sujeitos envolvidos no processo” e, na maioria dos casos consegue, “modificar a realidade na qual o docente atua” (CORTE; LEMKE, 2015, p. 4). O educar através da pesquisa propicia aos sujeitos se assumirem no discurso pedagógico e na linguagem científica, possibilitando o desenvolvimento de competências questionadoras e argumentativas, pois ao mesmo tempo em que estão atuando como docentes, conseguem pesquisar e promover um meio de alavancar o ensino em sala de aula. Diante disso, a pesquisa é de grande relevância na formação dos futuros professores e necessita-se incentivá-la cada vez mais nos cursos de licenciatura. 2.3 A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA o professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos. Neste contexto, o reservatório de todos esses saberes discutidos acima, poderá ser aliado de referência nas decisões do professor em sala de aula, podendo resultar um processo de ensino e de aprendizagem significativo. A construção e funcionalidade do saber está estritamente relacionado com a formação de professores. Ou seja, pensar na formação inicial e 15 continuada dos professores, implica estudar, construir, aplicar, refletir a respeito dos saberes. É relevante um contínuo aprimoramento profissional do professor de Química, com reflexões críticas a respeito de sua prática pedagógica, que expressa melhoria no processo de ensino e de aprendizagem de conceitos químicos. Uma segunda razão diz respeito à relevância de minimizar o distanciamento entre as pesquisas a respeito do ensino de Química e a utilização das mesmas no processo de ensino e de aprendizagem, implicando que o professor participe desse processo. Muitas vezes, em pesquisas, o professor é considerado apenas como objeto de investigação por parte de professores da universidade. A terceira razão seria lacunas da formação inicial do futuro professor de Química. A formação continuada é um processo de aprendizagem e de socialização, de natureza voluntária, informal e pouco previsível,que está centrado na interação entre colegas e nos problemas que trazem de suas práticas docentes (SCHNETZLER, 2002, p. 16). Leal (2009) afirma que o modelo de ensino e de aprendizagem por transmissão-recepção de conteúdos, devido à falta de aperfeiçoamento de professores de Química, ainda está em alta nessa área do conhecimento. Isto acarreta uma passividade por parte dos alunos que acaba "provocando um sentimento de frustração e desmotivação" (LEAL, 2009, p. 9). Assim, a formação continuada é uma necessidade intrínseca à prática pedagógica, sempre mais complexa e de nível crescente de exigência de conhecimentos da qual a formação inicial não pode dar conta. Para MALDANER (2013), a formação continuada dos professores de Química deve proporcionar ao docente uma visão mais ampla no que diz respeito a conhecimento, sujeitos em interação, currículo, metodologia, ensino e aprendizagem. Tendo em vista, que o objetivo dos cursos de Licenciatura em Química é: formar o professor para atuar na educação básica. Tal formação deve contemplar inúmeros aspectos inerentes à formação do bom professor, tais como conhecimento do conteúdo a ser ensinado, conhecimento curricular, conhecimento pedagógico sobre a disciplina escolar Química, conhecimentos sobre a construção do conhecimento científico, especificidades sobre o ensino e a aprendizagem da Ciência Química. (Silva & Oliveira, 2009, p. 1). 16 Dessa maneira, formar professores transcende o ensino de técnicas e métodos na prática docente, pois é de grande relevância formar sujeitos que atuem de forma crítica, refletindo constantemente sua prática e que tenham uma ampla compreensão do que é de fato atuar no campo educacional atualmente (Corte & Lemke, 2015). Com isso, tem-se que se adequar o curso às reais necessidades do mundo atual, que é transformar o ensino, a educação em algo que todos tenham respeito, vontade e coragem de se aliar com os demais professores, que estão lutando cada dia mais por uma educação transformadora. 2.4. A PESQUISA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM QUÍMICA 2.4.1 A importância da Pesquisa Para que um dado procedimento seja considerado pesquisa necessita-se ter três condições básicas: “produção de conhecimentos novos”, “produção rigorosa de encaminhamentos” e “comunicação de resultados”. De modo geral, é preciso que o conhecimento produzido seja considerado novo e relevante pela comunidade de referência. O processo de construção desse conhecimento precisa ter rigor metodológico, ou seja, seguir uma metodologia definida. Além disso, a comunicação dos resultados é essencial, sendo um momento de discussão, trocas de ideias e de divulgação dos resultados. Através da pesquisa, há a geração de conhecimentos. Porém, esse conhecimento não pode ser de qualquer natureza e nem obtido de maneira aleatória. O “fazer pesquisa” requer o estabelecimento e a elucidação das questões e dos problemas que serão estudados. Afinal, “não são investigados temas, são investigados problemas” (GAMBOA, 2007, p.103). Os temas ou assuntos de interesse para um pesquisador são aspectos importantes do processo de pesquisa, mas não são suficientes. A problematização do tema de interesse é essencial para suscitar questões que especifiquem e orientem a pesquisa (ALVESMAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2002). Ao mesmo tempo, os procedimentos, os referenciais adotados e os resultados obtidos precisam estar devidamente articulados, de modo a 17 evitar, por exemplo, a apresentação de conclusões que não podem ser obtidas através dos procedimentos efetuados. Outro aspecto importante refere-se ao (re)conhecimento do contexto teórico já existente, o que permite contato com o panorama teórico para uma argumentação crítica, verificar lacunas que podem ser investigadas, além de evitar o redescobrimento do que já é sabido. A pesquisa quando utilizada como princípio formativo nas licenciaturas pode melhorar a qualidade da formação. A pesquisa pode trazer benefícios especialmente num exercício de aproximação entre a teoria e a prática ao fazer uma aproximação dialética entre disciplinas de conteúdos específicos e disciplinas pedagógicas (GALIAZZI; MORAES, 2002). O desenvolvimento de projetos integrados por meio do educar pela pesquisa ajuda a aproximar o mundo da formação acadêmica da realidade da sala de aula, tornando a prática mais significativa. Além disso, ajuda os licenciandos a ver as teorias abordados no decorrer do curso dentro da prática, pois transcendem os estudantes para a realidade que eles depois de formados irão ter diariamente (GALIAZZI; MORAES, 2002). Pois, o futuro professor terá em sua consciência de que sua formação nunca estará concluída, mas que precisa efetivar-se pelo permanente questionamento de seus conhecimentos e de sua prática através do viés da pesquisa. O educar pela pesquisa, alimenta a capacidade de se entender por incompleto, de que todo conhecimento e prática podem e devem sempre ser aperfeiçoados. Propõe-se fazer da pesquisa um expediente pedagógico, transformando-se as aulas em espaço, modo e tempo de pesquisa. A essência deste entendimento de pesquisa é o questionamento, a argumentação e a crítica e validação dos argumentos assim construídos. Assumir o educar pela pesquisa implica em assumir a investigação como expediente cotidiano na atividade docente. O pesquisar passa a ser princípio metodológico diário de aula. O trabalho de aula gira permanentemente em torno do questionamento reconstrutivo de conhecimentos já existentes, que vai além do conhecimento de senso comum, mas o engloba e enriquece com outros tipos de conhecimento dos alunos e 18 da construção de novos argumentos que serão validados em comunidades de discussão crítica. Com isso, tem-se que a pesquisa deve estar dentro dos cursos de licenciatura, na formação docente, dos licenciados, pois, proporciona aos estudantes um meio de sempre quererem algo mais, de sempre quererem buscar o seu melhor e o melhor para a sua equipe (no caso das escolas, a equipe pedagógica). Assim, a pesquisa se torna de grande valia para a formação dos professores, pois mostra aos mesmos que a prática pedagógica é construída e elaborada de acordo com acontecimentos, vivências e oportunidades que acontecem diariamente no cotidiano do professor. Assim, uma das alternativas de conseguir manter os estudantes dentro dos cursos de licenciatura em química, é promover a pesquisa dentro dos cursos, dentro das disciplinas, pois assim, mostra-se aos estudantes que os mesmos podem sim mudar o mundo com a educação e com o ensino em química. A pesquisa em educação em química é realizada nos cursos de graduação e pós-graduação, e têm sido apontadas como um dos grandes fatores que contribuem para a formação do professor e, consequentemente, para a melhoria do ensino em química. SCHNETZLER (2002, 2008, 2012) pioneira na área da pesquisa em educação em química, destaca que a Pesquisa em Ensino de Química no Brasil abarca os estudos e investigações sobre os processos de ensino de aprendizagem do conhecimento químico, focando nas interações entre pessoas e na dinâmica do conhecimento nas aulas de Química. SCHNETZLER AINDA (2002, P. 15) destaca que a identidade dessa nova área de investigação é marcada pela especificidade do conhecimento químico, que está na raiz dos problemas de ensino e de aprendizagem investigados, pois os mesmos na maioria das vezes são considerados abstratos e de difíceis compreensões pelos estudantes do ensino médio (KLEIN, LÜDKE, 2019). Isso significa que a pesquisa no ensino de Química e na formação docente implica na busca de transformações do conhecimento químico em conhecimento escolar, configurando a necessidade de criação de um novo 19 campo de estudo e investigação no qual questões centrais sobre o que, como e porque ensinar Química constituio cerne das pesquisas. Frazer (1982) comenta que as modificações necessárias no ensino e aprendizagem em Química sejam baseadas nas pesquisas sobre Educação em Química, pois ela é uma área de estudo sobre ensino e aprendizagem da química em todos os níveis, onde a melhoria de ambos se constitui no objetivo fundamental das pesquisas na área e onde os problemas pesquisados são formulados por professores de química (FRAZER, 1982, p.126). A Pesquisa na formação dos docentes em Química licenciatura deve fornecer subsídios para os processos de ensino e aprendizagem em Química em seus diversos níveis de ensino. Os problemas investigados devem ter origem nas circunstâncias e nas vivências adquiridas nos processos de ensino. Com isso, forma-se um ciclo de relações em que os processos de ensino e aprendizagem em Química têm seus problemas identificados e investigados pela pesquisa, que, por sua vez, gera novos conhecimentos a serem utilizados no contexto de origem do problema, e assim sucessivamente, garantindo uma melhora significante do conhecimento e do fazer pedagógico pelo professor de química. 2.4.2 Os desafios da Pesquisa no ensino de química A pesquisa na área da química pode abranger vários enfoques, porém a pesquisa na área do ensino de química, deve ser o enfoque dos cursos de licenciatura, pois promove a formação de professores mais críticos e mais reflexivos. Contudo, uma das características muito marcantes é a grande ênfase na formação de pesquisadores nas áreas tradicionais da Química, deixando a formação de professores em outro plano, e a pesquisa em Ensino de Química, renegada. Isso parece ser comum em universidades onde a pesquisa e a pós-graduação na área da química são bem desenvolvidas e o interesse dos docentes com a questão da Licenciatura e a formação dos professores são deixados de lado. Cabe destacar, nesse contexto, a distinção entre a Pesquisa em Química e a Pesquisa em Ensino de Química. Nessa última, “o objeto de pesquisa, o cerne, está vinculado a interações humanas, professor-aluno, aluno-aluno 20 e ações dinâmicas na construção do conhecimento químico em sala de aula”. Os objetos de pesquisa são muito diferentes nessas duas áreas da pesquisa, “porque pesquisar em educação significa trabalhar com algo relativo a seres humanos ou com eles mesmos, em seu próprio processo de vida”. Inclui-se, ainda, nessa diferença, ser mais difícil, na Pesquisa em Ensino de Química, o controle de variáveis de um ambiente escolar, por exemplo, em relação às possibilidades de um experimento desenvolvido em laboratório de Química. Os propósitos da Pesquisa na formação dos docentes em Química podem ser sintetizados em dois aspectos principais: primeiro, na busca da compreensão dos processos de ensino e aprendizagem referentes à como ocorrem, quais suas características, quais as relações entre ensinar, aprender e o conhecimento químico, quais as dificuldades e obstáculos existentes e, também, os elementos facilitadores do processo, como os materiais didáticos, a experimentação ou as diversas formas de abordagem do conteúdo, por exemplo; segundo, na busca de possibilidades de transformação da realidade atual no que se refere ao ensino e à aprendizagem da Química nos diferentes ambientes e níveis de ensino. 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com isso, pode-se notar que a formação para a docência de qualidade deve se pautar na perspectiva investigativa, na qual a pesquisa, assumida como princípio científico e educativo, apresenta-se como uma proposição metodológica fundamental para o rompimento das práticas de reprodução e assim promover os estudantes licenciandos em atores de suas próprias buscas pedagógicas (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 118). É fator central da profissão docente o processo de formação constante, exigindo de seus formadores e formados um comprometimento cada vez maior com a inovação, a reflexão e a tomada de decisões frente à complexidade deste processo. Nesse sentido, o professor deve preparar-se, tornar-se um pesquisador de sua prática, fazer uso do máximo de competências, estratégias e conhecimentos possíveis, e de maneira consciente, aprender a 21 lidar com o instável, com o contraditório, com o novo e estabelecer uma relação de confiança e de parceria com os demais protagonistas do processo de ensinar. É importante destacar que pesquisas têm apontado, como unanimidade, que a universidade é o espaço formativo por excelência da docência, uma vez que não é simples formar para o exercício da docência de qualidade e que a pesquisa é o caminho metodológico para essa formação. Sendo assim, a universidade precisa investir em propostas que incentivem a pesquisa sobre/no ensino, para melhor produzi-lo, como estratégia de apropriação de conhecimentos e da formação da identidade do professor, de modo que a investigação e a produção acadêmica em sua área específica de conhecimento contribuam para a compreensão dos processos de ensinar e aprender em contextos intencionais de formação de professores. No nosso caso, a formação de professores para o ensino médio e superior de química. 2.6 REFERÊNCIAS SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Concepções e Alertas sobre Formação Continuada. Química nova na escola n. 16, nov. 2002. Seção Espaço Aberto. SCHNETZLER, R. P. A pesquisa em ensino de química no Brasil: conquistas e perspectivas. Química Nova, Vol. 25, Supl. 1, 14-24, 2002 SCHNETZLER, R. P. Educação Química no Brasil: 25 anos de Eneq – Encontro Nacional de Ensino de Química. In: ROSA, M. I. P.; Rossi, A. V. (Orgs.) Educação Química no Brasil: memórias, políticas e tendências. Campinas: Editora Átomo, 2008, p. 17- 38. MALDANER. A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES DE QUÍMICA: PROFESSORES/PESQUISADORES. IJUÍ: ED UNIJUI 2020 KLEIN, V.; LÜDKE, E. Uma investigação sobre motivação de estudantes frente a aulas de química orgânica no ensino médio. Revista Vivências, Erechim, v. 15, n. 29, p. 81-99, 2019. 3. A INCLUSÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE, NO ENSINO DE QUÍMICA E NA EDUCAÇÃO BÁSICA 3.1 APRESENTAÇÃO Educar é o desafio que todo professor tanto na área da química, como em outras áreas, encontra e vivencia diariamente. Com isso, a perspectiva de formação de docente torna-se de grande relevância para a área da química, pois auxilia a investigar e analisar como realmente ocorrem as práticas pedagógicas e como podemos melhorá-la. 22 Porém, quando se trata de inclusão no ensino, muitos professores ainda tem bastante dificuldade em transpor os conteúdos das matérias em materiais e/ou recursos de acordo com as necessidades dos estudantes com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Assim, torna-se essencial discutir, debater e auxiliar os professores com ideias, e meios diferentes para atender estes estudantes. Com isso, a formação docente se torna essencial para auxiliar os professores a assistirem melhor seus estudantes. Desta maneira, a inclusão no ensino brasileiro será abordado ao longo deste texto. 3.2 INTRODUÇÃO De acordo com a lei brasileira 13146/2015 consideram-se pessoas com deficiência aquelas que têm impedimento a longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação em uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as outras pessoas. Neste sentido, a LDB/ de 96 também comenta sobre a inclusão em seu documento, comentando que a educação especial é uma modalidade de ensino transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, oferecida presencialmente na rede regular de ensino, para estudantes com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades/ superdotação. além disso, quando necessário terá apoio educacional especializado, atendimento em classes ou escolas de acordo com anecessidade de cada aluno e o sistema de ensino assegurará ao estudante com deficiência currículos, recursos, métodos apara atender a sua necessidade, professores com especialização adequada, entre outros... Diante disso, a inclusão nos sistemas de ensino é um direito de todos os estudantes com necessidades especiais, assim tona-se essencial abordar este tópico nas formações de professores e nos cursos de licenciatura, visto que os professores terão que auxiliar suas aulas e atender os alunos com meios e recursos diversificados. 23 Neste sentido, torna-se de extrema relevância abordar o tema da inclusão nos cursos de licenciatura e nos cursos de formação continuada com professores da educação básica. 3.3. A FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA o professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos. Neste contexto, o reservatório de todos esses saberes discutidos acima, poderá ser aliado de referência nas decisões do professor em sala de aula, podendo resultar um processo de ensino e de aprendizagem significativo. A construção e funcionalidade do saber está estritamente relacionado com a formação de professores. Ou seja, pensar na formação inicial e continuada dos professores, implica estudar, construir, aplicar, refletir a respeito dos saberes. É relevante um contínuo aprimoramento profissional do professor de Química, com reflexões críticas a respeito de sua prática pedagógica, que expressa melhoria no processo de ensino e de aprendizagem de conceitos químicos. Uma segunda razão diz respeito à relevância de minimizar o distanciamento entre as pesquisas a respeito do ensino de Química e a utilização das mesmas no processo de ensino e de aprendizagem, implicando que o professor participe desse processo. Muitas vezes, em pesquisas, o professor é considerado apenas como objeto de investigação por parte de professores da universidade. A terceira razão seria lacunas da formação inicial do futuro professor de Química. A formação continuada é um processo de aprendizagem e de socialização, de natureza voluntária, informal e pouco previsível, que está centrado na interação entre colegas e nos problemas que trazem de suas práticas docentes (SCHNETZLER, 2002, p. 16). Leal (2009) afirma que o modelo de ensino e de aprendizagem por transmissão-recepção de conteúdos, devido à falta de aperfeiçoamento de professores de Química, ainda está em alta nessa área do conhecimento. Isto acarreta uma passividade por parte dos alunos que acaba "provocando um sentimento de frustração e desmotivação" (LEAL, 2009, p. 9). Assim, a formação continuada é uma 24 necessidade intrínseca à prática pedagógica, sempre mais complexa e de nível crescente de exigência de conhecimentos da qual a formação inicial não pode dar conta. Para Maldaner (2013), a formação continuada dos professores de Química deve proporcionar ao docente uma visão mais ampla no que diz respeito a conhecimento, sujeitos em interação, currículo, metodologia, ensino e aprendizagem. Tendo em vista, que o objetivo dos cursos de Licenciatura em Química é: formar o professor para atuar na educação básica. Tal formação deve contemplar inúmeros aspectos inerentes à formação do bom professor, tais como conhecimento do conteúdo a ser ensinado, conhecimento curricular, conhecimento pedagógico sobre a disciplina escolar Química, conhecimentos sobre a construção do conhecimento científico, especificidades sobre o ensino e a aprendizagem da Ciência Química. (Silva & Oliveira, 2009, p. 1). Dessa maneira, formar professores transcende o ensino de técnicas e métodos na prática docente, pois é de grande relevância formar sujeitos que atuem de forma crítica, refletindo constantemente sua prática e que tenham uma ampla compreensão do que é de fato atuar no campo educacional atualmente (Corte & Lemke, 2015). Com isso, tem-se que se adequar o curso às reais necessidades do mundo atual, que é transformar o ensino, a educação em algo que todos tenham respeito, vontade e coragem de se aliar com os demais professores, que estão lutando cada dia mais por uma educação transformadora. 3.4 A INCLUSÃO NO ENSINO BRASILEIRO Segundo a lei brasileira 13146/2015 que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, consideram-se pessoas com deficiência aquelas que têm impedimento a longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação em uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as outras pessoas. De acordo com a LDB/ de 96 e educação especial é uma modalidade de ensino transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, oferecida presencialmente na rede regular de ensino, para estudantes com deficiência, 25 transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades/ superdotação. além disso, quando necessário terá apoio educacional especializado, atendimento em classes ou escolas de acordo com a necessidade de cada aluno e o sistema de ensino assegurará ao estudante com deficiência currículos, recursos, métodos apara atender a sua necessidade, professores com especialização adequada, entre outros... No contexto nacional, o movimento de Educação Inclusiva foi consolidado mediante da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), a qual prevê o “acesso à educação básica, matrícula na rede pública, ingresso nas classes comuns, oferta de atendimento educacional especializado” (BRASIL, 2008), aos alunos com necessidades específicas decorrentes de deficiência, TGD, altas habilidades/superdotação. Entretanto, promover acesso em todas as dimensões (instrumentais, atitudinais, metodológicas, arquitetônicas) aos alunos com deficiência têm se apresentado como um desafio às instituições escolares (RODRIGUES, 2008). Diante desta realidade, consideramos que a efetivação da proposta de Educação Inclusiva é dificultada devido ao fato da organização do sistema educacional, juntamente com as práticas de formação de professores, terem sido desenvolvidas em meio a uma organização excludente, em que as diferenças eram fator determinante para a exclusão das minorias (RODRIGUES, 2008). Desta forma os cursos de formação de professores devem preparar os docentes para atender as demandas da Educação atual e os preparar para oferecer aos seus alunos com e sem deficiência, as condições necessárias para sua formação intelectual, social e moral. Neste contexto, verificamos que existem necessidades a serem supridas nos cursos de formação de professores, pois, estes se julgam, na maioria das vezes, despreparados para atender alunos com necessidades específicas, fato que ocasiona o fenômeno da pseudoinclusão, que corresponde a presença física do aluno em sala de aula, sem que o mesmo participe de modo ativo no processo de aprender (PIMENTEL, 2012). O professor, para desempenhar a docência frente a educação especial, necessita compreender e dominar conhecimentos diversos a fim 26 de exercer a sua função em sala de aula bem como de conhecimentos que são inerentes a sua área de atuação. Para isso, esse professor tem de ter acesso à formação, inicial e continuada, de forma a permitir que esse profissional desenvolva atividades no atendimento educacional especializado, inserindo nos diferentes ambientes o cunho participativo e interdisciplinar de forma a promover a educação especial. Para tal, essa formação precisa abordar conteúdos que envolvam a coordenação do sistema educacional inclusivo, objetivando a promoção de projetos em colaboração com diferentes áreas, tendo em vista o avanço de atividades relacionadas ao trabalho,justiça e à assistência social, como também a acessibilidade arquitetônica (Brasil, 2015 p. 42). Dentre as políticas públicas que podem ser discutidos com os professores e com os licenciandos destacam-se a LDB n. 9.394/96, Declaração de Salamanca (1994), Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência 13146/2015, entre outras. esta consciência em discutir com os licenciandos os aspectos da Educação Especial e Inclusiva presentes nestes documentos é muito relevante promover na formação inicial, visto que: Os textos dispostos em tais documentos apresentam as condições que a escola deve prover para atender às necessidades educacionais especiais, prevendo a reorganização de seus elementos constituintes, visando adaptá-los para que efetivamente possam incluir os NEE. (VITALIANO, MANZINI, 2010, p. 80). Neste sentido, compreendemos que promover a reflexão das políticas públicas sobre o atendimento destinado aos alunos com deficiência nos cursos de formação é pertinente, devido ao fato de que muitas vezes a realidade deste atendimento nas escolas, encontra-se em descompasso com as propostas defendidas na legislação. Por este motivo a consciência dos docentes sobre estas políticas educacionais inclusivas “serve como roteiro da direção a ser perseguida, bem como a garantia de direitos a serem cobrados” (VITALIANO, MANZINI, 2010, p. 80). Essa perspectiva vai ao encontro da proposta defendida por Vitaliano e Manzini (2010), que considera necessária na formação inicial do professor, incluir “conhecimentos sobre a história que propiciou a construção da configuração atual do atendimento aos deficientes [...]” (VITALIANO, MANZINI, 2010, p. 80), para que o docente reflita sobre o processo que levou a 27 garantia de atendimento educacional as pessoas com deficiência na escola regular. A partir do exposto compreendemos que a formação dos professores deve abordar os conhecimentos sobre as categorias de deficiência, de modo que o docente compreenda que os aspectos biológicos e psicológicos devem ser tomados como ponto de partida para a “organização de seus procedimentos didáticos, incluindo nestes a seleção dos recursos materiais e de apoio ao processo de aprendizagem, assim como a forma de interação que deve estabelecer com seu aluno” (VITALIANO, MANZINI, 2010, p. 75). Diante disso, compreendemos que, quando os conhecimentos sobre os aspectos que envolvem as características dos alunos com deficiência fazem parte da formação de professores, isto os prepara para buscar estratégias a fim de fornecer a estes alunos, as mesmas condições de aprendizagem que as de seus colegas. Desta maneira, os casos de deficiência não são encarados como uma condição de menosprezo em sala de aula, promovendo-se assim, um ambiente favorável para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, que respeita, compreende e valoriza as diferenças. Para isso acontecer, deve haver a formação de um profissional que seja capaz de “compreender o outro em sua dignidade, direitos e diferenças, de modo a contribuir para a construção de uma educação pautada na equidade como princípio” (PIMENTEL, 2012, p. 152) Respeitar as diferenças é a base de um ensino inclusivo, nesse sentido, é indispensável ao docente, reconhecer que todos os alunos têm sua própria história, suas crenças, suas necessidades, suas potencialidades, ou seja, suas características próprias, que os constituem como seres únicos. Portanto, diante do contexto atual da educação, que possibilita que todos, sem distinção, tenham acesso à escola, não se pode continuar formando professores idealizando um modelo “padrão de aluno”, a Educação Especial na perspectiva Inclusiva “requer uma formação docente que envolva, para além do respeito, a compreensão da diversidade” (PIMENTEL, 2012, p.141) 28 Nesse sentido, deve-se compreender que se estes entendimentos não forem abordados e discutidos na formação dos docentes de forma “adequada aos contextos educacionais que vem se delineando na atualidade continuaremos enfrentando grandes dificuldades para construir efetivamente uma escola democrática e inclusiva” (ANTUNES; GLAT, 2011, p. 14). 3.4.1 A inclusão no ensino de química Os conteúdos de Química normalmente são vistos pelos alunos da educação básica de maneira demasiadamente abstratas sem articulação com a prática e com a realidade social. Por esse e outros motivos, muitos acabam encontrando dificuldades na compreensão do conteúdo e não veem nele a importância que possuem para a análise e interpretação do cotidiano (Pontes et al., 2008). Para os estudantes com NEE, essa dificuldade pode se apresentar ainda maior. Para Bastos (2014), o ensino de Química no ensino médio deve contemplar a heterogeneidade em sala de aula e permitir a participação e a atuação de todos, indistintamente, no processo de ensino-aprendizagem. Daí reside a necessidade de que os professores sejam formados para compreender e atuar nessa realidade diversa e inclusiva, tendo em vista permitir que todos, independentemente de suas necessidades ou dificuldades de aprendizagem – e considerando essas necessidades e/ou dificuldades -, se apropriem do conhecimento cientifico de maneira crítica e problematizadora por meio de diferentes meios, estratégias e recursos. Dessa maneira, todos os estudantes seriam beneficiados/contemplados, e não apenas aqueles com NEE. As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química (Parecer CNE/CES 1.303/2001, 2001) propõem que o químico licenciado, além de deter conhecimentos específicos sobre a matéria e suas transformações, precisa aprimorar continuamente sua prática profissional. Para isso, deve relacionar-se com a evolução tecnológica e com as novas demandas formativas da sociedade, aspectos imprescindíveis para o magistério, tomando-se o ensino-aprendizagem como um “processo humano em construção”. 29 Porém, o documento nada diz sobre a formação docente diante da chegada do PAEE às escolas regulares. De forma genérica, e sem indicar componentes curriculares da licenciatura em química que dialoguem com a educação especial, apenas aponta que “as instituições precisam compreender e avaliar seu papel social” e que, como competência profissional, o licenciado deva “Identificar no contexto da realidade escolar os fatores determinantes no processo educativo, tais como o contexto socioeconômico, política educacional, administração escolar e fatores específicos do processo de ensino-aprendizagem de Química”. Estratégias para garanti-las, da formação docente inicial à continuada, podem contribuir para a efetiva concretização do ideário inclusivo nas aulas de química. Mas, se as políticas para a formação de professores sequer aludem a esse tema, pouco colaboram para induzir a organização de licenciaturas mais sintonizadas com os desafios contemporâneos. Sem considerar esses desafios, a formação docente em química permanecerá refém de velhos temas, como a dicotomia entre dois modelos de ensino, tomados, respectivamente, como superior e ultrapassado: as metodologias ativas e as aulas expositivas, descritas como aquelas em que o professor transmite um assunto e o aluno apenas escuta e reproduz (Saviani, 2008). Ora, se a educação em química deve instrumentalizar os aprendizes com conceitos científicos para atuar na prática social de forma coerente e fundamentada (Saviani, 2012), uma formação docente que não abranja questões mais hodiernas — e não reconheça as demandas concretas de um público escolar cada vez mais diversificado, incluindo o PAEE — dificilmente colaborará para essa finalidade. Deste modo, para atingir os desafios impostos pela Educação Especial na perspectiva inclusiva, torna-se necessário que as práticas de formação docente sejam reavaliadas e reformuladas, a fim de contemplar aspectos que preparem o docente para atuar dianteda diversidade de alunos e inclui-los respeitando as suas particularidades e desta forma, atender as necessidades formativas que surgem frente às demandas da Educação Inclusiva. Neste contexto, utilizamos como base trabalhos (ARANHA, 2002; DUK, 2005; MINETTO, 2008; VITALIANO, MANZINI, 2010; ANTUNES, GLAT, 2011; 30 OLIVEIRA, 2012; PIMENTEL, 2012) que discutem os conhecimentos necessários a serem abordados nas práticas de formação de professores do ensino regular, em busca de incluir de modo efetivo os alunos com necessidades específicas advindas de alguma deficiência física ou intelectual. Estes conhecimentos envolvem o conhecimento das necessidades específicas dos alunos; saber realizar a flexibilização do currículo de modo adequado às necessidades específicas de aprendizagem; saber avaliar a eficácia do processo de aprendizagem, e atuar em equipe com os pais e demais profissionais do atendimento educacional especializado. Portanto, tais conhecimentos devem fazer parte dos cursos de formação de professores de Química, visto que a disciplina tem por objetivo a formação do educando voltada à cidadania, conforme descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais (2002), o qual descreve que o propósito do Ensino de Química é o de formar os alunos para que sejam capazes de “tomar decisões autonomamente, enquanto indivíduos e cidadãos” (BRASIL, 1999, p. 31). Deste modo, espera-se que os conhecimentos adquiridos na disciplina de Química contribuam de modo significativo para o desenvolvimento da capacidade de julgar, avaliar e se posicionar frente às questões sociais que envolvam aspecto voltados a ações políticas e éticas sobre ciência, tecnologia e meio ambiente (SANTOS, MORTIMER, 1999). Assim sendo, torna-se essencial que todos os alunos, independente das necessidades que apresentam, recebam uma formação que lhes prepare para agir de forma consciente e crítica para exercer a cidadania plena, fazendo-se necessário para isto o preparo do professor Tal perspectiva vai ao encontro da concepção expressa por Rodrigues (2008, p. 14), para este autor “[...] os professores devem ter ao longo da sua formação profissional acesso a um conjunto de experiências em tudo semelhantes às que vão encontrar na vida profissional”, para que seja um profissional mais conhecedor, convicto e eficaz no processo de inclusão 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos a importância de realizar nos cursos de formação de professores reflexões sobre o respeito às diferenças, para que o docente tenha a compreensão dos objetivos da Educação Especial na perspectiva 31 Inclusiva, bem como a importância de aproximar o professor que está em formação de sua realidade profissional, para que desta forma, possa refletir sobre heterogeneidade de alunos presentes em sala de aula, e as dificuldades e possibilidades de se promover a inclusão. Além disso, a compreensão do docente sobre o contexto histórico da Educação Especial e Inclusiva e sobre as políticas públicas pode auxiliar na atuação do professor diante do processo de inclusão, pois, desta forma este saberá defender os seus direitos e de seus alunos com deficiência. Diante das discussões realizadas no decorrer do trabalho, também podemos depreender que a ausência de conhecimento do professor sobre as características das deficiências e o não reconhecimento das potencialidades destes estudantes, pode ser considerados fatores determinantes para barreiras atitudinais, e práticas pedagógicas distantes dos propósitos da Educação Inclusiva (VITALIANO, MANZINI, 2010). 3.6 REFERÊNCIAS VITALIANO, C.R.V.; MANZINI, E.J.A Formação Inicial de Professores para a Inclusão de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais. In: VITALIANO, C.R. Formação de professor para a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Eduel: Londrina, 2010, p. 50-112 PIMENTEL, S. C. Formação de professores para a inclusão: Saberes necessários e percursos formativos. In: MIRANDA, Therezinha Guimarães, GALVÃO FILHO, Teófilo Alves. O professor e a Educação Inclusiva: Formação, Práticas e Lugares. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 139-157. BRASIL. LEI DE DIRETRIZES E BASES, 1996. BRASIL. Lei 13.146/2015, de 06 de julho de 2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, 2015 BRASIL CNE 2001 BRASIL PCN 1999. 4. O PAPEL DAS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE ELETROQUÍMICA 32 4.1 APRESENTAÇÃO Educar é o desafio que todo professor tanto na área da química, como em outras áreas, encontra e vivencia diariamente. Assim sendo, a busca e a utilização de meios e recursos diferenciados em sala de aula têm se mostrado eficiente para os professores e para estudantes. Com isso tem-se aperfeiçoado os estudos na área da química para que estas estratégias consigam promover uma aprendizagem significativa aos estudantes. Desta maneira, uma das maneiras de promover a aprendizagem significativa na química para os estudantes é através da utilização de atividades experimentais em sala de aula, tópico este que será discutido ao decorrer deste texto. 4.2 INTRODUÇÃO A química está muito presente em nosso cotidiano. Ela é de extrema importância pela existência e pela continuidade da vida no planeta. Porém, quando ela é ensinada aos estudantes dos diferentes níveis de ensino, ela é demonstrada de forma complexa, abstrata e sem correlação com a vida do estudante, provocando grande dificuldade por parte dos alunos. O ensino de química deve promover mais do que a simples memorização de conceitos e fórmulas, é necessário desenvolver habilidades nos estudantes como: observação, interpretação, análise, formulação de problema, levantamento de hipóteses e síntese. Além disso, também deve-se incentivar o estudante a discutir e correlacionar tópicos interdisciplinares podem melhorar o aproveitamento no estudo dos conteúdos estudados, além de promover a formação de um cidadão crítico e reflexivo. Assim, utilizando-se de meios diversificados de se abordar a química, pode-se mostrar ao estudante que a química está muito presente na nossa vida e no nosso dia a dia. Diante disso, a utilização de atividades experimetais no ensino de química, pode auxiliar aos professores a promoverem uma aprendizagem significativa aos estudantes. 33 4.3 O ENSINO DE QUÍMICA Pode-se dizer que estamos rodeados por química, pois todos os materiais que estão a nossa volta, passaram ou passam por algum tipo de transformação química. A química é considerada uma ciência que está em pleno desenvolvimento e as suas aplicações são percebidas em vários eventos comuns do nosso cotidiano. A química é de grande relevância para o planeta, pois a mesma é um componente essencial na busca para a alimentação da população global, para encontrar novas fontes de energia, para a vestimenta e abrigo da humanidade, para ofertar substitutos renováveis de materiais escassos ou em vias de extinção, para melhorar a saúde da população e vencer doenças, para fortalecer a segurança pública e monitorar e proteger o meio ambiente. Com isso, o ensino da química se torna essencial para os estudantes, pois a mesma atua na formação do aluno como um cidadão, capaz de compreender e questionar os fenômenos que ocorrem a sua volta. Dessa forma, a partir de relações sociais que o aluno consegue estabelecer com a química, que ela se tornará significativa em seu ponto de vista, pois estará mostrando que ela se encontra inserida em sua sociedade e no seu ambiente. Contudo, a química é tida pelos estudantes como uma disciplina de alta complexidade e dificuldade, além de necessitar de um nível de abstração bem amplo em determinados conteúdos. Estes impasses acarretam, em dificuldade de compreensão de alguns conceitos, provocando desmotivação, desinteresse e problemas de aprendizagem nos estudantes.A partir disso, tem-se motivado os professores em buscar alternativas diversificadas para auxiliar no ensino da química e promover a aprendizagem significativa dos estudantes. 4.3.1 O ensino de eletroquímica Por ser uma área muito vasta e extensa, a química, tem seus conhecimentos químicos classificados em três diferentes níveis: fenomenológico, submicroscópico (modelos explicativos) e representacional. O tratamento em nível macroscópico permite o reconhecimento de um fenômeno, enquanto que o tratamento em nível submicroscópico possibilita a construção de explicações para o fenômeno e assim fazer previsões e 34 generalizar. Já o tratamento em nível das representações facilita a comunicação por meio de uma linguagem própria da química (MARCONDES, SOUZA, AKAHOSKI, 2017) Diante disto, nota-se uma grande dificuldade por parte dos estudantes em conseguir compreender tópicos da química, visto que a grande maioria deles são abstratos ou ocorrem em níveis submicroscópicos. Assim, devemos utilizar de meios e estratégias para que o ensino de química consiga alcançar e conquistar os estudantes, afim de proporcionar uma aprendizagem significativa para os mesmos. Desta maneira a utilização de tópicos de química que estão no dia a dia das pessoas é uma alternativa, pois visa a ligação da química com algo concreto, o cotidiano dos estudantes. Atualmente vivemos na era energética, e este tema de grande relevância atual, vêm de encontro com um tópico da química, muito relevante em várias situações do nosso cotidiano, a eletroquímica. Assim, conteúdos desta temática deveriam receber dos estudantes mais interesse e atenção, visto que atualmente toda a população do mundo necessita incansavelmente dos mais variados tipos de energia. O ensino de eletroquímica é considerado de grande relevância em todos os níveis de ensino, pois pode enfocar assuntos importantes e atuais, tais como funcionamento de pilhas e baterias, corrosão de metais, células a combustível, processos industriais envolvendo eletrólise entre vários outros. Porém, essa é uma das áreas que mais gera dificuldades para aqueles que estudam a química. Apesar das reações redox serem facilmente exemplificadas, o processo tem muitos detalhes que exigem muita atenção e um alto grau de abstração. São apontadas muitas dificuldades de ensino e aprendizagem de conceitos relacionados a esse conteúdo. Por exemplo, são relatadas dificuldades dos alunos em compreenderem conceitos de oxidação, redução, corrente elétrica, condutibilidade elétrica em soluções, cátodo, ânodo, representação de reações de óxido-redução e potencial e a simultaneidade dos processos de oxidação e de redução. Algumas dessas dificuldades de aprendizagem de conceitos, como oxidação e redução, parecem estar relacionadas ao tratamento dado pelos 35 professores em que é focado majoritariamente em aspectos representacionais, não fazendo uma ligação com o cotidiano do estudante. As equações de semi-reação são priorizados em detrimento da apresentação de fenômenos como corrosão, reatividade de metais e pilhas e baterias, tópicos estes, comumente encontrados no dia a dia da população. Além disso, o impacto ambiental causado pela poluição por metais componentes de materiais eletrônicos, pilhas e baterias; os impactos causados no ecossistema e na vida das pessoas decorrente do aumento do consumo energético; a inundação de regiões para construção de usinas geradoras de energia elétrica, são temas geradores de problemas de grande importância social, estes podem abranger conhecimentos científicos e tecnológicos são mobilizados para que, ao final do ensino, os alunos sejam capazes de propor soluções, tanto sociais como ambientais, ao problema inicial. A dificuldade de aprendizagem de conceitos de eletroquímica pelos alunos e a ausência desse tópico no planejamento de muitos professores, podem estar relacionadas ao fato do conhecimento eletroquímico ser muito complexo, isto é, demandar raciocínios mais elaborados e explicações em níveis submicroscópicos. Assim, destaca-se a importância de ensinar eletroquímica por meio de suas aplicações, explicitando os fenômenos numa abordagem investigativa que considere os aspectos de seu cotidiano. 4.4 A UTILIZAÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS PARA O ENSINO DA QUÍMICA E ELETROQUÍMICA Nota-se que quando a abordagem do ensino de química está baseada somente em exemplificações de conceitos, experimentações sem relações, não relacionando com o cotidiano dos alunos, o ensino torna-se muito distante da real implicação social. Fatos estes, que podem favorecer a rejeição dos estudantes para a disciplina de química. Assim, vem sendo defendida a ideia da contextualização dos conteúdos químicos visando uma educação para a cidadania em que se possa julgar e tomar decisão a respeito de temas sociais relacionados a Ciências. 36 A contextualização como compreensão da realidade social envolve do ponto de vista da ciência o entendimento de conceitos químicos que possibilita uma leitura informada de uma dada situação problema. Assim, é importante que o professor saiba selecionar temas relevantes e atuais, e que trate os conhecimentos químicos que podem facilitar o entendimento daqueles. A utilização de tópicos lincados a eletroquímica, podem ser considerados conceitos relevantes e atuais, visto que estão muito presentes em nosso dia a dia. Contudo, geralmente são abordados de maneira pouco problematizadoras, o que torna o tópico confuso, complexo e maçante pelos estudantes. Neste sentido, para que possamos tornar o ensino de eletroquímica significativo e com um alto grau de conhecimento para os estudantes, a utilização de atividades experimentais em sala de aula, vêm a torna-se uma alternativa viável e de grande importância nas aulas de química. Experimentos como mostrar o que são soluções eletrolíticas, como são montados os sistemas eletrolíticos, a galvanoplastia e a montagem de pilhas, são experimentos de fácil acesso e de baixo custo, que podem proporcionar um grande aprendizado por parte dos estudantes. Enfim, são experimentos como estes que podem proporcionar aos alunos a capacidade de reflexão sobre os fenômenos químicos e físicos, articulando seus conhecimentos já adquiridos com os conhecimentos novos que serão formados (SOUZA et al., 2013). As atividades experimentais podem ser empregadas de modo que os alunos sejam expostos a situações problemáticas, dentre as quais eles serão capazes de usar dados empíricos, raciocínio lógico, conhecimentos teóricos e a sua criatividade para propor suas próprias hipóteses, argumentações e explicações (SOUZA et al., 2013). Souza et al. (2013), cometam que a experimentação nas aulas de Química tem uma grande função pedagógica, ou seja, ela auxilia na aprendizagem da Química de maneira ampla, envolvendo a formação de conceitos, a aquisição de habilidades de pensamento, a compreensão do trabalho científico, a aplicação dos saberes práticos e teóricos na compreensão, o controle e previsão dos fenômenos físicos e o desenvolvimento da capacidade de argumentação científica (SOUZA et al., 2013). 37 Além disso, podemos considerar que a experimentação pode ser uma estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação junto com os estudantes. Estes tipos de atividades podem ser caracterizadas como atividades experimentais investigativas, visto que não se limitam à manipulação e observação, a aprendizagem ocorre por meio do ativo envolvimento do aluno na construção do conhecimento (MARCONDES et al., 2007) Neste sentido, as atividades experimentais são propostas para que os alunos consigam construir seu próprio conhecimento e não para meramente comprovar conceitos, pois quando o aluno busca pesquisar e
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