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Eduarda Pupe Rosas 2022 Tutoria� - Nasciment�, Cresciment� � Desenvolviment� Problema 07 Referências bibliográficas: - “Diarreia aguda: diagnóstico e tratamento” - Sociedade Brasileira de Pediatria. - “Doenças diarreicas agudas (DDA)” - Ministério da Saúde. - “Terapia de Hidratação Venosa” - Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ). Objetivos: 1. Explicar os níveis de desidratação e seus sinais. 2. Compreender os tipos de diarreia (crônica e aguda), principais causas e tratamento. 3. Entender a terapia de reidratação oral e venosa, e suas indicações. Fechamento: DIARREIA AGUDA: ● Diarreia ⇒ ocorrência de 3 ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24h. ● Na diarreia aguda ocorre desequilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos, e é um quadro autolimitado. ● Classificação da doença diarreica (OMS): - Diarreia aguda aquosa -> pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluidos e pode causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus. A desnutrição eventualmente pode ocorrer se a alimentação não é fornecida de forma adequada e se episódios sucessivos acontecem. - Diarreia aguda com sangue (disenteria) -> presença de sangue nas fezes, representando lesão na mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. Bactérias do gênero Shigella são as principais causadoras. - Diarreia persistente -> diarreia aguda que se estende por 14 dias ou mais. Pode provocar desnutrição e desidratação. ● Doença diarreia aguda ⇒ episódio diarreico de início abrupto, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitado, com duração inferior a 14 dias, aumento no volume e/ou frequência de evacuações com consequente aumento das perdas de água e eletrólitos. Etiologia: ● Vírus (principal causador) ⇒ rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus e astrovírus. ● Bactérias ⇒ E. coli enteropatogênica clássica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enterotoxigênica, E. coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa, Aeromonas, Plesiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Yersinia. ● Parasitos ⇒ Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isospora. ● Fungos ⇒ Candida albicans. ● Eventualmente, outras causas podem iniciar o quadro, como alergia ao leite de vaca, deficiência de lactase, apendicite aguda, uso de laxantes e antibióticos, intoxicação por metais pesados. Avaliação clínica: ● Anamnese ⇒ duração, número diário de evacuações, presença de sangue nas fezes, número de episódios de vômitos, presença de febre ou outra manifestação clínica, práticas alimentares prévias e vigentes, outros casos de diarreia em casa ou na escola. Deve ser avaliado a oferta e o consumo de líquidos, além do uso de medicamentos e o histórico de imunizações. ● Exame físico ⇒ estado de hidratação, estado nutricional, estado de alerta, capacidade de beber e diurese. Tratamento: ● 3 planos de tratamento. ● Plano A: - Diarreia e hidratado. - Tratamento em domicílio. - Oferecer/ingerir mais líquido que o habitual, para prevenir a desidratação. - Tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, água, água de coco, sucos e sopas) ou solução de reidratação oral (SRO) após cada evacuação diarreica. - Não ingerir refrigerantes, nem bebidas adoçadas. - Manter a alimentação habitual, e continuar o aleitamento materno. - Se o paciente não melhorar ou apresentar sinais de piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa de alimentos, sangue nas fezes e/ou Medicina - UniCEUB 1 Eduarda Pupe Rosas 2022 diminuição da diurese, levá-lo imediatamente ao serviço de saúde. - Orientar o paciente/acompanhante para reconhecer os sinais de desidratação, preparar e administrar a SRO e praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar. - Administrar zinco 1x ao dia, durante 10 a 14 dias. ● Plano B: - Administrar SRO (orientação inicial de 50 a 100mL/kg no período de 4-6 horas). - Durante a reidratação reavaliar o paciente seguindo os sinais do estado de hidratação. - Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o Plano A. Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica. Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o Plano C. - Durante a permanência do paciente no serviço de saúde, orientar a reconhecer os sinais de desidratação, preparar e administrar a SRO, praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar. - Deve ser realizado na Unidade de Saúde. - Os pacientes deverão permanecer na Unidade de Saúde até a reidratação completa e reinício da alimentação. ● Plano C: - Corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral. - Critérios para internação -> choque hipovolêmico, desidratação grave (perda de peso > ou = a 10%), manifestações neurológicas (letargia e convulsões), vômitos biliosos ou de difícil controle, falha na terapia de reidratação oral, suspeita de doença cirúrgica associada ou falta de condições satisfatórias para tratamento domiciliar ou acompanhante ambulatorial. - O Plano C contempla 2 fases para todas as faixas etárias -> fase rápida e fase de manutenção/reposição. - Reidratação endovenosa. Cuidados com a alimentação: ● Manutenção da alimentação com oferta energética apropriada. ● Aleitamento materno deve ser mantido e incentivado DIARREIA CRÔNICA: Medicina - UniCEUB 2 Eduarda Pupe Rosas 2022 ● Diarreia crônica ⇒ alteração persistente da consistência das fezes e aumento da frequência das fezes com duração superior a 4 semanas. ● Pelas características das fezes, pôde-se classificar a diarreia crônica em inflamatória, esteatorreia e aquosa. Epidemiologia: ● A diarreia crônica afeta cerca de 3 a 5% da população em algum momento da vida. ● Impactos na qualidade de vida dos indivíduos afetados. Fisiopatologia: ● A maioria dos casos de diarreia são decorrentes da alteração do transporte de líquidos e eletrólitos e pouco dependente da motilidade da musculatura lisa. Etiologia: ● Síndrome do intestino irritado (SII), doença inflamatória do intestino (DII → retocolite ulcerativa e doença de Crohn), síndromes de má absorção (intolerância à lactose e doença celíaca), infecções crônicas, alergias alimentares, reações a medicamentos, alteração na microbiota intestinal, insuficiência pancreática, condições pós-operatórias e fatores genéticos. ● Infecções crônicas bacterianas, micobacterianas e parasitárias. Diagnóstico: ● História clínica, exame físico e testes laboratoriais. ● Sinais de risco: - Idade de início após os 50 anos. - Sangramento retal ou melena. - Dor noturna ou diarreia. - Dor abdominal progressiva. - Perda de peso inexplicável, febre e outros sintomas sistêmicos. - Anormalidades laboratoriais. ● Hemograma, ureia, creatinina, velocidade de sedimentação, função tireoidea, proteínas totais, albumina, parasitológico de fezes e pesquisa de sangue oculto nas fezes. Tratamento: ● Individualizado. DESIDRATAÇÃO: ● Desidratação ⇒ deficiência de água no corpo. ● Ocorre quando o corpo perde mais água do que ingere. ● Vômitos, diarreia, uso de medicamentos diuréticos, sudorese profusa e diminuição da ingestão de água podem dar origem à desidratação. ● Idosos e crianças são mais suscetíveis à desidratação. ● Geralmente, a depleção de água se faz acompanhar pela perda de sais minerais nela diluídos, gerando um desequilíbrio eletrolítico. ● Mecanismos normais de perda de água ⇒ respiração, transpiração, urina e fezes. Fisiopatologia: ● A água retida no organismo fica acumulada no interior dos vasos, nos espaços intercelulares dos tecidos e no interior das células. Em certa medida, quando o organismo perde água da corrente sanguínea, o corpo compensa essas perdas transferindo água dos espaços intercelulares e do interior das células para os vasos, mas isso é um recurso limitado e o corpo passa logo a sentir as consequências da desidratação. ● Desidratação isotônica: - A água e os sais minerais são perdidos em proporções equivalentes às que existem no organismo. -Isso acontece nos vômitos e diarreias, por exemplo, nos quais não se produz uma transferência de água do meio intracelular para fora das células. ● Desidratação hipertônica: - Hipernatremia. - A perda de água é proporcionalmente maior que a perda de eletrólitos. - Ocorre na falta de ingestão de água, sudorese excessiva, diurese osmótica e uso de diuréticos. - Nesses casos, há transferência de água intracelular para os espaços extracelulares. - Sede, mucosas e pele secas, … ● Desidratação hipotônica: - Hiponatremia. - Proporcionalmente, são perdidos mais sais que água. - Ocorre nos casos de transpiração muito elevada, perdas gastrointestinais. - Nesses casos, ocorre transferência de líquido extracelular para dentro da célula. Sintomas: ● Desidratação leve (perda de até 5%) ⇒ sede, cefaleia, fraqueza, tonturas, fadiga e sonolência. ● Desidratação moderada (perda entre 5 e 10%) ⇒ boca seca, diminuição da diurese, moleza, frequência cardíaca elevada e perda da elasticidade da pele. ● Desidratação grave (perda maior que 10%)⇒ sede intensa, anúria, frequência respiratória elevada, alteração do estado mental, pele fria e úmida, vertigem e desmaios. Medicina - UniCEUB 3 Eduarda Pupe Rosas 2022 ● Sede, sudorese diminuída, menor excreção de urina, diminuição da elasticidade da pele, boca seca. ● Pode levar à diminuição do desempenho físico e cognitivo e alterações no funcionamento termorregulador e cardiovascular. Diagnóstico: ● Avaliação clínica. ● Exame de sangue ⇒ nível de sódio aumentado. Tratamento: ● Reposição de líquidos e eletrólitos. ● Desidratação leve ⇒ ingestão de líquidos (água, água de coco, sopas e sucos). ● Desidratação moderada e grave ⇒ é preciso repor eletrólitos também. ● Soluções de reidratação oral. Desidratação em crianças: ● Sinais e sintomas: - Moleira afundada. - Olhos afundados. - Sem lágrimas ao chorar. - Boca seca. - Volume de urina baixo. - Bebê menos alerta e menos ativo (letárgico). ● Tratamento: - Reposição de líquidos e eletrólitos. - Bebês e crianças que não conseguem tomar nenhum líquido ou que apresentem apatia e outros sinais séricos de desidratação podem precisar de tratamento intensivo com líquidos e eletrólitos administrados via intravenosa ou tubo nasogástrico. - Incentivar o aleitamento materno. REIDRATAÇÃO: Terapia de reidratação oral (TRO): ● Reposição de água e eletrólitos por via oral, para indivíduos em situações de perdas de grandes volumes de líquidos em curto espaço de tempo. ● Tipo de reposição fluida usada para prevenir e tratar desidratação, especialmente devido à diarreia. ● Envolver beber água com quantidades modestas de açúcar e sais, especificamente sódio e potássio. ● Pode ser feita via sonda nasogástrica. ● Importância ⇒ diminui a mortalidade infantil por distúrbios eletrolíticos. ● Objetivo ⇒ corrigir o desequilíbrio hidroeletrolítico pela reidratação, manter e recuperar o estado nutricional. ● Solução de reidratação oral (SRO) ⇒ disponibilizados pela OMS ou fabricados pela indústria farmacêutica. - Carboidrato complexo ou glicose a 2%. - 50 a 90 mEq/L de sódio. ● SRO padrão da OMS ⇒ sódio 90 mmol/L + potássio 20 mmol/L + cloreto 80 mmol/L + citrato 10 mmol/L + glicose 110 mmol/L. ● SRO com osmolaridade reduzida da OMS ⇒ sódio 75 mmol/L + potássio 20 mmol/L + cloreto 75 mmol/L + citrato 10 mmol/L + glicose 75 mmol/L. ● Soro caseiro ⇒ água + sal de cozinha + açúcar. ● Desidratação leve ⇒ 50 mL/kg por 4 horas. ● Desidratação moderada ⇒ 100 mL/kg. Terapia de hidratação venosa: ● Objetivo ⇒ manter ou restaurar o volume e a composição normal dos líquidos corporais. ● 3 tipos de propostas terapêuticas: - Terapia de manutenção → repõe as perdas fisiológicas normais. - Terapia de reposição → repõe as perdas anormais e excessivas. - Terapia dos déficits → indicada para pacientes hipovolêmicos. ● A primeira etapa da correção é urgente, indicada para hipovolemia moderada e grave e visa à expansão do espaço intravascular. - Infusão rápida de solução isotônica. ● A segunda etapa corrige o déficit residual através de soro reidratante oral ou hidratação venosa. ● Terapia de manutenção: Medicina - UniCEUB 4 Eduarda Pupe Rosas 2022 - Reposição das perdas de água, sódio e potássio que ocorrem pela urina e fezes e das perdas de água pela pele e pulmões. - Solução com água, glicose, sódio, potássio e cloro. ● Terapia de reposição: - A reposição do fluido perdido é independente e simultânea ao líquido de manutenção. - Reposição das perdas gastrointestinais (diarreia) e urinárias. ● Terapia de déficit: - A terapia de reidratação venosa está indicada para pacientes desidratados que tenham contraindicação para TRO → falha na TRO, vômitos incoercíveis, distensão abdominal, coma e desidratação grave. - Etapa de expansão → estabelecer a perfusão tecidual adequada → solução isotônica por 20 minutos (SF puro ou RL, 20 mL/kg). - A etapa de expansão alcança seu objetivo quando o paciente recebe o volume intravascular adequado, que é caracterizado clinicamente por: redução da FC, normalização da PA, melhora da perfusão, melhora do débito urinário e aparência mais alerta. - Etapa de reparação → cálculo do volume → volume a ser reposto = volume total do déficit - volume da etapa de expansão. Medicina - UniCEUB 5
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