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PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO MEDICINA DO ADOLESCENTE OBJETIVO 1- ELUCIDAR AS CARACTERÍSTICAS BIOPSICOSSOCIAIS BEM COMO AS DIFERENTES ETAPAS DA PUBERDADE COM ENFOQUE NA ESCALA DE TUNNER. -DESCREVER COMO OCORRE O ESTIRAO DE CRESCIMENTO -APRESENTAR A ESCALA DE TUNNER DE ACORDO COM AS FASES DE DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCENCIA. -ABORDAR SOBRE AS MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS NO PERIODO DE ADOLESCENCIA A Organização Mundial de Saúde define como adolescência a faixa etária entre 10 e 19 anos, um período da vida caracterizado por intenso crescimento e desenvolvimento e por transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais. A puberdade, conceitualmente, tem sua origem na realidade biológica, compreendendo o conjunto das transformações somáticas que marcam o final da infância, sobretudo o surgimento dos caracteres sexuais secundários. Já o termo adolescência pode ser entendido como o processo cultural de passagem da infância para a vida adulta. A adolescência processa-se em três fases distintas: ADOLESCÊNCIA INICIAL, MÉDIA E TARDIA. Cada uma dessas fases é marcada por uma série de características específicas. A sequência de alterações somáticas e fisiológicas deu origem: À ESCALA DA MATURIDADE SEXUAL OU ESTÁGIOS DE TANNER. ESTADIAMENTO DE TANNER OU ESTADIAMENTO PUBERAL: criada em 1962, por um médico inglês: J.M. Tanner. • Método visual. • Ferramenta utilizada diariamente durante a descrição do exame físico de crianças e adolescentes. • Descreve a MATURAÇÃO SEXUAL em meninos e meninas. • Padroniza e simplifica a descrição do exame físico. • Pode permitir diagnósticos de patologias como: • PUBERDADE PRECOCE, RAPIDAMENTE PROGRESSIVA OU RETARDADA. CLASSIFICAÇÃO: • Meninas: • Mamas - M1 a M5 • Pêlos - P1 a P5 • Meninos • Genitais - G1 a G5 • Pêlos - P1 a P5 PUBERDADE PRECOSE É quando ocorre o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos nas meninas e antes dos 9 nos meninos. Causas: Hormonais: Aumento precoce dos hormônios sexuais (devido ao uso de alguns medicamentos ou pela produção das próprias glândulas; pituitária e ovários nas meninas e testículos nos meninos Genéticas Ambientais (estado de saúde, nutrição): meninas que tiveram mães que menstruaram cedo tiveram puberdade precoce; Idiopáticas: sem causa determinada. Em crianças com puberdade precoce verdadeira (desenvolvimento das mamas antes dos 8 anos em meninas, crescimento dos testículos e pênis antes dos 9 anos em meninos), ocorre um estirão de crescimento precoce em uma idade jovem e, com o tempo, o resultado é a baixa estatura por causa do fechamento prematuro das placas de crescimento. ATRASO PUBERAL (OU PUBERDADE TARDIA) É a falta de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários aos 13 anos nas meninas e 14, nos meninos, sendo mais frequente em meninos. Bom, como sabemos, o desenvolvimento puberal ocorre devido à reativação da secreção do hormônio hipotalâmico liberador de gonadotrofinas (GnRH) que estimula a síntese hipofisária dos hormônios luteinizante (LH) e do folículo estimulante (FSH), com consequente síntese de estradiol, pelos ovários, e de testosterona, pelos testículos. No entanto, quando ocorre alguma deficiência na produção ou liberação desses hormônios, tem-se o quadro de atraso puberal. Se houver atraso puberal, o crescimento em altura pode diminuir consideravelmente. Se o atraso não for patológico, o estirão do crescimento do adolescente ocorrerá mais tarde com compensação do crescimento, com a altura subindo as linhas do percentil e a criança alcança a estatura determinada geneticamente. Nas meninas, o primeiro sinal visível de puberdade e marco do estágio 2 é o aparecimento dos botões mamários, entre 8 e 12 anos de idade. A menarca ocorre https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-em-crian%C3%A7as/puberdade-precoce https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-em-crian%C3%A7as/puberdade-tardia PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO tipicamente entre 2 e 2,5 anos mais tarde, perto do pico da velocidade de crescimento em altura. As alterações menos óbvias incluem o aumento dos ovários, do útero, dos lábios vulvares e do clitóris e o espessamento do endométrio e da mucosa vaginal. Nos meninos, o primeiro sinal visível de puberdade e marco do estágio 2 é o aumento dos testículos, que começa aproximadamente aos 9 anos, seguido pelo crescimento do pênis durante o estágio Tanner G3. Uma aceleração acentuada do crescimento ocorre no início da puberdade em ambos os sexos, no entanto, os picos de velocidade só são alcançados no estágio 3 ou 4 de Tanner. Os meninos tipicamente atingem o pico de crescimento cerca de dois ou três anos mais tarde que as meninas, porém, no estágio de Tanner mais tardio, continuam a crescer linearmente por aproximadamente mais dois a três anos depois que as meninas param. O ESTIRÃO DO CRESCIMENTO começa distalmente, com o aumento das mãos e pés, seguido pelos braços e pernas e finalmente tronco e tórax. Crescimento esquelético linear: Na puberdade, há uma fase de crescimento rápido, com aceleração e posterior desaceleração, até, finalmente, o término do processo de crescimento. O estirão de crescimento ou estirão puberal é composto, portanto, pelo período de aceleração da velocidade de crescimento (VC), até atingir um valor de pico (PVC), e subsequente desaceleração até o término do crescimento. O PVC no sexo masculino pode chegar a valores de 10-12 cm/ano e, no sexo feminino, de 8-10 cm/ano. O estirão puberal não ocorre de maneira uniforme. Inicia-se pelos membros, seguindo uma direção distal-proximal, ou seja, pés e mãos, inicialmente, seguindo-se pernas e membros superiores, conferindo ao corpo do adolescente um aspecto desarmônico ou de desproporcionalidade, que volta a ser harmônico e proporcional ao término do estirão, após o crescimento do tronco, principal responsável pela estatura final do indivíduo. O estirão de crescimento em meninos geralmente ocorre por volta dos 12 aos 16 anos, com um pico normalmente entre 13 e 14 anos de idade; pode-se esperar um ganho > 10 cm no ano do pico de crescimento. O estirão de crescimento em meninas geralmente ocorre por volta de 9½ e 13½ anos de idade, com o pico tipicamente entre 11 e 12½ anos de idade; pode-se esperar um ganho de 9 cm no ano do pico de crescimento. Embora ainda persistam dúvidas sobre a complexa dinâmica da ATIVAÇÃO PUBERAL, sabe-se que esse momento se inicia após a reativação de neurônios hipotalâmicos, que secretam, de uma maneira pulsátil bastante específica, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). A secreção desse resulta na consequente liberação também pulsátil dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) pela glândula hipófise. Isso ocorre inicialmente durante o sono e, mais tarde, estabelece-se em ciclo circadiano. FACILITADORES DA RELAÇÃO MÉDICO-ADOLESCENTE Sigilo: O adolescente precisa estar seguro do caráter confidencial da consulta, mas ficar ciente também das situações em que o sigilo pode ser rompido. Isso, no entanto, deve ocorrer com o conhecimento do paciente, transmitindo-se à família apenas o que for necessário. Saber ouvir: Deve-se estar preparado não só para ouvir com atenção e interesse o que o adolescente tem a dizer, mas também ter sensibilidade suficiente para apreender outros aspectos do que se passa com ele e que lhe são difíceis de expressar verbalmente. Tempo: O atendimento ao adolescente demanda tempo e certo grau de paciência, e, dependendo das questões em curso, quase sempre se faz necessário mais de um contato. A identidade do médico: O adolescente precisa perceber no médico alguém que inspire confiançae respeito, e não que se pareça com seus pais e seus companheiros. Não é, portanto, interessante adotar comportamentos semelhantes aos dos jovens nem atitudes características de um pai substituto. Família: Em algumas circunstâncias, a família pode desejar conversar com o médico sem a presença do adolescente, o que deve ser permitido, obedecendo-se aos mesmos critérios confidenciais adotados para o primeiro e respeitando-se o acordo de sigilo estabelecido com ele. De qualquer forma, com mais ou com menos participação e presença familiar, o adolescente deve estar no centro do atendimento médico, seja na consulta, seja no acompanhamento de seu tratamento. PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO OBJETIVO 2- DISCORRER OS DISTURBIOS ALIMENTARES MAIS COMUNS NA ADOLESCENCIA. TRANSTORNOS ALIMENTARES Os transtornos alimentares constituem uma forma de autoagressão em que o alimento é utilizado como forma de suprir outras faltas psíquicas, seja pelo excesso, seja pela escassez que pode chegar ao risco de morte. O comportamento alimentar se define como “respostas comportamentais ou sequenciais associadas ao ato de alimentar-se, maneira ou modos de se alimentar, padrões rítmicos da alimentação”. Esse tipo de comportamento é influenciado por condições sociais, demográficas e culturais, pela percepção individual e dos alimentos, por experiências prévias e pelo estado nutricional. A influencia da mídia, e a busca pelo estereótipo, a perda de peso é induzida por métodos inadequados, como jejum e exercício físico intenso, e o ganho de massa muscular é estimulado por exercícios físicos excessivos, alimentação inadequada e uso de anabolizantes. Quando o começo do TA (transtorno alimentar) ocorre durante a adolescência, tais transtornos prejudicam as relações sociais e familiares, e a idealização suicida torna- se mais comum. O início da atividade sexual antes dos 16 anos também é mais frequente em adolescentes com TA. Além disso, jovens do sexo feminino com histórico de TA apresentam mais chances de aborto ou gravidez. ANOREXIA NERVOSA Segundo o DSM V, a anorexia nervosa é uma doença psíquica com consequências físicas devastadoras, caracterizada pela perda de peso e distorção da imagem do corpo, com medo obsessivo de ganhar peso, que se manifesta por de privar o corpo do alimento. Mais comum ao final da adolescência e no adulto jovem, embora possa surgir em qualquer idade e em ambos os sexos, é mais diagnosticada em mulheres, em 90% dos casos. Nelas, a parada da menstruação acompanha o quadro. São sinais diagnósticos para a anorexia: • PERDA DE PESO ACIMA DE 15% PESO IDEAL; • MEDO DE ENGORDAR; • ALTERAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA IMAGEM DO CORPO; • PARADA DA MENSTRUAÇÃO NAS MULHERES. A anorexia é responsável pela mais alta taxa de mortalidade entre os transtornos psiquiátricos, sendo que a cada 5 mortes prematuras em pessoas com anorexia nervosa, 3 são por suicídio. As características psiquiátricas pré-mórbidas dos pacientes com AN podem incluir excessiva dependência, imaturidade do desenvolvimento e isolamento. Os indivíduos podem ter palpitações, fraqueza, tontura, dispneia e dores no peito. São encontrados sinais físicos, como pulso fraco e irregular e vasoconstrição periférica, juntamente com bradicardia, hipotensão postural e outras arritmias eletrocardiográficas. As medidas do pulso podem não passar de 20 batimentos/minuto e são comuns várias anormalidades eletrocardiográficas, incluindo baixa voltagem, inversão e achatamento das ondas T e depressão de ST, bem como arritmias supraventriculares e ventriculares, algumas precedidas por um intervalo QT prolongado. A diminuição do débito cardíaco e o prolapso da valva mitral podem decorrer de atrofia miofibrilar. Cansaço, falta de energia, e intolerância ao frio, podem ser causadas por disfunção do eixo hipotálamo-hipofisário-supra-renal. A densidade óssea pode ficar anormalmente baixa, resultando em dor óssea durante exercícios e risco a fraturas. Pele seca, perda de cabelos. Dentre outros problemas importantes. BULIMIA Define-se como COMPULSÃO ALIMENTAR COMBINADA A FORMAS INAPROPRIADAS DE TENTAR INTERROMPER O AUMENTO DE PESO, COMO OS VÔMITOS PÓS- PRANDIAIS E USO DE LAXANTES, LEVANDO A DISTÚRBIOS FÍSICOS, PSÍQUICOS E SOCIAIS. É caracterizada por episódios repetidos de compulsão alimentar, seguidos de comportamentos compensatórios, acompanhada de sentimentos de culpa e autodepreciação, em uma forma clara de dano a si mesmo. Os critérios diagnósticos para a bulimia segundo o DSM V, classificada pelo CID 10 como F50.2, são: • EPISÓDIOS RECORRENTES DE COMPULSÃO ALIMENTAR; • COMPORTAMENTOS INAPROPRIADOS COMPENSATÓRIOS PARA PREVENIR O GANHO DE PESO; • FREQUÊNCIA DE AO MENOS 1 VEZ/SEMANA, POR 3 MESES; • AUTOAVALIAÇÃO INDEVIDAMENTE INFLUENCIADA PELO PESO E ASPECTO CORPORAL. Os fatores de risco para BN incluem fatores familiais, com obesidade dos pais, abuso de álcool e transtornos afetivos, bem como críticas, por parte de familiares, sobre o peso corporal ou os hábitos alimentares. As complicações físicas incluem: Fraqueza e irritabilidade como efeito colateral da desidratação, sofrimento e distúrbio de motilidade gastrointestinal em decorrência dos vômitos e do abuso de laxantes, menstruações irregulares e problemas de fertilidade, caries dentarias e edema da glândula parótida, além de problemas cardíacos decorrentes do abuso de ipeca. A depressão e o diagnóstico psicológico que ocorre mais comumente nas pacientes com BN e pode preceder o distúrbio alimentar ou vir após ele. Os distúrbios de ansiedade, PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO especificamente o transtorno da ansiedade generalizada e a fobia social, também ocorrem juntamente com a BN. TRATAMENTO: É necessária uma avaliação pré- tratamento minuciosa para determinar o nível inicial de cuidados. Anorexia Nervosa> Está indicada a hospitalização em muitos casos. As indicações para hospitalização incluem a constelação de riscos. O aconselhamento nutricional pode ajudar a determinar um peso alvo saudável e a fornecer aos pacientes e suas famílias informações educacionais apropriadas sobre dieta, níveis de exercício e os riscos de curto e longo prazos dos distúrbios alimentares. A internação psicoterapêutica para abordar conflitos e defesas psicodinâmicos, distorções cognitivas, papeis familiares e obsessões pode ser muito útil se integrada a outros aspectos do tratamento. Bulimia Nervosa> Para a BN, está indicada hospitalização quando a paciente tiver sintomas graves que não respondam ao tratamento ambulatorial, problemas clínicos gerais (anormalidades metabólicas, hematêmese, alterações de sinais vitais, vômitos incontroláveis), potencial suicida, desequilíbrios psiquiátricos independentes do distúrbio alimentar que exijam internação ou abuso grave de substâncias psicoativas concomitantes. A decisão de internar uma paciente com BN num hospital psiquiátrico ou clínico depende das condições médicas gerais da paciente, das habilidades e capacidades da equipe de controlar a paciente e da existência de programas ambulatoriais, parciais e pós- intervenção intensiva apropriados para satisfazer as necessidades clínicas e psiquiátricas da paciente. Aconselhamento nutricional, terapia farmacológica, terapia psicodinâmica, terapia interpessoal. COMPULSÃO ALIMENTAR Segundo o DSM V, os episódios de compulsão alimentar estão associados a 3 ou mais dos seguintes itens: • comer muito mais rapidamente que o normal; • comer até se sentir desconfortável; •comer grandes quantidades de alimento sem estar com fome; • comer sozinho por sentir vergonha da quantidade que está comendo; • sentir-se desapontado consigo mesmo, depressivo ou culpado depois do exagero alimentar. A compulsão alimentar é um TANE (transtorno alimentar não especifico ), que se caracteriza pela ingestão de uma quantidade de alimentos maior que a maioria das pessoas ingeriria em um pequeno intervalo de tempo, ao menos duas vezes por semana, por seis meses seguidos, acompanhado do sentimento de falta de autocontrole. Durante esses episódios, os indivíduos sentem uma perda do controle sobre o quê ou o quanto comem e, ao final, sentem-se culpados e depressivos. Dentre os fatores de risco para os TA, destacaram-se a mídia e os ambientes social e familiar. A influência da mídia e do ambiente social foi associada, principalmente, ao culto à magreza. Já no âmbito familiar, o momento das refeições mostrou-se fundamental na determinação do comportamento alimentar e no desenvolvimento de seus transtornos. Os TA se associaram a problemas nutricionais (déficit no crescimento e ganho de peso), à saúde bucal (queilose, erosão dental, periodontites e hipertrofia das glândulas salivares) e aos prejuízos sociais. OBESIDADE A obesidade está associada à ocorrência de hipertensão arterial, dislipidemia e resistência insulínica (RI), levando ao aumento de fatores de risco cardiovascular, piora da qualidade de vida e aumento do índice de mortalidade no adulto jovem. A obesidade corresponde ao excesso de gordura e é uma doença multifatorial que ocorre devido a fatores genéticos e ambientais. A maioria dos pacientes apresentam a obesidade exógena (95-98%) e apenas um percentual muito baixo tem como causa a obesidade síndromes genéticas (PRADER-RILI E BARDER VIEDL), tumores como craniofaringe ou distúrbios endócrinos (hipotireoidismo, síndrome de Cushing). Vem aumentando sua incidência principalmente por conta das mudanças de estilo de vida e hábitos alimentares: sedentarismo, e consumo de alimentos industrializados (alto teor calórico, de acucares e gordura). Filhos de mae obesas e Diabetes gestacional tem maior risco de desenvolver sobrepeso e obesidade na infância, levando pra vida adulta. O desmame precoce, a PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO introdução inadequada de alimentos, sono reduzido e os distúrbios na dinâmica familiar também contribuem para este problema na infância, além disso, o risco da criança ser obesa aumenta em função da obesidade dos pais. A adolescência é um período critico que a obesidade pode surgir ou se agravar, devido ao aumento fisiológico do tecido adiposo principalmente nas mulheres, maior consumo de fast foods e por instabilidade emocional. A obesidade desenvolvida na infância e adolescência tende a permanecer na vida adulta, aumentando a morbi- mortalidade desses indivíduos. FISIOPATOLOGIA: é um disturbio do metabolismo energetico em que occorre um armazenamento excessivo de energia, sob forma de triglicérides, no tecido adiposo. Quando há um equilibrio entre a ingestao e o gasto energético, o peso é mantido. Assim, os fatores causas da obesidade estao relacionados à excessiva ingesta de energia, reduzindo gasto ou alterações na regulação desse balanço energético. A LEPTINA é uma proteina produzida e secretada por adipocitos maduros. Atua como um sinal de saciedade, os obesos apresentam niveus mais elevados de leptina, devido a reduçao da sensibilidade a essa proteina. O NEUROPEPTIDEO Y é um neurotransmissor liberado pelo hipotalamo que tem efeito contrario ao da leptina, aumentando a ingesta alimentar, a concentração serica da insulina, diminui a atividade simpatica, reduzindo desta forma a energia liberada e aumentando os estoques de triglicérides nos adipocitos. DIAGNÓSTICO Métodos antropométricos, em crianças calcula o índice PESO/ESTATURA (P/E), que é a relação entre o peso encontrado e o peso ideal para a idade altura no percentil 50 (P50), multiplicado por 100. Considera sobrepeso quando estiver maior que 110% e menor que 120%, e obesidade igual ou maior que 120%. Em crianças acima de 2 anos e adolescentes, é mais adequado utilizar o INDICE DE MASSA CORPORAL (IMC), que é a relação entre o peso em quilos e a estatura em metros ao quadrado. O IMC acima do percentil 85 (P85) e abaixo do percentil 95 é considerado sobrepeso, a partir de P95 como obesidade. Acima de 99 Obesidade severa. Existem outros métodos que são a impedância bioelétrica, infra-vermelho e o DEXA. Repercussões: Hiperinsulinemia: ocorre devido ao desenvolvimento de resistência a insulina; Hipercolesterolemia: nos obesos há um aumento dos níveis de colesterol totais e LDL, com maior risco de desenvolvimento de aterosclerose. A gordura central aumenta o risco pra diabetes, doenças cardiovasculares, e HA. Complicações ortopédicas: ocorrem principalmente pelo trauma nas articulações pelo excesso de peso; Alterações na função pulmonar: diminuição do volume residual e do volume expiratório máximo; Alterações dermatológicas: estrias, tendencia a infecções fúngicas nas dobras e acantose nigricans. TRATAMENTO Abordagem multidisciplinar, com nutricionista, psicólogo, e educador físico. Importante investigar as repercussões da obesidade supracitadas, para tratamento adequado. Nos casos de dislipidemias, os pacientes são orientados a restringir o consumo de gorduras saturadas e colesterol, dando preferencia a gorduras poli-insaturadas, aos carboidratos complexos e fibras. Os regimes são contraindicados, pois levam a perda do tecido muscular e diminuição da velocidade do crescimento. O uso de medicamentos é contraindicado, a atividade física e o acompanhamento ao psicólogo é fundamental. A distribuição da gordura corpórea, e não somente o excesso global (segundo o IMC), tem grande importância no desenvolvimento de comorbidades relacionadas à obesidade. O acúmulo de gordura em diferentes órgãos, especialmente a intra-abdominal, predispõe ao desenvolvimento de RI e de dislipidemia. Hiperandrogenismo e manifestações puberais: A obesidade exógena está associada a processo de maturação mais rápido, com aceleração do crescimento e desencadeamento da puberdade mais precocemente. As primeiras manifestações de puberdade podem ocorrer mais precocemente em crianças obesas, porém a idade da menarca mudou muito pouco. O rápido ganho de peso parece estar associado às mudanças no padrão de desenvolvimento da adrenarca. Essas mudanças seriam mediadas pela ação da enzima 11-beta-esteroide- desidrogenase nos adipócitos, sob estímulo da leptina. O tecido adiposo é o principal local de metabolismo dos esteroides sexuais, e grande parte da testosterona circulante em mulheres jovens é derivada desse tecido. Na presença de obesidade abdominal, ocorrem alterações qualitativas e quantitativas na secreção de androgênios, redução na concentração de globulinas transportadoras de esteroides sexuais (SHBG) e estado hiperinsulínico. Uma das hipóteses para explicar essas alterações seria o distúrbio que causaria fosforilação excessiva no receptor de insulina e modularia a enzima regulatória da biossíntese androgênica, provocando tanto o hiperandrogenismo como a RI. PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO OBJETIVO 3- ACLARAR AS CAUSAS E CONSEQUENCIAS DO USO DE DROGAS ILICITAS E LICITAS NA ADOLESCENCIA. O uso de substâncias lícitas (como álcool e tabaco) ou ilícitas (como heroína, cocaína e LSD) era predominante entre indivíduos adultos. No entanto, a partir da década de 1960, observou-se aumento crescente do uso e abuso de substâncias entre adolescentes e, mais recentemente, entre pré-adolescentes. E isto reflete diretamente em seu desenvolvimentoe processo de crescimento. Abuso de substâncias: padrão inadaptado de uso de substância(s) que leva a comprometimento clínico ou angústia importantes, manifestado por 1 ou mais das seguintes situações, nos últimos 12 meses: uso recorrente da substância resultando em falhas no cumprimento de suas obrigações na escola, no trabalho ou em casa; uso recorrente da substância em situações que sejam fisicamente perigosas; problemas legais recorrentes relacionados ao uso da substância; uso contínuo da substância apesar de problemas sociais e interpessoais repetidos. Dependência de substâncias: segundo o DSM, um indivíduo pode ser diagnosticado como apresentando distúrbio de uso de substâncias ou dependência de substâncias quando apresenta ao menos 2 dos seguintes sintomas ou situações: • falha em executar suas obrigações maiores em razão do uso da substância; • uso em situações fisicamente perigosas; • uso continuado apesar de problemas sociais ou interpessoais recorrentes; • tolerância; • abstinência; • consumo da substância em grandes quantidades ou por períodos maiores do que o pretendido inicialmente; • desejo persistente pela substância e esforços malsucedidos no sentido de cortar ou diminuir seu consumo; • grande volume de tempo gasto em atividades necessárias para obter a substância, usá-la ou recuperar- se de seus efeitos; • redução ou abandono de atividades de convívio social, de lazer ou de trabalho em razão do uso da substância; • uso continuado da substância, mesmo sabendo ter problema físico ou psicológico persistente ou repetido causado ou exacerbado pelo consumo da substância. SUBSTÂNCIA PSICOATIVA: substância química que afeta o sistema nervoso central (SNC) e modifica o comportamento e os processos mentais. Alterações de funcionalidade neuronal, comportamento, humor, percepção e consciência. Alucinógenos (enteogênicos; psicodélicos; psicotomiméticos): substâncias caracterizadas sobretudo por sua habilidade em produzir alterações de percepção. Podem afetar profundamente a consciência interferindo em todas as modalidades sensoriais. Entactógeno: substâncias que causam efeitos pró-sociais, emocionais e sensoriais nos usuários, como 3,4- metilenodioximetanfetamina (MDMA) ou ecstasy e outras estruturas químicas próximas. Fissura (craving): segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), é definida como um desejo forte ou compulsão para fazer uso de uma substância, como álcool ou outras drogas. Disforia: estado de humor desconfortável e não prazeroso, como tristeza, ansiedade, irritabilidade ou inquietude. Etimologicamente, é o oposto de euforia. Tolerância: é o processo farmacológico caracterizado pela necessidade de consumir doses cada vez maiores de uma substância psicoativa para que o indivíduo apresente os efeitos desejados. Pode ser causada, em parte, pelo metabolismo aumentado da substância (tolerância farmacocinética), mas se deve principalmente a alterações neuroadaptativas no cérebro. Síndrome de abstinência (dependência física, dependência fisiológica): resulta da administração ou uso prolongado de uma substância e manifesta-se quando seu uso é descontinuado. EPIDEMIOLOGIA Os dados epidemiológicos mais recentes sobre o uso de substâncias na adolescência são preocupantes no Brasil e no mundo. O álcool e o cigarro são as drogas mais prevalentes, a maconha é a droga ilícita mais comumente usada, a prevalência do uso de drogas varia conforme a idade, sexo, região, raça e outros fatores. Adolescentes mais jovens tendem a relatar menos o uso da maioria das drogas do que os adolescentes mais velhos, com exceção dos inalantes. (2004). Os meninos tendem a ter maior numero em prevalência e duração de usos de drogas, em áreas rurais a bebedeira e o cigarro prevalecem. O uso de metanfetamina e de heroína se tornou popular entre os adolescentes brancos pobres de zonas rurais e adolescentes suburbanos. DIAGNÓSTICO O Comitê sobre Abuso de Substâncias da Academia Americana de Pediatria (AAP) considera que o abuso de substâncias por adolescentes possa ser, talvez, o diagnóstico pediátrico mais falho. Alguns sinais de alerta podem sugerir que o adolescente tenha problemas relacionados a álcool e outras substâncias: problemas escolares (piora nas notas, falta às aulas); PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO problemas de saúde (acidentes, “resfriados” frequentes, tosse crônica, dor torácica, sintomas alérgicos); problemas familiares (perda de interesse nas atividades familiares, não trazer amigos para casa, atrasos não explicados ao chegar em casa após a escola, respostas evasivas sobre suas atividades, desaparecimento de objetos de valor da casa, tratar mal os irmãos); problemas com os companheiros (abandono dos velhos amigos, novos amigos desconhecidos, preferência por festas nas quais os pais não participam, chamadas telefônicas estranhas). PATOGÊNESE O processo de crescimento físico e desenvolvimento que caracteriza a puberdade pode ser afetado adversamente pelo uso de drogas. Um terço das meninas adolescentes que usam heroína tem amenorreia secundaria, as anfetaminas interferem no sono, e o no aumento da secreção de gonadotrofina no começo da adolescência. O álcool priva o organismo de proteínas necessárias, atrapalhando no estirão de crescimento puberal. COMPLICAÇÕES Riscos psicológicos, assim como físicos. Os jovens podem praticar furtos, arrombamentos, distribuição de drogas ou prostituição com a finalidade de conseguir o dinheiro necessário para comprar drogas ou álcool. Os atos de delinquência se associam mais frequente ao uso recente de drogas ilícitas. Com a diminuição da capacidade de julgamento aumento os casos de gravidez na adolescência, e doenças sexualmente transmissíveis, incluindo HIV, bem como à violência física e traumas. TRATAMENTO Inicialmente precisa da aceitação do paciente e da família, nos casos agudos busca se um tratamento inicial mais brando. Há uma variedade de programas de tratamento para o uso crônico está disponível para pacientes internados e ambulatoriais. Os CAPS (Centros de Assistência Psicossocial) dão suporte e apoio, prestam cuidado de atenção psicossocial, e tratamento aqueles que são internados, buscando trazer de volta a sociedade a pessoa sem vícios e com maior humanidade possível. Dentre outros tratamentos também com uso de medicamentos. Álcool: é uma das substâncias mais utilizadas por adolescentes. É considerado responsável por mais injúrias físicas e mortes em jovens do que aquelas produzidas por todas as drogas ilícitas somadas. É um depressor do SNC, mas que apresenta efeitos iniciais euforizantes. Em doses elevadas, leva a progressivo rebaixamento do sensório, podendo chegar à depressão respiratória. Antes disso, principalmente nos bebedores iniciantes, ocorre a evolução clássica para incoordenação motora (ataxia), diplopia, fala arrastada, náuseas e vômitos. Tabaco: A prevalência do tabagismo em idade precoce é particularmente grave à luz dos recentes achados de que fumar durante a infância ou a adolescência pode danificar o DNA nos pulmões, aumentando o perigo de câncer de pulmão, mesmo em pessoas que posteriormente param de fumar. Além disso, jovens que começam a fumar aos 11 anos têm duas vezes mais chances do que outros jovens de apresentar comportamentos de risco, como andar em um carro com um motorista que bebeu; levar facas ou armas para a escola; usar inalantes, maconha ou cocaína. Maconha (cannabis): A planta Cannabis sativa (maconha, marijuana). A forma mais comum se dá pelo consumo de cigarros (“baseado”), no qual fragmentos da planta dessecada são fumados. O princípio ativo da planta com propriedades psicoativas é o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC), presente em uma concentração em torno de 10% no cigarro. Outro derivadoda planta, a resina chamada haxixe, apresenta concentrações acima de 10%, e o óleo de haxixe, mais concentrado, acima de 20% de THC. Os efeitos do consumo de um cigarro de maconha (THC) são relaxamento e leve estado de euforia, com melhora do humor e aumento de apetite (“larica”). Como ocorrem prejuízos cognitivos, na tomada de decisões e na percepção de tempo, há favorecimento da ocorrência de injúrias físicas (trauma) e acidentes de trânsito envolvendo o usuário. Pode produzir efeitos desagradáveis como ansiedade, disforia e até desencadeamento de surtos psicóticos em adolescentes predispostos (comorbidades). COCAÍNA: A cocaína é um alcaloide da planta Erythroxylun coca. As formas mais utilizadas são o pó (hidrocloreto de cocaína), cheirado, aplicado em mucosas ou injetado, e o crack (ou “pedra”), que é fumado. Atingindo seus efeitos psicoativos em torno de 10 a 15 minutos, e em 2 a 3 minutos quando injetada. O crack, fumado com auxílio de PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO cachimbos artesanais ou improvisados, permite o acesso rápido da cocaína ao SNC a partir da circulação pulmonar, com pico de efeito psicoestimulante em cerca de 1 minuto. A exposição à cocaína produz uma síndrome simpaticomimética típica, com agitação, taquicardia, hipertensão arterial, sudorese, tremores e midríase, acompanhada de efeitos subjetivos como euforia, redução do sono e do apetite e disposição aumentada para atividades físicas (mesmo trabalho penoso) e sexuais. Algumas vezes, pode haver efeitos indesejáveis, como agitação extrema, agressividade e surtos psicóticos. Complicações orgânicas graves, neurológicas (hemorragia intracraniana) e cardíacas (vasoespasmo coronariano, infarto agudo). Os usuários de crack têm também dano pulmonar em graus variados, caracterizando o chamado “pulmão do crack”. A abstinência, descrita em todas as formas de uso, é caracterizada por intensa disforia pós-consumo, seguida de fissura importante. Nas situações agudas de agitação e agressividade, sedação com diazepínicos e, se necessário, haloperidol deve ser tentada. As manifestações cardíacas, quando restritas ao vasoespasmo coronariano, costumam responder a nitratos e sedação com diazepam. Complicações cardíacas graves e hemorragias do SNC demandam acompanhamento e manejo especializado. Inalantes: Os inalantes são compostos voláteis, pertencentes a variados grupos químicos, que estão presentes em uma infinidade de produtos de uso doméstico e industrial. Os efeitos iniciais do consumo são semelhantes aos da embriaguez alcoólica (euforia, agitação, rubor facial) podendo seguir-se de tontura, náuseas, vômitos e alucinações. ALUCINÓGENOS: O LSD produz efeitos alucinógenos importantes com doses mínimas, sendo consumido, às vezes, a partir de pequenos pedaços de papel (selos, figuras adesivas) ou comprimidos. O ecstasy é uma anfetamina com propriedades alucinógenas, apresentando alguma similaridade estrutural com a mescalina. Consumida na forma de comprimidos, produz euforia, aumento de energia e busca de contato físico (entactógeno), além de manifestações simpaticomiméticas, como taquicardia, agitação, hipertensão arterial, hipertermia e sudorese. A ketamina, um analgésico dissociativo usado em anestesiologia humana e veterinária, com propriedades alucinógenas. Sua ação se dá nos receptores NMDA glutamato, bloqueando estímulos visuais, dolorosos e auditivos, levando a uma virtual privação dos sentidos e estado onírico, podendo chegar a despersonalização (sensação de sair do próprio corpo). PROBLEMA 6- NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO THAIS MARTINS SOUTO
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