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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO DEPARTAMENTO DE ECONÔMIA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS Análise de Conjuntura Econômica LEANDRO SILVA BRITO Matrícula: 2020035310 Resumo do livro ‘’ SOUZA, Herbert J. Como se faz análise de conjuntura. Petrópolis: Vozes, 1998. 18ed. São Luís- MA 2022 Como se faz a análise de conjuntura Algumas categorias para a análise da conjuntura A análise de conjuntura ainda por ser um procedimento que em certas circunstâncias pode ser simples de se realizar, já que a todo momento estamos fazendo ‘’análises’’ de conjuntura querendo ou não, como por exemplo: quando decidimos sair de casa ou de um emprego; tudo é pensado, as possibilidades de erro ou acerto etc.; entretanto, essas ‘’análises’’ podem se tornar complexas em certos períodos, por exemplo, pela insuficiente de dados detalhados que servem de apoio do estudo, ou a falta de capacidade de perceber, compreender, descobrir sentidos, relações etc. através dos dados e informações. Alguns aspectos são importantes e que se devem ser levados em consideração para se fazer análise de conjuntura: acontecimentos, cenários, atores, relação de forças e articulação (relação entre ‘’estrutura’’ e ‘’conjuntura’. Todos esses aspectos têm os seus pesos individualmente, quando analisados de forma micro, mas em contrapartida possuem um valor maior ainda quando são estudados do ponto de vista macro (quando somados na análise de conjuntura). Primeiramente, temos os acontecimentos, esse que pode ser facilmente confundido com fatos. Os fatos por sua vez ocorrem diariamente em todas as partes do mundo (exemplo: o beijo de João em Maria), mas nem todos têm o peso suficiente para serem considerados como ‘’acontecimentos’’, só é considerado quando adquirem um sentido especial para um país, uma classe social, um grupo social ou uma pessoa, exemplo: uma greve geral que modifica o setor rodoviário de uma cidade, golpes militares etc. O importante para análise da conjuntura é analisar os acontecimentos, saber diferenciá-los dos fatos e agrupá-los mediante ao seu grau de importância, no qual, a importância e o peso deles variam de acordo com que analisa a conjuntura. Os cenários por sua vez dizem respeito ao local onde as ações da trama social e política se desenvolvem, cabe ainda ressaltar que cada cenário apresenta as suas particularidades que influenciam o desenvolvimento do acontecimento. Já os atores, como pelo nome já conseguimos identificar o seu papel na conjuntura, um certo individuo é um ator social quando ele representa algo para a sociedade, como por exemplo encarnar uma ideia, uma reivindicação, um projeto, uma promessa, uma denúncia etc., não só um individuo pode ser um ator social, mas sim também uma classe social, uma categoria social, assim como as instituições. É nítido que dentro das classes sociais, dos grupos, no meio dos atores sociais há uma relação uns com os outros, na qual essa relação pode ser de confronto de coexistência, de cooperação e estarão sempre revelando uma relação de força, de domínio, igualdade ou subordinação. Essa relação de forças pode se revelar através de indicadores quantitativos, como no caso das eleições, que o número de votos dirá a relação de forças entre partidos, grupos ou classes sociais, assim como há formas menos visíveis e isso é dificultado muitas vezes pelo fato de que a relação de forças está em constante mudança. No último aspecto da análise de conjuntura, temos a exposição ‘’a análise de fatos com ênfase nas estruturas e conjunturas’’, o que cabe aqui ressaltar é que os acontecimentos das relações de forças não ocorrem no vazio, mas sim todas tem relação direta ou indiretamente com a história, com o passado, com relações sociais, econômicas e políticas estabelecidas ao longo de um processo longo, desse modo é necessário relacionar a conjuntura( que é responsável pelos dados, os acontecimentos, os atores) à estrutura. Além de considerar essas categorias, existem outras indicações que devem ser levadas em conta para se fazer uma análise de conjuntura, como perceber o que está por trás dos acontecimentos, assim como quais as forças, os movimentos, as contradições, as condições que o geraram etc. Outras duas categorias importantes e úteis para a análise da ação de diferentes atores são a de ‘’estratégia’’ e a de ‘’tática’’, aquela tem como função designar as estratégias empregadas por estes atores sociais para conseguir realizar seus objetivos e essa como um conjunto de meios, de forças, de elementos tendo em vista realizar objetivos gerais ou "projetas" mais globais que respondem a interesses e objetivos sociais, econômicos e políticos de determinadas forças ou classes sociais Na estratégia, observamos os objetivos e linhas de ação mais gerais e já na tática observamos os meios e formas particulares, concretas de ação, tendo em vista a realização de estratégias determinadas. Sistema do capital Mundial No tocante à conjuntura é importante dar relevância aos elementos fixos, estruturais e dar ênfase as dimensões locais, regionais, nacionais e internacionais da nossa realidade. O sistema do capital mundial tem o seu peso e papel dentro da conjuntura econômica e ele se constitui no pano de fundo do processo econômico, social e político de um país. Apesar de não determinar todo os acontecimentos da nossa realidade, mas é fundamental analisar as suas características e como impacta na nossa realidade atual. Descrição do Sistema do Capital Mundial No capitalismo contemporâneo há empresas denominadas de transnacionais que se caracterizam principalmente pelo uso da tecnologia mais avançada, pela capacidade de produzir bens sofisticados em escala de massa e a nível mundial. E como já esperado do capital transnacional, tem o papel de maximização de lucros, além de intensificar as relações já presentes no capitalismo. A noção fundamental do capital mundial é que é um sistema produtivo articulado em escala mundial sob a liderança das grandes corporações e bancos transnacionais. Limites e Contradições do Sistema do Capital Mundial O processo de acumulação assenta-se sobre a exploração do trabalho pelo capital: contradição entre proprietários dos meios de produção em escala mundial e força de trabalho viva organizados e definidos a nível nacional., ou seja há um confronto direto e constante entre os capitais mais fracos e os mais fortes, só que agora é em escala mundial, outra contradição importante é que agora o capital não tem compromisso com o nacional, com o particular, com as realidades e necessidades definidas a nível local ou nacional. Sua vocação é universal. A lógica da acumulação por sua vez é definida a nível mundial e necessita de consentimento do poder político de cada país; outra contradição básica é que os Estados nacionais passam a desempenhar uma dupla função transnacional e nacional - da qual decorrem novos problemas relativos à acumulação e à legitimidade. Em suma, todos as ações dentro do processo de transnacionalização são voltados para o universal e não focado no nacional, desse modo, as políticas economias, sociais, o papel do estado etc. se voltam para o universal. No Brasil, esse processo de transnacionalização é evidenciado pelo autor no tocante a dívida externa do Brasil, ele diz que a dívida externa brasileira de certa forma é, portanto, um indicador do grau de transnacionalização da economia brasileira, pois corresponde a um problema de escala universal (sistema financeiro mundial) e funciona como um crédito concedido ao Brasil como parceiro do sistema em função do desenvolvimento transnacional. Por outro lado, esse processo é prejudicial para o país já que como foca no universal e deixa o nacional de lado, as mazelas sociais são bem maisevidenciadas (níveis salariais, condições de trabalho, fome, pobreza etc.) Sistema do poder político transnacionalizado No sistema de poder transnacionalizado o Estado passa por uma série de transformações políticas e de modo geral se caracteriza por seu caráter centralizado, desnacionalizado, tecnocrático e repressivo sob diferentes formas, ele passa a ser reduzido ao Poder Executivo federal, a questão central deste Estado passa a ser a da legitimidade e, portanto, o de sua incapacidade de institucionalizar-se pelas vias liberais e, particularmente, sua institucionalização através dos processos eleitorais, o Estado passa a exercer o seu poder através de decisões autoritárias, com base no uso direto da força ou no recurso visível à coerção armada (Forças Armadas) e no uso intensivo dos meios de comunicação de massa sob o controle direto e indireto do Estado, o monopólio de produção e difusão das grandes redes de TV passam a ser dominadas pelo estado, os processos eleitorais são banidos etc. Em relação aos meios de comunicação de massa a informação é apropriada pelo Estado como elemento fundamental do poder; os setores dominantes geram os conteúdos e a distribuição de imagens pelo país e pelo mundo, a sociedade civil é pensada como reflexo do estado e incapazes de ir contra as informações produzidas e manipuladas pelo Estado, os movimentos de oposição são vistos a partir da ótica da guerra e não da ótica da política, a produção dos dados é em grande medida privilégio do Estado. A estatística deixa de ser confiável para ser uma arma política, as lideranças militares que dirigem o poder político se afastam da sociedade nacional, do Povo e da Nação. Contradições deste Sistema e as suas percas Diante dos aspectos citados anteriormente, cabe aqui ressaltar as contradições desse sistema: a perda da soberania nacional, nas diversas dimensões (econômica, política, tecnológica, cultural e militar), o nacionalismo militar passa a ser um perigo para esse sistema, o Estado passa a promover as condições para que a transnacionalização se dê e administra suas crises, já que é incapaz de determinar o tipo de desenvolvimento conveniente às necessidades e potencialidades do país, a deslegitimação crescente do poder nacional frente às maiorias nacionais provoca um amplo movimento de resistência e reorganização da sociedade civil Surgem novas formas de organização que conquistam espaços de poder fora do Estado, emergem movimentos populares com conteúdo e formas nova, o Estado transnacionalizado assume características perversas em relação a suas políticas sociais, o que aprofunda a distância entre o Estado e a sociedade civil. As formas autoritárias dos Estados transnacionalizados variam de ditaduras militares e regimes "civis" com forte presença das forças armadas na retaguarda da ordem, o que não varia é sua contradição com a democracia, com o avanço desse autoritarismo em diversas escalas, a democracia segue sendo o único motivo pela luta, os setores majoritários da sociedade civil se organizam desvinculados e em oposição ao Estado, e dessa oposição nasce a negação da ordem autoritária e a proposta democrática. Formas de controle político As formas de controle político estão presentes em diversas economias e são aplicadas quando uma classe, grupo, maioria ou minoria vai contra o que está sendo pregado pelo setor dominante. Dentre as formas de controle há a coerção econômica na qual empresas e o Estado forçam as massas a se assalariarem, desse modo o poder sobre os seus direitos trabalhistas cabe aos detentores do capital, ainda também através de impostos taxas, salários. Mecanismos de Controle sobre a Organização Social Nessa modalidade, o Estado que estabelece as regras e normas do que é permitido e proibido existir como organização social, há permissão de sindicatos, entretanto eles são fiscalizados e regularizados pelo Estado e não pelos operários, o mesmo para partidos políticos, universidades, igrejas, editoras, os meios de difusão, assim como o Estado proíbe a existência de outras organizações e atividades que são consideradas ilegais, em suma tudo gira em torno das decisões do Estado e a sua vontade. Mecanismos ideológicos de resignação do medo: duas formas fundamentais de controle social Segundo o autor esse é um dos mecanismos das mais eficientes de controle, pois individuo aceita a ordem social das coisas, suas leis seus mecanismos, seus horizontes etc. sem indagar o que se passa por trás disso ou o seu verdadeiro significado para ele ou para um grupo, um exemplo disso é através da ideologia religiosa que através do sofrimento na terra seria concedido um lugar no seu após o juízo final. Controle da Informação Trata-se da forma mais eficiente na sociedade moderna, e como no Brasil há uma grande diversificação de canais de informação (rádios, tv, jornais, revistas) seria um ótimo meio de controle político, econômico e social). Desse modo, com a intervenção estatal desses meios seria prejudicial para análise de conjuntura que fosse contra o que estava sendo pregado, pois os meios de observação dos dados estariam comprometidos com uma só linha de pensamento. Estratégias em jogo A ideia desse aspecto por sua vez serve para identificar as intenções dos grupos e classes sociais e tentar descobrir os sentidos mais globais dos acontecimentos e da ação de diferentes atores (grupos dirigentes no poder e oposição e movimentos populares), essa estratégia começa a acontecer, por exemplo, quando um sistema político está em ruínas e um outro surge, isso dá espaço para novas formações tanto econômica, como política, social etc. com a acentuação e avanço, o setor antes dominante( grupos dirigentes) passa a boicotar o novo sistema instaurado para que seja um fracasso e na desestabilização política. Já os movimentos populares, que são também objeto de análise, fica visível observar três tipos de estratégias empregadas por eles: a defensiva (como no próprio nome diz usam dos seu meios para se protegerem dos demais ataques de outros grupos), a relativa (funciona como um contra-ataque), e a alternativa (é uma estratégia que toma iniciativa no plano político; tem uma ação própria, com importância original; e existe mais ao nível da prática que da formulação de políticas e estratégias alternativas). Quadro atual Existem aspectos importantes como já foi citado anteriormente no corpo do texto e uma delas é a de caracterizar as questões centrais que são colocadas em evidência na luta política e social de uma determinada cidade, estado ou país, pois esses aspectos corriqueiros servem como pauta de debates políticos, sindicais e de movimentos sociais e estão refletidas nos setores midiáticos. Dentro da sociedade há setores chaves e cada um tem a sua preocupação e importância no cenário atual e cabe ser mencionado, como por exemplo: o governo com a questão da inflação, dívida externa, gastos público, recessão, reforma constitucionais; os grandes projetos governamentais bilionários que estão paralisados; a questão operária que nunca deixou de perder as suas forças pelos direitos da classe operária; a questão agrícola com a reforma agrária com a questão dos agrotóxicos, grilagem de terras, lutas no campo; a questão política com a reforma partidária, eleições diretas; e a novas relações entre Igreja e Estado, na qual o governo dialoga diretamente com a Igreja e prega ideais vindo dela. Campos de confronto Outro aspecto a ser considerado em uma análise de conjuntura é a identificação dos campos de confronto existentes num determinado momento e que caracterizam os tipos de oposição e os conflitos entre os diferentes atores sociais. E a importância da identificação desses campos é justamente porque o enfoque da conjuntura é basicamente o conflito. Na conjunturaatual, podemos observar alguns desses campos de confronto: o Estado e a Sociedade (conflitos sociais, legitimidade de um tipo de governo, urgências econômicas e sociais); Estados e partidos políticos (ocupação de cargos do Estado pelos partidos etc.), Estado e empresários (a ação empresarial sobre o Estado amplia seus espaços e aprofunda as pressões diretas para definir as políticas governamentais); Estado e militares( no qual, os militares deixaram de ter uma atuação direta com a política do Estado, pedindo silêncio sobre suas ações passadas na implantação do regime autoritário) dentre outros. Um método prático de fazer análise de conjuntura com os movimentos populares a representação da conjuntura O método abordado se dá através de encenação teatral, e tem por finalidade a reflexão coletiva sobre a realidade. Os passos se ressumem aos 6 passos: levantar questões e listá-las em um quadro; identificar e selecionar quais as forças sociais estão envolvidas com essas questões levantadas; identificar e selecionar os atores que representam/ dão voz para esses movimentos; escolher quem vai representar esses atores na peça; organizar as pessoas para um debate como se estivessem falando para um país e expondo seus argumentos e por último esse debate será livre e sem intervenções, só haverá uma intervenção no fim para que haja uma avaliação do que aconteceu no palco para comparar com a realidade. Referências Bibliográficas SOUZA, Herbert J. Como se faz análise de conjuntura. Petrópolis: Vozes, 1998. 18ed.
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