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COLÉGIO ESPÍRITO SANTO VITÓRIA SIMONI MORENO PSICOPATIA E DIREITO PENAL: a glamourização do serial killer São Paulo 2020 1 VITÓRIA SIMONI MORENO PSICOPATIA E DIREITO PENAL: a glamourização do serial killer Monografia apresentada ao Colégio Espírito Santo como parte da avaliação do Ensino Médio. Orientadora: Débora Romagnoli São Paulo 2020 2 VITÓRIA SIMONI MORENO PSICOPATIA E DIREITO PENAL: a glamourização do serial killer Monografia apresentada ao Colégio Espírito Santo como parte da avaliação do Ensino Médio. São Paulo, _____ de ________________ de 2020. BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Colégio Espírito Santo ____________________________________ Colégio Espírito Santo ____________________________________ Colégio Espírito Santo 3 Dedico esse trabalho para fins acadêmicos, a minha família e aos meus amigos Vitor Natale, Lívia Padilha e Júlia Braz. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus familiares e amigos que sempre estiveram ao meu lado nos bons e ruins momentos da vida e as professoras Débora Romagnoli e Cristiane Imperador, que me auxiliaram no decorrer desse trabalho acadêmico. 5 O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. Albert Einstein 6 RESUMO O presente trabalho ressalta a importância e a necessária observação do Direito Penal que estabelece ordem e pune aqueles que praticam crimes ou delitos, com o intuito de proteger os bens jurídicos.Este trabalho também analisa a diferença entre o serial killer, indivíduos sociopatas que praticam uma série de homicídios, e os psicopatas, indivíduos com distúrbios mentais graves, mas que nem sempre tornam- se um serial killer, com o objetivo de entender o seu passado e o que motivou essas pessoas a se tornarem cruéis assassinos; visa analisar a grande diferença nas penas aplicadas ao serial killers, no Brasil e nos Estados Unidos e a impunidade do sistema judiciário brasileiro com esses criminosos; por fim fazer uma relação do papel da vítima que sofreu o delito com o sistema judiciário. Para a realização desta monografia de pesquisa bibliográfica e natureza quantitativa e qualitativa, foi realizado um questionário, além da leitura e análise de materiais científicos e de casos criminais como: Ted Bundy e O maníaco do Parque. A partir da realização da pesquisa e dos casos criminais, foi possível estabelecer possíveis soluções para que o sistema judiciário brasileiro estabeleça punições justas, de acordo com a gravidade de seus crimes. E na finalização conclusiva pude analisar e perceber que soltar pessoas desta forma, põe em risco toda sociedade. Palavras-chave: Direito Penal. Serial Killer. Psicopata. Vítima. 7 ABSTRACT The present work emphasizes the importance and the necessary observation of the Criminal Law that establishes order and punishes those who commit crimes or crimes, in order to protect legal assets. This work also analyzes the difference between the serial killer, sociopathic individuals who practice series of homicides, and psychopaths, individuals with serious mental disorders, but who do not always become a serial killer, in order to understand their past and what motivated these people to become cruel killers; besides that, it aims to analyze the great difference in the penalties applied to serial killers in Brazil and in the United States and the impunity of the Brazilian judicial system with these criminals; and finally, to relate the role of the victim who has suffered the crime to the justice system. It was made a literature review and quantitative and qualitative nature, a questionnaire was carried out, in addition to reading and analyzing scientific materials and criminal cases such as: Ted Bundy and The Park Maniac. Based on the research and the criminal cases, it was possible to provide possible solutions for the Brazilian judicial system to establish just punishments, according to the seriousness of their crimes. After all the analysis, it was possible to notice that releasing people in this way, puts the whole society at risk. Keywords: Criminal Law. Serial Killer. Psycho . Victim 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Sabe o que é direito penal?…………………………………………………..…20 Gráfico 2- O termo serial killer lhe é familiar?.................................................................21 Gráfico 3- Conhece algum caso de psicopatia?.............................................................21 Gráfico 4- Diferença entre o serial killer e o psicopata?.................................................22 Gráfico 5- Concorda com o modo como os serial killer são julgados no Brasil ?...........23 Gráfico 6- O que é vitimologia?......................................................................................24 Gráfico 7- Características de um psicopata………………………………………….……..25 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Comparação das classificações das vítimas.……...………...………………...42 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................11 2 A RELAÇÃO DO SERIAL KILLER COM O PSICOPATA……………………………...13 2.1 Características de um serial killer …………………………………..……………….14 2.2 O que é um psicopata ?.........................................................................................15 2.3 Características de um psicopata……………………………………………………...16 2.4 O que é um sociopata e quais são suas características?..................................17 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS……….……………………………...19 3.1 Apresentação dos dados………………………………….………….……………......19 3.2 Análise e coleta de dados da questão dissertativa…………………………….….26 4 TED BUNDY: O SERIAL KILLER QUE USAVA O CHARME PARA ATRAIR SUAS VÍTIMAS …………………………………………..……………………....…....…………....27 4.1 Os crimes de Ted Bundy ……………………………………………………………....29 4.2 O julgamento de Ted Bundy…………………………………………………………...31 5 O MANÍACO DO PARQUE………………………………………....………....………......33 5.1 Os crimes e seu julgamento……………………………...…………………………...34 6 TRATAMENTO PENAL AOS CRIMES PRATICADOS POR SERIAL KILLERS NO BRASIL E NOS ESTADOS UNIDOS…………….……………………………..................36 7 VITIMOLOGIA…………………………………………………………………………….....39 7.1 Classificação quanto à vitimização………………………………………………......39 7.2 Classificação vitimológica de Benjamin Mendelsohn………………………...….40 7.3 Classificação vitimológica de Hans Von Hentig……...…………………………....41 7.4 Vitimologia e direitos humanos…………………..……………………………….....43 8 CONCLUSÃO…………………………………………………………………………….....45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………......47 ANEXOS………………………………………………………………………………………..49 11 1 INTRODUÇÃO Entender o que é um psicopata e como funciona sua mente é uma tarefa difícil, são pessoas que possuem uma mente doentia ou com algum distúrbio mental. Os psicopatas não são considerados loucos, mas sua deficiência se encontra na falta de emoção e sentimentos. Em muitos casos são pessoas que cometem crimes cruéis e que chocam a sociedade. Dentro dessa personalidade, há os serial killers, que cometem crimes com vítimas aleatórias e sempre com um padrão na execução de seus crimes, deixando sua marca registrada de alguma forma. No direito penal brasileiro os doentes mentais são considerados inimputáveis (pessoas incapazes de discernir seus atos, que no momento do crime eram incapazes de entender o caráter ilícito do fato), ou seja, os psicopatas não podem responder pelo que fizeram e são excluídos penalmente. Os psicopatas recebem a aplicação de uma pena comum, não sendo muito eficiente, porque essas pessoas têm um caráter muito persuasivo e demonstram remorso mas quando forem libertos, iram voltar a praticar seus crimes pondo em risco a sociedade novamente. A relevância social deste trabalho refere-se a busca pela compreensão de que serial killers não possuem condições de ficarem livres, devido ao risco para a sociedade e que o sistema judiciário brasileiro precisa aplicar penas eficientes paraesses psicopatas. Esta monografia tem como objetivo analisar o perfil psicopático, inclusive suas principais características, a sua marca registrada, a sua atuação, e em especial analisar o serial killer e seus aspectos criminosos e características marcantes e como são realizados seus crimes, além de analisar a atuação do sistema judiciário brasileiro com as penas a esses criminosos. Assim sendo, o primeiro capítulo apresentará o conceito do serial killer, suas principais características e sua classificação diferenciando do conceito de psicopata 12 e suas características. O segundo capítulo exibirá os resultados de um questionário objetivo realizado a respeito do tema. O terceiro capítulo irá apresentar o caso do serial killer norte americano Ted Bundy. O quarto capítulo irá apresentar o caso do serial killer brasileiro Maníaco do Parque. O quinto capítulo realizará a apresentação do tratamento penal aos crimes praticados por serial killers no Brasil e nos Estados Unidos. O último capítulo introduz o conceito e a relação da vítima com o sistema judiciário juntamente com as suas classificações perante a dois especialistas. 13 2 A RELAÇÃO DO SERIAL KILLER COM A PSICOPATIA E A SOCIOPATIA A palavra direito nos traz a noção do que é certo, correto e justo. Direito Penal é o ramo do direito que estabelece e regula a sanção dos crimes ou delitos através da imposição de determinadas penas, como a reclusão em estabelecimento prisional, por exemplo. O intuito do direito penal é proteger os bens jurídicos, impondo punições aos que praticarem determinadas condutas pelas quais o Estado proíbe. Cada assassino passa por seis fases do ciclo de mortes de acordo com o pH. D em psicologia, Dr.Joel Norris. fase áurea: em que o assassino começa a perder a compreensão da realidade; fase da pesca: quando o assassino procura a sua vítima ideal; fase galanteador: quando o assassino seduz ou engana sua vítima; fase da captura: quando a vítima cai na armadilha; fase do assassinato ou totem auge da emoção para o assassino; fase da depressão: que ocorre depois do assassinato.(CASOY, 2008, p.19-20). Serial killers são considerados indivíduos psicopatas ou sociopatas que praticam uma série de homicídios durante um determinado período de tempo, com um intervalo entre esses homicídios. Esse intervalo de tempo é o que diferencia os serial killers dos outros assassinos. Serial killers são os assassinos que cometem uma série de homicídios com algum intervalo de tempo entre eles. Suas vítimas têm o mesmo perfil, a mesma faixa etária, são escolhidas ao acaso e mortas sem razão aparente. Para criminosos desse tipo, elas são objetos de sua fantasia. Infelizmente eles só param de matar, até onde se sabe, quando são presos ou mortos.(CASOY, 2009, p.23). Na maioria das vezes o serial killer, não conhece suas vítimas, as escolhe por acaso, mas do mesmo jeito representam algo para ele. Os serial killers são classificados em: 14 1- Visionário: São assassinos que sofrem de alucinações, alegam que escutam vozes e comandos, consequentemente obedecendo-os, sofrem de insanidade. 2- Missionário: São assassinos que acreditam que possuem a missão de livrar o mundo de algo que julgam imoral. 3- Emotivo: São assassinos que matam por puro prazer e divertimento, sem nenhum motivo aparente e costumam ser bem violentos com suas vítimas. 4- Sádico: São assassinos sexuais, onde seu prazer será obtido no sofrimento da vítima de várias formas. 2.1 Características de um serial killer Os serial killers apresentam um comportamento satisfatório perante a sociedade. Muitos deles possuem família, um emprego e são reconhecidos por uma imagem positiva pelo público externo. Entretanto, são extremamente perturbados em seu universo pessoal. A sua pior anormalidade se encontra na ausência de moral e ética. A sua frieza direciona suas ações muitas vezes à crueldade, perversidade e insensibilidade. Os serial killers precisam sentir o controle sobre a vítima, utilizando diversos métodos para manter sua vítima em constante situação de humilhação. Esses assassinos sentem prazer com cada ato maldoso e cruel que praticam com suas vítimas. Alguns assassinos experimentam essa sensação apenas com o óbito da vítima, matando-a rapidamente. Outros experimentam essa sensação por meio de um processo doloroso com a vítima, torturando-a por dias, retardando ao máximo o seu óbito. Uma das características do serial killer é a anti-socialidade, em que enfrenta uma grande dificuldade de estabelecer uma relação verdadeira com outro indivíduo. A situação macabra que o assassino pratica com sua vítima, acaba sendo a maior 15 forma de intimidade que consegue estabelecer, pois nessa situação, ele revela sua verdadeira face. A necessidade de sair em busca da vítima, a excitação sentida durante o sequestro, no momento da tortura, do estupro, propiciam prazer ao assassino, de forma que o consequente óbito da vítima é o auge, momento este que experimenta a sensação de alívio e liberação da tensão (RAINE, 2015, p. 108). Esses assassinos já demonstram sinais de um comportamento estranho ainda na infância, decorrente de abusos físicos ou mentais, situação familiar instável ou algum trauma. 2.2 O que é um psicopata ? Psicopata é um indivíduo clinicamente perverso, que tem personalidade psicopática, com distúrbios mentais graves. Um psicopata é um indivíduo que sofre um distúrbio psíquico, caracterizado pelo Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS), que afeta a sua forma de interação social, se comportando de forma irregular e anti-social. A psicopatia é uma doença causada por uma anomalia orgânica no cérebro, é um sinônimo de psicose, doença mental de origem neurológica ou psicológica. A posição mais aceita é que a psicopatia é associada a uma condição inata do indivíduo, e alguns estudos sugerem que ela possa ser hereditária. No entanto, alguns ramos da psicologia consideram que o transtorno pode ser adquirido por meio de traumas, principalmente na infância. Geralmente os psicopatas são do sexo masculino, mas também atinge as mulheres, em variados níveis, entretanto com características diferenciadas e menos específicas que a psicopatia que atinge os homens. Os indivíduos com casos de psicopatia mais grave, tais como sádicos e serial killers, estão associados aos principais fatores: disfunções cerebrais ou traumas neurológicos, predisposição genética ou traumas na infância. O transtorno nos homens começa a ser evidente a partir dos 15 anos de idade, e nas mulheres pode passar despercebido por muito tempo, pelo fato de que 16 as mulheres são mais discretas e menos impulsivas que os homens. De qualquer forma, esse distúrbio acompanha ambos os sexos durante toda a vida. Muitas pessoas acham que todos os psicopatas são violentos, é um erro pensar isso, pois nem todos os psicopatas são serial killer, ou seja, nem todos são assassinos violentos. 2.3 Características de um psicopata Os psicopatas são indivíduos que têm a tendência a ser superficialmente normais em relações sociais. Eles costumam ser educados, ter uma boa carreira e se relacionar bem com as pessoas. Porém, isso diz respeito a aparências, pois psicopatas são incapazes de criar laços, mesmo com familiares. Eles não possuem empatia, apego ou sentimentos de culpa, e por isso costumam ser predadores sociais e altamente manipuladores. É comum acharmos que os psicopatas não possuem empatia por outras pessoas, porém eles são capazes de escolher pessoas e momentos para demonstrar algum tipo de afeto. Essa escolha os torna ainda mais manipuladores e dissimulados em suas relações, pois possuem um comportamento controlado e calculado. Os psicopatas não aceitam ser contrariados, frustrados ou rejeitados, reagindo de forma impulsiva e agressiva não se importando com o envolvimento dos outros ao seu redor. São muito orgulhosos e sempre acham que estão com a razão em qualquer situação, consequentemente, não sentem medo de seus atos, não sendocapazes de sentir remorso. São mentirosos patológicos, mentem apenas por mentir, chegam ao ponto de nem saberem mais se o que estão falando é inventado ou real. Sua incapacidade de sentir medo, o faz buscar desafios que coloquem à prova sua capacidade de quebrar regras e de sair da rotina através da adrenalina. Os psicopatas são caracterizados como antissociais, pois para eles não existem parâmetros sociais ou regras, buscando quebrar esses fatores para se sentirem mais orgulhosos de si. Psicopatas não costumam se relacionar com outros 17 indivíduos por questões emocionais verdadeiras, mas sim pelo interesse de que essa pessoa possa lhe oferecer. Segundo Cesar Grossmann as características que chamam atenção, quais sejam: o abuso psicológico na infância; exposição à eventos sexuais estressantes, na maioria dos casos abusos sexuais na infância; abuso de álcool e drogas; embasado na exposição a elementos da infância e em ambientes familiares; têm um crescimento recluso das pessoas ao redor; e por fim, as feridas que esses indivíduos carregam na cabeça, descendentes de acidentes, traumas ou abusos sofridos na infância e na juventude que acabam libertando um comportamento violento e agressivo. 2.4 O que é um sociopata e quais são suas características? Um sociopata é um indivíduo psicopatológico, ou seja, possui uma doença psíquica e um comportamento anti-social, caracterizado pelo Transtorno de Personalidade Antissocial. Diferente da psicopatia, a sociopatia é desenvolvida ao longo da vida do indivíduo, é relacionada com o ambiente e a educação, mostrando que fatores externos tiveram um papel no desenvolvimento do Transtorno de Personalidade Antissocial. Ao contrário da psicopatia, sociopatas podem criar laços sociais com outros indivíduos, e podem até se sentirem culpados por machucarem pessoas que possuem proximidade. Possuem uma característica explosiva e violenta, resultando em relações sociais complicadas e difíceis, por isso tem muita dificuldade em manter-se em um emprego. Os sociopatas são indivíduos muito espontâneos e impulsivos, ou seja, não racionalizam direito antes de praticarem seus atos. São indivíduos que podem sentir culpa ou remorso ao ferir pessoas próximas a eles. Seus crimes são de natureza espontânea, não sendo cuidadosos como os psicopatas, e por isso sempre deixam alguma evidência para trás. 18 A psicopatia é uma forma muito mais severa de sociopatia. Assim, pode-se dizer que todos os psicopatas são sociopatas, mas sociopatas não são necessariamente psicopatas. As semelhanças entre o psicopata e o sociopata são que ambos sofrem de Transtorno de Personalidade Antissocial, possuem falta de empatia e demonstram desprezo por regras sociais e comportamento padrão. 19 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS Neste capítulo, serão apresentados os dados coletados e sua análise. O questionário desenvolvido visa compreender a psicopatia e o direito penal, além das penas aplicadas e a vitimologia. Busca-se, assim, relacionar a justiça aplicada aos assassinos com a sua motivação para cometer o ato. Durante o mês de setembro de 2019, o questionário foi enviado através das redes sociais e foi respondido por indivíduos de até 18 anos para 50 anos ou mais, que já tiveram conhecimento com a Psicopatia e o direito penal durante algum momento da sua vida. Com um total de 97 respondentes, o questionário apresenta oito perguntas, divididas entre seis objetivas, uma questão dissertativa e uma questão de múltipla escolha. 3.1 Apresentação dos dados Inicialmente, será feita a análise dos resultados relacionados às questões objetivas do questionário. A primeira questão indaga aos respondentes o que é direito penal. Em sua maioria, 67 pessoas (69,1%), responderam que sabem o que é direito penal. Uma pequena parcela de 4 pessoas (4,1%) disse que nunca ouviu falar. Já a outra parte dos respondentes, 26 pessoas (26,8%), mostrou que já tinha ouvido falar, mas não sabe o que é. O gráfico mostra que uma grande parte dos respondentes têm conhecimento sobre os aspectos e características do direito penal, mas muitas pessoas tem déficit de conhecimento sobre o assunto, o que dificulta o melhor entendimento das demais perguntas propostas no questionário. 20 Gráfico 01: Sabe o que é direito penal Fonte: Autoria própria. A maioria dos respondentes têm conhecimento sobre o que é direito penal, porém, uma parcela dos respondentes conhece apenas superficialmente o assunto. A segunda questão da pesquisa indagava a respeito da familiaridade com o termo serial killer, um dos focos principais da pesquisa. A maioria dos respondentes (92,8%) revela que possuem conhecimento do termo. Já 6,2% dos questionados informou que já ouviram falar do termo serial killer, mas não tem conhecimento do que seja. Uma parcela mínima de 1% indicou que não tem conhecimento do termo. Uma grande parcela respondeu que tinha conhecimento do termo, mas uma outra parcela respondeu que não sabia o que era, por achar que é a mesma coisa que psicopatia ou por realmente não saber o que é. 21 Gráfico 02: O termo serial killer lhe é familiar ? Fonte: Autoria própria A terceira questão referia-se ao conhecimento que os respondentes tinham quanto a casos de psicopatia, assunto relacionado aos crimes cometidos pelos psicopatas. A maior parte dos respondentes (64,9%) já ouviu falar de algum caso e tem conhecimento sobre o termo. A outra parte (20,6%) já ouviu falar de algum caso mas não tem um conhecimento mais profundo. Uma pequena parcela (14,4%) respondeu que não conhece nenhum caso de psicopatia. Gráfico 03: Conhece algum caso de psicopatia? Fonte: Autoria própria Segundo Vilarinho (2019) o artigo que trata sobre o Vampiro de Niterói ou Marcelo da Costa Andrade, que estuprou e matou 13 meninos 22 com idade entre 5 e 13 anos, por fim chegando a beber seu sangue. Os crimes aconteceram em Itaboraí, cidade próxima a Niterói. O Vampiro de Niterói atraia as vítimas para lugares afastados, com a falsa promessa de acender velas para um santo, onde os estuprava e passava a noite com eles, no dia seguinte os asfixiava e bebia o sangue dos mesmos querendo pegar a beleza e a pureza dos meninos para si. Atualmente ele se encontra em um hospital psiquiátrico. A quarta questão pergunta se o respondente sabe diferenciar o serial killer de um psicopata. Da totalidade dos questionados, 56 indivíduos que correspondem a 57,7% dos questionados, revelam que sabem a diferença entre um serial killer e um psicopata. No entanto, 41 indivíduos, que correspondem a 42,3%, responderam que não sabem diferenciá-los. Gráfico 04: Diferença entre o serial killer e o psicopata ? Fonte: Autoria própria Os serial killers são assassinos que através de um modo específico e pessoal, matam uma série de pessoas cujas características em comum se assemelham. Já o psicopata é um indivíduo que sofre com distúrbios mentais graves, afetando a sua forma de interação social e sua personalidade. Grande parte dos respondentes sabe a diferença dos aspectos e características de um serial killer e de um psicopata o que facilita para responder às 23 próximas perguntas do questionário, porém uma considerável parcela dos respondentes não sabe diferenciá-los. Já a quinta questão pergunta aos respondentes se é justo o modo como os serial killers são julgados pela justiça. Dos 97 interrogados, 49 (50,5%) responderam que acham justo. Entretanto, 48 respondentes (49,5%) informaram que não acham justo o modo como os serial killers são julgados. Gráfico 05: Concorda com o modo como os serial killer são julgados no Brasil ? Fonte: Autoria própria Segundo Vilarinho (2019) o artigo que trata sobre o meio mais eficiente para o tratamento dos psicopatas que seria a medida de segurança, mas isso não funciona bem com o serial killer visto que com relação a eles a psicopatia não se trata de uma doença mental e sim de um transtorno onde é inviável a ressocialização, ou seja, nenhum tipo de tratamento iráfuncionar com essas pessoas. Existindo total ineficácia no tratamento brasileiro para esses indivíduos. Com isso concluímos que a parte intelectual do serial killer é perfeita, possuindo, total consciência de seus atos, ou seja, não se trata de uma doença mental e sim de um transtorno psicológico, até então permanente, portanto, não há a 24 possibilidade de um psicopata ser coagido a mudar sua conduta e agir de acordo por meio de punições. Já a sexta questão interrogava se o indivíduo sabe o que é vitimologia. Uma maioria de 36 respondentes (37,1%) mostrou conhecimento sobre o que é vitimologia. O segundo maior grupo, de 33 indivíduos (34%), disse que já ouviu falar sobre a vitimologia, mas não tem um conhecimento mais profundo sobre o assunto. 28 pessoas (28,9%) disseram que não sabem o que é vitimologia e nunca ouviram falar. Gráfico 06: O que é vitimologia? Fonte: Autoria própria A vitimologia estuda a personalidade das vítimas de crimes ou delitos e seu estatuto psicossocial, além dos efeitos psicológicos nelas provocados pelo crime de que foram alvo. A vitimologia é um termo desconhecido por muitas pessoas e por isso metade dos respondentes disse que nunca tinha ouvido falar. A sétima questão de múltipla escolha questiona os respondentes em relação às características de um psicopata. Com um total de 97 respondentes, a maioria votou que os psicopatas são frios, manipuladores e não sentem remorso 25 Gráfico 07: A psicopatia se caracteriza pela incapacidade de discernir emoções e sentimentos. A partir disso, quais características abaixo acredita-se pertencer a um psicopata ? Fonte: Autoria própria Podemos perceber que os respondentes têm uma noção de como um psicopata pode se comportar e como ele se sente em relação aos outros. Porém, como alguns respondentes disseram que não sabiam o que é um psicopata, fica difícil de entender como sabiam responder às características pertencentes a eles. No livro Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado, a psiquiatra Ana Beatriz B. Silva pontua os traços distintivos do psicopata: frio, calculista, mentiroso, cruel, charmoso, atraente, dissimulado, desprovido de culpa, remorso e empatia, perverso, transgressor de regras sociais, imoral, impiedoso, com grande poder de convencimento, egocêntrico, insensível, manipulador, incapaz de aprender através da experiência, com grande capacidade de fazer intrigas e usar pessoas com a única intenção de atingir seus objetivos. A autora examina a falta de responsabilidade e os problemas comportamentais precoces dos psicopatas. Os psicopatas não honram obrigações e compromissos, seja no trabalho, nas relações interpessoais e na família. Ana Beatriz B. Silva destaca que a vigilância dos pais e a educação dada por eles podem reforçar as manifestações do transtorno e assegura que “quando em grau leve e detectada ainda precocemente, a psicopatia pode, em alguns casos, ser modulada através de uma educação mais rigorosa” (SILVA, 2010, p. 197) Uma grande maioria dos respondentes votou que os psicopatas têm ausência de emoção, são pessoas frias e não sentem remorso, com um hábito de mentir e manipular e que sentem prazer com o sofrimento de outros indivíduos. Uma 26 pequena parcela dos respondentes votou que os psicopatas são pessoas egoístas e racionais com um excesso de razão. Todas as características apresentadas no gráfico estão corretas, mas os respondentes sempre deixavam de assinalar uma por acharem que não fazia parte do quadro de características. 3.2 Análise e coleta de dados da questão dissertativa A questão dissertativa buscava descobrir se os respondentes conhecem algum caso de psicopatia. Como era dissertativa, cada indivíduo respondeu casos famosos e houve muitos respondentes que repetiram, não tinham tanto conhecimento sobre casos de psicopatia e no total houve 68 respondentes para essa pergunta. Os psicopatas mais citados foram Tom Bundy, o maníaco do parque e Jack o estripador que são uns dos nomes mais famosos e de crimes mais numerosos e graves que ocorreram. Outros responderam que só conheciam os casos pelas mídias, ou seja, conheciam superficialmente. Porém, algumas pessoas responderam que não se lembravam de nenhum caso e por isso não conseguiram dar a resposta. 27 4 TED BUNDY: O Serial Killer Que Usava O Charme Para Atrair Suas Vítimas Segundo Yazbek (2019), Ted Bundy é um dos serial killers mais famosos dos Estados Unidos da década de 70, nasceu em 24 de novembro de 1946 em Vermont nos Estados Unidos. Foi fruto de uma breve relação entre sua mãe Eleanor Louise e um militar da força aérea americana, logo após Eleanor engravidar de Ted, ele sumiu de vista. Não existe uma confirmação de que quem de fato seja o pai de Ted, seus avós quiseram abafar o caso e por isso contaram a todos que Ted era filho deles e irmão mais novo de Louise que na verdade era sua mãe, Ted cresceu em uma mentira acreditando que seus avós eram seus pais, tudo isso para não ocasionar um escândalo para a família. A relação familiar deles nunca foi muito boa, desde pequeno Ted presenciou seu avô que acreditava ser seu pai agredindo sua avó que acreditava ser sua mãe de maneira física e verbal. Segundo Michaud e Aynesworth (1999), o primeiro sinal esquisito que apresentou foi quando ele tinha 3 anos, sua Tia julie estava dormindo e ao acordar se deparou com ted sorrindo para ela com várias facas espalhadas pelo quarto, um comportamento muito esquisito para uma criança de apenas 3 anos. Alguns anos depois, sua verdadeira mãe Louise, se casou com John Bundy que adotou Ted como seu filho que na época tinha cinco anos, além de Ted o casal teve mais quatro filhos e a família se mudou para outra cidade. John queria se aproximar de Ted mas teve diversas tentativas falhas, pois Ted não queria se aproximar do pai adotivo de jeito nenhum e não conseguia entender porque sua irmã que na verdade era sua mãe tinha separado ele de seus avós que ele acreditava serem seus pais. Tinha proximidade com seu avô que era racista e não era considerado uma boa influência, mas Ted o idolatrava. Ted tinha proximidade e uma boa relação com seus irmãos, e por ser o mais velho ajudou a cuidar deles. Na sua adolescência, Ted era um excelente aluno na escola e tirava ótimas notas, nas relações sociais ele era meio quieto e recluso porém sempre muito educado. Começou a trabalhar bem cedo, e teve vários empregos na sua adolescência que não duraram por muito tempo. Entrou na faculdade para cursar psicologia. Aos 28 21 anos conheceu Stephanie Brooks, que foi sua primeira namorada e foi por quem teve uma paixão enlouquecida. Stephanie era de uma classe social elevada e o namoro durou apenas um ano, Ted não conseguia aceitar a rejeição e o fim do relacionamento. Em 1969, Ted entrou em depressão profunda e tentou voltar diversas vezes com Stephanie, mas ela não quis. Nesse mesmo ano, a família finalmente contou toda a verdade sobre o parentesco de Ted e desde então ele se tornou uma pessoa mais fria. Ted era completamente obcecado em ter o controle sobre qualquer coisa na sua vida. Stephanie era, em poucas palavras, tudo aquilo que Ted não era mas que ambicionava ser. Com 20 anos de idade Bundy não era mais entendido no campo sexual do que na época de liceu. Stephanie e Ted passaram noite juntos, mas ele não fez qualquer avanço a nível sexual. Ted estava satisfeito em ser apenas charmoso e sedutor, como que a introdução de um relacionamento carnal “manchasse” a relação. (MICHAUD & AYNESWORTH, 1999,14). Após Stephanie ter terminado o relacionamento, Ted decidiu largar a faculdade e só após um ano voltou a estudar. Nessa mesma época se firmou na política e salvou uma criança que estava se afogando resultando em uma condecoração em Seattle. Começou a estudar direito e nesse período conheceu sua segunda namorada, Elizabeth Kloepfer, mas ao mesmo tempo que estava com ela, também saia com diversas outras mulheres. Depois de um tempo estava em um relacionamento com Elizabeth e Stephanie,sua antiga namorada, com quem havia reatado o namoro para poder se vingar, no final acabou terminando com as duas. Mais tarde, alguns testes psicológicos atestaram que ele sofria de um grave quadro de esquizofrenia, mudando constantemente de humor. Além de ter sido considerado uma pessoa extremamente impulsiva que não demonstrava emoções. Sua personalidade foi analisada como depressiva, obsessiva e muito egocêntrica. 29 4.1 Os crimes de Ted Bundy Segundo Michaud e Aynesworth (1999), em virtude dessas ações, vários crimes contra mulheres começaram a acontecer em vários estados diferentes com um possível padrão entre eles, e a polícia começou a suspeitar do surgimento de um serial killer. Ted matou muitas mulheres que eram jovens, a maioria tinha o cabelo preto. Quando questionado sobre isso alegou sentir ódio por todas as mulheres, principalmente sua mãe. Na hora de escolher suas vítimas, ele escolhia qualquer uma que tivesse qualquer semelhança física com sua mãe. Segundo o mesmo autor, ele abordava jovens em escolas, faculdades, parques, fraternidades e fingia estar com o pé ou o braço engessado, pedia para a vítima ajudar ele a levar livros ou qualquer outra coisa para seu carro. Ted tinha um fusca em que ele havia tirado o banco da frente do passageiro e o carro nao possuia trinco, impedindo alguém de sair dele.Com a sua educação e gentileza convencia facilmente as vítimas a ajudá-lo, ao chegarem no carro, Ted dava uma pancada na cabeça das vítimas, as colocava para dentro do carro e as algemava levando-as para algum lugar. Ainda esse mesmo autor, dizia que o destino de suas vítimas variava muito e algumas sofriam mais do que as outras, ele sempre as estrangulava e antes de estarem totalmente mortas ele abusava sexualmente de todas elas. Uma das vítimas de apenas 17 anos, sofreu muito nas mãos do assassino, seu corpo foi encontrado com diversos sinais de tortura e seu crânio estava em pedaços. Seus crimes começaram em fevereiro de 1974, com 27 anos. Invadiu o porão da casa de uma jovem chamada Linda, sequestrou a garota e seguindo o seu padrão estuprou e matou a jovem. Admitiu trinta homicídios em sete estados diferentes, mas estima-se que o número seja bem maior. A polícia demorou muito tempo para ligar os crimes à Ted e achar provas que o incriminasse, tudo isso pelo fato de que ele era considerado um cidadão exemplar na sociedade. 30 Segundo Kendall (2020), a ex-namorada de Ted, Elizabeth, alertou a polícia que o autor dos crimes poderia ser seu ex namorado pois as descrições se assemelhavam muito com as apresentadas na mídia. Os detetives de vários estados se reuniram para trocar e conversar sobre as provas que tinham contra Ted, uma delas foi o fusca que Ted vendeu mas a polícia conseguiu localizá-lo, a polícia acabou encontrando dentro do fusca vários fios de cabelo de mulheres que já haviam sido encontradas mortas, conseguiram reunir provas suficientes para mandá-lo para a cadeia, como Ted era formado em direito não quis contratar nenhum advogado e disse ao juiz que faria sua própria defesa, o juiz acabou autorizando e por isso Ted tinha permissão de frequentar a biblioteca do fórum criminal para que ele pudesse montar sua defesa. Segundo Yazbek (2019), no dia 7 de junho de 1977, Ted foi autorizado a consultar livros na biblioteca para sua defesa no tribunal e as algemas foram retiradas dele, com apenas um policial do lado de fora da biblioteca e como a rua do tribunal possuía segurança mínima não foi difícil para ele conseguir fugir pelo telhado da biblioteca. Segundo Michaud e Aynesworth (1999), Ted foi para a Flórida após escapar e em 1978, invadiu uma fraternidade onde só moravam garotas, era de madrugada e sua ação segundo a polícia durou menos de 20 minutos deixando 4 vítimas. Em 15 de fevereiro de 1978, Ted foi parado por um policial após perceber que a placa do carro de Ted era de um veículo roubado, o policial o levou para a delegacia e foi checado no sistema que ele não era apenas um ladrão de carros mas sim um serial killer foragido da polícia. O dia seguinte, 14 de Fevereiro 1978, seria o último dia de liberdade para Ted. Por volta da 1h00 da manhã, foi mandado parar pelo agente da polícia de Pensacola, David Lee. Depois de confirmar que o carro onde Ted viajava era roubado, o agente informou o fugitivo de que teria de o deter. Neste momento Bundy pontapeia as pernas de Lee e desara a correr. O agente dispara um tiro de advertência e, em seguida, inicia uma perseguição acabando por se envolverem numa luta, que terminou com o agente a dominar e algemar Ted. O desespero de Bundy era tal, que a caminho da esquadra pediu ao agente que o deixasse fugir para depois disparar contra 31 ele. Já Lee não fazia ideia de que acabara de prender um dos dez fugitivos mais procurados do FBI.(EMPIS, 2013,28) 4.2 O julgamento de Ted Bundy Segundo Michaud e Aynesworth, Ted foi conduzido a julgamento pela primeira vez em junho de 1979 em Miami, em virtude dos crimes cometidos na fraternidade da Universidade Estadual da Flórida. Seus julgamentos eram praticamente uma atração para as pessoas, sempre lotados e com muitos jornalistas, o que não incomodava Ted pois ele adorava atenção. Nesse julgamento ele estava fazendo sua própria defesa e estava muito confiante que iria conseguir se inocentar. Porém havia muitas testemunhas e provas concretas de que ele havia cometido os crimes que enfraqueceram sua defesa. Ainda esse mesmo autor diz que apesar das atrocidades cometidas, muitas mulheres simpatizavam muito com ele e o apoiavam, ele é considerado até hoje o prisioneiro que mais recebeu cartas. Ted teve uma namorada enquanto passava por seus procedimentos legais na Flórida, Carole Ann Bonne, que o apoiava em todos os seus julgamentos. Durante um dos julgamentos, Ted pediu Carole em casamento em pleno tribunal. Durante as visitas conjugais que era oferecido ao casal, ela acabou engravidando e em 1972 deu à luz a uma menina. Em 1976, ela finalmente percebe que ele era culpado de todos os crimes, e por isso fugiu para Washington e nunca mais retornou para a Flórida. Ted percebeu que não iria conseguir vencer sozinho e por isso contrata dois advogados com o objetivo de montar uma defesa alegando insanidade mental, mesmo com dois advogados no caso isso não bastou para o tribunal mudar de opinião sobre Ted. Em 23 de julho de 1979, o júri considerou Ted culpado de todas as acusações. Foi encaminhado para o corredor da morte da prisão estadual da Flórida, carregando três penas de morte, onde permaneceu por quase uma década. Durante o período em que ficou preso, ele concedeu algumas entrevistas a 32 jornalistas. Quando percebeu que não havia maneira de ser inocentado, Ted confessou a maioria de seus crimes. O desejo mais forte de Ted e que pode ter contribuído para o desenrolar de todas as mortes era o desejo e vontade de possuir algo. Primeiro, estes impulsos foram sendo saciados com os pequenos furtos e roubos que Ted foi realizando ao longo da vida, e que lhe possibilitaram a posse de tantos artigos de luxo. Mais tarde, a “possessão” parece ter constituído um bom motivo para violar e matar. Se no início os desejos eram satisfeitos apenas com a agressão sexual, e a morte da vítima ocorria em resultado do medo de ser denunciado, mais para a frente na sua carreira de homicida, Ted afirmou que o tirar a vida a alguém era como a realização do seu desejo, cujo Clímax de toda esta fantasia perturbante ocorreria na posse final dos restos mortais. (MICHAUD; AYNESWORTH,1999, p. 29). A execução aconteceu no dia 24 de janeiro de 1989 às 07:06 da manhã, onde ele foi morto na cadeira elétrica que foi acionada por uma mulher. Do lado de fora da prisão as pessoas estavam muito felizes e aguardando ansiosamente a sua execução. 33 5 O MANÍACO DO PARQUE: O sanguinário serial killer brasileiro Francisco de Assis Pereira nasceu em Guaraci, interior de São Paulo, em 30 de novembro de 1967. Era o caçula de 3 irmãos e era consideradoum menino meigo e quieto. Aos 8 anos matou um filhote de passarinho e tentou colocá-lo em uma frigideira, sua avó impediu o ato e achou seu comportamento muito estranho para uma criança, Francisco ao perceber que havia tirado uma vida logo se arrependeu. Morava com seu pai e o ajudava a ganhar dinheiro, fazendo bicos em diversos tipos de trabalho. Francisco sofreu abusos sexuais de sua tia materna quando pequeno e de um chefe de um de seus empregos já adulto, o que o deixou com traumas desde criança. Francisco adorava chamar atenção das pessoas, era muito habilidoso e era muito bom com os patins, o que o fazia ganhar os campeonatos pelo qual competia. Sua família, por causa de condições financeiras ruins, costumava se mudar constantemente. A família havia se mudado para a capital, mas logo voltaria para Guaraci, fato que deixou Francisco insatisfeito e o levou a decidir ficar sozinho na capital para que tivesse melhores oportunidades como patinador. O último encontro de Francisco com a família foi no natal de 1997. Francisco sempre se mostrou ser um rapaz tranquilo, bem articulado e era visto como uma pessoa muito querida por seus amigos e familiares. Logo que a família voltou para o interior de São Paulo, ele começou a trabalhar como motoboy em uma empresa, em que ocorreu uma situação com um de seus colegas de trabalho que havia brincado que Francisco era homossexual, ele ficou muito irritado e espancou o colega. Nesse dia as pessoas viram um lado diferente dele. 34 5.1 Os crimes e seu julgamento Os crimes começaram em 1997, sempre ocorriam no mesmo local, na área da Mata Atlântica da capital paulista que é mais conhecido como Parque do Estado. Francisco abordava as vítimas em parques e estações de metrô sempre com a mesma história, dizendo que trabalhava em uma agência buscando por modelos para serem fotografadas e embarcarem em uma carreira de sucesso, iludia as vítimas de várias formas com esse assunto para conseguir conquistar a confiança delas. Depois de enganar as vítimas, Francisco as levava para o parque, abusava e matava as mulheres estranguladas com um cadarço. Prometia às meninas uma carreira de modelo, as cobria de elogios e as chamava para tirar fotos no Parque do Estado, onde, posteriormente, viria a cometer seus crimes. O seu modus operandi era sempre o mesmo, oferecia carona em sua motocicleta e prometia tirar fotos de suas vítimas, levando-as a este parque, onde as estuprava e estrangulava até a morte.(PAIVA,2016,30.) Os corpos das vítimas começaram a ser encontrados pelas pessoas que frequentavam o parque, a polícia foi acionada e começaram a suspeitar de um serial killer a solta. A partir da identificação da primeira vítima, Selma Ferreira Queiroz de 18 anos, a polícia conseguiu identificar um padrão nas vítimas escolhidas pelo assassino que eram mulheres morenas de cabelos longos. Começaram a surgir vítimas que sobreviveram aos ataques e vieram depor à polícia, tanto que foi feito um primeiro retrato falado do assassino. Francisco foi preso pela primeira vez pelo sumiço de sua namorada Isadora, mas como tinha uma boa lábia conseguiu convencer os policiais de que era apenas um oportunista comum. Na segunda vez que foi preso, após 72 horas de interrogatório ele finalmente confessou o assassinato de 9 mulheres e mais 5 casos 35 de estupro. Relatando que cometeu os atos pela sua fixação com mulheres e por conta de uma voz que o ordenava a fazer todos os crimes. Foi condenado a 271 anos em regime fechado por assassinato, ocultação de cadáver, estupro e atentado violento ao pudor. A lei no Brasil impede que uma pessoa cumpra mais de 30 anos de prisão. Francisco está preso desde 1998, cumpre pena no presídio de Itaim em São Paulo e deve ser liberado em 2028. Segundo Paiva (2016, p.30), "Foi preso em 1998. Dentre os assassinos em série brasileiros, Francisco foi o que mais recebeu cartas na prisão e chegou até a se casar, enquanto estava preso, com uma das mulheres com quem trocava correspondências." Em função do seu estado mental, psiquiatras afirmam que ele, irreversivelmente, tentará cometer novos crimes após ser solto. 36 6 TRATAMENTO PENAL AOS CRIMES PRATICADOS POR SERIAL KILLERS NO BRASIL E NOS ESTADOS UNIDOS O sistema judiciário no Brasil é completamente diferente do sistema nos Estados Unidos, enquanto nos Estados Unidos apresentam um Código Penal que permite a pena de morte, a prisão perpétua e uma sentença adequada ao nível de cada crime, o Brasil não permite a pena de morte, prisão perpétua e o artigo 75 diz que o tempo de pena não pode ser superior ao 40 anos. Segundo Capez (2011) os assassinatos em série costumam ser definidos na legislação brasileira como o homicídio qualificado na forma do art. 121, § 2º, inciso II sendo qualificado como “motivo fútil”. Muitas vezes pode ser reconhecido nestes casos o instituto do “crime continuado” (art. 71 do Código Penal Brasileiro), nome jurídico dado à prática de dois ou mais crimes que estão ligados entre si. Ou, dependendo das condições de tempo, lugar e modus operandi, pode haver reconhecimento do “concurso material de crimes” (art. 69 do Código Penal Brasileiro), em que serão considerados os crimes de maneira independente, resultando simplesmente na soma das penas para efeitos de execução. No Brasil, o legislador ainda não se preocupou em criar uma lei específica para a punição e tratamento dos serial killers. O Direito Penal brasileiro não está apto para receber casos que envolvem esses assassinos. O aparato da justiça brasileira é extremamente insuficiente. Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (BRASIL, 2019, p. 304). 37 O artigo 26 do código penal diz que se for constatado uma doença mental no individuo a pena pode ser reduzida de um a dois terços, em razão dessa perturbação de saúde mental. O código penal brasileiro tem o objetivo de tratar desse indivíduo para que ele volte ao convívio social. Acontece que o serial killer não consegue se adaptar em qualquer tentativa de socialização, a psicopatia não é uma doença mental e sim um transtorno, que não será modificada com o tratamento, e quando esse indivíduo for liberto voltará a praticar os mesmos atos, colocando a sociedade em risco. De acordo com Afanasio Jazadji (2004) um jornalista, radialista, advogado, publicitário e político brasileiro, muitos brasileiros apoiam a pena de morte com o intuito de punir autores de crimes hediondos. Os Estados Unidos concluiu que a pena de morte funciona e ajuda a combater o crime, tanto que foi analisado que o número de assassinatos caiu bastante nos últimos anos nos lugares em que existe a pena de morte. Segundo o economista Paul H. Rubin, catedrático da conceituada Universidade de Emery, na região de Atlanta, no Estado da Geórgia. A condenação à pena de morte de um assassino é poderosa a ponto de convencer outras pessoas a não cometer homicídio. Por fim, a execução de um criminoso evita a morte de até oito inocentes. Segundo Godoy (2007) nos Estados Unidos, o direito penal funciona de forma diferenciada, começando a partir da divisão dos crimes, que ocorre em razão da pena e não da intencionalidade do indivíduo. Há, desta forma, uma divisão em, crimes com maior pena, incluindo a possibilidade de pena de morte, e crimes com penas relativamente menores. Os delitos são identificados a partir de certos elementos, tais como a divisão entre atos e omissões criminosas, voluntariedade e causalidade. Homicídio, categoria criminosa em espécie, que parte da vontade do agente de tirar a vida de outra pessoa, já o homicídio involuntário, não deriva da decisão consciente do indivíduo, contudo, não corresponde, necessariamente, ao homicídio culposo brasileiro. 38 Pedro Rodrigues Filho, mais conhecido como Pedrinho Matador,é um serial killer brasileiro que fez aproximadamente 100 vítimas, das quais 71 foram confirmadas. Ted Bundy, serial killer estadunidense, assassinou por volta de 30 pessoas. Ambos foram julgados culpados por seus crimes, porém a diferença nas penalidades sofridas por eles é grande. Pedrinho Matador, preso aos 18 anos, foi condenado a mais de 400 anos de prisão. Contudo, no artigo 75 do código penal, é vedado o cumprimento de pena maior que 40 anos, por isso ele foi libertado em 2007. Bundy, por sua vez, pagou com a sua vida, onde foi executado na cadeira elétrica. 39 7 VITIMOLOGIA A Vitimologia é um ramo da ciência que estuda o papel da vítima no crime, trazendo uma posição de equilíbrio, colocando a vítima no local central do crime e não o réu, respeitando todos os seus direitos e garantias. Quando o Estado democrático de direito começou a se organizar e assumir o monopólio da justiça, a vítima foi passada para segundo plano e com o surgimento do Direito Penal moderno, as atenções passaram a ser voltadas para a pessoa do réu. Entretanto, a vítima já ocupou a posição central do delito, e não apenas uma posição periférica (que se encontra afastada do delito) como acontece atualmente, a vítima possuía o papel de destaque. 7.1 Vitimologia: Classificação quanto à vitimização Vitimização primária: Decorre de um delito que viola os direitos da vítima e pode causar danos de natureza patrimonial, físico, psicológico, etc. Exemplo: mulher estuprada por perigoso delinquente. No exemplo, ela sofre diretamente da conduta do estuprador pelos danos decorrentes deste crime. Vitimização secundária ou sobrevitimização: Decorre do sistema criminal de justiça. Trata-se do sofrimento causado às vítimas pelas investigações e curso do processo( vergonha, constrangimento, ataques, etc). Exemplo: vítima de estupro constrangida pelas investigações e durante o processo ao ter de relembrar todo o episódio que a traumatizou. Vitimização Terciária: É causada pela omissão do Estado e da sociedade que não ampara as vítimas. Em alguns casos, órgãos públicos e o próprio corpo social, 40 além da inércia, chegam a incentivar que as vítimas não denunciem os fatos criminosos (cifra negra). Exemplo: Delegacias incentivam vítimas de estupro a não registrar ocorrência por entender quase impossível de se punir o criminoso; família incentiva vítima a não registrar ocorrência, evitando-se exposição considerada como constrangedora. 7.2 Classificação vitimológica de Benjamin Mendelsohn Benjamin Mendelsohn é considerado o pai da vitimologia por ter criado o termo, considerando-a como uma ciência autônoma, sem relação com a criminologia. Vale lembrar que a criminologia é o conjunto de conhecimentos a respeito do crime, da criminalidade e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso. Mendelsohn define a vítima como “a personalidade do indivíduo ou da coletividade na medida em que está afetada pelas conseqüências sociais de seu sofrimento determinado por fatores de origem muito diversificada”. Tais fatores seriam físico, psíquico, econômico, político ou social, assim como do ambiente natural ou técnico (PIEDADE JÚNIOR, 1993, p. 88). 1- Vítima completamente inocente (Vítima ideal): É aquela vítima que não tem nenhuma participação no evento criminoso. É atingida pelo criminoso aleatoriamente. Exemplo: Vítimas de terrorismo; vítimas de bala perdida; etc. 2- Vítima menos culpada que o delinquente (Vítima por ignorância): É aquela que contribui de alguma forma para o resultado danoso. Exemplo:Vítima que frequenta locais perigosos; vítima que expõe objetos de valor; vítima de estupro que usa roupas provocantes; etc. 3- Teoria da Periculosidade/Perigosidade Vitimal: Estado psíquico e comportamental em que a vítima se coloca estimulando sua vitimização. A vítima apresenta comportamento inadequado que de certo modo facilita, instiga ou provoca 41 a ação do criminoso. Pode servir até como circunstância favorável na fixação da pena (art.59 do Código penal). 4- Vítima tão culpada quanto o delinquente: É aquela cuja participação ativa é imprescindível para a caracterização do crime. Há uma postura ativa por parte da vítima no sentido de viabilizar o crime. Exemplo: Vítimas de estelionato. 5- Vítima mais culpada do que o delinquente(Vítima provocadora, simuladora ou imaginária): É a vítima que fomenta/incentiva a prática criminosa. Exemplo: Vítimas nos crimes de homicídio e lesão corporal privilegiados(após injusta provocação da vítima). 6- Vítima como única culpada: Hipóteses onde não há crime, por conta da culpa exclusiva da vítima. Exemplo: Sujeito embriagado que atravessa rodovia movimentada, vindo a falecer atropelado; aquele que toma medicamentos sem atender o prescrito na bula; vítimas de roleta-russa; de suicídio; etc. 7.3 Classificação vitimológica de Hans Von Hentig Hans Von Hentig foi um professor alemão radicado nos Estados Unidos. Foi um dos principais estudiosos da vitimologia e possuía uma visão muito diferenciada de Benjamin Mendelsohn. Von Hentig desenvolve a relação criminoso-vítima, colocando-a como elemento preponderante e decisivo na realização do delito, em que, consciente ou não, coopera, provoca ou conspira na ocorrência do crime a noção de vítima e vitimologia de Mendelsohn supera a de Von Hentig, embora não tenha ficado imune às críticas, portanto discorreu sobre sua concepção ampla e abrangente, não se restringindo à vítima do crime, apenas Mendelsohn buscou levar a vitimologia como um ramo independente da criminologia, com investigação e objeto próprio, por isso que a parte substancial da doutrina o considera como o pai da vitimologia. 42 1-Indivíduo sucessivamente criminoso-vítima-criminoso:São aquelas pessoas que após praticar o delito, tornam-se vítimas da hostilidade do sistema prisional que não os recupera e ao sair voltam a praticar os delitos. 2-Indivíduo simultaneamente criminoso-vítima-criminoso: São as vítimas de drogas que, de usuários, passam a ser traficantes. 3-Indivíduo que se transformam em criminoso e vítima: São pessoas que cometem crimes em decorrência de causas ocasionais como linchamentos e saques; de atos reflexos ou redirecionados como por exemplo o empregado que irritado por um dia de serviço difícil com o patrão, ao chegar em casa desabafa espancando a esposa; ou por atos praticamente inconscientes, como a epilepsia ou a embriaguez patológica (o indivíduo afetado pode cometer delitos inteiramente descabidos, não se recordando de seus atos ao voltar a seu estado lúcido e normal). Há também o apontamento da classificação de dois subgrupos de vítimas, o primeiro deles é o subgrupo de vítimas com predisposições especiais: a vitimização pode resultar da idade, da profissão, da situação social, situação étnica e religiosa, da situação vital ou resultar de um estado psicológico. O segundo subgrupo refere-se às vítimas com predisposições gerais: estão os indivíduos portadores de depressão e fatalismo (doutrina segundo a qual os acontecimentos são fixados com antecedência pelo destino). Tabela 1: Comparação das classificações das vítimas. Classificação De Mendelsohn Classificação de Von Hentig Ideal ou inocente. Criminoso- vítima- criminoso- sucessivamente. Provocadora Criminoso- vítima- criminoso- simultaneamente. Agressora ou imaginária Criminoso- vítima- imprevisível. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/3232122/- Acesso em 15 mar. 2020. https://slideplayer.com.br/slide/3232122/ 43 7.4 Vitimologia e direitos humanos No período chamado justiça privada, a vítima era a protagonista do delito. A resposta ao crime estava destinada a ela, que possuía o direito de se vingar do criminoso. Porém, com a institucionalização do Estado, a vítima perde seu papel de protagonista e passa a ser apenas um sujeito passivo do evento criminoso. A vítima então passa a ter o papel de uma mera testemunha do delito, sendo esquecida pelo processo penal, argumentando que a resposta ao crime deve serfeita de modo imparcial. A vítima é encarada como um objeto pelo processo penal, dela se espera que cumpra seu papel testemunhal, com todos os inconvenientes e riscos que isso acarreta. A partir da metade do século passado, iniciou-se um movimento científico e político, inspirado por criminólogos como Hans Von Hentig e Benjamin Mendelsohn, no intuito de dedicar uma atenção especial à vítima, a partir do estudo da vitimologia. Inaugurou-se, assim, a fase do “renascimento processual da vítima”. A Vitimologia e os direitos humanos tem uma simbiose perfeita, visto que o objeto de estudo de ambos se entrelaça. As vítimas sofrem questionamentos da sociedade como o porque a vítima estava andando sozinha na rua ou que sua roupa estava curta demais motivando o criminoso a cometer tal delito. A sociedade muitas vezes tem um pensamento muito distorcido sobre esse assunto, achando que a culpa é sempre da mulher, deviam se colocar no lugar da vítima antes de qualquer coisa. Ocorre também o descaso e maltrato por parte dos policiais que tem o dever de ajudar e auxiliar a vítima ao máximo, entretanto a vítima é interrogada como se fosse culpada pela prática do ato ilícito que sofreu, impondo a vítima a relembrar os momentos traumáticos que sofreu. Há casos também em que os policiais 44 desmotivam a vítima a prestar queixa contra o criminoso, causando constrangimento e humilhação. A vítima suporta não só a vitimização primária, que se dá no momento da ocorrência do delito (relação entre criminoso e vítima), como também suporta a secundária, que ocorre quando ela entra em contato com o sistema, sendo revitimizada tanto pela sociedade, quanto pelos agentes do Estado. Os direitos humanos devem ser exercidos a favor da vítima, ressaltando a reparação dos danos provocados pelo delito. Em sentido amplo deve ser feita a indenização pelos prejuízos, restituição, se possível, além de um tratamento digno e psicológico, caso necessário. 45 8 CONCLUSÃO A justiça brasileira é falha em diversos aspectos, aqueles que praticam crimes de extrema violência não recebem a punição adequada. Uma pena de no máximo 30 anos, é muito frágil para um indivíduo que possui distúrbios mentais tão sérios e que praticou atos tão cruéis. Um indivíduo que possui o Transtorno de Personalidade Antissocial não tem condições de voltar a viver em sociedade, por mais que ele diga e demonstre aos psiquiatras que o avaliarão, a calma e o remorso que ele demonstra é apenas fachada, pois é um indivíduo de caráter persuasivo e manipulador que irá falar tudo que os especialistas esperam ouvir para conseguir sua liberdade. Quando a justiça liberta estes criminosos, acaba colocando toda a sociedade em risco, pois um serial killer, de acordo com os estudos psiquiátricos, ao ser solto, poderá voltar a reincidir em seus crimes, sendo apenas uma questão de tempo para isto acontecer. A Constituição Brasileira proíbe expressamente o uso da pena de morte pelo sistema de justiça penal, alegando que a pena de morte é apenas uma forma de vingança contra o criminoso, que não permite sua chance de se redimir. Sendo vista como algo que causará dor ao criminoso, infringindo os direitos humanos. Um tratamento psiquiátrico permanente seria uma solução mais adequada do que a prisão perpétua e a libertação do indivíduo em 30 anos que colocará a sociedade em risco. Concluímos que a Constituição Brasileira deve pensar com urgência a respeito de se criar uma lei específica dentro das leis brasileiras que seja eficiente nos termos de punição. Esses indivíduos devem ser colocados em uma clínica psiquiátrica, recebendo um tratamento adequado até o fim de suas vidas, essa seria a melhor alternativa. Precisamos compreender que esses indivíduos possuem um transtorno que não há cura, portanto, não existe a possibilidade de serem libertos e 46 não voltarem a praticar os mesmo atos. Sendo a estadia permanente em uma clínica psiquiátrica, a melhor solução para garantir a segurança do próprio indivíduo e do resto da sociedade. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYNESWORTH, Hugh Grant; MICHAUD, Stephen G. The Only Living Witness: The True Story of Serial Sex Killer Ted Bundy. 2. ed. Texas: Authorlink, 1999. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. CASOY, Ilana. Serial Killers: Made in Brasil. 1. ed. São Paulo: Ediouro, 2009. CASOY, Ilana. Serial Killers: Louco ou cruel?. 8. ed. São Paulo: Ediouro, 2008. EMPIS, Luisa de Jesus. Ted Bundy: Estudo de Caso. 2013. 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Tomará menos de 5 minutos e suas respostas serão mantidas em sigilo. Agradeço desde já! Endereço de e-mail Idade ● Até 18 anos ● Entre 18 e 29 anos ● Entre 30 e 40 anos ● Entre 41 e 50 anos ● Mais de 50 anos Sabe o que é direito penal? ● Já ouvi falar ● Já ouvi falar, mas não sei o que é ● Nunca ouvi falar O termo serial killer lhe é familiar? ● Já ouvi falar e sei o que é ● Já ouvi falar, mas não sei o que é ● Nunca ouvi falar Conhece algum caso de serial killer? Se sim, qual? 50 A psicopatia se caracteriza pela incapacidade de discernir emoções e sentimentos. A partir disso, quais característicasabaixo acredita-se pertencer a um psicopata ? ● Excesso de razão ● Ausência de emoção ● Pessoas frias ● Pessoas egoístas ● São muito racionais ● Hábito de mentir e manipular ● Sentem prazer com o sofrimento do outro ● Não sentem remorso Conhece algum caso de psicopatia? ● Já ouvi falar e sei o que é ● Já ouvi falar, mas não sei o que é ● Nunca ouvi falar Sabe a diferença entre o serial killer e o psicopata? ● Sim ● Não Acha justo o modo como os serial killers são julgados pela justiça ? ● Sim ● Não Sabe o que é vitimologia ? ● Já ouvi falar e sei o que é ● Já ouvi falar, mas não sei o que é ● Nunca ouvi falar 51 Figura 1: Ted Bundy em um de seus julgamentos Fonte: https://observador.pt/2019/02/09/quem-foi-ted-bundy-o-psicologo-e-serial-killer-que-matou-mais-de-30 -mulheres-nos-eua/- Acesso em: 15 mar. 2020. Figura 2: As vítimas de Ted Bundy Fonte:https://literaturapolicial.com/2019/01/28/netflix-ted-bundy-e-a-glamourizacao-do-crime/- Acesso em: 15 mar. 2020. https://observador.pt/2019/02/09/quem-foi-ted-bundy-o-psicologo-e-serial-killer-que-matou-mais-de-30-mulheres-nos-eua/ https://observador.pt/2019/02/09/quem-foi-ted-bundy-o-psicologo-e-serial-killer-que-matou-mais-de-30-mulheres-nos-eua/ https://literaturapolicial.com/2019/01/28/netflix-ted-bundy-e-a-glamourizacao-do-crime/ 52 Figura 3: Prisão de Francisco de Assis pereira Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/maniaco-do-parque-o-sanguinario-serial-kill er-brasileiro.phtml- Acesso em: 20 mar. 2020. Figura 4: Hans Von Hentig (1947) Fonte:https://www.timetoast.com/timelines/evolucion-cientifica-de-la-victimologi a-83d2685e-658f-4547-881a-6a071837764b- Acesso em 21 mar. 2020. https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/maniaco-do-parque-o-sanguinario-serial-killer-brasileiro.phtml https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/maniaco-do-parque-o-sanguinario-serial-killer-brasileiro.phtml https://www.timetoast.com/timelines/evolucion-cientifica-de-la-victimologia-83d2685e-658f-4547-881a-6a071837764b https://www.timetoast.com/timelines/evolucion-cientifica-de-la-victimologia-83d2685e-658f-4547-881a-6a071837764b 53
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