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LABORATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA SOLUBILIDADE DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS CURSO: Licenciatura em Química TURMA: 20222810408A NOME MATRÍCULA NOTA 1 Bruno Alves Candido 191028100001 Docente: Rodrigo Alves Data da realização do experimento: 23/09/2022 Data da entrega do relatório: 07/10/2022 INTRODUÇÃO Uma das propriedades físicas mais importantes, na quais são baseados diversos métodos de separação, extração e recristalização é a solubilidade. Essa que é definida como a quantidade máxima de uma substância que se dissolverá em uma determinada quantidade de solvente a uma temperatura específica, sendo uma característica resultante da combinação específica entre soluto e solvente. Um composto é dito solúvel quando 3,3 g do composto é capaz de se dissolver em 100 mL do solvente, a maioria das substâncias têm um aumento de solubilidade à medida que a temperatura aumenta, mas ressalta-se que essa relação é complexa (Mittal, 2017; PAVIA et al., 2011). A solubilidade é um parâmetro importante para uma caracterização química, em especial na estrutura molecular da substância e sua polaridade das ligações entre os átomos presentes na substância. Há a regra de “semelhante dissolve semelhante”, no geral as substâncias apolares são dissolvidas por solventes apolares e compostos polares são solúveis em solventes polares. As dissoluções são processos que exigem energia suficiente gerada pela atração soluto-solvente, para que possam superar as forças atrativas entre as moléculas do soluto e entre as moléculas do solvente (MARTINS, LOPES & ANDRADE, 2013). A solubilidade das substâncias podem ser testadas por testes utilizando diferentes solventes através de uma ordem pré-estabelecida para se obter um parâmetro geral da substância. A água é um solvente de forte caráter polar, sendo muito favorável a solubilizar compostos iônicos e desfavorável para solubilizar hidrocarbonetos. Grupos monufuncionais do tipo álcool, cetona, aldeído, ácido carboxílico, éter, aminas, etc. possuem solubilidade limitada em moléculas com no máximo quatro carbonos para ser possível solubilizar em água. Ressalta-se que ácidos e amidas são levemente mais solúveis que compostos neutros (VOGEL et al, 1989). Compostos que são solúveis em éter tendem a ter um caráter mais apolar, muitos dos compostos orgânicos insolúveis em água são solúveis em éter. Compostos que possuem grupo polar, mas ainda são solúveis em éter são aqueles que possuem apenas um grupo polar que tem suas forças intermoleculares compensadas pela parte apolar da molécula. Substâncias que são solúveis tanto em água quanto etér, provavelmente são não-iônicas, contém menos de cinco carbonos, não possuem mais que um grupo fortemente polar e possuem grupo com alta polaridade capaz de formar ligações de hidrogênio. Já as substâncias que são solúveis em água, mas insolúvel em éter são iônicas e contém menos de cinco carbonos, tendo dois ou mais grupos fortemente polares. Ressalta-se que há compostos que são exceção a essas regras (VOGEL et al, 1989). A solubilidade em compostos ácidos ou básicos também é um parâmetro importante. Substâncias solúveis em ácido clorídrico diluído contém um átomo de nitrogênio básico, a maioria das aminas alifáticas se dissolvem em ácido clorídrico diluído formando sal. Já os compostos que 1 são solúveis em hidróxido de sódio diluído, são os ácidos carboxílicos, fenóis, ácidos sulfônicos, arilsufonamidas, oximes, tióis, amidas, primários e secundários compostos com grupo nitro, etc., sendo possível a observação da dissolução pela liberação do dióxido de carbono. Compostos contendo o grupo nitro, seja primário ou secundário, imidas, arisulfonamidas e oximes são insolúveis em bicarbonato de sódio. A solubilidade em ácido sulfúrico está relacionado a presença de oxigênio na estrutura da molécula, a solubilidade inicial desses compostos está relacionada com a presença de um ou mais oxigênio com caráter básico reagindo com o ácido para a formação de um íon oxônio. Hidrocarbonetos insaturados também podem reagir com ácido sulfúrico, formando solúveis aquilhidrogênio sulfatos (VOGEL et al, 1989; PAVIA et al., 2011). Dessa forma, é possível obter informações importantes a respeito das substâncias a partir do testes de solubilidade. Informações que são importantes para diversas áreas, como materiais, farmacêutica e ambiental. OBJETIVOS Determinar a solubilidade de algumas amostras líquidas e sólidas para identificar o tipo de grupo funcional que as amostras devem conter, e consequentemente, propor qual será o composto orgânico em cada caso. MATERIAIS E MÉTODOS Os materiais e reagentes utilizados no teste de solubilidade podem ser visualizados na tabela a seguir: Tabela 1 – Materiais e reagentes utilizados no teste de solubilidade executado neste procedimento. Materiais Reagentes e soluções 01 estante para tubos de ensaio 30 mL de Solução NaOH 5% 15 tubos de ensaio 30 mL de Solução HCl 5% 4 pipetas graduadas de 5 mL 30 mL de Solução NaHCO3 5% 4 pipetas graduadas de 1 mL 50 mL de éter etílico (capela) 3 provetas de 50 mL (capela) Ácido Fosfórico (85 %) 2 Garras de madeira Ácido Sulfúrico 98% (capela) 2 espátulas 7 amostras desconhecidas identificadas em A, B, C, D, E e F 3 pipetadores de sucção (capela) Papel indicador (tornassol) Amostras a serem testadas: ácido benzóico, antraceno, etanodiol (etilenoglicol), α- naftol, bromobutano, 1-propanol e glicose. As sete amostras foram testadas seguindo a rota proposta no esquema a seguir, fornecido pelo roteiro de aula: 2 Figura 1 – Esquema para a classificação dos compostos orgânicos pela solubilidade. Fonte: fornecido pelo roteiro elaborado pelo docente. Para cada etapa, procedeu-se da seguinte maneira: Água Solubilizou a amostra sólida com porções sucessivas de 1,0 mL de água, agitando vigorosamente, através de um agitador vórtex, após cada adição, até completar os 3,0 mL. Quando o composto não se dissolveu por completo em 3,0 mL de água, considerou-o insolúvel. Para as amostras líquidas, adicionou-se 0,2 mL do composto a 3,0 mL de água e agitou, considerou insolúvel àquelas amostras que formaram duas fases. Éter Procedeu-se exatamente como no ensaio da solubilidade em água. Hidróxido de Sódio 5% Adicionou-se 0,1 g ou 0,2 mL de amostra em um tubo de ensaio e adicionou 3 mL da solução de hidróxido de sódio, em capela, agitou vigorosamente em vórtex e observou qualquer liberação de calor. 3 Bicarbonato de Sódio 5% Procedeu-se análogo a etapa do hidróxido de sódio, entretanto observou se ele se dissolvia e, particularmente, ocorreu o desprendimento imediato de dióxido de carbono. Ácido Clorídrico 5% Em capela, adicionou-se o ácido em porções de 1,0 mL com agitação até que os 3,0 mL tenham sido adicionados. A eventual formação de um precipitado classifica o composto no Grupo A. Ácido Sulfúrico Concentrado Em capela, adicionou 3,0 mL de ácido sulfúrico concentrado em um tubo de ensaio seco e adicionou-se 0,1 g ou 0,2 mL da amostra. Observou-se qualquer variação na cor, se ocorreu carbonização, desprendimento de produtos gasosos, precipitação, etc. Ácido Fosfórico 85% Este teste somente deve ser realizado se o composto for solúvel em ácido sulfúrico concentrado, nenhuma das amostras foi solúvel e portanto essa etapa não foi realizada.. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O percurso dos testes de solubilidade para as sete amostras foram os seguintes: 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐴 → 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑂 → 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 é𝑡𝑒𝑟 → 𝑉𝑒𝑟𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 𝑡𝑜𝑟𝑛𝑎𝑠𝑠𝑜𝑙 → 𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 𝑆 𝑎 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐵 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑂 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑁𝑎𝑂𝐻 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻𝐶𝑙 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑆𝑂 4 → 𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 𝐼 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐶 → 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑂 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 é𝑡𝑒𝑟 → 𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 𝑆 2 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐷 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑂 → 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑁𝑎𝑂𝐻 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑁𝑎𝐻𝐶𝑂 3 → 𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 𝐴 2 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝐸 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑂 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑁𝑎𝑂𝐻 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻𝐶𝑙 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑆𝑂 4 → 𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 𝐼 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐹 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑂 → 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑁𝑎𝑂𝐻 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝑁𝑎𝐻𝐶𝑂 3 → 𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 𝐴 2 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝐺 → 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 𝐻 2 𝑂 → 𝐼𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑒𝑚 é𝑡𝑒𝑟 → 𝑆 2 A tabela a seguir contém os resultados práticos e os possíveis resultados para para os compostos. Ressalta-se que os resultados são indicados como possíveis, uma vez que para a confirmação com exatidão é necessário análises e testes mais robustos. 5 Tabela 2 – Dados referentes aos resultados obtidos ao longo do experimento e seus resultados prováveis. Resultados práticos Resultado prováveis Identificação Resultado do teste Nome Estrutura A Sa 1-propanol B I Bromobutano C S2 Etilenoglicol D A2 -Naftolα E I Antraceno F A2 Ácido benzóico G S2 Glicose Fonte: dados obtidos experimentalmente. 6 Amostra A A amostra se demonstrou solúvel em água, apresentando boa miscibilidade, já em éter também ocorreu miscibilização. Por fim, ficou vermelho no papel tornassol, sendo indicado com caráter ácido, pertencendo ao grupo solúvel em água ácido (Sa). Por eliminação, concluiu-se que se tratava do 1-propanol, entretanto, os álcoois apresentam caráter neutro quando verificado no papel tornassol. Essa alteração na cor pode ser devido a algum erro experimental no papel tornassol, uma vez que o pKa deste composto é 16,1, possui um baixo caráter ácido. Com exceção da leitura do papel tornassol, as demais características correspondem ao 1-propanol, um composto solúvel tanto em água quanto em éter. São moléculas de baixo caráter iônico, com baixo número de carbonos, um grupo polar capaz de formar pontes de hidrogênio e somente um grupo fortemente polar. Relata-se que esse composto se apresenta miscível em água e em éter (WEAST, 1985; VOGEL et al, 1989). Amostra B A amostra, que estava em estado líquido e incolor, se demonstrou insolúvel em água, apresentando duas fases. Já em meio básico com hidróxido de sódio ou em meio ácido com ácido clorídrico não houve qualquer mistura de fases, comportamento que se repetiu mesmo com ácido sulfúrico concentrado. Portanto, o composto pertence ao grupo dos compostos inertes. Dentre os compostos possíveis pertencentes ao grupo I, tem-se o bromobutano e o antraceno, observa-se que o composto B e E são pertencentes ao grupo dos inertes, entretanto um é do estado líquido e outro do sólido. Dessa forma, o composto B trata-se possivelmente de do bromobutano que é um haloalcano em estado líquido. O composto se demonstra insolúvel em água devido a sua apolaridade, formando duas fases, sendo que o halocano trata-se da fase inferior, por ter uma densidade de 1,27 g.mL-1. Não possui nenhum grupo suscetível a reação em meio básico ou ácido como grupos nitrados, sulfonados ou oxigenados. A não reação com ácido sulfúrico confirma que o composto não detém um grupo funcional oxigenado. Essas informações contribuem para a confirmação do possível composto ser o 1-bromobutano, cabe ressaltar que esse composto apresenta solubilidade em tetracloreto de carbono e clorofórmio, além de miscibilidade em etanol, éter e acetona, portanto, a confirmação desse composto poderia ser feita na aula utilizando o éter (Lide, 1994; VOGEL et al, 1989). 7 Amostra C Amostra em estado líquido e incolor, apresentou boa miscibilidade em água, mas não solubilizou em éter, apresentou duas fases, indicando que o composto tinha caráter polar. Pertence ao grupo dos solúveis em água 2 (S2). Esse grupo é caracterizado por ter compostos polihidroxilados, indicando que se trata do etanodiol. A presença de dois grupos hidroxilas justificam a solubilidade deste composto em água por serem hidrofílicas. Por ser um composto com baixa quantidade de carbonos, o caráter apolar da molécula é baixo, sendo majoritariamente polar impedindo qualquer miscibilidade com solventes orgânicos tipo éter. Na mistura com éter (d=0,71 g.mL-1), o etanodiol tem uma maior densidade (d=1,11 g.mL-1), logo esse composto se trata da fase inferior. Relata-se que o etanodiol é miscível em água, álcoois de cadeia curta, ácido acético e acetona, mas de baixa solubilidade em éter (1:200) e praticamente insolúvel em benzeno e similares (O’NEIL, 2016, VOGEL et al, 1989). Amostra D Amostra de estado sólido, apresentando coloração levemente roxa. Apresentou nenhuma solubilidade em água, mas solubilizou em hidróxido de sódio com agitador vórtex, formando uma solução com coloração acastanhada. Se demonstrou insolúvel em bicarbonato de sódio, pertencendo ao grupo A2, se tratando de um fenol, o -Naftol.α A baixa solubilidade do composto é justificada por se tratar de um fenol, este que tem uma solubilidade limitada devido a presença de muitos carbonos com ligações hidrofóbicas, compensando o grupo hidroxila que é hidrofílico. A solubilização em hidróxido de sódio se justifica pela reação com o meio, este que detém um caráter ácido suficiente para a reação ácido-base e liberação de calor. Sua insolubilidade em bicarbonato de sódio confirma que se trata de um ácido fraco (pKa = 9,34). Essas propriedades confirmam que se trata do -Naftol,α por se tratar de um composto muito solúvel em éter, poderia ser confirmado nesta aula através de sua solubilização (LIDE, 2006; VOGEL et al, 1989). Amostra E Amostra sólida incolor. Apresentou insolubilidade em água, assim como em hidróxido de sódio, ácido clorídrico e ácido sulfúrico concentrado. Apresentando-se inerte, pertencente ao grupo I. 8 Similar ao composto B, entretanto, esse se encontra no estado sólido. Confirmado como antraceno, este apresenta uma apolaridade que impede a solubilização em água. A ausência de grupos funcionais nitrados, oxigenados ou sulfonados o torna inerte a reações com as soluções básicas e ácidas (VOGEL et al, 1989). Essas características contribuem para a confirmação do antraceno. Além disso, sabe-se que uma grama dessa substância se dissolve em 67 mL de Álcool etílico, 70 mL de metanol, 62 mL de benzeno, 200 mL de éter e 85 mL de clorofórmio (O’NEIL, 2013), assim, para se fazer a confirmação nessa aula, poderia se dissolver 0,1 g da amostra em 20 mL de éter. Amostra F Amostra sólida incolor. Se demonstrou insolúvel em água, mas demonstrou boa solubilidade em hidróxido de sódio liberando calor. Insolúvel em bicarbonato de sódio, indicando que é do grupo A2. Essa é a classe dos ácidos orgânicos fracos, esses compostos são capazes de reagir em solução básica, formando ânions oxilatos. Devido a classe e sua aparência, é provável que a amostra F seja o ácido benzóico. Devido a alta polaridade da água, ela se torna um solvente pobre para hidrocarbonetos de todos os tipos, sendo limitada a solubilizar compostos orgânicos com no máximo 4 carbonos, o que justifica a não solubilização do ácido benzóico, mesmo que este possua um grupo funcional polar, cujo a parte apolar da molécula supera o caráter polar. A solubilidade em hidróxido de sódio é justificado por ter um grupo ácido com capacidade de reagir com grupo álcali, reação esta que há liberação de calor. A insolubilidade indica que se trata de um ácido orgânico fraco, confirmando que se trata do ácido benzóico. 1 grama dessa substância se dissolve em 2,3 mL de álcool, 4,5 mL de clorofórmio e 3 mL de éter, para se testar este composto, poderia ser usado o éter para promover a solubilização (O’NEIL, 2013, VOGEL et al, 1989). Amostra G Amostra em estado sólido, bem pulverizada. Apresentou boa solubilidade em água, mas insolúvel em éter, indicando ser um composto de caráter polar, pertencente ao grupo S2. Dentro das opções de compostos, acredita-se que a amostra G se trata da Glicose, uma vez que é um carboidrato e devido a grande quantidade de hidroxilas, tem uma boa solubilidade em água. A alta solubilidade da glicose em água é justificada pela presença de diversashidroxilas que conferem um grande caráter polar para a molécula, superando o caráter apolar 9 conferido pelas ligações C-C e C-H. Devido a sua alta polaridade, conferida pelas pontes de hidrogênio do composto, ele se apresenta como insolúvel em solvente orgânico como o éter (VOGEL et al, 1989). CONCLUSÃO Foi possível determinar a solubilidade das amostras, tanto líquidas quanto sólidas. Além de conseguir propor o composto orgânico para cada classe dos resultados obtidos nos testes e identificar os tipos dos grupos funcionais que devem estar presentes nas moléculas. QUESTIONÁRIO 1. O que é constante dielétrica? Atualmente, conhecida como permissividade relativa. É uma propriedade das substâncias que está relacionada à capacidade de polarizar um material submetido a um campo elétrico. Sendo que essa polarização pode ser originária de diversos fatores. Está relacionado à polaridade dos solventes, quanto maior o valor desta constante, maior a polaridade. Por exemplo, a água é altamente polar com uma constante dielétrica de 80 e solventes apolares tem esse valor inferior a 15, o etanol tem o valor de 25. 2. Por que se diz “semelhante dissolve semelhante”? Quando se examina as forças de atração das moléculas do soluto e solvente, tem-se que para que haja uma solubilização, a atração entre soluto-solvente deve substituir as forças de atração do soluto-soluto, se espera que haja dissolução se as novas interações forem semelhantes às interações originais. Por exemplo, a glicose que é uma molécula polihidroxilada, capazes de formar muitas ponte de hidrogênio, por isso ocorre sua dissolução em água. Esse efeito não é observado quando colocado em um solvente do tipo hexano, este que não é capaz de formar pontes de hidrogênio. 3. Quando um hidrocarboneto é substituído com um halogênio, a solubilidade se modifica? E quando um hidrocarboneto é substituído com um OH, a solubilidade se modifica? Quando substituído pelo halogênio, a solubilidade não se altera tanto, uma vez que hidrocarbonetos e haloalcanos pertencem a classe de solubilidade dita “inerte”. Entretanto, a ligação de um carbono a um halogênio, há uma diferença de polaridade, conferindo um caráter polar àquela substância, mas não tão significativo para conferir a solubilidade em 10 compostos polares. Dessa forma, haloalcanos e hidrocarbonetos são majoritariamente apolares, em especial aqueles de cadeias longas. Por exemplo, os haloalcanos e hidrocarbonetos são insolúveis em água, uma vez que não são “semelhantes”, não formam pontes de hidrogênio. Quando substituído por uma hidroxila, há uma mudança na solubilidade. A adição do grupo hidroxila, que é capaz de receber próton e formar pontes de hidrogênio, afetando diretamente a solubilidade em especial aqueles compostos de cadeia curta. Por exemplo, o etano é insolúvel em água, mas o etanol é completamente miscível devido às pontes de hidrogênio. 4. Por que o ácido maleico é solúvel em água e o ácido fumárico não? Ambos são isômeros geométricos, entretanto, um se trata do isômero cis (Z) que corresponde ao ácido maleico e o outro trans (E) que corresponde ao ácido fumárico. A solubilidade depende da polaridade, neste caso aquele com maior caráter polar é capaz de solubilizar. Neste caso, depende da orientação espacial, aquele com os dois grupos polares no mesmo plano espacial, detém um caráter mais polar, fazendo com que esse composto seja capaz de solubilizar em água e outros solventes polares. 5. Discuta a relação peso molecular e solubilidade. Como as forças intermoleculares podem interferir nessa relação? A solubilidade é uma espécie de “briga” entre as forças moleculares, necessitando que as forças solventes-soluto superem e substituam as forças soluto-soluto. Dessa forma, não há uma relação direta entre entre solubilidade e peso molecular. Se comparar o etano, cloreto de etila e etanol, em relação ao etano os outros dois compostos possuem maior peso molecular, entretanto,o cloreto de etila tem solubilidade muito similar a ele e etanol possui um caráter mais polar e um grupo funcional que o permite ser miscível em solventes polares. Quando se trata do aumento do peso molecular pelo aumento da cadeia carbônica, aí tem-se uma relação. Uma vez que o aumento da quantidade de carbono significa um aumento do caráter apolar da molécula, resultando numa redução da solubilidade em compostos 11 polares. Por exemplo, os álcoois de baixo peso moleculares são solúveis em água, enquanto aqueles de maiores pesos moleculares são insolúveis. 6. Verifique a relação entre solubilidade e ramificações O aumento de ramificações implica na adição de carbonos que conferem um maior caráter apolar à molécula. Ressalta-se que moléculas orgânicas mais lineares implicam menor solubilidade, enquanto aquelas com mesmo número de carbonos com mais ramificações possuem uma maior superfície de contato, facilitando a solvatação das moléculas. 7. Explique o mecanismo que torna uma cetona solúvel em H2SO4 concentrado. O mecanismo pode ser visto a seguir: Observa-se que as cetonas são grupos capazes de ter uma reação ácido-base. Dessa forma, ocorre esta reação que promove a solubilidade desses compostos, em especial pela adição de dois grupos capazes de fazer ponte de hidrogênios (OSO3H e OH). 8. Defina solubilidade e miscibilidade Solubilidade consiste no processo geral de misturar duas substâncias e formarem apenas uma fase. No geral, dissolver é utilizado para indicar a solubilização de solutos sólidos em solventes líquidos, enquanto miscibilidade se refere à solução cujo os solutos são líquidos. Diz que os líquidos são miscíveis quando formam apenas uma fase, caso haja a formação de duas fases, diz que são imiscíveis. 9. Por que determinados compostos orgânicos são solúveis em soluções ácidas e outros são solúveis em soluções básicas? Essa dissolução é devido a solubilidade ou miscibilidade? É oriundo de reação entre os solutos e solventes, por exemplo os compostos ácidos que ao serem solubilizados em solventes básicos foram sal ou compostos básicos em meio ácido. A partir da reação, há a solubilização desse composto devido aos produtos da reação envolvida. 12 10. Por que determinados compostos orgânicos são solúveis em água e éter etílico? Essa dissolução é devido à solubilidade ou miscibilidade? Indique a reação que está ocorrendo quando for o caso. Compostos que são solúveis em solventes como água (polar) e éter (apolar), são moléculas de baixo caráter iônico, com baixo número de carbonos, um grupo polar capaz de formar pontes de hidrogênio e somente um grupo fortemente polar. Ocorre a solubilização por miscibilidade, sem que haja necessariamente uma reação. REFERÊNCIAS UTILIZADAS LIDE, David R. (Ed.). Handbook of data on organic compounds. 2. Compounds 5001-10000, Ben-Cha. CRC Press, 1994. LIDE, D. R. Handbook of Chemistry and Physics, 86th edn. CRC. 2005. MARTINS, C. R., LOPES, W. A. e ANDRADE, J. B. Solubilidade das substâncias orgânicas. Química Nova [online]. 2013, v. 36, n. 8, pp. 1248-1255 MITTAL, B. Chapter 2 - Pharmacokinetics and Preformulation. In: MITTAL, B. (Ed.). How to Develop Robust Solid Oral Dosage Forms from Conception to Post-Approval: Academic Press, 2017. p. 17-37. O’NEIL, M. J. The Merck Index: an Encyclopedia of Chemicals, Drugs and Biologicals. Whitehouse Station: Merck Research Laboratories, Division of Merck and Co. 2006. O'NEIL, Maryadele J. (Ed.). The Merck index: an encyclopedia of chemicals, drugs, and biologicals. RSC Publishing, 2013. PAVIA, D. L et al. A small-scale approach to Organic Laboratory Techniques. Cengage, third edition, 2011. VOGEL, Arthur Israel et al. Vogel's textbook of quantitative chemical analysis. Wiley, 1989. WEAST, Robert C. Handbook of data on organic compounds. 1985. 13
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