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DEONTOLOGIA Professora Marina de Neiva Borba DOCUMENTOS MÉDICOS Os documentos médicos têm origem remota, perdendo-se nas brumas do tempo. Um documento é "qualquer base de conhecimento, fixada materialmente, e disposta de maneira que se possa utilizar para consulta, estudo, prova, etc.". É um termo muito amplo que contempla diversas possibilidades. Documentos médicos, na atualidade, são diariamente elaborados, redigidos e guardados pelos médicos e pelas instituições prestadoras de saúde; são essenciais para resguardar judicialmente os médicos. A preocupação de registrar fatos da vida profissional sempre foi uma prerrogativa e uma preocupação do profissional médico. Desde a Antiguidade, o médico tem se preocupado em deixar guardadas suas anotações de casos difíceis, da orientação terapêutica adotada, de seus sucessos e insucessos. São sempre lembrados os papiros de Beugsch, Ebers e Edwin Smith, que datam de cerca de 1500 anos antes de Cristo, nos quais encontramos a descrição de doenças e lesões, da orientação clínica ou cirúrgica, e ainda de encantamentos e fórmulas terapêuticas. Além disso, há os escritos de HIpócrates, Galeno e Vesálio. Graças às suas anotações, possibilitaram que conhecêssemos hoje o pensamento médico da antiguidade. Atestado médico Declaração pura e simples, por escrito, de um fato médico e suas consequências. "A utilização e a segurança do atestado estão intrinsecamente vinculadas à certeza de sua veracidade". Outra visão sobre atestado sugere tratar-se de relato escrito e singelo de uma dedução médica e seus complementos, cuja finalidade é sintetizar, de forma objetiva e singela, o que resultou do exame feito em um paciente, sugerindo um estado de sanidade ou um estado mórbido, anterior ou atual, para fins de licença, dispensa ou justificativa de faltas ao serviço, entre outros. Declaração de óbito (DO) Documento que confirma o óbito fornecido pelo médico a paciente ao qual vinha prestando assistência (exceto em situações específicas). Possui a finalidade de definir uma causa mortis e responder aos interesses de ordem legal, ética e médico-sanitária, sendo considerado como documento-base do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). É importante não confundí-la com a certidão de óbito, também conhecida como "certificado de óbito", o qual é um documento emitido pelos cartórios, utilizando dados constantes da declaração de óbito. Laudo médico Termo comumente utilizado para a interpretação de exame médico complementar, ou resultado de perícia médica, elaborada por médico. O laudo médico, a priori, não é instrumento, isoladamente, para definir "gozo de licença médica para tratamento de saúde". Relatório médico Descrição escrita, minuciosa e circunstanciada de fatos clínicos ocorridos e decorrentes de um ato ou atendimento médico. Boletim médico Documento escrito com uma breve notícia, podendo ser diário, que expõe ao público a condição e a evolução clínica e terapêutica de um paciente, geralmente internado. NORMAS DEONTOLÓGICAS Capítulo X CFM: Documentos Médicos É vedado ao médico: Art. 80. Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou não corresponda à verdade. Art. 81. Atestar como forma de obter vantagem. Art. 82. Usar formulários institucionais para atestar, prescrever e solicitar exames ou procedimentos fora da instituição a que pertençam tais formulários. Art. 83. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente ou quando não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plantonista, médico substituto ou em caso de necropsia e verificação médico-legal. Art. 84. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando houver indícios de morte violenta. Art. 91. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou por seu representante legal. Resolução CFM n° 1.658/2002 Alterada pela Resolução CFM n 1851/2008. Normatiza a emissão de atestados médicos e dá outras providências. Art. 1° - O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito inalienável do paciente, não podendo importar em qualquer majoração de honorários. → Não podemos negar o atestado ao paciente ou cobrar um valor extra por isso. Art. 2° - Ao fornecer o atestado, deverá o médico registrar em ficha própria e/ ou prontuário médico os dados dos exames e tratamentos realizados, de maneira que possa atender às pesquisas de informações dos médicos peritos das empresas ou dos órgãos públicos da Previdência Social e da Justiça. Art. 3º - Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos: ● I- especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente; ● II- estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente; ● III- registrar os dados de maneira legível; ● IV- identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante legal para fins de perícia médica deverá observar: ● I- o diagnóstico; ● II- os resultados dos exames complementares; ● III- a conduta terapêutica; ● IV- o prognóstico; ● V- as conseqüências à saúde do paciente; ● VI- o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação; ● VII- registrar os dados de maneira legível; ● VIII- identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina. (Redação dada pela Resolução CFM nº 1851, de 18.08.2008). Do ponto de vista prático, esse “atestado médico” deve ser feito no formato de “relatório médico” (Marques Filho, 2018). Atestado médico para afastamento do trabalho Os atestados ou relatórios para afastamento do trabalho são frequentes na prática médica. Informações importantes: ● O trabalhador em período de afastamento por licença médica não poderá ser demitido do emprego. ● O pagamento dos primeiros 15 dias da pessoa com vínculo empregatício é de responsabilidade da empresa. ● Permanecendo o afastamento, o trabalhador deve ser encaminhado ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), para ser submetido a perícia médica, que concluirá pela concessão ou não do benefício. Em caso positivo caberá ao INSS o pagamento do auxílio-doença até que o atendido recupere sua capacidade laboral. ● Somente médicos e odontólogos, no âmbito de sua profissão, podem fornecer atestados destinados afastamento do trabalho. Resolução CFM n° 1.658/2002 Artigo 4º - É obrigatória, aos médicos, a exigência de prova de identidade aos interessados na obtenção de atestados de qualquer natureza envolvendo assuntos de saúde ou doença. § 1º Em caso de menor ou interdito, a prova de identidade deverá ser exigida de seu responsável legal. § 2º Os principais dados da prova de identidade deverão obrigatoriamente constar dos referidos atestados. Artigo 5º - Os médicos somente podem fornecer atestados com o diagnóstico codificado ou não quando por justa causa, exercício de dever legal, solicitação do próprio paciente ou de seu representante legal. Parágrafo único No caso da solicitação de colocação de diagnóstico, codificado ou não, ser feita pelo próprio paciente ou seu representante legal, esta concordância deverá estar expressa no atestado. Artigo 6º - Somente aos médicos e aos odontólogos, estes no estrito âmbito de sua profissão, é facultada a prerrogativa do fornecimento de atestado de afastamento do trabalho. § 1º Os médicos somente devem aceitar atestados para avaliação de afastamento de atividades quando emitidos por médicos habilitados e inscritos no Conselho Regional de Medicina, ou de odontólogos, nos termos do caput do artigo. §2º O médico poderá valer-se, se julgar necessário, de opiniões de outros profissionais afetos à questão para exarar o seu atestado. § 3º O atestado médico goza da presunção de veracidade, devendo ser acatado por quem de direito, salvo se houver divergência de entendimento por médico da instituição ou perito. § 4º Em caso de indício de falsidade no atestado, detectado por médico em função pericial, este se obriga a representar ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição. Presunção da veracidade A validade e os efeitos do documento decorrem de lei federal que confere ao médico o poder de atestar, com fé pública, os atos profissionais pertinentes ao exercício da Medicina. O Código de Ética Médica confere a competência e a obrigação quando legitimamente requerido. Atestado para isenção de impostos na compra de veículos: Lei N 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre a Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, na aquisição de automóveis para utilização no transporte autônomo de passageiros, bem como por pessoas portadoras de deficiência física, e dá outras providências. (Redação dada pela Lei nº 10.754, de 31.10.2003) Art. 1º Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) os automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados com motor de cilindrada não superior a 2.000 cm³ (dois mil centímetros cúbicos), de, no mínimo, 4 (quatro) portas, inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a combustível de origem renovável, sistema reversível de combustão ou híbrido e elétricos, quando adquiridos por: (Redação dada pela Lei nº 13755, de 2018 ● IV – pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal; (Redação dada pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003) (Vide ADIO nº 30) § 1o Para a concessão do benefício previsto no art. 1o é considerada também pessoa portadora de deficiência física aquela que apresenta alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. (Incluído pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003) § 2o Para a concessão do benefício previsto no art. 1o é considerada pessoa portadora de deficiência visual aquela que apresenta acuidade visual igual ou menor que 20/200 (tabela de Snellen) no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20°, ou ocorrência simultânea de ambas as situações. (Incluído pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003) § 4o A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, nos termos da legislação em vigor e o Ministério da Saúde definirão em ato conjunto os conceitos de pessoas portadoras de deficiência mental severa ou profunda, ou autistas, e estabelecerão as normas e requisitos para emissão dos laudos de avaliação delas. (Incluído pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003) ESTERILIZAÇÃO Histórico A esterilização está contida em uma parte do direito denominada direitos sexuais e reprodutivos, o qual também envolve o aborto e técnicas de reprodução assistida. O código penal brasileiro, o qual encontrou em vigor em 1940, considerava a esterilização voluntária como um crime por resultar em perda ou incapacidade da função reprodutiva do homem ou da mulher. Apesar de não utilizar esse termo explicitamente, se enquadra como crime de lesão corporal. Decreto- Lei no 2.848, de 7 de novembro de 1940 A partir deste decreto, caso um médico realizava a esterilização voluntária, ele estaria cometendo um crime de lesão corporal grave. Vale mencionar que a esterilização voluntária aqui diz respeito ao método utilizado em indivíduos que, por livre espontânea vontade, não querem aumentar sua prole. Difere-se, portanto, de esterilizações decorrentes de necessidades de saúde, como por exemplo devido ao processo de quimioterapia. Em razão dessa interpretação restritiva do código penal de 1940, o Código de Ética Médica entre 1929 e 1965 constava uma vedação ética expressa de procedimentos esterilizadores: Artigo 52º - A esterilização é condenada, podendo, entretanto, ser praticada em casas excepcionais, quando houver precisa indicação referenciada por mais dois médicos ouvidos em conferência. Em consequência dessa proibição, várias cirurgias eram realizadas durante partos por cesariana, de forma que o procedimento ocorria logo após o parto, de forma ilegal. Além disso, fora do parto, as esterilizações eram registradas como outros procedimentos médicos. O início da ruptura desse pensamento tem início com o CFM de 1984, no qual altera-se a vedação expressa à prática de esterilização secundária pela vedação para descumprir legislação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.690.htm#art2art1%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.690.htm#art2art1%C2%A71 específica sobre esterilização (entretanto, tal legislação era inexistente). Já em 1988, foi acrescentado o artigo 67, vedando ao médico desrespeitar o direito do paciente de decidir sobre seu método contraceptivo. Sendo a esterilização um desses métodos, esse artigo traz uma mudança de paradigma e posicionamento da CFM. Pesquisa sobre Demografia e Saúde (PNDS, 1966) ● Esterilização feminina: consistia de 52% de todos os métodos contraceptivos utilizados, seguida em segundo lugar e com considerável distância, pela pílula, usada por 27% da população feminina. ● Esterilização masculina: era menos praticada (2,4%) do que métodos tradicionais, como a abstinência periódica (4%) e o coito interrompido (4%). ● Mais de 50% de todas as esterilizações ocorreram durante um nascimento por cesariana. Nas regiões mais desenvolvidas do país, estas estimativas chegam a 70%, indicando um abuso deste procedimento como meio de esterilização. Regulamentação Atualmente, está em vigor a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, na qual há o reconhecimento formal do direito ao planejamento familiar, o qual também está contido nos direitos sexuais e reprodutivos. Dentro do planejamento familiar incluem-se as possibilidades de aumento da prole (como por reprodução assistida), além da limitação da mesma (como por esterilização). Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. §7º - Fundado nos princípios da dignidade humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Esse direito ao planejamento familiar, além de ser reconhecido pela CF/88, foi ratificado pelo STF no julgamento da ADI 3510 sobre pesquisas com células-tronco embrionárias. Em 1996, é aprovada a Lei do planejamento familiar, a qual foi publicada especificamente para regulamentar o §7º do art. 226 da CF. Vale ressaltar que no art. 10 diz-se que o direito está garantido a homens e mulheres com capacidade civil plena (adulto capaz), o qual tecnicamente seria o indivíduo maior de 18 anos, lúdico, em posse de suas faculdades mentais. Todavia, o artigo traz restrições, exigindo que o indivíduo tenha mais que 25 anos ou com dois filhos vivos → critérios ilógicos, sem justificativa plausível, fazendo com que essa porção do artigo esteja sendo questionado no STF. Outro ponto questionado é o parágrafo quinto, no qual a liberdade do indivíduo está condicionada à vontade do cônjuge. A resolução do CFM que dizia respeito às restrições citadas acima acerca da esterilização foi revogada após o questionamento do STF. Normas deontológicas O CFM de 2018, atualmente vigente, veda ao médico descumprir legislação específica sobre esterilização e desrespeitaro direito do paciente. PUBLICIDADE MÉDICA Decreto-Lei Nº 4113 A publicidade médica é regulamentada pelo Decreto-Lei Nº 4113, de 14 de fevereiro de 1942, que ainda está em vigor, o qual regula a propaganda de médicos, cirurgiões, dentistas, parteiras, massagistas, enfermeiros, de casas de saúde e de estabelecimentos congêneres, e a de preparados farmacêuticos. Comentários I- caso o médico veja na clínica que algum tratamento está funcionando, ele deve fazer um relato de múltiplos casos e publicá-lo, mas não pode disseminar informação antes de uma publicação com análise ética. III- está vigente até hoje, de forma que ao fazermos publicidade, só podemos divulgar duas especialidades, acompanhado do número de registro no CRM e seu estado, assim como o registro da especialidade. IV- não é permitido fazer uma consulta sem realizar o exame clínico do paciente → problema atual: telemedicina (Pandemia); foi regulamentada temporariamente devido a situação emergencial. VII- veda a auto-promoção, como compartilhamento sistemático de posts de influencers. IX- não se pode divulgar tratamentos experimentais à pacientes ou redes sociais; o local para tal são eventos científicos, nos quais há um comitê de ética que avaliará o trabalho desenvolvido. Resolução CFM Nº 1974/2011 Principal norma deontológica do CFM sobre o tema + Código de Ética Médica, a qual já foi atualizada duas vezes: estabelece os critérios norteadores da propaganda em Medicina, conceituando os anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo, a autopromoção e as proibições referentes à matéria. Art 1º Entender-se-á por anúncio, publicidade ou propaganda, a comunicação ao público, por qualquer meio de divulgação, de atividade profissional de iniciativa, participação e/ou anuência do médico. → ampla definição de publicidade médica, incluindo diversas redes sociais. Art 2º Os anúncios devem conter, obrigatoriamente, os seguintes dados: a) Nome do profissional; b) Especialidade e/ou área de atuação, quando registrada no Conselho Regional de Medicina; c) Número de inscrição no Conselho Regional de Medicina; d) Número de registro de qualificação de especialista (RQE), se o for. Parágrafo único. As demais indicações dos anúncios deverão se limitar ao preceituado na legislação em vigor. Art 3º É vedado ao médico: a) Anunciar, quando não especialista, que trata de sistemas orgânicos, órgãos ou doenças específicas, por induzir a confusão com divulgação de especialista; b) Anunciar aparelhagem de forma a lhe atribuir capacidade privilegiada; c) Participar de anúncios de empresas comerciais ou de seus produtos, qualquer que seja sua natureza, dispositivo este que alcança, inclusive, as entidades médicas sindicais ou associativas; d) Permitir que seu nome seja incluído em propaganda enganosa de qualquer natureza; e) Permitir que seu nome circule em qualquer mídia, inclusive internet, em matérias desprovidas de rigor científico; f) Fazer propaganda de método ou técnica não reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como válido para a prática médica. g) Expor a figura de seu paciente de forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento, ainda que com autorização expressa do mesmo, ressalvado o disposto no art. 10 desta resolução; → proibido realizar antes e depois; é permitido realizar em eventos científicos, caso o paciente autorize. h) Anunciar a utilização de técnicas exclusivas; i) Oferecer seus serviços por meio de consórcio e similares; j) Oferecer consultoria a pacientes e familiares como substituição da consulta médica presencial; k) Garantir, prometer ou insinuar bons resultados do tratamento; l) Fica expressamente vetado o anúncio de pós-graduação realizada para a capacitação pedagógica ou por especialidades médicas e suas áreas de atuação, mesmo que em instituições oficiais ou por estas credenciadas, exceto quando estiver relacionado à especialidade e área de atuação registrada no Conselho de Medicina. → o CFM apenas reconhece como modo de conseguir título de especialista é realizar residência ou realizar prova ligada à AMB. Art 4º Sempre que em dúvida, o médico deverá consultar a Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame) dos Conselhos Regionais de Medicina, visando enquadrar o anúncio aos dispositivos legais e éticos. Parágrafo único. Pode também anunciar os cursos e atualizações realizados, desde que relacionados à sua especialidade ou área de atuação devidamente registrada no Conselho Regional de Medicina. Art 5º Nos anúncios de clínicas, hospitais, casas de saúde, entidades de prestação de assistência médica e outras instituições de saúde deverão constar, sempre, o nome do diretor técnico médico e sua correspondente inscrição no Conselho Regional em cuja jurisdição se localize o estabelecimento de saúde. → é o diretor quem responderá pelas publicidades. Art 7º Caso o médico não concorde com o teor das declarações a si atribuídas em matéria jornalística, as quais firam os ditames desta resolução, deve encaminhar ofício retificador ao órgão de imprensa que a divulgou e ao Conselho Regional de Medicina, sem prejuízo de futuras apurações de responsabilidade. Art 8º O médico pode, utilizando qualquer meio de divulgação leiga, prestar informações, dar entrevistas e publicar artigos versando sobre assuntos médicos de fins estritamente educativos. Art 9º Por ocasião das entrevistas, comunicações, publicações de artigos e informações ao público, o médico deve evitar sua autopromoção e sensacionalismo, preservando, sempre, o decoro da profissão. Art 10º Nos trabalhos e eventos científicos em que a exposição de figura de paciente for imprescindível, o médico deverá obter prévia autorização expressa do mesmo ou de seu representante legal. Art 11º Quando da emissão de documentos médicos, os mesmos devem ser elaborados de modo sóbrio, impessoal e verídico, preservando o segredo médico. Art 12º O médico não deve permitir que seu nome seja incluído em concursos ou similares, cuja finalidade seja escolher o "médico do ano", "destaque", "melhor médico" ou outras denominações que visam ao objetivo promocional ou de propagando, individual ou coletivo. Art 13º As mídias sociais dos médicos e dos estabelecimentos assistenciais em Medicina deverão obedecer à lei, às resoluções normativas e ao Manual da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame). §1 Para efeitos de aplicação desta Resolução são considerados mídias sociais: sites, blogs, Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, WhatsApp e similares. §2 É vedada a publicação nas mídias sociais de auto retrato (selfie), imagens e/ou áudios que caracterizem sensacionalismo, autopromoção ou concorrência desleal. §3 É vedado ao médico e aos estabelecimentos de assistência médica a publicação de imagens do "antes e depois" de procedimentos, conforme previsto na alínea "g" do artigo terceiro da Resolução CFM n 1877/11. §4 A publicação por pacientes ou terceiros, de modo reiterado e/ou sistemático, de imagens mostrando o "antes e depois" ou de elogios a técnicas e resultados de procedimentos nas mídias sociais deve ser investigada pelos Conselhos Regionais de Medicina. Código de Ética Médica: Capítulo XIII- Publicidade médica Proibições gerais SIGILO MÉDICO Regulamentação O sigilo profissional é regulamentado pelo Capítulo IX do Código de Ética Médica, segundo o qual, é vedado ao médico: Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente. → Motivo justo: proteção da saúde de um terceiro, por exemplo. Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato de conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha (nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento); c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal. Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a pacientecriança ou adolescente, desde que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. → Caso a criança ou adolescente não tenha consciência do acontecido ou o paciente possa sofrer dano, o sigilo pode ser quebrado. Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou imagens que os tornem reconhecíveis em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente. → Vedada a identificação dos pacientes, mesmo com autorização. Exemplo: fotos antes/depois discutidas na publicidade médica. Art. 76. Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade. → Dever de sigilo para os trabalhadores e empregados. Art. 77. Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito, salvo por expresso consentimento do seu representante legal. ● Resolução CFM nº 1.819/2007: proíbe a colocação do diagnóstico codificado (CID) ou tempo de doença no preenchimento das guias da TISS de consulta e solicitação de exames de seguradoras e operadoras de planos de saúde concomitantemente com a identificação do paciente e dá outras providências. ● A ANS passou exigir que os médicos colocassem o diagnóstico em alguns documentos burocráticos; o CFM judicializou a questão e ganhou, de forma que essa solicitação é injusta. ● A revelação, pelo médico assistente, de dados sigilosos do paciente em formulários de encaminhamento para outros profissionais, a permitir a identificação do diagnóstico, codificado ou não, por parte dos planos de saúde, fere normas éticas e legais vigentes. Art. 78. Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles mantido. Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou extrajudicial. → Dever de sigilo dos alunos, residentes, estagiários.
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