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UNIAMÉRICA 
 
 
QUAIS ASPECTOS DO DIREITO CIVIL QUE PODEM SER 
INFLUENCIADOS E INTERAGIREM COM A ATUAÇÃO DO UBER NO BRASIL 
 
 
Estudante: Adriana Patrícia Fermiano1 
 Professora: Juliana Viana 
Setembro /2022 
 
 
 
RESUMO 
RESUMO: Este artigo analisa os aspectos do direito civil que podem ter influências e 
interagirem com a atuação do Uber no Brasil. Tendo como objetivo apresentar quatro 
hipóteses de interação entre a atuação do Uber no Brasil e os aspectos do Direito 
Civil. O estudo foi desenvolvido com base no Código Civil, Constituição Federal, 
Código do Consumidor e o Código do Processo Civil. A nossa legislação não contendo 
o conceito concreto do serviço prestado pelo Uber, não caracteriza desta forma um 
serviço ilegal, sendo que o usuário que utiliza o sistema de serviço prestado pelo Uber 
está amparado pelo código do consumidor, pois existe uma relação de consumo entre 
as partes, assim como em um acidente, ocorre de fato uma responsabilidade solidária 
entre o Uber junto ao motorista em uma eventual ação, assim como a concorrência 
entre os taxistas e outros meios de transportes alimenta a qualidade e competividade 
entre estes prestadores de serviços ao qual o usuário será cada vez mais beneficiado. 
Assim, faz-se necessário uma regulamentação deste serviço para garantir a 
segurança tanto jurídica como social referente a este serviço. 
 
PALAVRAS-CHAVES: Uber, regulamentação, código civil, responsabilidade 
solidária, consumidor. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Tendo como base o eixo temático acima citado, pode-se fundamentar várias 
hipóteses que interagiriam entre a atuação do Uber no Brasil e os aspectos do Direito 
Civil. Sendo assim, neste trabalho apresenta quatro hipóteses do Direito Civil que 
pode interagir na atuação do Uber no Brasil. 
 
1 Estudante de Pós Graduação da Faculdade Descomplica, Coordenadora Pedagógica da Prefeitura Municipal de 
Blumenau. Graduação em Pedagogia UDESC. Especialização em Gestão Escolar pela AUPEX. Especialização em 
Educação Especial: Inclusão pela AUPEX. Graduação em Direito UNISOCIESC. E-mail: 
adripfermiano8@gmail.com. 
2 
 Considerando em uma primeira hipótese que o Uber foi inserido nos estados 
brasileiros por volta do ano de 2014 na cidade do RJ, se propagando em outros 
estados. Surge a indagação da empresa estar atuando e não possuir nenhuma 
legislação autorizando seu funcionamento, questiona-se então se não seria uma 
prestação de serviço ilegal já que se refere a uma empresa e assim como qualquer 
empresa, o objetivo é o lucro e este lucro não está sendo tributado pelo Estado? 
Já em uma segunda hipótese, se por um acaso o usuário do serviço e aquele 
que presta o serviço decidam formalizar um contrato, e uma das partes venha a 
descumprir alguma clausula contratual, indaga-se então, se esse contrato poderia ser 
levado para a análise do judiciário? 
Na terceira situação, pode-se levantar a questão de que em um caso onde um 
automóvel prestador do serviço Uber, atropela uma pessoa, quem deverá responder 
e arcar com as despesas? O motorista? Ou a Empresa Uber? 
Para a quarta e última situação, devemos levantar quais os aspectos da pratica 
do Uber que poderão ser relacionados a responsabilidade social? 
Visando a atividade concorrencial, pode-se dizer que a prática do Uber é 
vantajosa tendo em vista que dissolve o monopólio criado pelos taxistas na exploração 
do serviço de transporte individual, possibilitando assim, o direito de escolha do 
usuário a um serviço de melhor qualidade. 
Entretanto, com a aplicação desses serviços, ocorrem aberturas para várias 
discussões jurisdicionais que necessitam de resolução e posições legais sobre a 
situação problema. Apenas através de um parecer jurídico, pode afirmar, se o Uber é 
legal ou trata-se de serviço clandestino, na falta do parecer, o que se subentende é 
que prevalece o disposto no Art. 170, parágrafo único da Constituição Federal - “É 
assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em 
lei.” 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
Considerando em uma primeira hipótese que o Uber foi inserido nos estados 
brasileiros em 2014 e logo se espalhando nos diversos estados, surge a indagação 
da empresa estar atuando e não possuir nenhuma legislação autorizando seu 
funcionamento, questiona-se então se não seria uma prestação de serviço ilegal já 
3 
que se refere a uma empresa e assim como qualquer empresa, o objetivo é o lucro e 
este lucro não está sendo tributado pelo Estado? 
 De acordo com a Lei 12.587/12, a qual trata sobre mobilidade urbana, pode-se 
perceber que o sistema Uber não está em discordância com o que apresenta a lei, 
como breve explanação temos o art. 3º, §2, inciso II, alínea “b” caracterizando uma 
das modalidades de serviços como individual, além disso o art. 12 da presente lei 
trata: 
"Os serviços de utilidade pública de transporte individual de 
passageiros deverão ser organizados, disciplinados e fiscalizados pelo 
poder público municipal, com base nos requisitos mínimos de 
segurança, de conforto, de higiene, de qualidade dos serviços e de 
fixação prévia dos valores máximos das tarifas a serem cobradas." 
 
 Assim, não se trata de um serviço ilegal no País, todavia, necessita de uma 
regulamentação municipal para que então seja repassado os devidos impostos ao 
Estado. 
A indagação levantada pelos taxistas é que, o aplicativo Uber não se submete 
a nenhuma legislação específica, sem tarifação tributária, e não se sujeitam a 
inúmeras regulamentações e burocratização que os mesmos são obrigados a serem 
submetidos ao cumprimento dos preceitos legais destinados a esta classe 
profissional, gerando assim uma concorrência desleal. 
 
De acordo com o parlamentar Adilson Amadeu: 
 
Essas empresas, que estão usando aplicativos ilegais, estão usando 
carros particulares e tendo a garantia de fazer um serviço como táxi. 
E o táxi é legalizado. O motorista tem alvará, tem Condutaxi. E 
simplesmente essa empresa, que é uma empresa americana, entrou 
na contramão em vários países, e entrou aqui no Brasil da mesma 
maneira.2 
 
 Na opinião do Vereador, existe uma concorrência desleal entre os taxistas e os 
motoristas do aplicativo Uber devido as taxas pagas pelos taxistas, entretanto, apesar 
dos motoristas da Uber não pagarem licença da Prefeitura, eles gastam com IPVA e, 
na compra do veículo, pagam IPI e ICMS, além do IOF para o financiamento, fato esse 
que os taxistas não precisam se preocupar desde a sanção da lei 8.989/95 no qual 
dispõe em seu art. 1º, inciso I: 
 
2 Discurso do Vereador Adilson Amadeu de SP, disponível em http://www.camara.sp.gov.br/blog/audiencia-
publica-discute-aplicativo-de-transporte-na-capital/). Acesso em 17 de dezembro de 2021. 
 
http://www.camara.sp.gov.br/blog/audiencia-publica-discute-aplicativo-de-transporte-na-capital/
http://www.camara.sp.gov.br/blog/audiencia-publica-discute-aplicativo-de-transporte-na-capital/
4 
 
Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI os 
automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados com 
motor de cilindrada não superior a dois mil centímetros cúbicos, de no 
mínimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a 
combustíveis de origem renovável ou sistema reversível de 
combustão, quando adquiridos por: I - motoristas profissionais que 
exerçam, comprovadamente, em veículo de sua propriedade atividade 
de condutor autônomo de passageiros, na condição de titular de 
autorização, permissão ou concessão do Poder Público e que 
destinam o automóvel à utilização na categoria de aluguel (táxi);3 
 
 
 Outro ponto importante para ressaltar é que os taxistas, têm pontos de táxi, 
podem aceitar pagamento em dinheiro e obter clientes por meios além do aplicativo, 
sem mencionar que os motoristas do Uber devemseguir exigências para não serem 
desativados pelo aplicativo como por exemplo buscar usuários com não-usuários 
dentro do veículo ou recusar o embarque de animais de serviço, como cães-guias, em 
viagens. 
Sendo uma prestação de serviços nova no País, o valor recebido pelo aplicativo 
Uber não está sendo repassado aos cofres públicos, o erro é em estar em 
funcionalidade sem possuir a devida regulamentação. Porém, nada impede que seja 
feita esta regulamentação por parte do Poder Público, que seja ao menos tributado 
uma alíquota de ISS (Imposto sobre serviços de qualquer natureza) proporcional, 
levando em consideração os gastos que o motorista já possui, e então possa concorrer 
igualmente com os taxistas. 
Conforme é argumentado por David Telles em seu artigo: 
 
Afinal, a pessoa que pretende ser motorista do Uber, que se encontra 
comprando um sedan de luxo ou outro automóvel (no caso do Uber X) 
para trabalhar, está ou não aumentando a arrecadação dos cofres 
públicos? Sobre o ISS, que incida sobre o serviço, na respectiva 
alíquota, já que existe fato gerador. 4 
 
 
 Dessa forma, fica nítido que todos tendem a ganhar com a nova forma de 
locomoção ofertada pela Uber, aumentando a qualidade dos serviços e a 
competividade no mercado. 
 
 
4 David Telles, disponível em: https://davidtelles.jusbrasil.com.br/artigos/208975628/analise-tributaria-o-que-o-
estado-pode-ganhar-com-o-uber. Acesso em 15 de janeiro de 2002. 
 
https://davidtelles.jusbrasil.com.br/
https://davidtelles.jusbrasil.com.br/artigos/208975628/analise-tributaria-o-que-o-estado-pode-ganhar-com-o-uber
https://davidtelles.jusbrasil.com.br/artigos/208975628/analise-tributaria-o-que-o-estado-pode-ganhar-com-o-uber
5 
Já em uma segunda hipótese, se por um acaso o usuário do serviço e aquele 
que presta o serviço decidam formalizar um contrato, e uma das partes venha a 
descumprir alguma clausula contratual, indaga-se então, se esse contrato poderia ser 
levado para a análise do judiciário? 
 Com a inexistência de norma regulamentadora para a aplicação de serviços 
prestados pelo aplicativo Uber, surgem inúmeras dúvidas em relação ao serviço 
prestado. Entre elas destaca-se a questão da quebra contratual e qual seria a forma 
para resolver tal conflito. 
O código de defesa do consumidor é uma lei rigorosa que trata de princípios 
entre prestadores de serviços e consumidores, está estende-se à todas as relações 
jurídicas que obrigatoriamente caracterizam relação de consumo. 
Para que se configure uma relação de consumo a doutrinadora 
Maria Antonieta Zanardo Donato (1993:70) conceitua como: “a relação que o direito 
do consumidor estabelece entre o consumidor e o fornecedor, conferindo ao primeiro 
um poder e ao segundo um vínculo correspondente, tendo como objeto um produto 
ou serviço”. 
Neste sentido, as disposições previstas no código de defesa do consumidor são 
aplicáveis nas relações entre o consumidor e o prestador dos serviços Uber, mesmo 
que a relação contratual tenha se efetivado de modo virtual. 
O contrato eletrônico [...] não indica um novo tipo de contrato, apenas 
o meio pelo qual é celebrado, então aplicam-se ao comércio eletrônico 
as normas do Código Civil pertinentes aos contratos em geral e a cada 
espécie, bem como os princípios do Código do Consumidor sempre 
que houver relação de consumo (CAVALIERI FILHO, 2008, p. 236). 
Ou seja, as regras do código de defesa do consumidor aplicam-se tanto para 
os contratos firmados ao mundo real (contratos presenciais) quanto para os contratos 
firmados no mundo virtual (contratos não presenciais). 
[...] o contrato celebrado na internet entre o usuário e o proprietário do 
provedor ou do site (seja o provedor de acesso ou site de compras de 
produtos e serviços) configura uma relação de consumo. Portanto, o 
usuário deve ser considerado consumidor e o proprietário do 
provedor/site fornecedor para todos os efeitos, até porque não há 
nenhuma incompatibilidade entre tais figuras e os conceitos trazidos 
pela lei. (Tarcísio Teixeira (2014, p. 205)) 
Quando uma das partes interrompe uma relação contratual, sem ressarcir a 
outra parte ocorre um conflito de interesses envolvendo questões econômicas, 
6 
geralmente uma das partes tem seus interesses feridos, neste caso, surge a 
necessidade de um auxílio para a resolução do conflito. 
O Código de defesa do consumidor prevê formas de resolução de litígios 
quando uma das partes é prejudicada com a quebra contratual, com isto pode-se 
considerar em seu Art. 6º, que: 
Art 6º São direitos básicos do consumidor, e em seu inciso VII - o 
acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e 
técnica aos necessitados. 
 
É imprescindível que a parte responsável responda pelas perdas e danos 
sofridos pela parte adversa, para que isto seja constatado, há a necessidade de uma 
análise imparcial aprofundada. 
Tendo em vista que a relação contratual entre o prestador dos serviços do 
Uber e o consumidor se enquadra na relação de consumo na qual tem os direitos e 
deveres resguardados à luz do código de defesa do consumidor, quando houver 
quebra de contrato entre uma das partes, é razoável que o litígio seja analisado e 
resolvido de forma imparcial pelo poder judiciário, no qual tem como função 
jurisdicional a solução de conflitos. 
Na terceira situação, pode-se levantar a questão de que em um caso onde um 
automóvel prestador do serviço Uber, atropela uma pessoa, quem deverá responder 
e arcar com as despesas? O motorista? Ou a Empresa Uber? 
Para resolução de tal hipótese pode-se impetrar ação civil contra o causador 
do acidente e a Empresa Uber como corresponsável, onde poderá solicitar reparação 
dos danos causados. Sendo eles de Responsabilidade civil, Danos Morais, Danos 
Materiais e Honorários Advocatícios Contratuais, cabendo outras reparações 
conforme o dano causado. 
Para auxiliar na comprovação de tais direitos, trouxemos jurisprudência que 
trata de casos similares: 
 
APELAÇÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE VEÍCULO. 
LESÕES EM PASSAGEIRA. AÇÃO MOVIDA EM FACE DE 
MOTORISTA DE TAXI E DA ASSOCIAÇÃO DO QUAL O MESMO 
FAZ PARTE. Denunciação da Lide à seguradora, realizada pelo 
condutor do veículo, Segundo Réu. Ilegitimidade ativa do Denunciante 
reconhecida em decisão objeto de Agravo Retido que se mantém. Na 
hipótese, o contrato de seguro foi firmado pela Associação, Primeira 
Ré, na qualidade de segurada e proprietária do veículo, sendo certo 
7 
que, de acordo com as condições gerais da apólice, o pagamento ou 
o reembolso dos prejuízos decorrentes dos riscos cobertos e relativos 
ao veículo é garantida ao próprio Segurado, ou seja, à própria 
Associação e não a seus associados. Não obstante a jurisprudência 
admita a legitimidade do terceiro beneficiário para denunciar a lide à 
seguradora, na qualidade de vítima direta do evento danoso, tal 
condição não pode ser estendida ao condutor do veículo que não 
figura na apólice, quer como segurado, quer como beneficiário, para 
garantir a indenização dos danos sofridos por passageiro. A 
responsabilidade dos prestadores de serviço de transporte pelos 
danos sofridos pelos passageiros em decorrência do descumprimento 
da cláusula de incolumidade é contratual e objetiva, do disposto nos 
artigos 734, 735 e 738 do Código Civil e artigo 14 do Código de Defesa 
do Consumidor. A Associação, Primeira Ré, além de fornecedora do 
serviço é proprietária do veículo envolvido no acidente, fato que por si 
só determina a sua responsabilidade solidária no evento. Majoração 
dos danos morais para R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Pensionamento 
devido pelo período de afastamento ao trabalho, ainda que a Autora, 
servidora pública, tenha recebido remuneração no período de 
afastamento, diante da natureza indenizatória de tal verba. Valora ser 
apurado em liquidação de sentença, diante da ausência de 
comprovante de rendimentos nos autos. Sucumbência integral dos 
Réus. Conhecimento dos recursos, negando provimento ao Agravo 
Retido e aos Apelos dos Réus e dando provimento à Apelação da 
Autora. (TJ-RJ-APL: 03998859120098190001 RJ 0399885-
91.2009.8.19.0001, Relator: DES. MARIO ROBERT MANNHEIMER, 
Data de Julgamento: 27/08/2013, DÉCIMA SEXTA CAMARA CIVEL, 
Data de Publicação: 11/11/2013 13:50)5 
Para a quarta e última situação, devemos levantar quais os aspectos da pratica 
do Uber que poderão ser relacionados a responsabilidade social? 
Os motoristas do aplicativo Uber não cobram diretamente por carona, mas 
recebem uma remuneração diretamente da empresa, que observa na formação de 
seus preços a relação de oferta de motoristas conforme a demanda dos usuários e 
baseando-se também na duração e distância da corrida, o que permite uma alocação 
mais inteligente e econômica do transporte urbano, essa alocação inteligente é a base 
de lucros da empresa. 
Os princípios constitucionais da legalidade e da livre empresa (art. 5º, II, e art. 
1ºIV, c/c 170, caput e parágrafo único da Constituição Federal) autorizam o exercício 
de qualquer atividade econômica que não seja proibida por lei. Assim, na ausência de 
regulação das atividades do Uber e dos motoristas parceiros, predomina a liberdade, 
segundo nossa legislação federal. 
 
5 Apelação nº 03998859120098190001 RJ 0399885-91.2009.8.19.0001 - disponível em: 
http://www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaProc.do?numProcesso=2009.001.353690-0 - Acesso em 
15 de janeiro de 2022. 
http://www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaProc.do?numProcesso=2009.001.353690-0
8 
Como já comentado, a proteção do consumidor é direito fundamental 
reconhecido pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXXII. Isso 
faz com que tal garantia tenha aplicabilidade direta e imediata nas relações entre 
particulares, por meio da denominada eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
Também podemos considerar os princípios jurídicos para assegurar a 
responsabilidade na relação entre as partes, Uber x usuário. Bem como o “Pacto Sunt 
Servanda”, vem fundamentar o acordo de vontade entre as partes, conforme Felipe P. 
Braga Neto traz em seu livro, que o Pacto Sunt Servanda: 
 
É o princípio da força obrigatória dos contratos. É o princípio que proclama 
que o contrato faz lei entre as partes, e devem ser cumpridos a qualquer 
custo. O Código Civil francês, surgido num ambiente de positivismo extremo, 
é apontado como o maior representante dessa visão. Há, aliás, um brocardo 
jurídico da época que resume: “Quem diz contratual, diz justo”. Isto é, não se 
admitia que pudesse haver injustiça num contrato que foi “livremente” 
firmado. Havia, portanto, um respeito quase sagrado aos contratos. Havia, no 
passado, uma overdose. De autonomia da vontade. O contrato era sinônimo 
de justiça. Atualmente se percebe que essa liberdade formal gerou mais 
injustiça e mais desigualdade. Lacordaire sintetizou: “Entre o forte e o fraco, 
é a liberdade que escraviza, e a lei que liberta”. 6 
 
Conforme observado acima, o Pacto Sunt Servanda, auxilia as partes para que 
elas possam gozar do direito de liberdade de contratar, e o contrato firmado torna-se 
a lei entre elas, sendo que seu descumprimento acarreta o dever de indenizar por 
parte do inadimplente. 
Pode-se ponderar possíveis benefícios e malefícios da utilização dos serviços 
do Uber pelos consumidores, cada qual com limites e possibilidades distintos. 
Quanto aos malefícios, pode-se citar a dificuldade da responsabilização da 
empresa Uber por eventuais vícios ou até pelo fato do serviço, incluindo aqui 
agressões sofridas pelos passageiros. Não há dúvidas de que o Código de Defesa do 
Consumidor pode ser aplicado em casos de danos gerados aos consumidores, pois 
há, ainda que de forma implícita, um contrato de transporte entre a Uber e seus 
usuários. 
Sob outro aspecto, pode-se argumentar que o Uber incentiva a livre 
concorrência e valoriza a livre iniciativa, valores constitucionalmente tutelados. A partir 
do momento em que o consumidor pode ter à sua disposição uma nova alternativa de 
 
6 Braga Netto, Felipe Peixoto, Manual do Direito do Consumidor. 8. ed. Salvador: Edições Juspodivm, 2013. 
 
9 
serviço de transporte, a tendência é que exerça de forma crescente sua liberdade de 
escolha, gerando assim uma demanda positiva por serviços cada vez mais eficientes 
e satisfatórios que possam fomentar a economia. 
Para reforçar a tese de que a livre concorrência auxiliará no crescimento de 
novas alternativas, traremos aqui uma reportagem do jornal Diário Catarinense sobre 
novos concorrentes do Uber que já estão se inserindo no mercado, e oferecendo 
serviços semelhantes aos usuários. Segue abaixo comparativo dos serviços e preços: 
Yet GO 
Valor: preço base de R$ 3 para partida +R$ 0,15 por minuto + R$ 1,70 por quilômetro rodado 
Viagem da Praça XV até o aeroporto de Florianópolis*: R$ 25,40 
Tarifa dinâmica: não 
Taxa de cancelamento: não 
Remuneração dos motoristas: a Yet GO fica com 25% do valor de cada viagem. 
Frota: automóveis a partir de 2010. 
Número de motoristas na Capital: atuam agora 50 motoristas, mas há 500 inscritos, dos 
quais a empresa pretende aprovar 300. 
Cidades do Estado em que está presente: Florianópolis e Blumenau. 
*Considerando trajeto de 11,5 km percorrido em 19 minutos. 
WillGo** 
Valor: preço base de R$ 4 para partida + R$ 0,32 por minuto + R$ 1,61 por 
quilômetro rodado 
Viagem da Praça XV até o aeroporto de Florianópolis: R$ 28,59 
Tarifa dinâmica: não 
Taxa de cancelamento: não 
Remuneração dos motoristas: o motorista paga uma taxa fixa por mês, como em 
uma assinatura, independentemente de ter trabalhado todos os dias ou não. 
Frota: automóveis a partir do ano 2009. 
Número e motoristas na Capital: meta é ter em torno de 400 inicialmente. 
**Previsão de início de operações em Florianópolis em fevereiro. 
Uber 
Valor: preço base de R$ 2 para partida + R$ 0,20 por minuto + R$ 1,10 por 
quilômetro rodado. 
Viagem da Praça XV até o aeroporto de Florianópolis***: R$ 18,45 
Tarifa dinâmica: sim 
Taxa de cancelamento: R$ 6 
Remuneração dos motoristas: a Uber fica com 25% do total de cada corrida na 
10 
modalidade Uber X, a única disponível em SC. 
Frota: automóveis a partir de 2008 com ar condicionado e quatro portas. 
Número de motoristas na Capital: não informado pela empresa. 
Em quais cidades do Estado está presente: Florianópolis, Joinville, Blumenau e 
Aeroporto de Navegantes.7 
 Conforme informações disponibilizadas pelo Jornal Diário Catarinense, 
confirma-se a crescente concorrência no segmento destes serviços, o que vem a 
exigir dos governantes uma legislação que os regulamente, trazendo assim, mais 
segurança aos usuários e os próprios prestadores dos serviços. 
Em decorrência da livre iniciativa Celso Ribeiro Bastos e Ives Granda Marins 
lecionam que: 
“A livre concorrência é indispensável para o funcionamento do sistema 
capitalista. Ela consiste essencialmente na existência de diversos 
produtores ou prestadores de serviços. É pela livre concorrência que 
se melhoram as condições de competitividade das empresas, 
forçando-as a um constante aprimoramento dos seus métodos 
tecnológicos, dos seus custos, enfim, da procura constante de criação 
de condições mais favoráveis ao consumidor. Traduz-se, portanto, 
numa das vigas mestras do êxito da economia de mercado. O contrário da 
livre concorrência significa o monopólio e o oligopólio, ambas situações 
privilegiadora do produtor, incompatíveis com o regime de livre 
concorrência.” (BASTOS; MARTINS, 1990, p. 25) grifo nosso. 
 
Através das quatro hipóteses demonstradas acima, é importante salientar que 
o sistema Uber necessita de uma regulamentação, até mesmo para garantir maior 
segurança aos usuários. Apesar dissoa chegada do sistema Uber beneficiará a 
população, tanto na geração de mais empregos como ofertando diversas opções de 
escolhas para os clientes, além de pressionar os demais serviços, como os táxis, a 
melhorarem o seu trabalho para que possam continuar no mercado. 
 
 
 
 
 
7 Linder, Larissa, Concorrente da Uber começa a operar em Santa Catarina. Diário Catarinense. Florianópolis, 
21 de jan. 2017. Disponível em: 
< http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2017/01/concorrente-da-uber-comeca-a-operar-
em-santa-catarina-9565290.html> Acesso em: 16 de jun. 2022. 
 
http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2017/01/concorrente-da-uber-comeca-a-operar-em-santa-catarina-9565290.html
http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2017/01/concorrente-da-uber-comeca-a-operar-em-santa-catarina-9565290.html
11 
3 CONCLUSÃO 
 
Mudanças são necessárias para que a sociedade possa evoluir. Com a 
invenção e inovações da tecnologias, do computador por exemplo, que foi uma 
melhoria da máquina de escrever, as empresas que produziam essas máquinas 
precisaram se adaptar ou ficariam no desuso, da mesma forma que se uma operadora 
de celulares não buscar melhorar seus serviços e utilização para se equiparar 
sobrepondo com as demais, ela certamente será deixada de lado pelos usuários. 
 
O mesmo ocorre com o surgimento do sistema Uber, os taxistas estavam 
acomodados com o tipo de serviço que prestam e os que permanecerem nessa 
inépcia, possivelmente serão substituídos. 
Assim, com base nas pesquisas realizadas para confeccionar o presente 
trabalho, podemos concluir que o sistema Uber da mesma forma que toda nova 
tecnologia, necessitará se adaptar as normas do País, como por exemplo, ser 
tributado, realizar o licenciamento especifico para a circulação semelhante ao do taxi, 
mas apesar disso certamente torna-se essencial para a evolução da sociedade, as 
melhores condições da mobilidade urbana, além de aumentar as opções de escolhas 
de deslocamentos da população, afinal é livre a concorrência. 
O novo serviço não privaria clientes de optarem por utilizar o taxi, basta apenas 
estes se adaptarem a nova realidade e aperfeiçoarem os seus trabalhos para que 
possam competir com aqueles que trabalham com o sistema Uber. 
 
 
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TJ-RJ-APL: 03998859120098190001 RJ 0399885-91.2009.8.19.0001, Relator: DES. MARIO 
ROBERT MANNHEIMER, Data de Julgamento: 27/08/2013, DÉCIMA SEXTA CAMARA 
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