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PDF CERS
 
1 
SOBRE ESTE CAPÍTULO 
 
E aí, OABeiro! 
A apostila de hoje do nosso curso de Direito Civil tratou sobre Direito de Sucessões, matéria 
que é extremamente cobrada no Exame de ordem! De acordo com a nossa equipe de 
inteligência, esse assunto esteve presente 12 VEZES nos últimos 3 anos! Não precisamos falar 
que o estudo desse conteúdo é primordial, não é? 
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta 
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei, 
dos enunciados, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha. 
E o mais importante, responda questões! A resolução de questões é a chave para a aprovação! 
Vamos juntos! 
 
 
2 
SUMÁRIO 
DIREITO CIVIL ........................................................................................................................................... 5 
Capítulo 13 ................................................................................................................................................ 5 
21. Direito das Sucessões ...................................................................................................................... 5 
21.1 Conceitos Básicos e Princípios ........................................................................................................................ 5 
21.1.1 Meação X Sucessão ................................................................................................................................. 5 
21.1.2 Modo de Receber a Herança .............................................................................................................. 5 
21.1.3 Modalidades de Herdeiros ................................................................................................................... 6 
21.1.4 Princípio de Saisine e Vedação ao Pacta de Corvina ............................................................... 6 
21.2 Conceito de Direito das Sucessões ............................................................................................................... 6 
21.3 Sucessão em Geral ............................................................................................................................................... 7 
21.3.1 Fonte .............................................................................................................................................................. 7 
21.3.2 Abertura da sucessão ............................................................................................................................. 7 
21.3.3 Herança ......................................................................................................................................................... 8 
21.3.4 Capacidade Sucessória ........................................................................................................................... 9 
21.3.5 Direito de Representação................................................................................................................... 10 
21.3.6 Aceitação ................................................................................................................................................... 10 
21.3.7 Renúncia .................................................................................................................................................... 11 
21.3.8 Cessão......................................................................................................................................................... 12 
21.3.9 Impedidos de herdar/legar (art. 1801, CC)................................................................................. 14 
21.3.10 Excluídos da sucessão (art. 1814, 1961 e 1963, CC) .............................................................. 14 
21.3.11 Herança jacente e Herança vacante .............................................................................................. 17 
21.3.12 Ação de petição de herança ............................................................................................................. 18 
22. Sucessão Legítima .......................................................................................................................... 20 
 
3 
22.1 Descendentes (Filhos, Netos, Bisnetos, etc.) .......................................................................................... 20 
22.2 Ascendentes (Pais, Avós, Bisavós, etc.) ..................................................................................................... 22 
22.3 Cônjuge Sobrevivente (ou Supérstite) ...................................................................................................... 23 
22.4 Sucessão do companheiro ............................................................................................................................. 25 
22.5 Colaterais até 4° Grau ...................................................................................................................................... 26 
22.6 Direito real de habitação ................................................................................................................................ 28 
23. Sucessão Testamentária e Disposições de Última Vontade .................................................. 29 
23.1 Sucessão Testamentária .................................................................................................................................. 29 
23.1.1 Testamento ............................................................................................................................................... 29 
23.1.2 Formas de Testamento........................................................................................................................ 30 
23.1.3 Inexecução do Testamento ............................................................................................................... 32 
23.1.4 Codicilo ...................................................................................................................................................... 32 
23.1.5 Legado ........................................................................................................................................................ 32 
23.1.6 Direito de Acrescer ............................................................................................................................... 33 
23.1.7 Substituição .............................................................................................................................................. 33 
23.2 Disposições testamentárias ............................................................................................................................ 34 
23.2.1 Características .......................................................................................................................................... 34 
23.2.2 Vicissitudes ............................................................................................................................................... 34 
23.3 Inventário ............................................................................................................................................................... 35 
23.3.1 Inventariança ............................................................................................................................................ 35 
23.3.2 Arrolamento ............................................................................................................................................. 35 
23.3.3 Sonegados ................................................................................................................................................ 36 
23.3.4 Colação.......................................................................................................................................................36 
23.3.5 Pagamento de Dívidas ........................................................................................................................ 36 
23.4 Deserdação ........................................................................................................................................................... 37 
 
4 
23.5 Partilha .................................................................................................................................................................... 37 
23.5.1 Formal de Partilha ................................................................................................................................. 38 
23.5.2 Sobrepartilha ........................................................................................................................................... 38 
QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 39 
GABARITO ............................................................................................................................................... 49 
QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 50 
GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 51 
LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 53 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 54 
 
 
 
5 
DIREITO CIVIL 
Capítulo 13 
21. Direito das Sucessões 
 
21.1 Conceitos Básicos e Princípios 
 A sucessão é a transferência total ou parcial de herança, em razão morte de alguém, a 
um ou mais herdeiros. Assim, quando ocorre a morte, não só o patrimônio, mas também os 
direitos e obrigações do falecido se transmite a outrem. 
21.1.1 Meação X Sucessão 
 A meação é a divisão do patrimônio dos bens comuns, que ocorrerá entre 
cônjuges/companheiros em razão da dissolução da sociedade conjugal, a depender do 
regime de bens escolhido. Ao contrário da meação, a sucessão é a transmissão de titularidade 
da parte disponível e da metade da meação do falecido (legítima). Assim, percebe-se que 
onde o cônjuge meia, ele não sucede. 
21.1.2 Modo de Receber a Herança 
 Por cabeça: partes iguais 
 Por estirpe (direito de representação): se houver mais de uma representação para 
um representado, receberão, cada um, metades iguais do que o este receberia. 
Porém, se apenas um for representante, receberá o valor igual ao que o representado 
receberia; 
 Por linhas: ascendência materna ou paterna; 
 
6 
21.1.3 Modalidades de Herdeiros 
 Necessários: são aqueles que tem direito à legítima, ou seja, metade do patrimônio 
do autor da herança. Esse valor é obtido através do montante dos bens existentes 
na abertura da sucessão, abatido das dívidas e despesas com funeral e, esse resultado 
é somado aos valores sujeitos à colação. Assim, são os descendentes, ascendentes, 
cônjuges e companheiros, conforme equiparação sucessória realizada pelo STF por 
meio do Rext 878.694/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j. 31.08.2016; 
 Facultativos: são aqueles diversos dos necessários: colaterais (irmãos, tios, 
sobrinhos, primos); 
 Legítimos: irão dispor da herança de acordo com o que for estabelecido em lei. 
Assim, parentes em linha reta, colaterais até o 4º grau, cônjuge e companheiro 
dispõem de legitimidade para suceder; 
 Testamentários: o falecido/testador deixou a parte disponível do seu patrimônio 
ou uma fração desta; 
21.1.4 Princípio de Saisine e Vedação ao Pacta de Corvina 
 Com primeiro princípio, visa evitar que o patrimônio do de cujus fique sem titular por 
muito tempo, assim, estabelece a imediata transferência ficta de pleno direito dos bens do 
falecido, para seus herdeiros com capacidade sucessória, quando da abertura da sucessão. Nota-
se, portanto, que dispensa qualquer manifestação de vontade acerca da aceitação da herança. 
 Conforme visto anteriormente em capítulo próprio, o Código Civil veda o Pacta de 
Corvina, contrato realizado com objeto herança de pessoa viva. 
21.2 Conceito de Direito das Sucessões 
 É o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém (bens, 
direitos e obrigações), depois de sua morte, em virtude de lei ou testamento. Refere-se apenas 
às pessoas naturais (a extinção da pessoa jurídica não está em seu âmbito). A sucessão é uma 
forma de aquisição da propriedade. 
 
7 
21.3 Sucessão em Geral 
21.3.1 Fonte 
 A lei é a sua única fonte. O testamento pode até indicar o destinatário da sucessão. Mas 
ele não é pleno (há muitas restrições ao direito de testar) e também não é causa geradora de 
novas disposições sucessórias. 
21.3.2 Abertura da sucessão 
É o momento em que ocorre a transferência da titularidade do acervo patrimonial do 
falecido, de forma automática, em razão do Princípio de saisine, abrangendo o domínio e a 
posse da herança. Porém, não existindo herdeiros, não ocorre a abertura da sucessão, assim, 
se transformará em herança jacente (sem dono) e, após determinado período de tempo, 
vacante, momento em que os bens passarão ao domínio do ente público do município onde 
se encontram situados. 
Assim, ocorre com a morte do de cujus (real ou presumida). Os de cujus é a pessoa de 
cuja sucessão se trata. Consiste, portanto, na manifestação de vontade do herdeiro de perceber 
o quinhão que lhe é de direito, podendo ser expressa ou tácita. Não se admite que seja aceita 
a herança por partes, ou seja, ou o herdeiro aceita todo o quinhão que lhe é de direito, ou 
renuncia à herança. 
O lugar da abertura da sucessão será último domicílio do falecido, com base ao que 
estabelece o art. 1.785, CC, assim, o foro competente seguirá as regras de competência do art. 
48 do NCPC. 
A lei material aplicável para regular a sucessão será lei vigente no momento do óbito 
do falecido, e a lei que regula a capacidade sucessória será a lei vigente no momento do 
óbito. 
A administração da herança, por ser considerada como conjunto de bens do de cujus, 
ela forma o espólio, se constitui um ente despersonalizado, havendo, portanto, uma 
 
8 
universalidade de direito. Desse modo, com a morte, deve-se abrir inventário cuja administração 
cabe ao inventariante, porém, até que ele realize seu compromisso, a administração da herança 
caberá ao administrador ad hoc que deverão ser escolhidos, sucessivamente e taxativamente, 
entre: 
 Cônjuge/companheiro, desde que convivam juntos ao tempo da abertura da 
sucessão; 
 Herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, ou então, o mais velho 
destes; 
 Testamenteiro ou pessoa de confiança do juiz, se faltarem ou escusarem ou, ainda, 
quando afastados por motivo grave de conhecimento do magistrado. 
 
Herança negativa – ocorre quando as dívidas deixadas pelo falecido são maiores do que a 
própria herança, assim, não haverá sobras, acarretando a herança negativa, o que não obriga 
o inventário mas, se for feito, será inventário negativo. 
21.3.3 Herança 
 É o patrimônio do de cujus. Trata-se de uma universalidade de direito, não suscetível de 
divisão em partes materiais (indivisível até a partilha) e é equiparada a um bem imóvel, enquanto 
permanecer como tal. Compreende todos os direitos que não se extinguem com a morte. 
Integram a mesma bens móveis e imóveis, direitos, obrigações e ações. Abrange coisas futuras. 
Excluem-se as coisas que se não se desligam da pessoa (direito à personalidade, tutela, curatela, 
obrigações intuitu personae, etc.). 
 
 
 
9 
 
 
 
Sucessão X Herança. Sucessão mortis causa é o modo de transmitir a herança. Herança é o 
conjunto de bens, direitos e obrigaçõesque se transmitem aos herdeiros e legatários. É 
considerada pelo Direito brasileiro (em virtude de ficção legal) como um bem imóvel. 
21.3.4 Capacidade Sucessória 
A capacidade sucessória será analisada com base nas leis vigentes no momento da 
abertura da sucessão, ou seja, no momento da morte, conforme exposto acima. São 
pressupostos para suceder: existência e vocação hereditária. 
Assim, de acordo com o art. 1798 do CC, aquelas pessoas nascidas ou já concebidas, 
desde que assim estejam no momento da abertura da sucessão (delação). No caso de 
nascituro, apesar de a personalidade civil iniciar apenas com o nascimento com vida, a lei 
resguarda dos direitos do nascituro desde a concepção. 
Nesse sentido, ele tem capacidade sucessória, de modo que, quando vier a receber os 
bens, deverá ser nomeado um administrador (curador) de seus bens. Porém, a aquisição está 
relacionada com a ocorrência da condição suspensiva “nascimento com vida”, assim, caso não 
ocorra tal evento, não adquirirá a condição de herdeiro, retornando a herança ao acervo para 
nova divisão. 
A sucessão testamentária decorre da disposição de última vontade (autonomia privada). 
Nesse caso, teremos os herdeiros testamentários, também chamados de herdeiros instituídos, 
 
10 
que são indicados como beneficiários da herança por disposição de última vontade. Não se 
pode confundir herdeiro com legatário. O legatário é o sucessor instituído por testamento 
para receber um determinado bem, certo e individualizado, a título singular. O legatário não é 
herdeiro! 
Assim, a capacidade testamentária (art. 1799, CC) é a apuração se faz ao momento da 
morte do autor da herança, sem retroagir à data em que fora lavrado o testamento. Assim, 
terão capacidade: prole eventual, pessoas jurídicas pré-constituídas ou então, sob forma de 
fundação; 
21.3.5 Direito de Representação 
Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a 
suceder-lhe em todos os direitos, em que ele sucederia se vivo fosse. 
23.3.5.1 Sucessão por estirpe 
Ocorre quando a sucessão se dá por herdeiros que tenham graus diferentes, de modo 
que determinado grupo representa o herdeiro de mesmo grau aos outros herdeiros, porém já 
falecido. Neste caso, os representantes terão direito a uma quota igual a dos outros herdeiros 
e, dessa quota, será feita a partilha aos que representa. A sucessão por estirpe dá-se em linha 
reta descendente, sendo exceção, na linha transversal, quanto aos sobrinhos e tios. 
23.3.5.2 Sucessão por cabeça 
A sucessão por cabeça ocorre quando todos os herdeiros são do mesmo grau. Cada 
herdeiro do mesmo grau corresponde uma quota igual na herança. A herança é dividida entre 
todos os herdeiros aos quais é deferida. 
21.3.6 Aceitação 
A aceitação é o ato do herdeiro mediante o qual confirma a transmissão da herança, 
assim, não é através da aceitação que ocorrerá a transferência dos bens do de cujus, pois isso 
 
11 
ocorre devido ao Princípio de saisine. Quando assim se manifestar, torna-se definitiva a 
transmissão. 
 Assim, trata-se um ato unilateral, indivisível, incondicional, não havendo retratação. 
Pode ser expressa (declaração escrita) ou tácita (herdeiro pratica atos compatíveis com a sua 
condição hereditária). A aceitação apenas consolida a aquisição, retroagindo ao tempo da 
abertura da sucessão. 
São tipos de aceitação: 
 Expressa: declaração escrita por meio de instrumento público ou particular; 
 Tácita: atos próprios da qualidade de herdeiro; 
 Presumida: o interessado pode declarar se aceita ou não aceita e, em 20 dias após 
a abertura da sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não superior a este, para se 
pronunciar. Caso não se pronuncie, presume-se aceita. 
Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os 
meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. Não importa 
igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais coerdeiros. 
21.3.7 Renúncia 
 Renúncia da herança é o ato de transferência realizada por um herdeiro a todos os 
demais, sendo ele excluído da sucessão, acarretando retorno dos bens ao acervo hereditário 
(efeito ex tunc). A capacidade para renunciar é do agente capaz, não podendo ocorrer por 
representante legal do herdeiro. 
Assim, trata-se de um atounilateral, indivisível e solene (não se presume; é expresso: 
por escritura pública ou por termo nos autos) pelo qual o herdeiro declara não aceitar a 
herança. Deve respeitar eventuais direitos de credores. É irretratável, em regra, mas se admite 
a retração em casos de violência, erro ou dolo. Só pode ocorrer após a abertura da sucessão. 
 
12 
Tem efeito retroativo, pois é como se o renunciante jamais fosse chamado à sucessão. A 
renúncia válida é a abdicativa: cessão pura, simples e gratuita.1 
Deve ser pura e simples, não podendo comportar termo ou condições. Uma vez 
formalizada retroage à abertura da sucessão e o herdeiro é tratado como se nunca tivesse 
existido. 
Assim: 
 Características: negócio unilateral abdicativa, não está sujeita ao pagamento de 
tributos, não é condicionada à concordância dos demais, não pode ser sujeita à 
condição/termo, deve ser sempre expressa em instrumento público ou termo judicial, 
atinge direito de representação de seus herdeiros, exceto se ele for o único herdeiro; 
 Espécies abdicativa e translativa, pela qual o herdeiro cede seus direitos em favor de 
determinada pessoa, incidindo, nesse caso, importo de transmissão inter vivos; 
Realizada a renúncia, a parte do renunciante passa aos outros herdeiros. Se o renunciante 
falecer, seus sucessores nada recebem, a não ser que ele seja o único de sua classe, sucedendo, 
neste ato, por direito próprio. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. 
21.3.8 Cessão 
 Trata-se de uma transferência de parte ideal da herança a outrem (e não de um bem 
determinado). Assim, a cessão pode ser feita por escritura pública. De acordo com o §2º do art. 
1.793, há opção do legislador pela ineficácia da disposição do coerdeiro de bem da herança 
considerado singularmente. 2 
O herdeiro, desta forma, não pode dispor do seu quinhão, de um bem da sucessão, sem 
a autorização do juiz da sucessão (alvará) e a anuência dos demais herdeiros. 
Assim, de acordo com o art. 1.793, o direito à sucessão aberta, bem como o quinhão 
de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. Os direitos, 
 
1 Vide questão 01 
2 Questão 09 
 
13 
conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de acrescer, 
presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. 
É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da 
herança considerado singularmente, ainda será ineficaz é a disposição, sem prévia 
autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo 
hereditário, pendente a indivisibilidade. 
O coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, 
se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento 
da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer 
até cento e oitenta dias após a transmissão. 
O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, 
porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos 
bens herdados. 
Como os herdeiros respondem dentro das forças da herança, eventual penhora de bens 
não pode recair sobre a meação dos cônjuges dos herdeiros casados pela comunhão parcial de 
bens, eis que excluídos da comunhão os bens recebidos por herança3 
A condição de fiador do de cujus não se transmite aos seus herdeiros. Porém, são 
transmitidas aos herdeiros as obrigações vencidas enquanto era vivoo fiador, até os limites da 
herança. 
No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do 
patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação 
e, quando for o caso, de partilha da herança. 
De acordo com o art. 1.797, até o compromisso do inventariante, a administração da 
herança caberá, sucessivamente: (trata-se de rol exemplificativo) 
 
3 TJSP, Agravo de Instrumento 804.500.5/2, Acórdão 2.236.489, Itapeva, 8.ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Carvalho Viana, 
j. 03.09.2008, DJESP 15.10.2008 
 
14 
 Ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da 
sucessão; 
 Ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de 
um nessas condições, ao mais velho; 
 Ao testamenteiro; 
 A pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos 
antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao 
conhecimento do juiz. 
21.3.9 Impedidos de herdar/legar (art. 1801, CC) 
É aquele que escreveu o testamento, a mando do testador, abarcando, também, o 
cônjuge/companheiro, ascendentes e irmãos daquele; testemunhas do testamento, em razão 
da necessidade de sua imparcialidade; o concubino do testador casado, exceto se estiver 
separado de fato por 5 anos, não se estendendo à união estável (Enunciado n. 269 CJF/STJ) e 
nem ao filho decorrente desse relacionamento, e o aquele que realizar o testamento (tabelião 
civil ou militar, comandante ou o escrivão). Assim, em qualquer dos casos, serão nulas as 
disposições testamentárias. 
21.3.10 Excluídos da sucessão (art. 1814, 1961 e 1963, CC) 
 Pode ser por meio da vontade do falecido ou então por imposição judicial, podendo 
atingir tanto os herdeiros quanto os legatários, constituindo-se como normas de natureza 
punitiva. 
21.3.10.1 Indignidade (art. 1814, CC) 
É a incapacidade sucessória que priva alguém de receber a herança (arts. 1.814 a 1.818, 
CC). Herdeiro que comete atos ofensivos à pessoa ou à honra do de cujus ou de seus 
familiares, ou, ainda, atentou contra sua liberdade de testar, reconhecida em sentença judicial. 
 
15 
Encontra fundamento na presumida vontade do de cujus que excluiria o herdeiro se houvesse 
feito declaração de última vontade.4 
Desta forma, tem caráter punitivo individual, que pode atingir todas as classes de 
herdeiros, sem excluir os descendentes do indigno (direito de representação) os quais não 
poderão transmiti-lo os bens recebidos por herança. 
Está condicionada à iniciativa de qualquer dos herdeiros (direito potestativo) ou pelo 
Ministério Público, devendo ocorrer dentro do prazo decadencial de 4 anos a partir da 
abertura da sucessão, por ação judicial própria. 
Assim, só perderá sua condição de herdeiro após o trânsito e julgado da sentença, que 
possui efeitos ex tunc, como se a transmissão nunca tivesse ocorrido. 
O rol previsto no artigo respectivo é taxativo e que servem, também, em caso de 
deserdação. Ademais, pode haver a reabilitação do indigno, por meio do perdão 
(personalíssimo e irretratável) mediante testamento ou ato autêntico subscrito por duas 
testemunhas. 
21.3.10.2 Deserdação (art. 1961 e 1963, CC) 
São atos de indignidade e ingratidão, ocorrendo, unicamente, na sucessão 
testamentária. Assim, é o afastamento do direito sucessório, restrita aos herdeiros 
necessários, de forma motivada, apenas podendo ocorrer se tais atos tiverem ocorrido antes 
de sua morte, estando sujeita à análise pelo juiz no processo de inventário. 
 
 
 
A indignidade pode ser em relação a qualquer sucessor, herdeiro ou legatário. Já a 
deserdação só pode ser de herdeiros necessários. O reconhecimento da indignidade se dá 
 
4 Vide questão 2 
 
16 
através de uma ação ordinário de indignidade, já a deserdação, por testamento homologado 
pelo juiz. Na deserdação, sobre o autor da herança é o ofendido e não há prazo. A ação de 
indignidade pode ser promovida por qualquer interessado, no prazo decadencial de 4 anos. 
Atenção para a Lei 13.532/2017, que modificou o art. 1815, do CC. 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa 
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente 
ou descendente; 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem 
em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança 
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, 
será declarada por sentença. 
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se 
em quatro anos, contados da abertura da sucessão. 
§ 1o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro 
anos, contados da abertura da sucessão; 
§ 2o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para 
demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. 
 
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído 
sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração 
dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses 
bens. 
Assim, a Lei nº 13.532/2017 passou a conferir legitimidade ao Ministério Público para 
promover ação visando a declaração de indignidade de herdeiro ou legatário, incluindo o §2º 
 
17 
no artigo 1.815: §2o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade 
para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. 
 
 
 
INDIGNIDADE SUCESSÓRIA DESERDAÇÃO 
Matéria de sucessão legítima e 
testamentária. 
Matéria de sucessão testamentária. 
Alcança qualquer classe de herdeiro. 
Somente atinge os herdeiros necessários 
(ascendentes, descendentes e cônjuge). 
As hipóteses de indignidade servem para a 
deserdação. 
Existem hipóteses de deserdação que não 
alcançam a indignidade (arts. 1.962 e 
1.963). 
Há pedido de terceiros interessados ou do 
MP, com confirmação em sentença 
transitada em julgado. 
Realizada por testamento, com declaração 
de causa e posterior confirmação por 
sentença. 
 
21.3.11 Herança jacente e Herança vacante 
A transferência da titularidade do acervo patrimonial do falecido é realizada de forma 
automática, em razão do Princípio de saisine, contudo, não existindo herdeiros, não ocorre a 
abertura da sucessão, a herança se transformará em jacente (sem dono) e, após determinado 
período de tempo, vacante, momento em que os bens passarão ao domínio do ente público 
do município onde se encontram situados. 
Desta forma, de acordo com o art. 1.819, falecendo alguém sem deixar testamento nem 
herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão 
sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente 
habilitado ou à declaração de sua vacância. (herança jacente) 
 
18 
Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais 
na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja 
herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante. 
É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos 
limites das forças da herança. 
A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se 
habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarãoao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, 
incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal. Contudo, não se 
habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão. 
Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo 
declarada vacante. 
Frise-se que, ao final do processo, o Estado não é herdeiro5, mas um sucessor irregular, 
não estando sujeito ao direito de saisine. Com a declaração da vacância o Estado tem apenas a 
propriedade resolúvel dos bens. A propriedade passa a ser definitiva apenas cinco anos após a 
abertura da sucessão. 
21.3.12 Ação de petição de herança 
A Ação de petição de herança é aquela proposta por alguém que quer ser reconhecido 
como herdeiro do falecido e, como via de consequência, ter direito à herança (no todo ou em 
parte), logo a petição de herança significa pedir a herança. 
De acordo com o art. 1.824, o herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar 
o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte 
dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. 
 
5 STJ, AgRg no Ag 851 .228/Ri, Rei. Mm. Sidnei Beneti, 3. Turma, j. 23.09.2008, DJe 13.10.2008 
 
19 
Assim, conforme com a súmula 149 STF, o prazo prescricional para o ingresso desta ação 
é de 10 anos. Ainda, a ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, 
poderá compreender todos os bens hereditários. 
O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, sendo lhe fixado 
a responsabilidade segundo a sua posse. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor 
se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora. 
O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem 
prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados. Caráter real 
da ação de petição. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparentem 
a terceiro de boa-fé. 
Nota-se, assim, que a boa-fé do terceiro e a teoria da aparência têm a força de vencer 
a ação de petição de herança. Desse modo, só resta ao herdeiro reconhecido posteriormente 
pleitear perdas e danos do suposto herdeiro aparente, que realizou a alienação6. 
De acordo com o art. 1.828, o herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, 
não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito 
de proceder contra quem o recebeu. 
 
 
 
A viúva meeira que não ostente a condição de herdeira é parte ilegítima para figurar no 
polo passivo de ação de petição de herança na qual não tenha sido questionada a meação, 
ainda que os bens integrantes de sua fração se encontrem em condomínio "pro indiviso" com 
os bens pertencentes ao quinhão hereditário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.500.756-GO, Rel. Min. 
Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/2/2016 (Info 578). 
 
6 TJSC, Agravo de Instrumento 2004.028002-6, São João Batista, 4ª Câmara de Direito Civil, Rei. Des. José Trindade dos Santos, 
DJSC 28.01.2008, p. 191 
 
20 
 
22. Sucessão Legítima 
 Ocorre quando alguém morre sem deixar testamento (ab intestato). A divisão dos bens 
acontece de acordo com a determinação legal. A ordem de vocação hereditária é a seguinte: 
22.1 Descendentes (Filhos, Netos, Bisnetos, etc.) 
 Os descendentes herdarão em concorrência com o cônjuge (ou companheiro) 
sobrevivente, salvo se este for casado com o falecido no regime da comunhão universal, ou 
no da separação obrigatória de bens; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da 
herança não houver deixado bens particulares. 
Para facilitar, vejamos a seguinte tabela: 
 
 
 
REGIMES EM QUE O CÔNJUGE HERDA EM 
CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA 
REGIME EM QUE O CÔNJUGE NÃO HERDA 
EM CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA 
Comunhão parcial de bens, havendo bens 
particulares. 
Comunhão parcial de bens, não havendo 
bens particulares. 
Participação final nos aquestos Comunhão universal de bens 
Separação convencional de bens (pacto 
antenupcial) 
Separação obrigatória de bens (art. 1.641, 
CC) 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
Não confundir meação da herança. Meação é instituto de Direito de Família, que depende 
do regime de bens adotado. Herança é instituto de Direito das Sucessões, que decorre da 
morte do falecido. A herança pode distribuir-se por cabeça ou por estirpe. 
 
Regra geral: os filhos sucedem por direito próprio e por cabeça. O grau mais próximo exclui o 
mais remoto. 
Vejamos as regras da sucessão dos descendentes: 
 Proximidade entre os graus: o mais próximo exclui os mais remotos. Ex.: os filhos 
excluem os netos na sucessão; 
 Divisão por cabeça: todos que se encontram no mesmo grau de parentesco recebe 
por partes iguais. Ex.: o falecido deixou dois filhos, ambos recebem o mesmo valor; 
 Exceção: caso o descendente for pré-morto, cabe direito de representação, 
assim, a divisão será por estirpe; 
 Cabe direito de representação: é uma exceção à regra da proximidade dos graus, 
que só ocorre na linha de parentesco descendente ou então na relação de 
colateralidade até o 3º grau (sobrinhos). 
Assim, ocorre quando são convocados herdeiros de graus diferentes, uns herdando por 
cabeça, e outros, por estirpe, nos casos de pré-morto ou excluído da sucessão. Ex.: João falece 
deixando 2 filhos, um deles, Pedro, é pré-morto e deixou 2 filhos, Artur e Bruno (netos de João), 
assim, incidirá o direito de representação, pelo qual o valor que Pedro receberia por cabeça será 
 
22 
novamente divido igualmente entre Artur e Bruno, e a outra metade que sobrou, será do outro 
filho de João. 
 Concorrência com o cônjuge sobrevivente: apenas ocorrerá a concorrência se o 
sobrevivente tiver casado com o falecido sob o regime da comunhão parcial de 
bens, se existir bens particulares, participação final nos aquestos e separação 
convencional de bens. 
 A respeito do montante a que tem direito o cônjuge ou companheiro quando concorre 
com os descendentes, o art. 1.832 do CC estabelece: “Art. 1.832. Em concorrência com os 
descendentes caberá ao cônjuge (ou companheiro) quinhão igual ao dos que sucederem por 
cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente 
dos herdeiros com que concorrer”. 
22.2 Ascendentes (Pais, Avós, Bisavós, etc.) 
 Não havendo ninguém na classe dos descendentes, herdam os ascendentes, em 
concorrência com o cônjuge (companheiro) sobrevivente, independente do regime de bem 
atribuído ao casamento. Assim como os descendentes, o grau mais próximo exclui o mais 
remoto. 
Vejamos características dessa forma de sucessão: 
 Proximidade entre os graus; 
 Divisão por linhas: os pais herdam em partes iguais, excluindo todos os demais em 
graus superiores porventura existentes, ou seja, linha paterna herda a metade, 
cabendo à outra a linha materna. 
Ademais, havendo igualdade de graus e diversidade de linha (materna ou paterna), cada 
linha receberá metade do valor total. Contudo, sobrevivendo apenas um ascendente (pai, por 
exemplo), este receberá por inteiro. Ex.: se deixou pai e mãe, não havendo descendente, 
receberão na mesma proporção em razão da linha de ascendência; não deixou pais, mas deixou 
avós paternos e maternos, assim, a herança será dividida inicialmente em duas partes, uma para 
cada linha e, posteriormente, será dividida entre os avós de cada grupo em quotas iguais. 
 
23 
 Não cabe direito de representação; 
 Multiparentalidade: nesse caso, a divisão da herança será proporcional ao número 
de linhas ascendentes existentes. Ex.: dois pais e uma mãe, a linha paterna receberá 
metade do valor, na mesma proporção da linha materna, porém, dentro da linha, um 
pai receberá metadedo que fora recebido por linha e outro pai, a outra metade; 
 Concorrência com o cônjuge sobrevivente: não há qualquer interferência o regime 
de bens adotado, conforme Enunciado n. 609 da VII Jornada de Direito Civil de 105, 
havendo concorrência sempre que existir cônjuge sobrevivente. 
 São duas as regras que estabelecem a quota em que o cônjuge ou companheiro 
herdarão em concorrência com os ascendentes (art. 1.837 do CC), vejamos: 
 Concorrendo o cônjuge ou companheiro com dois ascendentes de primeiro 
grau (pai ou mãe), terá direito a um terço da herança. 
 Concorrendo o cônjuge ou companheiro somente com um ascendente de 
primeiro grau ou com outros ascendentes de graus diversos, terá direito a 
metade da herança. 
22.3 Cônjuge Sobrevivente (ou Supérstite) 
 O cônjuge é o terceiro na ordem de sucessão e poderá suceder de forma concorrente 
com os descendentes e ascendentes ou, então, isoladamente e, nesse último caso, esse direito 
é reconhecido independentemente do regime de bens adotado no casamento com o de cujus. 
22.3.1.1 Sucessão Exclusiva 
 Ocorrerá quando não houver descendentes ou ascendentes e independe da existência 
de colaterais. Ademais, será necessário que a sociedade conjugal tenha persistido até o 
falecimento do de cujus, ou seja, isso significa dizer que a separação de fato subtrai, ao viúvo, 
a condição de herdeiro. 
Assim, herdará isoladamente e por inteiro o cônjuge ou companheiro na falta de 
descendentes e ascendentes. Assim como quando herda em conjunto com os ascendentes, o 
cônjuge herdará não importando o regime de bens adotado no casamento. 
 
24 
 Não se aplica se estiver separado judicialmente ou de fato há mais de dois anos. Além 
disso, possui direito real de habitação, desde que se trate do único bem daquela natureza a 
inventariar. 
22.3.1.2 Sucessão Concorrente 
 A sucessão concorrente vai ocorrer juntamente com a sucessão dos descendentes ou 
dos ascendentes. Nesses casos, o cônjuge terá direito de concorrência com os demais herdeiros 
no valor da herança em razão do montante dos bens particulares do falecido, pois, conforme já 
explicado anteriormente, se houver bens comuns, ele será meeiro e onde há meação, não há 
sucessão. 
 Vejamos as regras de acordo com cada regime de bens e concorrência: 
 Com os descendentes: onde há meação, não há sucessão 
 Comunhão universal: inexiste direito de concorrência, de modo que o cônjuge 
sobrevivente terá direito à meação de todo o acervo patrimonial, pois só há bens 
comuns. Assim, a meação ora pertencente ao de cujus será dividia entre seus 
descendentes, não havendo sucessão do sobrevivente sob esses valores. 
Contudo, cabível cláusula de incomunicabilidade dos vens, caso em que sequer 
meação ocorrerá; 
 Comunhão parcial: haverá direito de concorrência apenas se existirem bens 
comuns, pois, nesse caso, o cônjuge sobrevivente será meeiro dos bens 
adquiridos na constância do casamento e a outra metade será dividida 
igualmente entre os descendentes. Ademais, havendo bens particulares, estes 
serão divididos por cabeça entre o cônjuge e descendente. Assim, há meação 
quanto aos bens comuns e sucessão quanto aos bens particulares. Ex.: Jorge e 
Carla casaram pelo regime legal possuem dois filhos, Ana e Paulo, e Jorge, com 
sua morte, deixou R$ 1.800.000,00 de bens comuns e R$ 600.000,00 de bens 
particulares. Nesse caso, Carla terá direito a R$ 900.000,00 à título de meação e 
R$ 200.000,00 a título de sucessão, pois os 600 mil foram divididos igualmente 
entre ela, Ana e Paulo, totalizando R$ 900.000,00. Assim, Ana e Paulo receberão, 
 
25 
cada um, R$ 450.000,00 da meação que Jorge teria direito e R$ 200.000,00 a 
título de sucessão, totalizando R$ 650.000,00. 
o Concorrência com filho apenas do falecido: nesse caso, o cônjuge terá 
direito à metade do total do valor recebido à título de sucessão pelos 
descendentes. Ex.: Jorge e Carla casaram pelo regime legal possuem dois 
filhos, Ana e Paulo, e Jorge, com sua morte, deixou R$ 1.800.000,00 de bens 
comuns e R$ 500.000,00 de bens particulares. Nesse caso, Carla terá direito 
a R$ 900.000,00 à título de meação e Ana e Paulo receberão, cada um, R$ 
450.000,00. Assim, quanto aos bens particulares, Ana e Paulo receberão, 
cada um, R$ 200.000,00, enquanto que Carla, R$ 100.000,00 (metade), 
totalizando R$ 1.000.000,00 para Carla e R$ 650.000,00 para cada filho. 
o Concorrência com vários filhos que sejam comuns: haverá uma quota 
mínima para divisão, que será de ¼ do valor da herança, enquanto que 
os descendentes, receberão o restante, valor este a ser divido entre eles 
por cabeça. 
 Separação de bens: nesse caso, não existe meação, uma vez que só há bens 
particulares, assim divide-se por cabeça todo o patrimônio do de cujus. 
o Separação Obrigatória de bens: atenção à Súmula 377 do STF que no 
regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na 
constância do casamento. Assim, produz efeito da sucessão com base no 
regime de comunhão parcial de bens. 
 Participação final dos aquestos: se assemelha à comunhão parcial, de modo 
que haverá a meação dos bens comuns e sucessão dos bens particulares. 
 Com os ascendentes: se for de 1º grau (pai ou mãe), o cônjuge terá direito a 1/3, 
porém, se for apenas um ascendente ou de maior grau (ex.: bisavô), terá direito à 
metade da herança; 
22.4 Sucessão do companheiro 
A união estável é reconhecida como entidade familiar desde a promulgação da 
Constituição de 1988 (artigo 227, §3º), mas, mesmo com amparo constitucional, quando da 
 
26 
elaboração do Código Civil de 2002, não houve a observância dos princípios da igualdade e da 
não discriminação. 
 Isto porque a sucessão do companheiro foi disposta no artigo 1790, do Código Civil, 
em sessão distinta da sucessão do cônjuge, sendo tratada de maneira diferente e prejudicial, já 
que, mesmo sendo considerado herdeiros necessários, nos termos do artigo 1845, do Código 
Civil, eram conferidos quinhões menores aos companheiros se comparados com os dos 
cônjuges. 
Buscando sanar tais inconstitucionalidades, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento 
de Ação Direta de Inconstitucionalidade, reconheceu pela inconstitucionalidade do artigo 
1790, do Código Civil, determinando que a sucessão dos companheiros deva seguir as mesmas 
regras aplicadas às sucessões dos cônjuges. 
 
 
 
Companheiro sobrevivente: a esse aplicam-se as mesmas regras aplicáveis ao cônjuge 
sobrevivente (segundo entendimento do STF e do STJ, é inconstitucional a diferenciação de 
regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os 
casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC – STF RE 646721/RS, Info 864; STJ REsp 
1.332.773-MS, Info 609). 
22.5 Colaterais até 4° Grau 
Estão na última classe na ordem de vocação hereditária, apenas tendo direito quando 
não possuir os demais herdeiros e nem cônjuge sobrevivente, pois não há concorrência entre 
cônjuge e colateral. Assim, serão herdeiros os irmãos, tios, sobrinhos, primos, tios-avós e 
sobrinhos-netos (4º grau). 
 Vejamos características: 
 
27 
 Proximidade entre os graus, ressalvado o direito de representação; 
 Sucessão entre irmãos (art. 1841, CC): se forem irmãos bilaterais, receberão 
igualmente, porém, há um tratamento desigual quando se tratar de irmão bilateral e 
unilateral, de modo que o primeiro receberá o dobro que caberá ao segundo. Ex.: 
Ana, Luiz, Hugo e José são irmãos, sendo que Luiz é fruto de outro relacionamento, 
enquanto que Ana, Hugo e José são frutos do casamento de sua mãe com Jorge. 
Assim, Ana falece e deixa R$ 500.00,00 à título de herança, que será dividida da 
seguinte forma: Luiz, por ser irmão bilateral, receberá R$ 100.000,00 e os demais, R$ 
200.000,00 cada.7 
Assim, os irmãos unilaterais (só por parte de mãe ou de pai), concorrendo com bilaterais 
(irmãos por parte de pai e de mãe) herdam a metade do que couber a estes. 
 Sucessãoentre colaterais em terceiro grau (art. 1843, CC): na falta de irmãos, 
herdará os sobrinhos (filhos deles) e, na falta destes, os tios. Os sobrinhos têm 
preferência sobre os tios, apesar de serem do mesmo grau de parentesco. Nesse caso, 
se aplica a regra anterior da bilateralidade de parentesco. 8 
 Sucessão entre colaterais em quarto grau: entre eles não existe ordem de 
preferência, recebendo todos em igual valor por cabeça, sempre em direito próprio. 
Assim, se o morto deixou um primo, um tio-avô e um sobrinho-neto, apenas, todos 
receberão herança por cabeça. 
Assim, há ordem preferencial: irmão (2º grau); sobrinho (3º grau); tio (3º grau); sobrinho-
neto (4º grau); tio-avô (4º grau) e primo (4º grau). O grau mais próximo exclui o mais remoto, 
salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos (sobrinhos). Nesse caso, se o 
falecido deixou um irmão e um sobrinho, filho de outro irmão premorto, o último terá direito 
sucessório junto ao irmão do falecido vivo, por força do direito de representação. 
 Caso especial: existência de um tio e de um sobrinho. Neste caso, todos dois são parentes 
de 3º grau, mas apenas o sobrinho herdará. Os sobrinhos têm prioridade sobre os tios, por 
opção legislativa, apesar de serem parentes de mesmo grau (3º grau). 
 
7 Questão 8 
8 Questão 5 
 
 
28 
Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula 
de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.9 
 
 
 
Direito de Representação (ou estirpe): A lei chama certos parentes do falecido a suceder em 
todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse (art. 1.851, CC). Ocorre apenas na sucessão 
legítima. Ocorre na linha reta descendente, excepcionalmente na transversal ou colateral, mas 
nunca na ascendente. 
22.6 Direito real de habitação 
Ao cônjuge e ao companheiro sobrevivente é garantido o direito real de habitação 
relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela 
natureza a inventariar. 
O artigo 1831 do Código Civil apenas mencionou o cônjuge como detentor do direito real de 
habitação no texto legal, mas tanto a doutrina quanto a jurisprudência estendem os efeitos ao 
companheiro. Porém, em algumas provas já cobraram a literalidade do artigo, não englobando 
o companheiro, devendo o candidato ter atenção ao texto da questão para respondê-la. 
 
 
9 Questão 07 
 
29 
23. Sucessão Testamentária e Disposições de Última 
Vontade 
23.1 Sucessão Testamentária 
 A sucessão testamentária visa preservar o patrimônio de uma pessoa aos seus familiares 
e por isso é fundada na autonomia da vontade, através de um ato unilateral realizado em vida 
(ato de última vontade). 
Desta forma, a transmissão hereditária se opera por ato de última vontade, revestido 
da solenidade requerida por lei. O testamento é o instrumento da vontade, destinado a produzir 
as consequências jurídicas com a morte de testador. 
 Essa sucessão é limitada, pois deve-se respeitar a legítima dos herdeiros necessários, ou 
seja, 50% do património do de cujus. 
23.1.1 Testamento 
 De acordo com Maria Helena Diniz, trata-se de ato personalíssimo e revogável pelo qual 
alguém, em conformidade com a lei, não só dispõe, para depois de sua morte, no todo ou em 
parte, do seu patrimônio, mas também faz outras estipulações”. Assim, poderá ter disposições 
patrimoniais ou extrapatrimonais. 
Assim, é o negócio jurídico personalíssimo, unilateral, solene e revogável pelo qual 
alguém dispõe no todo ou em parte de seu patrimônio para depois de sua morte. Permite a 
instituição de herdeiro (sucessor a título universal) ou legatário (sucessor a título singular). 
Nesse sentido, o testamento possui alguns requisitos: 
 Pessoa capaz de dispor de seus bens para depois da morte: o maior de 16 anos 
possui capacidade para testar e a superveniência da capacidade não torna o 
testamento válido. 
 
30 
Assim, a capacidade para testar só é possível para os maiores de 16 anos. Não podem 
testar os incapazes e os que não tiverem o pleno discernimento. A capacidade é avaliada no 
momento em que o testamento é elaborado (se o testador ficar incapaz posteriormente, não 
se invalida o testamento). Exceções: filhos ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo 
testador, desde que vivas estas ao abrir a sucessão; fundações cuja criação foi determinada 
pelo de cujus em testamento. 
 Pessoa capaz de receber os bens testados; 
 Declaração de vontade na forma exigida em lei; 
 Observância dos limites ao poder de testar: havendo herdeiros necessários, o 
testador só poderá testar sobre a parte disponível (metade dos seus bens), 
podendo determinar de forma individualizada o valor dos quinhões; 
23.1.2 Formas de Testamento 
A lei determina formas possíveis para testar, admitindo formas ordinárias e especiais, de 
modo que, entre eles, não existe qualquer hierarquia, possuindo, portanto, igual valor, porém, 
havendo sua coexistência, são revogáveis entre si. Sobre essas espécies, é imprescindível a leitura 
da legislação, vejamos: 
 Ordinários (art. 1862, CC): é de livre escolha do testador, devendo ser observadas 
as solenidades para tanto: 
 Público (art. 1864 a 1867, CC): é sigiloso, pois somente é aberto com o 
falecimento do testador, possui fé-pública e só pode ser revogado por outro 
testamento. Ainda, com o falecimento do testador, o juiz notificará todos os 
cartórios da circunscrição para se manifestarem acerca da existência ou não do 
instrumento. Assim, é solene, devendo preencher os seguintes requisitos: 
o Escrito por tabelião ou seu substituto legal no livro de notas; 
o Lavado instrumento, que deve ser lido em voz alta pelo tabelião ao 
testador e duas testemunhas, de uma só vez, ou então pelo testador, se o 
quiser, na presença das testemunhas e do oficial do tabelionato; 
o Assinatura do instrumento por todos os envolvidos na lavratura do 
testamento; 
 
31 
 Cerrado (místico) (art. 1868 a 1875, CC): é secreto, pois não se sabe qual o 
seu conteúdo, que permanece em segredo até a morte do testador. Ele 
permanece na posse deste, cabendo ao tabelião, unicamente, declarar sua 
autenticidade. Pode ser escrito ou à rogo, desde que assinado, possuindo, 
inclusive, forma híbrida. É aberto perante o juiz que irá verificar as cláusulas e 
divisão de bens; 
 Particular (hológrafo/ológrafo) (art. 1876 a 1888, CC): trata-se da forma mais 
simples e acessível para testar, sendo realizado pelo próprio testador de 
manifestação de próprio punho ou mediante processo mecânico. Quando do 
seu falecimento, deve-se publicar em juízo com a citação dos herdeiros legítimos; 
 Especiais (art. 1886, CC): são casos especificados em lei que dizem respeito a 
acontecimentos emergenciais, que sujeitam pessoas a situações de perigo. Trata-se 
de rol taxativo, conforme preceitua o art. 1887 do CC e estão sujeitos aos prazos de 
caducidade, findo os quais perderão sua eficácia. 
 Marítimo (art. 1888 a 1892, CC): qualquer pessoa (tripulante, passageiro e 
comandante) poderá testar desde que se encontrem em navio nacional, de 
guerra ou mercante, podendo ser realizado tanto nos moldes do testamento 
cerrado quanto do público e, em ambos os casos, será realizado pelo 
comandante no próprio diário de bordo. Independentemente de o testador 
falecer ou não durante a viagem, o comandante deve entregar o documento no 
primeiro porto nacional que atracar. Possui validade de 90 dias; 
 Aeronáutico (art. 1888 a 1892, CC): se submete às mesmas regras do 
testamento marítimo; 
 Militar (art. 1893 a 1896, CC): é uma faculdade concedida não só aos militares, 
mas também a todas as pessoas que estejam à serviço das Forças Armadas. 
Pode ser levado nos moldes do testamento público, cerrado ou nuncupativo,desde que não beneficie aquele que realiza o testamento (superior direto). 
Possui validade de 90 dias, deve ser realizado em caso de guerra, interrompidas 
as comunicações e se não houver tabelião ou afim. 
 
 
32 
23.1.3 Inexecução do Testamento 
 Revogação: é o ato pelo qual o testador manifesta sua vontade de modificar total ou 
parcialmente o testamento anterior. 
 Rompimento: quando sobrevêm descendentes ao testador que não os tinha ou não 
os conhecia; quando o testador descobre a existência de herdeiros necessários até 
então ignorados; no caso de reconhecimento de filho (voluntária ou judicialmente). 
 Caducidade. 
 Nulidade e anulabilidade. 
23.1.4 Codicilo 
 Ato de última vontade, com menos solenidades (basta ser escrito e assinado) pelo qual 
o disponente traça diretrizes sobre assuntos de pequeno valor (pequenas doações, roupas, 
forma de enterro, etc.). Desta forma, é um escrito que abrange recomendações sobre o funeral, 
esmolas e doações de bens pessoais e de pequeno valor (pouca monta) de até 10x o salário 
mínimo, possuindo, portanto, valor afetivo. Nesse sentido, observa-se que os imóveis não 
podem ser objeto de codicilo. 
23.1.5 Legado 
 Disposição testamentária a título singular em que o testador deixa a pessoa estranha ou 
não à sucessão legítima um ou mais objetos individualizados ou certa quantia em dinheiro 
integrantes da herança. 
O legatário precisa pedir ao herdeiro a entrega da coisa legada e não responde pelas 
dívidas da herança. Nada impede que o testador, ao atribuir o legado, estabeleça algumas 
condições. Ademais, é personalíssimo e se difere da herança, pois nessa os herdeiros recebem 
fração a título universal. 
 
33 
23.1.6 Direito de Acrescer 
 Vários herdeiros ou legatários, pela mesma disposição testamentária, forem 
conjuntamente chamados à herança em quinhões determinados, e qualquer deles não puder 
(faleceu) ou não quiser aceitá-la (renunciou), sua parte acrescerá à dos outros coerdeiros 
ou colegatários (salvo se o testador nomear um substituto: neste caso não haverá direito de 
acrescer). 
23.1.7 Substituição 
É o direito que o testador tem de escolher substituto para o herdeiro ou o legatário de 
primeiro grau. Espécies: 
 Vulgar ou Ordinária: o testador indica outra pessoa no lugar do herdeiro ou do 
legatário nomeado, caso um ou outro não possa ou não queira receber a herança ou 
o legado. Espécies: 
 Singular: quando se nomeia um só substituto ao herdeiro ou legatário. 
 Plural: quando são vários os substitutos simultâneos. 
 Recíproca: quando o testador ao instituir uma pluralidade de herdeiros, os 
declara substitutos uns dos outros. 
 Fideicomissária: o testador impõe a um herdeiro ou legatário (chamado fiduciário) a 
obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, transmitir a outro 
(chamado fideicomissário), a herança ou o legado. Há dois beneficiários: inicialmente 
o fiduciário; depois, por algum motivo previsto, há a transmissão ao fideicomissário. 
 Compendiosa: é um misto de substituição vulgar com a fideicomissária. O testador 
dá substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que um ou outro não 
queira ou não possa aceitar a herança. 
 
34 
23.2 Disposições testamentárias 
23.2.1 Características 
 Personalíssimo (art. 1858, CC) e unilateral: apenas poderá ser realizado por ele ou 
a seu rogo e basta sua mera manifestação de vontade; 
 Revogável (art. 1858, CC): a qualquer tempo, devendo-se, contudo, respeitar as 
disposições de caráter não patrimonial (Ex.: reconhecimento de filho); 
 Unipessoal: a lei não permite o testamento conjuntivo em qualquer de suas 
modalidades, assim, deve ser realizado por apenas uma pessoa. Difere-se do 
simultâneo, pois em único ato os testadores contemplam um ao outro; recíproco, 
pois os testadores se constituem herdeiro do outro; correspectivo, pois institui o 
herdeiro por ter sido contemplado pelo mesmo; 
 Formal e solene 
 Gratuito: a disposição com encargo não retira o caráter de gratuito visto que 
decorre da liberalidade do testador; 
 Imprescritível: apenas os ordinários, pois os especiais estão sujeitos a prazo 
decadencial; 
 Causa mortis 
23.2.2 Vicissitudes 
 Revogação (art. 1969, CC): o testamento pode ser revogado, porém, as disposições 
sem conteúdo patrimonial, não. Assim, nesse caso, deverá haver outro testamento 
para desconstituí-lo. 
 Caducidade: decorre de fato superveniente que afeta a eficácia do testamento, 
inibindo a produção de efeitos, se forma alheia a vontade do testador. Ex.: 
Rompimento, que ocorre quando surge um herdeiro necessário que o testador 
desconhecia ao tempo da manifestação de vontade 
 Invalidade: será nulo quando faltar algum de seus elementos essenciais, e, será 
anulável, quando estiver presente vício de consentimento (erro, dolo e coação); 
 
35 
 Interpretação do testamento: em regra, em favor do testamento, mas a lei traz 
regras proibitivas (art. 1898, art. 1900, incisos I e II, art. 1801 e 1802 do CC) em que 
serão nulas quando ocorrerem, pois visam preservar o testamento; causas permissivas 
(art. 1897 e 1911, CC) e demais regras interpretativas/integrativas (art. 1902, 1903, 
1904, 1905, 1907 e 1908, CC). 
23.3 Inventário 
 É um processo judicial, de caráter contencioso, que visa relacionar, descrever, avaliar 
todos os bens pertencentes ao de cujus ao tempo de sua morte, para distribuí-los entre seus 
sucessores. Se houver um testamento ou algum interessado incapaz deve-se proceder ao 
inventário judicial. 
No entanto, se todos forem capazes e houver consenso entre eles, pode-se fazer o 
inventário e a partilha por escritura pública. Esta será o documento hábil para o registro 
imobiliário posterior. Todos os interessados devem comparecer no Tabelionato, acompanhados 
de advogado (um para todos ou cada um com o seu). 
23.3.1 Inventariança 
 Juiz nomeia um inventariante, a quem caberá a administração e representação (ativa 
e passiva) do espólio. Só pode haver um inventariante; é um encargo pessoal, sujeito, 
entretanto, à fiscalização dos herdeiros, do Juiz e do Ministério Público. Há uma ordem 
preferencial para sua escolha. 
23.3.2 Arrolamento 
 É um processo de inventário simplificado, caracterizado pela redução de atos formais 
ou de solenidades. É possível a sua realização quando os herdeiros forem maiores e capazes 
e for conveniente fazer uma partilha amigável, que é homologada pelo Juiz, mediante prova 
de quitação de tributos. 
 
36 
23.3.3 Sonegados 
 É a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados ou levados à colação. Pode 
ser praticada pelo inventariante (quando omite intencionalmente bens e valores ao prestar as 
primeiras e as últimas declarações) ou pelos herdeiros (que não indicam bens em seu poder). 
Pena: perda do direito sobre o bem sonegado, que é devolvido ao monte e partilhado aos 
outros herdeiros, como se o sonegador nunca tivesse existido. Prescrição – 10 anos e deve ser 
ajuizada no foro do inventário; pode ser proposta pelos herdeiros legítimos, testamentários e 
credores. 
23.3.4 Colação 
 Os herdeiros que foram agraciados com doações em vida, deverão, no prazo de 10 
dias, apresentar esses bens, a fim de que se verifique se não houve prejuízo à legítima dos 
herdeiros necessários. 
Dá-se o nome de colação ao ato de retorno ao monte a ser partilhado das liberalidades 
feitas pelo de cujus, antes de sua morte, a seus descendentes. Seu fim é igualar a legítima 
destes herdeiros, havendo uma conferência dos bens. 
É dever imposto ao herdeiro, pois, segundo a lei, a doação dos pais aos filhos importa 
em adiantamento de legítima. 
23.3.5 Pagamento de Dívidas 
 Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o 
pagamento de dívidas. Só serão partilhados os bens e valores que restarem depois de pagas 
as dívidas. A cobrança das dívidas faz-se, em regra, pela habilitação do credor ao inventário.Não sendo impugnada a dívida vencida e exigível, o Juiz declarará habilitado o credor e mandará 
que se faça a separação do dinheiro ou bens, para o seu pagamento. 
 
37 
23.4 Deserdação 
 Ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão, mediante testamento com 
expressa declaração de causa, herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por ter 
praticado alguma conduta prevista na lei como causa para deserdação. Além do testamento 
é necessária a propositura de ação judicial. 
 
 
 
 
 
 
Deserdação X Indignidade. Deserdação: motivo ocorrido em vida do testador; refere-se 
somente a herdeiros necessários; feita por testamento, pela própria pessoa de cuja sucessão 
se trata. Indignidade: pode ser declarada com fundamento em atos posteriores ao 
falecimento do autor da herança; refere-se a qualquer herdeiro legítimo ou testamentário, 
bem como ao legatário; ação proposta por um interessado mediante ação ordinária. Em 
ambas as situações se exige uma sentença judicial. 
23.5 Partilha 
 A herança, até à partilha, é uma universalidade, legalmente indivisível. A partilha é a 
divisão oficial do apurado durante o inventário entre os sucessores do de cujus. Tem 
natureza meramente declaratória. 
A partilha pode ser judicial (realizada no processo de inventário quando não houver 
acordo ou sempre que um dos herdeiros seja menor ou incapaz) ou amigável (acordo entre os 
 
38 
interessados, desde que maiores e capazes). A partilha amigável é homologada e a judicial 
julgada por sentença. 
A partilha pode ser feita também por escritura pública (se todos os interessados forem 
capazes e estiverem de acordo). 
23.5.1 Formal de Partilha 
 Passada em julgado a sentença, receberão os herdeiros os bens que lhe tocarem e um 
formal de partilha que é um documento para ser levado a registro, composto por diversas 
peças. 
23.5.2 Sobrepartilha 
 É uma nova partilha (partilha adicional) de bens que por determinadas razões não 
puderam ser divididos entre os herdeiros, como exemplo: quando parte da herança consistir 
em bens remotos do lugar do inventário, litigiosos, ou de liquidação morosa ou difícil; ou 
quando houver bens sonegados e quaisquer outros bens da herança que se descobrirem depois 
da partilha. 
 
 
 
 
39 
QUESTÕES COMENTADAS 
XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020: Arnaldo faleceu e deixou os filhos Roberto e Álvaro. 
No inventário judicial de Arnaldo, Roberto, devedor contumaz na praça, renunciou à herança, 
em 05/11/2019, conforme declaração nos autos. Considerando que o falecido não deixou 
testamento e nem dívidas a serem pagas, o valor líquido do monte a ser partilhado era de R$ 
100.000,00 (cem mil reais). 
Bruno é primo de Roberto e também seu credor no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). No 
dia 09/11/2019, Bruno tomou conhecimento da manifestação de renúncia supracitada e, no dia 
29/11/2019, procurou um advogado para tomar as medidas cabíveis. 
Sobre esta situação, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Em nenhuma hipótese Bruno poderá contestar a renúncia da herança feita por Roberto. 
B) Bruno poderá aceitar a herança em nome de Roberto, desde que o faça no prazo de quarenta 
dias seguintes ao conhecimento do fato. 
C) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, 
recebendo integralmente o quinhão do renunciante. 
D) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, no 
limite de seu crédito. 
 
Comentário: 
Complementando: 
CC, art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, 
poderão eles [os credores], com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. 
 
40 
§ 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de 30 dias seguintes ao conhecimento do 
fato. 
§ 2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que 
será devolvido aos demais herdeiros. 
Questão 2 
XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019: Juliana, Lorena e Júlia são filhas de Hermes, casado com 
Dóris. Recentemente, em razão de uma doença degenerativa, Hermes tornou-se paraplégico e 
começou a exigir cuidados maiores para a manutenção de sua saúde. 
Nesse cenário, Dóris e as filhas Juliana e Júlia se revezavam a fim de suprir as necessidades de 
Hermes, causadas pela enfermidade. Quanto a Lorena, esta deixou de visitar o pai após este 
perder o movimento das pernas, recusando-se a colaborar com a família, inclusive 
financeiramente. 
Diante desse contexto, Hermes procura você, como advogado(a), para saber quais medidas ele 
poderá tomar para que, após sua morte, seu patrimônio não seja transmitido a Lorena. 
Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta 
A) A pretensão de Hermes não poderá ser concretizada segundo o Direito brasileiro, visto que 
o descendente, herdeiro necessário, não poderá ser privado de sua legítima pelo ascendente, 
em nenhuma hipótese. 
B) Não é necessário que Hermes realize qualquer disposição ainda em vida, pois o abandono 
pelos descendentes é causa legal de exclusão da sucessão do ascendente, por indignidade. 
C) Existe a possibilidade de deserdar o herdeiro necessário por meio de testamento, mas apenas 
em razão de ofensa física, injúria grave e relações ilicítas com madastra ou padrasto atribuídas 
ao descendente. 
D) É possível que Hermes disponha sobre deserdação de Lorena em testamento, indicando, 
expressamente, o seu desamparo em momento de grave enfermidade como causa que justifica 
esse ato. 
 
41 
 
Comentário: 
Art. 1.962, CC. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos 
descendentes por seus ascendentes: 
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. 
Questão 3 
XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019: Mariana e Maurílio são filhos biológicos de Aldo. Este, 
por sua vez, nunca escondeu ser mais próximo de seu filho Maurílio, com quem diariamente 
trabalhava. Quando do falecimento de Aldo, divorciado na época, seus filhos constataram a 
existência de testamento, que destinou todos os bens do falecido exclusivamente para Maurílio. 
Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta. 
A) O testamento de Aldo deverá ser integralmente cumprido, e, por tal razão, todos os bens do 
autor da herança serão transmitidos a Maurílio. 
B) A disposição de última vontade é completamente nula, porque Mariana é herdeira necessária, 
devendo os bens ser divididos igualmente entre os dois irmãos. 
C) Deverá haver redução da disposição testamentária, respeitando-se, assim, a legítima de 
Mariana, herdeira necessária, que corresponde a um quinhão de 50% da totalidade herança. 
D) Deverá haver redução da disposição testamentária, respeitando a legítima de Mariana, 
herdeira necessária, que corresponde a um quinhão de 25% da totalidade da herança. 
 
 
Comentário: 
De acordo com o CC/02: 
 
42 
Art. 1.849. O herdeiro necessário [Maurílio], a quem o testador [Aldo] deixar a sua parte 
disponível [50%], ou algum legado, não perderá o direito à legítima [25%] 
Questão 4 
XXVII EXAME DE ORDEM – FGV - 2018: Em 2010, Juliana, sem herdeiros necessários, lavrou 
testamento público deixando todos os seus bens para sua prima, Roberta. Em 2016, Juliana 
realizou inseminação artificial heteróloga e, nove meses depois, nasceu Carolina. Em razão de 
complicações no parto, Juliana faleceu poucas horas após o procedimento. 
Sobre a sucessão de Juliana, assinale a afirmativa correta. 
A) Carolina herdará todos os bens de Juliana. 
B) Roberta herdará a parte disponível e Carolina, a legítima. 
C) Roberta herdará todos os bens de Juliana. 
D) A herança de Juliana será declarada jacente. 
 
Comentário: 
De acordo com o art. 1.973 do CC/02, sobrevindo descendente sucessível ao testador, que 
não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas 
disposições, se esse descendente sobreviver ao testador. 
Questão 5 
XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018:Lúcio, viúvo, tendo como únicos parentes um sobrinho, 
Paulo, e um tio, Fernando, fez testamento de acordo com todas as formalidades legais e deixou 
toda a sua herança ao seu amigo Carlos, que tinha uma filha, Juliana. O herdeiro instituído no 
ato de última vontade morreu antes do testador. Morto Lúcio, foi aberta a sucessão. 
Assinale a opção que indica como será feita a partilha. 
A) Juliana receberá todos os bens de Lúcio. 
 
43 
B) Juliana receberá a parte disponível e Paulo, a legítima. 
C) Paulo e Fernando receberão, cada um, metade dos bens de Lúcio. 
D) Paulo receberá todos os bens de Lúcio. 
 
Comentário: 
Institui o Código Civil. 
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. 
§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça. 
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um 
destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. 
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão 
por igual. 
Questão 6 
XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018: Mário, cego, viúvo, faleceu em 1º de junho de 2017, 
deixando 2 filhos: Clara, casada com Paulo, e Júlio, solteiro. Em seu testamento público, feito de 
acordo com as formalidades legais, em 02 de janeiro de 2017, Mário gravou a legítima de Clara 
com cláusula de incomunicabilidade; além disso, deixou toda a sua parte disponível para Júlio. 
Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta. 
A) O testamento é inválido, pois, como Mário é cego, deveria estar regularmente assistido para 
celebrar o testamento validamente 
B) A cláusula de incomunicabilidade é inválida, pois Mário não declarou a justa causa no 
testamento, como exigido pela legislação civil. 
C) A cláusula que confere a Júlio toda a parte disponível é inválida, pois Mário não pode tratar 
seus filhos de forma diferente. 
 
44 
D) O testamento é inválido, pois, como Mário é cego, a legislação apenas lhe permite celebrar 
testamento cerrado. 
 
Comentário: 
De acordo com o art. 1.848: “Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não 
pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de 
incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. 
Questão 7 
XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018: Ana, sem filhos, solteira e cujos pais são pré-mortos, 
tinha os dois avós paternos e a avó materna vivos, bem como dois irmãos: Bernardo 
(germano) e Carmem (unilateral). Ana falece sem testamento, deixando herança líquida no 
valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). 
De acordo com os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. 
A) Seus três avós receberão, cada um, R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por direito de 
representação dos pais de Ana, pré-mortos. 
B) Seus avós paternos receberão, cada um, R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e sua avó materna 
receberá R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio. 
C) Bernardo receberá R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), por ser irmão germano, e Carmem 
receberá R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por ser irmã unilateral. 
D) Bernardo e Carmem receberão, cada um, R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por direito próprio. 
 
Comentário: 
De acordo com o art. 1.836, §2º do CC/02: “Havendo igualdade em grau e diversidade em 
linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha 
materna”. 
 
45 
Questão 8 
XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017: Lúcia, sem ascendentes e sem descendentes, faleceu 
solteira e não deixou testamento. O pai de Lúcia tinha dois irmãos, que tiveram, cada qual, dois 
filhos, sendo, portanto, primos dela. Quando do falecimento de Lúcia, seus tios já haviam 
morrido. Ela deixou ainda um sobrinho, filho de seu único irmão, que também falecera antes 
dela. 
Sobre a sucessão de Lúcia, de acordo com os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. 
A) O sobrinho concorre com o tio na sucessão de Lúcia, partilhando-se por cabeça. 
B) O sobrinho representará seu pai, pré-morto, na sucessão de Lúcia. 
C) O filho do tio pré-morto será chamado à sucessão por direito de representação. 
D) O sobrinho é o único herdeiro chamado à sucessão e herda por direito próprio. 
 
Comentário: 
Reza o art. 1.840 do Código Civil: “Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais 
remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos”. Destarte, como os 
sobrinhos excluem os primos, o sobrinho de Lúcia, por direito próprio, será o único herdeiro 
chamado à sucessão. 
 
Questão 9 
XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017: Paulo, viúvo, tinha dois filhos: Mário e Roberta. Em 
2016, Mário, que estava muito endividado, cedeu para seu amigo Francisco a quota-parte da 
herança a que fará jus quando seu pai falecer, pelo valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de 
reais), pago à vista. 
 
 
46 
Paulo falece, sem testamento, em 2017, deixando herança líquida no valor de R$ 3.000.000,00 
(três milhões de reais). 
Sobre a partilha da herança de Paulo, assinale a afirmativa correta. 
A) Francisco não será contemplado na partilha porque a cessão feita por Mário é nula, razão 
pela qual Mário e Roberta receberão, cada um, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil 
reais). 
B) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Mário ficará 
com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e Roberta com R$ 1.500.000,00 (um milhão e 
quinhentos mil reais). 
C) Francisco e Roberta receberão, cada um, por força da partilha, R$ 1.500.000,00 (um milhão e 
quinhentos mil reais) e Mário nada receberá. 
D) Francisco receberá, por força da partilha, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Roberta ficará 
com R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e Mário nada receberá. 
 
 
Comentário: 
Cuidado para não confundir: 
É vedado negócio jurídico em que seja objeto herança de pessoa viva (art. 426), porém é 
lícita cessão dos quinhões hereditários (após a morte e antes da partilha) - art. 1.793. 
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-
herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. 
 
Questão 10 
XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017: Clara e Sérgio são casados pelo regime da comunhão 
parcial de bens. Durante o casamento, o casal adquiriu onerosamente um apartamento e Sérgio 
 
47 
herdou um sítio de seu pai. Sérgio morre deixando, além de Clara, Joaquim, filho do casal. Sobre 
os direitos de Clara, segundo os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. 
A) Clara é herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. 
B) Clara é meeira no apartamento e herdeira do sítio, em concorrência com Joaquim. 
C) Clara é herdeira do apartamento e do sítio, em concorrência com Joaquim. 
D) Clara é meeira no sítio e herdeira do apartamento, em concorrência com Joaquim. 
 
Comentário: 
Código Civil: 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do 
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
Art. 1.660. Entram na comunhão: 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em 
nome de um dos cônjuges; 
Clara – não é meeira no sítio, pois foi recebido por Sérgio via sucessão. 
Clara – é meeira no apartamento, pois foi adquirido onerosamente na constância do 
casamento. 
Código Civil: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este 
com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens 
 
48 
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança 
não houver deixado bens particulares; 
Enunciado 270 da III Jornada de Direito Civil: 
O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os 
descendentes do autor da herança quando

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