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FAVENI FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE Pós Graduação Enfermagem de Urgência e Emergência Joyce Lopes Da Silva EMERGÊNCIAS GLICÊMICAS NO ÂMBITO HOSPITALAR Guarulhos 2022 2 EMERGÊNCIAS GLICÊMICAS NO ÂMBITO HOSPITALAR Declaro que sou autor (a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos direitos autorais. RESUMO - O diabetes mellitus trata-se de um distúrbio, caracterizado pela presença da hiperglicemia crônica, devido à redução da secreção da insulina pelo pâncreas, como também à redução da ação da insulina em seus receptores, quando está associado a complicações micro e macrovasculares é perceptível a redução da qualidade de vida do paciente diabético. Quando ocorre a entrada de um paciente diabético na urgência e emergência hospitalar é necessário todo um manejo desde a anamnese até a conduta final, visando a diminuição das complicações e riscos para esse paciente. O presente artigo reafirma a importância de ter uma equipe preparada e que um acolhimento preciso pode fazer a diferença para esse paciente. PALAVRAS-CHAVE: Diabetes. Urgência. Emergências glicêmicas. 3 1 INTRODUÇÃO O diabetes mellitus (DM) é considerado uma doença crônica, caracterizada pela presença da hiperglicemia crônica, onde ocorre a elevação dos níveis plasmáticos da glicose, devido à redução da secreção da insulina pelo pâncreas, como também à redução da ação da insulina em seus receptores (American Diabetes Association et al., 2014). Quando ocorre a evolução da doença de forma descontrolada, pode gerar complicações agudas e crônicas, sendo no caso do diabetes mellitus de alto risco de morbimortalidade. (Oliveira D. M. et al., 2016). Diante da situação vivida pelo paciente que apresenta o descontrole da doença, é imprescindível em casos de urgência um atendimento de excelência, visando agilizar o prognóstico e diminuir os riscos. (Oliveira D. M. et al., 2016). Nesse sentido o trabalho justifica-se uma vez que estudos mostram a importância do cuidado paliativo para o paciente e o psicólogo é fundamental nesse processo. 1.1. OBJETIVOS 1.1.1. OBJETIVOS GERAIS Apresentar a importância da assistência hospitalar quanto a emergências glicêmicas no âmbito hospitalar. 1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Explanar sobre o diabetes mellitus (DM) e suas possíveis consequências; Enfatizar a importância do devido acolhimento ao paciente; Importância da equipe multiprofissional trabalhar em conjunto no cuidado. 1.1.3. ABORDAGEM METODOLÓGICA Após está explanação, este artigo busca retratar a verdadeira importância da assistência quanto a emergências glicêmicas no âmbito hospitalar, levantando uma revisão bibliográfica sobre o tema em questão. 4 1.1.4. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo caracteriza-se por uma revisão bibliográfica. Para realização dessa pesquisa, serão utilizadas buscas científicas em bancos de dados como Scielo, Google Acadêmico, revistas, entre outras bases online disponíveis, utilizando-se como termo de busca: diabetes mellitus, urgência e emergência, emergências glicêmicas, entre outros. A revisão literária abrangeu os seguintes limites de busca: dos anos 2011 a 2021. O material selecionado foi constituído de 9 artigos em português e 1 em inglês. Após a seleção dos artigos que irão servir de base para o levantamento das informações do presente trabalho, seguiremos nessa ordem, os seguintes passos: leitura exploratória, leitura seletiva e escolha do material que se adequa ao tema desse estudo. E assim, analisar a importância da assistência quanto a emergências glicêmicas no âmbito hospitalar. 5 2 DISCUSSÃO 2.1. DIABETES MELLITUS (DM) Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a glicemia elevada é o terceiro fator, em importância, da causa de mortalidade prematura, estando atrás somente pela pressão arterial elevada e uso de tabaco. Sua grande incidência e prevalência se dá devido ao envelhecimento e ao estilo de vida sedentário da população, caracterizado pela inatividade física e péssimos hábitos alimentares, aumentando o índice de obesidade (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017). Em 2015 foi realizado um levantamento e aproximadamente 5 milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos morreram em decorrência da diabetes. O DM é responsável por 14,5% da mortalidade mundial por todas as causas, ultrapassando a soma dos óbitos causados por doenças infecciosas (como HIV/AIDS, tuberculose e malária), sendo a doença cardiovascular a principal causa de óbito do paciente com diabetes (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017). Cerca de 50% dos casos de diabetes não são diagnosticados, devido principalmente à demora de sua descoberta. Onde geralmente pacientes assintomáticos descobrem a doença quando já se encontram com alguma complicação tardia (Gusso, G.; Lopes, J. M. C., 2012). Por ser uma doença crônica, as complicações do diabetes são categorizadas como distúrbios micro e macrovasculares, podendo gerar condições como retinopatia e perda da visão, nefropatia e insuficiência renal, alterações cardiovasculares, como também alterações nos nervos periféricos e sistema nervoso autônomo, causando neuropatia periférica, distúrbios genitourinários e gastrointestinais, podendo também aumentar a suscetibilidade a certas infecções. As amputações de membros inferiores também é um risco a esses pacientes, porém o índice é baixo devido não ser tão notificado (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017). 2.2. DIABETES MELLITUS: DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO 6 O diagnóstico e classificação são complexos, pois muitas vezes depende das circunstâncias presentes no momento do diagnóstico. Atualmente os casos de diabetes se enquadram em duas categorias amplas, diabetes mellitus tipo 1 (DM 1) e diabetes mellitus tipo 2 (DM 2), podendo também apresentar a classificação como diabetes gestacional e outros tipos específicos (Gross et al., 2002; American Diabetes Association et al., 2014). Métodos que avaliam o controle glicêmico ao longo do dia, a fim de detectar as flutuações da glicemia são fundamentais ao paciente diabético. O automonitoramento contínuo da glicemia capilar (AMGC) permite que o próprio paciente verifique a glicemia em qualquer horário do dia, diminuindo assim riscos de complicações agudas, como a cetoacidose e hipoglicemia. Alguns fatores como o alto custo do aparelho e fitas reagentes e o grau de dor, causado pelas furadas nos dedos, diminuem a adesão do paciente, com relação a verificação da glicemia ao longo do tempo, prejudicando assim o controle diário da glicemia (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017). Evidências comprovam que pacientes que não controlam e não seguem o tratamento apresentam mais complicações do que aqueles com o diabetes controlado. Deve haver um acompanhamento de rotina, para rastrear possíveis complicações crônicas, uma vez feito o diagnóstico precocemente há uma possibilidade de intervenção e possível chance de retardo do dano (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017). 2.3. DIABETES MELLITUS: COMPLICAÇÕES As complicações do diabetes podem ser divididas em: ● Complicações agudas ○ Hipoglicemia: é quando os níveis de açúcar no sangue baixam, sendo inferior a 70 mg/dL. Os sintomas variam de paciente para paciente, desde suores, calafrios e umidade até sonolência, fraqueza, dores de cabeça e convulsões (American Diabetes Association et al., 2014). ○ Hiperglicemia: é o termo usado quando aglicemia se encontra elevada. Caso aconteça com o paciente DM 1, provavelmente não tem insulina suficiente no organismo e caso aconteça no paciente DM 2, o organismo tem insulina suficiente, 7 porém não é tão eficaz. Pode ser grave caso não seja tratado, podendo ocorrer uma condição chamada de cetoacidose, podendo chegar a um coma diabético (American Diabetes Association et al., 2014). ○ Cetoacidose diabética (CAD): ocorre quando há falta de insulina no organismo, acumulando altos níveis de um ácido chamado cetona. Acomete pacientes DM1 e geralmente a hospitalização é necessária (American Diabetes Association et al., 2014). ○ Coma diabético hiperglicêmico (HHS): ocorre quando há déficit de insulina, absoluto ou relativo, ocasionando o estímulo de hormônios contra-reguladores. Essas respostas hormonais vão estimular a produção hepática e renal e como consequência irá ocorrer à hiperglicemia (Damiani, D., Damiani, D., 2008). ● Complicações crônicas são divididas em: ○ Complicações microvasculares ■ Neuropatia diabética: ocorre um comprometimento dos nervos em todo o corpo, é uma complicação frequente e que também é causada por altos níveis de glicemia, onde o dano do nervo pode ser bastante significativo. A principal complicação é o pé diabético, com presença de úlceras que pode levar a amputação do membro (American Diabetes Association et al., 2014; International Diabetes Federation, 2017). ■ Nefropatia diabética: é uma doença renal baseada na taxa de filtração glomerular e na excreção de albumina pela urina. O rastreamento é feito com um exame de urina, onde será possível medir o índice de proteína na urina, sendo microalbuminúria (pequena quantidade de proteína na urina) e macroalbuminúria (grande quantidade de proteína na urina) (American Diabetes Association et al., 2014; International Diabetes Federation, 2017). ■ Retinopatia diabética: pessoas com DM tipo 1, apresentam maior risco de complicações oculares. Os níveis elevados de glicose no sangue causam danos nos capilares da retina, podendo levar à perda de visão e consequentemente, cegueira (American Diabetes Association et al., 2014; International Diabetes Federation, 2017). ○ Complicações macrovasculares ■ Doenças cardiovasculares, onde o nível elevado de glicose na corrente sanguínea pode fazer com que a coagulação aumente. Também pode levar a 8 complicações como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva, angina, entre outros (International Diabetes Federation, 2017). 2.4. DIABETES MELLITUS: URGÊNCIA E EMERGÊNCIA A princípio sabe-se que as manifestações agudas mais presentes na emergência adulta são a hipoglicemia grave e a cetoacidose diabética e que ambas requerem identificação e atendimento imediato, uma vez que podem provocar danos quanto ao nível de consciência, podendo chegar a um quadro de coma, bem como até risco de morte. (AC Farmacêutica, 2013). A partir desse dado é imprescindível que a equipe hospitalar seja atuante e que tenha domínio para o manejo de pacientes que apresentem esses quadros. Afim de proporcionar uma atenção mais qualificada, um acolhimento e ações que promovam a melhora do paciente e que haja uma diminuição dos casos de morbimortalidade dos mesmos. (OLIVEIRA, D. M. et al., 2014) Quando há entrada de um paciente apresentando sinais de hiperglicemia, deve-se avaliar durante a anamnese as funções cardiorrespiratórias, o estado mental e se há sinais de desidratação, e durante o exame físico se há presença de possíveis infecções e se está ou não sendo realizado a terapia insulínica. Para haver melhora do quadro deste paciente, é necessário promover a restauração do volume circulatório e consequentemente perfusão tecidual, bem como é indispensável a diminuição da glicemia, de forma gradual e a melhoria níveis ácido-básicos e reposição de fluidos. (DA CUNHA, B. S.; LUCAS, L. S.; ZANELLA, M. J. B. 2016). Já no caso de pacientes apresentando hipoglicemia, deve-se analisar se o paciente é ou não diabético, uma vez que pode acometer ambos. No caso de ser um não diabético o paciente irá apresentar a tríade de Whipple, que são sintomas de hipoglicemia em associação ao baixo nível de glicose plasmática, e que vai ter alivio dos sintomas após a utilização de glicose. Durante a anamnese deve-se averiguar se houve uso de medicações que podem causar a hipoglicemia, se houve ingestão de álcool ou se há suspeitas do paciente apresentar alguma doença mais grave, como sepse, insuficiência cardíaca, renal ou hepática, principalmente. A principal conduta para o paciente que está apresentando a hipoglicemia é restabelecer os níveis da glicose sérica, afim de aliviar os sintomas clínicas e prevenir complicações. (DA CUNHA, B. S.; LUCAS, L. S.; ZANELLA, M. J. B. 2016). 9 3 CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, é possível perceber o quanto é importante o domínio do profissional da saúde para lidar com pacientes com diabetes mellitus, é realmente necessário para a instituição que fornece serviços de urgência e emergência proporcionar protocolos para garantir um atendimento que vise diminuir as complicações para esse paciente. 10 4 REFERENCIAS AC Farmacêutica. II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2012 - 2013. São Paulo: AC Farmacêutica; 2013. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION et al. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care, 2014 Jan; v. 37, n. Supplement 1:S81-S90. DA CUNHA, B. S.; LUCAS, L. S.; ZANELLA, M. J. B. EMERGÊNCIAS GLICÊMICAS. Acta méd. Porto Alegre, p. 7, v. 7, 2016. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-882997>. Acesso em 9 de novembro de 2021. DAMIANI, D., DAMIANI, D. Complicações hiperglicêmicas agudas no diabetes melito tipo 1 do jovem. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 52, n. 2, p. 367-374. Mar 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302008000200025 &lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 de novembro de 2021. DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES 2017-2018. De Oliveira, J. E. P., Júnior, R. M. M., Vencio, S. (Org). São Paulo. Editora Clannad, 2017. Disponível em: <https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017 -2018.pdf>. Acesso em 28 de outubro de 2021. GROSS, J. L. et al., Diabetes Melito: Diagnóstico, Classificação e Avaliação do Controle Glicêmico. Arq Bras Endocrinol Metab. São Paulo, v. 46, n. 1, p. 16-26. Feb. 2002. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-882997 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302008000200025&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302008000200025&lng=en&nrm=iso https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf 11 GUSSO, G., LOPES, J. M. C. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed, 2012. 2 v. INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. IDF Diabetic Atlas 8th Edition, 2017. Disponível em: <https://www.idf.org/e-library/epidemiology-research/diabetes-atlas/134-idf-diabetes- atlas-8th-edition.html>. Acesso em 20 de novembro de 2021. OLIVEIRA, D. M. et al. Desafios no cuidado às complicações agudas do diabetes mellitus em serviço de emergência adulto. Rev. Eletr. Enferm. [Internet]. 2016. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/fen/article/view/35523>. Acesso em 20 de outubro de 2021. OLIVEIRA, D. M. et al. Conhecimento da equipe de enfermagem nas complicações do diabetes mellitus em emergência. Acta Paulista de Enfermagem, v. 27, p. 520-525, 2014. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ape/a/NfjzLvsXZ8XLMVq4QGNTT9m/abstract/?lang=pt>. Acesso em 9 de novembro de 2021. https://www.idf.org/e-library/epidemiology-research/diabetes-atlas/134-idf-diabetes-atlas-8th-edition.html https://www.idf.org/e-library/epidemiology-research/diabetes-atlas/134-idf-diabetes-atlas-8th-edition.htmlhttps://revistas.ufg.br/fen/article/view/35523 https://www.scielo.br/j/ape/a/NfjzLvsXZ8XLMVq4QGNTT9m/abstract/?lang=pt
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