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579314098-Direito-Canonico-I-5

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Prévia do material em texto

EA
D
5
O Governo da Igreja em 
Âmbito Particular
1. ObjetivOs
•	 Compreender	o	significado	da	Igreja	particular.
•	 Interpretar	a	normativa	sobre	os	Bispos.
•	 Conhecer	a	organização	interna	das	Igrejas	particulares.
•	 Interar-se	das	paróquias,	párocos	e	conselhos	paroquiais.
2. COnteúdOs
•	 Igreja	 particular:	 terminologia,	 conceitos	 preliminares,	
elementos	constitutivos	e	determinativos,	formas	e	tipos	
de	agregação.
•	 Bispos:	diocesanos,	coadjutores	e	auxiliares.
•	 Paróquias:	noção,	elementos	constitutivos	e	determinati-
vos,	identidade	teológica,	personalidade	jurídica.
•	 Párocos,	administradores	paroquiais	e	vigários	paróquias.
•	 Conselhos	paroquiais
© Direito Canônico I232
3. Orientações para O estudO da unidade
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:	
1)	 Nesta	unidade,	vamos	nos	voltar	para	uma	realidade	que	
não	lhe	é	estranha:	a	Igreja	particular.	Saiba	que	a	redes-
coberta	da	Igreja	particular	realizada	pelo	Concílio	Vati-
cano	II	colocou	em	crise	a	compreensão	de	uma	grande	
diocese	dividida	em	partes	e	governadas	por	delegados	
do	Papa.	Na	verdade,	a	 Igreja	particular	é	a	primeira	e	
originária	manifestação	do	evento	de	Cristo	e	é	a	Igreja	
como	um	 todo	que	 se	manifesta	 em	um	determinado	
lugar,	embora	seja	necessário	 levar	em	conta	a	dimen-
são	universal	deste	evento	e	o	vínculo	de	comunhão	que	
une	as	diversas	Igrejas	locais	espalhadas	pelo	mundo.
2)	 As	Igrejas	particulares	são	as	comunidades	às	quais	per-
tencem	os	fiéis	e	nas	quais	eles	realizam	a	própria	per-
tença	ao	povo	de	Deus.	Cada	fiel,	mediante	a	fé	e	o	batis-
mo,	é	inserido	na	Igreja	una,	santa,	católica	e	apostólica,	
mas	isso	se	realiza	em	uma	concreta	comunidade	local	
(diocese,	 paróquia,	 outras	 comunidades	 particulares).	
Portanto,	 quem	 pertence	 a	 uma	 Igreja	 particular	 per-
tence	contemporaneamente	ao	corpo	das	Igrejas,	já	que	
esta	pertença	não	 se	 limita	 ao	âmbito	particular,	mas,	
por	sua	natureza,	é	sempre	universal.
3)	 A	Igreja	particular	é	Igreja	porque	é	presença	da	Igreja	
universal.	Portanto,	de	um	lado,	a	Igreja	universal	encon-
tra	a	sua	existência	concreta	em	cada	Igreja	particular	na	
qual	ela	está	presente	e	operante,	mas,	de	outro	lado,	a	
Igreja	particular	não	esgota	a	totalidade	do	mistério	da	
Igreja,	dado	que	alguns	de	seus	elementos	constitutivos	
não	são	dedutíveis	de	uma	pura	análise	da	Igreja	parti-
cular,	como	no	caso	do	sucessor	de	Pedro	e	do	próprio	
Colégio	Episcopal.	
4)	 No	estudo	da	 Igreja	particular,	você	entrará	em	conta-
to	 com	uma	 série	 de	 realidades	 que	 estão	diretamen-
te	 ligadas	ao	 seu	 funcionamento	e	organização,	 como,	
por	 exemplo,	 é	 o	 caso	 da	 figura	 do	 Bispo	 (diocesano,	
Claretiano - Centro Universitário
233© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
coadjutor,	 auxiliar,	 emérito),	dos	 conselhos	diocesanos	
(presbiteral,	de	pastoral,	de	economia),	do	colégio	dos	
consultores,	 da	 Cúria	 diocesana	 (vigário	 geral,	 vigário	
episcopal,	chanceler)	e	das	paróquias	(pároco,	adminis-
trador	paroquial,	vigário	paroquial,	conselho	de	pastoral	
e	de	economia).	Tratam-se	de	realidades	mais	ou	menos	
próximas	 de	 você	 e	 é	 importante	 conhecê-las.	 Sendo	
assim,	colocamos	à	sua	disposição	este	subsídio	que	se	
ocupa	da	normativa	que	rege	as	Igrejas	particulares.
5)	 Esperamos	 que	 no	 estudo	 desta	 unidade,	 tendo	 por	
base	 este	 auxílio,	 como,	 também,	 a	 bibliografia	 forne-
cida,	 você	 possa	 adquirir	 uma	 visão	 panorâmica,	 mas	
suficiente,	do	funcionamento	da	Igreja	particular	e	dos	
elementos	que	dão	sustentação	à	compreensão	eclesial	
que	dela	se	tem.	
4. intrOduçãO À unidade
Esta	 unidade,	 em	 continuidade	 à	 anterior,	 se	 voltará	 para	
o	governo	da	Igreja,	mas,	desta	vez,	em	âmbito	particular,	pois	a	
Igreja	Católica	é	uma	comunhão	(unidade)	na	diversidade	(Igrejas	
particulares).
No	final	da	presente	unidade,	você	terá	uma	visão	suficiente	
dos	 órgãos	 de	 governo	da	 Igreja	 particular,	 como,	 também,	dos	
principais	aspectos	normativos	a	eles	referentes.
Bom	estudo!
5. a iGreja partiCuLar
terminologia 
A	terminologia	utilizada	pelo	Concílio,	embora	não	unívoca,	
permitiu	que	se	iniciasse	uma	reflexão	jurídica,	partindo	da	cons-
tatação	de	que,	nos	textos	conciliares,	para	se	indicar	a	específica	
e	própria	identidade	de	uma	Igreja,	é	utilizado	o	termo	"local"	(LG	
© Direito Canônico I234
23;	UR	14;	AG	27),	mas,	com	o	mesmo	sentido	aparece,	também,	
o	adjetivo	"particular"	(LG	13).
De	um	modo	específico,	a	diocese	é	indicada	seja	como	Igre-
ja	local	(AG	27),	seja	como	Igreja	particular	(LG	27;	AG	20;	CD	11).	
Mas,	é,	sobretudo,	nesta	última	acepção	de	Igreja	particular	que	
os	padres	conciliares	preferiram	identificar	a	diocese.	Tal	escolha,	
no	âmbito	da	elaboração	do	decreto	Christus Dominus,	foi	o	fruto	
de	precisas	avaliações	entre	as	possíveis	terminologias	propostas.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Não foi aceito o termo episcopal para se evitar a ideia de uma espécie de posse 
por parte do Bispo, nem o termo local porque não poderiam ser incluídas as dio-
ceses pessoais. Optou-se, também, por se evitar o uso frequente da expressão 
porção da Igreja universal, para que não fosse introduzida a ideia de parte ou 
pedaço, embora a palavra "porção" tenha sido utilizada pelos padres conciliares 
justamente porque este termo se refere a uma realidade que conserva em si 
todas as qualidades e propriedades do todo, diferentemente da expressão pars 
(parte).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os	 termos	 "local"	 e	 "particular"	 são	 os	 atributos	 da	 Igreja	
sobre	os	quais	muito	se	concentrou	a	dialética	teológica	e	cano-
nística.	O	termo	"local",	preferido	em	âmbito	teológico-pastoral,	
contém	uma	imediata	referência	ao	 lugar,	ao	contexto	social	e	à	
cultural	onde	o	evento	Igreja	se	historiciza.	O	termo	"particular",	
preferido	em	âmbito	canônico,	à	diferença	do	termo	"local",	não	
comporta	 uma	 direta	 e	 necessária	 referência	 ao	 território,	 pois	
este	não	é	mais	um	elemento	constitutivo	de	uma	circunscrição	
eclesiástica.	 Optou-se,	 enfim,	 pelo	 termo	 "particular",	mas	 esta	
escolha	 deve	 ser	 bem	 entendida	 também	em	 relação	 ao	 termo	
"universal".	 "Universalidade"	 e	 "particularidade"	 são	 dimensões	
inseparáveis	e	 simultâneas	da	única	 Igreja	de	Cristo.	Portanto,	a	
noção	de	particular,	como	se	verá	mais	adiante,	não	deve	ser	co-
locada	em	oposição	à	noção	de	universal.	A	Igreja	não	é	chamada	
particular	porque	não	é	universal.
Claretiano - Centro Universitário
235© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
Conceitos preliminares
Uma	das	 fundamentais	 contribuições	 do	 Concílio	 Vaticano	
II	 foi,	como	afirmado,	a	redescoberta	da	 Igreja	particular	e	a	re-
cuperação	de	seu	valor	em	todos	os	campos	e,	também,	naquele	
canônico.
O	Vaticano	II	insistiu	a	respeito	de	duas	ideias	essenciais:
•	 a	 Igreja	 de	 Deus	 realiza-se,	 concretamente,	 nas	 Igrejas	
particulares;
•	 as	Igrejas	particulares	devem	criar	profundas	raízes	na	es-
fera	humana	na	qual	se	realizam.	
Na	Lumen Gentium nº.	23,	encontramos	um	texto	de	grande	
alcance	doutrinal	e	constitucional.	Nele,	afirma-se	que	as	Igrejas	
particulares	 são	 feitas	à	 imagem	da	 Igreja	universal.	Cada	 Igreja	
particular	tem	uma	existência	própria,	não	no	sentido	de	absoluta	
independência.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Diante dessas afirmações da LG nº. 23, devemos excluir toda e qualquer ideia de 
autocefalia das Igrejas particulares, superando aquela concepção eclesiológica 
que tende a reduzi-las a simples circunscrições administrativas da Igreja univer-
sal. Cada Igreja particular, enquanto realização da Igreja e de sua catolicidade, 
possui, por direito divino, uma justa autonomia, tendo em si todos os meios para 
realizar a missão recebida do Senhor. Assim, a mútua imanência entre a Igreja 
particular e a Igreja universal exige, do ponto de vista jurídico,uma coordenação 
entre o direito particular e o direito universal, de modo que a Igreja particular e 
a Igreja universal sejam unidas na confissão da fé, na vida sacramental e na 
missão apostólica. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	Igreja	particular	não	resulta	de	uma	divisão	da	Igreja	uni-
versal	e,	muito	menos,	é	uma	parte	ou	um	pedaço	da	Igreja	uni-
versal.	A	Igreja	universal,	por	sua	vez,	não	é	a	soma	ou	uma	con-
federação	de	Igrejas	particulares.	Ao	contrário,	esta	é	o	resultado	
da	comunhão	convergente	das	Igrejas	particulares,	não	por	adição	
(critério	 quantitativo),	 mas	 pelo	 encontro	 (critério	 qualitativo).	
Consequentemente,	a	Igreja	una	e	católica	constitui-se	como	tal	a	
partir	das	Igrejas	particulares	e	resulta	da	comunhão	entre	elas	(ex 
© Direito Canônico I236
quibus)	porque,	na	verdade,	é	a	mesma	Igreja	universal	que	existe	
em	cada	uma	delas	(in quibus).	
Do	quanto	afirmado	até	aqui	é	possível	perceber	que	há	uma	
relação	de	mútua	 interioridade	ou	de	recíproca	 imanência	entre	
a	 Igreja	universal	e	a	 Igreja	particular,	embora,	na	 relação	entre	
ambas,	haja	uma	prioridade	ontológica	e	temporal	da	primeira	em	
relação	à	segunda.	Portanto,	a	Igreja	particular	é	a	verdadeira	Igre-
ja,	embora	não	seja	toda	a	Igreja	e,	muito	menos,	parte	dela.	
Dessa	maneira,	convém	ter	presente	que	o	CIC	atual	não	nos	
dá	uma	noção	de	Igreja	particular,	mas	utiliza	a	diocese	como	uma	
espécie	de	paradigma,	cujo	conceito	(cân.	369)	pode	ser	aplicado,	
com	as	devidas	adaptações,	aos	outros	tipos	de	Igrejas	particula-
res	existentes.
Vejamos:
A	diocese	é	uma	porção	do	Povo	de	Deus	confiada	ao	pastoreio	do	
Bispo	com	a	cooperação	do	presbitério,	de	modo	tal	que,	unindo-
-se	ela	a	seu	pastor	e,	pelo	Evangelho	e	pela	Eucaristia,	reunida	por	
ele	no	Espírito	Santo,	constitua	uma	Igreja	particular,	na	qual	está	
verdadeiramente	presente	e	operante	a	Igreja	de	Cristo	una,	santa,	
católica	e	apostólica	(cân.	369).
Os elementos constitutivos da igreja particular
Além	da	LG	nº.	23,	o	decreto	conciliar	Christus Dominus nº.	
11	(cf.	cân.	369),	também,	exclui	a	ideia	de	que	a	Igreja	particular	
(no	 caso	 a	 diocese)	 seja	 somente	uma	parte	 da	 Igreja	 inteira,	 a	
qual	seria	a	única	a	ter	em	si	a	plenitude.	Ao	contrário,	é	reafirma-
da	a	ideia	de	que	a	Igreja	particular	é	uma	porção	e	não	parte	do	
povo	de	Deus.	Assim,	a	palavra	"porção"	foi	utilizada	pelos	padres	
conciliares	 justamente	porque	este	 termo	se	 refere	a	uma	reali-
dade	que	conserva	em	si	todas	as	qualidades	e	propriedades	do	
todo,	diferentemente	da	expressão	pars	(parte).
Os	elementos	 constitutivos	da	 Igreja	particular,	 segundo	o	
referido	decreto	e	adotado	pelo	legislador	em	sua	noção	de	dio-
cese,	são	os	seguintes:	porção	do	povo	de	Deus	(não	parte)	reu-
Claretiano - Centro Universitário
237© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
nida	no	Espírito	Santo	(primeiro	edificador	da	mesma)	por	meio	
do	 Evangelho	 e	 dos	 sacramentos	 (a	 Eucaristia	 está	 ao	 centro)	 e	
confiada	a	um	pastor	colocado	a	serviço	dela.	
Convém	destacar,	nestes	elementos	constitutivos,	os	seguin-
tes	aspectos:
1)	 A	 função	 do	 "Espírito	 Santo",	 que	 é	 o	 coedificador	 da	
Igreja.	O	Espírito,	afirma	o	Concílio	Vaticano	II:	
Habita	na	Igreja	e	nos	corações	dos	fiéis	como	num	templo.	Neles	
ora	e	dá	testemunho	de	que	são	filhos	adotivos.	Leva	a	Igreja	ao	
conhecimento	da	verdade	total.	Unifica-a	na	comunhão	e	no	mi-
nistério.	Dota-a	e	dirige-a	mediante	os	diversos	dons	hierárquicos	e	
carismáticos.	E	adorna-a	com	seus	frutos.	Pela	força	do	Evangelho	
Ele	rejuvenesce	a	Igreja,	renova-a	perpetuamente	e	leva-a	a	união	
consumada	com	seu	Esposo	(LG	nº.	4).	
A	presença	e	acolhida	do	Espírito	Santo	faz	que	a	Igreja	
particular	se	realize	como	comunhão	e	que	as	vocações,	
os	carismas	e	os	ministérios	concorram	para	a	edificação	
do	Corpo	de	Cristo.
2)	 A	 Igreja	particular	é	gerada	pelo	 "Evangelho",	mas,	ao	
mesmo	 tempo,	é	 chamada	a	anunciá-lo	até	os	 confins	
da	terra.	Para	a	 Igreja	particular,	o	Evangelho	é	prática	
de	 vida,	 é	 juízo	 e	 reconciliação,	 é	 fonte	 de	 comunhão	
com	Deus	e	dos	irmãos	entre	si.	A	organização	jurídica	
da	Igreja	deve	depender	do	Evangelho.
3)	 A	"Eucaristia"	é	o	centro	da	comunidade	cristã.	Ela	nos	
mostra	como	a	 Igreja	é,	necessariamente,	 local	e,	 fun-
damentalmente,	 comunhão	 de	 Igrejas.	 Como	 em	 um	
fragmento	do	pão	eucarístico,	não	existe	uma	parte	de	
Cristo,	mas	 todo	o	Cristo,	assim,	em	cada	comunidade	
eucarística,	por	mais	minúscula	ou	isolada	que	seja,	está	
presente	 a	 Igreja	 católica	 em	 sua	 expressão	 local.	 Isto	
é	possível	porque	existe	uma	conjunção	da	comunida-
de	eucarística	com	o	Bispo.	Mediante	o	Bispo,	enquan-
to	 membro	 do	 Colégio	 Episcopal,	 cada	 comunidade	 é	
agraciada,	 também	 em	 nível	 institucional,	 com	 todas	
as	 propriedades	 da	 Igreja:	 "una",	 "santa",	 "católica"	 e	
"apostólica".	Assim,	partindo	da	Eucaristia,	é	necessário	
considerar	o	conjunto	das	Igrejas	como	uma	comunhão	
© Direito Canônico I238
de	 Igrejas	 particulares.	 Essa	 perspectiva	 nos	 ajuda	 a	
compreender	a	função	da	organização	jurídica	na	Igreja.	
A	Eucaristia,	fonte	da	Igreja,	é,	também,	a	fonte	do	seu	
direito,	particular	e	universal,	pois	o	direito	é	uma	reali-
dade	a	serviço	da	comunhão.	
4)	 O	 ministério	 pastoral	 coloca-se	 entre	 os	 elementos	
constitutivos	da	Igreja	particular,	tanto	quanto	o	Espíri-
to	Santo,	o	Evangelho	e	os	Sacramentos.	O	pastor	pos-
sui	um	papel	ministerial	em	relação	a	estas	 realidades	
e	não	pode	delas	dispor	como	bem	entende.	O	Bispo	é	
o	 princípio	 e	 fundamento	 visível	 da	 unidade	 na	 Igreja	
particular	confiada	ao	seu	ministério	pastoral.	Enquanto	
membro	do	Colégio	Episcopal,	ele	representa	a	própria	
Igreja	junto	a	todas	as	demais	e	todas	as	outras	junto	à	
sua	própria.	 Inscrita	na	comunhão	das	 Igrejas,	a	 Igreja	
particular	descobre	como	está	no	interior	de	si	mesma	o	
ministério	do	sucessor	de	Pedro	e	do	Colégio	dos	Bispos.	
elementos determinativos ou delimitadores da igreja particular 
Embora	 tenhamos	 examinado	 os	 elementos	 de	 índole	 te-
ológica	que	constituem	a	 Igreja	particular,	não	podemos	 ignorar	
que	existem	outros	elementos	que	concorrem	na	definição	des-
ta	mesma	Igreja,	como	é	o	caso	da	"cultura",	do	"território"	e	do	
"rito".	 Isso	porque	a	estrutura	essencial	e	permanente	da	 Igreja	
concretiza-se	no	tempo	e	no	espaço	em	uma	organização	que	é	
o	resultado	de	elementos	contingentes	e	evolutivos.	Portanto,	ao	
falarmos	dos	elementos	que	compõem	a	estrutura	geral	da	Igreja	
particular,	devemos	dividi-los	em	dois	grupos:	
•	 os	elementos	essenciais	(aqueles	constitutivos	do	ponto	
de	vista	teológico	–	cân.	369);
•	 os	elementos	integrativos.
Entre	os	elementos	 integrativos,	 temos	um	elemento	que,	
necessariamente,	a	integra	(a	cultura)	e	outros	que	servem,	ape-
nas,	para	delimitá-la	ou	determiná-la	segundo	algumas	modalida-
des	(território,	rito	e	outros).	
Claretiano - Centro Universitário
239© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
Vamos	conhecer	esses	elementos?
1)	 Cultura: cada	homem	e	cada	povo	possuem	uma	própria	
cultura.	A	conversão,	a	aceitação	do	Evangelho	e	o	dom	
do	Espírito	exigem	uma	mudança	integral	do	homem	e	
uma	nova	cultura.	Porque	a	cultura	diz	respeito	ao	ho-
mem	em	sua	totalidade,	não	pode	permanecer	estranha	
à	 fé.	A	 cultura,	 ao	 acolher	 a	 Palavra,	 é	 julgada	pela	 fé	
que	a	coloca	em	uma	diferente	dimensão,	conferindo-a	
uma	função	profética.	Mas	a	fé	também	sofre	os	condi-
cionamentos	da	cultura,	pois,	ao	se	historicizar,	assume	
as	características	de	cultura	de	um	povo.	
Por cultura entendemos, aqui, o modo particular com o qual o ho-
mem, em um determinado povo, estabelece uma relação com a na-
tureza, com os seus semelhantes e com a divindade (GS nº. 53).
•	 O	plano	salvífico	de	Deus,	a	sua	palavra,	o	Verbo	eter-
no	chegaram	a	nós	pela	mediação	de	uma	realidade	
histórica	e	pela	 cultura	dos	povos	que	 fizeram	uma	
adesãode	 fé:	a	 cultura	hebraica,	oriental,	 greco-ro-
mana.
•	 Nesta	necessária	relação	cultura	e	fé	não	se	identifi-
cam,	mas,	juntas,	dão	origem	à	particular	experiência	
de	fé	de	uma	comunidade	cristã.	Entendemos	por	ex-
periência	de	fé	a	integração	respeitosa	do	Evangelho	
em	uma	existência	historicamente	determinada.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Diante do exposto, é importante ter em mente que a relação entre Igreja particu-
lar e cultura é inevitável. O surgimento de uma Igreja se dá, necessariamente, em 
uma cultura na qual ela deve se encarnar. Tal encarnação se exprimirá em uma 
espiritualidade, uma liturgia, uma disciplina e uma doutrina. Portanto, as diversi-
dades culturais são inevitáveis, legítimas e necessárias, desde que não impeçam 
que transpareça, na comunhão entre as diversas Igrejas, a fé apostólica comum 
e a solidariedade no amor. A fé em Cristo não exige do crente um abandono da 
própria cultura para adotar outra, mas exige que este purifique aquilo que, na 
própria cultura, não é compatível com o Evangelho. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Direito Canônico I240
2)	 Território: está	estritamente	 ligado	ao	 tema	da	cultura	
de	um	povo.	Em	uma	concepção	universalista	da	Igreja,	
o	território	pode	ser	considerado	apenas	como	o	critério	
ordinário	de	distinção	das	 Igrejas	particulares:	existe	o	
povo	de	Deus	que	 se	distingue	por	meio	de	um	crité-
rio	objetivo	e	seguro,	a	saber,	os	limites	territoriais,	que,	
normalmente,	 configuram,	 também,	 as	 circunscrições	
administrativas	dos	Estados.	Se	considerarmos	a	 Igreja	
como	a	manifestação	do	mistério	de	Cristo	em	um	deter-
minado	 lugar,	com	base	nos	elementos	 já	examinados,	
se	poderá	notar,	facilmente,	que	o	território	acaba	por	
assumir	um	significado	diferente,	ligado	à	cultura	de	um	
povo	e	à	sacramentalidade	de	uma	determinada	Igreja.
Como	você	pode	notar,	a	cultura	é	indissoluvelmente	ligada	
a	um	território.	A	índole	de	um	povo,	as	suas	capacidades	e	inclina-
ções,	a	sua	história	não	podem	ser	concebidas	fora	de	um	contexto	
geográfico:	a	cultura	greco-romana,	por	exemplo,	é	profundamen-
te	condicionada	pelo	mediterrâneo,	assim	como	a	anglo-saxão	é	
condicionada	pelos	 territórios	 e	pelo	 clima	da	 Europa	do	norte.	
Portanto,	se	a	cultura	contribui	para	determinar	a	 identidade	de	
uma	Igreja	particular,	o	território	não	pode	ser	considerado	como	
um	elemento	exterior	e	secundário,	útil,	somente,	para	estabele-
cer	a	distinção	entre	as	diversas	Igrejas	particulares.
Uma	relevância	maior	assume	o	território	na	Igreja	se	consi-
derarmos	o	elemento	sacramental.	A	comunidade	eclesial	é	cha-
mada	a	manifestar	a	superação	das	divisões	que,	desde	sempre,	
marcaram	a	história	da	humanidade.	Esta	unidade	pode	se	mani-
festar	em	sua	plenitude	no	âmbito	de	um	território,	seja	porque	o	
vínculo	com	o	território	afeta	a	todos,	seja	porque	está	em	condi-
ções	de	compreender	ou	abranger	a	multiplicidade	dos	carismas	
que	o	Espírito	suscita.
Todas	as	categorias	pessoais,	como,	por	exemplo,	a	raça,	a	
língua,	os	estratos	sociais,	o	sexo	e	a	idade,	trazem	consigo	o	pe-
rigo	da	unilateralidade	e	várias	limitações.	A	pastoral	pensada	por	
categorias	de	pessoas	pode	ter	somente	um	caráter	complemen-
Claretiano - Centro Universitário
241© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
tar.	É	por	isso	que	a	experiência	histórica	levou	a	Igreja	a	identifi-
car	e	a	delimitar	as	Igrejas	particulares	(e	as	paróquias)	tendo	por	
critério	o	território,	porque	ele	é	sinal	e	garantia	de	catolicidade.	
Diferentemente	dos	outros	critérios,	o	território	é	o	mais	objetivo	
e	preciso	de	todos	e	traz	consigo	a	necessidade	de	acolher	a	todos	
os	que	nele	habitam,	independentemente	da	condição	social,	eco-
nômica,	religiosa	ou	política,	sendo,	portanto,	uma	garantia	contra	
todo	e	qualquer	exclusivismo.	
A	Igreja	particular	sucumbiria	caso	se	contentasse	em	repro-
duzir,	no	próprio	seio,	as	divisões	humanas	de	ordem	cultural,	so-
cial	e	política,	sacramentando-as.	Portanto,	é	necessário	reconhe-
cer	que	o	território	é	um	modo	para	abrir-se	ao	universal,	embora	
isto	não	signifique	que	devamos	absolutizar	a	organização	eclesi-
ástica	partindo	de	tal	critério.	O	sentido	teológico	da	territorialida-
de	está	à	base	da	escolha	feita	pelo	legislador	ao	dividir	as	Igrejas	
particulares	usando	este	critério,	mas	possibilitando,	 também,	a	
utilização	de	outros,	como	a	língua	e	o	rito.
3)	 Rito:	Durante	o	Vaticano	II,	quando	se	buscou,	para	este	
problema,	uma	solução	coerente	com	a	eclesiologia	da	
LG,	não	faltaram	aqueles	que	levantaram	o	problema	da	
presença	de	jurisdições	diferentes	dentro	de	um	mesmo	
território.	As	posições	 contrastantes	dos	padres	orien-
tais	levaram	a	uma	solução	de	compromisso:	aceitou-se	
como	 irreversível	 a	 existência	 de	 dioceses	 rituais,	 em-
bora	sua	ereção	seja	vista	como	exceção	diante	de	uma	
necessidade	 (CD	 nº.	 23).	 Sobre	 isso	 nos	 diz	 o	 decreto	
Christus Dominus:
[...]	onde	haja	 fiéis	de	 rito	diverso,	o	Bispo	diocesano	proveja	às	
suas	necessidades	espirituais,	seja	por	sacerdotes	ou	paróquias	do	
mesmo	rito,	seja	por	Vigário	Episcopal	provido	das	necessárias	fa-
culdades	e,	se	 for	o	caso,	ainda	ornado	com	o	caráter	episcopal,	
seja	exercendo	pessoalmente	o	cargo	de	Ordinário	dos	diversos	ri-
tos.	E	se	tudo	isto	por	motivos	peculiares	não	for	viável,	a	juízo	da	
Santa	Sé,	constitua-se	Hierarquia	própria,	de	acordo	com	a	diversi-
dade	dos	ritos	(nº.	23).
4)	 Outros	motivos:	durante	os	trabalhos	de	revisão	do	CIC,	
valendo-se	de	um	texto	extraído	da	PO	nº.	10,	a	Comis-
© Direito Canônico I242
são	estabeleceu	a	possibilidade	de	 se	erigir	 peculiares	
dioceses	ou	prelazias	pessoais	para	 incardinar	os	pres-
bíteros	 (indo	de	encontro	à	 falta	de	clero	em	algumas	
regiões)	e	para	atuar	peculiares	iniciativas	pastorais	em	
favor	de	diversos	grupos	sociais	em	certas	regiões	ou	na-
ções	ou	em	todo	o	mundo.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A incardinação é um vínculo jurídico estável que cada clérigo tem com uma con-
creta porção do povo de Deus, para a ela dedicar-se (servir) sob a autoridade 
do Bispo diocesano (ou equivalente). Isso implica uma pertença a esta Igreja em 
nível jurídico, afetivo e espiritual e a obrigação do serviço ministerial. Dela se 
ocupam os cânones 265-272.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Formas e tipos de agregação de igrejas particulares (cânn. 368-
374)
A	Igreja	particular	é	uma	porção	do	povo	de	Deus	formada	à	
imagem	da	Igreja	universal,	ou	seja,	quando	nela	se	realizam	todos	
os	elementos	essenciais	da	 Igreja.	Portanto,	a	 Igreja	particular	é	
uma	comunidade	de	fiéis	reunida,	por	meio	do	Espírito	Santo,	pelo	
Evangelho	e	pela	Eucaristia,	ao	redor	e	por	meio	do	Bispo,	coadju-
vado	pelo	presbitério,	ao	qual	é	confiada	a	cura	pastoral	da	Igreja	
particular,	e	ao	qual	ela	adere.	Nela,	realiza-se	a	Igreja	de	Cristo,	
una,	santa,	católica	e	apostólica.
O	 próximo	 passo	 seria	 identificar,	 concretamente,	 aquelas	
comunidades	 de	 fiéis	 qualificadas	 de	 Igreja	 particular	 para,	 em	
seguida,	analisarmos	como	nelas	 se	articulam	o	princípio	comu-
nitário,	o	elemento	hierárquico	e	a	participação	orgânica	dos	fiéis	
na	edificação	da	Igreja	de	Cristo.	Adiantamos,	desde	já,	que	não	é	
qualquer	comunidade	de	fiéis	que	possui	o	status	de	Igreja	parti-
cular.	
O	cân.	368	elenca	quais	são	as	comunidades	de	fiéis	conside-
radas	Igrejas	particulares:	diocese,	prelazia	territorial,	abadia	ter-
ritorial,	vicariato	apostólico,	prefeitura	apostólica	e	administração	
apostólica	estavelmente	ereta.
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243© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Não será possível, aqui, explicitar cada conceito, mas na nota de roda pé do CIC 
atual o Pe. Jesus Hortal, ao comentar os cânn. 368-371, esclarece o significado 
de cada forma de Igreja particular contida no CIC. Caberá a você se interar do 
texto. Cf.Código de Direito Canônico. Promulgado por João Paulo II, Papa. São 
Paulo: Loyola, 1983, comentário aos cânn. 368-371. Temos, ainda, outras formas 
de Igrejas particulares não previstas pelo CIC atual, pois foram criadas depois 
da promulgação do código. É o caso, por exemplo, do ordinariato militar, das 
missões sui iuris, do ordinariato latino e da administração apostólica pessoal. 
É necessário esclarecer, logo de início, que entre as realidades assimiladas à 
diocese não há uma identidade, pois da assimilação não deriva a identidade 
ou igualdade. Assim, não é possível afirmar que, juridicamente, as tipologias de 
Igrejas particulares são iguais, caso contrário, não se falaria de assimilação ou 
equiparação, mas, sim, de identidade. Trata-se de uma equiparação formal, in 
iure, que, mesmo estando fundada em elementos substanciais, não coincide com 
estes, pois, se assim o fosse, não faria sentido tal equiparação. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
6. OS BISPOS EM GERAL (cânn. 375-380)
Agora,	iremos	examinar	a	configuração	jurídica	que	assume	
na	Igreja	este	ministério	fundamental	do	qual	se	ocupam	os	cânn.	
375-380	do	CIC	atual.	
Saiba	você	que	a	figura	do	Bispo	é	de	fundamental	 impor-
tância	para	a	compreensão	do	governo	da	Igreja,	tanto	em	âmbito	
universal	quanto	particular.	Muito	provavelmente,	em	sua	diocese	
há	um	Bispo	e,	sem	dúvida,	há	uma	razão	para	ele	estar	ali.	Por-
tanto,	neste	breve	estudo	que	agora	iniciamos,	você	terá	acesso	às	
principais	informações	que	envolvem	esta	figura.	
Origem e exercício do múnus episcopal (cân. 375) 
O	cân.	375	define	o	ofício	dos	Bispos	(§1)	individualizando	o	
seu	fundamento	e	a	sua	transmissão	(§2).
É clara a dependência do texto da constituição dogmática Lumen 
Gentium nº. 19-21, da nota explicativa prévia, nº. 2 e do decreto 
Christus Dominus, nº. 2 e nº. 11.
© Direito Canônico I244
A	figura	do	Bispo	é	determinada	pelos	seguintes	elementos:
1)	 na	condição	de	membro	do	Colégio	Episcopal,	o	Bispo	é	
sucessor	dos	apóstolos;
2)	 com	a	ordenação	episcopal	legítima,	o	Bispo,	juntamen-
te	com	a	graça	e	o	caráter	sacramental,	recebe	o	múnus 
episcopal	que	se	articula	nas	três	funções:
•	 ensinar;	
•	 santificar;
•	 governar.
3)	 por	 participar	 da	 potestade	 que	 é	 própria	 do	 Colégio	
Episcopal	 e	 para	 poder	 exercitá-la,	 o	 Bispo	 deve	 estar	
em	comunhão	com	a	"cabeça"	(o	Papa)	e	com	os	"mem-
bros"	do	Colégio	(os	Bispos);
4)	 ao	Bispo	em	comunhão	hierárquica,	o	Romano	Pontífice	
confia	 uma	 Igreja	 particular	 ou	 outro	 ofício,	mediante	
um	ato	 jurídico	chamado	missio canonica e,	assim,	ele	
exercita,	concretamente,	o	seu	tríplice	múnus,	recebido	
com	a	ordenação	legítima,	com	todos	os	poderes	a	ele	
anexos;	
5)	 o	Bispo	exercita	o	múnus episcopal	de	três	modos:
•	 singularmente,	como	Bispo	de	uma	Igreja	particular;	
•	 na	união	com	todos	os	Bispos	no	Colégio	Episcopal	a	
serviço	de	uma	união	de	Igrejas	particulares;	
•	 na	união	com	todos	os	Bispos	no	Colégio	Episcopal	a	
serviço	da	Igreja	universal.	
•	 Portanto,	o	Bispo,	como	membro	de	um	colégio,	com-
partilha	com	os	demais	Bispos	a	responsabilidade	da	
missão	de	toda	a	Igreja	dispersa	pelo	mundo	e,	nesta	
corresponsabilidade,	a	 Igreja	particular	está	unida	e	
representada	por	ele.	
6)	 ao	 Bispo,	 na	 diocese	 que	 a	 ele	 foi	 confiada,	 compete	
toda	a	potestade	ordinária,	própria,	imediata	que	é	ne-
cessária	para	o	exercício	de	seu	ofício	episcopal.	
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245© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
Com	a	ordenação	episcopal,	é	conferida	ao	Bispo	a	plenitude	
do	sacramento	da	ordem,	ou	seja,	o	vértice	do	ministério	sagrado.	
Com	a	mesma	ordenação	episcopal,	o	Bispo	recebe,	também,	os	
ofícios	(munera)	de	ensinar,	santificar	e	governar.	Ele	exercita	esses	
ofícios	de	modo	representativo,	ou	seja,	em	íntima	dependência	e	
em	nome	de	Cristo	cabeça	e	deve	operar	na	comunhão	hierárquica	
com	o	Papa	e	demais	Bispos.	O	Bispo	não	poderá	tomar	posse	da	
diocese	para	nela	exercitar	o	seu	múnus episcopal	se,	antes,	não	
tiver	recebido	a	ordenação	episcopal.
É,	sobretudo,	na	celebração	eucarística	que	o	Bispo	se	torna	
o	centro	focal	e	visível	da	comunhão	profunda	que	une	Cristo	e	to-
dos	os	membros	de	seu	corpo.	É,	sobretudo,	em	torno	do	mesmo	
altar	presidido	pelo	Bispo	circundado	pelo	seu	presbitério,	pelos	
ministros	e	pelo	povo	santo	de	Deus	que	se	há	a	mais	intensa	ma-
nifestação	do	mistério	da	Igreja	(SC	nº.	41).
tipologia: bispos diocesanos e bispos titulares (cân. 376)
A	tipologia	com	a	qual	o	legislador	configura	no	atual	orde-
namento	canônico	o	ofício	de	Bispo	distingue	os	Bispos	em	ape-
nas	dois	grupos:	diocesanos	e	titulares,	sendo	que	estes	últimos	
compreendem	os	coadjutores	e	os	auxiliares, a	respeito	dos	quais	
falaremos	mais	adiante.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A distinção possui uma origem histórica. De per si um Bispo é eleito e ordenado 
para uma Igreja particular determinada, onde exerce a sua cura pastoral. No 
entanto, do século 4º em diante, surgiram os Bispos titulares, ou seja, aqueles 
que não tinham a cura pastoral de uma diocese. No Concílio de Niceia, ficou 
estabelecido que os Bispos convertidos provenientes do novacionismo poderiam 
conservar o título e a dignidade episcopal, mas não o ofício de Bispo. Já na Idade 
Média, o sistema se difundiu com a existência de Bispos peregrinos e missioná-
rios que, na evangelização de regiões não cristãs, ainda não tinham uma sede 
e, portanto, exercitavam o próprio ministério dependendo de um Bispo diocesa-
no. A estes, juntaram-se os Bispos que perderam a própria sede devido ao fato 
de terem sido expulsos pelos mulçumanos do Oriente, da África e da Espanha 
(século 7º e 8º) pelos povos não cristãos da Letônia (século 13) e pelos Turcos 
da Palestina (século 13). Este grande grupo de Bispos sem sede episcopal foi 
acolhido pelos Bispos do Ocidente como auxiliares, mas não tinham mais uma 
sede própria. Com a morte deles, continuou-se a consagrar outros Bispos como 
© Direito Canônico I246
titulares daquelas sedes que não existiam mais, mesmo não sendo mais possível 
governá-las e nelas residir. Estes Bispos eram auxiliares dos Bispos das dioce-
ses do Ocidente. Normas específicas relativas a esses Bispos sem sede e sem 
povo foram emanadas pelos Concílios de Viena (1311) e de Trento (1551) para 
evitar abusos. Foi o Papa Leão XIII, na carta In suprema, de 10 de junho de 1882, 
que determinou que tais Bispos passassem a receber o nome de titulares, pois, 
na verdade, detinham apenas um título de algo inexistente. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os	Bispos	diocesanos,	antigamente	chamados	residenciais,	
são	aqueles	aos	quais	foi	confiado	o	cuidado	pastoral	de	uma	dio-
cese	e	possuem	sobre	ela	plena	jurisdição.
Os	Bispos	titulares	não	possuem	qualquer	jurisdição	sobre	a	
Igreja	da	qual	possuem	o	título,	mas	mantêm	os	direitos,	os	privilé-
gios	e	as	obrigações	próprias	da	ordem	episcopal.	Como	membros	
do	Colégio	dos	Bispos,	têm	o	direito	e	o	dever	de	participar	do	con-
cílio	ecumênico	com	voto	deliberativo	(cân.	339	§1)	e	pertencem	à	
Conferência	Episcopal	do	território	onde	exercitam	qualquer	cargo	
a	eles	confiado	pela	Santa	Sé	ou	pela	mesma	Conferência	Episco-
pal	(cân.	450	§1).	
Convém	observar	que	os	Bispos	coadjutores	possuem	o	títu-
lo	da	sede	na	qual	deverão	suceder;	os	eméritos	mantêm	o	título	
da	 diocese	 em	 que	 foram	 Bispos	 diocesanos;	 os	 auxiliares	 pos-
suem	o	título	de	uma	diocese	extinta.	
A	categoria	de	"Bispo	titular"	surgiu	no	ordenamento	canô-
nico	 para	 resolver	 problemas	 históricos	 contingentes,	 como	 há	
pouco	indicado,	mas	acabou	se	firmando	no	tempo,	não	obstante	
algumas	dificuldades	que	nem	mesmo	o	Concílio	Vaticano	II	con-
seguiu	superar.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Se, de um lado, a possibilidade de suprir os Bispos não residentes, anciãos ou 
enfermos, parecia justificar a nomeação de Bispos titulares, de outro, estapráxis 
constitui uma espécie de derroga daquele princípio de unidade recordado por 
Santo Inácio de Antioquia e reafirmado pelos concílios, com o risco de compro-
meter a sacramentalidade da Igreja (ter um corpo com mais de uma cabeça). As 
dificuldades aumentaram quando se difundiu a práxis da consagração episcopal 
não por necessidades pastorais, mas, apenas, por título honorífico. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
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247© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
Durante	o	Concílio	Vaticano	II,	alguns	princípios	foram	escla-
recidos	e	serviram	para	disciplinar	melhor	uma	práxis	já	consolida-
da.	A	redescoberta	das	funções	próprias	do	Colégio	dos	Bispos	e	a	
afirmação	de	uma	potestas	conferida	com	a	consagração	episcopal	
permitiram	resolver	o	problema	das	funções	dos	Bispos	titulares	e	
da	sua	participação	nos	concílios.
a designação dos bispos (cân. 377) 
Um	dos	problemas	mais	delicados	da	vida	da	 Igreja	e	que	
não	encontrou	no	Concílio	Vaticano	II	uma	válida	solução,	coeren-
te	com	a	eclesiologia	de	comunhão	e	com	a	afirmação	da	corres-
ponsabilidade	de	 todo	o	povo	de	Deus,	é	aquele	da	designação	
dos	Bispos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O debate teve como objeto a liberdade da Igreja na escolha dos Bispos diante de 
qualquer forma de ingerência política. Não faltaram, porém, os que chamaram 
a atenção para a antiga disciplina da Igreja, atentando para a importância de se 
estabelecer uma normativa mais coerente com a tradição e com os princípios 
afirmados pela LG.
Convém citar que a designação e a nomeação dos Bispos sempre se revestiram 
de uma importância fundamental para a determinação do sistema de governo na 
Igreja e, por esta razão, sempre estiveram condicionadas pela concepção ecle-
siológica prevalente em um determinado momento histórico. De fato, a escolha 
de um Bispo constitui um fator de identidade para a Igreja particular para a qual 
ele é preposto, mas, também, é um evento que interessa de muito perto às outras 
Igrejas particulares e à Igreja universal, pois todos e cada um dos Bispos são 
garantidores da unidade de toda a Igreja. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No	 sistema	próprio	 da	 Igreja	 latina,	 a	 nomeação	 do	 Bispo	
cabe	ao	Papa,	como,	também,	a	confirmação	daqueles	que	foram	
legitimamente	eleitos	(cân.	377	§1).	Para	a	indicação	do	candidato,	
é	prevista	a	formação	de	listas	com	os	seus	nomes,	que	podem	ser	
apresentadas	por	cada	Bispo,	pelos	Bispos	da	província	eclesiásti-
ca	ou	da	Conferência	Episcopal	(cân.	377	§2).	Na	escolha	dos	no-
mes	que	formarão	a	terna	dos	candidatos	para	uma	determinada	
sede,	é	 fundamental	o	papel	do	 legado	pontifício.	Ele	deve	con-
sultar	o	Metropolita	e	os	sufragâneos,	alguns	membros	do	colégio	
© Direito Canônico I248
dos	consultores	e	do	capítulo	catedral	e,	facultativamente,	a	ou-
tros	do	clero	secular	e	religioso,	como,	também,	leigos	eminentes	
em	sabedoria	(cân.	377	§3).
Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Na Igreja, não existe um único sistema para a designação dos Bispos. Vimos, 
anteriormente, aquele utilizado na Igreja latina. Temos, também, outros sistemas:
1) Sistema próprio das Igrejas Orientais Católicas: o procedimento é estabele-
cido no CCEO cânn. 63-67 (para a eleição dos patriarcas) e 180-189 (para a 
eleição dos Bispos). Nesta legislação, permanece a tradição eletiva. Os lei-
gos não participam à eleição do patriarca e dos Bispos das Igrejas patriarcais. 
Quanto à eleição dos Bispos, o cân. 182 §1 estabelece que alguns presbíte-
ros, como também alguns leigos, distintos por prudência e vida cristã, podem 
ser escutados singularmente e em segredo. A eleição dos Bispos, porém, é 
de competência dos próprios Bispos, mas requer um bom testemunho do 
povo de Deus sobre os candidatos (Concílio de Laodicea, século 4º). 
2) Sistema estipulado em concordatas ou acordos análogos: neste sistema, há 
a possibilidade de intervenção da autoridade civil (por razões que não vêem 
ao caso aqui), que poderá ocorrer de diversas maneiras: como privilégio de 
apresentação do candidato; como notificação prévia do candidato à autori-
dade civil antes da nomeação, para que possam ser apresentadas eventuais 
objeções de ordem política por parte do governo; como notificação posterior 
do Bispo nomeado à autoridade civil.
3) Sistema das circunscrições eclesiásticas confiadas a institutos missionários: 
em determinados territórios de missão confiados aos cuidados de institutos 
missionários, os superiores gerais possuem a faculdade de propor candida-
tos do próprio instituto para o episcopado.
4) Sistema de eleição por parte dos capítulos catedrais: é o caso em que o Bis-
po é escolhido ou indicado pelos cônegos. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	existência	destes	diversos	 sistemas	demonstra	que	a	es-
colha	 dos	 candidatos	 ao	 episcopado	 é	 uma	 questão	 ao	mesmo	
tempo	teológica,	 jurídica	e	pastoral.	Os	três	aspectos	devem	ser	
considerados	contemporaneamente	e	não	podemos	deixar	de	ter	
presente	dois	princípios	basilares	do	Concílio	Vaticano	II:	o	signifi-
cado	das	Igrejas	particulares	e	a	corresponsabilidade	de	todos	na	
edificação	da	Igreja.	O	ato	constitutivo	do	novo	bispo	permanece,	
porém,	a	ordenação	episcopal,	função	exclusiva	dos	Bispos.
O	§4	do	cân.	377	ocupa-se	da	nomeação	dos	Bispos	auxilia-
res:	 salvo	 legítima	determinação	 em	 contrário,	 o	 Bispo	 diocesa-
no	que	julgue	ser	necessário	dar	à	sua	diocese	um	auxiliar	pode	
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249© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
propor	à	Santa	Sé	uma	lista	de,	pelo	menos,	três	presbíteros	mais	
idôneos	para	a	função.
Já	no	§5,	é	reafirmado	o	princípio	fixado	pelo	Concílio	Vati-
cano	II	a	respeito	da	liberdade	da	Igreja	na	nomeação	dos	Bispos	
diante	de	qualquer	forma	de	ingerência	política	(CD20).	
Outros aspectos relevantes da normativa (cânn. 378-380)
O	CIC	atual,	em	continuidade	com	a	tradição,	determina,	no	
cân.	378	§1,	as	qualidades	que	são	necessárias	para	um	candidato	
ao	episcopado.	A	recomendação	contida	na	primeira	carta	a	Timó-
teo	(5,22)	e	as	qualidades	exigidas	por	esta	mesma	carta	para	aque-
les	que	devem	assumir	a	função	de	pastores	da	comunidade	(3,2-7)	
sempre	foram	reafirmadas	ao	longo	dos	séculos	e	propostas,	tam-
bém,	com	as	devidas	adaptações,	em	uma	fórmula	jurídica.
A	primeira	qualidade	é	a	fé	sólida,	pois	o	Bispo	deve	confir-
mar	os	irmãos	na	fé	(At	21,	16;	1Ts	3,2),	juntamente	com	todas	as	
outras	virtudes	e	dotes	indicados	pelo	legislador.	A	idade	mínima	é	
de	35	anos,	porque	é	necessária	uma	suficiente	experiência	pasto-
ral.	Além	disso,	devem-se	levar	em	conta	a	preparação	intelectual,	
as	qualidades	pastorais	e	as	aptidões	para	o	governo,	cabendo	o	
juízo	definitivo	sobre	a	idoneidade	do	candidato	à	Santa	Sé.	
Designada	a	pessoa	para	o	episcopado,	procede-se	à	sua	ins-
tituição	canônica	mediante	uma	carta	apostólica	ou	bula	pontifícia	
(cân.	379).	Com	a	aceitação	da	 carta	de	nomeação,	 recebe-se	o	
ofício,	mas,	antes	de	tomar	posse	dele,	o	candidato	deve	ser	or-
denado	Bispo	dentro	de	três	meses	após	o	recebimento	da	carta.	
Conforme	a	norma	do	cân.	380,	antes	de	tomar	posse	do	ofício,	o	
promovido	ao	episcopado	deve,	diante	do	delegado	da	Sé	Apostó-
lica,	emitir	a	profissão	de	fé	e	prestar	o	juramento	de	fidelidade	à	
Sé	Apostólica	(cân.	833,	3º).
© Direito Canônico I250
7. Os bispOs diOCesanOs, COadjutOres e auXi-
Liares
Como	dissemos	anteriormente,	de	um	ponto	de	vista	 jurí-
dico,	 os	Bispos	distinguem-se	em	diocesanos	e	 titulares.	Os	pri-
meiros,	antigamente	chamados	residenciais,	são	aqueles	aos	quais	
foi	confiado	o	cuidado	pastoral	de	uma	diocese.	Deles	se	ocupam	
os	cânn.	381-402.	Os	segundos	são	todos	os	demais	e,	em	geral,	
dividem-se	em	dois	grupos:	coadjutores	e	auxiliares.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nos cânones 381-402, você encontrará uma série de informações sobre a potes-
tade, a posse,os deveres, os direitos e a perda do ofício dos Bispos diocesanos. 
Para maior compreensão desses cânones, sugerimos que você leia: FELICIANI, 
G. As bases do direito da Igreja. Comentários ao Código de Direito Canônico. 
São Paulo: Paulinas, 1994, p. 117-121; GHIRLANDA, G. O direito na Igreja, mis-
tério de comunhão. Compêndio de Direito Eclesial. Aparecida: Santuário, 2003, 
p.604-618. De maneira mais sucinta, você pode recorrer, também, a um dicioná-
rio. Veja, por exemplo, CORRAL SALVADOR, C.; URTEAGA EMBIL, J. M. (Org.). 
Dicionário de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 1993, p. 97-98. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Dos	 Bispos	 coadjutores	 e	 auxiliares,	 ocupam-se	 os	 cânn.	
403-411.	 Na	 leitura	 dos	 cânones,	 você	 perceberá	 os	 elementos	
que	distinguem	as	funções	do	Bispo	coadjutor	e	do	Bispo	auxiliar.	
Para	ajudá-lo	na	leitura,	tenha	presente	a	bibliografia	indicada.	Ve-
jamos,	então,	a	normativa	relativa	a	cada	um	deles.
O Bispo diocesano (cânn. 381-402) 
O	adjetivo	"diocesano",	querido	pelo	Concílio	Vaticano	II	em	
substituição	ao	adjetivo	"residencial",	serve	para	especificar	me-
lhor	a	tipologia	do	Bispo	ao	qual	é	confiada	a	cura	pastoral	de	uma	
diocese.	A	equiparação	entre	a	diocese	e	as	outras	Igrejas	particu-
lares	implica	a	equiparação	entre	o	Bispo	diocesano	e	aqueles	que	
guiam	tais	comunidades	de	fiéis	(cân.	381	§2),	a	menos	que	não	
resulte	diversamente	da	natureza	das	coisas	ou	das	prescrições	do	
direito.	
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251© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
a potestade do bispo diocesano (cân. 381)
O	 princípio	 estabelecido	 pelo	 cân.	 381	 §1	 é	 fundamental	
para	que	se	compreenda	o	ofício	do	Bispo	diocesano	tal	como	foi	
delineado	pelo	Concílio	Vaticano	II.	O	legislador,	distinguindo	en-
tre munus	e	potestas,	fala	da	potestade	do	Bispo,	ou	seja,	do	livre	
exercício	do	seu	poder	na	 Igreja	particular,	enumerando	as	 suas	
características	e	determinando	a	sua	extensão	e	os	seus	limites.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Durante o desenvolvimento do Concílio, desde as primeiras discussões, se fazia 
notar que, na normativa vigente naquela época, o Bispo não era considerado um 
pastor próprio e ordinário de seu povo. Na verdade, na maioria dos casos, estava 
obrigado a se dirigir à Santa Sé para obter as faculdades necessárias para o 
exercício do seu ministério e, neste sentido, parecia ser um simples delegado 
ou vigário do Papa. Por isso, o Concílio decidiu intervir para esclarecer, logo de 
início, que os Bispos possuem uma potestade muito mais ampla no exercício do 
ministério. Dessa forma, o Concílio modificou profundamente a situação exis-
tente: enquanto em Trento e no CIC de 1917 vigorava a regra da concessão, ou 
seja, o Bispo só detinha aquela potestade que lhe foi concedida pelo Romano 
Pontífice, agora, com a eclesiologia da LG, se afirmava o princípio da reserva, ou 
seja, o Bispo possui uma potestade ordinária, própria e imediata exigida para o 
exercício de seu ofício pastoral, com exceção das causas reservadas ao Roma-
no Pontífice. Portanto, o Bispo diocesano rege a diocese não como um vigário 
do Papa (LG 27; CD 8), pois possui toda a potestade necessária para o exercício 
do próprio ofício. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Quanto	às	características,	a	potestade	do	Bispo	diocesano	é:	
•	 Ordinária:	anexa	a	um	ofício	e	não	delegada,	pois	vem	de	
Deus,	sendo	o	Papa	apenas	um	mediador	para	o	seu	exer-
cício.
•	 Própria:	exercitada	em	nome	próprio	e	não	em	nome	de	
outros,	 como	acontece,	por	exemplo,	no	 caso	daqueles	
que	regem	uma	Igreja	particular	em	nome	do	Papa	e,	por-
tanto,	com	potestade	vicária.	O	Bispo	diocesano	não	é	um	
vigário	 do	Papa,	mas	 sim	de	Cristo	 (LG	27).	 Portanto,	 a	
potestade	vem	de	Cristo	e	não	do	Papa.	
•	 Imediata:	significa	que	é	exercitada	diretamente	sobre	os	
fiéis	 sem	a	necessidade	de	 intermediários,	 salva	a	 justa	
autonomia	de	vida	dos	IVC	e	SVA	(cân.	586).
© Direito Canônico I252
Quanto	à	extensão,	o	legislador	afirma	que	ao	Bispo	compe-
te	toda	a	potestade	exigida	para	o	exercício	do	seu	ofício	pastoral.	
É	uma	potestade	total.	A	totalidade	deriva	da	ordenação	episcopal	
que	confere	a	plenitude	do	múnus	episcopal.	Acolhendo	este	prin-
cípio,	o	legislador	realiza	uma	importante	mudança	em	relação	à	
legislação	precedente,	passando	do	sistema	das	faculdades	conce-
didas	para	o	sistema	das	reservas.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Como afirmamos, o CIC de 1917, acolhendo a orientação do Concílio de Trento 
e da doutrina sucessiva, fazia com que a potestade do Bispo derivasse do Papa 
e, por esta razão, aos Bispos competiam, apenas, aquelas faculdades a eles 
concedidas para o exercício do próprio ministério. Não lhes era permitido dis-
pensar das leis universais da Igreja, a não ser que tal potestade lhes tivesse sido 
concedida (CIC de 1917, cânn. 81 e 336 §1). 
Tendo por base o novo princípio enunciado pelo cân. 381 §1, a situação do Bispo 
diocesano mudou completamente, pois a ele compete "toda a potestade". Con-
sequentemente, o Bispo, no exercício de sua potestade, pode dispensar das leis 
disciplinares da Igreja, em conformidade com as normas previstas pelos cânn. 
85-93.
O fato de ter uma potestade total, não significa que ela seja ilimitada. O Bispo 
é obrigado a respeitar o direito divino e natural, como, também, os direitos dos 
fiéis. Além disso, é obrigado a exercitar a sua potestade em comunhão hierár-
quica com a cabeça e os membros do Colégio Episcopal (cân. 375 §1) e, ainda, 
somente sobre a porção do povo de Deus que lhe foi confiada (LG nº. 23b; CD 
nº. 8ª). 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	cân.	381	§1	acrescenta	que	a	potestade	do	Bispo	também	
é	limitada	por	aquelas	causas	que	o	direito	ou	um	decreto	do	Ro-
mano	Pontífice	reservaram	à	Santa	Sé	ou	a	uma	outra	autoridade	
eclesiástica	(sistema	de	reservas).	
Apenas para exemplificar, é reservada ao Papa a dispensa do ce-
libato sacerdotal (cân. 291), a dispensa dos impedimentos de or-
dem e de voto público perpétuo de castidade para quem quisesse 
contrair matrimônio (cân. 1078 §2). Há, ainda, as competências 
das Conferências Episcopais previstas pelo direito. Portanto, a 
competência do Bispo permanece íntegra em todos os casos em 
que uma determinada matéria não é reservada à Santa Sé ou a 
outra autoridade eclesiástica. 
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253© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
Quanto	ao	objeto	da	potestade	do	Bispo	diocesano,	compe-
te	a	ele	governar	a	Igreja	particular	que	lhe	fora	confiada	com	po-
testade	legislativa,	executiva	e	judiciária,	à	norma	do	direito	(cân.	
391).	A	potestade	legislativa	a	exercita	pessoalmente	e	não	pode	
ser	validamente	delegada;	aquela	executiva	e	judiciária	pode	ser	
exercitada	pessoalmente	ou	por	meio	de	outros.
Podemos	concluir	este	número	afirmando	que	a	normativa	
sobre	a	potestade	do	Bispo	diocesano	nos	revela	que	o	legislador	
reconhece	à	 Igreja	particular	uma	 justa	autonomia,	 fundada	 so-
bre	a	sua	natureza	e	sobre	o	reconhecimento	do	poder	normativo	
do	Bispo.	A	Igreja	particular	pode,	portanto,	ter	um	ordenamento	
jurídico	próprio,	não	 independente	e	 soberano,	mas	em	 relação	
direta	de	comunhão	com	o	ordenamento	da	Igreja	universal.	
a tomada de posse (cân. 382) 
O	Bispo	começa	a	exercitar	livremente	o	seu	ofício	com	a	to-
mada	de	posse	canônica	da	diocese.	Com	este	ato,	a	diocese	deixa	
de	estar	vacante	e	cessa	o	ofício	do	administrador	diocesano	(cân.	
430	§1).	
De	acordo	com	o	cân.	382	§1,	o	Bispo	não	pode	se	ingerir	no	
exercício	do	ofício	que	lhe	foi	confiado	antes	da	tomada	de	posse.	
Todavia,	pode	exercitar	os	ofícios	que	já	tinha	na	diocese	no	tempo	
da	promoção,	salva	a	prescrição	do	cân.	409	§2.	
 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Este reenvio cobre as hipóteses de maior relevância: a) se o Bispo promovido já 
era coadjutor e já tinha tomado posse legítimado seu ofício, torna-se, imediata-
mente, Bispo da diocese para a qual foi constituído; b) se o Bispo promovido era 
Bispo auxiliar, conserva, então, as faculdades que possuía como vigário geral ou 
como vigário episcopal; c) se o Bispo promovido era Bispo auxiliar, mas não foi 
designado para o ofício de Administrador apostólico ou Administrador diocesano, 
pode exercitar as faculdades que lhe forem conferidas pelo direito sob a autori-
dade do Administrador. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	Bispo	toma	posse	ao	apresentar	na	diocese	os	documen-
tos	apostólicos,	pessoalmente	ou	por	procurador,	ao	colégio	dos	
© Direito Canônico I254
consultores	e	na	presença	do	chanceler	da	cúria,	o	qual	deve	ela-
borar	uma	ata	a	respeito	do	fato.	Em	geral,	isso	é	feito	na	catedral,	
na	presença	do	clero	e	do	povo,	mediante	a	realização	dos	ritos	
litúrgicos	indicados	no	Cerimonial	dos	Bispos.	A	tomada	de	posse	
deve	ocorrer	dentro	de	quatro	meses	após	a	nomeação	se	ainda	
não	é	consagrado	Bispo,	ou,	então,	dentro	de	dois	meses	se	já	ha-
via	recebido	a	consagração	episcopal	(cân.	382	§2).	
Com	a	tomada	de	posse,	torna-se	pleno	e	definitivo	o	vín-
culo	entre	o	Bispo	e	a	diocese	mediante	o	ofício.	Cabe	ao	Bispo	
exercitar	o	múnus e	a	potestade	que	lhe	foram	conferidas	sobre	a	
porção	do	povo	de	Deus	a	ele	confiada.	Ao	tomar	posse,	o	Bispo	
torna-se	o	 representante	 legal	da	diocese	em	todos	os	negócios	
que	a	tocam	(cân.	393).
O ministério pastoral do bispo (cânn. 383-398) 
O	Bispo,	com	a	tomada	de	posse,	assume	plenamente	o	seu	
ofício	pastoral,	sendo	o	responsável	direto	e	maior	pelo	povo	con-
fiado	à	sua	cura.	Um	povo	que	ele	deve	conhecer	na	diversidade	
das	condições	e	na	variedade	dos	carismas	e	dos	ministérios	e	que	
dele	espera	a	devida	solicitude	pastoral.
O	ministério	do	Bispo	é	determinado	em	relação	às	diversas	
vocações	dos	membros	do	povo	de	Deus.	Como	pastor,	cabe	a	ele	
aprofundar	e	desenvolver	as	relações	com	todos	os	fiéis	(cân.	383),	
em	primeiro	lugar	com	os	presbíteros,	que	são	seus	colaboradores	
e	conselheiros	(cân.	384),	com	os	consagrados	e	com	os	fiéis	leigos	
(cân.	385).	Além	disso,	o	Bispo	é	o	responsável	direto	pela	evange-
lização	dos	afastados	e	daqueles	que	ainda	não	creem	no	Cristo,	
devendo,	portanto,	dirigir	e	coordenar	a	atividade	missionária	da	
diocese.	
O	Bispo	 exercita	 na	diocese	 a	 ele	 confiada,	 os	 três	múnus 
recebidos	com	a	ordenação	episcopal:
1)	 Munus docendi (cân. 386): os	Bispos	que	estão	em	comu-
nhão	com	a	"cabeça"	e	com	os	"membros"	do	Colégio,	
Claretiano - Centro Universitário
255© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
quer	 individualmente,	 quer	 reunidos	 nas	 Conferências	
Episcopais	ou	nos	concílios	particulares,	são	autênticos	
doutores	e	mestres	da	fé	para	os	fiéis	confiados	a	seus	
cuidados	(cân.	753).	Portanto,	o	Bispo	diocesano	é	mes-
tre	da	doutrina	e,	mesmo	não	gozando	da	infalibilidade	
em	 seu	 ensinamento,	 exercita	 o	 magistério	 autêntico	
para	os	fiéis	que	lhe	foram	confiados.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As expressões utilizadas pelo legislador permitem-nos compreender a tarefa es-
pecífica do Bispo na função de ensinar que Cristo conferiu à Igreja: existe um 
ensinamento "doutrinal" que cabe aos fiéis em geral (pais, catequistas, espertos 
nas diversas disciplinas teológicas etc.) e existe um ensinamento "autêntico" que 
compete aos Bispos. Assim, o legislador de um lado recomenda aos Bispos re-
conhecerem aos fiéis a justa liberdade para aprofundar as verdades reveladas, 
mas, de outro lado, recorda aos fiéis que os Bispos são os autênticos doutores 
e mestres da fé. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	cân.	386	indica	com	clareza	quais	são	os	deveres	que	
derivam	desta	sua	função	magisterial:	propor	e	explicar	
aos	fiéis	as	verdades	que	devem	crer	e	aplicar	aos	cos-
tumes,	especialmente,	mediante	a	pregação	frequente;	
defender	a	Palavra	de	Deus,	aplicando	os	cânones	rela-
tivos	ao	ministério	da	palavra,	homilia	e	catequese;	de-
fender	com	firmeza	a	integridade	da	fé,	reconhecendo,	
porém,	a	justa	liberdade	na	investigação	mais	profunda	
da	verdade.	É	sua	obrigação	e	direito	vigiar	sobre	a	for-
mação	religiosa	e	teológica	dos	seminários.	É	seu	dever	
promover	o	conhecimento	da	vida	consagrada	e	a	 for-
mação	dos	leigos.	Na	missão	de	ensinar,	que	não	pode	
ser	delegada	a	outros,	o	Bispo	deve	valer-se	da	contri-
buição	do	presbitério,	dos	fiéis	consagrados,	dos	leigos	
e,	também,	dos	teólogos.
2)	 Munus sanctificandi	(387-390): os	Bispos	como	grandes	
sacerdotes,	 principais	 dispensadores	 dos	 mistérios	 de	
Deus,	moderadores,	promotores	e	guardiães	de	toda	a	
vida	litúrgica	na	Igreja	que	lhes	foi	confiada	(cân.	835	§1)	
são	os	principais	responsáveis	pela	função	de	santificar	
que	na	Igreja	é	realizada,	especialmente,	na	sagrada	li-
turgia	(cân.	834).	O	cân.	839	§1	recorda,	ainda,	que	tal	
© Direito Canônico I256
função	também	se	realiza	com	outros	meios,	seja	com	
orações,	 com	 as	 quais	 roga	 a	 Deus	 que	 os	 fiéis	 sejam	
santificados	na	 verdade,	 seja	 com	obras	de	penitência	
e	caridade,	que	muito	ajudam	a	enraizar	e	fortalecer	o	
Reino	de	Cristo	nas	almas	e	concorrem	para	a	salvação	
do	mundo.	
Tendo	por	base	os	cânones	anteriormente	citados,	o	le-
gislador	no	cân.	387	impõe	ao	Bispo	dois	deveres	radica-
dos	na	sua	função	de	sacerdote	santificador.	
Primeiro	consiste	em	procurar	levar	uma	vida	santa,	na	
caridade,	na	humildade	e	na	 simplicidade,	 empenhan-
do-se	em	promover	a	santidade	dos	fiéis	de	acordo	com	
a	vocação	própria	de	cada	um.	
Segundo,	deriva	do	fato	de	ser	um	sacerdote	e,	portan-
to,	dispensador	dos	mistérios	de	Deus:	da	Eucaristia,	aci-
ma	de	tudo,	mas,	também,	dos	sacramentos.
Portanto,	é	função	do	Bispo	promover	a	celebração	dos	
sacramentos	(especialmente	da	Eucaristia)	e	dos	outros	
atos	de	culto.	Além	disso,	é	obrigado	a	celebrar	a	missa	
pelo	povo	que	lhe	foi	confiado	em	todos	os	domingos	e	
nas	outras	festas	de	preceito	em	sua	região	(cân.	388).	
Tem	a	obrigação	de	prover	a	fim	de	que	nas	comunida-
des	da	 Igreja	particular	os	 fiéis	 tenham	a	possibilidade	
de	 ter	 acesso	 à	 Eucaristia,	 especialmente,	 aos	 domin-
gos.	Cabe	ao	Bispo	favorecer	e	desenvolver	na	própria	
diocese	a	consciência	litúrgica,	a	vida	litúrgica,	a	oração,	
valorizando	 adequadamente	 a	 religiosidade	 popular.	
Contudo,	o	Bispo	não	pode	celebrar	funções	pontificais	
fora	da	própria	diocese,	sem	o	consentimento	expresso,	
ou,	pelo	menos,	razoavelmente	presumido,	do	Ordinário	
local	(cân.	390).
3)	 Munus regendi	 (391-398):	 pela	 própria	 consagração	
episcopal,	os	Bispos	recebem,	com	o	múnus	de	santifi-
car,	o	múnus	de	ensinar	e	de	governar	(cân.	375	§2),	por	
isso	 são,	 também,	ministros	 do	 governo	 (cân.	 375	 §1)	
na	 Igreja	particular	a	eles	 confiada	e,	 juntamente	com	
os	Bispos	do	Colégio	Episcopal,	na	 Igreja	universal.	Na	
Igreja	particular,	o	Bispo	exercita	a	potestade	de	governo	
Claretiano - Centro Universitário
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pessoalmente	e	com	a	ajuda	dos	colaboradores	nas	suas	
três	funções:	legislativa,	executiva	e	judiciária	(cân.	391).	
O	cân.	391	exige	um	aprofundamento	sobre	as	funções	legis-
lativa,	executiva	e	judiciária:
A	potestade legislativa	 comporta	 a	 promulgação	 das	 nor-
mas	necessárias	para	a	vida	da	diocese,	que	constituem	o	direi-
to	 particular	 diocesano.	O	 novo	 CIC	 reservou	 um	amplo	 espaço	
para	o	direito	particular	e,	portanto,	o	Bispo	deve	exercitar	o	seu	
poder	legislativo	pessoalmente	(não	se	admite	delegação	aqui)	e	
nos	limites	previstos	pelo	direito,	pois,	à	norma	do	cân.	135	§1,	o	
legislador	 inferior	não	pode	emanar,	validamente,	 leis	contrárias	
ao	direito	superior.
A potestade executiva	 (administrativa)	 comporta	 o	 exer-
cício	da	autoridade	para	um	ordenado	desenvolvimento	da	vida	
da	 Igreja	 particular:	 o	 discernimento	 dos	 carismas;	 a	 nomeação	
dos	titulares	dos	diversos	ofícios;	a	organização	e	a	coordenaçãodas	 atividades	 promovidas	 pelos	 diversos	 sujeitos	 (pessoas	 físi-
cas,	pessoas	jurídicas,	institutos	de	vida	consagrada,	associações,	
movimentos)	no	respeito	à	legítima	autonomia	de	cada	um,	mas,	
também,	na	consciência	de	dever	promover	a	comunhão	entre	to-
dos	os	membros	do	povo	de	Deus	confiados	à	sua	cura;	a	vigilância	
sobre	a	administração	dos	bens	eclesiásticos;	os	atos	administrati-
vos	singulares;	etc.
O poder	executivo	pode	ser	exercitado	pelo	Bispo	pessoal-
mente,	pelo	Vigário	geral,	pelos	Vigários	episcopais,	pelos	outros	
titulares	dos	ofícios	da	cúria	diocesana	e	pelas	pessoas	que	rece-
berem	tal	potestade	por	delegação	à	norma	do	cân.	137.
O poder judiciário	 comporta	a	 tutela	dos	direitos	dos	 fiéis	
e	da	comunidade,	em	conformidade	com	as	normas	fixadas	pelo	
livro VII	do	CIC.	O	Bispo	pode	exercitar	 tal	poder	pessoalmente,	
mas,	em	geral,	o	faz	por	intermédio	do	Vigário	judicial	e	dos	juízes	
eclesiásticos,	em	conformidade	com	o	direito.	
© Direito Canônico I258
Dessa	maneira,	como	Pastor	e	guia	do	povo,	o	Bispo	diocesa-
no	é	chamado	a	governar	e,	portanto,	a	colocar	atos	com	os	quais	
se	concretiza	a	função	de	governo. Possui	o	direito	e	o	dever	de	
governar	a	própria	diocese	com	potestade	legislativa,	executiva	e	
judiciária,	devendo	promover	a	disciplina	comum	(cân.	392),	favo-
recer	e	coordenar	as	diversas	formas	de	apostolado	(394).	
Obrigações jurídicas particulares
1)	 Ofício	de	 representante	da	diocese	 (cân.	393):	 	O	cân.	
393	estabelece	o	 seguinte	princípio:	 "Em	 todos	os	ne-
gócios	 jurídicos	da	diocese,	o	Bispo	diocesano	a	repre-
senta".	Trata-se	de	um	novo	cânon	que	aplica	à	diocese,	
enquanto	pessoa	jurídica,	o	princípio	geral	estabelecido	
pelo	cân.	118:	
Representam	a	pessoa	jurídica	pública,	agindo	em	seu	nome,	aque-
les	a	quem	é	reconhecida	essa	competência	pelo	direito	universal	
ou	particular	ou	pelos	próprios	estatutos;	e	a	pessoa	jurídica	priva-
da,	aqueles	a	quem	é	conferida	essa	competência	pelos	estatutos.
Convém	observar	que	no	âmbito	de	uma	diocese	há	vá-
rias	pessoas	jurídicas	(as	paróquias,	o	seminário	etc.).	O	
Bispo,	 canonicamente,	 não	 é	 o	 representante	 legal	 de	
tais	pessoas,	a	não	ser	nas	condições	indicadas	pelo	cân.	
1480.
2)	 O	 dever	 de	 residência	 (cân.	 395):	 a	 norma	que	obriga	
o	Bispo	a	 residir	na	diocese	é	muito	antiga	na	discipli-
na	eclesiástica.	O	Bispo	diocesano	possui	obrigação	de	
residir	 	pessoalmente	no	 local	onde	recebeu	a	missão,	
podendo	ausentar-se	nos	casos	previstos	pelo	cân.	395:	
visita	ad limina,	participação	nos	concílios,	sínodos,	as-
sembleias	da	Conferência	Episcopal	diocese	a	ele	confia-
da	(mesmo	que	tenha	coadjutor	ou	auxiliar),	pois	deve	
exercitar;	 participação	 em	outros	 ofícios	 que	 legitima-
mente	lhe	foram	confiados.	Pode	ausentar-se,	por	uma	
justa	causa	(mas	não	por	mais	de	um	mês),	contanto	que	
se	 assegure	 que	 a	 diocese	 não	 fique	 prejudicada	 com	
isso.	 As	 ausências	 ilegítimas	 podem	 ser	 punidas	 com	
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259© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
uma	pena	(cân.	1396).	Cabe	ao	Metropolita	informar	à	
Santa	Sé	a	ausência	ilegítima	de	um	Bispo	de	sua	provín-
cia	eclesiástica	por	mais	de	seis	meses.	Caso	o	ausente	
seja	o	próprio	Metropolita,	esta	obrigação	de	informar	à	
Santa	Sé	recai	sobre	o	sufragâneo	mais	ancião	(cân.	395	
§4).	Não	convém	que	o	Bispo	se	ausente	de	sua	diocese	
nos	dias	do	Natal,	Semana	Santa,	Páscoa,	Pentecostes	e	
Corpus	Christi.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A norma que regula o dever de residência encontramos no Concílio de Niceia 
no cân. 16. Está contida, também, no Decreto de Graciano e nas Decretais de 
Gregório IX (X, III, 4, 9). O concílio de Trento reafirmou tal obrigação e o CIC de 
1917, acolhendo as normativas conciliares e a tradição que se formou sobre o 
tema, confirmou a disciplina tradicional (cân. 338). No CIC atual, manteve-se a 
disciplina tradicional, com algumas mudanças.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
3)	 A	visita	pastoral	(cânn.	396-398):	um	dos	deveres	prin-
cipais	que,	desde	as	origens,	 foi	 reconhecido	ao	Bispo	
é	aquele	de	coordenar	e	dirigir	a	vida	cristã	na	Igreja	a	
ele	confiada.	Baseado	nesta	 tradição,	o	CIC	estabelece	
ao	Bispo	a	obrigação	de	visitar,	a	cada	ano,	sua	diocese,	
total	ou	parcialmente,	de	modo	que	visite	toda	a	dioce-
se,	ao	menos,	a	cada	cinco	anos.	Caso	esteja	impedido,	
pode	delegar	esta	tarefa	ao	Bispo	coadjutor,	ao	Bispo	au-
xiliar,	ao	Vigário	geral,	ao	Vigário	episcopal,	ou	mesmo	a	
um	presbítero	(cân.	396	§1).	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O próprio nome episkopòs, isto é, inspetor, já indica sua tarefa. Se nos primeiros 
séculos, quando a comunidade cristã não ia além dos muros da cidade, era fácil 
para o Bispo conhecer a realidade de sua Igreja, com a progressiva evangeliza-
ção e expansão do cristianismo para o campo acabou sendo necessário institu-
cionalizar a visita às comunidades que se reuniam nos centros rurais. As normas 
canônicas, desde o século 6º, determinaram a obrigação, a frequência e a forma 
destas visitas que foram consideradas, juntamente com os sínodos diocesanos, 
as instituições mais válidas para a promoção da evangelização, para a coorde-
nação do apostolado e para a atuação da disciplina eclesiástica. Particularmente 
nos momentos de crise, o recurso à visita pastoral e ao sínodo consentiu a atua-
ção dos planos de reforma predispostos pelos concílios. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Direito Canônico I260
4)	 Visita	ad limina	(cânn.	399-400):	Nos	cânones	399	e	400,	
o	legislador	insiste	sobre	duas	obrigações:	a	apresenta-
ção	de	uma	relação	sobre	o	estado	da	diocese	e	a	visi-
ta	ad limina.	A	disciplina	atual	desta	visita	está	contida	
na	constituição	apostólica	Pastor	Bonus artt.	28-32	e	no	
Diretório	para	a	visita	ad limina,	que	especifica	o	modo	
de	sua	realização.	Os	momentos	fundamentais	dessa	vi-
sita	são	três:	a	peregrinação	à	 tumba	dos	apóstolos;	o	
encontro	com	o	Papa;	e	os	contatos	com	os	dicastérios	
da	Cúria	Romana.	O	Bispo	diocesano	deve	cumprir	esta	
obrigação	pessoalmente,	mas,	se	estiver	legitimamente	
impedido,	poderá	fazê-lo	por	meio	do	coadjutor,	auxiliar	
ou	mesmo	de	um	sacerdote	idôneo	de	sua	diocese.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Na linguagem canônica, as visitas ad limina referem-se às peregrinações feitas 
pelos Bispos e que têm como meta uma visita às tumbas dos apóstolos Pedro e 
Paulo. Contudo, em termos mais precisos, tratava-se das visitas que os Bispos 
deviam fazer a Roma em determinados intervalos, conforme a obrigação imposta 
pelo Papa Zacarias no ano 743 e reportada por Graciano em seu Decreto (c. 4, 
D.93). Após o Concílio de Trento, em uma constituição do Papa Sisto V (1585), 
aparece, também, a obrigação de apresentar nesta visita uma relação sobre o 
estado da diocese à Cúria Romana. Tais normas possuem o seu valor teológico e 
eclesial, pois nascem da necessária relação existente entre os Bispos e o Papa, 
destinadas a ajudar este último no exercício de suas funções primaciais.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A renúncia ao ofício (cânn. 401) 
Tendo	presente	as	normas	gerais,	é	sabido	que	o	ofício	ecle-
siástico	se	perde	quando	se	transcorre	o	tempo	pré-fixado,	por	ida-
de,	por	renúncia,	por	transferência,	por	destituição,	por	privação	
(cân.	184)	e	por	morte.	Portanto,	no	caso	do	ofício	episcopal,	ele	
se	torna	vacante	com	a	morte,	com	a	renúncia	aceita	pelo	Romano	
Pontífice,	com	a	transferência	e	com	a	privação	(cân.	416).	Quanto	
à	 renúncia	 ao	ofício,	 esta	possibilidade	 sempre	 foi	 prevista	pelo	
direito.	Levando	em	conta	a	delicadeza	do	problema,	o	legislador	
optou	por	formular	ao	Bispo	um	convite	à	renúncia	por	idade	(75	
anos),	por	enfermidade	ou	por	outros	graves	motivos.	Não	se	trata	
de	um	dever	jurídico,	mas	de	um	convite,	uma	vez	que	a	renúncia	
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261© U5 - O Governo daIgreja em Âmbito Particular
é	um	ato	voluntário	e	livre. Com	a	renúncia	aceita,	o	Bispo	dioce-
sano	torna-se	emérito	e	é	preciso	ater-se	à	disposição	do	cân.	402	
a	esse	respeito.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No Concílio Vaticano II, o argumento foi objeto de discussão na aula conciliar. 
Houve quem rejeitasse a renúncia dos Bispos, baseando-se nas "núpcias" (mís-
tica) entre o Bispo e sua Igreja, com a consequente obrigação de fidelidade e 
indissolubilidade. Mas houve quem fizesse notar que a difusa práxis de transferir 
os Bispos de uma diocese para outra não consentia de fazer apelo a esta moti-
vação teológica para rejeitar a norma de grande utilidade pastoral. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Bispos coadjutores e auxiliares (cânn. 403-411) 
Em	relação	ao	CIC	anterior,	os	ofícios	do	Bispo	coadjutor	e	
do	Bispo	auxiliar	aparecem,	agora,	bem	definidos	em	relação	à	sua	
natureza	e	potestade.	Nota-se	uma	preocupação	de	coordenar	tais	
ofícios	com	os	demais	previstos	no	ordenamento	da	Igreja	particu-
lar,	tendo	em	vista	o	respeito	pela	unidade	de	governo	na	diocese.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A profunda reforma dessas duas figuras de Bispos titulares atuada pelo Concílio 
facilitou a tarefa da Comissão de revisão do CIC, que se limitou a aplicar no novo 
CIC os princípios do decreto Christus Dominus, nº. 25-26 e as normas estabe-
lecidas pelo m.p. Ecclesiae Sanctae I, 13. O decreto Christus Dominus, nº. 25 
considera que tanto os auxiliares quanto os coadjutores devam ser a última solu-
ção a ser adotada para enfrentar as dificuldades que o Bispo diocesano poderá 
encontrar no governo de uma diocese, seja porque é muito extensa, seja porque 
possui muitos habitantes. Por estas ou por outras causas que possam impedir o 
Bispo de assumir todos os seus deveres, poderá ser dado a ele a ajuda de um 
Bispo coadjutor ou auxiliar.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os	dois	ofícios	encontram-se	delineados	pelo	cân.	403,	que	
distingue	três	figuras	jurídicas	de	Bispo	que	constituem	uma	ajuda	
para	o	Bispo	diocesano:
•	 Bispo	auxiliar	 (§1):	é	constituído	a	pedido	do	Bispo	dio-
cesano	(não	se	exclui	a	iniciativa	da	Santa	Sé),	quando	as	
necessidades	pastorais	da	diocese	o	aconselham.	Trata-se	
de	um	Bispo	titular	e	sem	direito	à	sucessão.
© Direito Canônico I262
•	 Bispo	auxiliar	com	faculdades	especiais	(§2):	é	constituído	
pela	Santa	Sé	em	favor	de	um	Bispo	diocesano,	mesmo	
sem	o	pedido	deste	último,	normalmente,	em	circunstân-
cias	particularmente	graves	(saúde,	idade,	circunstâncias	
de	tipo	político	etc.).	É	um	Bispo	titular	e	sem	direito	à	
sucessão,	mas	possui	aquelas	faculdades	dadas	pela	San-
ta	Sé.
•	 Bispo	coadjutor	(§3):	é	constituído	pela	Santa	Sé	em	aju-
da	 a	 um	 Bispo	 diocesano.	 Possui	 faculdades	 especiais,	
tem	o	direito	à	sucessão	e	o	título	da	sede	na	qual	tem	o	
direito	à	sucessão.	
 O bispo coadjutor
O	Bispo	 coadjutor	é	 constituído	pela	 Sé	Apostólica,	 à	qual	
cabe	a	função	de	verificar	a	existência	das	circunstâncias	que	acon-
selham	esta	 nomeação	 (cân.	 403	 §3).	 Toma	posse	 de	 seu	ofício	
exibindo	a	bula	de	nomeação	ao	Bispo	diocesano	e	ao	colégio	dos	
consultores,	na	presença	do	chanceler	que	 lavra	o	ato	 (cân.	404	
§1).	A	sua	potestade	está	definida	pela	lei	e	pela	bula	de	nomea-
ção	(cân.	405	§1).	O	CIC	estabelece	que	ele	deve	assistir	ao	Bispo	
diocesano	em	todo	o	governo	da	diocese	e	supri-lo	se	estiver	au-
sente	ou	impedido	(cân.	405	§2).	Além	disso,	deve	ser	constituído	
Vigário	geral	e	deve	ter	a	preferência	em	relação	a	tudo	aquilo	que	
exige	 um	mandato	 especial	 (cân.	 406	 §1).	Quando	 a	 diocese	 se	
torna	vacante,	o	coadjutor	torna-se,	imediatamente,	o	Bispo	dio-
cesano	(cân.	409	§1).
O bispo auxiliar 
Como	dito,	o	Bispo	auxiliar,	normalmente,	é	constituído	a	pe-
dido	do	Bispo	diocesano	quando	as	necessidades	pastorais	da	dio-
cese	o	aconselham.	Mas	pode,	também,	ser	constituído	pela	Santa	
Sé	em	favor	de	um	Bispo	diocesano,	mesmo	sem	o	pedido	deste	úl-
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263© U5 - O Governo da Igreja em Âmbito Particular
timo,	normalmente	em	circunstâncias	particularmente	graves	(saú-
de,	idade,	circunstâncias	de	tipo	político	etc.).	Neste	caso,	temos	um	
Bispo	titular	e	sem	direito	à	sucessão,	mas	com	as	faculdades	dadas	
pela	Santa	Sé	que	o	assemelha	ao	Bispo	coadjutor.
Conferido	o	ofício	com	a	carta	apostólica	e	determinada	a	
potestade	de	governo	necessária,	o	Bispo	auxiliar	deve	tomar	pos-
se	canônica	do	ofício	para	a	validade	dos	próprios	atos,	em	confor-
midade	com	as	normas	estabelecidas.	Isso	se	dá	com	a	exibição	da	
nomeação	ao	Bispo	diocesano	(se	este	estiver	impedido,	ao	colé-
gio	dos	consultores),	na	presença	do	chanceler	que	deve	lavrar	o	
fato	em	ata	(cânn.	404	§1-3;	382	§2).
O	Bispo	auxiliar	que	possui	faculdades	especiais	deve	assistir	
o	Bispo	diocesano	em	 todo	o	 governo	da	diocese	 e	 deve	 supri-
-lo	quanto	estiver	ausente	ou	impedido	(cân.	405	§2).	Além	disso,	
deve	ser	nomeado	vigário	geral	e	deve	ter	a	preferência	para	tudo	
aquilo	que	exige	um	mandato	especial	 (cân.	 406	§2).	Quando	a	
sede	se	torna	vacante,	o	Bispo	auxiliar	que	possui	faculdades	es-
peciais	exercita	os	poderes	e	as	faculdades	do	vigário	geral	(cân.	
409	§2).
Já	o	Bispo	auxiliar	sem faculdades	especiais	pode	ser	nome-
ado	 vigário	 geral	 ou,	 ao	menos,	 vigário	 episcopal,	 dependendo,	
diretamente,	da	autoridade	do	Bispo	diocesano	(cân.	406	§2).	Du-
rante	a	sede	vacante,	o	Bispo	auxiliar	conserva	todas	as	faculdades	
que	já	possuía	como	vigário	geral	ou	episcopal,	a	não	ser	que	uma	
autoridade	superior	estabeleça	diversamente.	Se	não	foi	designa-
do	para	o	ofício	de	administrador	diocesano,	exercita	a	sua	potes-
tade	sob	a	autoridade	de	quem	preside	o	governo	da	diocese	(cân.	
409	§2).
Concluído	 o	 estudo	 relativo	 à	 figura	 do	 Bispo,	 passamos,	
agora,	para	uma	breve	análise	da	normativa	que	se	ocupa	da	orga-
nização	interna	das	Igrejas	particulares.
© Direito Canônico I264
8. a OrGaniZaçãO interna das iGrejas partiCu-
Lares 
Assim	como	no	governo	da	Igreja	universal	o	Papa	se	utiliza	da	
ajuda	de	pessoas	e	instituições,	algo	parecido	ocorre	com	o	respon-
sável	direto	por	uma	Igreja	particular	que,	em	geral,	é	uma	diocese.	
O	CIC	atual	apresenta	uma	estrutura	diocesana	à	disposição	
do	Bispo	para	bem	governar	a	 sua	diocese	 (cânn	460-514).	Não	
trataremos	de	tudo,	mas,	apenas,	daqueles	aspectos	de	maior	re-
levância	no	momento.
O Sínodo diocesano (cânn. 460-468)
O	sínodo	é	sinônimo	de	comunhão.	Trata-se	de	um	"cami-
nhar	juntos"	de	muitos	com	o	Bispo	diocesano,	revelando,	assim,	
a	comunhão	eclesial.	No	sínodo	diocesano,	a	Igreja	particular	é,	ao	
mesmo	tempo,	objeto	e	sujeito,	juntamente	com	o	Bispo,	do	seu	
serviço	pastoral.	
Canonicamente,	trata-se	de	uma	assembleia	de	sacerdotes	e	
de	outros	fiéis	da	Igreja	particular	escolhidos	para	auxiliar	o	Bispo	
diocesano	para	o	bem	de	toda	a	comunidade	diocesana	(cân.	460).	
Seu	funcionamento	é	regido	pelos	cânn.	461-468.	É	um	organismo	
temporal	e	cessa	quando	cumpre	sua	função.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para conhecer de perto a normativa sobre o sínodo diocesano, sugerimos as 
seguintes obras: CORRAL SALVADOR, C.; URTEAGA EMBIL, J. M. (Org.). Di-
cionário de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 1993, p. 696-697. GHIRLANDA, 
G. O direito na Igreja, mistério de comunhão. Compêndio de Direito Eclesial. 
Aparecida: Santuário, 2003, p. 629-632. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
a Cúria diocesana (cânn. 469-494)
No	exercício	cotidiano	de	suas	funções	de	governo	e,	em	par-
ticular,	na	direção	da	ação	pastoral,	no	cuidado	da	administração	
da	diocese	e	no	exercício	do	poder	judiciário,	o	Bispo	é	assistido	
por	uma	série	de	ofícios	e	pessoas	que	formam	a	cúria	diocesana.
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––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para um estudodos principais aspectos do funcionamento da cúria diocesana: 
natureza e finalidade, nomeação para os ofícios, obrigações de quem tem um 
ofício e atos da cúria, sugerimos que você leia o seguinte texto: GHIRLANDA, G. 
O direito na Igreja, mistério de comunhão. Compêndio de Direito Eclesial. Apare-
cida: Santuário, 2003, p. 621-623.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	 cúria	 tem	um	caráter	pastoral	 e	 é	 responsável	 não	ape-
nas	pelas	questões	administrativas	e	judiciárias,	mas,	também,	por	
aquelas	ligadas	ao	apostolado.	Formando	uma	unidade	com	o	Bis-
po,	a	cúria	rege-se	pelo	direito	comum	e	particular.
A	nomeação	de	todos	aqueles	que	desenvolvem	um	ofício	
na	cúria	diocesana	cabe	ao	Bispo	diocesano	(cân.	470),	o	qual	po-
derá	nomear	um	moderador	de	cúria,	com	a	função	de	coordenar	
as	atividades	ali	desenvolvidas	para	que	todos	cumpram	as	pró-
prias	funções	diligentemente	(cân.	473	§2).
Na	Cúria	diocesana,	o	principal	colaborador	do	Bispo	dioce-
sano	é	o	vigário	geral,	pois	o	auxilia	no	governo	de	toda	a	diocese,	
tendo	um	poder	ordinário	(cân.	475).	Além	disso,	o	Bispo	diocesano	
pode	constituir	um	ou	mais	vigários	episcopais	aos	quais	é	confiada	
uma	determinada	parte	da	diocese	ou	uma	missão	específica	(cân.	
476).	Tanto	o	vigário	geral	quanto	os	vigários	episcopais	são	livre-
mente	escolhidos	pelo	Bispo,	mas	não	podem	ser	 consanguíneos	
dele	até	o	quarto	grau	e	devem	ser	sacerdotes	(cânn.	477	§1;	478).	
Possuem	uma	potestade	ordinária,	vicária	e	executiva.	Já	o	vigário	
judicial	possui	potestade	judiciária,	juntamente	com	os	juízes.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Sobre o vigário geral e os vigários episcopais, consulte o seguinte texto: COR-
RAL SALVADOR, C.; URTEAGA EMBIL, J. M. (Org.). Dicionário de Direito Canô-
nico. São Paulo: Loyola, 1993, p. 750.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Outra	figura	importante	é	a	do	chanceler,	que	cuida	para	que	
os	atos	da	cúria	sejam	redigidos	e	despachados,	bem	como	guarda-
dos	no	arquivo	(cân.	482).	Temos,	ainda,	os	notários	cânn.	483-484,	
o	conselho	de	economia	e	o	ecônomo	da	diocese	(cânn.	492-494).
© Direito Canônico I266
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No âmbito patrimonial, em cada diocese deve ser constituído um conselho dio-
cesano para assuntos econômicos, composto por, ao menos, três fiéis, espertos 
em economia e no direito civil e eminente pela integridade. Estes são nomeados 
livremente pelo Bispo por um quinquênio, podendo permanecer na função por 
outros quinquênios. Os consanguíneos do Bispo até o quarto grau, como os li-
gados a ele por afinidade até o quarto grau, não podem fazer parte do conselho.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O conselho presbiteral e o colégio dos consultores (cânn. 495-502) 
O conselho presbiteral 
O	ministério	ordenado	comporta	três	graus:
1)	 episcopado;	
2)	 presbiterato;
3)	 diaconato.
O episcopado possui	 uma	 natureza	 colegial.	 Também	 os	
presbíteros	unidos	entre	si	constituem	um	presbitério	destinado	a	
ofícios	diversos.	Com	a	ordenação	recebida,	o	ordenado	é	inserido	
na	ordem	dos	presbíteros.
Os	presbíteros	são	unidos	aos	Bispos	na	dignidade	sacerdo-
tal	e,	ao	mesmo	tempo,	dependem	deles	no	exercício	das	suas	fun-
ções	pastorais.	São	chamados	a	serem	os	colaboradores	diretos	do	
Bispo	e,	reunidos	ao	redor	dele,	formam	o	presbitério	que,	ao	lado	
dele,	é	corresponsável	pela	Igreja	particular.	Portanto,	o	conselho	
presbiteral	é	um	modo	eminente	de	exercício	da	corresponsabili-
dade	presbiteral.
Canonicamente,	o	conselho	presbiteral	é	um	organismo	repre-
sentativo,	obrigatório,	de	âmbito	diocesano.	Toma	parte	no	governo	
da	diocese	como	um	órgão	consultivo,	ajudando	o	Bispo	na	determi-
nação	de	concretos	problemas	pastorais.	Esta	obrigatoriedade	deri-
va	do	fato	de	o	legislador	querer	promover	a	responsabilidade	do	
presbitério	no	governo	da	diocese	e	da	obrigação	que	o	Bispo	possui	
de	consultar	o	conselho	nos	casos	previstos	por	lei.	A	normativa	so-
bre	o	conselho	presbiteral	encontra-se	nos	cânn.	495-501.
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Apesar de o conselho presbiteral ter funções de natureza consultiva, o Bispo 
deve solicitar o seu parecer nos seguintes casos:
1) para convocar o sínodo diocesano (cân. 461 §1);
2) para erigir, suprimir e modificar as paróquias (cân. 515 §2);
3) para decidir a destinação das ofertas dos fiéis e a retribuição dos sacerdotes 
no desenvolvimento de encargos paroquiais (cân. 531);
4) para constituir na diocese o conselho de pastoral paroquial (cân. 536 §1);
5) para construir uma nova igreja (cân. 1215 §2);
6) para destinar uma igreja ao uso profano (cân. 1222 §2);
7) para impor tributos à norma do cân. 1263; 
8) para constituir o grupo de párocos com dois dos quais discutirá a remoção de 
um pároco (cânn. 1742 §1; 1745,2; 1750). 
Alem dos casos indicados, o conselho presbiteral deve ser ouvido nos negócios 
de maior importância.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma	 vez	 constituído,	 o	 conselho	 presbiteral	 é	 convocado,	
periodicamente,	 pelo	 Bispo	 e	 renovado	 em	 sua	 composição	 de	
acordo	com	as	normas	estatutárias	aprovadas	por	ele,	observadas,	
porém,	aquelas	emanadas	pela	Conferência	dos	Bispos	(cân.	496).
Tendo	por	base	o	cân.	497,	podemos	afirmar	que	o	conselho	
presbiteral	é	composto	por	três	categorias	de	membros:
•	 membros	de	direito	ou	de	ofício:	presentes	no	conselho	
devido	às	funções	que	possuem	na	diocese	(vigário	geral,	
episcopal,	reitor	do	seminário	etc.);
•	 membros	 livremente	 escolhidos	 pelo	 Bispo:	 esta	 facul-
dade	 consente	 ao	Bispo	 equilibrar	 a	 representatividade	
dentro	do	conselho;
•	 membros	livremente	eleitos	(aproximadamente,	a	meta-
de):	a	eleição	possui	um	caráter	constitutivo	e,	portanto,	
não	precisa	de	confirmação	por	parte	do	Bispo.	
As	três	categorias	de	membros	possuem	a	mesma	dignidade	
jurídica,	ou	seja,	o	voto	de	cada	um	tem	o	mesmo	valor.	
O	cân.	498	delimita	o	corpo	eleitoral	para	a	designação	dos	
membros	eleitos.	Possuem	voz	ativa	e	passiva:	
© Direito Canônico I268
•	 os	sacerdotes	seculares	incardinados	na	diocese;
•	 	os	sacerdotes	seculares	não	incardinados	na	diocese	e	os	
sacerdotes	membros	de	um	instituto	religioso	ou	de	uma	
sociedade	de	vida	apostólica	que,	 residindo	na	diocese,	
exercem	algum	ofício	em	seu	favor;	
•	 outros	sacerdotes	que	tenham	domicílio	ou	quase	domi-
cílio	na	diocese,	se	isto	for	previsto	pelos	estatutos.	
O	conselho	presbiteral	é	presidido	pelo	Bispo.	A	ele	compete	
determinar	ou	aceitar	as	questões	a	serem	tratadas	no	conselho,	
convocar	o	conselho,	respeitando	a	periodicidade	e	as	normas	es-
tabelecidas	nos	estatutos,	como,	também,	dar	a	conhecer	as	deci-
sões	nele	tomadas.
O	conselho	presbiteral	cessa:	
•	 Ipso iure	nos	casos	de	sede	vacante.		
•	 Por	decreto	do	Bispo	no	caso	de	que	o	conselho	não	cum-
pra	as	 funções	que	 lhe	 foram	confiadas	ou,	então,	abu-
se	delas	gravemente	(cân.	501	§3).	Nesse	caso,	um	novo	
conselho	 deve	 ser	 constituído	 no	 prazo	máximo	de	 um	
ano.	No	 caso	 de	 sede	 vacante,	 as	 funções	 do	 conselho	
presbiteral	passam	para	o	 colégio	dos	 consultores	 (cân.	
501	§2).
O	conselho	presbiteral	deve	ser	renovado,	total	ou	parcial-
mente,	dentro	de	cinco	anos.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para aprofundar o estudo da normativa sobre o conselho presbiteral, sugerimos 
a leitura das seguintes obras: FALCÃO DE BARROS, J. F. O conselho pres-
biteral: aspectos jurídicos e pastorais. Aparecida: Santuário, 2008. Veja, ainda, 
MARCHESI, M. Organismos de participação numa Igreja-comunhão. In: CA-
PPELLINI, E. (Org.). Problemas e perspectivas de Direito Canônico. São Paulo: 
Loyola, 1995, pp. 112-123. E, para uma breve visão de conjunto sobre o assunto: 
GHIRLANDA, G. O direito na Igreja, mistério de comunhão. Compêndio de Direi-
to Eclesial. Aparecida: Santuário,

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