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Política Externa 
Contemporânea 
do Brasil
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Fábio Adorno Espósito
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Breve Histórico e Panorama 
da Inserção do Brasil no 
Sistema Internacional
 
 
• Conhecer breves e sintéticos histórico e panorama da inserção do Brasil no sistema interna-
cional, levando em consideração o perfil tradicional de sua política externa, seus principais 
parceiros, bem como suas relações com variadas organizações internacionais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• O Brasil, Multilateralismo e Relações Amplas;
• O Brasil e seus “Parceiros Tradicionais”;
• O Brasil, Relações Globais e a ONU;
• O Brasil e os Blocos Regionais.
UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Introdução
O Brasil é um país com todas as condições de ser a maior potência do Sistema 
Internacional (SI). Tem o quinto maior território do Planeta, com mais de 8,5 milhões 
de km². Tem a sexta maior população do mundo, com mais de 210 milhões de ha-
bitantes. E tem a nona economia do mundo, com quase 2 trilhões de dólares. Sob 
certos aspectos, mais detalhados, o País é mais impressionante ainda. 
Esse território gigante é ainda riquíssimo em minerais metálicos e em combustí-
veis fósseis. Não tem nenhum deserto, nem problemas naturais praticamente irreme-
diáveis tais como terremotos, maremotos, vulcões ou furacões. Tem a maior área de 
solos agricultáveis do Planeta (com pequenos ajustes corretivos), a maior bacia hidro-
gráfica do Planeta (a do rio Amazonas) e a maior reserva de água doce subterrânea 
do Planeta também (a do Aquífero Guarani).
Figura 1 – Aquífero Guarani
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Temos também um dos territórios mais ensolarados do mundo, com mais de 90% 
do território na zona tropical, o que garante alta produtividade agrícola e madeireira, 
além a maior biodiversidade do Planeta.
Quanto à população, possui mais de uma dezena de metrópoles (com mais de 
1 milhão de habitantes) e duas cidades globais: São Paulo e Rio de Janeiro. Quanto 
à economia, já chegamos a ser o sexto Produto Interno Bruto (PIB) do mundo entre 
2011 e 2012, no governo de Dilma Rousseff. Isso em termos de PIB nominal. Em 
termos de PIB Por Paridade de Compra (PIB-PPC), somos, em 2020, o oitavo do 
mundo, com quase 3,3 trilhões de dólares PPC.
Ou seja, fazemos esse preâmbulo apenas para denotar e reforçar a importância 
do Brasil como um ator relevante do cenário global. Um Estado muito importante 
para o sistema internacional, ao ponto de que qualquer análise séria do mundo 
contemporâneo é obrigada a contar e levar em consideração o Brasil. É impossível 
relegar um país destas dimensões de qualquer análise de estrutura ou conjuntura 
internacional, por qualquer ângulo que se olhe. 
8
9
Contudo, é claro que não somos a maior potência do mundo, e isso se deve a 
vários fatores, internos e externos que não nos cabe explorar por agora. Fatores que 
se dividem entre uns que são bem conhecidos de todos, outros mais conhecidos de 
alguns poucos (em geral especialistas e interessados), e muitos pouquíssimos conhe-
cidos da maioria. E como não trataremos disso por enquanto, de modo que vamos 
direto ao ponto: como o Brasil se insere internacionalmente? Isto é, do ponto de vista 
de sua política externa, quais são seus aspectos e características mais marcantes e 
perenes, que vai nos ajudar a compreender não apenas a “real” estatura do Brasil 
no SI, bem como compreendermos mais ou menos a imagem que o Brasil projeta 
para o exterior. 
Assim, esta Unidade é focada em analisar nossas relações internacionais e política 
externa a partir da redemocratização do Brasil até os dias de hoje (1985-2020). Mas 
entendemos ser relevante, e faremos isto nesta oportunidade, uma análise sucinta e 
panorâmica de nosso histórico de inserção no SI.
O Brasil, Multilateralismo e Relações Amplas
Conforme dito, as potencialidades do Brasil em termos de território, população e 
economia o alçam à condição de importante ator do SI. Essas três categorias entrariam 
no conceito de “hard power” defendido por Joseph Nye e, por si, alçariam o Brasil à 
condição de potência mundial. Talvez a maior potência de todas. Porém, o povo do 
País deliberadamente mantém outros pilares do “hard power” em baixa intensidade, 
com pálidos aspectos e esforços em termos de produção industrial, forças armadas e 
armamentos (com destaque para os de características atômicas e nucleares).
Ainda na classificação de Nye, o Brasil também possui um “soft power” interessante: 
é relativamente querido e respeitado pela chamada “opinião pública internacional”, 
mantém boas e amistosas relações políticas, comerciais e culturais com as maiores 
potências do mundo e, com alguma frequência, consegue projetar aspectos de sua 
cultura de forma positiva no mundo inteiro. Neste quesito de nosso “soft power”, 
destacamos, sem dúvida, a música – com destaque para o samba, a bossa-nova e a 
Música Popular Brasileira (MPB) – e o esporte – com destaque para o futebol e o vôlei. 
Chega a ser senso-comum a associação positiva que os povos do mundo fazem do 
Brasil com sua música, suas festas – especialmente o Carnaval – e o futebol.
Num meio caminho entre “hard” e “soft power” podemos localizar um dos maio-
res e mais impressionantes triunfos do Brasil: sua política externa. Longe de querer-
mos fazer uma análise histórica aprofundada, faremos um exame prático de nossa 
política externa, especialmente a partir da conformação do Itamaraty pelo Barão de 
Rio Branco.
O Itamaraty é uma espécie de “apelido” do Ministério das Relações Exteriores do Brasil 
(MRE), e é o “apelido” da sua sede atual (o Palácio dos Arcos, localizado em Brasília).
9
UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Figura 2
Fonte: 8.worldwaterforum.org
Itamaraty era a sua antiga sede, na ex-capital da República (Rio de Janeiro), um 
casarão neoclássico originalmente pertencente ao “Conde de Itamarati”. Esse prédio 
no Rio de Janeiro é muito importante para a República, visto que foi sede do Governo 
Republicano de 1889 a 1898, e sede do MRE de 1899 a 1970. Logo, entendamos, 
a partir de agora, “Itamaraty” e “MRE” como sinônimos.
De acordo com o Artigo 33 do Decreto n.º 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, as 
áreas de competência do Ministério das Relações Exteriores são: 
I – Política internacional; 
II – Relações diplomáticas e serviços consulares; 
III – Participação nas negociações comerciais, econômicas, técnicas e 
culturais com governos e entidades estrangeiras; 
IV – Programas de cooperação internacional; e 
V – Apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em agên-
cias e organismos internacionais e multilaterais.
E uma das grandes figuras do Itamaraty, e certamente a mais influente e con-
sagrada até hoje, é José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco 
(1845-1912). Ainda que as contribuições de seus antecessores não sejam nada des-
prezíveis, foi com o Barão de Rio Branco que a política externa do Brasil adquiriu al-
gumas de suas principais feições e contradições. Dentre estas feições e contradições, 
destacamos que foi o Barão de Rio Branco, em seus 10 anos à frente do Itamaraty 
(1902-1912), o principal responsável pela estabilização de nossas fronteiras, dirimin-
do questões fronteiriças com vários de nossos vizinhos, sobretudo na questão do 
Amapá com a Guiana Francesa e, a mais famosa, a questão do Acre, que foi forma-
lizada pelo Tratado de Petrópolis (1903) que envolvia a permuta de territórios entre 
Brasil e Bolívia (uma faixa de terra entre os rios Madeira, o rio Abunã do Brasil para 
a Bolívia; e o território do atual Acre da Bolívia para o Brasil). Não à toa, a capital do 
atual Estado do Acre chama-se Rio Branco, em sua homenagem.
10
https://8.worldwaterforum.org/
11
Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons
Rio Brancotambém foi determinante para, como dissemos, algumas caracterís-
ticas marcantes de nossa política externa; por exemplo, a aproximação ainda maior 
do Brasil com os Estados Unidos (EUA). Aproximação essa que já vinha se estabe-
lecendo desde a Proclamação da República, tornando-se praticamente um alinha-
mento automático nos anos do Barão. O Brasil, que já tinha tomado emprestado um 
“rascunho” de bandeira dos EUA em 1889, bem como o próprio nome (lembrando 
que o Brasil teve como nome oficial “Estados Unidos do Brasil”, entre 1889 e 1967), 
através do Barão, reconheceu o relativo declínio de suas antigas potências mais pró-
ximas (Reino Unido e França) e a ascensão dos EUA como grande potência. 
Mais ou menos em linha com as políticas presidenciais estadunidenses da Dou-
trina Monroe (de 1823) e do Corolário Roosevelt (de 1904), que advogavam uma 
“América para os americanos”, na qual o Continente não deveria ser área de influ-
ência de países europeus e sim dos EUA, Rio Branco fortaleceu esses laços e essa 
influência de forma até então inédita. A política de “alinhamento automático” com 
os EUA, atuando ora de forma parceira, ora submissa aos interesses desse parceiro, 
focando as nossas relações políticas e econômicas muito mais para o “Hemisfério 
Americano” do que para o “Globo Todo”, foi um dos “fantasmas” que acompanha-
ram a política externa brasileira ao longo do século XX (e, ao que parece, XXI).
Rio Branco também fundou um perfil no Itamaraty de uma diplomacia profunda-
mente negociadora e conciliadora, e entusiasta do multilateralismo. Uma das coisas 
que tornam a trajetória de Rio Branco digna de nota é que poucos homens públicos 
tenham resolvido tantas questões de tantos quilômetros de fronteira, e com tantos 
vizinhos diferentes, apenas na diplomacia, sem conflitos armados. Isso vinculou o 
Itamaraty nessa senda constante de busca pela paz, negociação e cooperação.
11
UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Quanto ao multilateralismo, e o empenho pela cooperação e pela paz, merece 
destaque a participação do Brasil na “Convenção sobre a Resolução Pacífica de 
Controvérsias Internacionais” de 1907, mais conhecida como “Segunda Conferência 
de Paz de Haia”, nos Países Baixos. Nessa conferência o Brasil foi representado por 
Ruy Barbosa de Oliveira (1849-1923), que teve uma das atuações mais destacadas 
do evento – talvez a mais destacada. Apelidado de “Águia de Haia”, Rui Barbosa 
foi protagonista de grandes discursos e um dos maiores defensores do princípio da 
igualdade entre os Estados.
Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons
Portanto, a política externa do Brasil seguiu (por continuação ou oposição) muitas 
das diretrizes estabelecidas por Rio Branco e seu período. O Brasil é, no geral, um 
país que constantemente está entre os pioneiros e entusiastas no que tange ao en-
volvimento e à criação de organizações internacionais, declarações, protocolos etc.
Por exemplo, o Brasil é membro importante (e muitas vezes fundador) das 
seguintes organizações, tratados, acordos e protocolos: Organização Internacional do 
Trabalho (OIT, 1919), Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar, 1947), 
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (ou Gatt, do inglês General Agreement 
on Tariffs and Trade, de 1947), Organização dos Estados Americanos (OEA, 
1948), Tratado do Espaço Sideral (1967), Tratado de Não Proliferação de Armas 
Nucleares (TNP, 1968), Associação Latino-Americana de Integração (Aladi, 1980), 
Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas, 1986), Mercado Comum do 
Sul (Mercosul, 1994), Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA, 
1995), Organização Mundial do Comércio (OMC, 1995), Comunidade dos Países de 
Língua Portuguesa (CPLP, 1996), Protocolo de Quioto (1997), Cúpula América do 
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13
Sul – Países Árabes (2005), Grupo de Países de Economias Emergentes Formado 
por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics, 2006), União de Nações Sul-
Americanas (Unasul, 2008) etc.
Além de participar de outras organizações internacionais importantes, ainda que 
não necessariamente políticas, tais como a Federação Internacional de Futebol (Fifa, 
fundada em 1904, e com o Brasil ingressando em 1923, sendo inclusive o maior 
vencedor e único presente em todas as edições do principal campeonato organizado 
pela instituição: a Copa do Mundo de Futebol) e o Comitê Olímpico Internacional 
(COI, criado em 1894, com o Brasil integrando a tempo de participar das Olimpía-
das de 1920).
Ainda nessa tônica do multilateralismo, o Brasil é membro fundador do que se-
riam as duas mais importantes organizações internacionais do século XX: A Liga das 
Nações (1920) e a Organização das Nações Unidas (ONU, 1945). 
Outro exemplo do multilateralismo está na ampla rede de embaixadas que o País 
tem espalhado por todo o mundo. O Brasil possui representações diplomáticas em 
praticamente todos os Estados do mundo, com exceção de 56 dos 194 Estados-Na-
cionais soberanos da atualidade, totalizando uma relação com 138 países em todos 
os continentes do mundo (sendo 44 no período entre 2003 e 2014) e ainda com a 
Autoridade Nacional Palestina.
Entre as exceções estão Butão, Camboja, Iêmen, Micronésia, Samoa, Ilhas Salomão, 
Islândia, Mônaco, Tonga, Ilhas Marshall, Fiji, Kiribati, Nauru, Palau, Tuvalu e San Marino.
Figura 5 – Missões diplomáticas do Brasil pelo mundo
Fonte: Wikimedia Commons
Em contrapartida, Brasília tem 128 embaixadas, com outros 59 países e seus em-
baixadores creditados para o Brasil, mas a maioria reside em Washington, Buenos 
Aires ou então em Havana.
13
UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Figura 6 – Missões diplomáticas dos países do mundo no Brasil
Fonte: Wikimedia Commons
O Brasil e seus “Parceiros Tradicionais”
A política externa brasileira pode ser entendida como respeitando certos eixos 
de atuação. Ora com uma atuação mais hemisférica (isto é, mais americana, focan-
do seus esforços na interação continental), ora com uma atuação mais global, com 
esforços múltiplos. Ora com uma atuação Norte-Sul (isto é, privilegiando relações 
com os países mais desenvolvidos e com as potências), ora mais com uma atuação 
Sul-Sul (isto é, privilegiando relações com os países menos desenvolvidos). Com esse 
tipo de atuação, o Brasil foi consolidando certos países como parceiros políticos e 
econômicos mais tradicionais que outros. 
No contexto de um mundo multipolar do século XIX o Brasil possuía fortes 
relações com a Áustria-Hungria (inclusive terra-natal da imperatriz Leopoldina), 
com a França (vide a missão artística francesa que veio para o Brasil) e, sobretudo, 
com a maior potência da época, o Reino Unido. Essas eram as principais relações 
econômicas, políticas e culturais que o Brasil desenvolvia na época, além, é claro, de 
Portugal, sua antiga metrópole. Com seus vizinhos sul-americanos, o Brasil passou 
por momentos turbulentos no século XIX, visto que causava muita desconfiança o 
fato de ser uma monarquia de língua portuguesa em meio a repúblicas de língua 
espanhola (desconfiança que ganhava bastante corpo na Argentina), e devido aos 
conflitos relacionados à anexação/secessão do Uruguai/Província de Cisplatina 
(1825-1828) e, especialmente, ao maior conflito armado internacional sul-americano, 
na sanguinária Guerra do Paraguai (1864-1870). Em todo caso, seus países vizinhos, 
especialmente os que compartilham a bacia do Prata (Uruguai, Paraguai e Argentina) 
podem ser vistos também como parceiros tradicionais – visto que os processos de 
integração entre eles se aprofundaram especialmente a partir da década de 1990.
Ainda no século XIX e início do XX o Brasil acabou consolidando relações 
estreitas com alguns países que enviaram muitos emigrantes no período, e que o 
Brasil acolheu como imigrantes, com destaque principal para Itália e Alemanha, bem 
como, num menor patamar, Espanha, Império Turco-Otomano e Japão.
14
15
No período republicano,especialmente no início do século XX, o Brasil passou 
a uma relação progressivamente maior com o seu mais destacado parceiro/rival: os 
Estados Unidos. Com a contínua ascensão dos EUA como potência mundial e com o 
também contínuo aprofundamento das relações Brasil-EUA, formou-se essa espécie 
de “constelação” dos principais “parceiros” da política externa brasileira – embora 
houvesse outros, mas sempre em papéis bastante secundários. Com a Proclamação 
da República, o Brasil se afastou da Áustria-Hungria, e com o fim da Primeira Guerra 
Mundial, não mais nem com a Áustria-Hungria ou com o Império Turco-Otomano, 
deixando o Brasil com relações principais junto aos já citados EUA, França, Reino 
Unido, Itália, Alemanha, Japão, Argentina, Paraguai e Uruguai.
As relações com Itália e Alemanha eram tão próximas que o Brasil quase tomou 
parte do Eixo na Segunda Guerra Mundial. E, ainda, as relações com a Alemanha 
permaneceram relativamente fortes por todo o século XX, sobretudo nos âmbitos 
econômicos e científico-tecnológicos. Como citamos, as relações com os EUA foram 
se aprofundando ao longo do século XX, bem como as relações com os vizinhos sul-
-americanos. Para além do Japão, as relações do Brasil com países asiáticos foram 
fracas até meados do século XX, bem como com os países da Oceania. 
Mesmo potências, como Rússia e China, o Brasil manteve certa distância. No começo 
do século, por questões “geográficas”, culturais e econômicas mesmo, além das 
instabilidades políticas de ambos no período. No pós-Segunda Guerra Mundial, por 
interdição ideológica imposta pelos EUA contra a China comunista e a URSS (da qual 
a Rússia fazia parte). Mas isso mudou no início do século XXI, quando Rússia e China 
se tornaram dois dos principais parceiros do Brasil (sobretudo a China), redundando 
inclusive na criação do organismo conhecido como Brics, em 2006. Em todo caso, 
para além da interdição ideológica anticomunista imposta pelos EUA e aceita pela elite 
brasileira, e com o aumento dos fluxos comerciais, o Brasil ampliou bastante seu leque 
de atuação internacional na segunda metade do século XX, o que ganhou ainda mais 
impulso no pós-Guerra Fria e com a redemocratização do Brasil.
O Brasil, Relações Globais e a ONU 
Conforme dito, a política externa brasileira ganhara importantes impulsos e di-
retrizes a partir de Rio Branco no início do século XX. O País estabilizou as suas 
fronteiras, fortaleceu laços de confiança e respeito com os vizinhos (destacadamente 
Bolívia e os países da bacia do Prata) e teve importância destacada na Conferência 
de Haia em 1907, através de Rui Barbosa, o “Águia de Haia”.
Na Primeira Guerra Mundial, o País demorou a tomar parte do conflito, e o 
fez do lado vencedor, a Tríplice Entente, declarando guerra aos países da Tríplice 
Aliança/Potências Centrais em 1917 e, ainda que não tenha participado diretamente 
do conflito no Continente, enviou contribuições da Marinha e um corpo médico 
para ajudar na reabilitação dos envolvidos. Esse envolvimento e o desempenho do 
Itamaraty permitiu que o Brasil participasse da famosa Conferência de Paz de Paris, 
15
UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
entre 1919 e 1920. Nessa conferência, as potências consideradas vencedoras (EUA, 
Reino Unido, França e Japão) tinham direito a 5 delegados cada, e os demais países 
direito a um ou dois delegados, com a curiosa exceção de 3 países: Sérvia, Bélgica 
e Brasil tinham 3 delegados cada. Essa conferência é famosa por tentar colocar 
um fim à Guerra pelo Tratado de Paz de Versalhes (1919). Ainda que muitos digam 
que a precariedade do acordo ajudou a tornar o Entreguerras instável e precipitar a 
Segunda Guerra Mundial.
Figura 7 – O delegado alemão Johannes Bell assinando o Tratado de Versalhes no 
Salão dos Espelhos, com várias delegações aliadas sentadas e em pé na frente dele
Fonte: Wikimedia Commons 
Outro problema do Tratado é que um de seus principais formuladores e criadores, 
os EUA, acabou não ratificando, a partir de uma decisão de seu Congresso.
Um dos grandes produtos da Conferência de Paz de Paris foi o estabelecimento da 
Liga das Nações. Sediada em Genebra, pode ser considerada a primeira organização 
internacional de alcance global (isto é, focando no mundo todo e não apenas em 
alguns países e/ou algumas regiões) e de propósito abrangente (abarcando variados 
temas e não apenas um). Igualmente com forte impulso do presidente dos EUA, 
Woodrow Wilson e posteriormente não integrado por esse país, a Liga das Nações, 
com suas virtudes e defeitos, serviu de modelo para a criação, 25 anos depois, da 
ONU. Tanto a ONU quanto a Liga partiam de princípios gerais bastante ligados às 
escolas de pensamento tidas mais como “idealistas” e “liberais”, focando na manu-
tenção da paz (e na “prevenção” da guerra) a partir de organizações, instituições, 
normas e regras acordadas e partilhadas por todos, bem como por princípios como 
o livre comércio, o livre trânsito e a autodeterminação dos povos.
O Brasil fez parte da Liga das Nações do seu início em 1920 até 1926, quando 
se retirou por não ser aceito em posto relevante do Conselho – e, de certo modo, 
enfraquecendo a recém-criada instituição.
A ausência dos EUA, a saída do Brasil, e uma série de outras questões (tais como 
a inação diante dos avanços militares italianos sobre a Etiópia e, especialmente, 
diante do rearmamento alemão – em flagrante descumprimento do acordado em 
Versalhes) contribuiu com boa parcela de sua legada ineficácia e na deflagração de 
uma outra guerra mundial – aquilo, inclusive, para o qual a instituição havia sido 
criada para evitar ao máximo.
16
17
No período anterior e durante a Segunda Guerra Mundial o Brasil de Getúlio 
Vargas barganhou tanto com a Alemanha nazista e a Itália fascista bem como com 
os EUA, França e Inglaterra, sempre visando melhores condições econômicas e po-
líticas que viabilizasse o seu processo de Brasil moderno. Apesar de muitos julgarem 
que estivemos perto de entrarmos na Guerra ao lado do Eixo, o fato é que acabamos 
entrando ao lado dos Aliados – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), 
EUA e Reino Unido –, especialmente após os acordos entre Vargas e Roosevelt, que 
acabaram por nos proporcionar condições para nossa primeira siderúrgica (a Com-
panhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, RJ).
Figura 8 – Vista parcial da Usina Presidente Vargas, da Companhia Siderúrgica Nacional,
em Volta Redonda, RJ, e a Central Hidrelétrica do São Francisco.
Fonte: Wikimedia Commons
Se na Primeira Guerra Mundial a participação do Brasil foi diminuta, na Segunda 
o País enviou uma força expedicionária que lutou importantes batalhas na Itália. 
Bastante integrado com os aliados, o Brasil se fez presente na Conferência de 
São Francisco, que determinou a constituição da ONU. E, nos primeiros anos da 
instituição, especialmente na figura de Oswaldo Aranha (1894-1960).
Figura 9 – Osvaldo Aranha preside a Assembleia das Nações Unidas, em 1947
Fonte: Wikimedia Commons
17
UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Trata-se de indivíduo com importante papel na consolidação da organização, com 
destaque especial para a questão da criação do Estado de Israel sobre os territórios 
palestinos. Não à toa o Brasil tradicionalmente é o primeiro orador dos encontros 
anuais dos líderes mundiais realizados no prédio da Assembleia Geral da ONU, em 
Nova Iorque, EUA. Quanto à ordem dos oradores, costuma ser, todos os anos, o Brasil 
primeiro, seguido dos EUA (anfitriões) e depois cada país, mais ou menos pela ordem 
alfabética em inglês. Quanto aos prédios da AGNU, secretariado geral e da sede da 
ONU, são mais obras que envolvem diretamente o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.
Figura 10 – Vista da Sede da ONU a partir da Ilha Roosevelt, Nova Iorque, EUA
Fonte: Wikimedia Commons
O interior da AGNU é decorado pelos imensos painéis criados pelo pintor, tam-
bém brasileiro, CândidoPortinari.
Reinauguração dos painéis “Guerra e Paz” de Candido Portinari na ONU. 
Disponível em: https://bit.ly/32IgiW0
Além desses aspectos importantes, a atuação do Brasil nos demais organismos 
da ONU merece atenção: por exemplo, já possuiu bastante influência na Comissão 
Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), especialmente entre as déca-
das de 1950 a 1970, com destaque para os trabalhos de Celso Furtado e Fernando 
Henrique Cardoso; e na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agri-
cultura (FAO), desde sua fundação, com os debates em muito baseados nas ideias do 
médico e geógrafo brasileiro Josué de Castro – que, inclusive, integrou o organismo 
na década de 1950.
18
https://bit.ly/32IgiW0
19
Figura 11 – John Kennedy e Celso Furtado na Casa Branca,
discutindo o desenvolvimento do Nordeste brasileiro (1961)
Fonte: Wikimedia Commons
Considera-se dois os principais organismos da ONU: a Assembleia Geral da ONU 
(já comentada, mas na qual, objetivamente, cada país é “igual a outrem”) e o Conse-
lho de Segurança da ONU (CS-ONU, neste órgão, sim, as diferenças entre os Esta-
dos são salientadas e ficam patentes). O Brasil já foi eleito dez vezes para o CS-ONU, 
e atualmente está empatado com o Japão como o país que tem servido o maior nú-
mero de anos como membro eleito. O Brasil foi membro eleito para o Conselho de 
Segurança nos seguintes biênios: 1946-1947, 1951-1952, 1954-1955, 1963-1964, 
1967-1968, 1988-1989, 1993-1994, 1998-1999, 2004-2005, 2010-2011.
Esta é uma pauta bastante tradicional de nossa política externa, a “Reforma do 
Conselho de Segurança”, que visa a ampliação especialmente, mas não apenas, dos 
assentos de membros permanentes do Conselho. O Brasil em várias oportunidades 
procurou angariar apoio para esse assento permanente com poder de veto. 
Inclusive, formou uma aliança (o chamado G4) com Alemanha, Índia e Japão com a 
finalidade de que cada um apoie o outro para conseguirem os assentos permanentes. 
Entretanto, os quatro países sofrem objeções mais ou menos explícitas de alguns de 
seus parceiros/rivais que já possuem assento permanente: especialmente a China, 
que receia a ascensão do Japão e da Índia; a França, que receia a ascensão da 
Alemanha; e os EUA, que receia a do Brasil (especialmente após aproximação deste 
com Rússia e China no contexto dos Brics).
Dentre as “ferramentas” diplomáticas mais utilizadas pelo Brasil nesse projeto de 
conseguir um assento permanente no CS-ONU está seu engajamento nas operações 
de manutenção da paz da ONU. O País já participou de 33 operações das Nações 
Unidas, envolvendo mais de 25 mil homens e mulheres, com destaque para seu pa-
pel na Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah, que existiu 
entre 2004 e 2017). De forma e com resultados bastante controvertidos, o Brasil 
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UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
liderou o componente militar da Minustah desde a sua criação, inclusive mantendo o 
maior contingente de militares dentre todos. Entretanto, nem seu engajamento com 
a AGNU, com o CS-ONU, com os demais organismos e missões de paz, tampouco 
o fato de ser o décimo maior contribuinte para o orçamento regular das Nações Uni-
das, ainda fizeram o Brasil lograr êxito nesse projeto.
O Brasil e os Blocos Regionais 
Ao longo da trajetória da política externa brasileira, incluindo suas frequentes osci-
lações entre priorizar as relações hemisféricas ou globais, ou as relações Norte-Sul ou 
Sul-Sul, em determinados momentos o Brasil se envolveu mais profundamente com 
a formação de blocos regionais mais específicos. Dentre essas movimentações da 
política externa brasileira podemos destacar, sumária e não extensivamente, alguns 
dos exemplos a seguir.
Um dos primeiros (se não o primeiro) movimento diplomático brasileiro de gran-
de envergadura com seus vizinhos se deu no âmbito da Guerra do Paraguai (1864-
1870), e com a formação da Tríplice Aliança (fruto do tratado de mesmo nome) e 
que envolvia Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Um dos aspectos que 
saltam aos olhos é o fato de o Brasil, uma monarquia exótica dentre repúblicas, ter 
angariado apoio de outras duas repúblicas (Argentina e Uruguai) contra uma terceira 
república (o Paraguai). Ainda que com propósitos mórbidos, foi uma iniciativa salutar 
em termos regionais e multilaterais.
Outro momento foi a proposta do “Pacto ABC” (1915) envolvendo Argentina, 
Brasil e Chile. No contexto de sua assinatura, eram vistos como os três países mais 
poderosos, mais influentes e mais ricos da América do Sul. O termo “Pacto ABC” 
foi usado principalmente na primeira metade do século XX, quando eles trabalharam 
juntos para desenvolver interesses comuns e uma abordagem coordenada de ques-
tões na região com relativamente pouca influência de potências externas, inclusive 
respondendo à influência estadunidense na região e buscando estabelecer um equi-
líbrio e mecanismos de consulta entre os três. O Tratado não entrou em vigência e 
só foi ratificado no Brasil, ainda que grande parte da política exterior dos três países 
entre 1915 e 1930 tenha seguido a base de consultas e iniciativas mútuas. 
Em vários momentos, como no final do século XIX, e no pós-Segunda Guerra 
Mundial, boa parte das integrações possíveis entre os países latino-americanos 
eram eclipsadas por iniciativas dos EUA, como a OEA, por exemplo. Ainda assim, 
durante a Guerra Fria (1945-1991), houve, na América Latina, algumas importantes 
iniciativas de formação de bloco regional, um tanto na esteira do sucesso do 
recém-implantado Mercado Comum Europeu (MCE, de 1957). Uma das primeiras 
iniciativas de envergadura foi a Associação Latino-Americana de Livre Comércio 
(Alalc), criada em 1960 no Tratado de Montevidéu, pela Argentina, Brasil, Chile, 
México, Paraguai, Peru e Uruguai. Os signatários esperavam criar um mercado na 
América Latina e ofereciam descontos tarifários entre os países-membros. Entrando 
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em vigor em 2 de janeiro de 1962, em 1970 expandiu-se para incluir mais quatro 
países: Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela. Porém, à sombra das intervenções 
diretas e indiretas dos EUA na região (especialmente no caso das ditaduras militares 
instaladas com apoio dos EUA), a organização não teve muitos resultados práticos.
Em 1980, a Alalc se reorganizou na Associação Latino-Americana de Integração 
(Aladi), e mais tarde ampliando de 11 a 13 membros, quando, aos membros da anti-
ga Alalc se somaram Cuba (em 1999) e Panamá (em 2011). Contudo, a organização 
ainda padecia de maior coesão e densidade no sistema internacional.
Talvez o passo mais consistente no que tange a um bloco regional tenha sido a 
criação do Mercosul, que foi estabelecido pelo Tratado de Assunção, em 1991, e pelo 
Protocolo de Ouro Preto, em 1994. Seus membros plenos são Argentina, Brasil, 
Paraguai e Uruguai. A Venezuela é membro de pleno direito, mas está suspensa 
desde 1 de dezembro de 2016 no âmbito da vitória da direita na Argentina em 2015 
e dos golpes parlamentares de direita no Paraguai (2012) e no Brasil (2016). Há, 
além de membros, os seguintes países associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, 
Guiana, Peru e Suriname, com Nova Zelândia e México como países observadores. 
As origens do Mercosul estão ligadas às discussões para a constituição de um 
mercado econômico regional para a América Latina, que remonta ao Tratado que 
estabeleceu a Alalc (1960) e Aladi (1980). Ao longo da década de 1980, simulta-
neamente aos processos de redemocratização, Argentina e Brasil avançaram no 
assunto, assinando a Declaração de Iguaçu (1985), que estabeleceu uma comissão 
bilateral, seguida de uma série de acordos comerciais no ano seguinte. O Paraguai e 
Uruguai aderiram ao processo e os quatro países se tornaram signatários do Tratado 
de Assunção (1991), que estabeleceu o Mercosul. Inicialmente, foi estabelecida uma 
zona de livre comércio, na qual os países signatários não tributariam ou restringiriamas importações uns dos outros. Em 1º de janeiro de 1995, essa área se tornou uma 
união aduaneira, na qual todos os signatários poderiam cobrar as mesmas cotas de 
importação de outros países (tarifa externa comum). E hoje o objetivo do Mercosul 
é promover o livre comércio e a fluida circulação de mercadorias, pessoas e capitais 
para – quem sabe um dia – tornar-se efetivamente um mercado comum, ou até uma 
união econômica e monetária. 
Um dos passos mais ousados da política externa brasileira em termos de suas 
relações com seus vizinhos sul-americanos certamente foi a União das Nações Sul-
Americanas (Unasul). O Tratado Constitutivo da Unasul foi assinado em 23 de maio 
de 2008, na Terceira Cúpula de Chefes de Estado, realizada em Brasília, DF, e 
com sede em Quito, Equador. Contudo, também na esteira da guinada à direita 
na América do Sul, amplamente patrocinada pelos EUA, em abril de 2018, seis 
países – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru – suspenderam a sua 
participação, e em agosto do mesmo ano, a Colômbia anunciou sua retirada da 
organização. Em 2019, o Equador anunciou a retirada da organização, também 
pedindo ao bloco que devolvesse o prédio da sede da organização, em Quito. 
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UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Em termos de sofisticação, talvez nada tenha chegado perto da Unasul. Ao in-
tegrar os países do Mercosul, da Comunidade Andina das Nações (CAN) além de 
Guiana e Suriname, a Unasul tinha metas ambiciosas e foi criando estruturas para 
realizá-las, tais como o Parlamento Sul-Americano, o Banco do Sul, e os mais te-
midos pelos EUA, o Conselho Energético Sul-Americano (sobretudo em função do 
protagonismo venezuelano) e o Conselho de Defesa Sul-Americano. Certamente 
foi o que de mais próximo o mundo viu de uma organização nos moldes da União 
Europeia nos mais bem-sucedidos aspectos desta.
Ainda em termos de passos diplomáticos que ressaltam a inserção internacional 
do Brasil, especialmente na primeira década do século XXI foi o seu papel destacado 
na conformação do G20, do Ibas e do Brics – este já cotado.
O G20 (ou Grupo dos Vinte) é um fórum internacional para governos e chefes 
de bancos centrais de 19 países e da União Europeia (UE). Fundado em 1999 com 
o objetivo de discutir políticas relacionadas à promoção da estabilidade financeira 
internacional, o G20 ampliou substancialmente sua agenda desde 2008, no âmbito 
da crise econômica de 2008/2009 e sobre forte impulso do Brasil. Com o G20 cres-
cendo em estatura após a Cúpula de 2008, seus líderes anunciaram em 2009 que 
o grupo substituiria o G8 como o principal conselho econômico das nações ricas. 
Já o Fórum de Diálogo Ibas – Índia, Brasil, África do Sul, de 2003 – foi criado 
para promover a cooperação internacional entre esses países. Representa três polos 
importantes da cooperação Sul-Sul mundial e para uma maior compreensão entre 
três continentes importantes do mundo em desenvolvimento, a saber, África, Ásia e 
América. O Fórum fornece aos três países uma plataforma para se envolver em dis-
cussões de cooperação nos campos da agricultura, comércio, cultura e defesa, entre 
outros. O Ibas tornou-se um instrumento importante para promover uma coorde-
nação cada vez mais estreita sobre questões globais entre três grandes democracias 
multiculturais e multirraciais da Ásia, América e África, e contribuiu para melhorar a 
cooperação trilateral em áreas setoriais, além de aprofundar fundamentos do Brics.
Por fim, a iniciativa que talvez seja a mais ambiciosa em termos estratégicos do 
ponto de vista global: o Brics. De forma sucinta, Brics é a sigla criada para a associação 
das cinco principais economias nacionais emergentes (que, na verdade, podem ser en-
tendidas como “potências adormecidas”): Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Originalmente, os quatro primeiros foram agrupados como Bric (ou os Brics), 
antes da indução da África do Sul, em 2010. Os membros do Brics são conheci-
dos por sua influência significativa nos assuntos regionais e todos são membros do 
G20, e desde 2009 os países do Brics se reúnem anualmente em cúpulas formais. 
Com mais de 3,1 bilhões de pessoas, ou cerca de 41% da população mundial; 4/5 
dos membros (excluindo a África do Sul) estão entre as 10 maiores populações do 
mundo, os 10 maiores territórios, e os 10 maiores PIB PPC. Unidos, só possuem 
paralelos com os EUA e com a União Europeia em termos de “hard” e “soft power”.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Barão do Rio Branco
https://youtu.be/nUDcfNAA_Oo
Tempo e História – Ruy Barbosa
https://youtu.be/JiIz6qFJ3D4
 Leitura
Retirada do Brasil da Liga das Nações
https://bit.ly/2FLbshA
Atualidade do Pensamento de Celso Furtado na Avaliação do Desenvolvimento Social da América Latina
https://bit.ly/3hMICuq
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https://youtu.be/nUDcfNAA_Oo
https://youtu.be/JiIz6qFJ3D4
https://bit.ly/2FLbshA
https://bit.ly/3hMICuq
UNIDADE Breve Histórico e Panorama da Inserção 
do Brasil no Sistema Internacional
Referências
BRASIL. Presidência da República. Decreto n.º 4.118, de 7 de fevereiro de 2002. 
Brasília, DF, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-
to/2002/d4118.htm>. Acesso em: 15/05/2020.
CERVO, A. L.; BUENO, C. História da política exterior do Brasil. Brasília, DF: 
UnB, 2015.
DESIDERÁ NETO, W. A. et al. (Org.). Política externa brasileira em debate: di-
mensões e estratégias de inserção internacional no pós-crise de 2008. Brasília, DF: 
Ipea; Funag, 2018.
FAGUNDES, L. Participação brasileira na Conferência de Paz de Versa-
lhes. [20--]. Disponível em: <https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/pri-
meirarepublica/PARTICIPA%C3%87%C3%83O%20BRASILEIRA%20NA%20
CONFER%C3%8ANCIA%20DA%20PAZ%20DE%20VERSALHES.pdf>. Acesso 
em: 15/05/2020.
LIMA, S. E. M. (Org.). Brasil e China: 40 anos de relações diplomáticas – análises 
e documentos. Brasília, DF: Funag, 2016.
LINDGREN-ALVES, J. A. A década das conferências: 1990-1999. 2. ed. Brasília, 
DF: Funag, 2018.
PECEQUILO, C. S. Manual do candidato: política internacional. Brasília, DF: 
Funag, 2012.
VIEIRA, M. As embaixadas e a diplomacia de resultados. Folha de S. Paulo, 
11 jun. 2015. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-arti-
gos-e-entrevistas-categoria/ministro-das-relacoes-exteriores-artigos/10163-as-em-
baixadas-e-a-diplomacia-de-resultados-folha-de-s-paulo-11-06-2015>. Acesso em: 
15/05/2020.
VIGEVANI, T.; CEPALUNI, G. A política externa brasileira: a busca da autono-
mia, de Sarney a Lula. São Paulo: Unesp, 2016.
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https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/pri-
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discursos-arti-
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