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1 APS Descrição da atividade: Numa execução de título executivo extrajudicial, o juiz de direito da 2ª Vara Cível determinou a penhora de 30% dos vencimentos do executado, sob o argumento de que tal penhora preserva o suficiente para a manutenção do executado e da sua família. Considerando que o crédito não tem natureza alimentar e que a penhora não incidiu sobre o excedente a 50 salários- mínimos mensais, analise a decisão judicial à luz do art. 833 do CPC e da ponderação entre os interesses envolvidos, especialmente o direito do exequente à satisfação do crédito e a proteção da dignidade do executado e de sua família. O presente tema sobre a impenhorabilidade de salário descrito no artigo 833, inciso IV, com a exceção do §2º para os casos de prestação alimentícia vem sendo alvo de discussão no meio jurídico. De acordo com a legislação apontada, seria impenhorável o salário inferior a quantia de 50 salários mínimos, com exceção da prestação alimentícia. Da decisão exposta no enunciado da atividade, caberia agravo de instrumento à luz do artigo 1015, parágrafo único, do CPC. Porém, a discussão sobre a necessidade de satisfação do crédito levantou novas decisões sobre a possibilidade da penhorabilidade de salário, esgotadas as buscas de outros bens, desde que não haja prejuízo para a subsistência do devedor. No RECURSO ESPECIAL Nº 1.547.561 - SP (2015/0192737-3), a ministra Nancy Andrighi questionou a redação do artigo 833 do CPC de 2015 em comparação a redação anterior do CPC de 1973, que trazia em sua redação a palavra “absolutamente” para os bens impenhoráveis. Palavra esta retirada do novo código. Segundo o entendimento da ministra, com a nova redação, é possível mitigar a taxatividade do artigo 833, flexibilizando sua aplicabilidade ao caso concreto. 2 No referido REsp, houve o entendimento de que a penhorabilidade de 10% do salário do devedor de aluguéis seria adequada tanto para a satisfação do crédito quanto para manutenção da subsistência do devedor e de sua família, pelo prazo fixado até completo pagamento da dívida. Tal precedente abriu caminho para novas decisões no mesmo sentido. Dessa maneira, para o enunciado da atividade, seria possível a decisão do juiz em decretar da penhorabilidade de 30% do salário do devedor. Caso o credor - não havendo pagamento voluntário por parte do devedor - peticione sobre a penhora de salário, após esgotadas as buscas por outros bens penhoráveis para satisfação do crédito, o juiz poderá decidir sobre penhora de salário, analisando o caso concreto, mantendo o equilíbrio jurídico entre satisfação do crédito e a manutenção do meio de vida do devedor. Da decisão, cabe agravo de instrumento.