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AULA 04 ESTABILIZAÇÃO DAS TUTELAS

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UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE
CURSO DE DIREITO – 8ª FASE
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL – TUTELAS
PROFESSORA: Me. Jociane Machiavelli
AULA 04 – ESTABILIZAÇÃO DAS TUTELAS
Pode-se dizer que a “estabilização da tutela antecipada” busca prestigiar a tutela jurisdicional de cognição sumária, mediante a adoção de uma espécie de cognição exauriente eventual a depender da manifestação de vontade da parte ré, contra a qual foi deferida a tutela antecipada.
A estabilização da tutela antecipada encontra-se respaldada nas situações que Ovídio Baptista da Silva nominava de “tutela sumária autônoma”, naquelas hipóteses em que a antecipação da tutela — no que concerne aos seus efeitos — não tem nada de provisória, na medida em que impõe consequências que somente poderão ser reparadas por alguma forma subsequente de reposição monetária (SILVA, 2008)
Vamos exemplificar para que fique bem claro! A concessão de tutela antecipada para a realização de um procedimento médico custeado pelo Estado. Nesse caso, uma vez satisfeito o direito do autor, pode este carecer de interesse na obtenção de um provimento jurisdicional de cognição exauriente e com aptidão para produzir coisa julgada, até porque os efeitos práticos que seriam obtidos com a tutela final já foram alcançados — aqui, a extinção do processo em razão da irreversível satisfação do direito do autor impediria que se continuasse uma discussão judicial em busca da tutela de cognição exauriente acerca da qual não permanece sequer o interesse das partes.
Contudo, nos termos da legislação brasileira, a estabilização da tutela antecipada também poderá ocorrer nos casos em que os efeitos provenientes da decisão que concede a tutela antecipada sejam, faticamente, provisórios.
Vamos pensar no caso:
 O autor obtém, em tutela antecipada, a determinação para a exclusão do seu nome de um órgão de proteção ao crédito, dando-se por satisfeito com esse efeito prático, mesmo não existindo declaração, fundada em cognição exauriente, sobre a inexistência da dívida que gerou a sua negativação. Há, nesses casos, uma espécie de ruptura com a noção de cognição sumária, prevalente no direito brasileiro e duramente crítica por Ovídio Baptista da Silva, a qual não significaria nada mais do que “aquela legitimação de um juízo sumário, à espera de confirmação, no curso da ação, cuja cognição final a completará”. (SILVA, 2000)
A adoção da estabilização da antecipação da tutela permite, desse modo, que o juiz decida com base em cognição sumária e que essa decisão adquira um alto grau de estabilidade ao ponto de somente poder ser revertida se for proposta uma nova ação pelo réu – na qual assumirá posição de autor. Vale dizer, a cognição sumária não estará mais à espera de confirmação pela decisão definitiva a ser proferida no mesmo processo, pois o exaurimento da cognição, uma vez deferida a tutela antecipada, dependerá de ato positivo do réu.
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. 
§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto.
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput .
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2º.
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1º.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º deste artigo. (sem grifo no original ) (BRASIL, 2015)
O autor deverá requerer expressamente a estabilização da tutela antecipada. Aqui, vale esclarecer, não estamos nos referindo à necessidade de indicação da intenção do autor de se valer do procedimento antecedente, imposta pelo art. 303, § 5º, do CPC/2015 (LGL\2015\1656), mas sim da necessidade de o autor expressamente requerer a aplicação do art. 304 do CPC/2015. (ALVIM, 2020)
No Brasil, o legislador, mostrou-se cauteloso com a possibilidade da estabilização da tutela antecipada, fazendo com que a estabilização da tutela antecipada não opere de plano — o que redundaria na imediata extinção do processo, impondo-se ao réu, caso queira reverter a decisão de cognição sumária contra si proferida, a necessidade de propor uma nova ação. Com efeito, o artigo 304 do CPC estabelece que a decisão que conceder a tutela antecipada em caráter antecedente torna-se estável se contra ela “não for interposto o respectivo recurso”.
RECURSO é meio voluntário de impugnar uma decisão judicial que, diferentemente de outros meios impugnativos como, por exemplo, a ação rescisória, é manejado no mesmo processo em que proferida a decisão impugnada — é meio de impugnação endoprocessual, portanto. Não se confunde, pois, com outros atos praticados pelas partes que se voltam a objetivos diversos, como, por exemplo, a contestação e outros atos postulatórios que não têm por finalidade impugnar uma decisão judicial, em que pese o legislador tenha, no artigo 304 do CPC, ampliado a própria funcionalidade do recurso mediante uma espécie de “efeito obstativo da tutela antecipada”, uma vez que, agora, além de meio de impugnação da decisão que concede a tutela antecipada assumiu as vezes de ato impeditivo da estabilização da tutela antecipada.
Apesar disso, no Brasil, difundiu-se a doutrina no sentido de que qualquer manifestação do réu — e não somente a interposição do respectivo recurso como diz a lei – impediria a estabilização da tutela antecipada. Há quem diga, por exemplo, que “pode ocorrer de o réu não interpor agravo de instrumento, mas desde logo oferecer contestação no mesmo prazo — ou, ainda, manifestar-se dentro desse mesmo prazo pela realização da audiência de conciliação ou de mediação”, de modo que a manifestação do réu no primeiro grau de jurisdição serviria “tanto quanto a interposição do recurso para evitar a estabilização dos efeitos da tutela”. Também nesse sentido, tem-se afirmado que “eventual apresentação da defesa no prazo do recurso é um dado relevante, porque afasta a inércia e, com isso, a estabilização”.
Animado por esses entendimentos, o Superior Tribunal de Justiça, inicialmente, adotou o posicionamento de “embora o caput do artigo 304 do CPC⁄2015 determine que ‘a tutela antecipada, concedida nos termos do artigo 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso’, a leitura que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte contrária, sob pena de se estimular a interposição de agravos de instrumento, sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do ajuizamento da ação autônoma, prevista no art. 304, § 2º, do CPC⁄2015, a fim de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada” (REsp 1.760.966⁄SP, Rel. Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE, Terceira Turma, julgado em 4⁄12⁄2018, DJe 7⁄12⁄2018, sem grifos no original).
No entanto, recentemente, o Superior Tribunal de Justiça reviu o seu posicionamento, entendendo que onde está escrito recurso deve-se ler efetivamente recurso. No voto-vencedor, a ministra Regina Helena Costa, asseverou que não mereceria “guarida o argumento de que a estabilidade apenas seria atingida quando a parte ré não apresentasse nenhuma resistência, porque, além de caracterizar o alargamentoda hipótese prevista para tal fim, poderia acarretar o esvaziamento desse instituto e a inobservância de outro já completamente arraigado na cultura jurídica, qual seja, a preclusão”. Nessa linha, argumentou que “embora a apresentação de contestação tenha o condão de demonstrar a resistência em relação à tutela exauriente, tal ato processual não se revela capaz de evitar que a decisão proferida em cognição sumária seja alcançada pela preclusão, considerando que os meios de defesa da parte ré estão arrolados na lei, cada qual com sua finalidade específica, não se revelando coerente a utilização de meio processual diverso para evitar a estabilização, porque os institutos envolvidos – agravo de instrumento e contestação – são inconfundíveis.”Ainda, chancelou a tese de que “a ausência de contestação já caracteriza a revelia e, em regra, a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte autora, tornando inócuo o inovador instituto” (REsp 1797365/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/10/2019, DJe 22/10/2019)
É interessante notar, ainda, o fato de a ministra Regina Helena Costa ter mencionado, em seu voto, que durante a tramitação legislativa do atual CPC, optou-se por abandonar expressão mais ampla – "não havendo impugnação" (sem explicitação do meio impugnativo) – adotando-se expressão diversa — "não for interposto o respectivo recurso". Desse modo, segundo a ministra, “a interpretação ampliada do conceito, efetuada pelo tribunal de origem, caracterizaria indevida extrapolação da função jurisdicional”.
Nitidamente, o tratamento inicial conferido ao artigo 304 do CPC pelo Superior Tribunal de Justiça não passava de uma tentativa de reescrever a lei. Que os textos normativos não são inequívocos e que mesmo diante da clareza não cessa a interpretação são lições tão velhas que nem sequer precisariam ficar sendo o tempo todo repetidas (elas eram discussões palpitantes no clássico Compêndio de Hermenêutica para uso das faculdades de direito do império, de Francisco de Paula Baptista, o qual, em crítica à doutrina de Savigny, defendia que  interpretação não teria lugar sempre que a lei, em relação aos fatos sujeitos ao seu domínio, fosse clara e precisa).
Hoje essas afirmações não passam de obviedades, as quais, no entanto, têm desempenhado o papel de legitimar formas de extrapolar a função jurisdicional, investindo juízes e tribunais na condição de legisladores. O julgamento do mencionado REsp 1797365/RS é, diante desse quadro, um sopro de esperança na busca pelo irrestrito respeito à legalidade.
Fonte: https://grupoestudonovocpcdourados.wordpress.com/2015/11/12/fluxogramas-sobre-a-estabilizacao-da-tutela-provisoria/
 
ALVIM, Thereza. Requisitos para a estabilização da tutela antecipada. Disponível em https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/resultList/document?&src=rl&srguid=i0ad82d9b0000017209d53e1464e92561&docguid=I76dacbb0788711ea9218cd9793dc404c&hitguid=I76dacbb0788711ea9218cd9793dc404c&spos=2&epos=2&td=956&context=5&crumb-action=append&crumb-label=Documento&isDocFG=true&isFromMultiSumm=true&startChunk=1&endChunk=1 acesso em 12 de maio de 2020
SILVA, Ovídio A. Baptista da. Curso de processo civil. v.2. Processo cautelar (tutelas de urgência) 4. ed., rev. atual. Rio de Janeiro: Forense, 2007-2008, pp. 70-71.
SILVA, Ovídio A. Baptista da. O contraditório nas ações sumárias. Revista da AJURIS.  Ano XXV. Nº. 80. Dezembro de 2000. Porto Alegre: AJURIS, 2000, p. 214.
RAATZ, Igor . STJ acerta ao reinterpretar o instituto da estabilização da tutela antecipada. Disponível em https://www.conjur.com.br/2019-dez-07/diario-classe-stj-acerta-reinterpretar-instituto-estabilizacao-tutela-antecipada. Acesso em 12 de maio de 2010.

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