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MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 1 Antidiabéticos Diabetes Diabetes mellitus (DM) é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos, decorrente de defeitos na secreção da insulina, na ação da insulina ou em ambos, tendo como resultado hiperglicemia. Caracteriza-se por: • Hiperglicemia crônica • Distúrbios dos metabolismos dos carboidratos • Distúbios do metabolismo dos lipídios • Distúrbios do metabolismo das proteínas Diabetes tipo I x diabete tipo II Tipo I Tipo II Idade de inicio Geralmente durante a infância ou a puberdade Frequentemente acima dos 35 anos Estado nutricional no inicio Frequentemente desnutrido Geralmente presença de obesidade Prevalência 5 a 10% dos diabéticos diagnosticados 90 a 95% dos diabéticos diagnosticados Predisposição genética Moderada Muito alta Defeito ou deficiência As células são destruídas, eliminando a produção de insulina Incapacidade das células de produzir quantidades apropriadas de insulina; Resistencia à insulina; Outros defeitos MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 2 Sintomas A tríade clássica dos sintomas da diabetes: ▪ Poliúria (aumento do volume urinário, glicosúria); ▪ Polidipsia (sede aumentada e aumento de ingestão de líquidos); ▪ Polifagia (apetite aumentado). ▪ Outros sintomas importantes incluem: ▪ Perda de peso (aumento da degradação de proteínas); ▪ Visão turva; ▪ Cetoacidose diabética (degradação de gordura em Acetil-CoA convertida em corpos cetônicos → GRAVE). Diagnóstico da Diabetes Mellitus Pâncreas Órgão glandular que contém tecido exócrino e endócrino. • Porção exócrina (99%): Bicarbonato e enzimas digestivas • Ilhas endócrinas (ilhotas de Langherans): Hormônios o Células β: insulina e amilina o Células α: glucagon o Células Δ: somatostatina e gastrina o Células PP: polipeptídeo pancreático Antidiabéticos Insulina Hormônio formado por 2 cadeias peptídicas unidas por pontes dissulfeto, cuja secreção é regulada pela glicemia sanguínea. É produzido pelas células β do pâncreas. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 3 Tem por função, juntamente com o glucagon, coordenar o fluxo e o destino metabólico da glicose endógena, dos ácidos graxos livres, aminoácidos e de outros substratos que garantem o suprimento das necessidades energéticas durante o estado basal e no exercício. Receptor Os receptores estão espalhados por todo o corpo, com quantidades maiores no fígado, músculos e tecido adiposo. São heterodímeros e anfifílicos, pois atravessam a membrana e possuem um componente extra membrana. Liberação Insulina A glicose entra na célula β através do transportador glut 2. E começa a ser metabolizada, aumentando o ATP intracelular. O ATP bloqueia canais de K+ causando despolarização da membrana e abertura de canais Ca2+v. A entrada de cálcio na célula desencadeia a secreção de insulina. Outros estímulos além da glicose aumentam a secreção de insulina: parassimpático, ácidos graxos. Hormônios gastrintestinais também. O simpático (adrenalina) inibe a secreção de insulina. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 4 Resistência à insulina É uma resistência aos efeitos da insulina na mobilização, metabolismo e armazenamento da glicose, causando hiperglicemia. Os tecidos que eram responsivos à insulina tornam-se refratários e necessitam de níveis aumentados de insulina, ou seja, tornam-se hiperinsulinemia. A hiperinsulinemia é uma forma de compensação e pode durar anos. Causas: • Redução da concentração e da atividade quinase do receptor; • Redução da concentração e da fosforilação do IRS-1 e 2; • Redução da atividade da PI3K; • Redução da translocação dos transportadores de glicose (GLUTs); • Redução da atividade das enzimas intracelulares. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 5 Tratamento da diabetes com insulina Antigamente a insulina usada era de origem porcina ou bovina. Atualmente a insulina é de origem humana usando tecnologia do DNA recombinante. Normalmente ela é administrada por via subcutânea, no entanto, em emergência hiperglicêmica pode-se administrar insulina por via intravenosa ou intramuscular. Insulina injetável As preparações de insulina são classificadas de acordo com a duração da sua ação: • Ação rápida ou ultrarrápida: Normalmente utilizada nas refeições (simulam a secreção prandial). o Início muito rápido e curta duração o Existem 3 tipos de insulina de ação rápida: Lispro, Asparte e Glulisina. ▪ Todas dissociam-se rapidamente em monômeros. • Ação curta: É idêntica à insulina humana. o Rápido início de ação o Insulina regular: Trata-se de uma insulina solúvel complexada com zinco que possui a mesma sequência de aminoácidos que a insulina humana endógena. o Em solução na forma de hexâmeros na presença de zinco - estabilidade (início de ação tardio) • Ação intermediária: Geralmente é usada para controle de insulina basal,sendo necessário a administração de pelo menos duas vezes ao dia para fornecer cobertura basal de 24 horas. o Início lento. o Insulina NPH (protamina neutraHagedorn): É uma suspensão cristalizada de insulina humana, protamina e zinco em um tampão neutro que atrasa a liberação da insulina na corrente sanguínea. ▪ Pode ser administrada de 2 a 4 vezes ao dia. • Ação longa: Possibilitam liberação mais constante de insulina e são administradas 1 ou 2 vezes /dia. o Início lento. o Insulina glargina: É idêntica à insulina humana, exceto pela substituição de glicina por asparagina na posição A21 e pela adição de duas moléculas de arginina ao terminal amino da cadeia B da molécula de insulina, ▪ As moléculas de insulina dissolvem-se lentamente e produzem níveis baixos e contínuos de insulina circulante. ▪ Ela não possui pico de ação ▪ Em geral, a glargina é administrada uma vez ao dia; o Insulina determir: É o análogo de insulina mais recentemente desenvolvido. ▪ Geralmente é administrada duas vezes ao dia para obtenção de um nível basal uniforme de insulina. ▪ Retarda a absorção, ação e depuração. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 6 OBS! Podem ser feitas misturas de alguns tipos de insulina: lispro/asparte; regular/NPH. OBS! Quanto mais rápida a absorção, mais rápido o início de ação e mais curta a duração. Velocidade absorção depende: • Solubilidade da preparação • Circulação do local OBS! Níveis plasmáticos das insulinas: OBS! Orientações gerais: • A insulina deve ser estocada refrigerada; • Não deve ser congelada ou submetida a temperaturas superiores a 30ºC; • A insulina de uso diário pode ser mantida em temperatura ambiente, evitando a exposição direta à luz solar; • Seringas de insulina: 0,3-0,5 e 1 ml de capacidade; • A insulina deve ser aplicada pela via subcutânea (aproximadamente 90º da superfície de aplicação). MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 7 Insulina inalatória Atualmente, foi aprovada para uso uma formulação em pó seco de insulina regular recombinante (insulina de tecnologia tecnosfera). Após a sua inalação, a partir de um pequeno aparelho de uso individual, os níveis máximos de insulina são alcançados em 12 a 15 minutos e declinam para valores basais em 3 horas, com início significativamente mais rápido e duração mais curta do que a insulina subcutânea. Contraindicado para fumantes e pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Hipoglicemiantes orais Os hipoglicemiantes orais diminuem os níveis glicêmicos por diversos mecanismos, que podem ser separados em grupos. • Agentes que se ligama canais de potássio na célula B e que estimulam a secreção de insulina: sulfonilureias e meglitinidas • Agentes que reduzem os níveis de glicose em virtude de suas ações sobre o fígado, o músculo e o tecido adiposo, além de sensibilizadores à insulina: biguanidas e tiazolidinedionas; • Agentes que retardam a absorção intestinal da glicose: inibidores da a- glucosidase. • Agentes que simulam o efeito da incretina ou que prolongam a sua ação: Agonistas do receptor de peptídeo semelhante ao glucagon 1 [GLP-1] e inibidores da dipeptidil peptidase-4 [DPP-4]); • Agentes que inibem a reabsorção de glicose no rim: Inibidores do cotransportador de sódio-glicose [SGLT]; Sulfonilureias As sulfonilureias são fármacos secretagogos de insulina. • Representantes: o 1o geração: Tolbutamida, tolazamida, clorpropamida e acetoexamida. ▪ Não mais utilziadas o 2o geração: Glibenclamida, glipizina, glimeperida e glicazida. • Mecanismo de ação: Estimulam a secreção de insulina pelo pâncreas. o Elas fecham os canais de K+ dependentes de ATP presentes na célula β do pâncreas. Como consequência, haverá despolarização da membrana e abertura de canais de Ca2+v, resultando em influxo de Ca2+ e liberação de insulina pré-formada. MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 8 • Farmacocinética: São bem absorvidos por via oral, se ligam fortemente à albumina, metabolizadas no fígado. A maior parte é eliminada na urina, de forma que sua ação está aumentada nos idosos e nos pacientes portadores de doença renal; • Uso clinico: São utilizadas para controle da hiperglicemia em pacientes com DM2 que não respondem satisfatoriamente à dieta; • Efeitos adversos: o Ganho de peso: Aumento atividade insulina no tecido adiposo: ▪ Mais apropriadas para pacientes não obesos. o Podem causar hipoglicemia e hiperinsulinemia, a qual pode ser grave e prolongada; o Indivíduos que omitem refeições, idosos e pacientes com insuficiência renal, hepática ou cardíaca são suscetíveis à hipoglicemia, devendo-se, nesses casos, utilizar outra classe de antidiabético ou insulina; Meglitinidas As Meglitinidas são fármacos secretagogos de insulina. • Representantes: Repaglinida, Nateglinida • Mecanismo de ação: Igual a Sulfuniluréias • Farmacocinética Igual a Sulfuniluréias, mas com efeito e duração mais rápidos • Uso clinico: Igual a Sulfuniluréias, • Efeitos adversos: Igual a Sulfuniluréias. Biguanidas • Representantes: Metformina, única biguanida atualmente disponível no Brasil. • Mecanismo de ação: Ativam a AMPPK (proteinocinase dependente de AMP), bloqueando a degradação dos ácidos graxos e inibindo a gliconeogênese e a MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 9 glicogenólise hepáticas. Os efeitos secundários incluem aumento da sinalização da insulina (isto é, atividade aumentada do receptor de insulina), bem como aumento da responsividade metabólica do fígado e do músculo esquelético. o Reduzem a produção hepática de glicose (gliconeogênese), a qual encontra- se aumentada no diabetes do tipo 2; o Aumentam a captação de glicose no músculo esquelético,ou seja, reduz a resistência à insulina; o Reduzem a absorção de carboidratos; o Reduz a hiperlipidemia (reduz LDL e VLDL); • Farmacocinética: É bem absorvida por via oral, não se liga a proteínas plasmáticas e não é biotransformada. A eliminação é por via renal; • Uso clinico: Por não estimular o apetite é o fármaco de primeira escolha para pacientes com diabetes tipo 2 que são obesos; • Efeitos adversos: o Distúrbios gastrointestinais: Relacionados com a dose (anorexia, diarréia, náusea), os quais são normalmente transitórios; o Contraindicado para pacientes com insuficiência renal. Tiazolidinediona (glitazonas) • Representantes: Pioglitazona, única tiazolidinediona comercializada no Brasil. • Mecanismo de ação: As TZD são agonistas do receptor de hormônio nuclear, o receptor- ativado por proliferador peroxissômico (PPAR ). o PPAR atua como heterodímero com o receptor retinóide X para ativar a transcrição de um subgrupo de genes envolvidos no metabolismo da glicose e dos lipídios. o Uma teoria formulada sugere que as alterações mediadas por TZD/PPAR na expressão dos genes dos adipócitos resultam em mudanças no metabolismo das gorduras que alteram o ambiente metabólico dos hepatócitos e das células musculares, aumentando, em última análise, a sensibilidade desses tecidos à insulina. • Uso clinico: Pacientes com DM2 • Efeitos adversos: o Ganho de peso e retenção hídrica; o Pode precipitar ou piorar insuficiência cardíaca; maior risco de doenças cardiovasculares; o Em decorrência dos graves episódios de hepatoxicidade causadas por outras glitazonas, recomenda-se fazer testes de função hepática regularmente; o A terapia não deve ser iniciada caso o paciente apresente hepatopatia ativa ou aumento de transaminases; MOISÉS MOREIRA LOPES ATM24 FURG 10 Inibidores da α-Glicosidase A α-glicosidase é uma enzima intestinal envolvida com a absorção de carboidratos. • Representantes: Acarbose e Miglitol • Mecanismo de ação: Inibem as enzimas a-glicosidases presentes na borda em escova do intestino, responsáveis pela hidrólise de amido e dissacarídeos em glicose. Logo, diminuem, a absorção de carboidratos, reduzindo os níveis plasmáticos pós-prandial da glicose nos pacientes com DM2; o Não estimula a produção de insulina pelo pâncreas, nem reforça a ação do hormônio nos tecidos periféricos; • Uso clinico: Utilizada em pacientes portadores de diabetes tipo 2 cuja doença não é controlada de forma adequada com a dieta e sem outros agentes; • Efeitos adversos: flatulência, diarréia e dor abdominal Análogos do GLP-1/Incretinomiméticos Pertencem a essa família medicamentos de ação parecida com a do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) • Representantes: Liraglutida, lixisenatida, dulaglutida e semaglutida. • Mecanismo de ação: são drogas antidiabéticas que agem aumentando a função das incretinas para obter maior nível de insulina sanguínea. o Incretinas são hormônios liberados pelo intestino, após a ingestão de glicose por via oral que promovem: ▪ Liberação pós-prandial de insulina. ▪ Suprimem a secreção de glucagon pelas células do pâncreas; ▪ Retardam o esvaziamento gástrico (diminuindo a velocidade de entrada dos nutrientes na circulação); ▪ Membrana plasmática: células endoteliais dos • Uso clinico: É usado para tratar diabetes mellitus tipo 2 quando dieta e exercícios sozinhos não são suficientes para o controle da glicemia. • Efeitos adversos: Distúrbios gastrointestinais Inibidores da DPP-4 São fármacos que inibem a DPP-4 (dipeptidil peptidase), enzima que degrada o GLP-1 • Representantes: Sitagliptina, Vildagliptina, Saxagliptina, Linagliptina, • Mecanismo de ação: São inibidores seletivos da DPP-IV, a enzima plasmática que rapidamente inativa os hormônios circulantes da incretina, como GLP-1. Aumentando os níveis de Incretinas • Uso clinico: É usado para tratar diabetes mellitus tipo 2 quando dieta e exercícios sozinhos não são suficientes para o controle da glicemia. • Efeitos adversos: Podem causar, em alguns pacientes, dor articular, podendo ser severa e incapacitante
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