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Geometria Analítica e Álgebra Linear e Vetorial Professor Me. Alberto de Paula Freire EduFatecie E D I T O R A EQUIPE EXECUTIVA Editora-Chefe Profa. Dra. Denise Kloeckner Sbardeloto Editor Adjunto Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Assessoria Jurídica Profa. Dra. Letícia Baptista Rosa Ficha Catalográfica Tatiane Viturino de Oliveira Zineide Pereira dos Santos Revisão Ortográfica e Gramatical Profa. Esp. Bruna Tavares Fernandes Secretária Geovana Agostinho Daminelli Setor Técnico Fernando dos Santos Barbosa Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt www.unifatecie.edu.br/ editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP F866g Freire, Alberto de Paula Geometria analítica e álgebra linear e vetorial / Alberto de Paula Freire. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 91p.: il. Color. ISBN 978-65-80055-79-1 1. Geometria analítica. 2. Álgebra linear. 3. Álgebra vetorial. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 512.5 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 EduFatecie E D I T O R A UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. https://orcid.org/0000-0001-5409-4194 AUTOR Professor Me. Alberto de Paula Freire ● Licenciatura em Matemática pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA). ● Mestre em Ensino de Física pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). ● Professor universitário - UniFatecie ● Professor de Matemática do Colégio Fatecie Premium. Possui graduação em Matemática pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (2008). Mestrado em Física pela UTFPR campus Campo Mourão (2018). Tem experiência na área de Matemática e Física, para o Ensino Médio e o Pré- -Vestibular. Tem experiência em Cálculo Diferencial e Integral, Álgebra Linear, Geometria Analítica, Estatística e Matemática Financeira. Atualmente é professor do ensino médio no Colégio Fatecie Premium e no Centro Universitário UNIFATECIE nas graduações de Engenharia Civil, Engenharia Agronômica, Engenharia de Produção, Ciências Contábeis e Administração. Professor desde 1987. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6855292408517196 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Prezado (a) aluno (a), a Geometria Analítica e a Álgebra Linear exercem a função matemática de criar um elo entre as representações geométricas e as representações algé- bricas. Para tornar este material mais representativo, vamos estudar, conceitos, teoremas, demonstrações e exemplos. Isso fará com que o conhecimento adquirido seja de grande valia para o futuro profissional na área das exatas. A proposta da ementa é trazer de forma simples e objetiva, os temas mais importantes desta intrigante e fascinante disciplina. Na Unidade I, começaremos os nossos estudos compreendendo o plano cartesiano e seus elementos, na sequência o foco passa a ser os vetores. Para finalizar esta unidade, vamos aprender a importância matemática das posições relativas entre retas e planos. Já na Unidade II, vamos aprender a representação geométrica e algébrica das cônicas. Aprenderemos também a representação equacional da elipse, hipérbole e parábo- la. E para finalizar o estudo das cônicas, vamos desenvolver a representação geométrica das cônicas no plano cartesiano. Depois, na Unidade III, estudaremos as quádricas, suas equações e representa- ções geométricas. Este tema é um dos mais intrigantes da geometria analítica. A ideia é dar a você aluno (a), a noção de espaço tridimensional e rotação de cônicas. Para finalizar a nossa disciplina nesta quarta e última unidade, vamos falar sobre matrizes, determinantes e sistemas lineares. Aprenderemos conceitos, definições e teore- mas. Tudo muito bem orientado e contextualizado em nosso material. Dentro da proposta e dos objetivos da nossa disciplina, gostaríamos que você alu- no (a), aproveitasse o máximo este estudo e que o conhecimento adquirido seja de grande valia para sua vida profissional. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Plano Cartesiano, Vetores,Retas e Planos no Espaço UNIDADE II ................................................................................................... 28 Cônicas UNIDADE III .................................................................................................. 44 Quádricas UNIDADE IV .................................................................................................. 61 Matrizes, Determinentes e Sistemas 3 Plano de Estudo: ● Plano Cartesiano; ● Vetores; ● Retas e Planos no Espaço. Objetivos da Aprendizagem ● Proporcionar ao estudante uma visão integrada dos conceitos de plano cartesiano, cálculo vetorial, relação entre retas e planos no espaço; ● Utilizar os conceitos básicos das equações geométricas; ● Compreender os conceitos e fórmulas da geometria analítica para resolver problemas. UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço Professor Me. Alberto de Paula Freire 4UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço INTRODUÇÃO Nesta unidade aprenderemos os conceitos e definições do Plano Cartesiano, Ve- tores e Retas e Planos no Espaço. No primeiro tópico estudaremos a distância entre dois pontos, ponto médio, circunferência, equação de retas, ângulo entre duas retas e distância entre ponto e reta. No segundo tópico o nosso estudo entra em um dos temas mais importantes da matemática, os vetores, estudaremos os itens: representação geométrica dos vetores, ope- rações vetoriais, norma de um vetor, produto interno, dependência linear, base ortonormal e produto vetorial. Finalizando esta unidade, o nosso estudo concentra-se na equação cartesiana do plano, equação paramétrica do plano, posições relativas de planos e posições relativas entre retas e planos. 5UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço 1. PLANO CARTESIANO O plano cartesiano é um conceito introduzido no século XVII, pelos matemáticosfranceses René Descartes e Pierre de Fermat para representar graficamente pares or- denados (x, y), em que os elementos x e y pertencem aos números reais. Identifica-se geometricamente um plano cartesiano, com duas retas orientadas, uma na vertical e outra na horizontal. A reta vertical é responsável por alojar os valores de y, esta reta é chamada de ordenada. A reta horizontal tem a sua escala representada pelos valores de x, esta reta é chamada de abscissas. O ponto de interseção desses dois eixos é dito como origem do sistema cartesiano. O plano cartesiano é dividido em quatro regiões denominadas quadran- tes (BEZERRA e SILVA, 2010). FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DO PLANO CARTESIANO E OS QUATRO QUADRANTES Fonte: O autor (2021). 6UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 2 – TABELA DOS QUADRANTES E RESPECTIVOS SINAIS PARA OS EIXOS COORDENADOS Quadrante Abcissa Ordenada 1º quadrante + + 2º quadrante - + 3º quadrante - - 4º quadrante + - Fonte: O autor (2021). A geometria euclidiana interpretada no plano cartesiano é dita geometria analítica plana. Também chamamos o plano cartesiano de plano numérico, pois cada ponto do plano cartesiano é um par ordenado de números reais (x, y). Adotamos P=(x,y) para representar que (x,y) é um par ordenado identificado exa- tamente no ponto P. 1.1 Distância entre Dois Pontos Dados dois pontos, A ( x1, y1 ) e B ( x2 , y2 ), a distância entre eles é dada por que é o comprimento da hipotenusa do triângulo retângulo com catetos de comprimentos iguais a | x2 - x1 | e | y2 - y1 | , respectivamente. FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DA DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS NO PLANO CARTESIANO Fonte: O autor (2021). 1.2 Ponto Médio de um Segmento Considerando a figura abaixo, M é o ponto médio do segmento AB. Observe que, por semelhança de triângulos, as coordenadas de M são . 7UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DO PONTO MÉDIO ENTRE DOIS PONTOS NO PLANO CARTESIANO Fonte: O autor (2021). 1.3 Circunferência De acordo com Bezerra e Silva (2010), podemos definir uma circunferência, de raio r e centro em C, como sendo o lugar geométrico dos pontos P tais que d ( P,C ) = r. Se C( x 0 , y0 ) então essa circunferência é o conjunto dos pontos P(x,y) tais que ou seja, ( x -x0 )2 + (x - y0 )2 = r2. Essa equação é chamada de equação da circunferência de raio r e centro em (x0,y0). Por exemplo, a equação (x -3)2 + (x+4)2 = 36 uma equação da circunferência de raio 6 e centro em (3,-4). Eu disse uma equação e não a equação porque, depois de alguns cálculos, a equação acima se torna x2+y2-6x+8y-11=0 e esta é outra equação que descreve a mesma circunferência. A palavra equação quer dizer igualdade. As igualdades,(x-3)2 + (x+4)2 = 36 e x2 + y2 - 6x + 8y -11 = 0 são obviamente diferen- tes, mas elas são equivalentes, no sentido que os pares de números, x e y, que tornam a primeira equação verdadeira fazem com que a segunda equação também seja verdadeira, e reciprocamente. Por exemplo, (3 - 3)2 + (2 + 4)2 = 36 , ou seja, a primeira equação é verdadeira quando x = 3 e y = 2 e ; substituindo-se esses valores na segunda equação, ela fica 32 + 22 -18 +16 -11 = 0, que também, é verdadeira. 1.4 Equações de Retas De acordo com Bezerra e Silva (2010) vimos que, um ponto é interpretado no plano cartesiano como sendo um par ordenado de números. Veremos agora, que a reta vai ser interpretada como um conjunto de pares ordenados que satisfazem uma equação linear do tipo ax + by = c, com a ≠ 0 ou b ≠ 0. Observemos que o conjunto dos pares (x, y) que 8UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço satisfazem ax + by = c é igual ao conjunto dos pares que satisfazem Kax + Kby = Kc, K≠0, pois essas equações são equivalentes entre si. Interpretando a reta como um conjunto de pontos que satisfazem ax + by = c, em que a,b,c são números reais fixos e a2 + b2 ≠ 0 o que é equivalente a a≠0 ou b≠0), será que o axioma de geometria euclidiana “por dois pontos distintos passa uma única reta” é válido? Devemos verificar se a proposição “dados dois pa- res ordenados distintos, existe um único conjunto de pares ordenados que satisfazem uma equação ax+by=c , a2 + b2 ≠ 0 que contém os dois pares” é verdadeira no plano cartesiano, que é o que faremos a seguir. Proposição: Se P = ( x1 , y1 ) e Q =( x2 , y2 ) são distintos então existem a, b, e c, com a2 + b2≠0, tais que ax1 + by1 = c e ax2 + by2 = c. Além disso, se existem outros a´, b´, c´, com (a´)2 + (b´)2 ≠ 0, tais que a´x1 + b´y1 = c´ e a´x2 + b´y2 = c´ , então existe um número k tal que a´= k.a, b´= k.b, c´= k.c. Demonstração: Observe que (y2 - y1 ) x - (x2 - x1 ) y = ( y2 - y1 ) x1- (x2 - x1 ) y1 é uma equação do tipo procurado, pois é da forma ax + by = c e a equação é satisfeita pelos pontos P e Q. Vamos mostrar, agora, a segunda parte da proposição. Vamos supor, então, que ax1 + by1 = c e ax2 + by2 = c, e que a´x1 + b´y1 = c´ e a´x2 + b´y2 = c´. Temos, então, que a(x2 - x1) + b( y2- y1) = 0, e a´(x2 - x1) + b´(y2 - y1) = 0. Se x1 = x2, então, y1 ≠ y2 , pois P e Q são distintos. Obtemos, nesse caso, que b = b´= 0. Logo, tanto a como a’ são não nulos. Assim, . Logo, . E, como b = b´= 0, b´= k.b. Se y1 = y2, por raciocínio análogo, chegamos ao mesmo resultado. Vamos supor, agora, que x1 ≠ x2 e y1 ≠ y2 . Temos que . Logo, . Por conseguinte, k.c = k ( ax1 + by1 ) = (k.a) x1 + (k.b) y1 = a´x1+ b´y1 = c´ 1.5 Coeficiente angular de uma reta não vertical Definição: o coeficiente angular m (ou a inclinação, ou a declividade) da reta que passa por dois pontos P( x1, y1 ) e Q( x2 , y2 ), tais que x1 ≠ x2, é . 9UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DO COEFICIENTE ANGULAR DA RETA Fonte: O autor (2021). O coeficiente angular é a razão entre a variação de ordenadas e a variação de ab- cissas dos dois pontos. É um número real equivalente a tangente do ângulo que a reta, faz com o eixo horizontal. Quando se tem retas verticais, cujos pontos têm uma mesma abcissa, dizemos que elas têm inclinação infinita. A equação delas tem a forma x = x0, em que x0 é a abcissa comum a todos os pontos da reta. Agora, sejam dados dois pontos, P= (x1, y1) e Q = (x2 , y2), em que x1 ≠ x2. Seja r uma reta que passa pelos pontos P e Q. Uma observação muito importante, é o que chamamos de reta é um conjunto de pontos que satisfaz uma equação linear em x e y. Se esse conjunto representa uma reta, logo um ponto (x, y), desse conjunto (x,y)≠P, é tal que a inclinação da reta que passa por (x,y) e P é a mesma que a da reta P e Q. Sendo assim, podemos equacionar este conceito da seguinte maneira: Ou seja, . Logo chamaremos esta equação de equação da reta. A estrutura algébrica desta equação tem o formato ax + by = c. Com o estudo detalhado acima, podemos concluir que: se, a, b e c R, ax + by = c é equação de reta se e só se a ≠ 0 ou b ≠ 0. Quando ocorrer ambos os coeficientes a e b serem nulos, a equação se torna 0x + 0y = c, que não tem solução (c≠0), ou todos os pares ordenados são soluções (c=0), ou seja, o conjunto-solução é o plano todo. Outra maneira de achar equação de reta, é substituir dois pontos quaisquer na equação ax + by = c, obtendo assim um sistema de duas equações, cujas incógnitas são os coeficientes, a, b e c. 10UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço 1.6 Ângulo Entre Duas Retas Duas retas distintas em um plano podem ser concorrentes ou paralelas. Retas paralelas são aquelas que têm mesma inclinação. Por exemplo, as retas r:x =2 e s:x =-1 são paralelas; assim como as retas q : y = 2x + 2 e t : y = 2x - 5. Em determinados estudos as retas coincidentessão consideradas retas paralelas, isto pode configurar um caso particular. Duas retas representam uma mesma reta se os coeficientes, a, b e c forem iguais ou múltiplos. Podemos concluir ainda que, duas retas são concorrentes se as suas inclinações forem distintas. Destaca-se um caso particular de retas concorrentes, as retas perpendiculares en- tre si. A análise da posição entre duas retas, fica restrita as suas inclinações. Segue abaixo algumas definições quanto as posições e os ângulos de inclinação. , com , são perpendiculares se os ângulos θ1 e θ2( 00<θ1<θ2<1800) e , que as retas fazem respectivamente com o eixo horizontal, forem tais que θ2- θ1=900. Os coeficientes angulares das retas são m1 = tan(θ1) e m2 = tan(θ2). Utilizando relações trigonométricas, concluímos então que Segue abaixo, o seguinte resultado: y = m1 x + b1 (m1≠0) e y = m2 x + b2 (m2≠ 0) São perpendiculares . Podemos aplicar o mesmo raciocínio para calcular a tgθ entre duas retas concor- rentes, r e s, não perpendicular entre si. Analisemos os casos abaixo: • r : x = x0 (vertical) e s : y = mx + b, m≠0 FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO ANGULAR ENTRE DUAS RETAS EM RELAÇÃO AO EIXO X Fonte: O autor (2021). 11UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO ANGULAR ENTRE DUAS RETAS EM RELAÇÃO AO EIXO X θ = (900-θ)1 tgθ1 = m Fonte: O autor (2021). ● r : y = m1 x + b1 e y = m2 x + b2, m1.m2 ≠ (-1) Logo, concluímos que 1.7 Distância entre Ponto e Reta Neste item, estudaremos a distância entre o ponto P = (x0,y0) a uma reta, r:y=mx+b . Para este estudo é importante o ponto não pertencer a reta. Quando falamos de distância de um ponto à uma reta, devemos considerar a menor distância entre ponto P até a reta. Essa distância configura um segmento perpendicular à reta dada. Seja, o ponto Q = (x1 , y1) é a solução do sistema A solução é . A distância de P a Q é, então, igual a , ou seja, 12UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço 2. VETORES Para iniciar este estudo, é importante entender que, existem grandezas que neces- sitam do suporte vetorial e outras não. Vamos tomar como exemplo a grandeza velocidade, esta necessita de direção, sentido e intensidade. Se a grandeza velocidade necessita des- tes três elementos, ela é denominada vetorial. Um exemplo de grandeza que não necessita de direção e sentido é a massa. Esta grandeza é considerada limpa, ou seja, somente a intensidade é relevante. Nos itens abaixo, aprenderemos a origem dos vetores e suas aplicações (STEINBRUCH, 2013). 2.1 Espaço Cartesiano De acordo com Bezerra e Silva (2010) as coordenadas cartesianas no plano eucli- diano P, foi fixada uma unidade de medida e foram fixados dois eixos ortogonais, e (os eixos coordenados), interceptando-se em um ponto O, a origem. Passos inteiramente análogos podem ser utilizados para estudar a Geometria Espacial. No espaço euclidiano E, fixados três eixos mutuamente ortogonais , intersectando-se na origem O. FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DO TERNO ORDENADO NO R 3 Fonte: O autor (2021). 13UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço 2.2 Vetores e a Geometria Euclidiana A geometria é a área da matemática que disponibiliza o maior número de aplicações e funcionalidades para os vetores. É com a geometria que podemos definir que um vetor nada mais é que um segmento orientado. Também podemos utilizar de recursos como, teorema de Pitágoras e distância entre dois pontos para obter a intensidade ou magnitude dos vetores (FRANCO, 2016). Definição: Um vetor é um par ordenado (A, B) de pontos do espaço. O uso de par ordenado serve para dar noção de orientação do vetor. Podemos representar um par ordenado (A, B) graficamente com uma seta dirigida do ponto A ao ponto B (ver figura 9). Podemos então entender o segmento orientado de A a B como sendo dado pelo par (A, B) de pontos. FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO VETOR Fonte: O autor (2021). Podemos concluir que, um vetor depende somente de seu módulo, direção e sen- tido. Em uma representação geométrica, setas com mesma intensidade, direção e sentido representam o mesmo vetor. FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DE VETORES IGUAIS Fonte: O autor (2021). Observando os seguimentos (A, B) e (C, D), (ver Figura 11), concluímos que, não são colineares, logo as retas são diferentes. Os segmentos configuram mesmo comprimento, mesma direção, mesmo sentido, mas estão em lados opostos. 14UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 11– REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DE DOIS VETORES PARALELOS DE MESMO SENTIDO E MESMA INTENSIDADE Fonte: O autor (2021). 2.3 Operações Vetoriais A primeira e mais utilizada das operações vetoriais é a soma. Sejam e vetores. Es- colha um ponto O qualquer. Utilizando o teorema do paralelogramo, existem determinados pontos X e Y que podemos orientar até o ponto O, isso resulta em um seguimento orientado que posteriormente transforma-se nos vetores . Pela definição, a soma de u e v é o vetor . Esse vetor soma é denotado por u+v. Uma observação muito importante, é que, pelo teorema do paralelogramo o vetor soma é a diagonal deste quadrilátero. A representação geométrica da origem da soma vetorial, está na (figura 12) logo abaixo. FIGURA 12 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DA SOMA DOS VETORES U E V Fonte: O autor (2021). Propriedades da soma de vetores: (A1) (Comutatividade) u + v = v + u para quaisquer vetores u, v . (A2) (Associatividade) (u+v)+ w = u+(v+w) para quaisquer vetores u,v,w . (A3) (Elemento neutro) Se é o vetor nulo, v um vetor qualquer, (A4) (Inverso aditivo) Dado qualquer vetor v, existe um vetor -v tal que 15UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço Propriedades da subtração de vetores: (S1) , para qualquer vetor v; (S2) , para quaisquer vetores u, v ; (S3) , para quaisquer vetores u, v, z. Não menos importante que a soma e subtração de vetores, vem a multiplicação de um vetor por um escalar. Para um determinado vetor v e λ R. Podemos definir para λ=0, λ.v = (vetor nulo). Se λ < 0, o vetor λ .v diminuirá a sua intensidade e inverterá o sentido de v, para 0 < λ < 1 o vetor λ.v diminuirá a sua intensidade e manterá o mesmo sentido de v e para λ > 1, o vetor λ .v aumentará a sua intensidade e manterá o sentido de v. (AVRITZER, 2009). Observe na (Figura 13) a representação geométrica do conceito estudado. FIGURA 13 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO PRODUTO DE UM VETOR POR UM ESCALAR Fonte: O autor (2021). Propriedades da multiplicação por escalar: (M1) (α.β).v=α.(β.v) , para quaisquer números reais α,β e vetor v. (M2) (α+β).v=α.v+β.v, para quaisquer números reais α,β e vetor v. (M3) α.(u+v)=α.u+α.v, para quaisquer α número real e u,v vetores. (M4) 1.v, para qualquer vetor v. 2.4 Norma de um Vetor Neste item, denotamos o comprimento de um vetor pelo símbolo ||v|| e dizemos que este é a norma, o comprimento ou magnitude de v. Lembrar que norma é um termo matemático que se refere a comprimento. Definição: Se v = (v1,v2,v3,…..,vn) for um vetor em Rn, então a norma de v (também é denominada comprimento ou magnitude de v) é denotada por ||v|| e definida pela fórmula: 16UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DA NORMA DE UM VETOR NO R2 E NO R3 Fonte: O autor (2021). Teorema: Se for um vetor em Rn e k um escalar qualquer, então 2.5 Produto Escalar em Espaços Vetoriais O produto escalar (ou interno) entre dois vetores = (u1,u2,u3) e = (v1,v2,v3), escritos em coordenadas relativamente a uma base, é definido como: . = u1.v1 + u2.v2 + u3.v3. De maneira semelhante, pode definir-se o produto escalar entre dois vetores de Rn. Teorema: Se e são vetores não-nulos, então onde θ é o ângulo formado entre os vetores e . Fonte: O autor (2021). Este importante teorema pode ser provado usando a Lei dos Cossenos que, por sua vez, é consequência do Teorema de Pitágoras. Em particular, segue deste teorema que a definição de produto escalar não depende da base que escolhemos para escrever os vetores e através de coordenadas. Também segue deste teorema os seguintes resultados. 17UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço Corolário 1. O ângulo θ entre os vetores não-nulos e é dado por Corolário 2. Os vetores e são ortogonais se, e somente se, o produto escalar entre eles é zero: Exemplo 1. Calcule o ângulo entre os vetores = (6,-3,2) e = (2,1,-2). 2.6 Combinação Linear Sejam os vetores v1,v2 ,....,vn, do espaço vetorial V e os escalares a1,a2 ,....,an. Qual- quer vetor v V da forma: v = a1.v1 + a2.v2+⋯+an.vn , é uma combinação linear dos vetores v1,v2 ,....,vn. 2.7 Dependência e Independência Linear Sejam V um espaço vetorial e A={ v1,v2 ,....,vn } V. Consideremos a equação a1.v1+a2.v2+⋯+an.vn = 0. Sabemos que essa equação admite pelo menos uma solução: a_1=0, a_2=0, ...., a_n=0 chamada solução trivial. O conjunto A diz-se linearmente independente (LI), ou os vetores v1,v2 ,....,vn são LI, caso a equação admita apenas a solução trivial. Se existirem soluções ai ≠ 0, diz-se que o conjunto A é linearmente dependente (LD), ou que os vetores v1,v2 ,....,vn são linearmente dependentes (LD). 2.8 Base Ortonormal Se {v1,v2,v3} é um conjunto ortonormal de vetores do espaço, então {v1,v2,v3} é uma base. A demonstração segue do fato que, se , para todo k, mas, como o conjunto é ortonormal, essa equação é equivalente à equação ou seja, o vetor zero só se escreve da forma trivial como combinação linear de {v1,v2,v3}. Teorema dos produtos internos de vetores escritos como combinações de vetores de uma base ortonormal: Seja {v1,v2,v3} uma base ortonormal de vetores do espaço. Então, se u = t1 .v1 + t2 .v2+ t3 . v3 e v = s1 .v1+ s2 .v2 + s3 .v3, temos que . 18UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço Demonstração: 2.9 Orientação do Espaço Seja {v1,v2,v3} uma base do espaço. Podemos afirmar que a base é positiva se ela satisfaz à regra da mão direita. Para entendermos melhor, supor três representantes para esses vetores: . Agora vamos girar (no sentido do menor ângulo entre ) até coincidir com um vetor colinear com , com a mão direita apoiada no plano determinado por AB e AC. Se o dedo polegar da mão direita apontar para o mesmo lado do plano que então podemos afirmar que os três vetores satisfazem a regra da mão direita. Uma observação muito importante, é a orientação e ordem dos vetores. Finalizando este conceito, podemos representar a base {v1,v2,v3} do espaço com orientação (positiva ou negativa) pelo triedro {v1,v2,v3} (WINTERLE, 2000). 2.10 Sistema Cartesiano de Coordenadas no Espaço Para entender melhor este item, tomaremos como referência um ponto O e de- finiremos o mesmo como origem. É necessário para o nosso estudo, adotar uma base ortonormal positiva, { i ⃗, j ⃗, k ⃗}, e seus representantes (OX) ⃗, (OY) ⃗ e (OZ) ⃗. Para cada ponto P do espaço associaremos as coordenadas do vetor (OP) ⃗= xi ⃗+yj ⃗+ zk ⃗ em relação a base P( x, y, z ). Na diferenciação ponto e vetor, podemos escrever (OP) ⃗=( x , y , z ), para conceituar que (OP) ⃗=xi ⃗+yj ⃗+ zk ⃗. Uma observação muito importante, é que, tomando os pontos P( a,b,c ) e Q( x,y,z ), o vetor (PQ) ⃗ é dado pela diferença entre o vetor (OQ) ⃗ e o vetor (OP) ⃗:(PQ) ⃗=(OQ) ⃗-(OP) ⃗, logo podemos concluir que, (PQ) ⃗=( x - a ,y - b ,z - c ). Com esse estudo, podemos determinar o ângulo entre dois vetores. Identificar quando dois vetores são ortogonais (BEZERRA e SILVA, 2010). 2.11 Produto Vetorial Se u = ( u1, u2, u3 ) e v = ( v1, v2, v3 ) forem vetores no espaço tridimensional, então o produto vetorial u × v é o vetor definido por u × v = (u2 .v3 - u3 .v2,u3 .v1 - u1 .v3,u1 .v2 - u2 .v1) Ou, em notação de determinante, 19UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO PRODUTO VETORIAL Fonte: O autor (2021). Teorema: Para vetores u, v e w quaisquer, e para todo número real λ: Proposição: Se u e v são vetores não-nulos, ‖u×v‖=‖u‖‖v‖senθ onde é o ângulo entre u e v. Exemplo 1: Encontre o produto vetorial de u = (1,0,2) e v = (2,-1,3). Exemplo 2: Calcule o produto vetorial entre = (1,2,3) e = (-2,4,1). 20UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço 3. RETAS E PLANOS NO ESPAÇO Retas são conjuntos de pontos que formam uma figura com formato de linha que não faz curva.Planos são conjuntos de retas que formam uma superfície plana e que tam- bém não possuem distorção alguma. Entre essas duas figuras, quando observadas no espaço tridimensional, há posições relativas. 3.1 Equação do Plano No plano a equação geral de uma reta é ax+by+c=0. No espaço um plano é o conjunto dos pontos P = (x,y,z) que satisfazem a equação ax+by+cz+d=0, para a,b e c R, que é chamada equação geral do plano. Existe uma analogia entre uma reta no plano e um plano no espaço. No plano, a equação de uma reta é determinada se forem dados sua inclinação e um de seus pontos. No espaço, a inclinação de um plano é caracterizada por um vetor perpendicular a ele, chamado vetor normal ao plano e a equação de um plano é determinada se são dados um vetor normal e um de seus pontos. https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/retas.htm 21UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 15 – PLANO PERPENDICULAR A N=(a,b,c) E QUE PASSA POR PO=(X0, Y0, Z0) Fonte: O autor (2021). Proposição: A equação geral de um plano π que passa por um plano PO= (x0, y0, z0) e tem vetor normal N= (a,b,c) é ax + by + cz + d = 0 em que d = - (ax0 + by0 + cz0). Demonstração: Um ponto P = (x,y,z) pertence ao plano π se, e somente se, o vetor for perpendicular ao vetor N, ou seja, . Como, =(x - x0, y - y0, z - z0), a equação pode ser reescrita como a(x - x0)+b(y - y0) + c(z - z0)= 0, ou seja, ax+by+cz-(ax0+by0+cz0)=0. 3.2 Equação Paramétrica do Plano Para este estudo, tomamos dois vetores não-nulos e não-paralelos u e v, e um ponto P0. Considerando as retas ru e rv paralelas e na direção dos vetores u e v, concorrentes em P0. Teremos um único plano contendo as retas ru e rv e o ponto P0. Desta análise, podemos concluir que o plano P tem uxv como vetor normal e contém P0. Sendo P um ponto qualquer do plano, trace por P paralelas ru´ e rv´ a ru e rv respectivamente. A reta ru´ intersectará a reta rv no ponto P2 e rv´ intersectará a reta ru no ponto P1, como mostra a Figura 16 (BEZERRA e SILVA, 2010). FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DAS EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS NO PLANO Fonte: O autor (2021). 22UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço (x - x0,y - y0,z - z0) = t.(u1,u2,u3) + s.(v1,v2,v3) , Ou x = x0 + tu1 + sv1 y = y0 + tu2 + sv2 z = z0 + tu3 + sv3, Que são as equações paramétricas do plano P, por causa dos parâmetros s, t, cujos valores determinam os pontos do plano. Teorema: Um conjunto P R3 é um plano se, e somente se, existirem um ponto P0 P e vetores u, v não-nulos e não-paralelos tais que . 3.3 Posições Relativas de Planos Sejam π e π´ planos dados respectivamente por equações ax+by+cz=d e a´x+b´y+c´z=d´. Podemos ter um sistema de equações em dois formatos. O primeiro, da forma geométrica: o problema algébrico de dar umasolução do sistema de duas equações lineares com três incógnitas representa geometricamente obter os pontos de interseção de dois planos. Podemos considerar este estudo para sistemas de n (n≥2) equações lineares com três incógnitas. Resolver um sistema com a sua representação geométrica e obter os pontos comuns a n planos. O segundo, da forma a inverter a ênfase, veremos que o problema de encontrar a interseção de n planos (n≥2) reduz-se ao de resolver um sistema de n equações lineares com três incógnitas. Sejam n=(a,b,c) e n´=(a´,b´,c´) os respectivos vetores normais (STEINBRUCH, 2013). FIGURA 17 – POSIÇÕES RELATIVAS DE PLANOS: (A) COINCIDENTES, (B) PARALELOS E (C) TRANSVERSAIS Fonte: O autor (2021). 23UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço A primeira corresponde ao fato trivial de que, se temos uma equação do plano e a mul- tiplicamos por um número real não-nulo, ainda obteremos uma equação descrevendo o mesmo plano. Na segunda, os planos não podem ter pontos em comum. Isto ocorre porque o sistema é incompatível, ou seja, não admite soluções. Se subtraímos membro a membro a segunda equação de λ vezes a primeira, obtemos que λd - d´ = 0, em contradição com a hipótese de que d´ ≠ λd. Na terceira, os vetores e não são paralelos, seu produto vetorial tem ao menos uma componente não-nula, digamos a terceira: Na terceira, os vetores n e n´ não são paralelos, seu produto vetorial n x n´ tem ao menos uma componente não-nula, digamos a terceira: (n x n´)3 = ab´ - a´b ≠ 0. Nesse caso você pode verificar que Ou seja, os pontos de interseção são da forma Fazendo z=0, obtemos uma solução particular Podemos ainda, introduzir um novo parâmetro t R ponto . Proposição: Dois planos quaisquer ou são paralelos ou se intersectam em uma reta. Note que PO funciona como o ponto inicial, e o vetor diretor da reta é ortogonal ao vetor normal de cada plano, segue a representação geométrica (Figura 18). 24UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço FIGURA 18 – A INTERSECÇÃO DE DOIS PLANOS Fonte: O autor (2021). 3.4 Posições Relativas entre Retas e Planos Sejam agora π : ax + by + cz = d um plano, e Uma reta. Podemos ter π∩l = ∅ ou π∩l ≠ ∅ ou . No primeiro caso, dizemos que π e l são paralelos. Para que haja interseção, é necessário e suficiente que a(x0+αt) + b(y0+βt) + c(z0 + γt) = d, para algum t R. Ou seja, ax0 + by0 + cz0 - d = -t (aα + bβ + cγ). Mas note que, se ax0+by0+cz0≠d e aα+bβ+cγ≡0, não é possível achar t R de modo a satisfazer a equação. Pondo n=(a,b,c) e v=(α,β,γ), notamos então que para que π e l sejam paralelos é suficiente (e de fato necessário) que P0 (x0,y0,z0) ∉ π e 〈n,v〉 = 0. O vetor normal ao plano é ortogonal à direção da reta nesse caso, como seria de se esperar. Se π e l não são paralelos, temos duas possibilidades: i) ax0 + by0 + cz0 = d ou seja, P0 ( x0,y0,z0 )∈ π. Se 〈n,v〉=0, então, nesse subcaso, qualquer t∈R satisfaz. Isso significa que todo ponto da reta está no plano, isto é, l ⊂ π. Geometricamente, se o ponto inicial da reta está no plano e seu vetor diretor é ortogonal ao vetor normal do plano, então a reta toda permanece dentro do plano. Por outro lado, se 〈n,v〉≠0, então só podemos satisfazer ponto t=0. Ou seja, nesse subcaso a reta intersectará o plano somente no ponto P0. 25UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço ii) ax0 + by0 + cz0 ≠ d, ou seja, P0 (x0, y0, z0 ) ∉ π . Nesse subcaso, obrigatoriamente 〈n,v〉≠0, e só podemos satisfazer o ponto Provamos assim que: Proposição: Uma reta não contida em um plano ou é paralela ao plano, ou a inter- secta em um único ponto. SAIBA MAIS De acordo com Roncaglio e Nehring (2019), o conceito de vetor está relacionado com a ideia de grandezas. Este fato, faz com que este tema seja muito relevante para os enge- nheiros. No caso da Engenharia Civil, os cálculos envolvendo vetores são utilizados em situações como dimensionamento de vigas e treliças, elevadores, guindastes, carrega- mentos, reações de apoio, nas quais existem forças envolvidas. Fonte: Roncaglio e Nehring (2019). REFLITA Somos causas com quatro coordenadas, deslizando sobre a trama do universo. O aca- so (ou destino) é o motivo existencial da passagem e finalidade das coisas. O tempo é o gatilho vetorial de tudo; move do tangível até o improvável; o inconcebível é o enigma da lógica, como também é a base do mistério da fé. Fonte: SANTANA, M. J. O Pensador. Disponível em: https://www.pensador.com/frase/MjU1NjMxNA/. Acesso em: 04 fev. 2022. 26UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado (a) aluno (a), o estudo desta unidade foi concentrado no espaço carte- siano, espaço vetorial, posições relativas entre retas e planos e nas operações com tais elementos. Aprendemos que, um vetor é um elemento com intensidade, sentido e direção. Tal unidade também teve a finalidade de passar os conceitos operacionais dos vetores, assim como suas peculiaridades no espaço R2 e R3 e a relação entre a dependência e independência linear. A proposta deste estudo é formar um olhar mais crítico sobre a utilização dos vetores e espaço. 27UNIDADE I Plano Cartesiano, Vetores, Retas e Planos no Espaço MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Álgebra Linear Autor: Neide Bertoldi Franco Editora: Editora Pearson Sinopse: A proposta de Álgebra linear é ser muito mais do que um livro de exercícios, por isso apresenta os conceitos da área por meio de ilustrações e linguagens simples, utilizando exemplos resolvidos para auxiliar o leitor a compreender os conceitos em vez de simplesmente decorar fórmulas, e tudo isso sem perder o rigor necessário que a abordagem do tema exige. Apresentando desde os conceitos mais básicos até os mais complexos e propondo exercícios sobre o conteúdo estudado, este livro é indispensável na biblioteca de todo estudante de graduação nas áreas de exatas e engenharias que desejem um aprendizado realmente eficaz. SIMULADOR Título: PhET Autor: Carl Wieman (Universidade do Colorado – EUA) Sinopse: Oferece simulações de matemática e ciências divertidas, interativas, grátis, baseadas em pesquisas. Foram testamos e ava- liamos extensivamente cada simulação para assegurar a eficácia educacional. Estes testes incluem entrevistas de estudantes e observação do uso de simulação em salas de aula. As simulações são escritas em Java, Flash ou HTML5, e podem ser executadas online ou copiadas para seu computador. Todas as simulações são de código aberto (ver nosso código fonte). Vários patrocinado- res apoiam o projeto PhET, permitindo que estes recursos sejam livres para todos os estudantes e professores. https://phet.colorado.edu/pt_BR/about/source-code https://phet.colorado.edu/pt_BR/about/sponsors https://phet.colorado.edu/pt_BR/about/sponsors 28 UNIDADE II Cônicas Professor Me. Alberto de Paula Freire Plano de Estudo: ● Elipse; ● Hipérbole; ● Parábola. Objetivos da Aprendizagem: ● Reconhecer as características de cada cônica; ● Identificar os elementos das cônicas; ● Comprovar a definição de cada cônica; ● Compreender e aplicar as propriedades das cônicas. 29UNIDADE II Cônicas INTRODUÇÃO Nesta unidade, estudaremos os conceitos e definições das cônicas. Inicialmente abordaremos o estudo da Elipse. Neste tópico aprenderemos a representação geométri- ca desta cônica e a construção algébrica da sua equação. O nosso segundo tópico será segmentado na Hipérbole. Aprenderemos a representação geométrica no plano cartesiano e a usabilidade equacional. Finalizando esta unidade, vamos convergir para o estudo da Parábola e sua representação geométrica e equacional. Está cônica tem uma similaridade com a representação cartesiana da equação do segundo grau. Logo o seu entendimento se torna mais acessível. 30UNIDADE II Cônicas 1. ELIPSE Definição: Quando se tem um número positivo 2a, dois pontos fixos F1 e F2 (focos), em que a distânciaentre eles é 2c e 2c < 2a. A elipse de focos F1 e F2, de excentricidade , é o conjunto dos pontos P, tais que a soma das distâncias de P a F1 e de P a F2 é igual a 2a, isto é, E = { P∈R2 / d(P,F1)+d(P,F2) = 2a }. A excentricidade de uma elipse identifica geometricamente a sua forma. O valor da excentricidade está contido na seguinte variação . Outro aspecto muito relevante, é quanto mais próximo do número 1 é o valor da excentricidade, mais a elipse se aproxima de um seguimento de reta. Se este número for próximo de zero, então a elipse se aproxima de uma circunferência. A representação da elipse no plano cartesiano é demonstrada através de uma equação algébrica e um conjunto de pontos ( x , y ). Considere os focos F1 = (-c,0) e F2 = (c,0), c > 0, e a excentricidade . Seja ( x,y ) um ponto P qualquer da elipse, definida a partir desses dados. 31UNIDADE II Cônicas Podemos concluir que: Adotando b como um número positivo, temos que b2 = a2 - c2, logo (equação da elipse). FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DA ELIPSE COM EIXO MAIOR EM X Fonte: O autor (2021). A figura é simétrica em relação à origem (0,0), pois, se (x, y) satisfaz a equação, (-x, -y) também a satisfaz. Se F1 = ( 0, -c ), F2 = ( 0, c ), e a excentricidade for a mesma, a elipse definida terá o eixo maior em y. A mudança das coordenadas dos focos, faz com que a elipse faça uma rotação de 90°. Com isso a equação para a ser 32UNIDADE II Cônicas FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DA ELIPSE COM EIXO MAIOR EM Y Fonte: O autor (2021). Exemplo 1: A equação 6x2 + 10y2 = 15 representa uma elipse, pois equivale a ou seja, . O eixo maior dessa elipse é o segmento 2a, aonde e . O eixo menor é o segmento 2b, com e . Aqui, e logo c2 = a2 - b2 = 1. Portanto os focos da elipse são os pontos F´ = (-1,0) e F = (1,0). 33UNIDADE II Cônicas 2. HIPÉRBOLE Quando se tem um número positivo 2a, dois pontos fixos F1 e F2 (focos), em que a distância entre eles é 2c e 2c >2a. A elipse de focos F1 e F2, de excentricidade , é o conjunto dos pontos P, tais que a diferença das distâncias de P a F1 e de P a F2 é igual a 2a, isto é, E = { P∈R2 / d(P,F1 ) -d( P,F2 ) = 2a}. A excentricidade de uma hipérbole identifica geometricamente a sua forma. O valor da excentricidade é maior que . Quanto maior ele for, maior é a abertura da hipérbole. A representação da hipérbole no plano cartesiano é demonstrada através de uma equação algébrica e um conjunto de pontos ( x , y ). Considere os focos F1 = ( -c, 0 ) e F2 = ( c, 0 ) e a excentricidade . Seja ( x , y ) um ponto P arbitrário da hipérbole, definida a partir desses dados. Temos que: 34UNIDADE II Cônicas Adotando b como um número positivo, temos que b2 = c2 - a2, logo (equação da hipérbole). FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DA HIPÉRBOLE Fonte: O autor (2021). Observação: Quando a hipérbole tem pontos não nulos no eixo das abcissas, é importante considerar . Dentro do mesmo raciocínio, podemos concluir ainda que, . Vale a pena lembrar que os pontos da hipérbole quando x tende a ±∞, aproximam-se das retas (assíntotas da hipérbole). Se F1 = ( -c,0 ), F2 = ( c,0 ) e a excentricidade for a mesma, a hipérbole definida terá o eixo de simetria em y. A mudança das coordenadas dos focos, faz com que a hipérbole faça uma rotação de 90°. Com isso a equação passa a ser e suas assíntotas, 35UNIDADE II Cônicas FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DA HIPÉRBOLE ROTACIONADA EM 90 GRAUS Fonte: O autor (2021). A hipérbole de excentricidade e focos Será calculada, a partir da definição de hipérbole, como foi feito com a elipse; 36UNIDADE II Cônicas Observe na equação acima que, se b = a = √2 , então c = 2 . Logo, FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DA HIPÉRBOLE NO 1º E 2º QUADRANTE Fonte: O autor (2021). Exemplo 1: A equação 6x2 - 10y2 = 15 equivale a , logo representa uma hipérbole cujos eixos AA’ e BB’ são determinados por . Como e , temos c2 = a2 + b2 = 4, logo c = 2. Assim, os focos desta hipérbole são os pontos F=(2,0) e F´=(-2,0). 37UNIDADE II Cônicas 3. PARÁBOLA Definição: A representação geométrica de uma parábola é uma curva plana, tem-se ainda que o conjunto de todos os pontos são equidistantes de um ponto denominado foco (F) e de uma reta chamada de diretriz (d). Assim, podemos chamar de lugar geométrico da parábola. p = {P∈R2/d(P,F) = d(P,d)} FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DA PARÁBOLA Fonte: O autor (2021). Devemos considerar sempre que a representação algébrica de uma parábola é dada por uma equação, e que a representação geométrica é descrita como um conjunto de pontos (x,y) do plano cartesiano que satisfazem uma certa equação. 38UNIDADE II Cônicas Exemplo 1: Considere a reta e o ponto . Seja (x,y) um ponto P arbitrário da parábola, definida a partir dessa diretriz e desse foco. Temos que: logo, é equivalente à equação y = x2 - 4x + 3. Dada agora a função quadrática g: R ⟶ R definida por g(x) = x2-4x+3, a parábola acima é o gráfico de g. Definição: Uma função f:R⟶R é dita ser quadrática (ou do segundo grau) se, e somente se, existirem constantes reais, e abc, com a≠0, tais que,∀ x∈R, f(x)=ax2+bx+c. As funções f:R⟶R dadas por f(x)=x2, f(x)=(x+3)2, ou f(x)=-0,5x2+0,9x são, todas, exemplos de funções quadráticas. Exemplo 2: Vamos obter uma equação para a parábola de foco F = (-1,1) e diretriz r:y=x. Se P(x,y) é um ponto arbitrário dessa parábola, temos: Calculando a equação acima, obtemos uma equação equivalente à equação: x2 + 2xy + y2 + 4x - 4y + 4 = 0 De acordo com Bezerra e Silva (2010), a equação encontrada no exemplo 1 cor- responde a uma equação na forma de função quadrática. Porém, a equação do exemplo 2 não corresponde a uma equação de função quadrática, pois dado um valor arbitrário para x, existem dois valores possíveis para y. A figura abaixo nos dá uma ideia do esboço desta parábola, cujos eixos de simetria não são paralelos aos eixos cartesianos. FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DA PARÁBOLA Fonte: O autor (2021). 39UNIDADE II Cônicas Exemplo 3: Vamos obter uma equação para a parábola de foco F=(0,p) e diretriz r:y=-p,p>0. Se F=(x,y) é um ponto arbitrário dessa parábola, temos: Note que se ,então obtemos a parábola y = ax2. Deste modo, o foco e a diretriz da parábola y = ax2 são, respectivamente, . De acordo com Murdoch (1969), devemos considerar sempre que o eixo de uma pará- bola é uma reta perpendicular à sua diretriz que passa por seu foco. Esse é um eixo de simetria perpendicular à diretriz. Outra questão muito relevante é, se o eixo de uma parábola é uma reta vertical, a diretriz dessa parábola será uma reta horizontal. Ainda fazendo parte deste conceito, o eixo de simetria da parábola sempre intercepta um ponto chamado de vértice. Exemplo 4: Considere a função quadrática y = ax2+bx+c , em que a ≠ 0. Note que essa equação é equivalente à equação Denotando b2 - 4ac por ∆, essa equação também é equivalente à equação: Fazendo , podemos reescrever esta equação da seguinte da forma y´=a(x´)2 , que corresponde (ver exemplo 3) a uma parábola cujos foco e diretriz, no eixo 0x´0y´, são . FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO CARTESIANA DO EIXO DE SIMETRIA E RETA DIRETRIZ DE UMA PARÁBOLA Fonte: O autor (2021). 40UNIDADE II Cônicas Deste modo, no sistema 0x0y, y = ax2+bx+c, é a equação da parábola cujo foco é o ponto e cuja diretriz é a reta .Exemplo 5: Seja p uma parábola com eixo vertical. Logo, sua diretriz é uma reta horizontal: y=c, em que c denota uma constante. Seja F=(r,s) seu foco. Como F não perten- ce à diretriz, s≠c. Assim, para todo ponto (x,y) da parábola, temos que: Como s ≠ c, podemos definir Assim, a equação acima fica na forma y = ax2+bx+c , que define uma função quadrática. 41UNIDADE II Cônicas SAIBA MAIS “As curvas cônicas, por serem encontradas na natureza, foram objetos de estudo para diversos matemáticos. A circunferência, por exemplo, foi símbolo da perfeição na Gré- cia Antiga, podendo ser encontrada nas ondas produzidas por uma pedra na superfície de um lago ou até mesmo na roda. Já a elipse corresponde à geometria das órbitas de alguns planetas e cometas e a hipérbole corresponde à geometria das trajetórias de alguns cometas e de outros corpos celestes. A parábola corresponde à trajetória de um projétil lançado num campo gravitacional, o que se pode verificar com a trajetória de um jacto d’água. A elipse pode ainda ser encontrada na forma da luz de uma lanterna proje- tada numa superfície plana. As cônicas na Engenharia e Arquitetura são usadas devido às suas propriedades físicas e até mesmo estéticas como no caso das pontes, pórticos, cúpulas, torres e arcos. Um exemplo é o cabo de suspensão de uma ponte, quando o peso total é uniforme distribuído segundo o eixo horizontal da ponte, toma a forma de uma parábola.” Fonte: (SOMMERFELD, 2013, p. 01). REFLITA Entre os anos de 1609 e 1618, Johannes Kepler (1571-1630), um grande astrônomo e matemático alemão, desenvolveu três leis capazes de explicar o movimento dos pla- netas em torno do Sol. A primeira de suas leis, a lei das órbitas, afirma que a órbita dos planetas não é circular, mas elíptica. Kepler foi capaz de determinar com grande precisão as trajetórias dos planetas, para tanto, contou com uma grande quantidade de dados cui- dadosamente coletados pelo astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601). Fonte: HELERBROCK, R. Curiosidades Astronômicas. MUNDO EDUCAÇÃO – UOL. s/d. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/primeira-lei-kepler.htm. Acesso em: 08 mar. 2022. https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/johannes-kepler.htm 42UNIDADE II Cônicas CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado (a) aluno (a), o estudo desta unidade foi concentrado nas cônicas e suas definições. Aprendemos que, uma parábola é uma seção cônica cujos pontos são repre- sentados em um sistema de coordenadas cartesianas através de uma equação do 2° grau. Dentro do cronograma deste material, concluímos também que, a elipse é encon- trada através de um corte não paralelo à base de um cone. Por essa razão, ela pertence às cônicas. Para finalizar nosso estudo, vimos também que, a hipérbole pode ser obtida a partir de um corte efetuado em um cone, assim como ocorre com a elipse e a parábola, todas denominadas cônicas. 43UNIDADE II Cônicas MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Geometria Analítica (um tratamento vetorial) Autor: Ivan de Camargo e Paulo Boulos. Editora: Editora Pearson. Sinopse: Esta nova edição de Geometria Analítica: um tratamen- to vetorial confirma sua posição como um clássico das ciências exatas. Ampliado e completamente revisto pelos autores, o livro traz centenas de novos exemplos e exercícios, além de ilustrações totalmente refeitas. O novo layout proporciona uma leitura mais agradável e facilita a compreensão e a localização de tópicos e exercícios, porém a estrutura didática bem-sucedida das edições anteriores foi cuidadosamente mantida. Escrito em linguagem cla- ra e objetiva, este livro também traz respostas para os exercícios e estratégias de solução, o que o torna um guia essencial para o estudo da Geometria. SOFTWARE Título: Geogebra Autor: Markus Hohenwarter Sinopse: GeoGebra é um aplicativo de matemática dinâmica que combina conceitos de geometria e álgebra em uma única GUI. Sua distribuição é livre, nos termos da GNU General Public License, e é escrito em linguagem Java, o que lhe permite estar disponível em várias plataformas. https://www.google.com/search?sa=X&bih=625&biw=1366&hl=pt-BR&sxsrf=ALeKk02861Dlbr5_EHjLk0saA_0ITqUcsg:1629524045111&q=Markus+Hohenwarter&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLWT9c3NDLKyyjOMV7EKuSbWJRdWqzgkZ-RmleeWFSSWgQAU2G6JiQAAAA&ved=2ahUKEwi__fGOssHyAhWLrJUCHQrfCB8QmxMoATAhegQIMxAD 44 UNIDADE III Quádricas Professor Me. Alberto de Paula Freire Plano de Estudo: ● Quádricas; ● Quádricas Centrais; ● Quádricas Não Centrais. Objetivos da Aprendizagem: ● Desenvolver o pensamento geométrico, teóricos e práticos das quádricas centrais e não centrais; ● Representar algebricamente o desenvolvimento equacional das quádricas; ● Identificar o modelo da quádrica através das interseções de planos com superfícies cilíndricas. 45UNIDADE III Quádricas INTRODUÇÃO Nesta unidade estudaremos as quádricas e suas definições. Para iniciar o nosso estudo, o primeiro tópico traz o conceito de espaço tridimensional associado as equações gerais. No segundo tópico será apresentado as quádricas centrais, demonstrando assim, o equacionamento e representação geométrica no espaço R3. Ainda neste tópico estuda- remos a representação do cilindro reto de base elíptica, cilindro de base hiperbólica, cone duplo de revolução, elipsoide, hiperboloide de uma folha e hiperboloide de duas folhas. No terceiro e último tópico desta unidade será apresentado as quádricas não-centrais. Esse estudo concentra-se nas equações e representação geométrica do paraboloide elíptico e paraboloide hiperbólico. 46UNIDADE III Quádricas 1. QUÁDRICAS De acordo com Venturi (2003), uma quádrica ou superfície quádrica é o conjunto dos pontos do espaço tridimensional, em que as coordenadas cartesianas verificam uma equação do segundo grau, com no máximo três variáveis: Ax2 + By2 + Cz2 + Dxy + Eyz + Fxz + Gx + Hy + Iz + J = 0 Intitulada de equação cartesiana da superfície quádrica. Quando o termo indepen- dente representado pela constante J for nulo, a quádrica passa pela origem. Esse fato se deve por que o ponto O = (0,0,0) satisfaz tal equação. As superfícies quádricas mais conhecidas são: Esferas, paraboloides, elipsoides, hiperboloides, cilindros do 2º grau e cones do 2º grau. Exemplos de superfícies esféricas: a) Esfera x2 + y2 + z2 - 4x - 6y -10z + 13 = 0 b) Elipsóide 47UNIDADE III Quádricas c) Hiperbolóide xy + yz + xz - 2x + 2 = 0 d) Parabolóide x2 + y2 - z = 4 e) Superfície Cilíndrica x2 + (2y)2- y + z -3xy + xz - yz =0 f) Superfície Cônica x2 + y2 + z2 - 3xy - 2xy - 2yz = 0 48UNIDADE III Quádricas 2. QUÁDRICAS CENTRAIS De acordo com Bezerra e Silva (2010), as quádricas correspondentes são centrais, isto porque o ponto (x,y,z) pertence à quádrica, logo (-x,-y,-z) também pertence, sendo assim, quádricas desse tipo permanecem intactas se fizermos uma reflexão em torno da origem. Se tomarmos uma esfera de raio igual a 1, com centro em (1,1,1), concluiremos que a mesma não faz parte das quádricas centrais. Isso quer dizer que a sua equação pode ser escrita da seguinte forma: x2 + y2 + z2 - 2x - 2y - 2z + 2 = 0. Por uma reflexão mais detalhada em torno da origem, essa esfera seria levada em uma esfera de raio unitário, de centro (-1,-1,-1). Aparentemente, é fácil se convencer que, somente uma esfera com centro na origem pode ser uma quádrica central. Lembrando que mesmo entre as quádricas centrais, existe uma variedade muito grande, isso porque depende dos sinais relativos dos λi´s e de j . Depois do conhecimento adquirido acima, vamos relacionar as seguintes possibilidades: I) Os três λi´s são nulos Nesse caso, a equação reduzida se torna j=0. Se, de fato, j=0, todo ponto de R3 é solução; caso j≠0, o conjunto de soluções é vazio. Portanto, R3 e o conjunto vazio são tipos particulares de quádricas. 49UNIDADE III Quádricas II) Só dois dos λi´s são nulos Se tomarmos λ1 = λ2 = 0 e λ3 ≠ 0 (os demais casos serão inteiramente análogos,diferindo por uma troca adequada de direções). Nesse caso, a equação reduzida se torna Se j = 0, essa é uma equação do plano XY, que representa uma quádrica central. Se , não podemos ter solução, pois nesse caso o segundo membro seria negativo, enquanto que z2 ≥ 0, e a quádrica correspondente é novamente o conjunto vazio. Se , escrevemos , e a equação reduzida se torna z2 = a2 ⇔ z = ±a, que descreve um par de planos paralelos ao plano XY ( z = a e z = -a ). III) Somente um dos λi´s é nulo Agora vamos considerar que λ3= 0, λ1 λ2 ≠ 0. Nesse caso, λ1 e λ2 podem ter o mes¬mo sinal ou sinais opostos. Caso j = 0, teremos, em resumo, que: |λ1| x2 ± |λ2|y2 = 0. Para o sinal ‘+’, todo ponto da forma (0,0,t) com t ∈ R é solução, e teremos então uma parametrização do eixo Z. Do contrário, teremos , que descreve dois planos paralelos ao eixo Z. Se j ≠ 0, podemos dividir a equação reduzida por j e ficamos com Se , a solução é o conjunto vazio. Do contrário, escrevemos , para obter as possibilidades. 50UNIDADE III Quádricas FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO CASO (I) ILUSTRA UM CILINDRO RETO DE BASE ELÍPTICA Fonte: O autor (2021). FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DOS CASOS (II) E (III) PODEM ILUSTRAR O CILINDRO DE BASE HIPERBÓLICA. Fonte: O autor (2021). IV) Nenhum dos λi´s é nulo Tal afirmação é muito relevante. Mais uma vez temos dois subcasos: IV) a) j = 0. Na situação a seguir, a equação reduzida se torna: λ1 x2 + λ2 y2 + λ3 z2 = 0. Se todos os λi´s tiverem o mesmo sinal, podemos escrever essa equação na forma: |λ1 | x2 + |λ2 | y2 + |λ3 | z2 = 0 que só admite uma solução, a saber x=y=z=0, e, logo, a quádrica será um único ponto localizado na origem. Se fizermos uma análise de forma contrária, temos dois dos λi´s negativos (positivos) e o terceiro positivo (negativo). Com este estudo podemos expor as seguintes equações abaixo: 51UNIDADE III Quádricas As três possibilidades a acima, correspondem a um cone duplo de base elíptica. Para fazer um prévio estudo, vamos considerar a primeira das equações. Observando esta equa- ção, temos que a interseção com um plano paralelo ao plano XY é dada, tomando-se z uma constante na equação. Se considerarmos z=0, temos que x=y=0, logo, o plano XY intersecta essa quádrica em um único ponto. Quando z≠0, a equação descreve elipses, cuja dimensão, depende do valor de z2. A interseção dessa quádrica com o plano YZ para (x=0) são as retas , e com o plano XZ para (y=0) são as retas . A representação geométrica para esse modelo de cone está na Figura 3. FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO CONE DUPLO DE REVOLUÇÃO Fonte: O autor (2021). É importante observar que na representação geométrica acima, o eixo z coincide com o eixo do cone. Neste caso em que a=b, temos um cone duplo de revolução. Ao ana- lisar a representação como uma rotação, a mesma é gerada pela reta (em torno do eixo z). As duas últimas equações representam cones cujo eixo coincide com os eixos x e y. 52UNIDADE III Quádricas IV) b) j ≠ 0. Além de ter o conjunto vazio nesta situação, temos também os grupos abaixo: Grupo (g1) Grupo (g2) Grupo (g3) FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO ELIPSOIDE Fonte: O autor (2021). Suas interseções com os planos XY, XZ e YZ e são respectivamente as elipses 53UNIDADE III Quádricas 2a, 2b e 2c são os comprimentos dos eixos do elipsóide, cada um deles contido em um eixo ordenado (figura 4). Se dois desses três são iguais, temos um elipsóide de revolução. Exemplo: Tem-se uma superfície quádrica de equação que representa um elipsoide. FIGURA 5 – ELIPSOIDE DA EQUAÇÃO QUÁDRICA APRESENTADA NESTE EXEMPLO Fonte: O autor (2021). Determine: a) as coordenadas dos pontos P1, P2 e P3; P1 = (2,0,0); P2 = (0,5,0) e P3 = (0,0,3) b) a equação da curva C1 ; (Elipse no plano xz) c) a equação da curva C2 ; (Elipse no plano xy) d) analise da simetria. A superfície é simétrica em relação a origem. As equações das quádricas representadas no Grupo (g2) são hiperbolóides de uma folha (figura 6). Se tomarmos como exemplo a terceira das equações mencionadas acima, teremos que a interseção da quádrica correspondente com o plano xz é a hipérbole , como também no plano yz é a hipérbole . Devemos considerar que, a intersecção com um plano z=d paralelo ao plano xy é dada por ,que é a equação da elipse. 54UNIDADE III Quádricas Se a=b, essas elipses são circunferências, logo teremos um hiperboloide de revolu- ção de uma folha, que por sua vez é gerado pela rotação da hipérbole situada no plano xz em torno do eixo z. FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO HIPERBOLÓIDE DE UMA FOLHA Fonte: O autor (2021). As equações das quádricas representadas no Grupo (g3) são hiperbolóides de duas folhas (figura 7). Se tomamos a terceira das equações acima, e reescrevemo-la na forma , podemos concluir que todo ponto dessa quádrica satisfaz a condição |z| ≥ c. Outro aspecto a ser considerado, é que essa quádrica não possui pontos entre os planos z=c e z=-c. A interse- ção desta quádrica com qualquer plano z=d com |d|>c é dada pela equação , que descreve uma elipse. A quádrica intersecta o plano xz, segundo a hipérbole , e com o plano yz, segundo a hipérbole . Novamente, se a=b, temos o hiperbolóide de revolução de duas folhas. FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO HIPERBOLÓIDE DE DUAS FOLHAS Fonte: O autor (2021). 55UNIDADE III Quádricas 3. QUÁDRICAS NÃO-CENTRAIS As quádricas não-centrais correspondem para algum ai´s da equação reduzida não nulo. Vamos ficar restritos nos casos que possam ser reduzidos: Grupo (g1) Grupo (g2) 56UNIDADE III Quádricas As equações do Grupo (g1) descrevem o parabolóide elíptico. FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO PARABOLÓIDE ELÍPTICO Fonte: O autor (2021). Exemplo: Achar as coordenadas dos pontos de intersecção da superfície quádrica 4x2+ y2 - z=16 com os eixos coordenados. FIGURA 9 – PARABOLÓIDE DA EQUAÇÃO QUÁDRICA APRESENTADA NESTE EXEMPLO Fonte: O autor (2021). a) com o eixo x ⇒ 4x2 = 16 ⇒ x = ±2 b) com o eixo y ⇒ y2 = 16 ⇒ y = ±4 c) com o eixo z ⇒ -z = 16 ⇒ z = -16 57UNIDADE III Quádricas Consideremos a terceira das equações do grupo g1. É importante observar que, a quádrica correspondente não possui ponto para os quais z < 0. Sua interseção com o plano xz é a parábola , e com o plano yz é a parábola . Sua interseção com o plano xy é dada pela equação , que só possui solução x=y=z=0, e com os planos z=d com d > 0 pelas equações que são elipses. Quando a=b, temos um parabolóide de revolução. Finalmente, as equações do Grupo (g2) descrevem parabolóides hiperbólicos (figura 10). FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DO PARABOLÓIDE HIPERBÓLICO Fonte: O autor (2021). Vamos considerar a primeira dessas equações. A interseção da quádrica com os planos z=d são as parábolas , e com o eixo xz é a parábola . Tal figura é construída ao deslizar a parábola (contida no plano xy) sobre seu vértice ao longo da parábola invertida . 58UNIDADE III Quádricas SAIBA MAIS “O matemático suíço Leonard Euler (1707-1783) foi responsável por importantes contri- buições em todas as áreas da Matemática. Teve uma produção gigantesca de teoremas e conjecturas atém de ter resolvido importantes problemas que perduraram até sua interferência. Destaque também para suas contribuições à Geometria no espaço R3. No livro “Introduction in Analysin Infinitorium” livro, Euler apresenta as equações dos cones, paraboloides, elipsoides e hiperboloides usando o sistema cartesiano no R3. Sem dúvi- da, foi um dos matemáticoscom mais trabalhos reconhecidos. Tinha uma capacidade de calcular fora do comum e uma memória espetacular. Prova disso é que nos últimos anos de vida, ficou cego e mesmo assim, não parou de produzir e dar contribuições para a Matemática. Fazia cálculos mentalmente e ditava para que seu filho pudesse registrar.” Fonte: (AMARAL, 2019, p. 30). REFLITA “A Geometria existe por toda a parte. É preciso, porém, olhos para vê-la, inteligência para compreendê-la e alma para admirá-la.” (Johannes Kepler) Fonte: GUIA DOS QUADRINHOS. http://www.guiadosquadrinhos.com/personagem/johannes-ke- pler/39358. Acesso em: 04 abr. 2022 http://www.guiadosquadrinhos.com/personagem/johannes-kepler/39358. http://www.guiadosquadrinhos.com/personagem/johannes-kepler/39358. 59UNIDADE III Quádricas CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado (a) aluno (a), nesta unidade, estudamos a definição das quádricas e suas representações. Aprendemos a diferença entre quádricas centrais e não-centrais. Vimos também a representação equacional e geométrica do cilindro reto de base elíptica, cilindro de base hiperbólica, cone duplo de revolução, elipsoide, hiperboloide de uma folha, hiper- boloide de duas folhas, paraboloide elíptico e paraboloide hiperbólico. O conhecimento adquirido nesta unidade, faz com que o aluno tenha uma noção mais detalhada sobre a revolução das cônica e a representação no espaço R3. 60UNIDADE III Quádricas MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Geometria Analítica Autor: Fabiano José dos Santos e Silvimar Fábio Ferreira Editora: Editora Artmed Sinopse: Livro ideal para os alunos em início dos cursos de graduação, pois é claro, objetivo e conciso, além de exigir pou- cos conhecimentos prévios (conteúdo de matemática do ensino médio). Quantidade de texto na medida certa para este público, sem detalhes em excesso e com grande número de exemplos e exercícios. SOFTWARE Título: Maple Autor: Universidade de Waterlo (Canadá). Sinopse: é um sistema algébrico computacional comercial de uso genérico. Constitui um ambiente informático para a computação de expressões algébricas, simbólicas, permitindo o desenho de gráfi- cos a duas ou a três dimensões. O seu desenvolvimento começou em 1981 pelo Grupo de Computação Simbólica na Universidade de Waterloo em Waterloo, no Canadá, província de Ontário. Desde 1988, o Maple tem sido desenvolvido e comercializado pela Maplesoft, uma companhia canadense também baseada em Waterloo, Ontario. É comercializado como «a ferramenta de pro- dutividade essencial para cada profissional técnico.A versão atual é Maple 2017. https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Waterloo https://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_alg%C3%A9brico_computacional https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Waterloo https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Waterloo https://pt.wikipedia.org/wiki/Waterloo_(Ont%C3%A1rio) https://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ont%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Maplesoft https://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1 61 UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas Professor Me. Alberto de Paula Freire Plano de Estudo: ● Matrizes; ● Determinantes; ● Sistemas. Objetivos da Aprendizagem: ● Ter a capacidade de representar os diferentes tipos de matrizes e efetuar cálculos envolvendo as operações com matrizes; ● Resolver problemas utilizando a linguagem matricial; ● Relacionar determinantes com matrizes; ● Resolver determinantes de 2º e 3º ordem; ● Utilizar as propriedades de determinantes; ● Identificar os tipos de sistemas lineares; ● Resolver sistemas lineares e interpretar suas soluções. 62UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas INTRODUÇÃO O objetivo desta unidade é realizar um estudo sobre os tópicos: Matrizes, Determi- nantes e Sistemas Lineares. O primeiro tópico desta unidade, traz a definição e operacio- nalidade matemática das matrizes. Neste tópico aprenderemos sobre a representação de uma matriz, igualdade de matrizes, adição de matrizes, multiplicação de uma matriz por um número real, multiplicação de matrizes e matriz inversa. O segundo tópico desta unidade tem como finalidade determinar um valor para uma matriz. Para que este processo aconteça, é necessário transformar a matriz em deter- minante. A partir de agora vamos determinar a ordem de uma determinante, o cálculo dos cofatores, a regra de Sarrus e o método de Laplace. Para finalizar esta unidade, vamos aprender um dos temas mais importantes da Álgebra Linear, os sistemas lineares. Neste último tópico, identificaremos a solução de um sistema linear, utilizaremos a regra de cramer para solucionar um sistema linear possível determinado e o escalonamento para solucionar um sistema possível indeterminado ou sistema linear impossível. Compreenderemos também, que todo sistema linear homogêneo tem solução. 63UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas 1. MATRIZES De acordo com Sousa, Sabino e Sabino (2017), a história dos sistemas de equa- ções lineares passaram por diversas contribuições de vários matemáticos até chegar ao que se conhece hoje. Afirma-se também que as notações, os conceitos e os teoremas foram modificados e aperfeiçoados ao longo do tempo. O estudo de sistemas de equações lineares deu origem inicialmente ao estudo dos determinantes e posteriormente ao das matrizes. As provas mais antigas desta utilização são as inscrições em tabletas babilônicas feitas de argila datadas de cerca de 300 a.C. e as representações dos coeficientes de sistemas lineares em barras de bambu que constam no livro Nove Capítulos sobre a Arte Matemática, publicado entre 200 a.C. e 100 a.C. na China. 1.1 Representação de uma Matriz De acordo com Lima (2008), as matrizes normalmente são representadas por letras maiúsculas e seus elementos por letras minúsculas. A representação genérica de uma matriz é acompanhada de dois índices, o índice m que representa a linha e o índice n que representa a coluna. A combinação destes índices representa a ordem da matriz. 64UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas Exemplo: Uma matriz A do tipo m x n é representada por: A=[aij ]m x n, onde i e j representam, respectivamente, a linha e a coluna que o ele- mento ocupa, . Na matriz anterior, a23 é o elemento da segunda linha com o da terceira coluna. 1.2 Matriz Linha É toda matriz do tipo 1 x n, isto é, com uma única linha. Exemplo: A = (1 4 0)1X3 . 1.3 Matriz Coluna É toda matriz do tipo n x 1, isto é, com uma única coluna. Exemplo: 1.4 Matriz Quadrada É toda matriz do tipo n x n, isto é, com o mesmo número de linhas e colunas. Dizemos que a matriz é de ordem n. Exemplo: Matriz de ordem 2 Matriz de ordem 3 65UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Uma das configurações mais importantes da matriz quadrada, é as diagonais. Diagonal principal de uma matriz quadrada é o conjunto de elementos dessa matriz, tais que i = j. Diagonal secundária de uma matriz quadrada é o conjunto de elementos dessa matriz, tais que i + j = n + 1. Exemplo: Descrição da matriz: O subscrito 3 indica a ordem da matriz; A diagonal principal é a diagonal formada pelos elementos –1, 6 e 1; A diagonal secundária é a diagonal formada pelos elementos 2, 6 e 0; a11 = -1 é elemento da diagonal principal, pois i = j = 1; a31 = 2 é elemento da diagonal secundária, pois i + j = n + 1 = 3 + 1. 1.5 Matriz Nula É toda matriz em que todos os elementos são nulos. Notação: Om x n Exemplo: 1.6 Matriz Diagonal É toda matriz quadrada onde só os elementos da diagonal principal são diferentes de zero. Exemplo: 1.7 Matriz Identidade É toda matriz quadrada onde todos os elementos que não estão na diagonal princi- pal são nulos e os da diagonal principal são iguais a 1. Observação: In onde n indica a ordem da matriz identidade. 66UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas Exemplo: 1.8 Matriz TranspostaDefine-se com matriz transposta de uma matriz A uma matriz que é obtida através da matriz A, trocando-se ordenadamente suas linhas por colunas ou suas colunas por linhas. Observação: At. Exemplo: Se então = Assim, se a matriz A é do tipo m x n, At será do tipo n x m. 1.9 Matriz Simétrica Uma matriz quadrada é considerada simétrica, somente quando A = At. Exemplo: Se Observação: Se A = - At, dizemos que a matriz A é anti-simétrica. 1.10 Matriz Oposta Identificamos uma matriz como oposta de outra, quando se mantem os mesmos elementos, mais com sinais opostos. Observação: Simbolicamente representa-se uma matriz oposta como (- A ). Exemplo: Se 1.11 Igualdade de Matriz Duas matrizes, A e B, de mesma ordem, são consideradas iguais quando todos os elementos são idênticos. Observação: A = B. Exemplo: 67UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas 1.12 Adição de Matriz Dadas as matrizes A=[aij ]m x n e B =[bij ]m x n, chamamos de soma das matrizes A e B a matriz C =[cij ]m x n, tal que cij = aij + bij , para todo 1 ≤ i ≤ m e todo 1 ≤ i ≤ n. Observação: Só é possível a adição de matrizes de mesma ordem, isso ocorre quando m=n. Propriedades: Quando as matrizes A, B e C são do mesmo tipo (m x n), as seguin- tes propriedades a baixo são válidas. 1) Associativa: ( A + B ) + C = A + ( B + C ) 2) Comutativa: A + B = B + A 3) Elemento Neutro: A + O = O + A = A Observação: Considerar O como matriz nula m x n. Elemento Oposto: A + ( -A ) = ( -A ) + A = O Exemplos: 1.13 Multiplicação de um Número Real por uma Matriz Dados um número real x e uma matriz A do tipo m x n, o produto de x por A se dá na multiplicação de todos os elementos da matriz pelo real denominado como x. Observação: B = x.A Propriedades: Sendo A e B matrizes de mesma ordem e x e y números reais quaisquer, fica valendo as seguintes propriedades: 1) Associativa: x.( y.A) = ( x.y ). A 2) Distributiva primeiro modelo: x.( A + B ) = x.A + x.B 3) Distributiva segundo modelo: ( x + y ).A = x.A + y.A 4) Elemento Neutro: x.A = A, quando x = 1, temos: 1.A = A Exemplo: 68UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas 1.14 Multiplicação de Matrizes O produto entre duas matrizes, não é uma multiplicação dos seus respectivos ele- mentos. A multiplicação de matrizes não é análoga à multiplicação de números reais. Logo, vamos considerar que o produto das matrizes A=[aij ]m x p e B=[bij ]p x n resulta em uma matriz C=[cij ]m x n, onde cada elemento cij é obtido através da soma dos produtos dos elementos correspondentes da i-ésima linha de A pelos elementos da j-ésima coluna de B. Observação: Só é possível a multiplicação entre duas matrizes, se o número de colunas da primeira matriz for igual ao número de linhas da primeira matriz. Simbolicamente temos: Am x p e Bp x n ⇒ (A.B)m x n Exemplos: Propriedades: Quando verifica-se a condição de existência, fica válida as seguin- tes propriedades. Associativa: ( A.B ).C = A.( B.C ) Distributiva em relação à adição: A.( B+C ) = A.B + A.C ( A+B ).C = A.C + B.C Elemento Neutro: A. In = In .A = A Observação: In é a matriz identidade de ordem n. Exemplos: 1) Sendo , vamos determinar o produto de A.B e B.A, na sequência faremos uma comparação entre os resultados. 69UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas Solução: Assim: 1.15 Matriz Inversa Dada uma matriz A, quadrada de ordem n, existe a matriz A-1, de mesma ordem, se, A . A-1 = A-1. A = In. Exemplo: Sendo , vamos determinar a matriz inversa de A, se existir. Solução: Existindo, a matriz inversa é de mesma ordem de A. A partir da igualdade de matrizes, resolvemos o sistema acima pelo método da adição e chegamos à: 70UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas 71UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas 2. DETERMINANTES De acordo com Néta (2014), a noção de determinante esteve presente entre os chineses como ferramenta para resolver problemas que podiam se expressos por sistemas lineares. Mas foi em 1683, que o maior matemático japonês do século XVII, Seki Kowa, deixou clara essa noção, quando sistematizou o procedimento utilizado pelos antigos chi- neses. Foi também em 1863, a primeira aparição de uma determinante na Europa com uma carta de Leibniz enviada ao marquês L´Hôpital. 2.1 Determinante de Primeira Ordem Notação: det M ou |a11 | = a11 Exemplos: 1) M1=[2] ⇒ detM1= 2” ou “ |2|= 2 2) M2=[-5] ⇒ detM1=-5” ou “ |”-5” |= -5 2.2 Determinante de Segunda Ordem Logo: detM = a11 a22-(a12 a21 ) Exemplo: Sendo , então: 72UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas 2.3 Matriz dos Cofatores Dada uma matriz quadrada Amxm, para um determinado valor ai,j dessa matriz, o seu cofator será dado por: Aij = (-1)i+j . Dij Sendo Dij o determinante da matriz resultante da retirada da linha i e da coluna j. Exemplo: Dada , os cofatores relativos a todos os elementos da matriz A são: Assim, podemos também determinar a matriz dos cofatores (que será denotada por A ) como sendo: 2.4 Matriz Adjunta A matriz transposta da matriz dos cofatores de uma matriz A é chamada adjunta de A. Logo: 2.5 Teorema de Laplace O determinante de uma matriz quadrada pode ser obtido pela soma dos produtos dos elementos de uma fila qualquer (linha ou coluna) da matriz M pelos respectivos cofatores. Observação: A ideia é sempre escolher uma linha ou coluna com elementos nulos, isso diminui a quantidade de cálculos. Exemplo: Calcular com o auxílio do Teorema de Laplace, o seguinte determinante: Solução: Aplicando o teorema de Laplace na coluna 1, temos: 73UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas 2.6 Regra de Sarrus Dispositivo prático para calcular o determinante de 3a ordem. Exemplo 1: Calcular o seguinte determinante através da Regra de Sarrus. Solução: 1º Passo: Repetir a duas primeiras colunas ao lado da 3a: 2º Passo: Encontrar a soma do produto dos elementos da diagonal principal com os dois produtos obtidos com os elementos das paralelas a essa diagonal. OBS.: A soma deve ser precedida do sinal positivo, ou seja: = + ( a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 ) 3º Passo: Encontrar a soma do produto dos elementos da diagonal secundária com os dois produtos obtidos com os elementos das paralelas a essa diagonal. OBS.: A soma deve ser precedida do sinal negativo, ou seja: - (a13 a22 a31+ a11 a23a32+ a12 a21 a33 ) Assim: Observação: Se desenvolvêssemos esse mesmo determinante de 3a ordem com o auxílio do teorema de Laplace, veríamos que as expressões são idênticas, pois represen- tam o mesmo número real. 74UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas Exemplo: Calcular o valor do seguinte determinante: Solução: 2.7 Matriz de Vandermonde Chamamos de matriz de Vandermonde toda matriz quadrada de ordem n ≥ 2, com a seguinte forma: Observe que cada coluna dessa matriz é formada por potências de mesma base com expoentes inteiros, que variam de 0 até n-1. O determinante da matriz de Vandermonde é dado por: Exemplo: Calcular o determinante da matriz Solução: Como podemos escrever a matriz M na forma: Então dizemos que a matriz M é uma Matriz de Vandermonde com: a1 = 3, a2= 4 e a3=5. 75UNIDADE IV Matrizes, Determinentes e Sistemas Logo, 2.8 Propriedades das Determinantes P1) Quando todos os elementos de uma fila (linha ou coluna) são nulos, o determi- nante dessa matriz é nulo. Exemplo: P2) Se duas filas paralelas de uma matriz são iguais, então seu determinante é nulo. Exemplo: P3) Se duas filas paralelas de uma matriz são proporcionais, então o seu determi- nante é nulo. Exemplo: P4) Se os elementos de uma fila de uma matriz são combinações lineares dos elementos correspondentes de filas paralelas, então o seu determinante é nulo. Exemplos: P5) Multiplicando por um número real todos os elementos de uma fila em uma matriz, o determinante dessa matriz fica multiplicado
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