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NEOPLASIAS DE TESTÍCULO CASO CLÍNICO · Geralmente há percepção pelo próprio paciente de um aumento nos testículos · Massa sólida no testículo, até que se prove o contrário, é neoplásico, devendo ser realizada a orquiectomia radical e posterior analise histopatológica da peça, isso pois, assim como no linfonodo, não existe punção por agulha fina nos testículos, devendo-os retirar por interior em casa de suspeita neoplásica · Na maioria das vezes é um tumor que atinge homens jovens, devendo ser preconizado o autoexame do escroto e testículos para os homens, na qual caso se perceba alguma massa anormal, deve-se ir para o médico, que ira realizar uma USG e ver se existe ou não uma massa sólida nesta região ANATOMIA · A orquiectomia é realizada via inguinal · No corte longitudinal existe o parênquima envolvido pela túnica albugíena, que é envolvida em seu exterior pela túnica vaginalis, que é composta pelo folheto parietal e vaginal. · Entre as túnicas existe um espaço com líquido, que garante certa mobilidade aos testículos, entretanto, em determinadas patologias(principalmente inflamatórias) pode-se aumentar o líquido neste espaço e existir a hidrocele · Os túbulos seminíferos drenam para o hilo, que seguem em direção ao epidídimo, que posteriormente forma o ducto deferente e segue junto aos vasos no funículo espermático · Histologicamente o testículo possui como unidade funcional o túbulo seminífero · No túbulo seminífero, microscopicamente, se percebe a maturação dos espermatozóides em direção ao lúmen do túbulo seminífero, além das células de Sertoli · A grande maioria dos tumores se origina das células germinativas, entretanto, alguns podem ser originar das células de Sertoli ou Leydig(Células do estroma que sintetizam testosterona) TIPOS DE NEOPLASIAS TESTICULARES · Podem ser os tumores de células germinativas(principais) ou tumores do cordão sexual(estroma gonadal), estes últimas menos comuns TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS São os principais representantes, sendo: · Seminoma · Tumor(seminoma) espermatocítico · Carcinoma embrionário · Tumor do saco vitelino(Seio endodérmico) · Coriocarcinoma · Teratoma TUMORES DO CORDÃO SEXUAL(ESTROMA GONADAL) São menos comuns, sendo os 3 abaixo: · Tumor de células de Leydig · Tumor de células de Sertoli · Tumor de células granulosas EPIDEMIOLOGIA 95% dos tumores de testículo são tumores de células germinativas O pico de incidência é entre 15 a 40 anos, além disso, o subtipo da neoplasia também tem relação com a idade, no qual: · Recém-nascidos: O mais comum é tumor de células granulosas juvenil · Pré-puberdade: Tumor do saco vitelino e teratoma. Ambos possuem caráter benigno e baixo risco de malignidade. · 15 a 50 anos: Tumor de células germinativas · Mais de 50 anos: Tumor espermatocítico(tem baixa malignidade) e linfoma TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS · Possuem pico de incidência dos 15 aos 50 anos, sendo a neoplasia mais comum do sexo masculino nesta faixa etária, representando 1% dos cânceres masculinos · Acometem mais brancos do que negros(5:1) · O padrão histológico pode ser único em 50% dos casos, ou múltiplo(tumores mistos) nos outros 50% restantes FATORES DE RISCO Os tumores de células germinativas possuem fatores de risco que predispõem sua gênese, como os abaixo: · Criptorquidia: Principal fator de risco, sendo presente em 10% dos tumores testiculares, sendo que quanto mais alta a criptorquidia, maiores as chances de se desenvolver a neoplasia testicular · Fatores genéticos: Pessoas com irmãos acometidos por neoplasia testiculares possuem 10x mais chances de desenvolver neoplasias de testículo que a população no geral · Subfertilidade · Microlitíase testicular com subfertilidade · Pesticidas organofosforados: Sobretudo exposições ocupacionais · Cannabis sativa: Apenas em uso frequente, ainda não é certo este fator de risco NEOPLASIA DE CÉLULAS GEMRINATIVAS “IN SITU”(NCGIS) · É a lesão precursora dos tumores de células germinativas, exceto nos casos de tumores espermatocíticos, do saco vitelino, pré-puberal, teratoma pré-puberal, cistos dermoides e epidermóides · A NCGIS progride para um invasor em torno de 5 anos, sendo que metade progride neste intervalo de tempo ETIOPATOGÊNSE · Existe uma célula germinativa, primordial, que sofre uma mutação que dá origem a neoplasia de células germinativas “In situ”, sendo que ela adquire a capacidade invasora e de dar metástase, se tornando um seminoma, na qual o seminoma vai adquirindo ainda mais mutações, podendo se tornar outros subtipos, como o carcinoma embrionário, tumor do saco vitelino, coriocarcinoma ou teratoma, como visto no fluxograma abaixo: · Não é obrigatório ter o seminoma, a NCGIS pode pular esta etapa e se tornar um dos tumores não-seminomatosos abaixo. · Além disso, como tudo o seminoma pode dar origem a outros subtipos de neoplasias testiculares, pode existir o seminoma puro(50% dos casos), ou tumores mistos(outros 50%), nas quais existe mais de um subtipo histológico · Dos acima, o seminoma é o menos agressivo · Por fim, existe outros subtipos que são menos agressivos e possuem origem diretamente das células germinativas, não surgindo da neoplasia “In situ”, sendo uma mutação mais simples, que dá origem aos teratomas pré-púberes, tumor do saco vitelino pré-pubere, tumor espermatocítico e células dermoides e epidermóide SEMINOMA · É o subtipo mais comum na sua forma pura · Acomete principalmente pessoas de 30-49 anos, sendo raro antes dos 20 anos ASPECTO MACROSCÓPICO · Geralmente os seminomas assumem massas volumosas, com mais de 10x o tamanho do testículo normal · Tem aspecto macroscópico homogêneo, lobulado, branco-acinzentado, podendo possuir necrose amarelada · Na maioria das vezes o diagnóstico é dado quando não existe invasividade local, portanto, a túnica albugínea está livre das células neoplásicas ASPECTO MICROSCÓPICO · Possui lóbulos com lençóis celulares, células uniformes, citoplasma claro(devido a glicogênio), com núcleo central · As células são cortadas por septos fibrosos, além de possuir um infiltrado linfocitário · Outro aspecto morfológico com importância clínica é que podem surgir células de sinciciotrofoblasto em 15% dos casos, sendo que estas células produzem hCG. Entretanto, os níveis de hCG não são altos igual ao coriocarcinoma, mas sim estão em níveis mais baixos. · Seminoma anaplásico: Não altera tratamento ou prognóstico, são células um pouco mais diferenciadas que o seminoma normal, mas não é mais utilizada pois, como dito, não interfere em nada CARCINOMA EMBRIONÁRIO · É o segundo tumor germinativo puro em frequência, ocorrendo mais cedo, em torno da 3ª década de vida · Apresenta também maior agressividade e letalidade que o seminoma ASPECTO MACROSCÓPICO · Se apresenta como massa de tamanho menor, com visual heterogêneo composto de áreas de hemorragia intercaladas com áreas de necrose, além de possuir bordas irregulares · Apresentam alta invasividade, frequentemente atingindo a albugínea ASPECTO MICROSCÓPICO · A atipia das células do carcinoma embrionário é muito maior que do seminoma, possuindo arranjos glandulares, tubulares, papilíferos ou sólidos · Se identificam células embrionárias muito atípicas, com núcleos volumosos, nucléolos proeminentes TUMOR DO SACO VITELINO(TUMOR DO SEIO ENDODÉRMICO) Atinge dois grupos etários: · Pré-puberal: É o tumor testicular, que costuma ocorrer em sua forma pura, sendo a neoplasia mais comum nesta faixa etária, atingindo homens abaixo de 3 anos, com bom prognóstico · Pós-puberal: Nos adultos, é raro em sua forma pura, possui frequentemente um componente de tumor misto Uma característica importante é que ele produz alfa-feto-proteína ASPECTO MACROSCÓPICO · É um tumor homogêneo, com aspecto branco-amarelado e mucinoso ASPECTO MICROSCÓPICO · Possui múltiplos padrões morfológicos, · Pode ter os corpos de Schiller-Duval, que é patogmonônico desta neoplasia, porém está presente em apenas 30-40% · Glóbulos hialinos: São ácumulos de alfa-feto-proteína CORICOCARCINOMA · Surge em indivíduos mais velhos, cercada 3ª década · Sua forma pura é muito rara, além disso, até mesmo em tumores mistos ele é pouco frequente(apenas 6-17% do total) · Ele é um tumor altamente maligno, com ocorrência de metástase hemtaogênicas precoces e frequentes · O coriocarcinoma produz HCG, aqui os níveis de HCG são muito altos, diferente dos baixos níveis encontrados nos seminomas pela produção do sincicio ASPECTO MACROSCÓPICO · Geralmente são lesões pequenas, com menos de 1,5cm, na qual se identifica muita hemorragia e necrose ASPECTO MICROSCÓPICO Possui um aspecto bifásico, com: · Células de sinciciotrofoblasto: Grande, multinucleada · Citotrofoblasto Uniformes, com núcleo único TERATOMA Pode ser pré ou pós-puberal: · Pré-puberal: Puro é frequentemente, com caráter benigno · Pós-puberal: Sua forma pura é rara(correspondendo a 2-3% do total), na qual possui frequentemente caráter maligno OBS: Seja o teratoma maduro ou imaturo, não tem diferença, mas sim se é pré ou pós-puberal MORFOLOGIA É uma neoplasia composta por diferentes tecidos originados das três camadas gemrinativas: Endoderma, mesoderma e ectoderma ASPECTO MACROSCÓPICO Frequentemente são massas grandes, heterogêneo, com cistos, podendo ter diversas estruturas de queratina, dentes, etc... ASPECTO MICROSCÓPICO Possui múltiplos elementos com diferenças estruturas organóides CISTOS DERMÓIDES E EPIDERMÓIDES · São muito raros, além disso, são exceções pois, mesmo ocorrendo na fase pós-puberal, não possuem caráter de malignidade, sendo sempre benignos · Só podem possuir elementos da pele, qualquer coisa que seja outra coisa, como cartilagem, já é maligno TUMORES MISTOS Representam 50% dos tumores germinativos Associações: · Carcinoma embrionário e teratoma(teratocarcinoma) · Teratoma, carcinoma embrionário e tumor do saco vitelino · Seminoma e carcinoma embrionário PROGNÓSTICO · Elementos mais agressivos: Representados pelo coriocarcinoma e carcinoma embrionário · Proporção dos componentes: Dão uma estimativa de prognóstico e podem, ainda não de forma oficial, mudar a conduta TUMOR ESPERMATOCÍTICO · É raro, correspondendo a menos de 1% dos casos, ocorrendo principalmente em idosos(>50 anos) · Não se originam da neoplasia in-situ, possuindo excelente prognóstico, com crescimento lento e raramente dando metástases ASPECTO MACROSCÓPICO · Possui massas volumosas, possui um aspecto macio e brilhante, com cistos mucóides ASPECTO MICROSCÓPICO · Possui células pequenas, médias e gigantes(trifásicos) · Podem ter atividade mitótica alta, porém, não indicam pior prognóstico TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS – EVOLUÇÃO · Disseminação linfática · Linfonodos retroperitoneais são o primeiro local de metástase, indo posteriormente para os linfonodos para-aórticos · Linfonodos mediastinais e supraclaviculares: Já são considerados metástases a distância OBS: Paciente jovem com massa em retroperitôneo – Excluir tumor de testículo DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA · Metástases para o pulmão são comuns, tão comuns que são consideradas M1 · Metástases para fígado, ossos é considerada M2 · Coriocarcinoma: É o subtipo que dá mais metástases hematogênica ESTADIAMENTO · T2: Tem embolo(invasão dos vasos) ou envolve a túnica vaginalis ou atinge o epidídimio · T3: Invade o cordão espermático · T4: Tumor invade o escroto. Aqui muda a conduta cirúrgica, é necessária abrir a bolsa escrotal, com maiores risco de hemorragia e infecção cirúrgica. QUADRO CLÍNICO Os tumores de células germinativas comumente possuem o seguinte quadro clínico: · Aumento indolor do testículo DIAGNÓSTICO É dado com base em: · Níveis séricos de marcadores de subtipos de neoplasias testiculares: DHL(aumenta em qualquer subtipo, incluindo no seminoma), alfa-fetoproteína, HCG · USG: Avaliação de possível massa testicular. Podem se ver “cicatrizes”, um fenômeno raro, isso pois o coriocarcinoma e outros subtipos podem sofrer burned out, que é quando o tumor desaparece, entra em necrose e se torna uma cicatriz, porém, existem células germinativas do tumor ao redor. · BIÓPSIA: Contraindicada, caso se encontre massa sólida = orqfuiectomia radical, isso pois existe o risco de disseminação tumoral neste processo, aumentando seu estadiamento MARCADORES BIOLÓGICOS DESIDROGENASE LÁCTEA(DHL) · É pouco específico, valores correlacionados com a massa tumoral AFP · Encontrado no tumor do saco vitelino HCG · Encontrado no coriocarcinoma OBS: Os valores dos marcadores biológicos entram no estadiamento OBS2: Os marcadores séricos também servem de acompanhamento pós-terapia LAUDO HISTOPATOLÓGICO · Os tumores testiculares recebem o laudo histopatológico contendo as seguintes informações: · As informações acima são essenciais para se avaliar o estadiamento e se será necessário algum novo tipo de intervenção fora a que já foi realizada no paciente, caso existam sinais de metástases ou margens comprometidas. TUMORES SEMINOMATOSOS X NÃO-SEMINOMATOSOS · Existem algumas diferenças no prognóstico e tratamento dos tumores seminomatosos e não-seminomatosos: TUMORES SEMINOMATOSOS · Geralmente são bem localizados e tem diagnóstico precoce · As metástases ocorrem via linfonodal, sendo o primeiro sítio normalmente os lnn. Retroperitoneais · A metástase via hematogênica normalmente ocorre mais tardiamente · São radiossensíveis · Possuem bom prognóstico, com 95% de taxa de cura em estágios iniciais TUMORES NÃO-SEMINOMATOSOS · Normalmente a doença é realizada em estágios mais avançados, correspondendo a 60% dos casos · Metástases ocorrem mais precocemente quando comparados aos tumores seminomatoso · A via de disseminação pode ser a hematogênica, como no coriocarcinoma · São radiorresistente · Possuem pior prognóstico que os seminomatosos · A QT é efetiva, atingindo remissão e cura em até 90% dos casos, entretanto, a QT é altamente agressiva TUMORES DO CORDÃO SEXUAL(ESTROMA GONADAL) Podem ser os 3 abaixo: · Tumores de células de Sertoli · Tumor de células de Leydig · Tumor de células granulomatosas(Tipo juvenil – RN): Acontece no RN, tem excelente prognóstico, no qual massa em testículo num RN até que se prove o contrário é o tumor de células granulomatosas OBS: Tumor das células de Sertoli ou Leydig são raros, sendo que eles produzem hormônios e podem tem um quadro clínico relacionado a isso TUMOR DE CÉLULAS DE LEYDIG · Representam de 1-3% dos tumores testiculares e pode acontecer em qualquer idade · Vão ser produtores hormonais, com isso, o quadro clínico do paciente é um aumento do volume testicular somada a uma ginecomastia e, caso em pacientes pré-puberes, eles desenvolvem uma puberdade precoce · 10% destes tumores são malignos, na qual as características de malignidade são invasividade, necrose, alto grau de mitoses, mas 90% são benignos ASPECTO MACROSCÓPICO · São circunscritos, bem delimitados, pequenos, homogêneos de coloração marrom-dourado ASPECTO MICROSCÓPICO · Células grandes, redondas, com citoplasma eosinofílico e granuloso · Pode se identificar os cristais de Reinke em 25% dos casos TUMOR DE CÉLULAS DE SERTOLI · É raro, representando menos de 1% dos tumores testiculares, também acomete qualquer idade(igual ao de Leydig) · Também possui uma clínica devido a produção hormonal, novamente possui ginecomastia e aumento testicular · Apenas 10% são malignos ASPECTO MACROSCÓPICO · Também são circunscritos, pequenos e possuem coloração branco-acinzentado ASPECTO MICROSCÓPICO · Possui células redondas, poligonais, com variações como trabéculas, cordões, túbulos
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