Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo Incidência e Crédito Tributário SEMINÁRIO III - AÇÕES TRIBUTÁRIAS ANTIEXACIONAIS: DECLARATÓRIA, ANULATÓRIA E CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO MILTON KLEBER KOZIEVITCH FILHO Questões 1. Observadas as situações concretas abaixo descritas, identifique o(s) instrumento(s) processual(is) judicial(is) adequado(s) para a defesa dos interesses do sujeito passivo da obrigação tributária, considerando as ações que são estudadas neste Seminário III: a) Exercício da competência tributária pelo ente político com a edição e publicação da regra-matriz de incidência tributária, mas antes da constituição da obrigação tributária; Como não houve a constituição da obrigação tributária, apenas houve o exercício de competência tributária por ente político, o qual editou regra-matriz de incidência que pode vir a gerar efeitos sobre os interesses do sujeito passivo, entende-se que o instrumento processual judicial adequado seria a ação declaratória de inexistência de relação jurídico tributária, bem como o mandado de segurança preventivo, respeitados os requisitos legais. b) Constituição da obrigação tributária sem que tenha havido a intimação do sujeito passivo desse ato constitutivo da dívida; Não ocorrendo ainda a intimação do sujeito passivo do ato constitutivo da obrigação tributária, entende-se que não foi constituída completamente a obrigação tributária, razão pela qual, ainda cabível a ação declaratória de inexistência de relação jurídica, bem como o mandado de segurança, respeitados os requisitos legais. c) Dúvida a respeito do sujeito ativo da obrigação tributária; Havendo dúvida quanto à quem seria o sujeito ativo da obrigação tributária, ou seja, quem teria o direito de crédito, entende-se que o instrumento processual judicial adequado seria a ação de consignação em pagamento. d) Inscrição do crédito tributário em dívida ativa; Havendo a inscrição do crédito tributário em dívida ativa, pressupõe-se que já houve sua constituição, sendo assim, o instrumento processual judicial adequado seria a ação anulatória de débito fiscal; Entende-se também cabível o mandado de segurança repressivo, vez que, novamente, poderia haver ato administrativo violador de direito líquido e certo; Módulo Incidência e Crédito Tributário e) Constituição da obrigação tributária com a intimação do sujeito passivo desse ato constitutivo da dívida; Tendo em vista que houve a constituição definitiva da obrigação tributária, entende-se que o instrumento processual judicial adequado seria a ação anulatória de débito fiscal; Entende-se também cabível o mandado de segurança repressivo, vez que, novamente, há ato administrativo violador de direito líquido e certo; f) Ajuizamento de execução fiscal cobrando crédito tributário prescrito; Tendo em vista que já houve o ajuizamento de execução fiscal e que o crédito tributário que embasa a execução está prescrito, entende-se que seria caso de exceção de pré-executividade, a qual tem base no art. 803, §ú, do CPC. g) O sujeito ativo da obrigação tributária está condicionando o pagamento do tributo ao pagamento de uma multa instituída por instrução normativa; Tendo em vista o condicionamento do pagamento do tributo ao pagamento de multa, entende-se que o instrumento processual judicial adequado seria a ação de consignação em pagamento, vez que, o fisco recusa receber o pagamento. h) Intimação de penhora de bens nos autos de execução fiscal. Havendo a intimação de penhora de bens nos autos de execução fiscal, entende-se que a medida cabível são os embargos à execução, nos termos do que dispõe o art. 16, da Lei n° 6.830/80. 2. Quanto à ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária, pergunta-se: a) Quando nasce o interesse processual para sua propositura? Ao tratar sobre o nascimento do interesse processual na propositura da ação declaratória, Rodrigo Dalla Pria1 esclarece que: Estamos a referir um específico instrumento processual que tem como pressuposto a incerteza jurídica imposta ao sujeito passivo ante a concreta possibilidade de desencadeamento de atividade fiscal com potencial para dar ensejo à constituição ilegítima de determinado crédito tributário. 1 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 314. Módulo Incidência e Crédito Tributário Nesse sentido, Rodrigo Dalla Pria2 aponta que: O fato de estar na iminência de ser submetido a uma tributação ilegítima materializa a ameaça de lesão que viabiliza o ajuizamento da demanda declaratória negativa em matéria tributária. Desse modo, a incerteza jurídica que se instaura em razão da possibilidade concreta de desempenho arbitrário da competência administrativa tributária e, consequentemente, da violação ao direito de propriedade do sujeito de direito tributário é exatamente o que configura a ameaça de lesão, a justificar o interesse processual na propositura da ação declaratória de inexistência de relação jurídico tributária. Ou seja, a partir do exposto pelo autor, o nascimento do interesse processual na propositura da demanda declaratória negativa de relação jurídica, se dá quando há incerteza jurídica por parte do sujeito passivo, em situações nas quais há a concreta possibilidade de que a norma-matriz de incidência tributária venha a abarcar de forma ilegítima fatos praticados por ele. b) O manejo do referido instrumento processual em momento anterior à constituição do crédito configura questionamento de “lei em tese”? Não, conforme indicado no item anterior, o manejo do referido instrumento, em momento anterior à constituição do crédito tributário, não configura questionamento de “ lei em tese”, tendo em vista que, o sujeito passivo está na iminência de sofrer com a incidência de tributação ilegítima, o que caracteriza ameaça de lesão, justificando o questionamento e afastando o chamado questionamento de lei em tese. Nesse sentido, Rodrigo Dalla Pria3 esclarece: Esse risco, que costuma estar relacionado às peculiaridades fáticas do caso, há de ser efetiva e pormenorizadamente caracterizado, inclusive para evitar que o órgão judicial se desincumba do dever de apreciar o pedido por meio do fácil e cômodo argumento da “ação contra lei em tese”. Ou seja, para que não reste configurado o questionamento de lei em tese, cabe ao sujeito passivo demonstrar a ameaça de lesão que está na iminência de sofrer. Aponte o que é questionamento de “lei em tese”. A partir do enunciado por Rodrigo Dalla Pria4, entendo que questionamento de lei em tese, ocorre quando a conflituosidade do caso é exclusivamente normativa, não 4 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 313 - 314. 3 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 322. 2 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p.321. Módulo Incidência e Crédito Tributário havendo que se falar em lesão ou ameaça de lesão a direitos do sujeito, tendo-se como exemplos de ações que questionam “lei em tese”, as ações do controle de constitucionalidade abstrato, vide ADI, ADC e ADPF. b) Há interesse jurídico na sua propositura após a expedição do ato constitutivo do crédito tributário? Entendo que sim, na medida em que existe diferença entre as tutelas obtidas com a ação anulatória e com a ação declaratória negativa. Sobre as tutelas obtidas com cada ação, tem-se que a ação anulatória tendo natureza desconstitutiva de relação jurídica específica, não constitui óbice à constituição de futuras obrigações tributárias por parte do fisco. Por outro lado, quando se fala em declaratória negativa, verifica-se a chamada eficácia prospectiva, ou seja, tendo o condão de gerar efeitos futuros, qual seja, o de impedir que a administração constitua obrigação tributária, em situações nas quais se verifiquem condições iguais. Quanto à eficácia prospectiva da declaratória negativa, conclui o Rodrigo Dalla Pria5: Não há dúvidas de que a tutela declaratória negativa em matéria tributária constitui típica decisão determinativa, cuja vocaçãonatural é a de produzir efeitos prospectivos obstativos da atividade discal, e se destina, fundamentalmente, à implementação do desejado sentimento de segurança e previsibilidade tão necessário ao desenvolvimento das atividades econômicas. Portanto, tendo em vista a diferença das tutelas obtidas com cada ação, entende-se que há interesse jurídico na propositura de ação declaratória, mesmo após a expedição do ato constitutivo do crédito tributário Em caso afirmativo, quais seriam os efeitos da referida tutela jurisdicional? (Vide anexos I e II) Conforme consolidado no Agravo regimental no Agravo Regimental no REsp 1.025.893/RJ: Quando outorga a feição de declaratória negativa ao seu pedido, o autor não está pretendendo desconstituir o crédito tributário, mas, antecipando-se à sua constituição, requer uma sentença que afirme não ser devido determinado tributo. Ainda, ao tratar sobre a tutela da ação declaratória negativa, Rodrigo Dalla Pria6 esclarece que: 6 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 329. 5 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 330. Módulo Incidência e Crédito Tributário Enquanto verificadas, no mundo social, as mesmas situações fáticas e jurídico-normativas discutidas na demanda declaratória negativa, o Estado-Fisco estará proibido de constituir o crédito tributário em face do sujeito autor. Dessa forma, pelo já exposto, bem como à luz da jurisprudência citada, entende-se que o efeito de uma tutela declaratória negativa seria o declarar inexistente relação jurídica entre o fisco e o contribuinte, bem como de impedir que o fisco viesse a constituir novas obrigações, enquanto verificadas as mesmas condições da ação declaratória. 3. Quanto à ação anulatória de débito fiscal, pergunta-se: a) É viável a propositura de ação anulatória para desconstituição de relação jurídica constituída pelo próprio contribuinte por meio de DCTF, cujo recolhimento do tributo ainda não tenha ocorrido? Ao analisar referida questão, Rodrigo Dalla Pria7 esclarece: Nesse último caso (lançamento por homologação), o interesse de agir está diretamente relacionado ao fato de o sujeito passivo, a despeito de estar obrigado por lei a apurar e constituir o crédito tributário, não ter poderes para desfazê-lo, ficando à mercê da vontade do Poder tributante. Não bastasse isso, a omissão ao cumprimento de deveres instrumentais por parte do sujeito passivo é, por vezes, muito mais gravosa do que a supressão do recolhimento do tributo propriamente dito - desde que devidamente declarado - podendo resultar na aplicação de sanções (administrativas e penais) que vão muito além da mera exigência da exação. Sendo assim, entendo que é viável a propositura de anulatória para desconstituir relação jurídica constituída pelo próprio contribuinte, na medida em que, ao realizar a constituição de relação jurídica tributária, o contribuinte está atendendo a dever instrumental, o qual, se descumprido, poderá submetê-lo a uma sanção. Dessa forma, primeiro o contribuinte cumpre seu dever instrumental, constituindo a relação jurídica, para depois então questioná-la por meio de ação anulatória. b) E para a desconstituição de crédito tributário inserido em parcelamento, onde houve confissão da dívida por parte do contribuinte? Esta questão foi objeto do tema repetitivo n° 375 do Superior Tribunal de Justiça, no qual restou assentado que: 7DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 333 - 334. Módulo Incidência e Crédito Tributário A confissão da dívida não inibe o questionamento judicial da obrigação tributária, no que se refere aos seus aspectos jurídicos. Quanto aos aspectos fáticos sobre os quais incide a norma tributária, a regra é que não se pode rever judicialmente a confissão de dívida efetuada com o escopo de obter parcelamento de débitos tributários. No entanto, como na situação presente, a matéria de fato constante de confissão de dívida pode ser invalidada quando ocorre defeito causador de nulidade do ato jurídico. Dessa forma, entendo que é possível a propositura de ação anulatória para a desconstituição do crédito tributário inserido em parcelamento, onde houve confissão da dívida por parte do contribuinte. Em caso de resposta positiva, indaga-se: qualquer tipo de questão (causa de pedir) poderá ser objeto desta ação anulatória (questões de fato e/ou questões de direito)? Entende-se que não, conforme constou no Tema repetitivo n°375 do STJ, não é qualquer questão que poderá ser objeto de ação anulatória, sendo em regra, cabível a ação apenas para questões de direito, entretanto, existe exceção, podendo ser objeto questões de fato, quando estiver-se diante de defeito causador de nulidade do ato jurídico de confissão. c) Qual o prazo prescricional para a ação anulatória de débito fiscal? Sobre o prazo prescricional da ação anulatória de débito fiscal, Rodrigo Dalla Pria8 esclarece que, constatando-se ausência de norma específica “há que se lançar mão da regra geral de “prescrição” quinquenal para o exercício de “direitos” e “ações” contra a fazenda pública (federal, estaduais e municipais), prescrita pelo art. 1° do Decreto 20.910/32.” Sendo assim, o prazo para a proposição da ação anulatória de débito fiscal é de cinco anos, a serem contados da constituição definitiva do crédito, o que pode se dar com a notificação do contribuinte, ou com o transcurso do prazo de recurso no processo administrativo. É possível ingressar com ação anulatória de débito após a propositura da ação executiva fiscal? E após o transcurso do prazo para apresentação dos embargos à execução? Sim, entendo que é possível ajuizar ação anulatória após a propositura da ação executiva fiscal, tendo em vista que a ação executiva fiscal não busca a discussão do crédito, mas sim a satisfação da pretensão da fazenda pública, enquanto que a ação anulatória tem finalidade a desconstituição do crédito que embasa a execução, o qual apresentaria vícios em sua constituição. 8 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p.334. Módulo Incidência e Crédito Tributário Novamente, entendo que é possível, vez que o com o transcurso do prazos dos embargos à execução, o executado apenas não pode apresentar embargos à execução, podendo, no entanto, propor ação anulatória, se dentro do prazo, bem como exceção de pré-executividade, se este já tiver decorrido. d) O depósito do valor do débito fiscal discutido na ação anulatória é condição específica dessa ação? Não, o depósito do valor do débito fiscal não é condição específica da ação anulatória, em que pese essa condição esteja prevista na lei, ela foi afastada no tema repetitivo n° 241 do STJ, consubstanciando-se, agora, em condição que suspende a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, do CTN, fazendo com que não incidam juros de mora sobre o valor do crédito. 4. Que relações podem existir entre as ações anulatória de débito, executiva fiscal e embargos à execução: conexão, continência ou prejudicialidade (ou nenhuma das alternativas)? À luz dos ensinamentos de Rodrigo Dalla Pria9, entende-se tanto pela possibilidade de conexão por prejudicialidade entre a ação anulatória que tenha por objeto débito tributário cobrado via execução fiscal proposta ulteriormente, quanto pela possibilidade de uma relação de continência entre a ação anulatória (precedente) e os embargos do devedor, devendo, neste caso, haver a reunião das demandas para julgamento conjunto, nos termos do art. 57 do CPC. Qual o juízo competente para julgá-las? Pois bem, tratando-se de competências relativas para o julgamento dos processos, atuará a regra do juízo prevento, prevista no art. 58 do CPC, vindo os processos conexos a serem julgados naquele juízo que primeiro recebeu a distribuição da primeira ação a ser distribuída. Entretanto, havendo vara especializada, essa atrairia a competência para julgamento da execução fiscal, bem como da ação anulatória, conformeapontado por Rodrigo Dalla Pria10. Deverão ser reunidas para julgamento conjunto? (Vide anexos III e IV – aplicam-se tais precedentes?) Pelo exposto, entende-se que as demandas reputadas conexas ou continentes, deverão ser reunidas para julgamento, em atenção ao disposto nos artigos 57 (continentes) e 55, §1 (conexas), ambos do CPC., entretanto, desde que não se esteja diante de casos de competência absoluta, limitação expressamente prevista no art 54, do CPC. 10 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 339. 9DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 338 - 345. Módulo Incidência e Crédito Tributário Sim, os precedentes possuem aplicação, na medida em que tratam justamente de casos onde houve a limitação por tratar-se de competência absoluta, a qual é reservada pelo art. 54, do CPC. 5. Você é procurado pela empresa AZT Foods do Brasil Ltda que lhe apresenta o seguinte: CASO CONCRETO – Em função de sua atividade a empresa AZT Foods do Brasil Ltda. está sujeita ao pagamento de determinado tributo pela venda de seu produto. Nos últimos 3 anos, em função de algumas dificuldades financeiras, ela não pagou o tributo devido (e sequer informou seus débitos ao Fisco), pretendendo fazê-lo agora por se encontrar em melhores condições financeiras. Contudo, em função do inadimplemento, a confissão do débito para fins “denúncia espontânea” está sujeita a multa de 45% do valor da operação (venda de seu produto), cuja instituição se deu por ato normativo infralegal. A AZT solicita um parecer em que você deverá apontar: (a) a estratégia processual (a medida judicial ou medidas judiciais) a ser adotada para a defesa dos seus interesses, devendo ser justificada a opção da(s) medida(s), com a indicação do dispositivo de lei que determina o seu cabimento; Tendo em vista que não houve a constituição da obrigação tributária pelo contribuinte, entendo que é cabível ação declaratória de inexistência de relação jurídica, por meio da qual, o contribuinte deve tentar afastar a incidência da multa de 45%, vez que ela está em desacordo com o princípio da legalidade tributária, previsto no art. 120, inciso I, da Constituição Federal e art. 9, inciso I, do CTN, na medida em que, não pode a administração pública, por ato normativo, introduzir normas tributárias senão mediante lei. Ainda, referido ato normativo infralegal, está em discordância com o disposto no art. 138, do CTN, o qual dispõe que: A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Verifica-se que em nenhum momento o art. 138, do CTN prevê a possibilidade da cobrança de multa do contribuinte, vez que, o instituto da denúncia espontânea, possui, justamente, como bônus para o contribuinte, o fato de que, se declarar e pagar tributos, os quais já deveria ter declarado e pago, corrigido pelos juros, fica dispensado da responsabilidade deste ilícito tributário, ou seja, não se sujeita à sanção da multa. Sendo assim, entende-se que a medida judicial cabível seria uma ação declaratória negativa de relação jurídico tributária, a qual tem como fundamento legal o art. 20 do CPC. Módulo Incidência e Crédito Tributário (b) o(s) fundamento(s) jurídico(s) que poderá(ão) ser(em) utilizado(s) para afastar a exigência dessa multa – causa de pedir; Os fundamentos legais a serem utilizados para afastar a exigência da multa, já foram expostos no item anterior, podendo ser sintetizados em: I) Violação ao princípio da legalidade tributária, previsto nos art.120, inciso I, da Constituição Federal e art, 97, inciso v, do CTN. II) Violação ao disposto no art. 138, do CTN, vez que a Lei Tributária nacional dispõe que a responsabilidade da infração é excluída pela denúncia espontânea, sendo devidos apenas o valor da obrigação, somada aos juros. (c) a necessidade, ou não, de efetivação do depósito judicial; Na lei tributária não há previsão de necessidade de depósito judicial para ação declaratória. Sendo assim, não é necessária a efetivação de depósito judicial. (d) o pedido da ação (ou ações); O pedido seria a declaração de inexistência de relação jurídica no que diz respeito à multa a ser aplicada. (d) o efeito da sentença pretendido com a ação (ou ações). O efeito pretendido com a ação é o de: 1) Declarar inexistente a relação jurídica de cobrança de multa no caso concreto; 2) Afastar a possibilidade de cobrança de multa em situações em que se verifiquem condições fáticas idênticas à presente. 6. Na ação de consignação em pagamento, o que extingue a obrigação tributária: (i) a consignação em pagamento; (ii) a conversão em renda do valor consignado; (iii) a sentença que julga procedente a ação de consignação em pagamento; (iv) a decisão judicial de procedência da ação transitada em julgado? Fundamente sua resposta. Ao tratar sobre a ação de consignação em pagamento, primeiramente é necessário entender que existem diferenças dos regimes procedimentais entre a consignação em pagamento por recusa no recebimento, e a consignação em pagamento por dúvida. Módulo Incidência e Crédito Tributário Ao abordar tal assunto, Rodrigo Dalla Pria11 esclarece que: Dada a natureza heterogênea dos conflitos matérias que lhe dão origem - recusa de um lado, dúvida do outro-, obrigam a legislação processual de regência a estabelecer regimes procedimentais distintos: o primeiro, destinado a reger o processamento das consignatórias que se fundam em “recusa” ou “mora” do credor; e o segundo, que se volta a regular o processamento daquelas decorrentes de “dúvida” quanto ao credor tributário”. Sendo assim, havendo particularidades nos regimes procedimentais, é necessário analisá-los separadamente. Quanto à consignação do pagamento em caso de dúvida, tem-se que, o procedimento deste prevê que, efetuando a consignação e demonstrando a dúvida, o juiz proferirá decisão interlocutória de mérito, declarando a suficiência do depósito, extinguindo o crédito e liberando o sujeito passivo dos vínculos sobre os quais recaem as dúvidas, ou seja, não sendo necessário esperar conversão do depósito em renda, nem sentença, apenas a declaração do juiz de que verificou dúvida no caso concreto e que o depósito é suficiente. Nesse sentido, leciona Rodrigo Dalla Pria12 que “ o sujeito passivo tributário, havendo demonstrado a dúvida, restará liberado dos vínculos sobre os quais recaem a dúvida” Sendo assim, entende-se que, na consignação em caso de dúvida, basta ao sujeito passivo consignar o valor devido e indicar sua dúvida, que o juiz, por decisão interlocutória de mérito extingue a obrigação, prosseguindo o processo somente entre os presuntivos titulares do crédito, nos termos do art. 548, inciso III do CPC. Por outro lado, quanto à consignação do pagamento em caso de recusa, entende-se que o que extingue a obrigação tributária neste caso é a decisão judicial (sentença) de procedência da ação transitada em julgado, vez que, neste procedimento o sujeito passivo não é excluído da demanda apenas com a consignação, continuando na relação processual até a prolação da sentença. Destaca-se que até a prolação da sentença, neste caso, a consignação do pagamento apenas serviria para produzir efeitos obstativos dos juros e dos riscos para o devedor, conforme dispõe o art. 540 do CPC. Portanto, entende-se que, neste caso, apenas com o trânsito em julgado da sentença é que ocorre a extinção definitiva da obrigação. 7. Contribuinte sediado no Estado de São Paulo tem lavrado em seu desfavor auto de infração de ICMS pelo Estado do Mato Grosso (problemas atinentes à 12 DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 370. 11DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020, p. 356. Módulo Incidência e Crédito Tributário documentação fiscal que acompanhavaa mercadoria, bem como ao não destaque do diferencial de alíquotas supostamente devido ao Estado do Mato Grosso). Inconformado com essa situação, referido contribuinte lhe procura para que ajuíze ação anulatória, questionando-lhe, nessa ocasião, acerca do foro competente no qual deve ser processada a referida ação. Apresente, de forma fundamentada, sua resposta a esse questionamento, analisando o caso à luz da regra veiculada no parágrafo único do artigo 52 do Código de Processo Civil/15. Tendo em vista que o §ú, art. 52, do Código de Processo Civil prevê que, em casos em que um Estado da federação figurar como demandado, a ação poderá ser proposta tanto no foro de domicílio do autor, como no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, quanto no foro de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado, entende-se que qualquer uma dessas localidades seria foro competente para o ajuizamento de ação anulatória.
Compartilhar