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Fisiologia e Fisiopatologia IV Faculdade de Medicina de Petrópolis Julia Jardim Azevedo - Turma 59 Doença Renal Crônica INTRODUÇÃO ➡ caracterizada por elevada morbidade e mortalidade. ➡ os indivíduos normalmente necessitam de várias hospitalizações por ano, e a frequências destas tende a aumentar conforme a doença se agrava. ➡ especialmente no último estágio da do- ença, em que os pacientes necessitam de diálise, a expectativa de vida destes diminui muito, mesmo que sejam jovens. ➡ por isso, é essencial que haja a detec- ção precoce, a fim de retardar a pro- gressão. DEFINIÇÃO ➡ presença de marcadores de lesão renal por 3 meses ou mais, como é o caso da albuminúria, anormalidade de sedimen- tação urinária, de eletrólitos ou altera- ções estruturais (ex.: rim de tamanho in- ferior ao esperado) ou histológicas. ➡ redução da TFG abaixo de 60ml/dia por pelo menos 3 meses. Todavia, podem haver alterações significativas de lesão antes que a TFG apresente esses valores. ➡ estágio 1: lesão renal com TFG normal ou reduzida. ➡ estágio 2: leve redução da TFG. ➡ estágio 3: redução moderada da TFG. ➡ estágio 4: redução grave da TFG. ➡ estágio 5: insuficiência renal. ➡ a perda de néfrons é associada à redu- ção da capacidade funcional renal. E isto está inerente à idade. A partir dos 40 anos, perde-se cerca de 10% dos néfrons a cada 10 anos. Ou seja, aos 80 anos a função renal pode estar reduzida cerca de 40%. Por isso, deve-se ter cautela à exposição de idosos a fatores que alte- ram a condição renal, além do acom- panhamento da função renal. ➡ HAS e DM estão entre as principais cau- sas de desenvolvimento de DRC. ➡ perda de néfrons: • conforme a perda de néfrons se intensi- fica, verifica-se a redução da TFG e po- dem aparecer alterações laboratoriais nos estágios 3 e 4. • no estágio 5 (terminal), há síndrome urêmica e a necessidade de diálise nos pacientes. FASE INICIAL X FASE AVANÇADA ➡ no início a TFG não se altera significati- vamente pois, quando um pequeno número de néfrons é perdido, o fluxo sanguíneo renal é redividido entre os né- frons que sobraram. Dessa forma, os né- frons que ainda funcionam apresenta- rão, individualmente, uma maior TFG, resultando na manutenção da TFG glo- bal (valores próximos ao normal). ➡ todavia, conforme a doença se agrava, mais néfrons são perdidos e começa a ser observada a redução da TFG. Isso porque chega um momento em que o mecanismo compensatório individual dos néfrons não é mais suficiente, e eles não conseguem mais manter a TFG em um nível normal. ➡ ciclo vicioso de progressão da DRC: • a perda de néfrons leva a um aumento do fluxo sanguíneo e da TFG individual- mente em cada néfron. Porém, isso leva a alterações estruturais, como: hipertro- fia da estrutura glomerular, vasodilata- ção das arteríolas aferentes. O que está associado ao aumento da pressão hi- drostática do capilar glomerular que, consequentemente, gera um aumento da taxa de filtração no néfron que so- brou. • esse processo pode se associar ao au- mento da pressão arterial por uma do- ença de base ou pelo prejuízo da ex- creção. • cada perda excedente aumento o risco para novas lesões e para o aumento da perda de massa renal. 1 Fisiologia e Fisiopatologia IV Faculdade de Medicina de Petrópolis Julia Jardim Azevedo - Turma 59 • enquanto esse processo acontece, o indivíduo pode não perceber altera- ções. Todavia, os sintomas começam a ser notados quando a perda é superior a 70% dos néfrons. • nos casos em que só permanece 5 a 10% de néfrons funcionais e em que não é feito o tratamento, o paciente vai a óbito rapidamente. ➡ alterações laboratoriais: cada néfron produz maior quantidade de urina. Con- forme isso ocorre, a redução da TFG é associada à menor capacidade de eli- minação de substâncias, as quais pas- sam a se acumular no organismo. Com isso, ocorre um aumento dos níveis séri- cos de creatinina e de ureia (primeiro fatores a se alterarem). • além disso, quanto mais reduzida fica a TFG, os processos tubulares de reabsor- ção e secreção também podem ser afe- tados perante a exposição dos néfrons que sobraram a uma maior quantidade de filtrado. Para mais, a capacidade de regular a reabsorção e a secreção das células tubulares frente à essa sobrecar- ga reduz, e verifica-se o aumento de hi- drogênio e de fosfato no sangue. • apesar de uma redução grave da TFG, a concentração sérica de sódio e cloreto pode se manter normal. Todavia, pode sofrer alteração dependendo da dilui- ção dos líquidos corporais, caso o apor- te dos alimentos não seja devidamente ajustado. SÍNDROME URÊMICA ➡ corresponde ao conjunto de sinais e sin- tomas presentes em pacientes com do- ença renal crônica avançada (estágio 5 - redução da TFG abaixo de 10-15ml/ min). ➡ nesta etapa, o tratamento é a diálise: • o sangue do paciente passa por uma máquina na qual são retirados as excre- tas que estão em níveis elevados, e re- torna para o paciente. • conforme a doença se agrava, mais frequente será a diálise. • enquanto passa por esse tratamento, o paciente aguarda pelo transplante de rim. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ➡ no estágio 5, a redução intensa da TFG gera sintomas inespecíficos: mal-estar, insônia, fraqueza, incapacidade de concentração, náusea e vômito, os quais estão associados ao acúmulo de substâncias tóxicas no organismo. ➡ além disso, antes de chegar ao estágio 5, os pacientes apresentam outras mani- festações que refletem a disfunção ge- neralizada: • cutâneas: hiperpigmentação, palidez, neve urêmica - quando o paciente ain- da não realiza a diálise e a ureia precipi- ta na pele depois da evaporação do suor) • cardiovasculares: o prejuízo da excre- ção tende a aumentar a volemia, ge- rando sobrecarga de volume (pode ge- rar hipertrofia e, quando não acompa- nhada de vascularização da musculatu- ra pode aumentar o risco de isquemia e evoluir para IC), hipertensão e edema. • neurológicas: o acúmulo de metabólitos em excesso pode gerar: insônia, inca- pacidade de concentração, perda de memória. • gastrointestinais: anorexia, náusea e vô- mito, os quais em conjunto podem gerar um quadro de desnutrição. • hematológicas: anemia. - os rins atuam como sensores da pressão de oxigênio arterial que, se reduzida, provoca a secreção do hormônio eritro- poetina pelas células renais, o qual vai para a circulação e atua na medula ós- sea, estimulado a produção de células vermelhas (envolvidas no aumento da capacidade carreadora de oxigênio). Todavia, na DRC, há a redução da ca- pacidade de secreção de eritropoetina, podendo afetar a produção basal e a quantidade normal de células vermelhas no organismo. • ósseas: osteodistrofia renal: prejuízo da estrutura óssea em decorrência de um problema renal; ocorre pois as células renais apresentam um papel endócrino na ativação final da vitamina D. Uma vez que grande parte da massa renal é perdida, não há a ativação adequada da vitamina D, levando à redução da absorção intestinal do cálcio e à hipo- 2 Fisiologia e Fisiopatologia IV Faculdade de Medicina de Petrópolis Julia Jardim Azevedo - Turma 59 calcemia. Isso caracteriza um hiperpara- tireoidismo secundário (↑ PTH). • metabólicas: o rim é capaz de realizar gliconeogênese (produção de glicose a partir de outros substratos), por isso, al- guns pacientes com DRC podem apre- sentar menor resistência à responder eventos hipoglicêmicos. ACHADOS LABORATORIAIS ➡ sangue: • aumento/acúmulo da ureia, creatinina e ácido úrico. • hipercalemia. • hipermagnesemia. • hiperfosfatemia: ↓ Na⁺, caso a ingestão de água exceder o adequado. • hiponatremia (aporte excessivo de água). • hipocalcemia: pela redução do estímulo da absorção intestinal da vitamina D. devido ao prejuízo na excreção renal TRATAMENTO ➡ dieta: as alterações dos eletrólitos refor- çam a necessidade de um acompa- nhamento nutricional para o ajuste da dieta,visando evitar mais alterações. Além disso, deve se ter cautela a fim de controlar o aporte excessivo de proteí- nas e, especialmente nos diabéticos, o aporte dos açúcares. • isso porque o aumento de aminoácidos e de glicose no sangue reflete no au- mento desses compostos no filtrado. Ao serem absorvidos, conjuntamente ao sódio no túbulo proximal, leva ao au- mento da reabsorção de sódio na re- gião. Consequentemente, a redução do sódio que chega na mácula densa é entendida como uma baixa filtração, fazendo com que haja o estímulo da fil- tração pela vasodilatação da arteríola aferente. ➡ medicações: a fim de evitar a exposi- ção do paciente a medicações que le- vam a alterações de eletrólitos ou que possuam efeito nefrotóxico. • deve-se utilizar medicamentos para tra- tar doenças de base, que atuam como causas na DRC. • a partir do momento que a DRC está estabelecia, deve-se utilizar medicamen- tos que atuam a nível renal para evitar e retardar a progressão da doença. • prevenir e tratar as complicações da DRC, como: alterações hormonais. • prepar o paciente e os familiares para tratamento com diálise ou substituição renal. CAUSAS MAIS COMUNS ➡ hipertensão: aumento da pressão arteri- al. ➡ diabetes: hiperglicemia. ➡ DRA: síndromes nefrótica e nefrítica, glomerulonefrite, as quais podem evoluir para DRC. ➡ analisar: fatores de risco, histórico famili- ar e fazer o rastreio por meio de exames. MEDICAÇÕES ➡ diuréticos (os de alça são mais eficazes). ➡ o bicarbonato deve ser mantido em ≥ 22mEq/L, com administração se neces- sário. ➡ iECA (inibidor da enzima conversora de angiotensina) e BRA (bloqueador do re- ceptor de angiotensina II), os quais pos- suem como efeito resultante a redução da ação da angiotensina II, promoven- do efeitos renoprotetores. Todavia, ape- sar de utilizados para evitar a progressão da doença, podem causar hipercalemia (reduzem a secreção de aldosterona - induz maior secreção de potássio para o túbulo renal, a fim de eliminá-lo) e IRA. 3
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