Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Júlia Morbeck – @med.morbeck Objetivos 1- Estudar sobre a epidemiologia, fatores de risco, etiologia, fisiopatologia, estágio, manifestações clínicas e diagnóstico da Doença Renal Crônica (DRC); 2- Compreender os riscos da automedicação. Doença Renal Crônica ↠ Independentemente da causa, a DRC consiste na perda dos néfrons funcionantes dos rins com deterioração progressiva da filtração glomerular, da capacidade de reabsorção tubular e das funções endócrinas dos rins (NORRIS, 2021). ↠ Todos os tipos de DRC caracterizam-se por redução da TFG, que se reflete em uma diminuição correspondente da quantidade de néfrons funcionantes. A velocidade de destruição dos néfrons difere de caso a caso, mas varia de muitos meses a alguns anos (NORRIS, 2021). Nos casos típicos, os sinais e sintomas da DRC desenvolvem-se gradativamente e não se tornam evidentes até que a doença esteja muito avançada. Isso é atribuído à surpreendente capacidade compensatória dos rins. À medida que as estruturas renais são destruídas, os néfrons restantes sofrem hipertrofia estrutural e funcional, cada qual aumentando sua função como modo de compensar os néfrons perdidos. Nesse processo, cada um dos néfrons remanescentes precisa filtrar mais partículas de solutos do sangue. As manifestações clínicas da insuficiência renal tornam-se evidentes apenas quando os poucos néfrons remanescentes são destruídos (NORRIS, 2021). Os seres humanos nascem com 0,75 milhão a 1,25 milhão de néfrons por rim. Se os néfrons forem perdidos, não há regeneração de novos néfrons; portanto, uma TFG diminuída indica a perda de néfrons e estima com mais acurácia a função renal residual (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). ↠ Ao contrário da lesão renal aguda, que pode ser corrigida com melhora resultante da função renal, a lesão renal na DRC raramente é reparada, então a perda da função é persistente. Em pacientes com DRC, a perda da função renal adicional gera mais danos e, portanto, anormalidades clínicas mais graves. Na verdade, a DRC pode piorar progressivamente, mesmo que o distúrbio que a causou se torne inativo (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). EPIDEMIOLOGIA ↠ A DRC assumiu, nos últimos anos, o status de problema de saúde pública devido à elevação de sua prevalência entre a população mundial e ao seu impacto na morbimortalidade dos indivíduos acometidos. Resultando, sobretudo, da crescente epidemia dos fatores de risco cardiovasculares, a doença renal crônica implica em hospitalizações frequentes e em elevado custo socioeconômico (MARTINS, 2017). ↠ Com base em dados de estudos populacionais, alguns autores estimaram que, nos Estados Unidos, no mínimo 6% da população adulta tenha DRC em estágios 1 e 2. As mesmas estimativas sugeriram que outros 4,5% da população norte-americana tenha DRC nos estágios 3 e 4 (JAMESON et al., 2019). ↠ No nosso país a Sociedade Brasileira de Nefrologia estima que possuam cerca de 10 milhões de pessoas com algum grau de DRC (MARTINS, 2017). A incidência crescente de DRC na população idosa é atribuída em parte à queda das taxas de mortalidade devido a complicações cardíacas e cerebrais da doença vascular aterosclerótica, permitindo que um segmento maior da população evolua para os estágios mais avançados da DRC. No entanto, é importante entender que a grande maioria dos pacientes com DRC nos estágios iniciais morre em razão das complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, antes de progredir para os estágios mais avançados da DRC. Na verdade, até mesmo uma redução mínima da TFG ou a presença de albuminúria atualmente é reconhecida como importante fator de risco de doença cardiovascular (JAMESON et al., 2019). FATORES DE RISCO ↠ É importante reconhecer os fatores que aumentam o risco de DRC, mesmo nos indivíduos com TFG normal. Os fatores de risco incluem: (JAMESON et al., 2019). • baixo peso ao nascer para a idade gestacional; APG 18 – “ELEVADA PREVALÊNCIA, REDUZIDA TAXA” 2 Júlia Morbeck – @med.morbeck • obesidade infantil; • hipertensão; • diabetes melito; • doença autoimune; • idade avançada; • descendência africana; • história familiar de doença renal; • episódio prévio de lesão renal aguda e existência de proteinúria; • sedimento urinário anormal, ou anormalidades estruturais do trato urinário. OBS.: Tem sido cada vez mais reconhecido que um ou mais episódios de lesão renal aguda estão associados ao risco aumentado de desenvolvimento de DRC (JAMESON et al., 2019). INTERESSANTE: Muitas formas raras hereditárias de DRC seguem um padrão de herança mendeliana, em geral como parte de uma síndrome sistêmica, e a forma mais comum dessa categoria é a doença renal policística autossômica dominante. Além disso, pesquisas recentes sobre a genética da predisposição a doenças complexas comuns revelaram variantes na sequência de DNA em diversos loci genéticos que estão associados com formas comuns de DRC. Um exemplo marcante é a detecção das versões alélicas do gene APOL1, de ancestrais das populações da África Ocidental, que contribuem para o aumento de várias vezes na frequência de algumas etiologias comuns da DRC não diabética (p. ex., glomerulosclerose segmentar focal) observadas entre os negros e hispânicos, em regiões importantes da África continental e na diáspora africana global. A prevalência em populações da África Ocidental parece ter emergido como adaptação evolutiva que conferia proteção contra patógenos tropicais. Como em outras doenças comuns com componente hereditário, os desencadeantes ambientais (como um patógeno viral) transformam o risco genético em doença (JAMESON et al., 2019). ↠ A obesidade, por exemplo, é encontrado um estado de hiperfiltração e aumento da pressão glomerular na tentativa de atender às demandas do peso corporal, de modo que se comporta como um fator que pode tanto desencadear a DRC quanto atuar na sua progressão (DUMONT et al., 2021). • Hipertensos: A hipertensão arterial é comum na DRC, podendo ocorrer em mais de 75% dos pacientes de qualquer idade (BASTOS et al., 2010). • Diabéticos: Os pacientes diabéticos apresentam risco aumentado para DRC e doença cardiovascular e devem ser monitorizados frequentemente para a ocorrência da lesão renal (BASTOS et al., 2010). • Idosos: A diminuição fisiológica da FG e, as lesões renais que ocorrem com a idade, secundárias a doenças crônicas comuns em pacientes de idade avançada, tornam os idosos susceptíveis a DRC (BASTOS et al., 2010). • Pacientes com doença cardiovascular (DCV): A DRC é considerada fator de risco para DCV e estudo recente demonstrou que a DCV se associa independentemente com diminuição da FG e com a ocorrência de DRC (BASTOS et al., 2010). • Familiares de pacientes portadores de DRC: Os familiares de pacientes portadores de DRC apresentam prevalência aumentada de hipertensão arterial, Diabetes mellitus, proteinúria e doença renal (BASTOS et al., 2010). • Pacientes em uso de medicações nefrotóxicas: O uso de medicações nefrotóxicas deveria ser evitado ou otimizado nos pacientes com DRC, particularmente quando a FG é menor que 60 mL/min/1,73m2 (BASTOS et al., 2010). ETIOLOGIA ↠ Uma variedade de distúrbios está associada à DRC. O responsável pode ser um processo renal primário (p. ex., glomerulonefrite, pielonefrite, hipoplasia congênita) ou um processo secundário (devido a uma doença sistêmica, como diabetes melito ou lúpus eritematoso) (MCANINCH; LUE, 2014). Uma vez que exista lesão renal, acredita-se agora que a hiperfiltração inicialmente adaptativa das unidades de néfrons não danificadas produza mais estresse e lesão do tecido renal remanescente, levando, finalmente, a piora da função renal e a anormalidades urinárias (p. ex., proteinúria). O paciente mostrará progressão de uma fase de gravidade da DRC para a próxima (MCANINCH; LUE, 2014).↠ Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil as principais causas da DRC, são respectivamente a HAS, DM e as glomerulonefrites representando em 26%, 18% e 11% dos pacientes dialíticos (MARTINS, 2017). CLASSIFICAÇÃO ↠ A doença renal crônica (DRC) é definida como lesão renal ou uma taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) abaixo de 60 mL/min/1,73 m2 persistente por 3 meses ou mais, independentemente da causa. As diretrizes da Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (KDOQI) classificaram a DRC em cinco estágios (JOHNSON, 2016). A determinação da TFG é complicada, exige a injeção de um marcador de TFG e coletas de urina programadas; portanto, estimativas da TFG baseadas na creatinina sérica e nos dados demográficos do paciente são usadas para monitorar a evolução da DRC. A progressão da doença renal também pode ser avaliada por alterações no nível sérico de cistatina C (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). OBS.: A TFG é considerada o melhor indicador da função global do rim. A TFG normal, que varia com a idade, o sexo e o tamanho corporal, varia de 120 a 130 mℓ/min/1,73 m2 nos adultos jovens e saudáveis normais. Na prática clínica, a TFG geralmente é estimada com base na concentração sérica de creatinina (NORRIS, 2021). ↠ A última classificação de DRC de 2012 do KDIGO recomenda detalhar a causa de DRC, classificando-a 3 Júlia Morbeck – @med.morbeck dentro de seis categorias relacionadas com a taxa de filtração glomerular (G1 a G5, com G3 dividida em 3a e 3b), e também com base em três níveis de albuminúria (A1, A2 e A3), cada uma avaliada de acordo com a relação albumina-creatinina urinária (em mg/g ou mg/mmol em uma amostra isolada matinal de urina) (JOHNSON, 2016). • A DRC em estágios 1 e 2 geralmente é assintomática, de modo que o reconhecimento da condição é mais frequentemente resultante de exames laboratoriais conduzidos em outros contextos clínicos que não o de suspeita de doença renal (JAMESON et al., 2019). • Com a progressão para DRC de estágios 3 e 4, as complicações clínicas e laboratoriais se tornam mais proeminentes. Quase todos os sistemas do organismo são afetados, mas as complicações mais evidentes são anemia e a propensão à fadiga associada; perda do apetite com desnutrição progressiva; anormalidades do cálcio, fósforo e hormônios reguladores de minerais, como 1,25(OH)2D3 (calcitriol), paratormônio (PTH) e fator de crescimento de fibroblasto 23 (FGF-23); e anormalidades da homeostasia do sódio, do potássio, da água e do equilíbrio acidobásico. Muitos pacientes, principalmente os idosos, apresentam valores de TGFe compatíveis com DRC 2 ou 3. Contudo, a maioria desses pacientes não apresentará deterioração adicional da função renal. O médico da assistência primária deve reavaliar a função renal e, se estiver estabilizada e não houver proteinúria associada, o paciente geralmente pode ser acompanhado com repetição regular dos exames, sem necessidade de encaminhamento ao nefrologista. Entretanto, é preciso ter cuidado quanto à potencial exposição a nefrotóxicos ou intervenções que apresentem risco de lesão renal aguda (LRA), bem como eventual ajuste da dose da medicação, se necessário. Se exames repetidos mostrarem declínio da TFG, albuminúria ou hipertensão descontrolada, é recomendado o encaminhamento ao nefrologista (JAMESON et al., 2019). • Quando a DRC avança para o estágio 5, as toxinas acumulam-se e o paciente costuma demonstrar alterações marcantes em suas atividades da vida diária, em seu bem-estar, em seu estado nutricional e na homeostase hidreletrolítica; por fim, evolui para a síndrome urêmica (JAMESON et al., 2019). OBS.: O termo desalentador doença renal em estágio terminal representa um estágio da DRC em que o acúmulo de toxinas, líquidos e eletrólitos normalmente excretados pelos rins resulta em risco de vida, a menos que as toxinas sejam removidas por terapia de substituição renal, empregando diálise ou transplante renal. O termo doença renal em estágio terminal foi substituído por DRC estágio 5 (JAMESON et al., 2019). OBS.: O termo microalbuminúria não é mais incorporado nessa classificação; é usado o termo nível moderado de albuminúria (30 a 300 mg/g ou 2,5 a 30 mg/mmol) (JOHNSON, 2016). Albuminúria é um importante marcador para dano renal. Normalmente, a urina contém quantidades diminutas de proteína. No entanto, se os rins estiverem danificados, a proteína pode “extravasar” dos rins para a urina. O tipo de proteína (p. ex., globulinas de baixo peso molecular ou albumina) depende do tipo de doença renal. Excreção aumentada de globulinas de baixo peso molecular é um indício de doença tubulointersticial, enquanto excreção de albumina é um marcador de DRC resultante de hipertensão ou diabetes melito. De modo a estabelecer o diagnóstico de DRC em adultos e crianças pré-púberes com diabetes, os testes da fita urinária são aceitáveis para detectar albuminúria (NORRIS, 2021). OBS.: A melhoria na classificação da DRC foi benéfica ao identificar aspectos prognósticos relacionados com a função renal diminuída e com o aumento da albuminúria. Isso levou a uma maior vigilância para a DRC e ao reconhecimento de seu impacto significativo na atenção à saúde em todo o mundo. No entanto, uma desvantagem da utilização dos sistemas de classificação é o possível excesso de diagnósticos de DRC, ao menos entre certas categorias de TFGe e albuminúria, especialmente entre os idosos (JOHNSON, 2016). Hoje, muitos laboratórios fornecem uma TFG estimada (ou “TFGe”) com base nessas equações. As equações para a estimativa da TFG são válidas apenas para pacientes em estado de equilíbrio, isto é, sem variações da creatinina ao longo dos dias (JAMESON et al., 2019). EQUAÇÕES RECOMENDADAS PARA ESTIMAR A TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR (TFG) COM BASE NA CONCENTRAÇÃO SÉRICA DE CREATININA (CRS), IDADE, SEXO, RAÇA E PESO CORPORAL 1. Equação estabelecida pelo estudo Modification of Diet in Renal Disease • TFG estimada (mL/min por 1,73 m2) = 1,86 × (CrS) −1,154 × (idade)−0,203 • Multiplicar por 0,742 se for mulher • Multiplicar por 1,21 se tiver descendência africana 2. Equação CKD-EPI • TFG = 141 × mín.(CrS/κ, 1)α × máx.(CrS/κ, 1)–1.209 × 0,993idade • Multiplicar por 1,018 se for mulher • Multiplicar por 1,159 se tiver descendência africana • onde CrS refere-se à creatinina sérica em mg/dL, κ é igual a 0,7 para as mulheres e 0,9 para os homens; α é igual a –0,329 para as mulheres e –0,411 para os homens; mín. indica o valor mínimo da CrSr/κ ou 1; e máx. indica o valor máximo de CrS/κ ou 1. FISIOPATOLOGIA ↠ A fisiopatologia da DRC caracteriza-se por dois amplos grupos de mecanismos lesivos: • mecanismos iniciais específicos da etiologia subjacente (p. ex., anormalidades do desenvolvimento ou da integridade renal, Classificação do Kidney Disease Improving Global Outcome (KDIGO) da doença renal crônica (DRC). A graduação de cores que vai do verde ao vermelho representa o risco crescente e a progressão da DRC. TFG, taxa de filtração glomerular. 4 Júlia Morbeck – @med.morbeck deposição de imunocomplexos e inflamação em alguns tipos de glomerulonefrite, ou exposição a toxinas em algumas doenças dos túbulos e do interstício renais); • hiperfiltração e hipertrofia dos néfrons viáveis remanescentes, que são uma consequência comum da redução da massa renal a longo prazo, independentemente da etiologia subjacente e que leva ao declínio adicional da função renal. ↠ As respostas à redução da quantidade de néfrons são mediadas por hormônios vasoativos, citocinas e fatores de crescimento. Por fim, essas adaptações de curto prazo (hiperfiltração e hipertrofia) para manter a TFG tornam- se mal-adaptativas à medida que a pressão e o fluxo sanguíneo aumentados dentro do néfron predispõem à distorção da arquitetura dos glomérulos, função anormal dos podócitos erompimento da barreira de filtração, levando à esclerose e à destruição dos néfrons remanescentes (JAMESON et al., 2019). ↠ O aumento da atividade intrarrenal do sistema renina- angiotensina (SRA) parece contribuir para a hiperfiltração compensatória inicial e para a subsequente hipertrofia e esclerose mal-adaptativas. Esse processo explica por que a redução da massa renal secundária a uma agressão isolada pode levar ao declínio progressivo da função renal ao longo de muitos anos (JAMESON et al., 2019). Ao contrário da LRA transitória, que frequentemente cura e após a qual o rim se recupera funcionalmente, insultos crônicos e sustentados ao rim, tais como aqueles que caracterizam nefropatias crônicas e progressivas, evoluem para fibrose renal progressiva com destruição da microarquitetura normal do rim e a sua substituição por tecido fibroso feito de matriz colágena extracelular, levando à perda da função, DRC e DRET. Isso afeta todos os três compartimentos funcionais do rim, ou seja, os glomérulos, os túbulos e o interstício, bem como os vasos, e manifesta-se histologicamente como glomerulosclerose, fibrose tubulointersticial e esclerose vascular (JOHNSON, 2016). A cicatrização ou a fibrose renal é um fenômeno complexo, com sobreposição de fenômenos e de múltiplos estágios, que pode ser caracterizado por uma série de processos: (JOHNSON, 2016). • Uma resposta inflamatória com infiltração nos rins lesados por células inflamatórias extrínsecas aos rins (derivadas do sangue e medula óssea); • Ativação, proliferação e perda de células renais intrínsecas (por meio de apoptose ou necrose e incluindo mesangiólise e podocitopenia); À esquerda: Fotomicrografia de pequeno aumento de um rim normal demonstrando glomérulos normais e estruturas tubulointersticiais saudáveis sem fibrose. À direita: Fotomicrografia de pequeno aumento mostrando doença renal crônica com esclerose de diversos glomérulos e intensa fibrose tubulointersticial. 5 Júlia Morbeck – @med.morbeck • Ativação e proliferação de matriz extracelular (MEC) – produzindo células, inclusive miofibroblastos e fibroblastos; • Deposição de MEC substituindo a arquitetura renal normal. A gravidade do infiltrado celular inflamatório renal se correlaciona intimamente com o grau de disfunção renal, predizendo progressão da DRC. A não resolução da lesão tecidual invariavelmente inicia uma resposta inflamatória com o recrutamento subsequente de neutrófilos, linfócitos, monócitos e macrófagos, células dendríticas e mastócitos para o tecido lesado, perpetuando um ciclo de inflamação contínua, dano tecidual, fibrose. Os neutrófilos, plaquetas, eosinófilos e mastócitos, através da liberação de seus produtos, também foram implicados na patogênese da inflamação renal aguda e crônica e fibrose. Na maior parte das vezes, porém, um infiltrado intersticial renal linfomonocitário acentuado representa o grande marco de progressão da DRC (JOHNSON, 2016). SÍNDROME URÊMICA ↠ Embora as concentrações séricas de ureia e creatinina sejam utilizadas para avaliar a capacidade excretora dos rins, o acúmulo dessas duas moléculas, por si só, não explica os muitos sinais e sintomas que caracterizam a síndrome urêmica na insuficiência renal avançada. Um grande número de toxinas que se acumulam com o declínio da TFG foram implicadas na síndrome urêmica. Entre essas toxinas, estão as hidrossolúveis, as hidrofóbicas, aquelas ligadas a proteínas e os produtos metabólicos não voláteis contendo nitrogênio com e sem carga (JAMESON et al., 2019). OBS.: Desse modo, fica evidente que as concentrações séricas da ureia e da creatinina, embora possam ser determinadas facilmente, devem ser entendidas como marcadores substitutos e imprecisos dessas toxinas; a monitoração dos níveis da ureia e da creatinina do paciente com disfunção renal é uma simplificação exagerada do estado urêmico (JAMESON et al., 2019). A síndrome urêmica envolve mais do que a insuficiência excretora renal. Inúmeras funções metabólicas e endócrinas desempenhadas normalmente pelos rins também são comprometidas, e isso causa anemia, desnutrição e anormalidades do metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas. Além disso, os níveis plasmáticos de muitos hormônios (como PTH, FGF-23, insulina, glucagon, hormônios esteroides, como a vitamina D e os hormônios sexuais, e prolactina) alteram-se na DRC em razão da excreção reduzida, da menor degradação ou da regulação hormonal anormal (JAMESON et al., 2019). Por fim, a DRC está associada à inflamação sistêmica aumentada. Os níveis altos de proteína C-reativa são detectados simultaneamente com outros reagentes de fase aguda, enquanto as concentrações dos chamados reagentes negativos da fase aguda (p. ex., albumina e fetuína) diminuem. Desse modo, a inflamação associada à DRC é importante para a síndrome de desnutrição-inflamação- aterosclerose/calcificação, que contribui para a aceleração da doença vascular e a comorbidade associada à doença renal avançada (JAMESON et al., 2019). ↠ Em resumo, a fisiopatologia da síndrome urêmica pode ser dividida em três esferas de manifestações disfuncionais: (JAMESON et al., 2019). • distúrbios secundários ao acúmulo das toxinas normalmente excretadas pelos rins; • anormalidades consequentes à perda das outras funções renais, como a homeostase hidreletrolítica e a regulação hormonal; • inflamação sistêmica progressiva e suas consequências vasculares e nutricionais. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A uremia causa distúrbios funcionais em quase todos os sistemas do organismo. A diálise crônica pode reduzir a incidência e a gravidade de muitos desses distúrbios, de forma que as manifestações integrais da uremia desapareceram amplamente do cenário de saúde moderno. Entretanto, mesmo o tratamento dialítico ideal não é totalmente efetivo como terapia renal substitutiva, porque alguns distúrbios resultantes da disfunção renal não respondem à diálise (JAMESON et al., 2019). 6 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ As manifestações clínicas e laboratoriais da DRC incluem: (NORRIS, 2021). • acumulação de escórias nitrogenadas; • distúrbios hidreletrolíticos e acidobásicos; • distúrbios minerais e ósseos; • anemia e distúrbios da coagulação; • hipertensão e alterações da função cardiovascular; distúrbios gastrintestinais; • complicações neurológicas; • distúrbios dermatológicos; • distúrbios do sistema imune. OBS.: A ocasião em que esses distúrbios aparecem e a gravidade das suas manifestações clínicas são determinadas em grande parte pelo grau de função renal existente e pelas doenças coexistentes. Algumas dessas manifestações clínicas e laboratoriais da DRC ocorrem antes que a TFG tenha alcançado o estágio de insuficiência renal (NORRIS, 2021). ACUMULAÇÃO DE ESCÓRIAS NITROGENADAS ↠ A acumulação de escórias nitrogenadas no sangue (ou azotemia) é um sinal precoce de insuficiência renal e, em geral, ocorre antes que se evidenciem outros sintomas. A ureia é uma das primeiras escórias nitrogenadas a acumular-se no sangue e o nível sanguíneo de ureia aumenta progressivamente à medida que a DRC avança. A concentração plasmática normal de ureia é de cerca de 20 mg/dℓ. Nos pacientes com insuficiência renal, esse nível pode chegar a 800 mg/dℓ (NORRIS, 2021). Quando as dietas contêm alimentos ricos em proteínas, a proteína é metabolizada em aminoácidos usados para formação de reservas de proteína corporal. Os aminoácidos não utilizados para esse fim são metabolizados para formar ureia ou são convertidos em produtos potencialmente tóxicos que se acumulam na DRC. Como a produção de ureia é diretamente proporcional à quantidade de proteína ingerida, o excesso de proteína na dieta aumentará a produção de ureia e outras toxinas urêmicas. As bactérias no cólon também contribuem para a uremiametabolizando aminoácidos e peptídios (p. ex., triptofano ou histidina podem ser convertidos em p-cresol e indoxil sulfato) (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). ↠ A creatinina – um subproduto do metabolismo muscular – é filtrada livremente nos glomérulos e não é reabsorvida nos túbulos renais. A creatinina é produzida a uma taxa relativamente constante e quase tudo que é filtrado nos glomérulos é eliminado na urina, em vez de ser reabsorvido para a corrente sanguínea. Desse modo, a creatinina sérica pode ser usada como indicador indireto para avaliar a TFG e a extensão da lesão renal associada à DRC (NORRIS, 2021). OBS.: O termo uremia, que significa literalmente “urina no sangue”, é usado para descrever as manifestações clínicas da insuficiência renal. Alguns dos sintomas da uremia não se evidenciam antes que sejam perdidos no mínimo dois terços dos néfrons renais. Uremia não é o mesmo que azotemia, termo que indica simplesmente acumulação de escórias nitrogenadas no sangue, que é assintomática em alguns casos (NORRIS, 2021). ↠ O estado urêmico inclui sinais e sintomas de distúrbios hidreletrolíticos e acidobásicos; alterações das funções reguladoras (p. ex., controle da pressão arterial, formação das hemácias e síntese reduzida de vitamina D); e efeitos da uremia na função do organismo (p. ex., encefalopatia urêmica, neuropatia periférica, prurido). Nesse estágio, quase todos os órgãos e estruturas do corpo são afetados. Em geral, os sinais e sintomas iniciais da uremia (p. ex., fraqueza, fadiga, náuseas e apatia) são sutis. As queixas mais graves incluem fraqueza extrema, vômitos frequentes, letargia e confusão mental. Sem tratamento com diálise ou transplante renal, a condição evolui para coma e morte (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS HIDRELETROLÍTICOS E ACIDOBÁSICOS ↠ Os rins participam da regulação do volume de líquidos extracelulares eliminando ou retendo sódio e água. A insuficiência renal crônica pode causar desidratação ou sobrecarga de volume, dependendo do processo patológico da doença renal. Além da regulação do volume, também há redução da capacidade renal de concentrar urina. Um dos primeiros sinais de lesão renal é poliúria com urina praticamente isotônica com o plasma (i. e., densidade entre 1.008 e 1.012) e pouca variação entre as micções (NORRIS, 2021). ↠ À medida que a função renal declina ainda mais, a capacidade de regular a excreção de sódio é reduzida. Normalmente, os rins toleram amplas variações da ingestão de sódio, embora mantendo níveis séricos normais. Nos casos de insuficiência renal crônica, os rins perdem sua capacidade de regular a excreção de sódio. Há redução da capacidade de adaptar-se a uma diminuição súbita da ingestão de sódio e pouca tolerância a uma sobrecarga aguda de sal. Depleção de volume com redução associada da TFG pode ocorrer quando há restrição da ingestão de sódio ou perda salina excessiva em consequência de diarreia ou vômitos.. Perda de sal é comum nos casos de insuficiência renal grave, porque a reabsorção tubular de sódio está reduzida. O aumento progressivo da ingestão de sódio pelos pacientes com insuficiência renal frequentemente aumenta a TFG e melhora qualquer função renal residual. Nos pacientes com hipertensão coexistente, a possibilidade de aumentar a pressão arterial ou desencadear insuficiência cardíaca congestiva geralmente exclui a possibilidade de suplementar a ingestão de sódio (NORRIS, 2021). 7 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ Cerca de 90% da excreção de potássio ocorrem nos rins. Quando há insuficiência renal, a excreção de potássio por cada néfron aumenta à medida que os rins adaptam-se à redução da TFG. Além disso, a excreção desse elemento no sistema digestório também aumenta. Por essa razão, os pacientes geralmente só apresentam hiperpotassemia quando a função renal é gravemente comprometida. Em razão desse mecanismo de adaptação, geralmente não é necessário restringir a ingestão de potássio dos pacientes com DRC, até que a TFG tenha reduzido a menos de 5 a 10 mℓ/min/1,73 m (NORRIS, 2021). OBS.: Nos pacientes com insuficiência renal, as causas comuns de hiperpotassemia são: falha em seguir as restrições dietéticas de potássio; constipação intestinal; acidose aguda causando liberação do potássio intracelular no líquido extracelular; traumatismo ou infecção causando liberação de potássio dos tecidos corporais; ou exposição aos fármacos que contêm potássio, impedem sua entrada nas células ou bloqueiam sua secreção nos néfrons distais (NORRIS, 2021). ↠ Em condições normais, os rins regulam o pH sanguíneo eliminando os íons hidrogênio produzidos nos processos metabólicos e reciclando bicarbonato. Isso é conseguido por meio da secreção de íons hidrogênio, reabsorção de sódio e bicarbonato e produção de amônia, que atua como tampão dos ácidos tituláveis. Com a deterioração da função renal, esses mecanismos são prejudicados e o paciente pode desenvolver acidose metabólica quando é exposto a uma carga excessiva de ácidos ou perde quantidades excessivas de bases (p. ex., diarreia). A acidose que ocorre nos pacientes com insuficiência renal parece estabilizar-se à medida que a doença avança, provavelmente por causa da enorme capacidade de tamponamento dos ossos. Contudo, essa ação de tamponamento parece aumentar a reabsorção óssea e contribuir para os distúrbios esqueléticos que ocorrem nos pacientes com DRC (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS DO METABOLISMO DE CÁLCIO E FÓSFORO E DOENÇA ÓSSEA ↠ As anormalidades do metabolismo do cálcio e do fósforo ocorrem nos estágios iniciais da evolução da DRC. A regulação dos níveis séricos do fósforo depende da excreção urinária diária de quantidades iguais às que são ingeridas com a dieta. Quando há deterioração da função renal, a excreção de fosfato diminui e, consequentemente, as concentrações séricas aumentam. Ao mesmo tempo, diminuem os níveis séricos de cálcio, que são regulados em relação inversa com as concentrações séricas do fosfato. Por sua vez, a redução do cálcio sérico estimula a secreção de hormônio paratireóideo (PTH), que aumenta a reabsorção de cálcio dos ossos. Embora os níveis de cálcio sérico sejam mantidos por estimulação da função do PTH, essa adaptação é conseguida às custas do sistema esquelético e de outros órgãos do corpo (NORRIS, 2021). ↠ A síntese de vitamina D também diminui nos pacientes com DRC. Os rins regulam a atividade dessa vitamina convertendo a forma inativa da vitamina D (25[OH] vitamina D3) em calcitriol (1,25[OH] vitamina D3), que é sua forma fisiologicamente ativa. O calcitriol é conhecido por seu efeito supressor direto da síntese do PTH e, por isso, níveis mais baixos de calcitriol aumentam as concentrações deste hormônio. Além disso, os níveis baixos de calcitriol diminuem a absorção de cálcio no sistema digestório. A vitamina D também regula a diferenciação dos osteoblastos e, deste modo, dificulta a reposição óssea (NORRIS, 2021). OBS.: A maioria dos indivíduos com DRC desenvolve hiperparatireoidismo secundário a infrarregulação dos receptores das glândulas paratireoides. Tanto os receptores de vitamina D como os receptores de cálcio são infrarregulados, provocando elevação dos níveis de PTH e redução dos níveis séricos de cálcio e vitamina D. A vitamina D age em conjunto com o PTH para mobilizar cálcio e fosfato dos ossos a fim de manter os níveis séricos de cálcio e fosfato (NORRIS, 2021). DOENÇAS ÓSSEAS: O termo osteodistrofia renal ou distúrbio da mineralização óssea associado à DRC é usado para descrever as complicações da doença. As alterações esqueléticas que ocorrem nos pacientes com DRC foram divididas em dois tipos principais de distúrbio: osteodistrofias com renovação óssea aumentada ou reduzida. Alguns pacientes têm predomínio de um tipo de distúrbio ósseo, enquanto outros apresentam osteodistrofias do tipo misto. Doisfatores intrínsecos a esses dois distúrbios incluem a reabsorção anormal e a remodelação óssea defeituosa. Formas leves de metabolismo ósseo anormal podem ser encontradas nos estágios iniciais da DRC (estágio 2), mas se tornam mais graves à medida que a função renal deteriora, como no estágio 5 (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS HEMATOLÓGICOS Anemia: A anemia crônica (níveis de hemoglobina < 13 g/dℓ em homens adultos e < 12 g/dℓ em mulheres adultas) é o distúrbio hematológico mais grave associado à DRC. Afro- americanos e pacientes diabéticos têm incidência ainda mais alta de anemia a cada estágio mais avançado da DRC (NORRIS, 2021). 8 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ A anemia da DRC é causada por vários fatores, inclusive perdas sanguíneas crônicas, hemólise, supressão da medula óssea por compostos urêmicos retidos e redução da produção de hemácias em consequência da síntese reduzida de eritropoetina e da deficiência de ferro. Os rins são os principais responsáveis pela síntese do hormônio eritropoetina, que controla a produção das hemácias. Quando há insuficiência renal, a produção desse hormônio geralmente é insuficiente para estimular a formação normal de hemácias pela medula óssea. Entre as causas da deficiência de ferro dos pacientes com DRC, estão anemia e restrições dietéticas que limitam a ingestão e a perda sanguínea que ocorre durante a diálise (NORRIS, 2021). ↠ Quando não é tratada, a anemia causa ou contribui para as queixas como fraqueza, fadiga, dor de cabeça, irritabilidade, depressão, insônia e distúrbio da função cognitiva. Também há preocupação crescente quanto aos efeitos fisiopatológicos da anemia na função cardiovascular. A anemia da insuficiência renal diminui a viscosidade sanguínea e causa aumento compensatório da frequência cardíaca. A viscosidade sanguínea reduzida também acentua a vasodilatação periférica e contribui para a redução da resistência vascular. O débito cardíaco aumenta em razão de uma resposta compensatória para manter a irrigação sanguínea, principalmente nos pacientes com doença cardíaca coronariana, resultando em angina do peito e outros episódios isquêmicos (NORRIS, 2021). OBS.: A anemia normocítica e normocrômica começa a partir do estágio 3 da DRC e está presente em quase todos os pacientes do estágio 4 (JAMESON et al., 2019). Coagulopatias: Os distúrbios hemorrágicos evidenciam-se por epistaxe, menorragia, hemorragia digestiva e equimoses na pele e nos tecidos subcutâneos. Embora a formação de plaquetas geralmente esteja normal nos pacientes com DRC, a função plaquetária está deprimida. A função da coagulação melhora com diálise, mas não normaliza por completo, sugerindo que a uremia contribua para o problema. Os pacientes com DRC também são mais suscetíveis aos fenômenos trombóticos (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS CARDIOVASCULARES ↠ Nos pacientes com DRC, a taxa de mortalidade global por doença cardiovascular é muito maior que o da população geral (NORRIS, 2021). HIPERTENSÃO ARTERIAL: Em geral, hipertensão arterial é a manifestação clínica inicial da DRC. Os mecanismos responsáveis pela hipertensão arterial associada à DRC são multifatoriais, mas incluem aumento do volume vascular, elevação da resistência vascular periférica, redução dos níveis das prostaglandinas vasodilatadoras e aumento da atividade do sistema renina- angiotensina (NORRIS, 2021). DOENÇA CARDÍACA: O espectro das doenças cardiovasculares associadas à DRC inclui hipertrofia ventricular esquerda e cardiopatia isquêmica. Os pacientes com DRC tendem a apresentar prevalência mais alta de disfunção ventricular esquerda com redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (atribuída à disfunção sistólica) e diminuição da fração de enchimento ventricular (atribuída à disfunção diastólica). Vários fatores causam disfunção ventricular esquerda, inclusive sobrecarga de líquidos extracelulares, desvio do sangue por uma fístula arteriovenosa de diálise e anemia. Em especial, a anemia foi relacionada com hipertrofia ventricular esquerda. Quando estão associadas à hipertensão, comumente manifesta, essas anormalidades aumentam o trabalho miocárdico e a demanda de oxigênio, resultando por fim no desenvolvimento de insuficiência cardíaca (NORRIS, 2021). OBS.: Insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar tendem a ocorrer nos estágios avançados da insuficiência renal. Entre os distúrbios coexistentes implicados como fatores contribuintes para a incidência mais alta de doenças cardiovasculares estão hipertensão, anemia, diabetes melito, dislipidemia e coagulopatias. O PTH também pode desempenhar um papel importante na patogênese da miocardiopatia associada à insuficiência renal (NORRIS, 2021). PERICARDITE: Alguns pacientes com DRC em estágio 5 têm pericardite secundária à uremia e à diálise prolongada. As manifestações clínicas da pericardite urêmica são semelhantes às da pericardite viral, com todas as suas complicações potenciais, inclusive tamponamento cardíaco. Os sinais e sintomas iniciais incluem dor torácica branda a grave, com piora durante a inspiração e atrito pericárdico. A febre varia na ausência de infecção e é mais comum com a pericardite associada à diálise do que a pericardite urêmica (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS ↠ Anorexia, náuseas e vômitos são comuns nos pacientes com uremia, além do paladar metálico que inibe ainda mais o apetite. Náuseas nas primeiras horas da manhã são uma queixa frequente. Os pacientes podem ter úlceras e sangramento da mucosa gastrintestinal e soluços são comuns (NORRIS, 2021). ↠ Uma causa possível das náuseas e dos vômitos é a decomposição da ureia pela flora intestinal, resultando em concentrações altas de amônia (NORRIS, 2021). ↠ O PTH aumenta a secreção de ácido gástrico e contribui para os distúrbios gastrintestinais. Em geral, náuseas e vômitos melhoram com a restrição de proteínas da dieta e depois de iniciar a diálise, e desaparecem por completo após o transplante renal (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS NEUROMUSCULARES ↠ Alguns pacientes com DRC sofrem alterações da função do sistema nervoso central e periférico. A neuropatia periférica – ou acometimento dos nervos periféricos – envolve mais comumente os membros inferiores que os superiores. Esse 9 Júlia Morbeck – @med.morbeck tipo de neuropatia é simétrico e afeta as funções sensorial e motora. A neuropatia periférica é causada por atrofia e desmielinização das fibras neurais, possivelmente causada pelas toxinas urêmicas. A síndrome das pernas inquietas é manifestação clínica da neuropatia periférica e pode ser encontrada em até dois terços dos pacientes em diálise. Essa síndrome caracteriza-se por sensações de prurido, picadas ou “vermes rastejantes”, que comumente são mais intensas em repouso. A movimentação das pernas traz alívio transitório. Sensação de ardência nos pés, que pode ser seguida de fraqueza e atrofia dos músculos, é manifestação clínica da uremia (NORRIS, 2021). ↠ Nos pacientes urêmicos, os distúrbios do sistema nervoso central são semelhantes aos causados por outras doenças tóxicas e metabólicas. Também conhecida como encefalopatia urêmica, essa condição não está bem esclarecida e pode ser causada ao menos em parte pelo excesso de ácidos orgânicos tóxicos, que alteram a função neural. A depressão do nível de atenção e consciência é o sinal mais precoce e significativo da encefalopatia urêmica. Em geral, essas alterações são seguidas de incapacidade de fixar a atenção, perda da memória a curto prazo e transtornos de percepção na identificação de pessoas e objetos. Delirium e coma são anormalidades tardias da evolução da uremia, enquanto convulsões são complicações pré-terminais (NORRIS, 2021). OBS.: Os distúrbios da função motora frequentemente acompanham as manifestações neurológicas da encefalopatia urêmica. Durante osestágios iniciais, geralmente há dificuldade de realizar movimentos delicados com os membros. A marcha do paciente torna-se instável e desajeitada, com tremores ao realizar movimentos. Nos casos típicos, os pacientes desenvolvem asterixe (movimentos de dorsiflexão das mãos e dos pés) à medida que a doença avança. Esse sinal pode ser desencadeado pedindo-se ao paciente para hiperestender os braços no nível dos cotovelos e punhos, com os dedos das mãos afastados. Quando o paciente tem asterixe, essa posição provoca movimentos adejantes laterais dos dedos das mãos (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS IMUNES ↠ Infecção é uma complicação comum e uma causa frequente de internação hospitalar e morte entre os pacientes com insuficiência renal. As anormalidades imunológicas comprometem a eficácia da resposta imune à infecção. Todos os componentes da inflamação e da função imune podem ser afetados negativamente pelos níveis altos de ureia e escórias metabólicas, inclusive com redução das contagens de granulócitos, depressão da imunidade humoral e celular e disfunção fagocitária (NORRIS, 2021). OBS.: A resposta inflamatória aguda e a reação de hipersensibilidade retardada também estão deprimidas. Embora os pacientes com DRC tenham respostas humorais normais às vacinas, pode ser necessário adotar um programa de imunização mais rigoroso. As barreiras cutâneas e mucosas à infecção também podem estar alteradas. Nos pacientes mantidos em diálise, os dispositivos de acesso vascular são acessos comuns para os patógenos. Muitos pacientes com DRC não podem ter reação febril à infecção e isto dificulta o diagnóstico (NORRIS, 2021). DISTÚRBIOS DA INTEGRIDADE DA PELE ↠ As manifestações cutâneas são comuns nos pacientes com DRC. Em geral, a pele empalidece em consequência da anemia, podendo adquirir uma tonalidade amarelo-acastanhada ou amarelada. Em geral, a pele e as mucosas estão ressecadas e é comum encontrar equimoses subcutâneas (NORRIS, 2021). ↠ O ressecamento da pele (ou xerose) é causado por redução da transpiração em consequência da diminuição do tamanho das glândulas sudoríferas e da redução da atividade das glândulas sebáceas (NORRIS, 2021). ↠ Prurido é uma queixa comum e resulta dos níveis séricos altos de fosfato e da formação de cristais de fosfato, que ocorre nos casos de hiperparatireoidismo. Escarificação grave da pele e picadas repetidas de agulhas (especialmente para hemodiálise) comprometem a integridade da pele e aumentam o risco de infecção. Nos estágios avançados da insuficiência renal não tratada, os cristais de ureia podem se precipitar na pele em consequência da concentração alta deste composto nos líquidos corporais. As unhas dos dedos das mãos também podem ficar finas e frágeis (NORRIS, 2021). DISFUNÇÃO SEXUAL ↠ A causa da disfunção sexual de homens e mulheres com DRC ainda é desconhecida, mas provavelmente é multifatorial e pode resultar de níveis altos de toxinas urêmicas, neuropatia, alterações hormonais, anemia, doença óssea metabólica, comorbidades, distúrbios da função endócrina, fatores psicológicos (p. ex., ansiedade, depressão, baixa autoestima, retraimento social e imagem corporal) e fármacos (p. ex., anti- hipertensivos, antidepressivos). É comum que os pacientes tenham alterações das reações sexuais fisiológicas, da função reprodutiva e da libido (NORRIS, 2021). ↠ Alguns homens em diálise têm impotência. As alterações dos hormônios hipofisários e gonadais – inclusive reduções dos níveis de testosterona, doença física crônica, pressões sociais (p. ex., estresse e infertilidade) e aumentos das concentrações de prolactina e hormônio luteinizante – são frequentes e podem causar disfunção erétil e reduzir as contagens de espermatozoides. A perda da libido pode ser causada por anemia crônica e níveis baixos de testosterona (NORRIS, 2021). ↠ A disfunção sexual das mulheres evidencia-se por níveis anormais de progesterona, hormônio luteinizante e prolactina. Outras alterações relatadas foram fertilidade reduzida, distúrbios menstruais, redução da lubrificação vaginal e várias anormalidades do orgasmo (NORRIS, 2021). 10 Júlia Morbeck – @med.morbeck ELIMINAÇÃO DE FÁRMACOS ↠ Os rins são responsáveis pela eliminação de vários fármacos e seus metabólitos. A DRC e seu tratamento podem interferir na absorção, a distribuição e a eliminação dos fármacos. A administração de doses altas de antiácidos captadores de fosfato para controlar a hiperfosfatemia e a hipocalcemia dos pacientes com insuficiência renal avançada interfere na absorção de alguns fármacos (NORRIS, 2021). ↠ Alguns fármacos ligam-se às proteínas plasmáticas (p. ex., albumina) para seu transporte na circulação; a fração livre do fármaco fica disponível para atuar nos vários receptores e pode ser metabolizada. A redução das proteínas plasmáticas (especialmente albumina), que ocorre em alguns pacientes com DRC, diminui a fração do fármaco ligado às proteínas e aumenta a fração livre no plasma (NORRIS, 2021). ↠ No processo metabólico, alguns fármacos formam metabólitos intermediários, que são tóxicos quando se acumulam. Algumas vias metabólicas dos fármacos, inclusive hidrólise, estão reduzidas quando há uremia. Nos pacientes diabéticos, por exemplo, as necessidades de insulina podem diminuir à medida que a função renal deteriora (NORRIS, 2021). ↠ A eliminação renal reduzida possibilita que fármacos ou seus metabólitos acumulem-se no organismo e exige que suas doses sejam ajustadas proporcionalmente. Alguns fármacos contêm nitrogênio, sódio, potássio e magnésio e têm de ser evitados pelos pacientes com DRC. Por exemplo, as penicilinas contêm potássio. A nitrofurantoína e o cloreto de amônio aumentam a reserva de nitrogênio do corpo. Alguns antiácidos contêm magnésio. Em razão dos problemas com posologia e eliminação dos fármacos, os pacientes com DRC devem ser alertados quanto ao uso de medicamentos de venda livre (NORRIS, 2021). DIAGNÓSTICO ANAMNESE E EXAME FÍSICO ↠ Os sinais e sintomas francos de doença renal são frequentemente sutis ou estão ausentes, até que o paciente atinja estados mais avançados da DRC. Por essa razão, o diagnóstico da doença renal costuma surpreender os pacientes e pode gerar ceticismo e negação. Os elementos específicos da história clínica que sugerem doença renal incluem relatos de: (JAMESON et al., 2019). • hipertensão (que pode causar DRC ou, mais comumente, ser uma consequência da doença); • diabetes melito; • anormalidades do exame de urina; • distúrbios gestacionais como pré-eclâmpsia ou abortamento precoce. ↠ É necessário obter uma história farmacológica detalhada. Os fármacos a serem considerados incluem anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), inibidores da cicloxigenase-2 (COX-2), antimicrobianos, quimioterápicos, antirretrovirais, inibidores da bomba de prótons, laxantes contendo fosfato e lítio (JAMESON et al., 2019). Durante a avaliação da síndrome urêmica, as perguntas sobre apetite, perda de peso, náuseas, soluços, edema periférico, cãibras musculares, prurido e pernas inquietas são particularmente úteis (JAMESON et al., 2019). ↠ A história familiar detalhada de doença renal aliada à avaliação das manifestações referidas em outros sistemas do organismo, como o auditivo, o visual e o tegumentar, podem levar ao diagnóstico de uma forma hereditária de DRC (p. ex., doença de Alport ou Fabry, cistinose) ou exposição ambiental coletiva a agentes nefrotóxicos (p. ex., metais pesados, ácido aristolóquico) (JAMESON et al., 2019). ↠ O exame físico deve concentrar-se na pressão arterial e nas lesões dos órgãos-alvo secundárias à hipertensão. Portanto, é necessário realizar exames fundoscópico e precordial. O exame do fundo de olho é importante no paciente diabético para detectar evidências de retinopatia diabética, que está associada à nefropatia.Outras manifestações de DRC ao exame físico dos pacientes são edema e polineuropatia sensitiva. A detecção de asterixe ou atrito pericárdico que não possa ser atribuído a outras causas geralmente indica a existência de síndrome urêmica (JAMESON et al., 2019). INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL Além de níveis elevados de creatinina sérica e ureia sanguínea, outros achados que indicam DRC incluem anemia, acidose metabólica, hiperpotassemia, hiperfosfatemia, hipocalcemia e hipoalbuminemia (NORRIS, 2021). ↠ Os exames bioquímicos sanguíneos devem incluir os níveis de sódio, potássio, cloreto, bicarbonato, cálcio, fósforo, fosfato alcalino, PTH e ácido úrico. Os níveis sanguíneos de glicose e hemoglobina A1c devem ser monitorados em pacientes diabético (NORRIS, 2021). 11 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ Em pacientes com suspeita de vasculite ou glomerulonefrite, a testagem frequentemente inclui medições de anticorpos antinucleares (ANA), anticorpos contra DNA de fita dupla, complemento sérico e níveis de anticorpos contra citoplasma de neutrófilos, bem como marcadores de hepatite A, B e C (NORRIS, 2021). ↠ Os níveis de hemoglobina devem ser monitorados, e deve ser investigada a possibilidade de deficiência de ferro. Um baixo nível sérico de ferro ou ferritina aumenta a possibilidade de hemorragia digestiva. O sequenciamento do exoma consegue detectar variantes em cerca de 9% dos pacientes com DRC, incluindo cerca de 17% dos pacientes com nefropatias de origem desconhecida (NORRIS, 2021). O sumário de urina é um dos principais exames a serem feitos na avaliação inicial do paciente com DRC, devendo-se analisar os sedimentos urinários e suas anormalidades e a microscopia do sedimento (pesquisar células, cilindros e cristais). • Hematúria: presença anormal de eritrócitos na urina (> de 3 a 5 eritrócitos/campo ou até 3000 hemácias por mililitro) • Leucócitos: piúria é definida como acima de 10 leucócitos/campo ou 10.000/ml, sendo indicativa de inflamação do trato urinário. • Cilindrúria: excreção aumentada de cilindros na urina. Exames de imagem ↠ A ultrassonografia do aparelho urinário é o exame de imagem mais útil porque permite verificar a presença dos dois rins, determinar se são simétricos, obter uma estimativa das dimensões renais e excluir a existência de massas renais e evidências de obstrução. Como é necessário algum tempo para que os rins diminuam de tamanho em razão da doença crônica, a detecção de rins pequenos bilateralmente reforça o diagnóstico de DRC estabelecida (JAMESON et al., 2019). BIÓPSIA RENAL Nos pacientes com rins pequenos bilateralmente, a biópsia renal não é recomendável porque (1) é tecnicamente difícil e tem maior tendência a provocar sangramento e outras consequências desfavoráveis; (2) costuma haver tanta fibrose que a doença primária não pode ser definida; e (3) a janela de oportunidade para promover um tratamento para a doença específica já passou. Outras contraindicações à biópsia renal são hipertensão descontrolada, infecção urinária em atividade, diátese hemorrágica (inclusive sob tratamento anticoagulante) e obesidade grave. A biópsia percutânea orientada pela ultrassonografia é a abordagem preferível, mas a técnica cirúrgica ou laparoscópica pode ser considerada, especialmente nos pacientes com rim único, nos quais a visualização direta e o controle do sangramento são cruciais (JAMESON et al., 2019). ↠ Em pacientes com DRC para os quais a biópsia renal é indicada (p. ex., suspeita de processo concomitante ou superposto em atividade, como nefrite intersticial, ou nos casos de perda acelerada da TFG), o tempo de sangramento precisa ser determinado e, se estiver aumentado, deve-se administrar desmopressina imediatamente antes do procedimento (JAMESON et al., 2019). Riscos da Automedicação ↠ Automedicação é o uso de medicamentos sem prescrição médica e está cada vez mais comum (LIMA; ALVIM, 2019). ↠ Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998), a automedicação é a seleção ou o uso de medicamentos (incluindo chás e produtos tradicionais) por pessoas para tratarem doenças autodiagnosticadas ou sintomas sem prescrição ou supervisão de um médico ou dentista. No entanto, desde que ocorra de forma racional, sob a orientação farmacêutica, poderá trazer benefícios tanto para a saúde dos seus usuários, quanto de maneira econômica para o Sistema de Saúde (MOURA, 2022). ↠ No Brasil, tem-se o hábito de não somente de se automedicar, como também indicar medicamentos para parentes, amigos e familiares. O Brasil é um dos principais consumidores mundiais de medicamentos (MOURA, 2022). A propaganda em massa de medicamentos, influência muito na prática da automedicação, porem existem outros fatores como o péssimo serviço de saúde e a facilidade de comprar medicamentos sem consulta médica. Mesmo em uma sociedade privilegiada, com bom poder aquisitivo, a prática vem ganhando espaço, pois em uma sociedade com uma vida corrida, stress do dia-a-dia, busca-se soluções imediata para não ser preciso interromper suas atividades diária (LIMA; ALVIM, 2019). ↠ Os Medicamentos Insentos de Prescrição (MIPs) são os medicamentos mais utilizados em todo o mundo, representando 31% do mercado farmacêutico, uma vez que não necessitam de prescrições médicas, sendo mais acessíveis ao público, além de estarem disponíveis facilmente em farmácias e drogarias (SANTOS et al., 2022). ↠ De acordo com a Instrução Normativa (IN) n°11/2016, são classificados em: analgésicos, anti-inflamatório, antiácidos, laxantes, antidiarreicos, antimicrobianos tópicos, antifúngicos, antissépticos, vitaminas, aminoácidos, minerais e outros (SANTOS et al., 2022). RISCOS ASSOCIADOS À AUTOMEDICAÇÃO ↠ Vale salientar que o uso irracional de medicamentos poderá gerar efeitos adversos, desde mascaramento de 12 Júlia Morbeck – @med.morbeck doenças evolutivas, intoxicação e até a morte. Como por exemplo os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), que provocam problemas no trato gastrointestinais e possuem alta nefrotoxidade (MOURA, 2022). Estas drogas podem causar um alto risco a saúde do indivíduo, principalmente o uso de paracetamol, dipirona e os salicilatos; estes medicamentos lideram os fármacos que são adquiridos por automedicação, e estão relacionados a sintomas como hemorragias gastrointestinais causadas pelo uso indevido de salicilatos, lesões no fígado causadas pelo uso do paracetamol e aplasia medular causada pelo uso indiscriminado de dipirona (MOURA, 2022). ↠ O atraso de diagnóstico ou diagnóstico incorreto é causado pelo mascaramento dos sintomas que possibilita o agravamento dos distúrbios. O uso de medicamento inadequado, a administração incorreta, a dosagem inadequada e seu uso por longo prazo pode vir a ocasionar sérios danos à saúde, tais como reações alérgicas, intoxicações, entre outros (MOURA, 2022). ↠ O uso incorreto de medicamentos pode trazer dependências, como por exemplo, tomar AINE’s toda vez que sentir alguma dor. Com o passar do tempo poderá causar dependência ao princípio ativo do medicamento. Isso implica em resistência ao efeito do medicamento e cada vez doses mais altas precisaram ser administradas para que se alcance o alívio da dor (MOURA, 2022). Medicamentos como os antibióticos podem acarretar o aumento da resistência de alguns micro-organismos, acarretando o comprometimento na eficácia do tratamento (MOURA, 2022). ↠ As ocorrências de intoxicação pelo uso impróprio de medicamentos ocupam o primeiro lugar no Brasil (MOURA, 2022). ↠ Medicamentos utilizados incorretamente podem ocasionar: hipersensibilidade, resistência bacteriana, estimular produção de anticorpos desnecessários, dependência medicamentosa, distúrbios hematológicos, irritação e infecções na pele, danos no fígado, insuficiência renal, insuficiênciacardíaca, intoxicação medicamentosa leve, moderada e grave, levando o indivíduo a óbito (SANTOS et al., 2022). Referências NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2021. MCANINCH, J. W.; LUE, T. F. Urologia Geral de Smith e Tanagho, 18ª edição. Porto Alegre: AMGH, 2014. GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina. Grupo GEN, 2022. JOHNSON, Richard J. Nefrologia Clínica. Grupo GEN, 2016. JAMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Medicina interna de Harrison - 2 volumes. Grupo A, 2019. DUMONT et al. Doença renal crônica: doença subdiagnosticada? Análise epidemiológica em um centro de diálise. Research Society and Development, v. 10, n. 14, 2021. BASTOS et al. Doença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Revista Associação Médica Brasileira, v. 56, n. 2, p. 248-253, 2010. MARTINS, R. J. Perfil clínico e epidemiológico da Doença Renal Crônica: revisão integrativa. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Maranhão, 2017. SANTOS et al. Os riscos da automedicação com medicamentos isentos de prescrição no Brasil. Research, Society and Development, v. 11, n. 7, 2022. LIMA, M. M.; ALVIM, H. G. O. Riscos da automedicação. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 2, n. 4, 2019. MOURA, E. F. Automedicação: Os riscos que essa prática causa a saúde e a importância do farmacêutico na atenção farmacêutica. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2022.
Compartilhar