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HABILIDADES-METALINGUÍSTICAS-E-ALFABETIZAÇÃO-5

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1 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
1 LÍNGUA E LINGUAGEM ............................................................................ 3 
2 DESENVOLVIMENTO, NEUROCIÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO ................ 8 
3 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM; OS MECANISMOS 
BIOLÓGICOS DA LINGUAGEM .............................................................................. 13 
3.1 A aquisição da linguagem .................................................................. 14 
3.2 Compreendendo a linguagem ............................................................ 16 
4 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL ...................................... 18 
4.1 Habilidades metalinguísticas e o sistema de escrita alfabética .......... 19 
4.2 Concepção e desenvolvimento da Linguagem das crianças .............. 20 
4.3 O desenvolvimento da oralidade na perspectiva Vigotskiana vs. 
Piagetiana....... .......................................................................................................... 21 
5 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA ................................ 29 
5.1 A criança e a escrita ........................................................................... 30 
5.2 A aquisição da escrita no processo de Alfabetização ........................ 33 
5.3 Consciência fonológica ....................................................................... 35 
5.4 A memória de trabalho fonológico ...................................................... 36 
5.5 A aquisição no desenvolvimento da leitura ........................................ 38 
6 CONSCIÊNCIA MORFOSSINTÁTICA ..................................................... 39 
7 A AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES METALINGUÍSTICAS E DE 
LEITURA... ................................................................................................................ 48 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 51 
 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno! 
 
 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e 
todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em 
perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que 
serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
3 
 
1 LÍNGUA E LINGUAGEM 
O universo social está repleto de símbolos, por exemplo: existem signos, textos, 
objetos, gestos, imagens, etc. 
Através da linguagem podemos relacionar esses símbolos para interagir com 
os nossos amigos, refletir a realidade, transmitir valores e conhecimentos, de modo 
que, ao relacionar o sistema de símbolos, criamos sentido. 
Portanto, se a linguagem é considerada um meio de comunicação de todos os 
falantes do mundo, algumas considerações precisam ser estabelecidas sobre ela, pois 
não é simplesmente um objeto de uso do falante, objeto de poder, à primeira vista, 
pode parecer difícil definir ou dar um conceito do que é a linguagem. 
Existem algumas pesquisas sobre a linguagem, assunto este de considerável 
complexidade, onde, se torna essencial estabelecer conceitos básicos para que as 
diferentes figuras de formação da linguagem possam ser apresentadas e entender 
como o gênero da propaganda a configura. 
Sendo necessário, portanto, um breve exame de determinados conceitos de 
linguagem para a melhor compreensão. 
Mas o que é língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é 
somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É ao 
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto 
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o 
exercício dessa faculdade nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem 
é multiforme e heteróclita; a cavaleiro de diferentes domínios, ao mesmo 
tempo física, fisiológica e psíquica (...). (SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 
2011). 
A língua é um objeto de natureza concreta, é um sistema de signos um conjunto 
de unidades, onde por meio de uma relação entre significante: imagem acústica e o 
significado, conceito. 
A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados 
em cada cérebro, mais ou menos como um dicionário cujos exemplares, 
todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos. Trata-se, pois, de algo 
que está em cada um deles, embora seja comum a todos e independa da 
vontade dos depositários (SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011). 
A coletividade, portanto, assume a forma de um composto dos sinais enviados 
a cada cérebro, que se manifesta de duas formas: na fala e na escrita. Por meio da 
 
4 
 
fala e da escrita, torna-se possível perceber a dimensão histórica da linguagem, por 
meio de seu caráter social. 
A linguagem existe desde o princípio, nascemos com ela, foi imposta, criada e 
muito bem definida pelos seus utilizadores, é uma linguagem comum a todas as 
pessoas e através da linguagem podemos nos comunicar com pessoas diferentes, de 
diferentes países, continentes e hemisférios. 
Língua e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser 
do segundo é representar o primeiro; o objetivo linguístico não se define pela 
combinação da palavra escrita e da palavra falada; essa última, por si só, 
constitui tal objeto. Mas a palavra escrita se mistura tão intimamente com a 
palavra falada, da qual é a imagem, que acaba por usurpar-lhe o papel 
principal; terminamos por dar importância à representação do signo vocal do 
que ao próprio signo. É como se acreditássemos que, para conhecer uma 
pessoa, melhor fosse contemplar-lhe a fotografia do que o rosto 
(SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011) 
Para esclarecer a ideia de linguagem, desde uma perspectiva estruturalista, 
podemos dizer que a linguagem é um sistema de signos que representam ideias e, 
portanto, pode ser comparada com a escrita, o alfabeto. 
Para surdos, rituais simbólicos, formas educadas, militares, sinais e etc; é 
apenas um dos principais sistemas. 
Ao contrário da linguagem, que na concepção estruturalista, sofre 
modificações: novas palavras, novas expressões que aparecem ou mudam de ano 
para ano. 
A linguagem tem um lado individual e um lado social, um não pode ser 
concebido sem o outro, podendo na linguagem ocorrer mudanças, pois a linguagem 
é alterada pelo uso contínuo da linguagem por meio de interlocutores que a utilizam 
como meio de comunicação em diferentes momentos e situações. 
 
A cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo um sistema 
estabelecido e uma evolução: a cada instante, ela é uma instituição atual e 
um produto do passado. Parece fácil, à primeira vista, distinguir entre esses 
sistemas e sua história, entre aquilo que ele é e o que foi; na realidade, a 
relação que une ambas as coisas são tão íntimas que se faz difícil separá-las 
(SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011) 
 
A compreensão do fenômeno da linguagem como uma atividade, como um fato 
humano, tem estimulado estudos linguísticos que examinam intenções comunicativas 
 
5 
 
sociais que colocam interlocutores em interação; também desperta o interesse pelos 
efeitos significativos que os interlocutores pretendem alcançar verbalmenteem suas 
atividades de diálogo, traz a fala e a escrita ao palco dos estudos mais relevantes, que 
se dão em sua relação com os objetos ativos, com as atividades práticas, e com 
propriedades que garantem seu status como uma unidade macroscópica de interação 
verbal. (ANTUNES, 2009. apud. SOLTES, 2011). 
A evolução da linguagem é extremamente simples. Vários anos se passaram 
desde os estudos realizados por SAUSSURE (1970) e muitos aspectos surgiram 
sobre a linguagem que não nos permitem dizer que ela ainda está intacta, ou que é 
homogênea e autônoma, e, com tanto desenvolvimento social e histórico, ela não 
pode mais ser considerada apenas um objeto isolado de estudo, independentemente 
das condições de sua utilização. 
Não obstante, a linguagem passou a ser reconhecida e estudada no contexto 
de seu uso, inserida nas expressões linguísticas por meio da produção e expressão 
de cada comunidade de falantes, não mais vista apenas como signos contidos em 
símbolos e significados, ou mesmo um conjunto de regras gramaticais. Torna-se uma 
ponte para nos conectarmos com outras culturas, pessoas, histórias, porque se 
encaixa na vida de todos os palestrantes. 
O que nos une a todas as outras comunidades linguísticas é a língua. O 
interessante de tudo isso é que a língua contém características próprias e peculiares 
e, sendo assim, passa a ser como todos nós, seres humanos, que acompanhamos a 
evolução, o caminhar da humanidade. 
Diante de tantas mudanças não se pode imaginar uma língua intacta, imóvel, 
inflexível. 
A língua é, assim, um grande ponto de encontro; de cada um de nós, com os 
nossos antepassados, com aqueles que, de qualquer forma, fizeram e fazem 
a nossa história. Nossa língua está embutida na trajetória de nossa memória 
coletiva. Daí o apego que sentimos à nossa língua, ao jeito de falar e nosso 
grupo. Esse apego é uma forma de selarmos nossa adesão a esse grupo 
(ANTUNES, 2009. apud. SOLTES, 2011). 
 
 
 
 
6 
 
Refletindo sobre a língua, é possível defini-la através de conceitos apresentados 
por grandes autores como MARCUSCHI e BAGNO: 
a) A língua apresenta uma organização interna sistemática que pode ser 
estudada cientificamente, mas ela não se reduz a um conjunto de regras de 
boa-formação que podem ser determinadas de uma vez por todas como se 
fosse possível fazer cálculos de previsão infalível. As línguas naturais são 
dificilmente formalizáveis. 
b) A língua tem aspectos estáveis e instáveis, ou seja, ela é um sistema variável, 
indeterminado e não fixo. Portanto, a língua a apresenta sistematicidade e 
variação a um só tempo. 
c) A língua se determina por valores imanentes e transcendentes de modo que 
não pode ser estudada de forma autônoma, mas deve-se recorrer ao entorno 
e à situação nos mais variados contextos de uso. A língua é, pois, situada. 
d) A língua se constrói com símbolos convencionais, parcialmente motivados, 
não aleatórios, mas arbitrários. A língua não é um fenômeno natural nem 
pode ser reduzida à realidade neurofisiológica. 
e) A língua não pode ser tida como um simples instrumento de representação 
do mundo como se dele fosse um espelho, pois ela é constitutiva da 
realidade. É muito mais um guia do que um espelho da realidade. 
f) A língua é uma atividade de natureza sociocognitivas, histórica e 
situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana. 
g) A língua se dá e se manifesta em textos orais e escritos ordenados e 
estabilizados em gêneros textuais para uso das situações concretas. 
h) A língua não é transparente, mas opaca, o que permite a variabilidade de 
interpretação nos textos e faz da compreensão um fenômeno especial na 
relação entre os seres humanos. 
i) Linguagem, cultura, sociedade e experiência interagem de maneira intensa 
e variada não se podendo postular uma visão universal para as línguas 
particulares. 
 
Assim, podemos concluir que a linguagem é flexível e não pode ser estudada 
isoladamente, pois é uma ferramenta de comunicação e interação para todas as 
criaturas falantes. 
 
7 
 
Na verdade, a língua que falamos nos permite ver quem somos. É uma espécie 
de prova da nossa identidade. A linguagem é realmente nosso meio de comunicação 
social. 
Portanto, a linguagem não pode ser concebida como independente da 
linguagem, como afirmam os estudos estruturalistas. Língua e linguagem caminham 
juntas, se desenvolvem juntas, são inseparáveis, ambas são influenciadas pelo 
ambiente social e histórico, uma só é verdadeira para a outra. 
Linguagem, língua e cultura são realidades inseparáveis, considerando que, 
como a linguagem está imbuída de aspectos sociais, políticos e históricos, não 
podemos, entre outras coisas, falar de um sistema autônomo, autocontido e 
homogêneo. 
A linguagem é formada gradualmente desde o nascimento, e sua aquisição 
requer a coordenação de diferentes funções e habilidades, bem como a intervenção 
de diferentes órgãos e está envolvida na evolução, e a maturação do cérebro ocorre 
de acordo com a coordenação dos órgãos oral e da fala. 
Ao definir a linguagem como fenômeno social, como prática de ações 
interativas dependentes da cultura do usuário, esta passou a ser compreendida em 
termos de características sociopolíticas, históricas e culturais, sua associação. A 
linguagem é vista, na sua heterogeneidade, como tendo várias funções, mas o seu 
papel principal é a comunicação social, a comunicação entre as pessoas. Por meio da 
linguagem, podemos expor tudo o que pensamos. 
Considerando a linguagem como forma de ação entre homens, adentra-se 
nos campos da persuasão e do convencimento, porque a linguagem como 
meio de interação social é dotada de intencionalidade; seu fundamento está, 
pois, na argumentação que procura persuadir e convencer alguém a agir de 
determinada forma. A par disso, entende-se que a função básica da 
linguagem é a argumentação, uma vez que o sujeito enunciador sempre tem 
em vista persuadir e convencer seu interlocutor (SITYA, 1995. apud. 
SOLTES, 2011). 
Assim, estabelece a linguagem, como meio de comunicação, de interação 
social, por meio de relações e comportamentos entre os interlocutores. 
Além disso, sua função básica não é apenas a comunicação, mas também a 
persuasão ou seja, querer interferir nas opiniões dos outros, modificando suas crenças 
e julgamentos. 
 
8 
 
 A linguagem pode ser denominada como um mecanismo linguístico, que todos 
os falantes utilizam nos mais diversos contextos e em seus diversos gêneros e da 
forma que desejarem, de acordo com a intenção do falante. 
 
A linguagem passa a ser encarada como forma de ação, ação sobre o mundo 
dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, 
portanto, pela argumentatividade (KOCH, 1996. apud. SOLTES, 2011). 
Portanto, podemos dizer que a linguagem é puramente discutível, pois com ela 
podemos estabelecer relações, opiniões, comportamentos, interações na sociedade 
e agir de acordo. 
Língua e linguagem tornam-se assim uma ferramenta, as quais usamos e 
abusamos a nosso favor (ou não), forma de ação, ação sobre o mundo dotada de 
intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela 
argumentatividade. 
 Isso significa que, quando usamos a linguagem, não queremos apenas 
expressar algo, mas também fazer algo, desencadeando uma resposta na outra 
pessoa. Nesse sentido, é claro que cada frase que dizemos é constituída por uma 
intenção. 
2 DESENVOLVIMENTO, NEUROCIÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO 
Neurociência parece ser a palavra da moda e está no vocabulário de todos, 
desde pesquisadores renomados até os sem instrução, que são expostos ao conceito 
por meio da mídia. 
A popularidade desse termo é explicada pelo avanço das pesquisas sobre o 
cérebro, ocasionado pelo desenvolvimento tecnológico de ferramentas de pesquisa. 
Enquanto antes da década de 1990 os pesquisadores só podiam estudar o cérebro 
de pessoas falecidas, desde a décadade 1990 a tecnologia de mapeamento cerebral 
evoluiu de uma forma que torna possível estudar cérebros em funcionamento, o que 
explica a escala das descobertas na área. 
No campo da educação, a neurociência contribui para o melhor conhecimento 
dos processos biológicos envolvidos na aprendizagem e no desenvolvimento humano. 
Esse conhecimento precisa ser incorporado aos programas de formação de 
 
9 
 
professores e às práticas de ensino. Em termos de alfabetização, várias contribuições 
podem acelerar o processo de aprendizagem da leitura e da escrita. 
Escrita e leitura, mesmo quando relacionadas, são processos distintos. No 
cérebro, as partes envolvidas na leitura são diferentes daquelas envolvidas na escrita. 
Portanto, não é possível identificar uma única região do cérebro como 
responsável pela linguagem, uma vez que várias regiões do cérebro estão envolvidas 
na atividade da linguagem. 
Por sua vez, isso não se limita às habilidades de leitura e escrita, também inclui 
a comunicação verbal, gestual e gráfica. Assim ao estudar a redação de hipóteses, os 
pesquisadores determinaram que o fracasso acadêmico estava associado a 
deficiências paralelas. 
Da mesma forma, o bom desempenho nas atividades acadêmicas é 
acompanhado pelo sucesso em outras áreas, como modelagem corporal, orientação 
espacial e temporal, formação lateral, entre outras. Desse modo, os aspectos 
linguísticos e não verbais estão relacionados à habilidade de leitura e escrita. 
Portanto, haverá uma maturidade necessária para o aprendizado. Porém, os 
chamados exercícios preparatórios, nos quais as crianças são estimuladas a repetir 
as bolinhas e os golpes, permitirão que pratiquem a coordenação motora fina, para 
traçar as letras com sucesso. 
Parece que a maturidade vai além das habilidades motoras, que não podem 
ser praticadas por meio de atividades mundanas e não civilizadas. Assim, para que 
uma criança aprenda a ler, é importante que o cérebro da criança amadureça. 
Sabemos hoje que, antes e durante a alfabetização, o cérebro das crianças passa por 
mudanças importantes que lhes permitem construir a base de nosso sistema de 
escrita. 
[...] nesta faixa etária (entre 3 e 6 anos) há um importantíssimo crescimento 
do córtex frontal que cria as condições neuroanatômicas (estruturas e 
ligações sinápticas) para a realização do mapeamento metafonológico, assim 
possibilitando a descoberta do princípio alfabético. (ROSSA, 2011. apud. 
GRANDO, 2013). 
Para que esse crescimento ocorra de forma saudável, é importante que as 
crianças tenham acesso a uma boa nutrição, sono de qualidade e estímulos 
desafiadores. O aprendizado ocorre durante o sono, o que é necessário para que se 
transforme em memórias duradouras. 
 
10 
 
Em relação à alimentação, foi demonstrado que problemas nutricionais nos 
primeiros anos de vida podem reduzir significativamente a capacidade cognitiva da 
criança. O ambiente em que a criança se desenvolve também é um fator importante 
em seu aprendizado. O homem precisa explorar o ambiente em que se encontra, a 
fim de interagir com ele. É assim que acontece o aprendizado, a partir da experiência 
humana com o meio ambiente. 
Somos seres “configurados” para experiência, todo o nosso organismo (corpo 
e cérebro) nos impulsiona para explorar o meio ambiente e dele extrair o que 
a qualidade de nossas interações permitir. Há uma constante influência dos 
estímulos do ambiente, e o que nosso organismo consegue fazer desses 
estímulos depende intrinsecamente da resposta de nosso organismo à 
frequência (repetição e constância) e à quantidade e qualidade dos estímulos 
(ROSSA, 2011. apud. GRANDO, 2013). 
Portanto, no que se refere à alfabetização, as crianças precisam receber 
estímulos variados e frequentes e esses estímulos devem ser contextualizados e 
significativos, pois disso depende a ativação de circuitos neurais importantes para a 
aprendizagem geral. 
Mesmo as crianças que não tiveram a oportunidade de crescer em um 
ambiente estimulante, ao entrar e encontrar um ambiente de alfabetização bem 
estruturado, podem ter sucesso nos primeiros estágios da escola devido a uma 
característica muito importante do cérebro: a plasticidade cerebral. 
A plasticidade cerebral pode ser definida como a adaptação que o sistema 
nervoso sofre diante das mudanças em seu ambiente externo ou interno. A ideia de 
que a estrutura do cérebro, uma vez formada, é imutável foi suplantada pela 
descoberta da plasticidade do cérebro. 
A plasticidade cerebral ocorre em todas as fases da vida, sendo mais comum 
na infância. Esta é uma das descobertas recentes mais importantes: a plasticidade 
dos neurônios será reciclada para novos aprendizados. 
Em outras palavras, ao se deparar com certos desafios ou estímulos, o cérebro 
tem a capacidade de se adaptar e mudar sua estrutura. Ocorre quando há 
necessidade de regeneração devido a lesão cerebral e quando algo novo é aprendido. 
O aprendizado é uma forma de plasticidade porque induz alterações 
morfológicas, como o crescimento de ramos neuronais. Um problema que pode 
complicar o aprendizado da escrita e da leitura é que existem muitas maneiras de 
 
11 
 
registrar a mesma carta. Esses caminhos correspondem ao problema de invariância 
perceptual. 
 [...] dezenas de imagens diferentes podem corresponder à mesma palavra, 
conforme esteja escrita em minúscula ou maiúscula, traçada à mão ou 
impressa [...]. É preciso, pois, atingir um reconhecimento invariante, apesar 
da grande variedade de formas de superfície que as palavras podem assumir. 
(DEHAENE, 2012. apud. GRANDO, 2013). 
 
Esse reconhecimento é uma etapa essencial para uma alfabetização efetiva, 
pois é necessário criar correspondências entre múltiplas grafias da mesma letra. Ainda 
contemplando o problema da constância perceptiva, podemos dizer, 
 [...] no curso da aprendizagem da leitura, devemos aprender não somente 
que as letras representam os fonemas da língua, mas também que as 
múltiplas formas sem ligação especial entre elas podem representar uma 
mesma letra. Esse conhecimento abstrato resulta provavelmente da 
existência de detectores de letras, de neurônios capazes de recuperar a 
identidade das letras por detrás das formas de superfície muito diferentes 
(DEHAENE, 2012. apud. GRANDO, 2013). 
Leitores experientes reconhecem uma variedade de tamanhos de fonte, 
posições de palavras e formatos de caracteres sem afetar sua leitura. Isso pode 
acontecer porque o sistema visual pode perceber diferenças muito pequenas, como 
linhas que distinguem uma letra da outra. 
O reconhecimento desses pequenos detalhes garante o reconhecimento de 
palavras que são muito semelhantes visualmente, como: bonito e brilhante. Nem 
sempre a criança na primeira fase da alfabetização reconhece e distingue essas 
variações. Os professores precisam estar atentos às semelhanças e diferenças entre 
os traços e a manipulação dos diferentes tipos de letras. 
Outra descoberta importante da neurociência mostra que o cérebro é recursivo, 
ou seja, o aprendizado se dá a partir do que a pessoa já sabe, pois, o cérebro funciona 
mobilizando o conhecimento existente. 
Para que ocorra uma nova aprendizagem, novas informações ou 
conhecimentos devem estar vinculados a conhecimentos já reforçados. Para isso, os 
professores precisam conhecer seus alunos e estabelecer relações entre os 
conteúdos aprendidos. 
 
12 
 
A ideia de que o cérebro é recursivo, ou seja, utiliza o conhecimento construído 
pela criança como base para novos aprendizados, tem sido defendida pelo 
VIGOTSKY (1934). 
Embora o principal representante da teoria da interação social não use a 
expressão cérebro recursivo, seu conceito de desenvolvimento proximal se baseia na 
ideia de que a aprendizagem ocorre com base no conhecimento prévio do cérebro 
das crianças. 
Em relação à alfabetização, deve-se reconhecer que antes de ingressar no 
ensino fundamental, as crianças sãoexpostas à palavra escrita nos contextos em que 
vivem, de modo que, quando chegam à escola com conhecimentos e pressupostos, 
sobre a escrita. Portanto, o professor não pode tratar a criança como uma folha em 
branco, pelo contrário, a criança deve realizar seu conhecimento por meio das 
atividades de diagnosticá-lo e avaliá-lo. 
Assim sendo, partir do conhecimento do aluno constitui-se uma ferramenta 
imprescindível para a alfabetização e para a construção de aprendizagens 
significativas em relação aos usos da escrita e da leitura. Uma forte bandeira erguida 
por alguns estudiosos em educação confirma-se através dos estudos sobre o cérebro: 
a aprendizagem e a memória estão intimamente ligadas à emoção. 
O sistema límbico, que é responsável por controlar os comportamentos 
emocionais e motivacionais, é ativamente ativado quando a aprendizagem é 
associada a bons sentimentos, como prazer, relaxamento e prazer. Reforça a 
aprendizagem e ativa o sistema de recompensa do cérebro, criando um desejo de 
repetir boas experiências. 
Porém, quando o aprendizado está atrelado a sentimentos desagradáveis, 
como medo e tédio, o conhecimento não se consolida da mesma forma e o sistema 
de recompensa não é acionado, deixando os sujeitos sem resolução, relutância em 
repetir a experiência. Perceba que apenas o que tem conteúdo emocional significativo 
é aprendido. 
 
13 
 
3 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM; OS MECANISMOS BIOLÓGICOS 
DA LINGUAGEM 
No hemisfério esquerdo fica uma área conhecida como fissura de Silvio, 
responsável pelo desenvolvimento de algumas habilidades da linguagem, as regiões 
posteriores da fenda são responsáveis pela inteligibilidade da fala e as anteriores pela 
linguagem expressiva. 
O hemisfério direito é responsável pelos aspectos emocionais da comunicação 
que são transmitidos através da prosódia vocal, gestos e expressões faciais, mas 
ambos os hemisférios contribuem para a comunicação humana normal. A linguagem 
é o principal meio de comunicação e devemos dominar os diversos sistemas 
linguísticos para sermos comunicadores eficazes. 
A partir dos 18 meses de idade, novos eventos podem ser observados, 
principalmente devido à capacidade de evocar e reconstruir ações passadas, por meio 
da linguagem, embora esta ainda seja dependente da presença de uma série de 
sujeitos permite evocar a formação de questões ou comentários adultos. Assim a partir 
dos 21 meses, os bebês começam a substituir as pronúncias não verbais por palavras 
pouco frequentes. 
A maioria das crianças aprendem a linguagem auditiva oral sem treinamento 
formal. Sua experiência com múltiplas interações entre cuidadores e outros 
nos primeiros 5 anos de vida, em geral, é suficiente para capacitá-la a 
entender a fala dos outros e falar. Quer parecer que existe uma prontidão 
biológica que capacita o bebê e a criança pequena a adquirirem linguagem 
auditivo oral com uma velocidade surpreendente, de modo um tanto 
independentemente de qualquer necessidade de treinamento formal. As 
habilidades comunicativas de ler e escrever, contudo, são obviamente 
habilidades que elas devem adquirir numa situação de aprendizagem mais 
formal. (BOONE, 1994. apud. MORGADO, 2013). 
Ao final dos dois anos a linguagem torna-se mais evidente, a criança passa a 
representar por meio de uso de símbolos ou palavras, objetos e diversas situações. 
Há diferentes funções linguísticas para mostrar o quanto a linguagem transcende os 
limites de uma situação: 
 
1º) Linguagem simpráxia: 
a linguagem não se 
diferencia da ação direta, 
2º) Linguagem 
planificadora: antecipa e 
orienta a ação: 
3º) Linguagem narrativa: 
 
 
14 
 
limitando-se a 
acompanhá-la: 
 
a) petições, desejos e 
opiniões; 
a) dentro dos limites de 
uma situação; 
a) ligada a uma situação 
presente; 
b) indicações e 
descrições; 
b) antecipatória 
(transcende, 
efetivamente, os limites de 
uma situação). 
b) não ligada a uma 
situação presente 
(transcende efetivamente, 
os limites de uma 
situação). 
c) perguntas relativas à 
atividade. 
 
 
Assim, a linguagem se torna representativa, separada da ação; ao longo da 
infância, a criança adquire essa habilidade; gradualmente começa a reconstruir 
eventos que aconteceram e predizer fatos que ainda não aconteceram. 
 
3.1 A aquisição da linguagem 
O estudo da aquisição da linguagem recebeu um enorme impulso no século 
XX. A linguagem, como um sistema simbólico exclusivamente humano, é uma das 
áreas de aquisição mais importantes da corporação, o desenvolvimento integral da 
linguagem das crianças é muito importante. 
Estudos recentes têm mostrado que a linguagem está envolvida em maiores 
habilidades de comunicação e cognitivas e se desenvolve até a criança completar três 
anos. 
Se, por um lado, a linguagem gera conceitos, por outro, facilita a construção 
dos próprios conceitos. A linguagem é um meio de comunicação que fornece 
conhecimentos para a construção de representações do mundo, com mediação 
adulta. 
A emergência da linguagem verbal, de um agir comunicacional, vai regular a 
atividade da criança pelo estabelecimento, por parte dos parceiros, de um 
acordo sobre os objetivos e as formas de ação, que podem ser então 
planejadas e avaliadas, tornando-se mais complexos. A aquisição de um 
sistema linguístico dá forma ao pensamento e reorganiza as funções 
 
15 
 
psicológicas da criança, sua atenção, memória e imaginação. (VYGOTSKY, 
1934. apud. OLIVEIRA, 2008). 
Afirma o autor que “o balbucio e o choro da criança, mesmo suas primeiras 
palavras, são claramente estágios do desenvolvimento da fala que não têm nenhuma 
relação com a evolução do pensamento”. Por outro lado, afirma que os processos 
cognitivos, por sua vez, desenvolvem-se, inicialmente, independente da linguagem, 
ou seja, da língua. (VYGOTSKY,1934. apud. OLIVEIRA, 2008) 
O desenvolvimento da linguagem apoia-se em forte motivação para se 
comunicar verbalmente com outra pessoa, motivação parcialmente inata, 
mas enriquecida durante o primeiro ano de vida nas experiências 
interpessoais com a mãe, pai, irmãos e outros educadores. (OLIVEIRA, 2008. 
apud. MORGADO, 2013) 
Diante disso observa-se que a relação entre a criança e os adultos se constitui 
a partir de muitos sinais, por meio dos quais a criança irá buscar atrair a atenção, 
assim, aos 3-4 meses a criança se comunica com o olhar, já aos 5-6 meses, com 
vocalização, através do contato adulto-criança, que permanecerá também nos meses 
posteriores, com olhar, sorriso e contato, objetivando a comunicação. 
Já aos 9-10 meses inicia-se a introdução da linguagem com as sinalizações, 
como o uso de sinais gestuais e vocais, assim, não só nos pedidos, mas também nas 
tentativas de dividir com o adulto eventos interessantes. 
Nesse momento, inicia-se as primeiras palavras para a comunicação, por isso 
alguns autores sugeriram a existência de uma ligação entre o desenvolvimento 
gestual e o aparecimento da linguagem, analisando as relações em crianças de 9 a 
13 meses, através de dois modelos: 
 
 Substituição das primeiras formas de comunicação por comportamentos 
posteriores. 
 
 A expansão do repertório comunicativo da criança que, graças a 
frequentes usos dos sinais mais simples e primitivos, conseguirem 
utilizar os mais elaborados. 
 
16 
 
3.2 Compreendendo a linguagem 
A aquisição da linguagem depende de um aparato neurobiológico e social, ou 
seja, do bom desenvolvimento de todas as estruturas cerebrais, da não ocorrência de 
falhas e da interação social da criança desde o nascimento. 
Em outras palavras, apesar das longas discussões sobre se a linguagem é 
inata ou aprendida, a maioria dos pesquisadores hoje concorda que há uma interação 
entre o que a criança traz, aprende biologicamente e o que adquire no ambiente em 
que vive. 
Na aquisição e desenvolvimento da linguagem falada, dois aspectos devem ser 
considerados: linguagem e cogniçãoe linguagem e comunicação: 
Linguagem e cognição: pensa-se bastante por meio da linguagem depois que 
desenvolvemos esta habilidade. A memória, a atenção e a percepção podem 
ter ganhos qualitativos com ela. Ela também ajuda na regulação do 
comportamento. Na infância, podemos observar o desenvolvimento da 
linguagem como apoio à cognição a partir dos dois anos, em média, 
principalmente por meio da forma como a criança brinca. Linguagem e 
comunicação: temos a intenção comunicativa, e podemos nos comunicar de 
diversas formas diferentes, através de gestos, do olhar, de desenhos, da fala, 
entre outros. A estrutura da linguagem nos permite lançar mão de recursos 
mais sofisticados, a fim de aprimorar nossas possibilidades da comunicação. 
(MOUSINHO, 2008. apud. MORGADO, 2013) 
As habilidades de linguagem podem ser descritas em termos de forma, de 
conteúdo e de uso. A forma inclui a produção dos sons da fala, como se emite o 
fonema e também a estrutura da frase; o conteúdo, os significados, que podem estar 
na palavra, na frase ou no discurso mais amplo, nível semântico e o uso referem-se 
ao uso social da língua. 
Assim, mais que emitir sons, estruturar uma frase e saber o significado, tem 
que se adequar tudo ao contexto em que está sendo pregado, nível pragmático, é a 
interação entre forma, conteúdo e uso que forma a linguagem normal. 
A linguística é a linguagem usada, por assim dizer, o que as pessoas fazem 
com as palavras e como adaptam o que dizem às necessidades dos diferentes 
ouvintes e situações. 
A linguagem é ajustada para se adequar a diferentes situações, nas conversas 
deve haver uma rotação das palavras de cada locutor e de cada ouvinte. 
 
 
17 
 
A compreensão é o reconhecimento de palavras, orações e locuções, 
associado à capacidade de evocar os objetos, atos e relações que as 
palavras, locuções e orações representam. (ZORZI, 2004. apud. OLIVEIRA, 
2008). 
O precursor mais imediato da linguagem é o desenvolvimento da habilidade de 
perceber e produzir os sons da fala. 
Observa-se que os recém-nascidos distinguem rapidamente os sons, são 
sensíveis à entonação, respondem seletivamente aos sons da sua língua materna, 
esquecendo-se dos outros. 
Tal desenvolvimento será enriquecido pela formação da capacidade de 
classificar objetos, que será a base de nomes e referências, bem como da capacidade 
de imitação e memória, necessária para reproduzir padrões, voz e gestos. 
Esse trabalho formativo durará toda a vida, principalmente por meio da 
educação nas escolas, e garantirá a aquisição, reprodução e transformação dos 
significados sociais culturalmente construídos. 
As crianças ouvem a língua falada ao seu redor e organizam o que ouvem. 
Com a idade de um a dez meses, os bebês podem responder a cumprimentos, chamar 
seus nomes, dar respostas motoras simples e usar objetos em seu ambiente. 
Aos dois anos, a linguagem falada foi adquirida e as crianças podem entender 
e construir a linguagem por mais tempo, e ainda, dependendo de seu dia a dia, eles 
começam a usar regras gramaticais, conectando duas ou três palavras em sucessão 
para que o ouvinte entenda. 
Já aos três anos de idade, as perguntas começam e são reformatadas à medida 
que recebem as respostas. 
O tipo de resposta que a criança irá produzir dependerá de seu grau de 
desenvolvimento: quanto mais baixo for o nível de desenvolvimento, mais 
limitadas serão as capacidades de respostas da criança, especialmente do 
ponto de vista da confiabilidade. O nível de desenvolvimento influi também 
no tipo de tarefa que será utilizado. Distintas tarefas significam distintas 
exigências para a criança. (ZORZI, 2004. apud. MORGADO, 2013) 
As respostas que eles darão indicarão seu nível de desenvolvimento da 
linguagem, assim, nas conversas naturais, as respostas possíveis são: olhe, olhe, dê, 
mova-se na direção, mostrando que entendeu a pergunta. 
 [...] O conhecimento que a criança tem da linguagem (competência 
linguística) começa a aparecer pelo uso real da linguagem (desempenho 
linguístico). Embora muitos sustentem que a criança já está revelando 
 
18 
 
competência e desempenho em linguagem, (por exemplo, seguindo 
instruções faladas) durante muitos meses antes da chegada das primeiras 
palavras, tal evento em geral é anunciado pelos linguistas (os que estudam a 
natureza e a estrutura da linguagem) como verdadeiro início do período 
linguístico do desenvolvimento. (BOONE. apud. MORGADO, 2013) 
Antes de aprender a falar, as crianças se comunicam por meio de expressões 
faciais e gestos, que são entendidos por quem as rodeia como uma forma de 
comunicação, que logo se traduz em voz. 
4 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL 
Para entender o aprendizado do alfabeto, é necessário saber o que exatamente 
é o alfabeto, como ele pode representar a linguagem no nível fonêmico, quais 
habilidades são necessárias para aprender essa relação e a representação alfabética 
pode ser regida por convenções ortográficas. 
Isto posto, aprender o alfabeto também é aprender o código de voz, portanto, 
para aprender a ler, é crucial aprender os códigos das letras e automatizar as 
transições dos gráficos. 
Para compreender o princípio alfabético da correspondência entre sons 
eletrônicos, a criança deve entender que as letras correspondentes aos sons não têm 
significado. Assim, a linguagem escrita está intimamente relacionada à linguagem 
falada. 
A criança que está aprendendo a ler deve resolver o problema da segmentação, 
ou seja, descobrir que os elementos da fala contínua correspondem aos elementos 
discretos da rotulação. 
Esses elementos e fonemas discretos existem na fala, mas em um nível 
abstrato e são fundidos e integrados em um fluxo contínuo de sons, existindo como 
unidades separadas apenas na mente do falante. 
Todos os falantes de uma língua consideram a sequência da fala como um 
continuum: palavra é derivada diretamente do continuum latino, que pode ser 
traduzido literalmente como contínuo, sem fronteiras contrastantes entre as palavras 
e entre suas partes, esferas, sílabas ou, mais importante, em um sistema alfabético: 
fonemas. 
 
19 
 
Portanto, ao aprender os princípios do alfabeto, é necessário reimplementar a 
percepção pessoal da sequência da fala como um continuum. 
Portanto, a criança precisa desenvolver a capacidade de metalografia, ou seja, 
a criança começa a responder à sua linguagem. 
Essa reflexão envolve a atenção aos aspectos da linguagem nos níveis 
fonológico, morfológico e sintático e não apenas ao seu conteúdo semântico. 
A habilidade linguística metálica, no nível fonológico, auxilia a criança a refletir 
sobre o sistema sonoro da linguagem, percebendo sentenças, palavras, sílabas e 
fonemas como unidades menores. 
Ao que se observa as habilidades cognitivas e linguísticas básicas, necessárias 
à aprendizagem, são muitas e complexas, por isso um conjunto de pré-requisitos de 
habilidades e competências tornam-se essenciais na alfabetização, ajudando a apoiar 
as crianças neste novo processo de aquisição. 
4.1 Habilidades metalinguísticas e o sistema de escrita alfabética 
A habilidade metalinguística se refere à habilidade de pensar em termos de sua 
própria linguagem que inclui habilidades de metalização sintática, semântica e 
fonética, são processos cognitivos relacionados à leitura e escrita os quais estão 
envolvidos no processamento fonológico, incluindo memória e percepção fonológica. 
Observaram que um estudo anterior encontrou forte relação entre as 
habilidades de processamento fonológico, mais especificamente a consciência 
fonológica e a habilidade de leitura de palavras, e os resultados apontaram o papel 
relevante da percepção fonológica no desempenho da leitura, principalmente na 
decodificação de palavras. 
Os pesquisadores concordam que a fonética desempenha um papel importante 
na leitura, e que a maioria das pessoas com atrasos na leitura, dislexia ou dificuldadesde aprendizagem têm deficiências nessas habilidades. 
Assim a hipótese de déficits fonológicos tem sido apoiada por uma série de 
estudos, que identificaram atrasos na sensibilidade, transposição e segmentação 
fonêmica da rima durante o desenvolvimento da leitura. 
 
20 
 
4.2 Concepção e desenvolvimento da Linguagem das crianças 
Desde o nascimento, a criança possui uma inteligência que orienta suas ações 
no mundo, uma inteligência que altera as interações estabelecidas entre si, o que dá 
sentido às suas expressões, gestos, sons, fazendo com que participem ativamente do 
mundo. 
A partir dessa interação e desse diálogo com os outros, a criança desenvolve 
o que se conhece como inteligência verbal, que se orienta por uma linguagem que 
atua sobre as ideias. 
A partir de então as crianças começam a comparar, classificar, inferir, inferir, 
etc., criar modos de memória e imaginação que indicam situações e objetos desejados 
do mundo exterior, usam palavras que especificam suas características, usadas como 
instrumento de diálogo e fala reflexiva. 
A interação da criança desde o nascimento, à medida que ela se comunica, os 
diálogos com a mãe se transformam internamente, permitindo uma nova forma de 
pensar. 
Frequentemente, as crianças são colocadas em um mundo de diálogo e a 
maneira como dialogam com os outros se realiza seguindo um quadro de diálogo que 
vivenciaram. 
Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão prazer e que 
revelam seu esforço para comunicar-se com os outros. Os adultos e crianças 
mais velhas interpretam essa linguagem peculiar, dando sentido a 
comunicação dos bebês. A construção da linguagem oral implica, portanto, 
na verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre pessoas 
que buscam comunicar-se. Ao falar com os bebês, os adultos, principalmente, 
tendem a usar uma linguagem simples, breve e repetitiva, que facilita o 
desenvolvimento da linguagem e da comunicação (BRASIL, 1998. apud. 
SANTOS 2015). 
As crianças pequenas têm dificuldade em separar seu papel do de alguém com 
quem estão interagindo. Por exemplo, ela colocou o dedo na tomada elétrica de sua 
casa e disse não! Reprovando, ele balançou a cabeça de um lado para o outro. 
Podemos ver que, nesta situação, a criança desempenha os papéis de criança curiosa 
e de adulto repreensivo. 
Assim, a criança com suas experiências e vivências, aprende a ver as situações 
da vida cotidiana de maneiras diferentes e, diferentemente, tem um papel importante 
na determinação de certas ações e no que a criança deve fazer. 
 
21 
 
Quando observamos as interações de uma criança com adultos na educação 
infantil, temos um exemplo de que a criança sinalizou diferentes papéis, colocando-se 
no lugar de outra criança. 
 Seu pensamento se torna mais complexo à medida que ela interage com seu 
ambiente, expande seus recursos linguísticos e coordena suas ações com as de seus 
companheiros. 
As crianças constroem significados a partir de uma situação e, portanto, são 
registradas, e vão ganhando experiências gradativamente, por exemplo, odores 
associados à comida ou quando os cuidadores contam para a criança com mamadeira 
que a criança fica de pé no berço. 
Após uma série de experiências em diferentes situações, interagindo com 
outras pessoas, as crianças conseguem se desvincular da realidade e criar símbolos 
para substituir outras realidades, por exemplo, usando uma boneca infantil como se 
pertencesse a um bebê. 
Essas aquisições permitem que a criança tenha novas formas de trabalhar com 
os símbolos, até que ela possa usar os signos para representar objetos ou situações. 
O processo de construção de símbolos está intrinsecamente associado à aquisição 
da linguagem e à representação de situações. 
4.3 O desenvolvimento da oralidade 
A linguagem oral é um sistema pelo qual os homens transmitem seus 
sentimentos e pensamentos. Isso acontece por meio da fala, trata-se de uma 
habilidade construída no reino social, não um processo inato. 
Em outras palavras, a criança nasce com a capacidade de crescer, e o 
aparecimento da mãe é uma das principais fontes de colaboração neste processo. 
Assim, toda comunicação acontece em interação, sendo impossível pensar em 
palavras e línguas sem interação com outras pessoas. 
As palavras têm seu significado, que não é o mesmo para todos, o significado 
está baseado na interação do sujeito como interlocutor em diferentes discursos. 
Tratando-se do desenvolvimento do boca a boca do ponto de vista VYGOTSKYANO 
(1943), a relação do homem com o mundo se estabelece por meio da linguagem, ou 
 
22 
 
seja, a exposição de uma criança à linguagem passa por um relacionamento com 
outra criança. 
Quando uma mãe responde ao balbucio de seu bebê de maneira significativa, 
falando com ele, ela comunica a função da fala em nossa língua e torna a criança 
objeto de conversa. 
A aquisição da linguagem não é apenas um processo natural, para aprender a 
falar é preciso compreender a língua, a mediação adulta é essencial neste processo, 
é como se fosse uma referência para compreender a língua. 
Nesse sentido, podemos dizer que o adulto é o corpo da linguagem constitutiva, 
tornando o papel do adulto fundamental na mediação da fala infantil, pois ao falar, o 
professor encontra nele um sujeito com características próprias de pensamento, o 
professor se faz compreender e as crianças pensam o mundo com seus próprios 
recursos com suas características próprias. 
Assim, na visão dos interacionistas sociais, as interações que os indivíduos 
estabelecem com seu ambiente, especialmente com outros indivíduos em 
determinadas situações sociais, são essenciais para a formação de ideias e 
personalidade. 
Quando as pessoas são questionadas sobre algo em que pensar, fazemos isso 
por meio do diálogo interno, fazemos perguntas sobre o assunto, o que se torna um 
processo que depende de um tipo de discurso, interior, decorrente de um único 
pensamento, discreto, que pode ser percebido em diferentes situações, por exemplo, 
ao planejar uma dinâmica de ação, ao analisar um conceito, etc. 
A introspecção é criada pelas oportunidades que os indivíduos têm de dialogar 
com outros que estão tentando coordenar suas ideias, argumentos e significados. 
Portanto, se o indivíduo não tiver a oportunidade de dialogar, não estará pronto 
para pensar. 
Trabalha-se então com duas funções básicas da linguagem, a primeira das 
quais é chamada de intercâmbio social, que usa sistemas de linguagem criados e 
usados por humanos para se comunicarem entre seus semelhantes. 
Essa função comunicativa se expressa no comportamento dos bebês, embora 
eles possam não falar de maneira normal ou compreender o significado das palavras, 
mas expressam suas necessidades e desejos por meio de gestos e sons. 
 
23 
 
Assim, para que a comunicação ocorra entre os indivíduos, é necessário o uso 
de signos para traduzir com precisão os pensamentos, ideias e desejos. 
A palavra cachorro, por exemplo, tem um significado preciso, compartilhado 
pelos usuários da língua portuguesa. Independente dos cachorros concretos 
que um indivíduo conheça, ou do medo de cachorro que alguém possa ter, a 
palavra cachorro denomina um certo conjunto de elementos do mundo real. 
(OLIVEIRA, 2003. apud. SANTOS 2015) 
É a partir desse fenômeno que ocorre a segunda função de linguagem: 
pensamento generalizante essa função torna a linguagem um instrumento de 
pensamento, é através da linguagem que ocorre a mediação entre o sujeito e o objeto 
do conhecimento. 
A relação entre o pensamento e a fala passa por várias mudanças ao longo da 
vida do indivíduo, mesmo sendo distintos o pensamento e a fala encontram-se 
originando um pensamento psicológico mais sofisticado. 
A aquisição da linguagem é um fator chave no desenvolvimento humano, a 
linguagem, uma habilidade humana única, faz com que as crianças usem ferramentas 
que as ajudam a resolversituações difíceis, fazendo soluções para seus problemas, 
palavras e sinais para elas são meios de comunicação social com outras pessoas. 
Tanto em crianças como em adultos, a função primária da fala é a comunicação 
social, ou seja, o desenvolvimento da linguagem é impulsionado pela necessidade de 
se comunicar. 
Assim, chorar, balbuciar são expressões dos bebês nos primeiros meses de 
vida, embora não representem o significado exato, podem ser sinais de desconforto 
ou prazer, essas expressões também são uma forma de o bebê estabelecer contato 
com as pessoas em seu ambiente. 
Esse estágio é denominado de estágio pré-intelectual do desenvolvimento da 
fala. Assim, antes de começarem a falar, as crianças demonstram inteligência prática, 
que é a capacidade de resolver problemas da vida real em seu ambiente usando uma 
ferramenta por exemplo, eles podem subir em uma cadeira para alcançá-los. 
Brinquedos na cabeça, essa ação é realizada pela criança sem o meio da 
linguagem, o autor chama esse estágio de estágio pré-lingüístico do pensamento. 
Nessa visão, pelas possibilidades de diálogo que as crianças encontram em 
seu meio e pelos significados que os adultos atribuem aos seus gestos e expressões, 
 
24 
 
elas aprendem a usar a linguagem como meio de comunicação e como ferramenta de 
pensamento. 
Nesse ponto, o pensamento e a linguagem se entrelaçam, o pensamento torna-
se discurso e discurso lógico. 
Existem dois níveis de desenvolvimento, a zona de crescimento real e a zona 
de crescimento potencial. 
O domínio do desenvolvimento real é determinado pelas ações da criança sem 
a ajuda de outra criança, enquanto o campo de desenvolvimento potencial é composto 
pelas ações que a criança realiza com a ajuda de outros. 
Onde o outro e a criança podem então realizar sozinhas. Com base nessa 
hipótese, constatamos que a aquisição da linguagem oral é um processo de 
apropriação que se dá pela semelhança com a fala da outra pessoa, seja ela mãe, 
pai, professor, amigos ou ouvintes. 
Assim, na televisão e no rádio, é a partir dessa interação que as crianças 
passam a falar, ampliando assim o seu vocabulário. 
Essa expansão da comunicação oral ocorre gradativamente, por meio de um 
processo de vaivém, e as crianças têm seus próprios ritmos de aquisição da 
linguagem e isso acontece em momentos diferentes da criança, de uma criança para 
outra. 
Durante o desenvolvimento do pensamento e da fala, uma conexão é 
estabelecida entre eles e a mudança e o desenvolvimento, nessa perspectiva, 
podemos perceber que, na complexidade do desenvolvimento da linguagem falada, o 
professor deve proporcionar ao aluno um ambiente que o estimule para que ele possa 
se expressar corporalmente de diferentes formas. 
Assim, representar a criança em situações imaginárias permite que ela 
direcione seu comportamento não apenas pela percepção imediata dos objetos, mas 
também por um senso da situação, regras e papéis. 
Mesmo que as crianças não nomeiem os objetos usados em suas ações, isso 
pode ser percebido e determinado a partir do significado que descrevem para a 
situação. 
A criança constrói conhecimentos a partir das relações estabelecidas com o 
mundo, a respeito de aspectos da realidade, interagindo com os outros, regulando 
assim a forma como age, pensa e sente. 
 
25 
 
Em segundo lugar, trataremos do desenvolvimento do boca a boca. Nesse 
sentido, a fala é essencial à vida humana, é uma habilidade socialmente construída 
que as crianças praticam desde os primeiros momentos de vida. 
Durante o primeiro ano, a comunicação ocorre por meio da troca de 
experiências entre os indivíduos, as famílias e os professores. Assim, a construção da 
linguagem oral envolve a expressão verbal e a negociação de significados 
estabelecidos entre aqueles que desejam se comunicar. 
Desde muito cedo, as crianças usam principalmente a boca para se comunicar, 
mesmo antes de falarem fluentemente, de várias formas: pedindo ajuda, solicitando 
coisas, etc. Mesmo que as crianças ainda não possam falar, os adultos ainda 
entendem as vozes das crianças. 
Podemos considerar que a fala é criada a partir de interações estabelecidas 
pelas crianças desde o nascimento, situações cotidianas em que os adultos 
conversam com ou perto delas fazem com que conheçam e se apropriem do mundo 
da fala e do contexto em que geram a linguagem oral. 
Nesse sentido, a habilidade da criança em usar a linguagem falada disponível 
na escola é adquirida em um espaço privado: o contexto de comunicação, intimidade, 
familiaridade e família. 
Segundo essa visão, a escola em sua prática deve ensinar aos alunos o 
significado e a importância das palavras, os professores devem despertar as crianças 
de diferentes maneiras para se comunicar, conversar com elas e permitir que se 
expressem. 
É importante que os adultos, quando conversam com crianças, prestem 
atenção em suas palavras, pois são oradores exemplares para as crianças, falam com 
clareza, não imitam a fala da criança, não têm erros gramaticais. Diferentes 
habilidades e situações de comunicação e expressão desenvolvem as habilidades de 
linguagem das crianças. 
Uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser continente da 
fala das crianças em contextos comunicativos para que ela se torne 
competente como falante. Isso significa que o professor deve ampliar as 
condições da criança de manter-se no próprio texto falado. Para tanto, deve 
escutar a fala da criança, deixando-se envolver por ela, ressignificando-a e 
resgatando-a sempre que necessário (BRASIL, 1998. apud. SANTOS, 2015). 
 
26 
 
A expansão da linguagem infantil pode ocorrer em situações como passar uma 
mensagem, solicitar informações, buscar materiais, onde os professores 
proporcionam aos alunos a capacidade de usar a linguagem em contexto, de forma 
significativa e casual, iniciando uma conversa. 
Os professores devem permitir que todos os alunos participem dos momentos 
de fala, incentivando-os a falar. A participação das crianças nas atividades de 
conversação permitirá o desenvolvimento de habilidades como leitura e escrita. 
A escola deve expor os alunos a muitas formas de uso da fala, incentivando-os 
a falar, porque por meio de exercícios de fala, eles vão melhorar e descobrir a função 
social que ela tem. Por falta de técnica e propósito, falar torna-se uma rotina em sala 
de aula, sem propósito e sem conteúdo. 
Os professores devem criar um ambiente pacífico para incentivar os alunos a 
comunicar suas ideias. As crianças usam o relacionamento interpessoal de forma 
espontânea, usam palavras em diferentes contextos, percebem a função social da 
linguagem com mais facilidade, desenvolvem diferentes habilidades, constroem 
hábitos sociais e superam a timidez. 
Em um ambiente propício, as crianças são livres para discutir, falar e se 
expressar. Um dos principais objetivos do boca a boca é desenvolver a linguagem, a 
fala e a compreensão auditiva das crianças. 
Embora a linguagem oral esteja presente no cotidiano das instituições de 
educação infantil, nem sempre é tratada como algo a ser intencionalmente 
trabalhado com as crianças. É muito comum que se pense que o 
desenvolvimento da fala é natural, portanto, não exige do professor uma 
atenção especial. (AUGUSTO, 2011. apud. SANTOS, 2015). 
 
É importante compreender a variedade de possibilidades do trabalho com a 
criança, no seu desenvolvimento oral, compreendendo como ela aprende a se 
comunicar. 
 
A linguagem oral é um dos aspectos fundamentais de nossa vida, pois é por 
meio dela que nos socializamos, construímos conhecimentos, organizamos 
nossos pensamentos e experiências, ingressamos no mundo. Assim, ela 
amplia nossas possibilidades de inserção e de participação nas diversas 
práticas sociais. (CHAER, 2012. apud. SANTOS, 2015). 
Portanto, deve-se reconhecer que a fala é básica na vida e essencial para o ser 
humano. É essencial ensinar ascrianças a utilizarem corretamente a linguagem em 
 
27 
 
instâncias públicas fazendo com que o uso da mesma se torne cada vez mais 
competente. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil afirma que: 
O desenvolvimento da capacidade de expressão oral do aluno depende 
consideravelmente de a escola construir-se num ambiente que respeite e 
acolha a vez e a voz, a diferença e a diversidades. Mas, sobretudo, depende 
de a escola ensinar-lhe os usos da língua adequados a diferentes situações 
comunicativas. (BRASIL, 1998. apud. SANTOS, 2015) 
 
 
Será que as práticas educativas valorizam o ensino da oralidade fazendo com 
que as crianças desenvolvam suas capacidades de expressões orais? O trabalho com 
a oralidade em sala de aula é de extrema importância, a fala é essencial na vida do 
indivíduo, deve-se considerar que o desenvolvimento oral se dá a partir das vivências 
envolvendo o uso das práticas linguísticas, onde os professores de educação infantil 
devem planejar e em suas ações pedagógicas conter atividades cotidianas 
envolvendo a fala, e a reflexão sobre a língua. 
Assim, por meio da expressão oral, a criança amplia seu universo de 
comunicação, expressa opiniões e ideias, sentimentos e emoções, argumenta e se 
comunica com mais facilidade. 
Com base no exposto, a fala é uma habilidade necessária para a comunicação 
social em diversas atividades práticas, os professores precisam considerar a fala 
como um elemento essencial, fazendo com que os alunos se tornem sujeito da fala, 
como sujeito de participação na sociedade. 
Ao observar a curiosidade de pais e adultos sobre o que fazer com os filhos ou 
com eles quando ainda não conseguem falar, é como se falar fosse a única forma de 
interação do adulto e da criança. 
Os pais costumam fazer perguntas sobre o desenvolvimento da fala de seus 
filhos: Quando a criança começou a falar? Posso contar uma história para ele, mesmo 
que ele não possa falar?, Mesmo que ele não fale, ele entende o que estou dizendo? 
Essas são perguntas que levam à falsa suposição de que a fala virá naturalmente. 
Portanto, os diferentes sons que as crianças ouvem ou quando observam 
alguém chamando outras pessoas pelo nome ou nomeando objetos e objetos 
conferem-lhes um papel significativo no som e na fala em suas vidas e no mundo, 
contribuindo para o desenvolvimento da boca língua, onde poderão interagir com 
outras pessoas e também criar uma vasta gama de sons. 
 
28 
 
O desenvolvimento oral da criança, ao contrário do que muitos pensam, não 
acontece espontaneamente, mas na relação que se estabelece com os adultos e 
também com as outras crianças. 
Se você imaginar uma creche com um grupo de crianças de 3 meses, se a 
educadora não promover o desenvolvimento dessas crianças com exercícios de 
motricidade, massagem para as crianças, então as crianças não terão a oportunidade 
de se virar engatinhando, sentado, caminhando, etc. 
Com a linguagem falada é a mesma coisa, se os adultos desestimulam esse 
processo falando com eles, elogiando-os, intencionalmente perguntando sobre coisas 
que lhes interessam, eles serão despojados de seus tecidos. O padrão de diálogo e a 
fala do falante são linguagens significativas na interação não só no ambiente escolar, 
mas também no mundo. 
Quando as crianças têm de dois a três anos e meio, os professores podem 
julgar quando iniciar o diálogo, fazendo com que as crianças usem uma linguagem 
oral significativa. 
A situação nos levou a observar o significado das palavras na vida das crianças, 
e eventualmente elas descobriram que a linguagem, a conversa, nem sempre é a 
solução para os problemas, mas um recurso, recurso precioso, pode pensar em uma 
solução possível. 
Crianças de até dois anos e meio usam muitos gestos e também seus próprios 
corpos para significar ou compreender o que querem ser compreendidos, esses 
gestos substituem o uso da voz, prejudicando o desenvolvimento da linguagem. Pode 
não ser uma dificuldade de falar, mas uma acomodação, um jogo de manipulação, ou 
falta de estimulação verbal, para que ela possa entender o uso da linguagem. 
Os adultos devem observar e avaliar suas próprias palavras, porque é como 
um modelo para as crianças. A comunicação oral desempenha um papel importante 
no processo educacional. Os processos educacionais tornam-se efetivos quando 
proporcionam situações nas quais os alunos podem desenvolver e explorar suas 
habilidades sociais e de comunicação. 
O professor deverá criar situações, promover atividades como conversas, 
discussões, poesia, dramatizações, fantoches, leitura de histórias, 
entrevistas, musicas, reconto de histórias, trava- língua, debates, exposições 
orais, de forma a possibilitar que a criança se torne mais comunicativa e tenha 
uma interação maior com o grupo. (CHAER, 2012. apud. SANTOS, 2015) 
 
29 
 
O ambiente também deve propiciar o desenvolvimento oral das crianças 
fazendo com que elas se comuniquem. O trabalho com a linguagem deve acontecer 
através de atividades significativas. 
5 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA 
Dentre os sistemas de comunicação desenvolvidos pelo homem, temos a 
palavra escrita, que é o signo da linguagem falada por meio de símbolos gráficos. A 
escrita humana, seja em ordem alfabética ou não, usa símbolos que evoluíram ao 
longo do tempo. 
De objetos de valor simbólico, de desenhos representando eventos da natureza 
à escrita alfabética, o caminho tem sido longo, pois historicamente, parece que o 
primeiro uso da escrita nasceu da necessidade de controlar os números de rebanho 
ou colheita, por exemplo, meio de marcas ou cortes de argila em gravetos. 
Acreditamos que a necessidade de superar as limitações da comunicação oral 
e a necessidade de transformar a comunicação de forma sustentável no tempo e no 
espaço são os fatores que levaram à invenção do sistema de comunicação escrita. 
No entanto, o mais importante desses fatores é a leitura. Deve ter dado origem 
à escrita e fomentado seu desenvolvimento, assim, a necessidade de interpretar a 
mensagem contida nos desenhos gerou o primeiro ato de leitura. 
E desde então, o desenho deixou de ser um mero gráfico para se tornar uma 
imagem representativa da linguagem, cujo objetivo é facilitar a leitura, os sistemas de 
escrita evoluíram. 
O uso de símbolos, representando uma realidade do mundo exterior, pode ser 
considerado a expressão mais antiga da escrita, criada com o propósito de leitura. 
Atualmente, nas sociedades letradas, as crianças desde os primeiros meses, 
estão em permanente contato com a linguagem escrita, e é por meio desse contato 
diversificado em seu ambiente social que as crianças descobrem o aspecto funcional 
da comunicação escrita, desenvolvendo interesse e curiosidade por essa linguagem. 
Sabe-se assim, que para aprender a escrever a criança terá de lidar com dois 
processos de aprendizagem paralelos: o da natureza do sistema de escrita da língua 
o que a escrita representa e o das características da linguagem que se usa para 
escrever. 
 
30 
 
Aprender a escrever está intrinsecamente associado à exposição a diferentes 
textos, para que as crianças possam desenvolver as habilidades de leitura, e à prática 
da escrita, para que as crianças possam desenvolver a habilidade de escrever de 
forma independente. 
Sabemos também que as hipóteses desenvolvidas pelas crianças no processo 
de construção do conhecimento não são as mesmas da mesma faixa etária, pois 
dependem do nível de compreensão da criança no meio social, ou seja, da importância 
da escrita no meio em que vive e as práticas sociais de leitura e escrita das quais eles 
podem testemunhar e participar, no processo de construção desse processo de 
aprendizagem, as crianças cometem erros. 
Os erros, nessa perspectiva, não são vistos como faltas ou, equívocos, eles 
são esperados, pois se referem a um momento evolutivo no processo de 
aprendizagem das crianças.Eles têm um importante papel no processo de ensino, porque informam o adulto 
sobre o modo próprio de as crianças pensarem naquele momento. E escrever, mesmo 
com esses erros, permite às crianças avançarem, uma vez que só escrevendo é 
possível enfrentar certas contradições tão presentes e tão frequentes na nossa língua. 
O papel principal do professor ou mediador no desenvolvimento infantil, por 
meio da qual a criança consegue transformar a atividade externa em atividade interna 
e, assim, no ato de saber, ou seja, a linguagem escrita nada significará para a criança. 
Jovem, que o cuidado é internalizado, passando do nível social interativo para o nível 
pessoal interno. 
 “Quando os adultos ajudam as crianças a realizarem coisas que são 
incapazes de conseguirem sozinhas, estão estimulando o desenvolvimento 
do conhecimento e da aptidão... a partir dessa perspectiva, que coloca a 
instrução no cerne do desenvolvimento, o potencial de aprendizagem de uma 
criança é revelado e, de fato, frequentemente concretizado em interações 
com pessoas mais instruídas”. (WOOD, 1998. apud. YOTUI, 2009). 
5.1 A criança e a escrita 
A criança não aprende a escrita, um complexo sistema de signos, por meio de 
atividades mecânicas e externas apenas na escola., ao que se pode observar sua 
habilidade de escrever com fluência é resultado de um longo processo de 
 
31 
 
desenvolvimento de funções comportamentais complexas das quais ele participa, atua 
e traz para a sala de aula. 
Da mesma forma, a criança formou o conceito de boa escrita antes da 
educação formal na escola. Portanto, você não precisa ser um pesquisador para 
perceber que escrever é uma atividade que capta a atenção das crianças desde cedo. 
Uma preferência precoce por lápis e papel a levou, aos dois ou três anos, a 
querer usá-los, principalmente se visse alguém por perto fazendo o mesmo. Se você 
entregar o documento a ela, sem dúvida ela rabiscará intermitentemente e, se 
solicitada, dirá que escreveu. 
 Essas primeiras manifestações gráficas como precursores da escrita. Na 
verdade, para esse autor tanto esses rabiscos como brincadeiras de faz de 
conta e os desenhos “devem ser vistos como momentos diferentes de um 
processo essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem 
escrita. (VYGOTSKY, 1984. apud. YOTUI, 2009). 
Os gestos são as pistas visuais iniciais que contêm a habilidade de escrita 
posterior da criança, ou seja, o reconhecimento e o uso dos gestos como valor 
simbólico é um pré-requisito para a compreensão dos signos escritos. 
Os objetos utilizados nas brincadeiras de faz de conta e nas brincadeiras 
infantis possuem diversos significados dependendo do gesto representado. Por 
exemplo, os gestos de uma criança transformam um pau em um cavalo, um embrulho 
em um bebê, tornando-se um sinal e significado para um objeto. E muitas vezes as 
crianças dramatizam com gestos e expressões de boca o que pretendem representar 
em seus desenhos. 
Portanto, os primeiros traços e rabiscos são considerados gestos, ou seja, 
constituem um complemento à expressão desse gesto. A criança desenha uma curva 
fechada semelhante a um círculo e diz que desenhou uma caixa cilíndrica. Representa 
o essencial, neste caso o círculo. Por outro lado, quando a representação requer 
conceitos complexos e abstratos, ela simplesmente gera uma instrução e seu lápis se 
encarrega de corrigir o gesto indicado. 
Esse sistema particular de linguagem, implícito nos desenhos e jogos 
simbólicos que as crianças interpretam no cotidiano, contribui para sua percepção da 
escrita, pois conviver com essa linguagem pode levar a compreender, talvez mais 
facilmente, o simbolismo da linguagem escrita. 
 
32 
 
Sabe-se que, ao manipular lápis e papel ao longo desse percurso, além do 
desenho, a criança costuma criar linhas sinusoidais contínuas ou uma série de 
pequenos círculos ou linhas verticais que imitam a escrita de adultos. 
Quando abordado sobre tal atividade, ele fingia que era seu posto, até mesmo 
oferecendo uma explicação para isso. É verdade, porém, que nesta peça de 
simulação ela deixa à imaginação do leitor encontrar seus rabiscos em relação ao que 
pretende expressar. E, sem dúvida, seu conceito simbólico de signo escrito foi se 
desenvolvendo, pois ele considerava a escrita como um arranjo gráfico que representa 
uma palavra, uma ideia ou uma mensagem. 
O estímulo para o desenvolvimento desse conceito ocorre em ambientes onde 
as crianças têm a oportunidade de testemunhar atos de escrever ou ler, ou seja, 
pessoas lendo e escrevendo para elas ou ao seu redor. “Isso não quer dizer, porém, 
que só seja desenvolvido por crianças que recebem esse estímulo, pois em nossa 
sociedade muitos anúncios e anúncios são feitos em jornais, revistas, televisão e 
outros meios de comunicação. Os cartazes de conscientização das crianças são muito 
altos sinal gráfico para o objeto representado. 
É fácil ver que, ao aprender o alfabeto, as crianças tendem a representar os 
sons da fala em momentos diferentes. Isso decorre de sua ignorância das convenções 
de grafia que regem o uso de símbolos no alfabeto. Nessa construção, entretanto, 
acreditamos que, para as crianças, a escrita torna-se mais complicada do que apenas 
transcrever a fala. 
Nossos corpos têm uma quantidade relativamente grande de dados para 
representar isso. Nele, além das representações gráficas, talvez, a partir da percepção 
da pronúncia das unidades de linguagem oral, seja possível determinar a presença de 
elementos que assumem uma combinação de padrões de escrita usualmente, 
comuns, normais. Podemos ver que a criança não absorve passivamente a palavra 
escrita. Isso é o resultado de um longo processo de desenvolvimento das funções 
comportamentais complexas nas quais a criança está envolvida. 
Sem dúvida, as diferenças de personalidade e classe social devem ser levadas 
em consideração, pois fazem com que uma criança tenha uma abordagem diferente 
da escrita. 
No entanto, acredita-se que todas as crianças podem criar sua própria grafia 
para as palavras ou mensagens que pretendem escrever, desde que vivam em um 
 
33 
 
ambiente onde a palavra escrita seja usada de forma significativa e sejam 
incentivadas a participar esta atividade. Desta forma, aumentam a sua confiança e 
iniciativa e acabam por se exprimir por escrito, embora muitas vezes à sua maneira. 
5.2 A aquisição da escrita no processo de Alfabetização 
A importância de se pensar em alfabetização vem da necessidade de saber 
como funciona a aquisição da linguagem escrita. Sabemos que o conhecimento e a 
experiência das crianças com a linguagem escrita começam antes de irem para a 
escola. A escrita é uma atividade que o atrai desde cedo, toda criança adora usar lápis 
e papel, brincar com a escrita e imitar os adultos. 
Como tal, no processo de construção do conhecimento infantil, a alfabetização 
desempenha um papel importante no desenvolvimento infantil. A aquisição do roteiro 
constitui um processo de mediação. É no relacionamento com os outros que a criança 
percebe sua utilidade e significado. Esse significado é o propósito de escrever para 
dizer algo a alguém ou simplesmente uma forma de o autor expressar seus 
pensamentos. 
Assim, a outra linguagem desempenha um papel primordial na construção da 
linguagem escrita, no sentido de que essa aquisição se dá em interações verbais 
significativas e interações entre os homens, como um processo história social. 
 ... cada pessoa que entra em contato com uma criança é um professor que 
incessantemente lhe descreve o mundo, até o momento em que a criança é 
capaz de perceber o mundo tal como foi descrito. (CASTAÑEDA, 1972. apud. 
YOTUI, 2009) 
Assim, no processo de construção do conhecimento infantil, a alfabetização 
desempenha um papel importante no desenvolvimento infantil. A aquisição do roteiro 
constitui um processo de mediação. É no relacionamento com os outros que acriança 
percebe sua utilidade e significado. Esse significado é o propósito de escrever para 
dizer algo a alguém ou simplesmente uma forma de o escritor expressar seus 
pensamentos. 
Assim, outras línguas desempenham um papel dominante na construção da 
linguagem escrita, no sentido de que essa aquisição se dá em interações humano-a-
humano significativas e em interações verbais, como um processo, história social. 
 
34 
 
Depois de entrar no processo de alfabetização formal, eles não podem absorver 
e dominar o processo. A incapacidade de compreender a língua ensinada pela escola 
torna essas crianças insatisfatórias durante a alfabetização e, após os anos 
normativos nos primeiros anos, são consideradas deficientes, como já discutimos, são 
encaminhadas para um psicólogo e depois para uma escola ou turma especial, cujo 
foco é permitir mais cuidados relacionados ao seu distúrbio de aprendizagem. 
O problema do analfabetismo está sempre associado ao processo de educação 
especial. Esse fato ocorre porque a escola não consegue entender porque algumas 
crianças não conseguem adquirir o processo de linguagem escrita e apressadamente 
se auto identificam como portadores de alguma deficiência, dispensando a 
responsabilidade de permitir que essas crianças adquiram com sucesso as 
habilidades da linguagem. 
Então, o que a escola realmente busca é um tipo de educação ideal onde a 
aprendizagem ocorra de forma unificada e harmoniosa, e isso se torne uma utopia, 
mas os métodos práticos da escola querem veementemente torná-la realidade, de 
olho no índice alarmante de evasão e taxa de repetição. 
Outro aspecto desse problema é que o fracasso escolar, assim como a teoria 
das dificuldades de aprendizagem, é sempre relevante para crianças de séries iniciais. 
Essa situação sempre aconteceu, uma vez que o analfabetismo se tornou um grave 
problema educacional, que, após supostamente democratizar a educação, aumentou 
muito o número de vagas nas escolas, dando lugar a que os filhos da classe 
trabalhadora frequentassem a escola. 
Assim, com a adesão das classes populares a uma instituição de ensino que 
não foi criada para servir os seus interesses, os filhos desta classe tendiam ao 
fracasso, numa educação que não valorizava a língua, a língua ou o seu contexto 
social. 
Na verdade, sempre acontece que as escolas nunca foram preparadas para 
oferecer uma educação que responda às diferenças existentes na sociedade 
capitalista. A educação que a escola persiste em proporcionar, apesar do alto índice 
de reprovação dos alunos, é uma educação baseada na identidade, onde todos 
aprendem o mesmo conteúdo, pelo mesmo processo. 
 
35 
 
5.3 Consciência fonológica 
A percepção fonológica é parte integrante da cognição metálica, que envolve a 
habilidade de pensar e manipular segmentos da fala, incluindo, além da habilidade de 
pensar referenciar e comparar, a habilidade de trabalhar com rimas, transições, 
sílabas e fonemas contar, segmentar, mesclar, adicionar, excluir, substituir e transpor. 
A percepção da linguagem não surge repentinamente, ela se desenvolve em 
uma sequência de estágios evolutivos sucessivos, não necessariamente lineares. É o 
resultado do desenvolvimento e do amadurecimento biológico em constante troca com 
o meio ou contexto, e é favorecido pelas complexas tarefas linguísticas a que está 
submetido, incluindo a aprendizagem da leitura. 
A sensibilidade fonológica é vista como um continuum que vai da sensibilidade 
superficial de grandes unidades fonológicas à sensibilidade de profundidade de 
pequenas unidades fonológicas. 
Esta definição inclui as habilidades fonológicas envolvidas na manipulação e 
julgamento de qualquer unidade de estrutura da palavra. A sensibilidade fonética 
também é considerada uma habilidade única que assume diferentes formas em seu 
desenvolvimento. 
Nos estágios iniciais, a sensibilidade fonológica se manifesta por meio da 
detecção de unidades fonológicas maiores, como palavras, sílabas, transposições e 
rimas. Nos estágios posteriores, ela se manifesta na manipulação de fonemas. 
A correlação entre consciência fonêmica e desempenho em atividades de 
leitura e escrita tem sido descrita em diversos estudos que mostram uma relação 
mútua entre essas habilidades. 
Os estágios iniciais da consciência fonológica contribuem para a formação dos 
estágios iniciais da leitura e, por sua vez, para o desenvolvimento de habilidades 
fonológicas mais complexas. Assim, enquanto a percepção de certos sons, ou ondas 
ultrassônicas, parece se desenvolver espontaneamente, a percepção fonêmica 
parece exigir experiência específica em atividades que determinam correspondências 
entre elementos sonoros e gustativos da fala e elementos visuais da escrita. 
O processo de ligação desses grafefonemas exigiu o desenvolvimento da 
análise e síntese do fonema. Para descobrir os fonemas, é necessário adquirir e 
desenvolver a consciência fonológica, competência linguística que permite o acesso 
 
36 
 
consciente ao nível fonológico da fala e a manipulação cognitiva das representações. 
A exposição à linguagem escrita permite que essa habilidade seja desenvolvida, da 
mesma forma que esse desenvolvimento aprimora as habilidades de leitura e escrita. 
Estudos indicam que os déficits fonológicos são um dos fatores que podem 
explicar os problemas de leitura em pessoas com dificuldades de aprendizagem. 
Crianças com este diagnóstico têm dificuldade em usar a rota de tom-símbolo para 
ler, ou seja, usar o mecanismo de transição de tom em atividades que requerem 
habilidades fonológicas, como ler palavras faladas. Ilustrar ou classificar palavras por 
som. 
Acredita-se que as intervenções no processamento fonológico tenham efeito 
direto na melhora das habilidades de leitura em trabalhos de intervenção com 
escolares com dislexia. 
5.4 A memória de trabalho fonológico 
Memória é definida como a capacidade de corrigir, armazenar e reproduzir, na 
forma de memórias, impressões e sensações que o indivíduo já teve ou vivenciou 
antes. Com essa habilidade, é possível adquirir, armazenar e recuperar, de forma 
consciente ou inconsciente, informações, conforme necessário. Diferentes conceitos 
são atribuídos à memória, dependendo de sua função, duração e conteúdo. 
A memória é composta por vários sistemas independentes que trabalham em 
cooperação uns com os outros, que variam de acordo com o tempo que a informação 
é armazenada, e a natureza da informação sendo processada. 
Os sistemas de memória são compostos por memória conhecida como 
memória de curto prazo, um conceito que foi estendido a um paradigma denominado 
memória de trabalho e memória de longo prazo. 
A memória de longo prazo é dividida em dois sistemas, memória explícita ou 
declarativa, permitindo assim o acesso consciente a eventos e memórias, envolvendo 
experiências passadas e memória implícita ou não implícita, memória declarativa, 
inconsciente de habilidades motoras, perceptivas e de aprendizagem em regra. 
Assim, as relações entre memória, percepção fonológica e linguagem escrita 
são bastante expressivas, uma vez que a consciência fonológica se desenvolve desde 
 
37 
 
a atividade inconsciente e desatenta até o pensamento intencional com atenção 
direcionada. 
Tal evolução começa com o desenvolvimento mutuamente interdependente 
dos aspectos cognitivos e linguísticos por meio da construção de memórias lexicais e 
fonológicas, onde também ocorrem o processamento e outras organizações 
linguísticas, como a memória fonológica e o acesso ao vocabulário mental em que 
atuam como um caminho fundamental para o desenvolvimento da consciência 
fonológica. 
Por outro lado, a memória de trabalho faz parte das habilidades cognitivas 
relacionadas aos processos de alfabetização e aprendizagem, codificação fonológica 
que na memória de trabalho é útil para decodificar novas palavras, principalmente 
palavras longas,

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