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1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 1 LÍNGUA E LINGUAGEM ............................................................................ 3 2 DESENVOLVIMENTO, NEUROCIÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO ................ 8 3 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM; OS MECANISMOS BIOLÓGICOS DA LINGUAGEM .............................................................................. 13 3.1 A aquisição da linguagem .................................................................. 14 3.2 Compreendendo a linguagem ............................................................ 16 4 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL ...................................... 18 4.1 Habilidades metalinguísticas e o sistema de escrita alfabética .......... 19 4.2 Concepção e desenvolvimento da Linguagem das crianças .............. 20 4.3 O desenvolvimento da oralidade na perspectiva Vigotskiana vs. Piagetiana....... .......................................................................................................... 21 5 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA ................................ 29 5.1 A criança e a escrita ........................................................................... 30 5.2 A aquisição da escrita no processo de Alfabetização ........................ 33 5.3 Consciência fonológica ....................................................................... 35 5.4 A memória de trabalho fonológico ...................................................... 36 5.5 A aquisição no desenvolvimento da leitura ........................................ 38 6 CONSCIÊNCIA MORFOSSINTÁTICA ..................................................... 39 7 A AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES METALINGUÍSTICAS E DE LEITURA... ................................................................................................................ 48 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 51 2 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 1 LÍNGUA E LINGUAGEM O universo social está repleto de símbolos, por exemplo: existem signos, textos, objetos, gestos, imagens, etc. Através da linguagem podemos relacionar esses símbolos para interagir com os nossos amigos, refletir a realidade, transmitir valores e conhecimentos, de modo que, ao relacionar o sistema de símbolos, criamos sentido. Portanto, se a linguagem é considerada um meio de comunicação de todos os falantes do mundo, algumas considerações precisam ser estabelecidas sobre ela, pois não é simplesmente um objeto de uso do falante, objeto de poder, à primeira vista, pode parecer difícil definir ou dar um conceito do que é a linguagem. Existem algumas pesquisas sobre a linguagem, assunto este de considerável complexidade, onde, se torna essencial estabelecer conceitos básicos para que as diferentes figuras de formação da linguagem possam ser apresentadas e entender como o gênero da propaganda a configura. Sendo necessário, portanto, um breve exame de determinados conceitos de linguagem para a melhor compreensão. Mas o que é língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem é multiforme e heteróclita; a cavaleiro de diferentes domínios, ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica (...). (SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011). A língua é um objeto de natureza concreta, é um sistema de signos um conjunto de unidades, onde por meio de uma relação entre significante: imagem acústica e o significado, conceito. A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como um dicionário cujos exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos. Trata-se, pois, de algo que está em cada um deles, embora seja comum a todos e independa da vontade dos depositários (SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011). A coletividade, portanto, assume a forma de um composto dos sinais enviados a cada cérebro, que se manifesta de duas formas: na fala e na escrita. Por meio da 4 fala e da escrita, torna-se possível perceber a dimensão histórica da linguagem, por meio de seu caráter social. A linguagem existe desde o princípio, nascemos com ela, foi imposta, criada e muito bem definida pelos seus utilizadores, é uma linguagem comum a todas as pessoas e através da linguagem podemos nos comunicar com pessoas diferentes, de diferentes países, continentes e hemisférios. Língua e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser do segundo é representar o primeiro; o objetivo linguístico não se define pela combinação da palavra escrita e da palavra falada; essa última, por si só, constitui tal objeto. Mas a palavra escrita se mistura tão intimamente com a palavra falada, da qual é a imagem, que acaba por usurpar-lhe o papel principal; terminamos por dar importância à representação do signo vocal do que ao próprio signo. É como se acreditássemos que, para conhecer uma pessoa, melhor fosse contemplar-lhe a fotografia do que o rosto (SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011) Para esclarecer a ideia de linguagem, desde uma perspectiva estruturalista, podemos dizer que a linguagem é um sistema de signos que representam ideias e, portanto, pode ser comparada com a escrita, o alfabeto. Para surdos, rituais simbólicos, formas educadas, militares, sinais e etc; é apenas um dos principais sistemas. Ao contrário da linguagem, que na concepção estruturalista, sofre modificações: novas palavras, novas expressões que aparecem ou mudam de ano para ano. A linguagem tem um lado individual e um lado social, um não pode ser concebido sem o outro, podendo na linguagem ocorrer mudanças, pois a linguagem é alterada pelo uso contínuo da linguagem por meio de interlocutores que a utilizam como meio de comunicação em diferentes momentos e situações. A cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo um sistema estabelecido e uma evolução: a cada instante, ela é uma instituição atual e um produto do passado. Parece fácil, à primeira vista, distinguir entre esses sistemas e sua história, entre aquilo que ele é e o que foi; na realidade, a relação que une ambas as coisas são tão íntimas que se faz difícil separá-las (SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011) A compreensão do fenômeno da linguagem como uma atividade, como um fato humano, tem estimulado estudos linguísticos que examinam intenções comunicativas 5 sociais que colocam interlocutores em interação; também desperta o interesse pelos efeitos significativos que os interlocutores pretendem alcançar verbalmenteem suas atividades de diálogo, traz a fala e a escrita ao palco dos estudos mais relevantes, que se dão em sua relação com os objetos ativos, com as atividades práticas, e com propriedades que garantem seu status como uma unidade macroscópica de interação verbal. (ANTUNES, 2009. apud. SOLTES, 2011). A evolução da linguagem é extremamente simples. Vários anos se passaram desde os estudos realizados por SAUSSURE (1970) e muitos aspectos surgiram sobre a linguagem que não nos permitem dizer que ela ainda está intacta, ou que é homogênea e autônoma, e, com tanto desenvolvimento social e histórico, ela não pode mais ser considerada apenas um objeto isolado de estudo, independentemente das condições de sua utilização. Não obstante, a linguagem passou a ser reconhecida e estudada no contexto de seu uso, inserida nas expressões linguísticas por meio da produção e expressão de cada comunidade de falantes, não mais vista apenas como signos contidos em símbolos e significados, ou mesmo um conjunto de regras gramaticais. Torna-se uma ponte para nos conectarmos com outras culturas, pessoas, histórias, porque se encaixa na vida de todos os palestrantes. O que nos une a todas as outras comunidades linguísticas é a língua. O interessante de tudo isso é que a língua contém características próprias e peculiares e, sendo assim, passa a ser como todos nós, seres humanos, que acompanhamos a evolução, o caminhar da humanidade. Diante de tantas mudanças não se pode imaginar uma língua intacta, imóvel, inflexível. A língua é, assim, um grande ponto de encontro; de cada um de nós, com os nossos antepassados, com aqueles que, de qualquer forma, fizeram e fazem a nossa história. Nossa língua está embutida na trajetória de nossa memória coletiva. Daí o apego que sentimos à nossa língua, ao jeito de falar e nosso grupo. Esse apego é uma forma de selarmos nossa adesão a esse grupo (ANTUNES, 2009. apud. SOLTES, 2011). 6 Refletindo sobre a língua, é possível defini-la através de conceitos apresentados por grandes autores como MARCUSCHI e BAGNO: a) A língua apresenta uma organização interna sistemática que pode ser estudada cientificamente, mas ela não se reduz a um conjunto de regras de boa-formação que podem ser determinadas de uma vez por todas como se fosse possível fazer cálculos de previsão infalível. As línguas naturais são dificilmente formalizáveis. b) A língua tem aspectos estáveis e instáveis, ou seja, ela é um sistema variável, indeterminado e não fixo. Portanto, a língua a apresenta sistematicidade e variação a um só tempo. c) A língua se determina por valores imanentes e transcendentes de modo que não pode ser estudada de forma autônoma, mas deve-se recorrer ao entorno e à situação nos mais variados contextos de uso. A língua é, pois, situada. d) A língua se constrói com símbolos convencionais, parcialmente motivados, não aleatórios, mas arbitrários. A língua não é um fenômeno natural nem pode ser reduzida à realidade neurofisiológica. e) A língua não pode ser tida como um simples instrumento de representação do mundo como se dele fosse um espelho, pois ela é constitutiva da realidade. É muito mais um guia do que um espelho da realidade. f) A língua é uma atividade de natureza sociocognitivas, histórica e situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana. g) A língua se dá e se manifesta em textos orais e escritos ordenados e estabilizados em gêneros textuais para uso das situações concretas. h) A língua não é transparente, mas opaca, o que permite a variabilidade de interpretação nos textos e faz da compreensão um fenômeno especial na relação entre os seres humanos. i) Linguagem, cultura, sociedade e experiência interagem de maneira intensa e variada não se podendo postular uma visão universal para as línguas particulares. Assim, podemos concluir que a linguagem é flexível e não pode ser estudada isoladamente, pois é uma ferramenta de comunicação e interação para todas as criaturas falantes. 7 Na verdade, a língua que falamos nos permite ver quem somos. É uma espécie de prova da nossa identidade. A linguagem é realmente nosso meio de comunicação social. Portanto, a linguagem não pode ser concebida como independente da linguagem, como afirmam os estudos estruturalistas. Língua e linguagem caminham juntas, se desenvolvem juntas, são inseparáveis, ambas são influenciadas pelo ambiente social e histórico, uma só é verdadeira para a outra. Linguagem, língua e cultura são realidades inseparáveis, considerando que, como a linguagem está imbuída de aspectos sociais, políticos e históricos, não podemos, entre outras coisas, falar de um sistema autônomo, autocontido e homogêneo. A linguagem é formada gradualmente desde o nascimento, e sua aquisição requer a coordenação de diferentes funções e habilidades, bem como a intervenção de diferentes órgãos e está envolvida na evolução, e a maturação do cérebro ocorre de acordo com a coordenação dos órgãos oral e da fala. Ao definir a linguagem como fenômeno social, como prática de ações interativas dependentes da cultura do usuário, esta passou a ser compreendida em termos de características sociopolíticas, históricas e culturais, sua associação. A linguagem é vista, na sua heterogeneidade, como tendo várias funções, mas o seu papel principal é a comunicação social, a comunicação entre as pessoas. Por meio da linguagem, podemos expor tudo o que pensamos. Considerando a linguagem como forma de ação entre homens, adentra-se nos campos da persuasão e do convencimento, porque a linguagem como meio de interação social é dotada de intencionalidade; seu fundamento está, pois, na argumentação que procura persuadir e convencer alguém a agir de determinada forma. A par disso, entende-se que a função básica da linguagem é a argumentação, uma vez que o sujeito enunciador sempre tem em vista persuadir e convencer seu interlocutor (SITYA, 1995. apud. SOLTES, 2011). Assim, estabelece a linguagem, como meio de comunicação, de interação social, por meio de relações e comportamentos entre os interlocutores. Além disso, sua função básica não é apenas a comunicação, mas também a persuasão ou seja, querer interferir nas opiniões dos outros, modificando suas crenças e julgamentos. 8 A linguagem pode ser denominada como um mecanismo linguístico, que todos os falantes utilizam nos mais diversos contextos e em seus diversos gêneros e da forma que desejarem, de acordo com a intenção do falante. A linguagem passa a ser encarada como forma de ação, ação sobre o mundo dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela argumentatividade (KOCH, 1996. apud. SOLTES, 2011). Portanto, podemos dizer que a linguagem é puramente discutível, pois com ela podemos estabelecer relações, opiniões, comportamentos, interações na sociedade e agir de acordo. Língua e linguagem tornam-se assim uma ferramenta, as quais usamos e abusamos a nosso favor (ou não), forma de ação, ação sobre o mundo dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela argumentatividade. Isso significa que, quando usamos a linguagem, não queremos apenas expressar algo, mas também fazer algo, desencadeando uma resposta na outra pessoa. Nesse sentido, é claro que cada frase que dizemos é constituída por uma intenção. 2 DESENVOLVIMENTO, NEUROCIÊNCIA E ALFABETIZAÇÃO Neurociência parece ser a palavra da moda e está no vocabulário de todos, desde pesquisadores renomados até os sem instrução, que são expostos ao conceito por meio da mídia. A popularidade desse termo é explicada pelo avanço das pesquisas sobre o cérebro, ocasionado pelo desenvolvimento tecnológico de ferramentas de pesquisa. Enquanto antes da década de 1990 os pesquisadores só podiam estudar o cérebro de pessoas falecidas, desde a décadade 1990 a tecnologia de mapeamento cerebral evoluiu de uma forma que torna possível estudar cérebros em funcionamento, o que explica a escala das descobertas na área. No campo da educação, a neurociência contribui para o melhor conhecimento dos processos biológicos envolvidos na aprendizagem e no desenvolvimento humano. Esse conhecimento precisa ser incorporado aos programas de formação de 9 professores e às práticas de ensino. Em termos de alfabetização, várias contribuições podem acelerar o processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Escrita e leitura, mesmo quando relacionadas, são processos distintos. No cérebro, as partes envolvidas na leitura são diferentes daquelas envolvidas na escrita. Portanto, não é possível identificar uma única região do cérebro como responsável pela linguagem, uma vez que várias regiões do cérebro estão envolvidas na atividade da linguagem. Por sua vez, isso não se limita às habilidades de leitura e escrita, também inclui a comunicação verbal, gestual e gráfica. Assim ao estudar a redação de hipóteses, os pesquisadores determinaram que o fracasso acadêmico estava associado a deficiências paralelas. Da mesma forma, o bom desempenho nas atividades acadêmicas é acompanhado pelo sucesso em outras áreas, como modelagem corporal, orientação espacial e temporal, formação lateral, entre outras. Desse modo, os aspectos linguísticos e não verbais estão relacionados à habilidade de leitura e escrita. Portanto, haverá uma maturidade necessária para o aprendizado. Porém, os chamados exercícios preparatórios, nos quais as crianças são estimuladas a repetir as bolinhas e os golpes, permitirão que pratiquem a coordenação motora fina, para traçar as letras com sucesso. Parece que a maturidade vai além das habilidades motoras, que não podem ser praticadas por meio de atividades mundanas e não civilizadas. Assim, para que uma criança aprenda a ler, é importante que o cérebro da criança amadureça. Sabemos hoje que, antes e durante a alfabetização, o cérebro das crianças passa por mudanças importantes que lhes permitem construir a base de nosso sistema de escrita. [...] nesta faixa etária (entre 3 e 6 anos) há um importantíssimo crescimento do córtex frontal que cria as condições neuroanatômicas (estruturas e ligações sinápticas) para a realização do mapeamento metafonológico, assim possibilitando a descoberta do princípio alfabético. (ROSSA, 2011. apud. GRANDO, 2013). Para que esse crescimento ocorra de forma saudável, é importante que as crianças tenham acesso a uma boa nutrição, sono de qualidade e estímulos desafiadores. O aprendizado ocorre durante o sono, o que é necessário para que se transforme em memórias duradouras. 10 Em relação à alimentação, foi demonstrado que problemas nutricionais nos primeiros anos de vida podem reduzir significativamente a capacidade cognitiva da criança. O ambiente em que a criança se desenvolve também é um fator importante em seu aprendizado. O homem precisa explorar o ambiente em que se encontra, a fim de interagir com ele. É assim que acontece o aprendizado, a partir da experiência humana com o meio ambiente. Somos seres “configurados” para experiência, todo o nosso organismo (corpo e cérebro) nos impulsiona para explorar o meio ambiente e dele extrair o que a qualidade de nossas interações permitir. Há uma constante influência dos estímulos do ambiente, e o que nosso organismo consegue fazer desses estímulos depende intrinsecamente da resposta de nosso organismo à frequência (repetição e constância) e à quantidade e qualidade dos estímulos (ROSSA, 2011. apud. GRANDO, 2013). Portanto, no que se refere à alfabetização, as crianças precisam receber estímulos variados e frequentes e esses estímulos devem ser contextualizados e significativos, pois disso depende a ativação de circuitos neurais importantes para a aprendizagem geral. Mesmo as crianças que não tiveram a oportunidade de crescer em um ambiente estimulante, ao entrar e encontrar um ambiente de alfabetização bem estruturado, podem ter sucesso nos primeiros estágios da escola devido a uma característica muito importante do cérebro: a plasticidade cerebral. A plasticidade cerebral pode ser definida como a adaptação que o sistema nervoso sofre diante das mudanças em seu ambiente externo ou interno. A ideia de que a estrutura do cérebro, uma vez formada, é imutável foi suplantada pela descoberta da plasticidade do cérebro. A plasticidade cerebral ocorre em todas as fases da vida, sendo mais comum na infância. Esta é uma das descobertas recentes mais importantes: a plasticidade dos neurônios será reciclada para novos aprendizados. Em outras palavras, ao se deparar com certos desafios ou estímulos, o cérebro tem a capacidade de se adaptar e mudar sua estrutura. Ocorre quando há necessidade de regeneração devido a lesão cerebral e quando algo novo é aprendido. O aprendizado é uma forma de plasticidade porque induz alterações morfológicas, como o crescimento de ramos neuronais. Um problema que pode complicar o aprendizado da escrita e da leitura é que existem muitas maneiras de 11 registrar a mesma carta. Esses caminhos correspondem ao problema de invariância perceptual. [...] dezenas de imagens diferentes podem corresponder à mesma palavra, conforme esteja escrita em minúscula ou maiúscula, traçada à mão ou impressa [...]. É preciso, pois, atingir um reconhecimento invariante, apesar da grande variedade de formas de superfície que as palavras podem assumir. (DEHAENE, 2012. apud. GRANDO, 2013). Esse reconhecimento é uma etapa essencial para uma alfabetização efetiva, pois é necessário criar correspondências entre múltiplas grafias da mesma letra. Ainda contemplando o problema da constância perceptiva, podemos dizer, [...] no curso da aprendizagem da leitura, devemos aprender não somente que as letras representam os fonemas da língua, mas também que as múltiplas formas sem ligação especial entre elas podem representar uma mesma letra. Esse conhecimento abstrato resulta provavelmente da existência de detectores de letras, de neurônios capazes de recuperar a identidade das letras por detrás das formas de superfície muito diferentes (DEHAENE, 2012. apud. GRANDO, 2013). Leitores experientes reconhecem uma variedade de tamanhos de fonte, posições de palavras e formatos de caracteres sem afetar sua leitura. Isso pode acontecer porque o sistema visual pode perceber diferenças muito pequenas, como linhas que distinguem uma letra da outra. O reconhecimento desses pequenos detalhes garante o reconhecimento de palavras que são muito semelhantes visualmente, como: bonito e brilhante. Nem sempre a criança na primeira fase da alfabetização reconhece e distingue essas variações. Os professores precisam estar atentos às semelhanças e diferenças entre os traços e a manipulação dos diferentes tipos de letras. Outra descoberta importante da neurociência mostra que o cérebro é recursivo, ou seja, o aprendizado se dá a partir do que a pessoa já sabe, pois, o cérebro funciona mobilizando o conhecimento existente. Para que ocorra uma nova aprendizagem, novas informações ou conhecimentos devem estar vinculados a conhecimentos já reforçados. Para isso, os professores precisam conhecer seus alunos e estabelecer relações entre os conteúdos aprendidos. 12 A ideia de que o cérebro é recursivo, ou seja, utiliza o conhecimento construído pela criança como base para novos aprendizados, tem sido defendida pelo VIGOTSKY (1934). Embora o principal representante da teoria da interação social não use a expressão cérebro recursivo, seu conceito de desenvolvimento proximal se baseia na ideia de que a aprendizagem ocorre com base no conhecimento prévio do cérebro das crianças. Em relação à alfabetização, deve-se reconhecer que antes de ingressar no ensino fundamental, as crianças sãoexpostas à palavra escrita nos contextos em que vivem, de modo que, quando chegam à escola com conhecimentos e pressupostos, sobre a escrita. Portanto, o professor não pode tratar a criança como uma folha em branco, pelo contrário, a criança deve realizar seu conhecimento por meio das atividades de diagnosticá-lo e avaliá-lo. Assim sendo, partir do conhecimento do aluno constitui-se uma ferramenta imprescindível para a alfabetização e para a construção de aprendizagens significativas em relação aos usos da escrita e da leitura. Uma forte bandeira erguida por alguns estudiosos em educação confirma-se através dos estudos sobre o cérebro: a aprendizagem e a memória estão intimamente ligadas à emoção. O sistema límbico, que é responsável por controlar os comportamentos emocionais e motivacionais, é ativamente ativado quando a aprendizagem é associada a bons sentimentos, como prazer, relaxamento e prazer. Reforça a aprendizagem e ativa o sistema de recompensa do cérebro, criando um desejo de repetir boas experiências. Porém, quando o aprendizado está atrelado a sentimentos desagradáveis, como medo e tédio, o conhecimento não se consolida da mesma forma e o sistema de recompensa não é acionado, deixando os sujeitos sem resolução, relutância em repetir a experiência. Perceba que apenas o que tem conteúdo emocional significativo é aprendido. 13 3 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM; OS MECANISMOS BIOLÓGICOS DA LINGUAGEM No hemisfério esquerdo fica uma área conhecida como fissura de Silvio, responsável pelo desenvolvimento de algumas habilidades da linguagem, as regiões posteriores da fenda são responsáveis pela inteligibilidade da fala e as anteriores pela linguagem expressiva. O hemisfério direito é responsável pelos aspectos emocionais da comunicação que são transmitidos através da prosódia vocal, gestos e expressões faciais, mas ambos os hemisférios contribuem para a comunicação humana normal. A linguagem é o principal meio de comunicação e devemos dominar os diversos sistemas linguísticos para sermos comunicadores eficazes. A partir dos 18 meses de idade, novos eventos podem ser observados, principalmente devido à capacidade de evocar e reconstruir ações passadas, por meio da linguagem, embora esta ainda seja dependente da presença de uma série de sujeitos permite evocar a formação de questões ou comentários adultos. Assim a partir dos 21 meses, os bebês começam a substituir as pronúncias não verbais por palavras pouco frequentes. A maioria das crianças aprendem a linguagem auditiva oral sem treinamento formal. Sua experiência com múltiplas interações entre cuidadores e outros nos primeiros 5 anos de vida, em geral, é suficiente para capacitá-la a entender a fala dos outros e falar. Quer parecer que existe uma prontidão biológica que capacita o bebê e a criança pequena a adquirirem linguagem auditivo oral com uma velocidade surpreendente, de modo um tanto independentemente de qualquer necessidade de treinamento formal. As habilidades comunicativas de ler e escrever, contudo, são obviamente habilidades que elas devem adquirir numa situação de aprendizagem mais formal. (BOONE, 1994. apud. MORGADO, 2013). Ao final dos dois anos a linguagem torna-se mais evidente, a criança passa a representar por meio de uso de símbolos ou palavras, objetos e diversas situações. Há diferentes funções linguísticas para mostrar o quanto a linguagem transcende os limites de uma situação: 1º) Linguagem simpráxia: a linguagem não se diferencia da ação direta, 2º) Linguagem planificadora: antecipa e orienta a ação: 3º) Linguagem narrativa: 14 limitando-se a acompanhá-la: a) petições, desejos e opiniões; a) dentro dos limites de uma situação; a) ligada a uma situação presente; b) indicações e descrições; b) antecipatória (transcende, efetivamente, os limites de uma situação). b) não ligada a uma situação presente (transcende efetivamente, os limites de uma situação). c) perguntas relativas à atividade. Assim, a linguagem se torna representativa, separada da ação; ao longo da infância, a criança adquire essa habilidade; gradualmente começa a reconstruir eventos que aconteceram e predizer fatos que ainda não aconteceram. 3.1 A aquisição da linguagem O estudo da aquisição da linguagem recebeu um enorme impulso no século XX. A linguagem, como um sistema simbólico exclusivamente humano, é uma das áreas de aquisição mais importantes da corporação, o desenvolvimento integral da linguagem das crianças é muito importante. Estudos recentes têm mostrado que a linguagem está envolvida em maiores habilidades de comunicação e cognitivas e se desenvolve até a criança completar três anos. Se, por um lado, a linguagem gera conceitos, por outro, facilita a construção dos próprios conceitos. A linguagem é um meio de comunicação que fornece conhecimentos para a construção de representações do mundo, com mediação adulta. A emergência da linguagem verbal, de um agir comunicacional, vai regular a atividade da criança pelo estabelecimento, por parte dos parceiros, de um acordo sobre os objetivos e as formas de ação, que podem ser então planejadas e avaliadas, tornando-se mais complexos. A aquisição de um sistema linguístico dá forma ao pensamento e reorganiza as funções 15 psicológicas da criança, sua atenção, memória e imaginação. (VYGOTSKY, 1934. apud. OLIVEIRA, 2008). Afirma o autor que “o balbucio e o choro da criança, mesmo suas primeiras palavras, são claramente estágios do desenvolvimento da fala que não têm nenhuma relação com a evolução do pensamento”. Por outro lado, afirma que os processos cognitivos, por sua vez, desenvolvem-se, inicialmente, independente da linguagem, ou seja, da língua. (VYGOTSKY,1934. apud. OLIVEIRA, 2008) O desenvolvimento da linguagem apoia-se em forte motivação para se comunicar verbalmente com outra pessoa, motivação parcialmente inata, mas enriquecida durante o primeiro ano de vida nas experiências interpessoais com a mãe, pai, irmãos e outros educadores. (OLIVEIRA, 2008. apud. MORGADO, 2013) Diante disso observa-se que a relação entre a criança e os adultos se constitui a partir de muitos sinais, por meio dos quais a criança irá buscar atrair a atenção, assim, aos 3-4 meses a criança se comunica com o olhar, já aos 5-6 meses, com vocalização, através do contato adulto-criança, que permanecerá também nos meses posteriores, com olhar, sorriso e contato, objetivando a comunicação. Já aos 9-10 meses inicia-se a introdução da linguagem com as sinalizações, como o uso de sinais gestuais e vocais, assim, não só nos pedidos, mas também nas tentativas de dividir com o adulto eventos interessantes. Nesse momento, inicia-se as primeiras palavras para a comunicação, por isso alguns autores sugeriram a existência de uma ligação entre o desenvolvimento gestual e o aparecimento da linguagem, analisando as relações em crianças de 9 a 13 meses, através de dois modelos: Substituição das primeiras formas de comunicação por comportamentos posteriores. A expansão do repertório comunicativo da criança que, graças a frequentes usos dos sinais mais simples e primitivos, conseguirem utilizar os mais elaborados. 16 3.2 Compreendendo a linguagem A aquisição da linguagem depende de um aparato neurobiológico e social, ou seja, do bom desenvolvimento de todas as estruturas cerebrais, da não ocorrência de falhas e da interação social da criança desde o nascimento. Em outras palavras, apesar das longas discussões sobre se a linguagem é inata ou aprendida, a maioria dos pesquisadores hoje concorda que há uma interação entre o que a criança traz, aprende biologicamente e o que adquire no ambiente em que vive. Na aquisição e desenvolvimento da linguagem falada, dois aspectos devem ser considerados: linguagem e cogniçãoe linguagem e comunicação: Linguagem e cognição: pensa-se bastante por meio da linguagem depois que desenvolvemos esta habilidade. A memória, a atenção e a percepção podem ter ganhos qualitativos com ela. Ela também ajuda na regulação do comportamento. Na infância, podemos observar o desenvolvimento da linguagem como apoio à cognição a partir dos dois anos, em média, principalmente por meio da forma como a criança brinca. Linguagem e comunicação: temos a intenção comunicativa, e podemos nos comunicar de diversas formas diferentes, através de gestos, do olhar, de desenhos, da fala, entre outros. A estrutura da linguagem nos permite lançar mão de recursos mais sofisticados, a fim de aprimorar nossas possibilidades da comunicação. (MOUSINHO, 2008. apud. MORGADO, 2013) As habilidades de linguagem podem ser descritas em termos de forma, de conteúdo e de uso. A forma inclui a produção dos sons da fala, como se emite o fonema e também a estrutura da frase; o conteúdo, os significados, que podem estar na palavra, na frase ou no discurso mais amplo, nível semântico e o uso referem-se ao uso social da língua. Assim, mais que emitir sons, estruturar uma frase e saber o significado, tem que se adequar tudo ao contexto em que está sendo pregado, nível pragmático, é a interação entre forma, conteúdo e uso que forma a linguagem normal. A linguística é a linguagem usada, por assim dizer, o que as pessoas fazem com as palavras e como adaptam o que dizem às necessidades dos diferentes ouvintes e situações. A linguagem é ajustada para se adequar a diferentes situações, nas conversas deve haver uma rotação das palavras de cada locutor e de cada ouvinte. 17 A compreensão é o reconhecimento de palavras, orações e locuções, associado à capacidade de evocar os objetos, atos e relações que as palavras, locuções e orações representam. (ZORZI, 2004. apud. OLIVEIRA, 2008). O precursor mais imediato da linguagem é o desenvolvimento da habilidade de perceber e produzir os sons da fala. Observa-se que os recém-nascidos distinguem rapidamente os sons, são sensíveis à entonação, respondem seletivamente aos sons da sua língua materna, esquecendo-se dos outros. Tal desenvolvimento será enriquecido pela formação da capacidade de classificar objetos, que será a base de nomes e referências, bem como da capacidade de imitação e memória, necessária para reproduzir padrões, voz e gestos. Esse trabalho formativo durará toda a vida, principalmente por meio da educação nas escolas, e garantirá a aquisição, reprodução e transformação dos significados sociais culturalmente construídos. As crianças ouvem a língua falada ao seu redor e organizam o que ouvem. Com a idade de um a dez meses, os bebês podem responder a cumprimentos, chamar seus nomes, dar respostas motoras simples e usar objetos em seu ambiente. Aos dois anos, a linguagem falada foi adquirida e as crianças podem entender e construir a linguagem por mais tempo, e ainda, dependendo de seu dia a dia, eles começam a usar regras gramaticais, conectando duas ou três palavras em sucessão para que o ouvinte entenda. Já aos três anos de idade, as perguntas começam e são reformatadas à medida que recebem as respostas. O tipo de resposta que a criança irá produzir dependerá de seu grau de desenvolvimento: quanto mais baixo for o nível de desenvolvimento, mais limitadas serão as capacidades de respostas da criança, especialmente do ponto de vista da confiabilidade. O nível de desenvolvimento influi também no tipo de tarefa que será utilizado. Distintas tarefas significam distintas exigências para a criança. (ZORZI, 2004. apud. MORGADO, 2013) As respostas que eles darão indicarão seu nível de desenvolvimento da linguagem, assim, nas conversas naturais, as respostas possíveis são: olhe, olhe, dê, mova-se na direção, mostrando que entendeu a pergunta. [...] O conhecimento que a criança tem da linguagem (competência linguística) começa a aparecer pelo uso real da linguagem (desempenho linguístico). Embora muitos sustentem que a criança já está revelando 18 competência e desempenho em linguagem, (por exemplo, seguindo instruções faladas) durante muitos meses antes da chegada das primeiras palavras, tal evento em geral é anunciado pelos linguistas (os que estudam a natureza e a estrutura da linguagem) como verdadeiro início do período linguístico do desenvolvimento. (BOONE. apud. MORGADO, 2013) Antes de aprender a falar, as crianças se comunicam por meio de expressões faciais e gestos, que são entendidos por quem as rodeia como uma forma de comunicação, que logo se traduz em voz. 4 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL Para entender o aprendizado do alfabeto, é necessário saber o que exatamente é o alfabeto, como ele pode representar a linguagem no nível fonêmico, quais habilidades são necessárias para aprender essa relação e a representação alfabética pode ser regida por convenções ortográficas. Isto posto, aprender o alfabeto também é aprender o código de voz, portanto, para aprender a ler, é crucial aprender os códigos das letras e automatizar as transições dos gráficos. Para compreender o princípio alfabético da correspondência entre sons eletrônicos, a criança deve entender que as letras correspondentes aos sons não têm significado. Assim, a linguagem escrita está intimamente relacionada à linguagem falada. A criança que está aprendendo a ler deve resolver o problema da segmentação, ou seja, descobrir que os elementos da fala contínua correspondem aos elementos discretos da rotulação. Esses elementos e fonemas discretos existem na fala, mas em um nível abstrato e são fundidos e integrados em um fluxo contínuo de sons, existindo como unidades separadas apenas na mente do falante. Todos os falantes de uma língua consideram a sequência da fala como um continuum: palavra é derivada diretamente do continuum latino, que pode ser traduzido literalmente como contínuo, sem fronteiras contrastantes entre as palavras e entre suas partes, esferas, sílabas ou, mais importante, em um sistema alfabético: fonemas. 19 Portanto, ao aprender os princípios do alfabeto, é necessário reimplementar a percepção pessoal da sequência da fala como um continuum. Portanto, a criança precisa desenvolver a capacidade de metalografia, ou seja, a criança começa a responder à sua linguagem. Essa reflexão envolve a atenção aos aspectos da linguagem nos níveis fonológico, morfológico e sintático e não apenas ao seu conteúdo semântico. A habilidade linguística metálica, no nível fonológico, auxilia a criança a refletir sobre o sistema sonoro da linguagem, percebendo sentenças, palavras, sílabas e fonemas como unidades menores. Ao que se observa as habilidades cognitivas e linguísticas básicas, necessárias à aprendizagem, são muitas e complexas, por isso um conjunto de pré-requisitos de habilidades e competências tornam-se essenciais na alfabetização, ajudando a apoiar as crianças neste novo processo de aquisição. 4.1 Habilidades metalinguísticas e o sistema de escrita alfabética A habilidade metalinguística se refere à habilidade de pensar em termos de sua própria linguagem que inclui habilidades de metalização sintática, semântica e fonética, são processos cognitivos relacionados à leitura e escrita os quais estão envolvidos no processamento fonológico, incluindo memória e percepção fonológica. Observaram que um estudo anterior encontrou forte relação entre as habilidades de processamento fonológico, mais especificamente a consciência fonológica e a habilidade de leitura de palavras, e os resultados apontaram o papel relevante da percepção fonológica no desempenho da leitura, principalmente na decodificação de palavras. Os pesquisadores concordam que a fonética desempenha um papel importante na leitura, e que a maioria das pessoas com atrasos na leitura, dislexia ou dificuldadesde aprendizagem têm deficiências nessas habilidades. Assim a hipótese de déficits fonológicos tem sido apoiada por uma série de estudos, que identificaram atrasos na sensibilidade, transposição e segmentação fonêmica da rima durante o desenvolvimento da leitura. 20 4.2 Concepção e desenvolvimento da Linguagem das crianças Desde o nascimento, a criança possui uma inteligência que orienta suas ações no mundo, uma inteligência que altera as interações estabelecidas entre si, o que dá sentido às suas expressões, gestos, sons, fazendo com que participem ativamente do mundo. A partir dessa interação e desse diálogo com os outros, a criança desenvolve o que se conhece como inteligência verbal, que se orienta por uma linguagem que atua sobre as ideias. A partir de então as crianças começam a comparar, classificar, inferir, inferir, etc., criar modos de memória e imaginação que indicam situações e objetos desejados do mundo exterior, usam palavras que especificam suas características, usadas como instrumento de diálogo e fala reflexiva. A interação da criança desde o nascimento, à medida que ela se comunica, os diálogos com a mãe se transformam internamente, permitindo uma nova forma de pensar. Frequentemente, as crianças são colocadas em um mundo de diálogo e a maneira como dialogam com os outros se realiza seguindo um quadro de diálogo que vivenciaram. Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão prazer e que revelam seu esforço para comunicar-se com os outros. Os adultos e crianças mais velhas interpretam essa linguagem peculiar, dando sentido a comunicação dos bebês. A construção da linguagem oral implica, portanto, na verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre pessoas que buscam comunicar-se. Ao falar com os bebês, os adultos, principalmente, tendem a usar uma linguagem simples, breve e repetitiva, que facilita o desenvolvimento da linguagem e da comunicação (BRASIL, 1998. apud. SANTOS 2015). As crianças pequenas têm dificuldade em separar seu papel do de alguém com quem estão interagindo. Por exemplo, ela colocou o dedo na tomada elétrica de sua casa e disse não! Reprovando, ele balançou a cabeça de um lado para o outro. Podemos ver que, nesta situação, a criança desempenha os papéis de criança curiosa e de adulto repreensivo. Assim, a criança com suas experiências e vivências, aprende a ver as situações da vida cotidiana de maneiras diferentes e, diferentemente, tem um papel importante na determinação de certas ações e no que a criança deve fazer. 21 Quando observamos as interações de uma criança com adultos na educação infantil, temos um exemplo de que a criança sinalizou diferentes papéis, colocando-se no lugar de outra criança. Seu pensamento se torna mais complexo à medida que ela interage com seu ambiente, expande seus recursos linguísticos e coordena suas ações com as de seus companheiros. As crianças constroem significados a partir de uma situação e, portanto, são registradas, e vão ganhando experiências gradativamente, por exemplo, odores associados à comida ou quando os cuidadores contam para a criança com mamadeira que a criança fica de pé no berço. Após uma série de experiências em diferentes situações, interagindo com outras pessoas, as crianças conseguem se desvincular da realidade e criar símbolos para substituir outras realidades, por exemplo, usando uma boneca infantil como se pertencesse a um bebê. Essas aquisições permitem que a criança tenha novas formas de trabalhar com os símbolos, até que ela possa usar os signos para representar objetos ou situações. O processo de construção de símbolos está intrinsecamente associado à aquisição da linguagem e à representação de situações. 4.3 O desenvolvimento da oralidade A linguagem oral é um sistema pelo qual os homens transmitem seus sentimentos e pensamentos. Isso acontece por meio da fala, trata-se de uma habilidade construída no reino social, não um processo inato. Em outras palavras, a criança nasce com a capacidade de crescer, e o aparecimento da mãe é uma das principais fontes de colaboração neste processo. Assim, toda comunicação acontece em interação, sendo impossível pensar em palavras e línguas sem interação com outras pessoas. As palavras têm seu significado, que não é o mesmo para todos, o significado está baseado na interação do sujeito como interlocutor em diferentes discursos. Tratando-se do desenvolvimento do boca a boca do ponto de vista VYGOTSKYANO (1943), a relação do homem com o mundo se estabelece por meio da linguagem, ou 22 seja, a exposição de uma criança à linguagem passa por um relacionamento com outra criança. Quando uma mãe responde ao balbucio de seu bebê de maneira significativa, falando com ele, ela comunica a função da fala em nossa língua e torna a criança objeto de conversa. A aquisição da linguagem não é apenas um processo natural, para aprender a falar é preciso compreender a língua, a mediação adulta é essencial neste processo, é como se fosse uma referência para compreender a língua. Nesse sentido, podemos dizer que o adulto é o corpo da linguagem constitutiva, tornando o papel do adulto fundamental na mediação da fala infantil, pois ao falar, o professor encontra nele um sujeito com características próprias de pensamento, o professor se faz compreender e as crianças pensam o mundo com seus próprios recursos com suas características próprias. Assim, na visão dos interacionistas sociais, as interações que os indivíduos estabelecem com seu ambiente, especialmente com outros indivíduos em determinadas situações sociais, são essenciais para a formação de ideias e personalidade. Quando as pessoas são questionadas sobre algo em que pensar, fazemos isso por meio do diálogo interno, fazemos perguntas sobre o assunto, o que se torna um processo que depende de um tipo de discurso, interior, decorrente de um único pensamento, discreto, que pode ser percebido em diferentes situações, por exemplo, ao planejar uma dinâmica de ação, ao analisar um conceito, etc. A introspecção é criada pelas oportunidades que os indivíduos têm de dialogar com outros que estão tentando coordenar suas ideias, argumentos e significados. Portanto, se o indivíduo não tiver a oportunidade de dialogar, não estará pronto para pensar. Trabalha-se então com duas funções básicas da linguagem, a primeira das quais é chamada de intercâmbio social, que usa sistemas de linguagem criados e usados por humanos para se comunicarem entre seus semelhantes. Essa função comunicativa se expressa no comportamento dos bebês, embora eles possam não falar de maneira normal ou compreender o significado das palavras, mas expressam suas necessidades e desejos por meio de gestos e sons. 23 Assim, para que a comunicação ocorra entre os indivíduos, é necessário o uso de signos para traduzir com precisão os pensamentos, ideias e desejos. A palavra cachorro, por exemplo, tem um significado preciso, compartilhado pelos usuários da língua portuguesa. Independente dos cachorros concretos que um indivíduo conheça, ou do medo de cachorro que alguém possa ter, a palavra cachorro denomina um certo conjunto de elementos do mundo real. (OLIVEIRA, 2003. apud. SANTOS 2015) É a partir desse fenômeno que ocorre a segunda função de linguagem: pensamento generalizante essa função torna a linguagem um instrumento de pensamento, é através da linguagem que ocorre a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. A relação entre o pensamento e a fala passa por várias mudanças ao longo da vida do indivíduo, mesmo sendo distintos o pensamento e a fala encontram-se originando um pensamento psicológico mais sofisticado. A aquisição da linguagem é um fator chave no desenvolvimento humano, a linguagem, uma habilidade humana única, faz com que as crianças usem ferramentas que as ajudam a resolversituações difíceis, fazendo soluções para seus problemas, palavras e sinais para elas são meios de comunicação social com outras pessoas. Tanto em crianças como em adultos, a função primária da fala é a comunicação social, ou seja, o desenvolvimento da linguagem é impulsionado pela necessidade de se comunicar. Assim, chorar, balbuciar são expressões dos bebês nos primeiros meses de vida, embora não representem o significado exato, podem ser sinais de desconforto ou prazer, essas expressões também são uma forma de o bebê estabelecer contato com as pessoas em seu ambiente. Esse estágio é denominado de estágio pré-intelectual do desenvolvimento da fala. Assim, antes de começarem a falar, as crianças demonstram inteligência prática, que é a capacidade de resolver problemas da vida real em seu ambiente usando uma ferramenta por exemplo, eles podem subir em uma cadeira para alcançá-los. Brinquedos na cabeça, essa ação é realizada pela criança sem o meio da linguagem, o autor chama esse estágio de estágio pré-lingüístico do pensamento. Nessa visão, pelas possibilidades de diálogo que as crianças encontram em seu meio e pelos significados que os adultos atribuem aos seus gestos e expressões, 24 elas aprendem a usar a linguagem como meio de comunicação e como ferramenta de pensamento. Nesse ponto, o pensamento e a linguagem se entrelaçam, o pensamento torna- se discurso e discurso lógico. Existem dois níveis de desenvolvimento, a zona de crescimento real e a zona de crescimento potencial. O domínio do desenvolvimento real é determinado pelas ações da criança sem a ajuda de outra criança, enquanto o campo de desenvolvimento potencial é composto pelas ações que a criança realiza com a ajuda de outros. Onde o outro e a criança podem então realizar sozinhas. Com base nessa hipótese, constatamos que a aquisição da linguagem oral é um processo de apropriação que se dá pela semelhança com a fala da outra pessoa, seja ela mãe, pai, professor, amigos ou ouvintes. Assim, na televisão e no rádio, é a partir dessa interação que as crianças passam a falar, ampliando assim o seu vocabulário. Essa expansão da comunicação oral ocorre gradativamente, por meio de um processo de vaivém, e as crianças têm seus próprios ritmos de aquisição da linguagem e isso acontece em momentos diferentes da criança, de uma criança para outra. Durante o desenvolvimento do pensamento e da fala, uma conexão é estabelecida entre eles e a mudança e o desenvolvimento, nessa perspectiva, podemos perceber que, na complexidade do desenvolvimento da linguagem falada, o professor deve proporcionar ao aluno um ambiente que o estimule para que ele possa se expressar corporalmente de diferentes formas. Assim, representar a criança em situações imaginárias permite que ela direcione seu comportamento não apenas pela percepção imediata dos objetos, mas também por um senso da situação, regras e papéis. Mesmo que as crianças não nomeiem os objetos usados em suas ações, isso pode ser percebido e determinado a partir do significado que descrevem para a situação. A criança constrói conhecimentos a partir das relações estabelecidas com o mundo, a respeito de aspectos da realidade, interagindo com os outros, regulando assim a forma como age, pensa e sente. 25 Em segundo lugar, trataremos do desenvolvimento do boca a boca. Nesse sentido, a fala é essencial à vida humana, é uma habilidade socialmente construída que as crianças praticam desde os primeiros momentos de vida. Durante o primeiro ano, a comunicação ocorre por meio da troca de experiências entre os indivíduos, as famílias e os professores. Assim, a construção da linguagem oral envolve a expressão verbal e a negociação de significados estabelecidos entre aqueles que desejam se comunicar. Desde muito cedo, as crianças usam principalmente a boca para se comunicar, mesmo antes de falarem fluentemente, de várias formas: pedindo ajuda, solicitando coisas, etc. Mesmo que as crianças ainda não possam falar, os adultos ainda entendem as vozes das crianças. Podemos considerar que a fala é criada a partir de interações estabelecidas pelas crianças desde o nascimento, situações cotidianas em que os adultos conversam com ou perto delas fazem com que conheçam e se apropriem do mundo da fala e do contexto em que geram a linguagem oral. Nesse sentido, a habilidade da criança em usar a linguagem falada disponível na escola é adquirida em um espaço privado: o contexto de comunicação, intimidade, familiaridade e família. Segundo essa visão, a escola em sua prática deve ensinar aos alunos o significado e a importância das palavras, os professores devem despertar as crianças de diferentes maneiras para se comunicar, conversar com elas e permitir que se expressem. É importante que os adultos, quando conversam com crianças, prestem atenção em suas palavras, pois são oradores exemplares para as crianças, falam com clareza, não imitam a fala da criança, não têm erros gramaticais. Diferentes habilidades e situações de comunicação e expressão desenvolvem as habilidades de linguagem das crianças. Uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser continente da fala das crianças em contextos comunicativos para que ela se torne competente como falante. Isso significa que o professor deve ampliar as condições da criança de manter-se no próprio texto falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixando-se envolver por ela, ressignificando-a e resgatando-a sempre que necessário (BRASIL, 1998. apud. SANTOS, 2015). 26 A expansão da linguagem infantil pode ocorrer em situações como passar uma mensagem, solicitar informações, buscar materiais, onde os professores proporcionam aos alunos a capacidade de usar a linguagem em contexto, de forma significativa e casual, iniciando uma conversa. Os professores devem permitir que todos os alunos participem dos momentos de fala, incentivando-os a falar. A participação das crianças nas atividades de conversação permitirá o desenvolvimento de habilidades como leitura e escrita. A escola deve expor os alunos a muitas formas de uso da fala, incentivando-os a falar, porque por meio de exercícios de fala, eles vão melhorar e descobrir a função social que ela tem. Por falta de técnica e propósito, falar torna-se uma rotina em sala de aula, sem propósito e sem conteúdo. Os professores devem criar um ambiente pacífico para incentivar os alunos a comunicar suas ideias. As crianças usam o relacionamento interpessoal de forma espontânea, usam palavras em diferentes contextos, percebem a função social da linguagem com mais facilidade, desenvolvem diferentes habilidades, constroem hábitos sociais e superam a timidez. Em um ambiente propício, as crianças são livres para discutir, falar e se expressar. Um dos principais objetivos do boca a boca é desenvolver a linguagem, a fala e a compreensão auditiva das crianças. Embora a linguagem oral esteja presente no cotidiano das instituições de educação infantil, nem sempre é tratada como algo a ser intencionalmente trabalhado com as crianças. É muito comum que se pense que o desenvolvimento da fala é natural, portanto, não exige do professor uma atenção especial. (AUGUSTO, 2011. apud. SANTOS, 2015). É importante compreender a variedade de possibilidades do trabalho com a criança, no seu desenvolvimento oral, compreendendo como ela aprende a se comunicar. A linguagem oral é um dos aspectos fundamentais de nossa vida, pois é por meio dela que nos socializamos, construímos conhecimentos, organizamos nossos pensamentos e experiências, ingressamos no mundo. Assim, ela amplia nossas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais. (CHAER, 2012. apud. SANTOS, 2015). Portanto, deve-se reconhecer que a fala é básica na vida e essencial para o ser humano. É essencial ensinar ascrianças a utilizarem corretamente a linguagem em 27 instâncias públicas fazendo com que o uso da mesma se torne cada vez mais competente. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil afirma que: O desenvolvimento da capacidade de expressão oral do aluno depende consideravelmente de a escola construir-se num ambiente que respeite e acolha a vez e a voz, a diferença e a diversidades. Mas, sobretudo, depende de a escola ensinar-lhe os usos da língua adequados a diferentes situações comunicativas. (BRASIL, 1998. apud. SANTOS, 2015) Será que as práticas educativas valorizam o ensino da oralidade fazendo com que as crianças desenvolvam suas capacidades de expressões orais? O trabalho com a oralidade em sala de aula é de extrema importância, a fala é essencial na vida do indivíduo, deve-se considerar que o desenvolvimento oral se dá a partir das vivências envolvendo o uso das práticas linguísticas, onde os professores de educação infantil devem planejar e em suas ações pedagógicas conter atividades cotidianas envolvendo a fala, e a reflexão sobre a língua. Assim, por meio da expressão oral, a criança amplia seu universo de comunicação, expressa opiniões e ideias, sentimentos e emoções, argumenta e se comunica com mais facilidade. Com base no exposto, a fala é uma habilidade necessária para a comunicação social em diversas atividades práticas, os professores precisam considerar a fala como um elemento essencial, fazendo com que os alunos se tornem sujeito da fala, como sujeito de participação na sociedade. Ao observar a curiosidade de pais e adultos sobre o que fazer com os filhos ou com eles quando ainda não conseguem falar, é como se falar fosse a única forma de interação do adulto e da criança. Os pais costumam fazer perguntas sobre o desenvolvimento da fala de seus filhos: Quando a criança começou a falar? Posso contar uma história para ele, mesmo que ele não possa falar?, Mesmo que ele não fale, ele entende o que estou dizendo? Essas são perguntas que levam à falsa suposição de que a fala virá naturalmente. Portanto, os diferentes sons que as crianças ouvem ou quando observam alguém chamando outras pessoas pelo nome ou nomeando objetos e objetos conferem-lhes um papel significativo no som e na fala em suas vidas e no mundo, contribuindo para o desenvolvimento da boca língua, onde poderão interagir com outras pessoas e também criar uma vasta gama de sons. 28 O desenvolvimento oral da criança, ao contrário do que muitos pensam, não acontece espontaneamente, mas na relação que se estabelece com os adultos e também com as outras crianças. Se você imaginar uma creche com um grupo de crianças de 3 meses, se a educadora não promover o desenvolvimento dessas crianças com exercícios de motricidade, massagem para as crianças, então as crianças não terão a oportunidade de se virar engatinhando, sentado, caminhando, etc. Com a linguagem falada é a mesma coisa, se os adultos desestimulam esse processo falando com eles, elogiando-os, intencionalmente perguntando sobre coisas que lhes interessam, eles serão despojados de seus tecidos. O padrão de diálogo e a fala do falante são linguagens significativas na interação não só no ambiente escolar, mas também no mundo. Quando as crianças têm de dois a três anos e meio, os professores podem julgar quando iniciar o diálogo, fazendo com que as crianças usem uma linguagem oral significativa. A situação nos levou a observar o significado das palavras na vida das crianças, e eventualmente elas descobriram que a linguagem, a conversa, nem sempre é a solução para os problemas, mas um recurso, recurso precioso, pode pensar em uma solução possível. Crianças de até dois anos e meio usam muitos gestos e também seus próprios corpos para significar ou compreender o que querem ser compreendidos, esses gestos substituem o uso da voz, prejudicando o desenvolvimento da linguagem. Pode não ser uma dificuldade de falar, mas uma acomodação, um jogo de manipulação, ou falta de estimulação verbal, para que ela possa entender o uso da linguagem. Os adultos devem observar e avaliar suas próprias palavras, porque é como um modelo para as crianças. A comunicação oral desempenha um papel importante no processo educacional. Os processos educacionais tornam-se efetivos quando proporcionam situações nas quais os alunos podem desenvolver e explorar suas habilidades sociais e de comunicação. O professor deverá criar situações, promover atividades como conversas, discussões, poesia, dramatizações, fantoches, leitura de histórias, entrevistas, musicas, reconto de histórias, trava- língua, debates, exposições orais, de forma a possibilitar que a criança se torne mais comunicativa e tenha uma interação maior com o grupo. (CHAER, 2012. apud. SANTOS, 2015) 29 O ambiente também deve propiciar o desenvolvimento oral das crianças fazendo com que elas se comuniquem. O trabalho com a linguagem deve acontecer através de atividades significativas. 5 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA Dentre os sistemas de comunicação desenvolvidos pelo homem, temos a palavra escrita, que é o signo da linguagem falada por meio de símbolos gráficos. A escrita humana, seja em ordem alfabética ou não, usa símbolos que evoluíram ao longo do tempo. De objetos de valor simbólico, de desenhos representando eventos da natureza à escrita alfabética, o caminho tem sido longo, pois historicamente, parece que o primeiro uso da escrita nasceu da necessidade de controlar os números de rebanho ou colheita, por exemplo, meio de marcas ou cortes de argila em gravetos. Acreditamos que a necessidade de superar as limitações da comunicação oral e a necessidade de transformar a comunicação de forma sustentável no tempo e no espaço são os fatores que levaram à invenção do sistema de comunicação escrita. No entanto, o mais importante desses fatores é a leitura. Deve ter dado origem à escrita e fomentado seu desenvolvimento, assim, a necessidade de interpretar a mensagem contida nos desenhos gerou o primeiro ato de leitura. E desde então, o desenho deixou de ser um mero gráfico para se tornar uma imagem representativa da linguagem, cujo objetivo é facilitar a leitura, os sistemas de escrita evoluíram. O uso de símbolos, representando uma realidade do mundo exterior, pode ser considerado a expressão mais antiga da escrita, criada com o propósito de leitura. Atualmente, nas sociedades letradas, as crianças desde os primeiros meses, estão em permanente contato com a linguagem escrita, e é por meio desse contato diversificado em seu ambiente social que as crianças descobrem o aspecto funcional da comunicação escrita, desenvolvendo interesse e curiosidade por essa linguagem. Sabe-se assim, que para aprender a escrever a criança terá de lidar com dois processos de aprendizagem paralelos: o da natureza do sistema de escrita da língua o que a escrita representa e o das características da linguagem que se usa para escrever. 30 Aprender a escrever está intrinsecamente associado à exposição a diferentes textos, para que as crianças possam desenvolver as habilidades de leitura, e à prática da escrita, para que as crianças possam desenvolver a habilidade de escrever de forma independente. Sabemos também que as hipóteses desenvolvidas pelas crianças no processo de construção do conhecimento não são as mesmas da mesma faixa etária, pois dependem do nível de compreensão da criança no meio social, ou seja, da importância da escrita no meio em que vive e as práticas sociais de leitura e escrita das quais eles podem testemunhar e participar, no processo de construção desse processo de aprendizagem, as crianças cometem erros. Os erros, nessa perspectiva, não são vistos como faltas ou, equívocos, eles são esperados, pois se referem a um momento evolutivo no processo de aprendizagem das crianças.Eles têm um importante papel no processo de ensino, porque informam o adulto sobre o modo próprio de as crianças pensarem naquele momento. E escrever, mesmo com esses erros, permite às crianças avançarem, uma vez que só escrevendo é possível enfrentar certas contradições tão presentes e tão frequentes na nossa língua. O papel principal do professor ou mediador no desenvolvimento infantil, por meio da qual a criança consegue transformar a atividade externa em atividade interna e, assim, no ato de saber, ou seja, a linguagem escrita nada significará para a criança. Jovem, que o cuidado é internalizado, passando do nível social interativo para o nível pessoal interno. “Quando os adultos ajudam as crianças a realizarem coisas que são incapazes de conseguirem sozinhas, estão estimulando o desenvolvimento do conhecimento e da aptidão... a partir dessa perspectiva, que coloca a instrução no cerne do desenvolvimento, o potencial de aprendizagem de uma criança é revelado e, de fato, frequentemente concretizado em interações com pessoas mais instruídas”. (WOOD, 1998. apud. YOTUI, 2009). 5.1 A criança e a escrita A criança não aprende a escrita, um complexo sistema de signos, por meio de atividades mecânicas e externas apenas na escola., ao que se pode observar sua habilidade de escrever com fluência é resultado de um longo processo de 31 desenvolvimento de funções comportamentais complexas das quais ele participa, atua e traz para a sala de aula. Da mesma forma, a criança formou o conceito de boa escrita antes da educação formal na escola. Portanto, você não precisa ser um pesquisador para perceber que escrever é uma atividade que capta a atenção das crianças desde cedo. Uma preferência precoce por lápis e papel a levou, aos dois ou três anos, a querer usá-los, principalmente se visse alguém por perto fazendo o mesmo. Se você entregar o documento a ela, sem dúvida ela rabiscará intermitentemente e, se solicitada, dirá que escreveu. Essas primeiras manifestações gráficas como precursores da escrita. Na verdade, para esse autor tanto esses rabiscos como brincadeiras de faz de conta e os desenhos “devem ser vistos como momentos diferentes de um processo essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem escrita. (VYGOTSKY, 1984. apud. YOTUI, 2009). Os gestos são as pistas visuais iniciais que contêm a habilidade de escrita posterior da criança, ou seja, o reconhecimento e o uso dos gestos como valor simbólico é um pré-requisito para a compreensão dos signos escritos. Os objetos utilizados nas brincadeiras de faz de conta e nas brincadeiras infantis possuem diversos significados dependendo do gesto representado. Por exemplo, os gestos de uma criança transformam um pau em um cavalo, um embrulho em um bebê, tornando-se um sinal e significado para um objeto. E muitas vezes as crianças dramatizam com gestos e expressões de boca o que pretendem representar em seus desenhos. Portanto, os primeiros traços e rabiscos são considerados gestos, ou seja, constituem um complemento à expressão desse gesto. A criança desenha uma curva fechada semelhante a um círculo e diz que desenhou uma caixa cilíndrica. Representa o essencial, neste caso o círculo. Por outro lado, quando a representação requer conceitos complexos e abstratos, ela simplesmente gera uma instrução e seu lápis se encarrega de corrigir o gesto indicado. Esse sistema particular de linguagem, implícito nos desenhos e jogos simbólicos que as crianças interpretam no cotidiano, contribui para sua percepção da escrita, pois conviver com essa linguagem pode levar a compreender, talvez mais facilmente, o simbolismo da linguagem escrita. 32 Sabe-se que, ao manipular lápis e papel ao longo desse percurso, além do desenho, a criança costuma criar linhas sinusoidais contínuas ou uma série de pequenos círculos ou linhas verticais que imitam a escrita de adultos. Quando abordado sobre tal atividade, ele fingia que era seu posto, até mesmo oferecendo uma explicação para isso. É verdade, porém, que nesta peça de simulação ela deixa à imaginação do leitor encontrar seus rabiscos em relação ao que pretende expressar. E, sem dúvida, seu conceito simbólico de signo escrito foi se desenvolvendo, pois ele considerava a escrita como um arranjo gráfico que representa uma palavra, uma ideia ou uma mensagem. O estímulo para o desenvolvimento desse conceito ocorre em ambientes onde as crianças têm a oportunidade de testemunhar atos de escrever ou ler, ou seja, pessoas lendo e escrevendo para elas ou ao seu redor. “Isso não quer dizer, porém, que só seja desenvolvido por crianças que recebem esse estímulo, pois em nossa sociedade muitos anúncios e anúncios são feitos em jornais, revistas, televisão e outros meios de comunicação. Os cartazes de conscientização das crianças são muito altos sinal gráfico para o objeto representado. É fácil ver que, ao aprender o alfabeto, as crianças tendem a representar os sons da fala em momentos diferentes. Isso decorre de sua ignorância das convenções de grafia que regem o uso de símbolos no alfabeto. Nessa construção, entretanto, acreditamos que, para as crianças, a escrita torna-se mais complicada do que apenas transcrever a fala. Nossos corpos têm uma quantidade relativamente grande de dados para representar isso. Nele, além das representações gráficas, talvez, a partir da percepção da pronúncia das unidades de linguagem oral, seja possível determinar a presença de elementos que assumem uma combinação de padrões de escrita usualmente, comuns, normais. Podemos ver que a criança não absorve passivamente a palavra escrita. Isso é o resultado de um longo processo de desenvolvimento das funções comportamentais complexas nas quais a criança está envolvida. Sem dúvida, as diferenças de personalidade e classe social devem ser levadas em consideração, pois fazem com que uma criança tenha uma abordagem diferente da escrita. No entanto, acredita-se que todas as crianças podem criar sua própria grafia para as palavras ou mensagens que pretendem escrever, desde que vivam em um 33 ambiente onde a palavra escrita seja usada de forma significativa e sejam incentivadas a participar esta atividade. Desta forma, aumentam a sua confiança e iniciativa e acabam por se exprimir por escrito, embora muitas vezes à sua maneira. 5.2 A aquisição da escrita no processo de Alfabetização A importância de se pensar em alfabetização vem da necessidade de saber como funciona a aquisição da linguagem escrita. Sabemos que o conhecimento e a experiência das crianças com a linguagem escrita começam antes de irem para a escola. A escrita é uma atividade que o atrai desde cedo, toda criança adora usar lápis e papel, brincar com a escrita e imitar os adultos. Como tal, no processo de construção do conhecimento infantil, a alfabetização desempenha um papel importante no desenvolvimento infantil. A aquisição do roteiro constitui um processo de mediação. É no relacionamento com os outros que a criança percebe sua utilidade e significado. Esse significado é o propósito de escrever para dizer algo a alguém ou simplesmente uma forma de o autor expressar seus pensamentos. Assim, a outra linguagem desempenha um papel primordial na construção da linguagem escrita, no sentido de que essa aquisição se dá em interações verbais significativas e interações entre os homens, como um processo história social. ... cada pessoa que entra em contato com uma criança é um professor que incessantemente lhe descreve o mundo, até o momento em que a criança é capaz de perceber o mundo tal como foi descrito. (CASTAÑEDA, 1972. apud. YOTUI, 2009) Assim, no processo de construção do conhecimento infantil, a alfabetização desempenha um papel importante no desenvolvimento infantil. A aquisição do roteiro constitui um processo de mediação. É no relacionamento com os outros que acriança percebe sua utilidade e significado. Esse significado é o propósito de escrever para dizer algo a alguém ou simplesmente uma forma de o escritor expressar seus pensamentos. Assim, outras línguas desempenham um papel dominante na construção da linguagem escrita, no sentido de que essa aquisição se dá em interações humano-a- humano significativas e em interações verbais, como um processo, história social. 34 Depois de entrar no processo de alfabetização formal, eles não podem absorver e dominar o processo. A incapacidade de compreender a língua ensinada pela escola torna essas crianças insatisfatórias durante a alfabetização e, após os anos normativos nos primeiros anos, são consideradas deficientes, como já discutimos, são encaminhadas para um psicólogo e depois para uma escola ou turma especial, cujo foco é permitir mais cuidados relacionados ao seu distúrbio de aprendizagem. O problema do analfabetismo está sempre associado ao processo de educação especial. Esse fato ocorre porque a escola não consegue entender porque algumas crianças não conseguem adquirir o processo de linguagem escrita e apressadamente se auto identificam como portadores de alguma deficiência, dispensando a responsabilidade de permitir que essas crianças adquiram com sucesso as habilidades da linguagem. Então, o que a escola realmente busca é um tipo de educação ideal onde a aprendizagem ocorra de forma unificada e harmoniosa, e isso se torne uma utopia, mas os métodos práticos da escola querem veementemente torná-la realidade, de olho no índice alarmante de evasão e taxa de repetição. Outro aspecto desse problema é que o fracasso escolar, assim como a teoria das dificuldades de aprendizagem, é sempre relevante para crianças de séries iniciais. Essa situação sempre aconteceu, uma vez que o analfabetismo se tornou um grave problema educacional, que, após supostamente democratizar a educação, aumentou muito o número de vagas nas escolas, dando lugar a que os filhos da classe trabalhadora frequentassem a escola. Assim, com a adesão das classes populares a uma instituição de ensino que não foi criada para servir os seus interesses, os filhos desta classe tendiam ao fracasso, numa educação que não valorizava a língua, a língua ou o seu contexto social. Na verdade, sempre acontece que as escolas nunca foram preparadas para oferecer uma educação que responda às diferenças existentes na sociedade capitalista. A educação que a escola persiste em proporcionar, apesar do alto índice de reprovação dos alunos, é uma educação baseada na identidade, onde todos aprendem o mesmo conteúdo, pelo mesmo processo. 35 5.3 Consciência fonológica A percepção fonológica é parte integrante da cognição metálica, que envolve a habilidade de pensar e manipular segmentos da fala, incluindo, além da habilidade de pensar referenciar e comparar, a habilidade de trabalhar com rimas, transições, sílabas e fonemas contar, segmentar, mesclar, adicionar, excluir, substituir e transpor. A percepção da linguagem não surge repentinamente, ela se desenvolve em uma sequência de estágios evolutivos sucessivos, não necessariamente lineares. É o resultado do desenvolvimento e do amadurecimento biológico em constante troca com o meio ou contexto, e é favorecido pelas complexas tarefas linguísticas a que está submetido, incluindo a aprendizagem da leitura. A sensibilidade fonológica é vista como um continuum que vai da sensibilidade superficial de grandes unidades fonológicas à sensibilidade de profundidade de pequenas unidades fonológicas. Esta definição inclui as habilidades fonológicas envolvidas na manipulação e julgamento de qualquer unidade de estrutura da palavra. A sensibilidade fonética também é considerada uma habilidade única que assume diferentes formas em seu desenvolvimento. Nos estágios iniciais, a sensibilidade fonológica se manifesta por meio da detecção de unidades fonológicas maiores, como palavras, sílabas, transposições e rimas. Nos estágios posteriores, ela se manifesta na manipulação de fonemas. A correlação entre consciência fonêmica e desempenho em atividades de leitura e escrita tem sido descrita em diversos estudos que mostram uma relação mútua entre essas habilidades. Os estágios iniciais da consciência fonológica contribuem para a formação dos estágios iniciais da leitura e, por sua vez, para o desenvolvimento de habilidades fonológicas mais complexas. Assim, enquanto a percepção de certos sons, ou ondas ultrassônicas, parece se desenvolver espontaneamente, a percepção fonêmica parece exigir experiência específica em atividades que determinam correspondências entre elementos sonoros e gustativos da fala e elementos visuais da escrita. O processo de ligação desses grafefonemas exigiu o desenvolvimento da análise e síntese do fonema. Para descobrir os fonemas, é necessário adquirir e desenvolver a consciência fonológica, competência linguística que permite o acesso 36 consciente ao nível fonológico da fala e a manipulação cognitiva das representações. A exposição à linguagem escrita permite que essa habilidade seja desenvolvida, da mesma forma que esse desenvolvimento aprimora as habilidades de leitura e escrita. Estudos indicam que os déficits fonológicos são um dos fatores que podem explicar os problemas de leitura em pessoas com dificuldades de aprendizagem. Crianças com este diagnóstico têm dificuldade em usar a rota de tom-símbolo para ler, ou seja, usar o mecanismo de transição de tom em atividades que requerem habilidades fonológicas, como ler palavras faladas. Ilustrar ou classificar palavras por som. Acredita-se que as intervenções no processamento fonológico tenham efeito direto na melhora das habilidades de leitura em trabalhos de intervenção com escolares com dislexia. 5.4 A memória de trabalho fonológico Memória é definida como a capacidade de corrigir, armazenar e reproduzir, na forma de memórias, impressões e sensações que o indivíduo já teve ou vivenciou antes. Com essa habilidade, é possível adquirir, armazenar e recuperar, de forma consciente ou inconsciente, informações, conforme necessário. Diferentes conceitos são atribuídos à memória, dependendo de sua função, duração e conteúdo. A memória é composta por vários sistemas independentes que trabalham em cooperação uns com os outros, que variam de acordo com o tempo que a informação é armazenada, e a natureza da informação sendo processada. Os sistemas de memória são compostos por memória conhecida como memória de curto prazo, um conceito que foi estendido a um paradigma denominado memória de trabalho e memória de longo prazo. A memória de longo prazo é dividida em dois sistemas, memória explícita ou declarativa, permitindo assim o acesso consciente a eventos e memórias, envolvendo experiências passadas e memória implícita ou não implícita, memória declarativa, inconsciente de habilidades motoras, perceptivas e de aprendizagem em regra. Assim, as relações entre memória, percepção fonológica e linguagem escrita são bastante expressivas, uma vez que a consciência fonológica se desenvolve desde 37 a atividade inconsciente e desatenta até o pensamento intencional com atenção direcionada. Tal evolução começa com o desenvolvimento mutuamente interdependente dos aspectos cognitivos e linguísticos por meio da construção de memórias lexicais e fonológicas, onde também ocorrem o processamento e outras organizações linguísticas, como a memória fonológica e o acesso ao vocabulário mental em que atuam como um caminho fundamental para o desenvolvimento da consciência fonológica. Por outro lado, a memória de trabalho faz parte das habilidades cognitivas relacionadas aos processos de alfabetização e aprendizagem, codificação fonológica que na memória de trabalho é útil para decodificar novas palavras, principalmente palavras longas,
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