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ABORDAGEM SÓCIO-CULTURAL Profª Simone Silva Hiraki IFMS Campus Três Lagoas 2021 Termos utilizados como sinônimos • Sócio-cultural • Histórico-cultural • Sócio-construtivista • Sócio-interacionista Características da abordagem sócio- cultural • CONSTRUTIVISTA: A aprendizagem se dá através da interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento ou meio exterior • INTERACIONISTA: O homem cria a cultura na medida que vem se integrando no seu contexto de vida, como apropriador e elaborador de conhecimento. • COGNITIVISTA: A educação deve possibilitar ao sujeito o desenvolvimento de uma atitude crítica e reflexiva • GENÉTICA: Estudo da gênese, formação e evolução dos processos psíquicos superiores do ser humano. Principais autores • Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934) • Paulo Freire (1921-1997) • James V. Wertsch (1947 - atual) • Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934) • Russo, filho de uma abastada família de judeus. • Formado em direito pela Universidade de Moscou (1918) • Estudou e atuou nas áreas de história, filosofia, literatura e psicologia. Quem foi Vygotsky? Quem foi Vygotsky? • Presenciou a Revolução Russa (1917) e foi fortemente influenciado por ideias Marxistas • Princípio: construir uma teoria da educação adequada à nova realidade social emergida da revolução. • Faleceu aos 37 anos de tuberculose. • Várias de suas obras foram póstumas. Ex: Livro: Pensamento e Linguagem • O desenvolvimento cognitivo não pode ser entendido sem referência ao contexto social, histórico e cultural em que ocorre (microescala). • Os processos mentais superiores do indivíduo têm origem em processos sociais – pensamento, – linguagem, – formação de conceitos, – atenção voluntária. Teoria histórico-cultural • As funções psicológicas têm um suporte biológico e são moldadas ao longo da história da espécie e do indivíduo (biogênese e ontogênese) • O sujeito biológico converte-se em sujeito humano pela interação social (sociogênese) O Sujeito biológico e o Sujeito social Fatores Biológicos Fatores Sociais APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO • O desenvolvimento no ser humano é mediado por instrumentos e signos construídos social, histórica e culturalmente no contexto em que ele se situa. – INSTRUMENTO: é algo que pode ser usado para fazer alguma coisa, se interpõe entre o homem e o meio – SIGNO: é algo que significa (representa) alguma coisa. • Quanto mais instrumentos e signos se aprende, mais se amplia a gama de atividades que o sujeito pode aprender. O uso de signos e instrumentos • A fala é extremamente importante no desenvolvimento da linguagem. • Consequentemente, a emergência da fala é um marco fundamental no desenvolvimento cognitivo. A linguagem e a fala como signos • A linguagem é o mais importante sistema de signos para o desenvolvimento cognitivo do ser humano porque o libera de vínculos contextuais. • O desenvolvimento cognitivo é a conversão de relações sociais em funções mentais. • As sociedades constroem instrumentos e sistemas de signos ao longo de sua história e eles modificam o desenvolvimento social e cultural dessas sociedades. Desenvolvimento Cognitivo e Internalização É através da apropriação (internalização, reconstrução interna) de tais construções sócio-históricas e culturais, via interação social, que o sujeito se desenvolve cognitivamente. Desenvolvimento Cognitivo e Internalização • Os significados são construídos socialmente e, por isso, são contextuais. • A interação social é indispensável a fim de que o sujeito capte os significados dos signos para, então, internalizá-los (reconstruí-los internamente). • Para que ocorra a internalização de um signo é indispensável que o significado desse signo lhe chegue de alguma maneira (tipicamente através de outra pessoa). Internalização e significação Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) Garcia (2015) • A ZDP é variável! • Cabe ao professor descobrir a ZDP de seu aluno. • O bom ensino é aquele que está à frente do desenvolvimento cognitivo • O ensino se consuma quando aluno e professor compartilham significados aceitos pela comunidade. • Isso implica que todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem devam expressar-se e tenham a oportunidade para isso. • O professor deve apresentar, dentro de certos limites, desafios e informações cuja utilidade o aluno possa começar a perceber. A aprendizagem e o papel do professor • O professor reage às tentativas do aprendiz, incentivando, corrigindo, fazendo novas perguntas e exigências, em função de sua percepção do que ele pode ou não fazer. • O aluno evolui porque sempre está recebendo novas informações e desafios, que exigem que ela vá um pouco além do que já sabe. • A aprendizagem se no sentido assimétrico assimétrica, isto é, deve haver pelo menos um parceiro mais capaz em relação ao conteúdo trabalhado. A aprendizagem e o papel do professor Contribuições de Vygotsky • Ressaltou o papel da cultura no processo de cognição; • Deu ênfase no papel do educador como mediador do desenvolvimento intelectual; • Criou o conceito de mediação, descrita como uma experiência social que requer participação e colaboração; • Valorização do trabalho coletivo, cooperativo. • Graduado em Direito. • Em 1959 doutorou-se em Filosofia e História da Educação. • Foi professor de Filosofia e História da Educação em 1961, na Universidade de Recife. Quem foi Paulo Freire? • Participou numa campanha de alfabetização de adultos no Estado do Rio Grande do Norte, conhecido como “Círculos de Cultura”, no qual alfabetizou 300 cortadores de cana em 45 dias • O presidente João Goulart nomeou-o, em 1963, Presidente da Comissão de Cultura Popular. • Por conta de sua atuação na alfabetização de adultos, seu trabalho ficou conhecido como Método Freireano. • Com o golpe militar de 1964, foi preso durante cerca de dois meses e exilado por 15 anos. Durante esse período, viveu no Chile, indo em 1969 para Harvard e em seguida para Genebra durante dez anos. • Suas concepções da educação tiveram início na em 1960 e causaram grande impacto mundial. • Pedagogia do oprimido escrito em 1966 é sua obra mais conhecida. • Foi publicada no Brasil apenas em 1974. • Três passos da metodologia: 1) Investigação temática 2) Finalidade da discussão 3) Orientação da discussão Os Círculos de Cultura • Não existia um programa de conteúdos definidos previamente. • Os temas eram debatidos e era o grupo que os estabelecia. Não os educadores! • Cabia aos educadores orientar os alunos enriquecendo os debates e propondo temas secundários que impulsionavam o processo educativo. • Esses temas tornavam mais claro e ilustravam o tema inicialmente estabelecido. Características gerais dos Círculos de Cultura • Freire argumentava que existe uma sabedoria popular, ou seja, os alunos trazem consigo vivências, conhecimentos e hábitos que devem ser levados em conta no sentido de uma conscientização visando, como fim, a uma transformação social. • Os resultados obtidos nesses círculos de cultura foram excelentes tanto quanto ao aprofundamento que os alunos atingiam no que diz respeito aos temas tratados e quanto ao compromisso na compreensão e conscientização (postura crítica). Princípio dos Círculos de Cultura Educação bancária X Educação libertadora Educação bancária • O conhecimento que o professor transmitia era gradativamente “depositado” na mente do aluno exatamente como o dinheiro é depositado em uma conta de um banco Educação libertadora (ou Problematizadora) • Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessarealidade. • Não é próprio da pedagogia freireana (libertadora) falar em ensino escolar, já que sua marca é a atuação não formal. • O CURRÍCULO deve ir além da mera grade curricular, organização de disciplinas e justaposição de conteúdos. • Um currículo deve ser encarado como instrumento político, incorporando idéias como: Conscientização, libertação O papel da escola • Os passos da aprendizagem – codificação- decodificação, e problematização da situação – permitem aos educandos um esforço de compreensão do "vivido", até chegar a um nível mais crítico de conhecimento da sua realidade, sempre através da troca de experiência em torno da prática social. A aprendizagem para Freire • O que é aprendido não decorre de uma imposição ou memorização, mas do nível crítico de conhecimento, ao qual se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. • O que o educando transfere, em termos de conhecimento, é o que foi incorporado como resposta às situações de opressão, ou seja, seu engajamento na militância política. Aprendizagem para Freire • Ao contrário da forma tradicional de ensino, muito centrada na autoridade de um professor, O papel do professor a forma horizontal em que alunos e professor aprendem juntos com intensa interação, se mostrou bastante mais eficiente. • A hierarquia horizontal pressupõe uma participação igualitária do professor e do aluno no processo de aprendizagem. O papel do professor Referências desta aula • FONTANA, R. A. C.; CRUZ, M. N. Abordagem comportamentalista. In: FONTANA, R. A. C.; CRUZ, M. N. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, cap. 5, pp. 57- 68, 1997. • OSTERMANN, F.; CAVALCANTI, C. J. H. Teorias de aprendizagem. Cap. 6, UFRGS, pp. 26-36, 2010. • GARCIA, Paulo Sérgio; PREARO, Leandro (Orgs.) Avaliação da educação escolar no Grande ABC paulista: primeiras aproximações. São Paulo: Plêiade, 2015, 181 p.
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