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1 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS DOMINANDO OS 10 PADRÕES DE ECG QUE MATAM CASO 1: Você está de plantão quando chega um homem de 60 anos na sala vermelha. À inspeção, desconfortável e sudoreico. Relata dor torácica de início há 2 horas. Sinais vitais ok. ECG: Resultado da enquete do pré-teste: Resposta correta é letra a. se vai trombolisar é pq é um infarto com supra. Se não identificar é PEDIR para o pct evoluir mal. Tempo é vida. DIAGNÓSTICO DE IAM COM SUPRA DE ST: Dois pilares principais: quadro clínico e eletrocardiograma. Você não espera troponina para tratar um infarto com supra pq a cada 1 minuto de espera são 11 dias de vida a menos. ECG no IAM com supra: Supra de ponto J ≥ 1mm em pelo menos 2 derivações contíguas. Há exceções. Derivações contíguas: • DIII, aVF, DII • V1, V2, V3, V4 • Avl e di 2 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Supras maiores que 1 mm em várias derivações. 1° padrão de ECG que pode matar: IAM com supra de ST. Como diferenciar um supra de IAM de outras causas de supra (pericardite, sobrecarga ventricular esquerda etc)? aula de domingo. CASO 2: Mulher de 23 anos chega ao OS com quadro de dispneia súbita. Neta comorbidades. Faz uso apenas de anticoncepcional. Taquicardica e taquidispneica ao exame físico. ECG: Resposta do pré-teste: Trata-se de uma embolia pulmonar e o exame que deveria ser escolhido é a angiotomografia de artérias pulmonares. Qual alteração de ECG mais comum no TEP (tromboembolismo pulmonar)? É taquicardia sinusal: FC > 100bpm. Pode ter outras alterações: onda T invertida. Qual alteração de ECG mais específica no TEP? É S1Q3T3: olha pra D1 e vê uma onda S negativa, olha para D3 e vê que tem uma onda Q maior que o esperado com onda T invertida. 2° padrão de ECG que pode matar S1Q3T3 (TEP). CASO 3: Homem de 67 anos chega na emergência com rebaixamento do nível de consciência. Tem histórico de HAS e DM. Nas últimas semanas vinha usando diclofenaco de sódio devido a lombocitalgia. ECG: 3 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Diagnóstico: hipercalemia. Qual a sua próxima conduta? Gluconato de cálcio. Resposta do pré-teste: Essas alterações costumam aparecer geralmente quando o potássio está acima de 6 (K = 6). Onda T em tenda. QRS começa a alargar – a qualquer momento o pct pode fazer arritmia fatal. QRS mais alargado. Ritmo pré-parada – meio agônico. O gluconato não tira o potássio. Ele estabiliza, faz com que o miocárdio fique menos arritmogênico e depois você tem que tomar medidas para tirar o potássio da célula. Primeira alteração eletrocardiográfica da hipercalemia = onda T apiculada. Onda T apiculada. (simetria para cima) Só IAM dá onda T apiculada? Não Hipercalemia + ECG alterado = que conduta? Cálcio IV. Ele estabiliza a membrana. 3° padrão de ECG que mata: alterações típicas de hipercalemia. CASO 4: Mulher de 70 anos chega na emergência com quadro de dor epigástrica há horas. Exame físico normal. ECG: 4 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Bloqueio de ramo esquerdo Resposta correta: ECG não sugere IAM com artéria fechada. Como diagnosticar um IAM com artéria fechada no pct com BRE? Bloqueio de ramo esquerdo pode ser um análogo de infarto com supra. O supra diz que a artéria está completamente ocluída. Um bloqueio do ramo esquerdo normal, que o pct tenha a 10, 20 anos, nas derivações que o QRS estiver predominantemente negativo, é esperado que aconteça supra nesse segmento ST. Da mesma forma é esperado o contrário – segmento QRS positivo, ST para baixo (infra de ST). Isso não é patológico. É infarto quando tem o inverso disso – a concordância: QRS positivo e ST positivo. QRS negativo e infra de ST. Bloqueio de ramo esquerdo estranho: 4° padrão de ECG que mata: bloqueio de ramo esquerdo + critérios para artéria fechada. Esse paciente não é para trombolisar. CASO 5: Paciente de 76 anos chega na emergência com quadro de dor torácica típica, recorrente. HAS, DM, DLP (dislipidêmico). ECG: 5 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Resposta certa: indicaria cate em menos de 24h. Nesse traçado, geralmente a gente tem uma síndrome sem supra e artéria que está subocluida ou com lesão relevante. As artérias coronárias são epicárdicas. Então quando há lesão de 90% dessa coronária, o músculo que é acometido primeiro por isquemia é o que está no subendocardio. Pois o músculo que está perto da artéria ainda consegue pegar algo de oxigênio. Isso acaba gerando um infra de ST. Esse infra de ST quando está difuso – presente em 6, 7, 8 derivações no pct com dor torácica, pode ter uma isquemia subcardica difusa e isso comumente está relacionado com o tronco da coronária esquerda – com lesão grave ou com lesão de várias artérias. Dor torácica + infra difuso + supra de aVR = pensar em isquemia subendocárdica difusa. Dor típica + supra de aVR + infra de várias derivações? Não fazer segundo antiplaquetário (pq o pct pode ter que ir para cirurgia de revascularização miocárdica nos próximos dias). Mandar para cate precoce. Não trombolisar estes casos. Artéria geralmente não está fechada. – o trombolítico com artéria não fechada aumenta o risco de sangramento intracraniano. 5° padrão de ECG que mata: infra difuso de ST + supra de aVR. CASO 6: Mulher de 61 anos chega na emergência referindo episódio de dor torácica de 20 min de duração ocorrida há 4h. Fica assintomática no hospital. ECG: Troponinas seriadas negativas. Paciente recebe alta. Após 7 h volta em PCR em FV. O que aconteceu? Esse padrão foi descrito em 1982 6 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Onda T tem uma parte positiva e outra negativa. 75% dos pcts que não foram encaminhados para revascularização evoluíram muito mal. Há dois tipos de padrão: Onda T positiva e negativa – síndrome de wellens. Onda T bem negativa – síndrome de wellens tipo B. Onda T invertida e simétrica? Sempre pensar em DAC (Coronariopatia) triangulo assimétrico triangulo simétrico Esse paciente foi para cate tinha lesão gravíssima. 7 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Síndrome de Wellens? Mandar o mais rápido possível para o cate. Não trombolisar Wellens – pq normalmente a artéria não está fechada e você coloca o pct em risco de sangramento sem benefício. 6° padrão de ECG que mata: síndrome de Wellens. CASO 7: Mulher de 56 anos é trazida para a emergência com quadro de cefaleia intensa súbita. Chega torporosa na sala de emergência. ECG: Onda T invertida e simétrica – indica síndrome coronária típica. Mas olhando o quadro clínico, a síndrome não deixa o pct torporoso. Onda T negativa gigante= > 10mm. Pensar em AVCh. Só AVCh causa isso? Não, AVCi também. E outras causas: Coronariopatia também: Pct com miocardia hipertrófica. 7° padrão de ECG que mata: onda T invertida gigante no AVCh. CASO 8: Homem de 73 anos com antecedente de câncer de pulmão chega na emergência com dispneia aos mínimos esforços e hipotensão. ECG: Baixa voltagem difusa. Eletro clássico de tamponamento cardíaco. O que é o Swinging heart? Imagem de ecocardiograma com parte escura que é o derrame pericárdico. Um derrame pericárdico muito grande pode fazer com que o coração fique dançando de um lado para o outro dentro do saco pericárdico. O princípio do eletro: colocamos o eletrodo no corpo do paciente e através da captação da energia elétrica emitida ou conduzida pelo coração, a gente consegue pensar em várias coisas que estão acontecendo ali dentro. Qualquer coisa que se interponha entre os eletrodos nas derivações precordias e o coração, vai afastar os dois objetos e diminui as voltagens. Isso pode ser por obesidade, por DPOC (hiperinsuflação pulmonar), pode serpor derrame pericárdico. Outra coisa que chama atenção é a alternância elétrica. 8 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Em V4: primeiro QRS apontando para cima, o segundo para baixo e o terceiro QRS novamente para cima – essa é a alternância. 8° padrão de ECG que mata: baixa voltagem + swinging heart no tamponamento cardíaco. CASO 9: Paciente idoso é admitido com tosse produtiva e diarreia. Ao exame: desidratado, febril, desorientado. ECG: Eletro de QT longo. Que tipo de arritmia predisporia no pct? Resposta certa: taquicardia ventricular polimórfica. Iniciado levofloxacino (fluorquinolona) e feito haloperidol (neuroléptico). Subitamente evoluiu com: Arritmia bem grave – taquicardia ventricular polimórfica (torção das pontas). O pct já tinha alteração de eletro importante, provavelmente por potássio baixo (hipocalemia) que pode predispor intervalo QT longo e intervalo QT longo pode predispor arritmias. Por que é importante medir o intervalo QTc? Potencial de ação tem várias fases e a grande questão. Fase 3 tem PRR – período refratário relativo. Se tiver algum choque dado no momento errado, uma extrassístole que caia no momento errado, isso pode deflagrar arritmias potencialmente fatais. Essa fase 3 do potencial de ação equivale a essa bola vermelha (segunda metade da onda T). Quanto maior essa segunda metade da onda T, maior a chance de uma extrossístole cair nessa parte e deflagrar um evento importante. 9 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS No final da onda T teve uma extrassístole que deflagrou uma arritmia. Como fazer uma rápida triagem para saber se o QTc está aumentado? Pega a distância de um QRS para o outro, divide no meio = cortou a onda T no meio não está normal. Quais as principais causas de QTc aumentado? E outros 9° padrão de ECG que pode matar: QTc longo (> 500ms) CASO 10: ECG normalmente não descarta SCA (síndrome coronariana aguda). 20% dos IAMs possuem ECG inicial normal. Por isso é importante seriar o eletro (repetir o eletro) mesmo com pct assintomático. Pct com dor torácica típica e eletro normal – não pode mandar pct para casa. Eletro praticamente normal – alterações mínimas: onda T meio achatada em aVR. Minutos/Horas depois refaz o eletro: Infra de ST difuso com supra de aVR. 10° padrão de ECG que pode matar: ECG normal (mas pct com SCA). DOMINANDO AS 7 ARRITMIAS MAIS COMUNS NO PRONTO SOCORRO: Arritmia: fora do ritmo. Primeira coisa é saber qual o ritmo é normal. E qual o ritmo normal? O nó sinusal fica no teto do átrio direito e é o maestro do coração – é ele que conduz e produz o estimulo inicial, elétrico do coração e vai jogar depois a energia para passar pelo sistema de condução. Ele joga o estimulo para baixo e para esquerda. 10 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Como definir se o ritmo é sinusal: Se o estímulo elétrico está vindo do nó sinusal para baixo em direção ao ventrículo esquerdo, de fato ele gera um vetor com essa direção (para baixo e para esquerda). Assim sendo, o vetor está se aproximando de DI e de AVF e por isso tem que ser positivo em DI e em AVF. Mas só isso não garante que o ritmo é sinusal. Onda P positiva em DI e em AVF: Onda P negativa em aVF – ou seja, não está indo pra baixo como a gente esperaria, não é sinusal. Quando a onda P é positiva em aVF e em DI posso dizer que o ritmo é sinusal – mas nem sempre isso é correto – pode ter alterações em QRS etc. 2° critério é a associação entre as ondas P e o QRS – tem onda P depois tem QRS. Se tiver esses dois critérios então: onda P que é positiva em aVF e a cada onda P segue um QRS; posso dizer que é sinusal? Ainda não. Ex: tem onda P, tem QRS, mas as ondas P estão diferentes – uma está negativa outra está apiculada. Se a onda P está variando assim é pq hora o maestro está em um lugar, outra em outro lugar e assim vai. Existem 4 critérios no adulto para dizer que o ritmo é sinusal: 11 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Qualquer coisa que não seja um ritmo normal é uma arritmia. Esse ritmo é sinusal? Sinusal sim. Olha as ondas P de mesma morfologia e ondas P seguidas de QRS em DII. Não é sinusal. Não tem onda P. 7 arritmias que você precisa saber na emergência: Taquiarritmias de QRS estreito (tá surgindo acima dos ventrículos): • Taquicardia sinusal • Taquicardia atrial • Fibrilação atrial • Flutter atrial • Taquicardia por reentrada nodal • Taquicardia ventricular Bradiarritmias: • Bloqueio atrioventricular A FC fica entre 50 e 100. Então no adulto, por definição frequência acima de 100 a gente considera taqui e abaixo de 50 bradiarritmia. Tem onda P, tem complexo QRS após ondas P. mas a FC tá maior que 100: complexo QRS estreito, menor que 3 quadradinhos. Nesse caso o QRS tá alargado. Quando estamos em frente a arritmias, uma das classificações é: • Taquicardias de QRS estreito (QRS com menos de 3 quadradinhos) • Taquicardias de QRS largo (são as mais graves). 12 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS As arritmias que surgem lá de cima e descem essa via central/rápida tendem a gerar um QRS estreito – pq a condução está eficaz. Já as arritmias que surgem do átrio esquerdo por exemplo, já é mais lenta e pode gerar um QRS largo. TAQUICARDIA SINUSAL: Qual a taquiarritmia mais comum no PS? É a taquicardia sinusal. (só FC acima de 100 e outros critérios OK): Pode ver em pct séptico, febril, desidratado, hipovolêmico, com anemia etc. hipertireoidismo e exercício físico também entra como causa. Preciso tratar taquicardia sinusal? Normalmente, não. Apenas tratar causa base (ex: dor, febre). Não trata com betabloqueador ou antagonista do canal de sódio. Trata a causa da taquicardia – pct ta com dor, trata a dor. Pct ta com febre, trata a febre se tiver indicação de tratar a febre. TAQUICARDIA ATRIAL: Em DI não vê onda P. e em aVF tem onda P negativa, em DII também. Ou seja, tem onda P, mas não é sinusal. O que deve estar acontecendo é: o maestro não está no nó sinusal, tá aqui embaixo do átrio Não tem onda P em D1, mas vejo onda P negativa em aVF Resultado do pré-teste: Resposta: taquicardia atrial. Onda P negativa em D1 e aVF (não é sinusal) e FC > 100. Estamos diante de uma taquicardia não sinusal. 13 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Onda P meio aplanada. aVF onda P negativa – ritmo atrial. O que pode causar taquicardia atrial: qualquer coisa que sobrecarrega os átrios – pct tem insuficiência mitral, hipertensão, diabetes, sobrecarrega átrio esquerdo. Como tratar uma taquicardia atrial? Tratar a causa base do que está causando aquilo e controlar a FC. FIBRILAÇÃO ATRIAL: Você está no PS quando trazem um paciente com quadro de hemiparesia de surgimento há 7h. Exame físico mostra pulso irregular. ECG: Fibrilação atrial. Qual a taquiarritmia sustentada mais comum? Sustentada é aquilo que fica um tempo maior (diferente da taquicardia sinusal). Fibrilação atrial é o seguinte: uma hora o ritmo é disparado do átrio esquerdo, milissegundos depois aparece outro ritmo em outro canto do átrio esquerdo. Depois aparece outro de outro canto do VE. Por que isso acontece? Alteração perto das veias pulmonares. Paciente com FA? Sempre ir atrás das causas! Muito importante reconhecer pois FA causa AVC. Por que FA causa AVC? Pq o átrio esquerdo não está contraindo adequadamente, está apenas fibrilando, balançado e aí tem uma estase, tríade de Virchow 14 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS (hipercoagulabilidade, estase venosa e lesão endotelial) – predisposição à formação de trombos, tem formação de trombo no átrio esquerdo, esse trombo cai na aorta e sobe para o SNC formando uma embolia. Taquicardia? QRS estreito? sem ondas P? irregularmente irregular? Penseem FA. Não vejo atividade atrial alguma na FA? Pode ver Não são ondas P, são ondas f – está tendo atividade atrial Qual a definição de FA com alta resposta ventricular? Simplesmente passou de 100 é de alta resposta, outras referencias é 120. FLUTTER ATRIAL: É o que mais passa batido. Diferenças básicas: Enquanto a FA surge do átrio esquerdo e o flutter surge do átrio direito. Aspecto em dente de serra (dente de tubarão) em derivações inferiores = pensar em flutter As ondas F podem estar “escondidas” no QRS Taquicardia de QRS estreito e FC próxima de 150? Sempre pensar em flutter. TAQUICARDIA POR REENTRADA NODAL Você está de plantão na UPA quando chega uma mulher de 23 anos relatando palpitações há 2h. sente pulsações no pescoço. 15 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Diz que estava almoçando com os amigos quando subitamente passou a ter o sintoma. Nega comorbidades. ECG: O que essa paciente apresenta? Tem TPSV O que significa TPSV? Taquicardia Paroxística – contrário de sustentada, é o que surge de uma hora para outra Supra Ventricular *se o QRS é estreito está surgindo acima dos ventrículos, por isso é supra. Tem várias coisas que podem causar uma TPSV. Taquicardia por reentrada nodal é a causa mais comum de TPSV. Do nó AV só tem uma via, mas em alguma porcentagem da população existe duas vias e ai o ritmo fica circulando gerando uma taquiarritmia – dispara para átrio, dispara para ventrículo – estimula as camaras várias vezes. Como átrios e ventrículos são ativados quase simultaneamente, a onda P’ fica dentro do QRS ou logo após. Costuma ser um ritmo regular – a distância de um QRS para outro é a mesma. O QRS é estreito – sensação acelerada (frog do sapo – pulsação sentida) Taquicardia + paroxística + regular + QRS estreito = pensar em TRN Como reverter? Estimular o parassimpático – abaixar língua, compressão carotídea – manobras vagais Qual a manobra vagal mais eficaz? Manobra de valsava modificada E se essa manobra vagal não funcionar? medicações como adenosina. TAQUICARDIA VENTRICULAR: Taquicardia com QRS estreito = supraventriculares Taquicardia com QRS largo = ventriculares não – pode ser duas coisas, pode estar surgindo do ventrículo, mas também pode estar surgindo acima dos ventrículos e quando chega na via rápida/estreita encontra uma faixa bloqueada 80% das vezes a causa de taquicardia de QRS largo é TV. Taquicardia ventricular 16 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Taquicardia supraventricular – estimulo surgiu do átrio esquerdo, desce no sentido dos ventrículos. Se pega aVR, que é a derivação que fica como se fosse o ombro, esse estímulo está se afastando de aVR, ou seja, vai tender a gerar uma onda no QRS negativa. Sugerindo uma taquicardia supraventricular. Se for uma taquicardia surgindo na ponta do ventrículo, o estimulo vai estar subindo, indo em direção à aVR – complexo QRS já começa bem positivo. Se tiver R em aVR = TV. Se não tiver R em aVR, não descarta TV. Eletro com QRS largo – taquiarritmia com QRS largo. Principal hipotse: taquicardia ventricular – cardioversão elétrica. BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR: A função do nó atrioventricular é funcionar como sinal de trânsito – e o sistema de estimulo elétrico acontece numa velocidade muito rápida – se fosse tao rápido assim os átrios e ventrículos iam contrair juntos, e isso não é adequado – quando o átrio está contraindo o ventrículo está relaxando. Quem faz com que eles não contraiam juntos é o nó atrioventricular. O estímulo chega no nó AV e fica lá por alguns milissegundos até o ventrículo relaxar. O AV pode dar defeito. Se não deixar estímulo algum passar, acontece um bloqueio atrioventricular total. Funcionando normalmente. Ondas p de um lado e qrs de outro – totalmente dissociado um com outro: O nó sinusal está disparando – A onda P está constante. Mas o QRS não está disparando. DOMINANDO O ROTEIRO PARA INTERPRETAR UM ECG: Roteiro de 9 passos Quando estiver frente a atividades com múltiplos passos e em que erros podem ter resultados graves, use checklists. 17 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS IDENTIFICAÇÃO E PADRONIZAÇÃO: Quais são os dois primeiros passos para se interpretar um ECG? • Identificação: checar se é o exame do pct, saber o biotipo (pct longelineo o eixo tende a apontar para baixo, se for brevelineo o eixo tende a ficar mais 0°), saber se é homem ou mulher • Padronização – o eletro tem uma voltagem padrão – o normal é o eletro estar com 25mm/s. Ver a velocidade e ver o retângulo se está pegando 10 quadrados de altura. 3° PASSO - RITMO E FC: FC: Várias formas para olhar FC. O eletro com os 25mm/s – o traçado dura 10s, se quiser saber a FC é só contar quantos complexos QRS tem nos 10segundos e fazer uma regra de 3: Tem 19 complexos QRS em 10 s (19 batimentos em 10s). 1 minuto = 60 segundos vai ter 6 vezes mais: 4° PASSO - ONDA P: A gente sabe que a onda P acontece por conta da despolarização dos átrios. 18 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Os átrios são despolarizados levemente em tempos diferentes – o átrio esquerdo começa um tempinho depois. Mas no final das contas eles vão gerar uma onda só que é a onda P na maioria das derivações. Contudo, em V1 tem uma particularidade que a onda P se separa e conseguimos separar o que é átrio direito e o que é átrio esquerdo. A primeira coisa a ver sobre a onda P é: tem sobrecarga de átrio? Se tiver a onda P vai tender a ficar maior que o normal. Tem inúmeros critérios para sobrecarga atrial. Mas em V1 conseguimos ver tanto a sobrecarga de AD quanto de AE. Através de V1 é possível diagnosticar-se sobrecarga dos dois átrios. Normalmente a parte positiva da onda P em V1, que é o primeiro átrio que despolariza, o átrio direito pq o nó sinusal está dentro do átrio direito. O normal é ter uma amplitude de 1mm. já nessa imagem, a onda P tem dois quadradinhos e meio, então passou de um quadradinho já está aumentada. Então se a primeira parte, que é do átrio direito, começou a crescer, então está alterado. O átrio esquerdo, normalmente ela vai ocupar até um quadradinho de duração e de amplitude: Caso aumentado: A duração tem 2 quadradinhos e a amplitude tem um e um terço. 5° PASSO - INTERVALO PR: A velocidade de condução do estímulo elétrico no coração é muito rápido, então se não tivesse alguma coisa que segurasse os átrios e ventrículos iriam bater juntos. Quem segura é o nó atrioventricular para o estímulo não passar muito rápido. O retardo que o nó AV faz causa a linha do segmento PR que separa a onda P do complexo QRS. 19 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS 6° PASSO - COMPLEXO QRS: • Progressão • Eixo • Cicatriz • Amplitude • Duração • O PECADO PROGRESSÃO DE ONDA R: Derivações precordiais vão de V1 a V6 – o normal é ver a onda R pequenininha, crescendo e em V3 ou V4 a onda R que é positiva passa a ser maior que a onda S, ou seja, tá mais positivo do que negativa e chega em amplitude máxima em V5 e em V6 costuma diminuir um pouquinho. Essa é uma progressão normal de onda R: Quando fugir do normal, pensar em mal posicionamento dos eletrodos. Estranho: Provavelmente eletrodos trocados. AMPLITUDE: Ver se chama atenção a amplitude baixa ou alta do QRS. Amplitude normal: Amplitude alterada: Pct com sobrecarga de ventrículo esquerdo por hipertensão mal controlada. Dx: tamponamento -baixa voltagem e alternância elétrica SEGMENTO ST: 20 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS Normalmente está em cima da linha de base do eletro. Se o segmento estiver acima da linha de base tem um supra de ST: Se tiver abaixo tem infra de ST: ECG no IAM com supra Supra de ponto J maior ou igual a 1mm em pelomenos 2 derivações contíguas Há exceções 9° PASSO -ONDA T: Onda T apiculada – hipercalemia Síndrome de Welline: Ondas T invertidas e simétricas? Lembrar de DAC Pode ter onda T invertida e ser fisiológico em 4 derivações: V1, aVR, D3 e aVL. 10° PASSO - INTERVALO QT: Calcanhar de Aquiles. Regra pra saber se o intervalo QT está aumentado ou não: CASO: Mulher de 72 anos chega na sala de emergência relatando dor torácica em repouso há 20 min. HAS, DM, DLP. ECG: 21 Laís Flauzino | CARDIOPAPERS 1° - identificação mulher no ps 2° padronização está correta: 25mm/s e retângulo ok 3° se trata de ritmo sinusal? onda P positiva em D1, onda P positiva em aVF, a cada onda P se segue um complexo QRS, ondas Os tem mesma morfologia entre si. Então é ritmo sinusal. FC = 72bpm (12QRS em D2 longa = 12 x 6 = 72bpm) 4° onda P normal 5° intervalo PR do começo da onda P até R tem menos do que 5 quadradinhos 6° complexo QRS: progressão da onda R ok, duração um pouquinho maior que o normal, deu 2,5 quadradinhos. 7° segmento ST: tem infra de ST em inúmeras derivações e supra de ST em aVR Esse padrão de dor torácica + infra difuso de ST + supra de ST em aVR = pensar em isquemia subendocárdica difusa. Não fazer segundo antiplaquetário e mandar pct para cate precoce. 8° onda T: não chama muita atenção, estão meio achatadas. 9° intervalo QT: não cortou onda T no meio. Dx: isquemia de ventrículo esquerdo – precisa de cateterismo. Pct classificado como alto risco, deveria ir para cate precoce. Não trombolisar esse tipo de paciente.