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@ G U I A D A O A B Questões para DIREITO PENAL Comentadas Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 1 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 01 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Vitor foi condenado pela prática de um crime de lesão corporal leve no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher, sendo aplicada pena privativa de liberdade de três meses de detenção, a ser cumprida em regime aberto, já que era primário e de bons antecedentes. Considerando a natureza do delito, o juiz deixou de substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e não aplicou qualquer outro dispositivo legal que impedisse o recolhimento do autor ao cárcere. No momento da apelação, a defesa técnica de Vitor, de acordo com a legislação brasileira, A) não poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mas poderá pleitear a suspensão condicional da pena, que, inclusive, admite que seja fixada prestação de serviços à comunidade e limitação de final de semana por espaço de tempo. B) não poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mas poderá pleitear a suspensão condicional da pena, que não admite que seja fixada como condição o cumprimento de prestação de serviços à comunidade. C) não poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e nem a suspensão condicional da pena, mas poderá pleitear que o regime aberto seja cumprido em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. D) poderá requerer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, que, contudo, não poderá ser apenas de prestação pecuniária por expressa vedação legal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão cobrou conhecimentos acerca da lei n° 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. De acordo com a súmula 588 do Superior Tribunal de Justiça “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos". Por outro lado, o STJ já decidiu que é possível a suspensão condicional da pena (sursi), vejam: “A jurisprudência desta Corte é firme em assinalar ser possível a concessão de suspensão condicional da pena aos crimes e às contravenções penais praticados em contexto de violência doméstica, desde que preenchidos os requisitos previstos no art. 77 do Código Penal, nos termos reconhecidos na sentença condenatória restabelecida. 4. Agravo regimental não provido". (AgRg no REsp 1691667/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 02/08/2018, DJe 09/08/2018). É permitido ainda que seja fixada prestação de serviços à comunidade e limitação de final de semana por espaço de tempo. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 2 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 02 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Após o expediente, Márcio saiu com seus colegas de trabalho para comemorar o sucesso das vendas naquele mês e sua escolha como melhor funcionário do período. Ao chegarem ao bar, Márcio entregou a chave de seu carro aos colegas, alertando-os que iria beber até se embriagar e cair. Após cumprir a promessa feita aos colegas, Márcio, completamente alterado, se dirigiu até o caixa do bar para pagar sua conta. Devido a divergências quanto à quantidade de bebida consumida, Márcio iniciou uma forte discussão com o atendente do estabelecimento e arremessou a garrafa de cerveja que segurava em sua direção, acertando a cabeça do funcionário e causando-lhe ferimentos de natureza grave. Preocupado com as consequências jurídicas de seu ato, Márcio o(a) procura, na condição de advogado(a), para assistência técnica. Considerando apenas as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a), deverá esclarecer que a conduta praticada por Márcio configura A) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez culposa, podendo ser reconhecida causa de diminuição de pena, já que a embriaguez era completa. B) conduta típica e ilícita, mas não culpável, diante da embriaguez culposa, afastando a culpabilidade do agente. C) crime de lesão corporal grave, com reconhecimento de agravante, diante da embriaguez preordenada. D) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez voluntária. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão cobrou conhecimentos acerca dos efeitos da embriaguez para fins penais e do crime de lesão corporal. Márcio arremessou uma garrafa de cerveja que segurava e acertou a cabeça do funcionário do bar causando- lhe ferimentos de natureza grave. Assim, o fato de Márcio estar embriagado não o exime da responsabilidade penal, pois sua embriaguez foi voluntária. De acordo com o art. 28, inc. II do Código Penal, não excluem a imputabilidade penal a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. Atenção: O Código Penal isenta de pena o agente que está sob efeito de embriaguez completa (essa embriaguez é a acidental, proveniente de caso fortuito ou força maior). Conforme o art. 28, § 1° do CP “É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento". Portanto, Márcio cometeu o crime lesão corporal grave, diante da embriaguez voluntária. A letra A está incorreta porque a embriaguez foi voluntária e não culposa. E mesmo que fosse culposa não haveria isenção de pena, pois somente há isenção quando a embriaguez é acidental. A letra B está incorreta pelo mesmo motivo da letra A. A letra C está incorreta porque, segundo Cezar Bitencourt, a embriaguez preordenada é “aquela em que o agente deliberadamente se embriaga para praticar a conduta delituosa, liberando seus freios inibitórios e fortalecendo sua coragem. Nessa forma de embriaguez apresenta-se a hipótese de actio libera in causa por excelência. O sujeito tem a intenção não apenas de embriagar-se, mas esta é movida pelo propósito criminoso, ou seja, embriaga-se para encorajar-se a praticar o fato criminoso; a embriaguez constitui apenas um meio facilitador da execução de um ilícito desejado, configurando-se, claramente, a presença da actio libera in causa". Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 3 Questões comentadas para OAB – Direito Penal O que não é o caso do enunciado, pois a embriaguez é voluntária, mas não preordenada, visto que Márcio não tinha, a princípio, intenção de cometer nenhum crime. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 4 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 03 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase João e Carlos procuram Paulo para que, juntos, pratiquem um crime de roubo de carga. Apesar de se recusar a acompanhá-los na ação delituosa, Paulo oferece a garagem de sua casa para a guarda da carga roubada, conduta que seria fundamental na empreitada criminosa, já que João e Carlos não teriam outro local para esconder os bens subtraídos. Apenas por terem conseguido o acordo com Paulo, João e Carlos operam a subtração. Ao chegarem à casa de Paulo, este lhes informa que a garagem estava ocupada naquele momento e não poderia mais ser utilizada.Assim, o trio que dividiria os lucros procura o vizinho Pedro e, após contarem o ocorrido, pedem a garagem emprestada por um tempo, proposta que é aceita por Pedro. Sendo todos os fatos apurados e recuperada a carga na garagem de Pedro, as famílias de Paulo e Pedro procuram um(a) advogado(a) para saber acerca da situação jurídica deles. Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá esclarecer que A) ambos poderão ser responsabilizados pelo crime de roubo majorado. B) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de receptação. C) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de favorecimento real. D) Pedro e Paulo poderão ser responsabilizados pelo crime de favorecimento real. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A questão exigiu conhecimentos acerca do concurso de pessoas e dos crimes de roubo, receptação e favorecimento real. Concurso de pessoas é a colaboração entre duas ou mais pessoas para a prática de infração penal (crime ou contravenção penal). Para configurar o concurso de pessoas em sentido estrito (coautoria/ participação) temos que ter presentes 5 requisitos: - Pluralidade de agentes; - Relevância causal da conduta de cada um dos envolvidos; - Vínculo/liame subjetivo (não há necessidade de acordo prévio); - Unidade de infração penal; - Fato punível; O enunciado da questão narra que João e Carlos procuram Paulo para que, juntos, pratiquem um crime de roubo de carga. Apesar de se recusar a acompanhá-los na ação delituosa, Paulo oferece a garagem de sua casa para a guarda da carga roubada, conduta que seria fundamental na empreitada criminosa, já que João e Carlos não teriam outro local para esconder os bens subtraídos. Apenas por terem conseguido o acordo com Paulo, João e Carlos operam a subtração. Ao chegarem à casa de Paulo, este lhes informa que a garagem estava ocupada naquele momento e não poderia mais ser utilizada. A conduta de Paulo foi fundamental para a prática do crime de roubo, pois sem ela João e Carlos não teriam praticado o crime. Dessa forma, Paulo é partícipe do crime de roubo majorado pelo concurso de pessoas (art. 157, § 2°, inc. II, CP), pois de acordo com o art. 29 do Código Penal “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade". Já Pedro, por ter cedido sua garagem, auxiliando os autores do roubo, para guardar o produto do crime cometeu o crime de favorecimento real. Vejam que Pedro não é co-autor do crime de roubo, pois ele só soube do roubo quando pediram ajuda para ele guardar o produto do crime em sua garagem, ou seja, após a consumação do crime de roubo. Também não praticou o crime de receptação, pois ele prestou auxílio aos criminosos e não adquiriu os produtos do Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 5 Questões comentadas para OAB – Direito Penal crime. Assim, sua conduta se enquadra no crime de favorecimento real, conforme art. 349 do CP, que estabelece que: Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 6 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 04 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Vitor, embora não tenha prestado concurso público, está exercendo, transitoriamente e sem receber qualquer remuneração, uma função pública. Em razão do exercício dessa função pública, Vitor aceita promessa de José, particular, de lhe pagar R$ 500,00 (quinhentos reais) em troca de um auxílio relacionado ao exercício dessa função. Ocorre que, apesar do auxílio, José não fez a transferência do valor prometido. Os fatos são descobertos pelo superior hierárquico de Vitor, que o indaga sobre o ocorrido. Na ocasião, Vitor confirma o acontecido, mas esclarece que não acreditava estar causando prejuízo para a Administração Pública. Em seguida, preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Vitor procura seu advogado em busca de assegurar que sua conduta fora legítima. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Vitor deverá esclarecer que sua conduta A) não configura crime em razão de a função ser apenas transitória, logo não pode ser considerado funcionário público para efeitos penais, apesar de o recebimento de remuneração ser dispensável a tal conceito. B) não configura crime em razão de não receber remuneração pela prestação da função pública, logo não pode ser considerado funcionário público para efeitos penais, apesar de o exercício da função transitória não afastar, por si só, tal conceito. C) configura crime de corrupção ativa, na sua modalidade tentada. D) configura crime de corrupção passiva, na sua modalidade consumada. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão cobrou o conhecimento sobre os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral (art. 312 a 326 do Código Penal). Especificamente sobre o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). Os crimes praticados por funcionário público contra a Administração, também chamados de crimes funcionais, tem uma característica importante, conforme ensina Cleber Masson, “são cometidos pelo funcionário público no exercício da função pública ou em razão dela" (negritei). Em seu artigo 327 o Código Penal define quem são os funcionários públicos para efeitos penais: Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. O enunciado da questão se refere a uma pessoa (Vitor) que, embora não tenha prestado concurso público, está exercendo, transitoriamente e sem receber qualquer remuneração, uma função pública. Dessa forma, Vitor é considerado funcionário público para efeitos penais. Assim, temos que a conduta do Vitor de solicitar vantagem indevida para si no exercício de sua função configura o crime de corrupção passiva, previsto no art. 317 do Código penal. Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. O crime de corrupção passiva é um crime formal e se consuma com a mera solicitação da vantagem indevida, sendo dispensável seu resultado (recebimento da vantagem). Portanto, o crime praticado por Vitor é o crime de corrupção passiva consumado. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 7 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 05 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Augusto foi condenado com trânsito em julgado pela prática da contravenção penal de perturbação da tranquilidade, prevista no Art. 65 da Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41). No ano seguinte à sua condenação definitiva, Augusto foi preso pela prática do crime de estupro. Diante do caso narrado, Augusto, ao ser julgado pelo crime de estupro, deverá ser considerado A) primário com maus antecedentes, já que o cometimento de crime após condenação com trânsito em julgado por contravenção penal não gera reincidência. B) reincidente, na medida em que a lei das contravenções penais considera que a condenação por crime após a condenação pela contravenção gera reincidência. C) reincidente, na medida em que o Código Penal estabelece que tanto o cometimento decrime quanto de contravenção gera reincidência. D) primário com bons antecedentes, na medida em que a condenação com trânsito em julgado por contravenção não tem o condão de gerar nem reincidência nem maus antecedentes. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão cobrou conhecimentos acerca da reincidência e dos maus antecedentes. Antes de respondermos à questão é importante lembrar que esta questão foi anulada de ofício pela Fundação Getúlio Vargas em razão de imprecisão no enunciado da questão. Contudo, a imprecisão do enunciado não prejudica o entendimento da questão, mas a FGV achou melhor anular a questão para garantir a isonomia dos candidatos. Para responder corretamente à questão precisamos compreender os conceitos de reincidência e maus antecedentes. De acordo com o art. 63 do Código Penal “Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior ". Assim, para que haja reincidência o agente deverá ter sido condenado definitivamente por um crime anteriormente. A condenação anterior por contravenção penal não é capaz de induzir a reincidência, pois o art. 63 fala em crime espécie do gênero infração penal (a infração penal – gênero – tem como espécie o crime e a contravenção penal). Assim, pelo princípio da legalidade não podemos fazer analogia e nem interpretação extensiva para prejudicar o réu no direito penal. Já os maus antecedentes, de acordo com Alexandre Paranhos Pinheiros Marques, em artigo publicado no site da Conjur, “são verificados quando o agente pratica determinada conduta criminosa após o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória que não terá o condão de gerar a reincidência ". Assim, a condenação penal de Augusto por uma contravenção penal não tem o condão de induzir sua reincidência. Portanto, Augusto é primário, mas com maus antecedentes por ter sido condenado anteriormente pela prática da contravenção penal. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 8 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 06 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Félix, com dolo de matar seus vizinhos Lucas e Mário, detona uma granada na varanda da casa desses, que ali conversavam tranquilamente, obtendo o resultado desejado. Os fatos são descobertos pelo Ministério Público, que denuncia Félix por dois crimes autônomos de homicídio, em concurso material. Após regular procedimento, o Tribunal do Júri condenou o réu pelos dois crimes imputados e o magistrado, ao aplicar a pena, reconheceu o concurso material. Diante da sentença publicada, Félix indaga, reservadamente, se sua conduta efetivamente configuraria concurso material de dois crimes de homicídio dolosos. Na ocasião, o(a) advogado(a) do réu, sob o ponto de vista técnico, deverá esclarecer ao seu cliente que sua conduta configura dois crimes autônomos de homicídio, A) em concurso material, sendo necessária a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos. B) devendo ser reconhecida a forma continuada e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação de uma das penas e não do cúmulo material. C) devendo ser reconhecido o concurso formal próprio e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação de uma das penas e não do cúmulo material. D) devendo ser reconhecido o concurso formal impróprio, o que também imporia a regra da soma das penas aplicadas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A questão cobra conhecimentos relativos ao tema concurso de crimes. Ocorre concurso de crimes sempre que forem cometidas duas ou mais infrações penais. Há três espécies de concursos de crimes: Concurso material, concurso formal e crime continuado. Concurso material ou real: tem sua previsão legal no art. 69 do Código Penal e ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Vejam que no caso de concurso material há pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. Concurso formal ou ideal: previsto no art. 70 do Código Penal e ocorre quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Aqui, ao contrário do concurso material, temos apenas uma conduta e uma pluralidade de resultados. O concurso formal tem como espécies: Concurso formal homogêneo: quando os crimes são idênticos. Ex. 4 crimes de roubo. Concurso formal heterogêneo: quando os crimes são diferentes. Ex. Furto, roubo e extorsão. Concurso formal próprio ou perfeito: quando o agente mediante apenas uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes, sem que haja com desígnios (propósito) autônomos. Neste caso aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade (art. 70, CP). Concurso formal impróprio ou imperfeito: quando o agente mediante apenas uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes. Contudo, no concurso formal impróprio ou imperfeito há desígnios (propósito) autônomos. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 9 Questões comentadas para OAB – Direito Penal Aqui, as penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos (art. 70, parte final, CP) Crime continuado ou continuidade delitiva: previsto no art. 71 do Código Penal, é uma ficção jurídica que estabelece que quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. Aqui o legislador dar um bônus ao agente criminoso, ele pratica dois ou mais crimes, mas responderá apenas como se tivesse cometido apenas um crime. Feito essa breve explicação sobre o concurso de crimes vamos à resposta da questão. O enunciado da questão refere-se ao conceito de crime formal impróprio ou imperfeito, visto que o agente mediante apenas uma conduta (ação ou omissão) pratica dois crimes. O agente agiu com desígnios (propósito) autônomos em relação a cada vítima, pois ele queria matar os dois. Neste caso, as penas serão somadas conforme a regra da parte final do art. 70, CP. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 10 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 07 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase Flávio, oficial de justiça de determinado Tribunal Regional Federal, no exercício de suas atribuições, ao se dirigir para uma diligência, foi surpreendido por intenso tiroteio. Em razão disso, Flávio adentrou clandestinamente o imóvel de Júlia, sendo que permaneceu no local sem determinação judicial, por longo período e contra a vontade da proprietária. Diante da configuração de crime previsto na Lei de Abuso de Autoridade, Flávio foi denunciado no âmbito criminal, sendo certo que, após o devido processo legal, ele foi absolvido, em decorrência da caracterização de estado de necessidade, operando-se o trânsito em julgado da sentença. Paralelamente, foi instaurado processo administrativo disciplinar, para fins de obter a responsabilização de Flávio pela respectiva falta funcional. Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta. A) O reconhecimento de que Flávio praticou o ato de abuso de autoridade em estado de necessidade na decisão prolatada na esfera penal faz coisa julgada no âmbito administrativo-disciplinar. B) A existênciade ação penal por abuso de autoridade em face de Flávio deveria ter impedido a instauração do processo administrativo disciplinar, pois não é admitida duplicidade de responsabilização. C) A sentença penal que absolveu Flávio não pode repercutir na esfera administrativa-disciplinar, uma vez que a sentença absolutória criminal somente pode refletir em outras esferas nas hipóteses de negativa de autoria. D) Não é possível aplicar penalidade administrativa-disciplinar a Flávio, na medida em que toda sentença absolutória penal vincula o controle pela Administração Pública, ainda que o fundamento criminal seja a ausência de prova. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. A questão cobrou conhecimentos acerca da Lei do Abuso de Autoridade – Lei n° 13.869 de 2019. Um mesmo fato pode ensejar responsabilidade penal, civil e administrativa, por conta da independência das instâncias. Essa independência é prevista em diversos diplomas legais como a lei n° 8.112/1990 que prevê: Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. O Código Civil tem igual previsão: Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. O Código de Processo Penal também prevê a independência das instâncias: Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. Assim, um mesmo fato poderá ensejar a responsabilidade do agente no âmbito penal, civil e administrativo, cumulativamente, ou em apenas uma ou duas delas. Em regra, a decisão no âmbito penal não interfere no âmbito civil e nem no administrativo. Entretanto, a lei n° 13.869/2019 – Lei de Abuso de Autoridade, em seu art. 8°, reconhece que “Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito". Assim, o reconhecimento de que Flávio praticou o ato de abuso de autoridade em estado de necessidade na decisão prolatada na esfera penal faz coisa julgada no âmbito administrativo-disciplinar. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 11 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 08 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Rafael, preso provisório, agride dolosamente o seu companheiro de cela, causando-lhe lesão corporal de natureza grave e gerando grande confusão que iniciou uma subversão da ordem interna. Após procedimento disciplinar, assegurado direito de defesa, o diretor do estabelecimento prisional aplica a Rafael sanção disciplinar consistente na sua inclusão no regime disciplinar diferenciado, pelo período de 45 dias. Considerando os fatos narrados, o advogado de Rafael poderá buscar o reconhecimento da ilegalidade da sanção aplicada, porque A) o fato praticado pelo preso não constitui falta grave. B) a inclusão do preso em regime disciplinar diferenciado depende de decisão do juízo competente. C) o preso provisório não está sujeito ao regime disciplinar diferenciado. D) a inclusão no regime disciplinar diferenciado não pode ultrapassar o período inicial de 30 dias, apesar da possível prorrogação por igual período. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A) Incorreta. A conduta praticada por Rafael, além de constituir crime de lesão corporal grave (artigo 129, § 1º, do Código Penal), justifica também a inclusão dele no regime disciplina diferenciado, à medida que ocasionou a subversão da ordem interna, nos termos do que estabelece o artigo 52 da Lei nº 7.210/1884 – Lei de Execução Penal. B) Correta. O advogado deverá buscar o reconhecimento da ilegalidade da sanção, porque o regime disciplinar diferenciado somente pode ser aplicado por decisão fundamentada do juiz competente, não podendo ser aplicado por ato do diretor do estabelecimento, nos termos do que estabelece o artigo 54 da Lei nº 7.210/1984. C) Incorreta. O regime disciplinar diferenciado é uma sanção disciplinar que pode ser aplicada a presos provisórios ou condenados, consoante dispõe o artigo 52 da Lei nº 7.210/1984. D) Incorreta. O regime disciplinar diferenciado poderá ter a duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, conforme preceitua o inciso I do artigo 52 da Lei de Execução Penal. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 12 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 09 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Paulo e Júlia viajaram para Portugal, em novembro de 2019, em comemoração ao aniversário de um ano de casamento. Na cidade de Lisboa, dentro do quarto do hotel, por ciúmes da esposa que teria olhado para terceira pessoa durante o jantar, Paulo veio a agredi-la, causando-lhe lesões leves reconhecidas no laudo próprio. Com a intervenção de funcionários do hotel que ouviram os gritos da vítima, Paulo acabou encaminhado para Delegacia, sendo liberado mediante o pagamento de fiança e autorizado seu retorno ao Brasil. Paulo, na semana seguinte, retornou para o Brasil, sem que houvesse qualquer ação penal em seu desfavor em Portugal, enquanto Júlia permaneceu em Lisboa. Ciente de que o fato já era do conhecimento das autoridades brasileiras e preocupado com sua situação jurídica no país, Paulo procura você, na condição de advogado(a), para obter sua orientação. Considerando apenas as informações narradas, você, como advogado(a), deve esclarecer que a lei brasileira A) não poderá ser aplicada, tendo em vista que houve prisão em flagrante em Portugal e em razão da vedação do bis in idem. B) poderá ser aplicada diante do retorno de Paulo ao Brasil, independentemente do retorno de Júlia e de sua manifestação de vontade sobre o interesse de ver o autor responsabilizado criminalmente. C) poderá ser aplicada, desde que Júlia retorne ao país e ofereça representação no prazo decadencial de seis meses. D) poderá ser aplicada, ainda que Paulo venha a ser denunciado e absolvido pela justiça de Portugal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. A) Incorreta. A lei brasileira pode ter aplicação fora do território brasileiro, estando a extraterritorialidade da lei penal regulada no artigo 7º do Código Penal. As hipóteses elencadas no inciso I do referido dispositivo legal são de extraterritorialidade incondicionada, enquanto as hipóteses do inciso II do mesmo dispositivo de lei são de extraterritorialidade condicionada a determinados requisitos. O caso narrado é de extraterritorialidade condicionada, uma vez que praticado por brasileiro. As condições para a aplicação da lei penal brasileira à hipótese estão elencadas no § 2º do artigo 7º do Código Penal, de forma que, atendidas tais condições, seria possível a instauração de processo criminal no Brasil, não havendo que se falar em vedação do bis in idem. B) Correta. Tratando-se de hipótese de extraterritorialidade condicionada, um dos requisitos para a instauração de processo criminal no Brasil seria o retorno de Paulo ao país. A manifestação de Júlia é desnecessária, por ser a violência doméstica/familiar contra a mulher um crime de ação penal pública incondicionada, de acordo com o entendimento consagrado nos tribunais superiores. C) Incorreta. Como já afirmado, o crime previsto no artigo 129, § 9º, do Código Penal, quando praticado contra a vítima mulher, é de ação penal pública incondicionada, pelo que não há que se falarem representação, tampouco em prazo decadencial. D) Incorreta. Tratando-se de hipótese de extraterritorialidade condicionada, somente poderá ser aplicada a lei brasileira se atendidos todos os requisitos elencados no § 2º do artigo 7º do Código Penal, dentre os quais está a exigência de que o agente não tenha sido absolvido no estrangeiro. Assim sendo, o fato de Paulo ser denunciado em Portugal não impediria a instauração de processo no Brasil, mas o fato de ser ele lá absolvido impediria a instauração de processo no Brasil pelo mesmo fato. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 13 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 10 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Paulo é dono de uma loja de compra e venda de veículos usados. Procurado por um cliente interessado na aquisição de um veículo Audi Q7 e não tendo nenhum similar para vender, Paulo promete ao cliente que conseguirá aquele modelo no prazo de sete dias. No dia seguinte, Paulo verifica que um carro, do mesmo modelo pretendido, se achava estacionado no pátio de um supermercado e, assim, aciona Júlio e Felipe, conhecidos furtadores de carros da localidade, prometendo a eles adquirir o veículo após sua subtração pela dupla, logo pensando na venda vantajosa que faria para o cliente interessado. Júlio e Felipe, tranquilos com a venda que seria realizada, subtraíram o carro referido e Paulo efetuou a compra e o pagamento respectivo. Dias após, Paulo vende o carro para o cliente. Todavia, a polícia identificou a autoria do furto, em razão de a ação ter sido monitorada pelo sistema de câmeras do supermercado, sendo o veículo apreendido e recuperado com o cliente de Paulo. Paulo foi denunciado pela prática dos crimes de receptação qualificada e furto qualificado em concurso material. Confirmados integralmente os fatos durante a instrução, inclusive com a confissão de Paulo, sob o ponto de vista técnico, cabe ao advogado de Paulo buscar o reconhecimento do A) crime de receptação simples e furto qualificado, em concurso material. B) crime de receptação qualificada, apenas. C) crime de furto qualificado, apenas. D) crime de receptação simples, apenas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A) Incorreta. Não se pode atribuir a Paulo a prática dos crimes de receptação e de furto em concurso material. A receptação é um crime parasitário ou acessório, por depender da existência de um crime anterior. Ademais, a receptação é um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, menos por quem tenha concorrido para o crime anterior, justamente porque, assim sendo, o agente será responsabilizado por este delito e não pela receptação. No mais, o fato de Paulo ter acertado a aquisição do veículo, por ele mesmo indicado, antes de sua subtração por Julio e Felipe, o coloca na condição de concorrente do crime de furto, pelo que não pode responder por receptação. Esta é a orientação da doutrina: “A contribuição pode ocorrer desde a cogitação até a consumação. Se for posterior à consumação, não há concurso de pessoas, podendo o agente responder por crime autônomo (ex.: receptação, favorecimento pessoal, favorecimento real)". (ALVES, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. 2 ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2021, p. 411) B) Incorreta. Diante do seu envolvimento direto no crime de furto anteriormente ocorrido, em relação ao veículo que, inclusive, fora subtraído por indicação de Paulo, este não poderá ser responsabilizado por receptação, mais sim pelo furto. Insta salientar que a receptação qualificada se encontra prevista no § 1º do artigo 180 do Código Penal, sendo um de seus requisitos que o agente pratique a conduta no exercício de atividade comercial ou industrial, tratando-se por isso de crime próprio. C) Correta. Na hipótese, Paulo somente poderá ser responsabilizado pelo furto, que, no caso, é qualificado pelo concurso de duas ou mais pessoas, nos termos do artigo 155, § 4º, inciso IV, do Código Penal. D) Incorreta. Se Paulo não tivesse tido envolvimento no furto e viesse, após a ocorrência deste crime, a adquirir o veículo, sabendo tratar-se de produto de crime, responderia por receptação qualificada (artigo 180, § 1º, do Código Penal), por agir no exercício de sua atividade comercial. No entanto, como já afirmado, considerando o seu envolvimento do furto anteriormente praticado, não poderá ser tido como autor do crime de receptação, seja a simples ou a qualificada. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 14 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 11 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase Francisco foi vítima de uma contravenção penal de vias de fato, pois, enquanto estava de costas para o autor, recebeu um tapa em sua cabeça. Acreditando que a infração teria sido praticada por Roberto, seu desafeto que estava no local, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido, apontando, de maneira precipitada, o rival como autor. Diante disso, foi instaurado procedimento investigatório em desfavor de Roberto, sendo, posteriormente, verificado em câmeras de segurança que, na verdade, um desconhecido teria praticado o ato. Ao tomar conhecimento dos fatos, antes mesmo de ouvir Roberto ou Francisco, o Ministério Público ofereceu denúncia em face deste, por denunciação caluniosa. Considerando apenas as informações expostas, você, como advogado(a) de Francisco, deverá, sob o ponto de vista técnico, pleitear A) a absolvição, pois Francisco deu causa à instauração de investigação policial imputando a Roberto a prática de contravenção, e não crime. B) extinção da punibilidade diante da ausência de representação, já que o crime é de ação penal pública condicionada à representação. C) reconhecimento de causa de diminuição de pena em razão da tentativa, pois não foi proposta ação penal em face de Roberto. D) a absolvição, pois o tipo penal exige dolo direto por parte do agente. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. A) Incorreta. O caso é mesmo de absolvição, mas a razão é outra que não o fato de ter sido imputada a Roberto a prática de contravenção penal e não de crime. É que o tipo penal objetivo descrito no artigo 339 do Código Penal também se configura diante da imputação de uma contravenção penal à vítima, apenas resultando em diminuição da pena pela metade, consoante estabelece o § 2º do dispositivo legal antes mencionado. B) Incorreta. A denunciação caluniosa, descrita no artigo 339 do Código Penal, se configura em crime de ação penal pública incondicionada, pelo que não há que se falar da necessidade de representação da vítima, tampouco em extinção da punibilidade pela ausência de tal manifestação. C) Incorreta. O crime de denunciação caluniosa, objetivamente, se configuraria mediante a instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa. Assim sendo, a consumação do delito previsto no artigo 339 do Código Penal não exige que necessariamente seja instaurada uma ação penal contra a vítima. D) Correta. Uma vez que a descrição típica do artigo 339 do Código Penal exige que o agente saiba que a vítima é inocente, o crime somente se configura diante do dolo direto. Oportuno destacar a jurisprudência que se segue: “O crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do Código Penal, exige que o agente tenha conhecimento da inocência e, mesmo assim, movimente, dolosamente a máquina judiciária com a intenção de prejudicar a vítima. Neste caso, não há nos autos qualquer elemento capaz de demonstrar a conduta dolosa do paciente e dos demais acusados e, sem prova desse elementosubjetivo, não se pode falar na prática do fato típico atribuído ao paciente na inicial acusatória." (STJ., 5ª T. HC 510410/MS. Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca. J. 15/08/2019). Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 15 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 12 - FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXII - Primeira Fase João, em 17/06/2015, foi condenado pela prática de crime militar próprio. Após cumprir a pena respectiva, João, em 30/02/2018, veio a praticar um crime de roubo com violência real, sendo denunciado pelo órgão ministerial. No curso da instrução criminal, João reparou o dano causado à vítima, bem como, quando interrogado, admitiu a prática do delito. No momento da sentença condenatória, o magistrado reconheceu a agravante da reincidência, não reconhecendo atenuantes da pena e nem causas de aumento e de diminuição da reprimenda penal. Considerando as informações expostas, em sede de apelação, o advogado de João poderá requerer A) o reconhecimento da atenuante da confissão e da causa de diminuição de pena do arrependimento posterior, mas não o afastamento da agravante da reincidência. B) o reconhecimento das atenuantes da reparação do dano e da confissão, mas não o afastamento da agravante da reincidência. C) o reconhecimento das atenuantes da confissão e da reparação do dano e o afastamento da agravante da reincidência. D) o reconhecimento da atenuante da confissão e da causa de diminuição de pena do arrependimento posterior, bem como o afastamento da agravante da reincidência. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. A) Incorreta. O advogado de João deverá realmente requerer o reconhecimento da atenuante da confissão, já que o réu efetivamente confessou o crime. Não há possibilidade, porém, de ser requerida a aplicação da causa de diminuição de pena consistente no arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, porque o crime praticado por João envolve violência à pessoa, o que impossibilita a aplicação do referido instituto. Também é pertinente recorrer em relação ao afastamento da agravante da reincidência, uma vez que, conforme já salientado, o réu não poderia ser considerado reincidente, diante da condenação anterior por crime militar próprio. B) Incorreta. Seria pertinente que o advogado, em seu recurso, requeresse o reconhecimento das atenuantes da confissão e da reparação do dano (artigo 65, inciso III, alíneas “b" e “d", do Código Penal), mas, ao contrário do afirmado, deveria requerer também o afastamento da agravante da reincidência, pois o réu, na hipótese, não poderia ter sido considerado reincidente. C) Correta. Deveria efetivamente o advogado requerer o reconhecimento das circunstâncias atenuantes da confissão e da reparação do dano (artigo 65, inciso III, alíneas “b" e “d", do Código Penal), bem como deveria requerer o afastamento da reincidência, uma vez que o crime pelo qual o réu foi condenado anteriormente consistiu em crime militar próprio, que não gera reincidência de acordo com o artigo 64, inciso II, do Código Penal. D) Incorreta. Seria pertinente requerer o reconhecimento da atenuante da confissão e o afastamento da agravante da reincidência, como já ressaltado anteriormente, mas não seria o caso de ser requerida a aplicação da causa de diminuição de pena relativa ao arrependimento posterior, uma vez que o crime praticado por João envolveu violência real à pessoa, o que afasta a possibilidade de aplicação do instituto do arrependimento posterior, conforme estabelecido no artigo 16 do Código Penal. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 16 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 13 - (OAB-DF/EXAME DE ORDEM/PRIMEIRA FASE): O ordenamento positivo penal deve ter como excepcional a previsão de sanções penais e não apresentar como instrumento de satisfação de situações contingentes e particulares, muitas vezes servindo apenas a interesses de políticos do momento para aplacar o clamor público exacerbado pela mídia. Essa advertência decorre do princípio da: a) Insignificância; b) Adequação social; c) Intervenção mínima; d) Coação psicológica. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. O princípio da intervenção mínima (também chamado de princípio da ultima ratio), trata da ideia de que o Direito Penal deverá ser utilizado quando não houver mais alternativa, ou seja, apenas em último caso, daí o nome, princípio da intervenção mínima. Analisando a questão apresentada, pode-se enxergar claramente que é este o princípio verificado, uma vez que a questão trata justamente disto, de que o ordenamento jurídico penal deverá ser utilizado como excepcional a previsão de sanções penais. QUESTÃO 14 - (CESPE/OAB-SP/EXAME DE ORDEM): Assinale a opção correta com base nos princípios de direito penal na CF. a) O princípio básico que orienta a construção do direito penal é o da intranscendência da pena, resumido na fórmula nullum crimen, nulla poena, sine lege. b) Segundo a CF, é proibida a retroação de leis penais, ainda que estas sejam mais favoráveis ao acusado. c) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas até os sucessores e contra eles executadas, mesmo que ultrapassem o limite do valor do patrimônio transferido. d) O princípio da humanidade veda as penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, bem como as de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e as cruéis. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Analisando as opções é possível verificar que a única opção correta é a alternativa D, uma vez que o texto proposto na alternativa é justamente o que prevê o princípio da humanidade. Por sua vez, analisando as demais alternativas, podemos encontrar erros. Na alternativa A, fala que nullum crimen, nulla poena, sine lege remete ao princípio da intrascedência da pena, que o que é verdade, remete ao princípio da reserva legal. Na alternativa B, alega que segundo a CF, é proibida a retroação de leis penais, mesmo que favoráveis ao acusado, o que não é verdade. A lei penal pode retroagir se for em benefício ao acusado. E, na alternativa diz que a reparação do dano poderá ultrapassar o limite do patrimônio, o que novamente não é verdade, a obrigação de reparação não pode ultrapassar o limite do valor do patrimônio transferido. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 17 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 15 - (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM): Em relação ao princípio da insignificância, assinale a afirmativa correta. a) O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da culpabilidade. A conduta do agente, embora típica e ilícita, não é culpável. b) A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o Supremo Tribunal Federal, requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do princípio da insignificância. c) A jurisprudência predominante dos tribunais superiores é acorde em admitir a aplicação do princípio da insignificância em crimes praticados com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa (a exemplo do roubo). d) O princípio da insignificância funciona como causa de diminuição de pena. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra b. A alternativa correta é letra B justamente por este ser o entendimento do STF quando a mínima ofensividade da conduta. Já a alternativa A está incorreta pois o princípio da insignificância faz com que a conduta doagente deixe de ser típica, ou seja, remove a tipicidade. Por sua vez, a alternativa C está incorreta pois o princípio da insignificância não pode ser aplicado em caso de crimes praticados com emprego de violência ou grave ameaça. A alternativa D está incorreta pois o princípio da insignificância não funciona como causa de diminuição de pena, e se funciona como causa de exclusão da tipicidade material. QUESTÃO 16 - (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM): O Presidente da República, diante da nova onda de protestos, decide, por meio de medida provisória, criar um tipo penal para coibir os atos de vandalismo. A medida provisória foi convertida em lei, sem impugnações. Com base nos dados fornecidos, assinale a opção correta. a) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais por meio de medida provisória, quando convertida em lei. b) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais por meio de medida provisória, pois houve avaliação prévia do Congresso Nacional. c) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não é possível a criação de tipos penais por meio de medida provisória. d) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não cabe ao Presidente da República a iniciativa de lei em matéria penal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra c. a) Errada. Apenas leis ordinárias e complementares podem criar tipos penas. b) Errada. Mesmo caso da alternativa A. c) Certa. Justamente isto. Não é possível a criação de tipos penais por meio de medida provisória. d) Errada. Alternativa que pode confundir o candidato. A alternativa está errada pois o que impede a MP é a própria natureza da mesma, já que não é lei em sentido estrito e não a iniciativa da lei. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 18 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 17 - (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM): Pedro Paulo, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pelo crime de descaminho (Art. 334, caput, do Código Penal), pelo transporte de mercadorias procedentes do Paraguai e desacompanhadas de documentação comprobatória de sua importação regular, no valor de R$ 3.500,00, conforme atestam o Auto de Infração e o Termo de Apreensão e Guarda Fiscal, bem como o Laudo de Exame Merceológico, elaborado pelo Instituo Nacional de Criminalística. Em defesa de Pedro Paulo, segundo entendimento dos Tribunais Superiores, é possível alegar a aplicação do a) Princípio da proporcionalidade. b) Princípio da culpabilidade. c) Princípio da adequação social. d) Princípio da insignificância ou da bagatela. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra d. É possível a aplicação do princípio da insignificância no caso do crime de descaminho, contudo, este valor não pode ultrapassar R$ 20.000,00 (vinte mil reais), segundo o entendimento do STF e STJ. QUESTÃO 18 - (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM): Acerca dos princípios que limitam e informam o Direito Penal, assinale a afirmativa correta. a) O princípio da insignificância diz respeito aos comportamentos aceitos no meio social. b) A conduta da mãe que autoriza determinada enfermeira da maternidade a furar a orelha de sua filha recém-nascida não configura crime de lesão corporal por conta do princípio da adequação social. c) O princípio da legalidade não se aplica às medidas de segurança, que não possuem natureza de pena, tanto que somente quanto a elas se refere o art. 1o do Código Penal. d) O princípio da lesividade impõe que a responsabilidade penal seja exclusivamente subjetiva, ou seja, a conduta penalmente relevante deve ter sido praticada com consciência e vontade ou, ao menos, com a inobservância de um dever objetivo de cuidado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra b. a) Incorreta. Na verdade, o princípio da insignificância diz respeito à inexpressividade da lesão ao bem jurídico ante a punição aplicável. O comportamento praticado continua a não ser aceito no meio social. b) Correta. Exatamente conforme estudamos: condutas socialmente aceitas não são consideradas objeto de punição no Direito Penal. É exatamente o caso de furar a orelha do recém-nascido (o que, em tese, constituiria o delito de lesão corporal). c) Incorreta. O princípio da legalidade se aplica sim às medidas de segurança. d) Incorreta. Quem é responsável por impor a responsabilidade penal subjetiva é o princípio da culpabilidade, e não o da lesividade. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 19 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 19 - (2019/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVIII – PRIMEIRA FASE): Sílvio foi condenado pela prática de crime de roubo, ocorrido em 10/01/2017, por decisão transitada em julgado, em 05/03/2018, à pena base de 4 anos de reclusão, majorada em 1/3 em razão do emprego de arma branca, totalizando 5 anos e 4 meses de pena privativa de liberdade, além de multa. Após ter sido iniciado o cumprimento definitivo da pena por Sílvio, foi editada, em 23/04/2018, a Lei n. 13.654/18, que excluiu a causa de aumento pelo emprego de arma branca no crime de roubo. Ao tomar conhecimento da edição da nova lei, a família de Sílvio procura um(a) advogado(a). Considerando as informações expostas, o(a) advogado(a) de Sílvio: a) não poderá buscar alteração da sentença, tendo em vista que houve trânsito em julgado da sentença penal condenatória. b) poderá requerer ao juízo da execução penal o afastamento da causa de aumento e, consequentemente, a redução da sanção penal imposta. c) deverá buscar a redução da pena aplicada, com afastamento da causa de aumento do emprego da arma branca, por meio de revisão criminal. d) deverá buscar a anulação da sentença condenatória, pugnando pela realização de novo julgamento com base na inovação legislativa. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra b. Nossa primeira questão já nos apresenta um conceito importante que já foi objeto de prova diversas vezes. Compete ao juízo da execução penal a aplicação da lei mais benigna, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (Súmula 611 do STF). Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 20 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 20 - (2018/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVI PRIMEIRA FASE): Jorge foi condenado, definitivamente, pela prática de determinado crime, e se encontrava em cumprimento dessa pena. Ao mesmo tempo, João respondia a uma ação penal pela prática de crime idêntico ao cometido por Jorge. Durante o cumprimento da pena por Jorge e da submissão ao processo por João, foi publicada e entrou em vigência uma lei que deixou de considerar as condutas dos dois como criminosas. Ao tomarem conhecimento da vigência da lei nova, João e Jorge o procuram, como advogado, para a adoção das medidas cabíveis. Com base nas informações narradas, como advogado de João e de Jorge, você de- verá esclarecer que: a) não poderá buscar a extinção da punibilidade de Jorge em razão de a sentença condenatória já ter transitado em julgado, mas poderá buscar a de João, que continuará sendo considerado primário e de bons antecedentes. b) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos civis e penais da condenação de Jorge, inclusive não podendo ser considerada para fins de reincidência ou maus antecedentes. c) poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, fazendo cessar todos os efeitos penais da condenação de Jorge, mas não os extrapenais. d) não poderá buscar a extinção da punibilidade dos dois, tendo em vista que os fatos foram praticados anteriormente à edição da lei. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra c. Conforme dizeresdo art. 2o do CP, ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Nesse sentido, note que prevalece a assertiva c. A extinção da punibilidade poderá ser buscada para ambos, ressalvados os efeitos extrapenais da sentença condenatória. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 21 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 21 - (2016/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXI PRIMEIRA FASE): Revoltado com a conduta de um Ministro de Estado, Mário se esconde no interior de uma aeronave pública brasileira, que estava a serviço do governo, e, no meio da viagem, já no espaço aéreo equivalente ao Uruguai, desfere 05 facadas no Ministro com o qual estava insatisfeito, vindo a causar-lhe lesão corporal gravíssima. Diante da hipótese narrada, com base na lei brasileira, assinale a afirmativa correta. a) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da territorialidade. b) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da extraterritorialidade e princípio da justiça universal. c) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da extraterritorialidade, desde que ingresse em território brasileiro e não venha a ser julgado no estrangeiro. d) Mário não poderá ser responsabilizado pela lei brasileira, pois o crime foi cometido no exterior e nenhuma das causas de extraterritorialidade se aplica ao caso. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Questão boa, na qual o examinador tenta confundir você e te induzir a utilizar o princípio da extraterritorialidade como base para a aplicação da lei brasileira (o que seria incorreto). Lembre-se: aeronave pública brasileira, a serviço do governo, deve ser tratada como se fosse “um pedacinho” do território brasileiro “voando” por aí. Ou seja, trata-se de território brasileiro por extensão e de caso de aplicação da lei brasileira por força do princípio da TERRITORIALIDADE. QUESTÃO 22 - (2016/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XIX PRIMEIRA FASE): Em razão do aumento do número de crimes de dano qualificado contra o patrimônio da União (pena: detenção de 6 meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 de dezembro de 2015, tal delito (Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal) passaria a ter pena de 2 a 5 anos de detenção. João, em 20 de dezembro de 2015, destrói dolosamente um bem de propriedade da União, razão pela qual o denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso nas sanções do Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal. Considerando a hipótese narrada, no momento do julgamento, em março de 2016, deverá ser considerada, em caso de condenação, a pena de: a) 6 meses a 3 anos de detenção, pois a Constituição prevê o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu. b) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei temporária tem ultratividade gravosa. c) 6 meses a 3 anos de detenção, pois aplica-se o princípio do tempus regit actum (tempo rege o ato). d) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei excepcional tem ultratividade gravosa. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra b. Conforme estudamos, quando a lei possui um prazo fixo de validade, estamos diante de uma lei penal temporária. E, nesse sentido, excepcionalmente, aplica-se a chamada ultratividade gravosa, permitindo sua aplicação, mesmo após sua revogação, aos atos praticados durante sua vigência. É por esse motivo que, em caso de condenação, deverá ser considerada a pena de 2 a 5 anos de detenção, prevista na referida lei temporária – nos ditames da assertiva b. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 22 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 23 - (2014/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XIII PRIMEIRA FASE): Considere que determinado agente tenha em depósito, durante o período de um ano, 300 kg de cocaína. Considere também que, durante o referido período, tenha entrado em vigor uma nova lei elevando a pena relativa ao crime de tráfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta. a) Deve ser aplicada a lei mais benéfica ao agente, qual seja, aquela que já estava em vigor quando o agente passou a ter a droga em depósito. b) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a vigorar durante o período em que o agente ainda estava com a droga em depósito. c) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado é permitido fazer a combinação das leis sempre que essa atitude puder beneficiar o réu. d) O magistrado poderá aplicar o critério do caso concreto, perguntando ao réu qual lei ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais benéfica. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Precisamos relembrar duas informações para “matar” essa questão de vez. Em primeiro lugar, lembre-se de que estamos diante de crime PERMANENTE (ter em depósito as drogas em questão). Assim sendo, aplica-se a súmula 711 do STF, segundo a qual devo aplicar a lei vigente quando cessou a conduta delituosa – ainda que mais gravosa. Além disso, lembre-se de que, quanto à combinação de leis, estudamos diversos posicionamentos jurisprudenciais e doutrinários contrários à tal possibilidade em sede de direito penal. QUESTÃO 24 - (2014/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XI PRIMEIRA FASE): No ano de 2005, Pierre, jovem francês residente na Bulgária, atentou contra a vida do então presidente do Brasil que, na ocasião, visitava o referido país. Devidamente processado, segundo as leis locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta. a) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro, não ficou satisfeita uma das exigências previstas à hipótese de extraterritorialidade condicionada. b) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de extraterritorialidade incondicionada, exigindo- se, apenas, que o fato não tenha sido alcançado por nenhuma causa extintiva de punibilidade no estrangeiro. c) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente absolvido no estrangeiro. d) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como o agente é estrangeiro e a conduta foi praticada em território também estrangeiro, as exigências relativas à extraterritorialidade condicionada não foram satisfeitas. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Questão muito boa. Pessoal, atentado contra a vida do presidente da República é caso de extraterritorialidade INCONDICIONADA. E, nesse sentido, é efetivamente irrelevante o fato do agente ter sido absolvido no estrangeiro. Pouco importa, a lei penal brasileira será aplicada! Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 23 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 25 - (2012/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO VII PRIMEIRA FASE): John, cidadão inglês, capitão de uma embarcação particular de bandeira americana, é assassinado por José, cidadão brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de São Paulo. Nesse contexto, é correto afirmar que a lei brasileira: a) não é aplicável,uma vez que a embarcação é americana, devendo José ser processado de acordo com a lei estadunidense. b) é aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade privada estava atracada em território nacional. c) é aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em território estrangeiro, foi praticado por brasileiro. d) não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena, é competência de o Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes praticados em embarcação estrangeira atracada em território de país diverso. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Outra questão excelente. Lembre-se de que a região costeira (mar territorial Brasileiro) faz parte de nosso território. Assim sendo, se a embarcação for privada, teremos a aplicação regular da lei penal brasileira, independentemente do agente delitivo ser brasileiro. QUESTÃO 26 - (2011/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – V PRIMEIRA FASE): Acerca da aplicação da lei penal no tempo e no espaço, assinale a alternativa correta. a) Se um funcionário público a serviço do Brasil na Itália praticar, naquele país, crime de corrupção passiva (art. 317 do Código Penal), ficará sujeito à lei penal brasileira em face do princípio da extraterritorialidade. b) O ordenamento jurídico-penal brasileiro prevê a combinação de leis sucessivas sempre que a fusão puder beneficiar o réu. c) Na ocorrência de sucessão de leis penais no tempo, não será possível a aplicação da lei penal intermediária mesmo se ela configurar a lei mais favorável. d) As leis penais temporárias e excepcionais são dotadas de ultratividade. Por tal motivo, são aplicáveis a qualquer delito, desde que seus resultados tenham ocorrido durante sua vigência. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra a. Essa merece comentários item por item. Vejamos: a) Correta. Exatamente o que prevê o art. 7o, I, c, do Código Penal! b) Errada. Conforme estudamos, não há consenso na doutrina, e a jurisprudência tem prevalecido no sentido da impossibilidade de combinação de leis penais mesmo em benefício do acusado. c) Errada. Nesse caso, a lei penal intermediária poderá ultragir para beneficiar o réu. d) Errada. Alternativa muito esperta. Não é o resultado que tem que ocorrer durante a vigência. É a AÇÃO ou OMISSÃO (por força da teoria da atividade). O fato é que tem que ter sido praticado em sua vigência (e não o resultado). Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 24 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 27 - (2008/CESPE/OAB – SP/EXAME DE ORDEM/PRIMEIRA FASE): Ainda de acordo com o que dispõe o CP, assinale a opção correta. a) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória. b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu o resultado, sendo irrelevante o local onde deveria produzir-se o resultado. c) A lei excepcional ou temporária, embora tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. d) Considera-se praticado o crime no momento da produção do resultado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra c. Mais uma questão que merece análise: a) Errada. Os efeitos civis não cessam. b) Errada. O local onde deveria produzir-se o resultado também é considerado local da infração penal. c) Correta. Exatamente o que prevê o art. 3o do CP. d) Errada. Na verdade, considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão (teoria da atividade). QUESTÃO 28 - (2008/CESPE/OAB – SP/EXAME DE ORDEM/PRIMEIRA FASE): Sobre a aplicação da lei penal e da lei processual penal, assinale a opção incorreta. a) Os atos processuais realizados sob a vigência de lei processual anterior são considerados válidos, mesmo após a revogação da lei. b) As normas processuais têm aplicação imediata, ainda que o fato que deu origem ao processo seja anterior à entrada em vigor dessas normas. c) O dispositivo constitucional que estabelece que a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, aplica-se à lei penal e à lei processual penal. d) Lei penal que substitua outra e que favoreça o agente aplica- se aos fatos anteriores à sua entrada em vigor, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra c. E, novamente, uma questão que merece análise item por item. Repare que o examinador pediu que você aponte a opção incorreta. a) Correta. Questão que extrapola o estudo de nossa aula (é assunto de direito processual). Mas adiantando: é isso mesmo. O tempo rege o ato (atos praticados durante a vigência da lei processual anterior permanecerão válidos após sua revogação). b) Correta. Novamente, assunto que extrapola nossa aula. Mas é exatamente isso. c) Incorreta. A regra em questão trata apenas da lei penal. A lei processual penal possui um tratamento diferente! d) Correta. É exatamente o que prevê o instituto da retroatividade benéfica. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 25 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 29 - (2007/VUNESP/OAB – SP/EXAME DE ORDEM/PRIMEIRA FASE): O Código Penal brasileiro, a) quanto ao lugar do crime, adotou a teoria mista ou da ubiqüidade. b) quanto ao lugar do crime, adotou a teoria da atividade ou da ação. c) quanto ao tempo do crime, adotou a teoria mista ou da ubiqüidade. d) quanto ao tempo do crime, adotou a teoria do resultado. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Opa! Você ainda se lembra do nosso mnemônico? LUTA (Lugar – Ubiquidade – Tempo – Atividade). Simples assim! QUESTÃO 30 - (2006/OAB – DF/EXAME DE ORDEM/PRIMEIRA FASE): Dentre as assertivas abaixo, assinale a alternativa CORRETA: a) o Código Penal acolhe em caráter absoluto o princípio da territorialidade, pelo qual a lei brasileira é aplicada em todo território nacional, independente da nacionalidade do autor e da vítima do crime; b) seguindo o critério objetivo adotado pelo Código Penal, é de se dizer que os atos preparatórios são punidos a título de tentativa; c) em relação ao lugar do crime, o Código Penal vigente adotou a teoria da atividade; d) o princípio da retroatividade benigna não se aplica às hipóteses da lei excepcional ou temporária, nos termos do art. 3o do Código Penal. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra D. Vejamos: a) Errada. Conforme estudamos, existem hipóteses de intraterritorialidade e extraterritorialidade. b) Errada. Esta alternativa também extrapola o conteúdo da aula de hoje. Mas, adiantando, atos preparatórios, em regra, não são puníveis, salvo quando constituírem crime autônomo. c) Errada. Nesse caso, adota-se a teoria da ubiquidade. d) Correta. Exatamente conforme estudamos, essa é a regra geral. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 26 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 31 - (2019/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVIII – PRIMEIRA FASE): Sílvio foi condenado pela prática de crime de roubo, ocorrido em 10/01/2017, por decisão transitada em julgado, em 05/03/2018, à pena base de 4 anos de reclusão, majorada em 1/3 em razão do emprego de arma branca, totalizando 5 anos e 4 meses de pena privativa de liberdade, além de multa. Após ter sido iniciado o cumprimento definitivo da pena por Sílvio, foi editada, em 23/04/2018, a Lei n. 13.654/18, que excluiu a causa de aumento pelo emprego de arma branca no crime de roubo. Ao tomar conhecimento da edição da nova lei, a família de Sílvioprocura um(a) advogado(a). Considerando as informações expostas, o(a) advogado(a) de Sílvio: a) não poderá buscar alteração da sentença, tendo em vista que houve trânsito em julgado da sentença penal condenatória. b) poderá requerer ao juízo da execução penal o afastamento da causa de aumento e, consequentemente, a redução da sanção penal imposta. c) deverá buscar a redução da pena aplicada, com afastamento da causa de aumento do emprego da arma branca, por meio de revisão criminal. d) deverá buscar a anulação da sentença condenatória, pugnando pela realização de novo julgamento com base na inovação legislativa. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra B. Compete ao juízo da execução penal a aplicação da lei mais benigna, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (Súmula 611 do STF). QUESTÃO 32 - (2016/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO): Durante uma discussão, Theodoro, inimigo declarado de Valentim, seu cunhado, golpeou a barriga de seu rival com uma faca, com intenção de matá-lo. Ocorre que, após o primeiro golpe, pensando em seus sobrinhos, Theodoro percebeu a incorreção de seus atos e optou por não mais continuar golpeando Valentim, apesar de saber que aquela única facada não seria suficiente para matá-lo. Neste caso, Theodoro a) não responderá por crime algum, diante de seu arrependimento. b) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária. c) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de seu arrependimento eficaz. d) responderá por tentativa de homicídio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra b. Nesse caso, estamos diante de uma desistência voluntária, em que o autor do delito não procede nos atos executórios por livre e espontânea vontade. Assim sendo, será responsabilizado apenas pelos atos já praticados (crime de lesão corporal). Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 27 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 33 - (2015/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO): Mário subtraiu uma TV do seu local de trabalho. Ao chegar em casa com a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, quando o fato já havia sido registrado na delegacia. O comportamento de Mário, de acordo com a teoria do delito, configura a) desistência voluntária, não podendo responder por furto. b) arrependimento eficaz, não podendo responder por furto. c) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no processo dosimétrico da pena. d) furto, sendo totalmente irrelevante a devolução do bem a partir de convenci- mento da esposa. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra c. Nessa questão, o examinador quis complicar um pouquinho, mas não há nada de novo para nós. Não houve desistência voluntária nem arrependimento eficaz: o que aconteceu foi um arrependimento posterior, instituto previsto no art. 16 do Código Penal, o qual não remove a culpabilidade, mas, tão somente, reduz a pena beneficiando o agente delitivo. QUESTÃO 34 - (2015/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO): Cristiane, revoltada com a traição de seu marido, Pedro, decide matá-lo. Para tanto, resolve esperar que ele adormeça para, durante a madrugada, acabar com sua vida. Por volta das 22h, Pedro deita para ver futebol na sala da residência do casal. Quando chega à sala, Cristiane percebe que Pedro estava deitado sem se mexer no sofá. Acreditando estar dormindo, desfere 10 facadas em seu peito. Nervosa e arrependida, liga para o hospital e, com a chegada dos médicos, é informada que o marido faleceu. O laudo de exame cadavérico, porém, constatou que Pedro havia falecido momentos antes das facadas em razão de um infarto fulminante. Cristiane, então, foi denunciada por tentativa de homicídio. Você, advogado(a) de Cristiane, deverá alegar em seu favor a ocorrência de a) crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. b) desistência voluntária. c) arrependimento eficaz. d) crime impossível por ineficácia do meio. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra a. Oras, nesse caso, estamos diante da ausência do bem jurídico tutelado pela norma (Pedro não estava mais vivo). Assim sendo, é caso de absoluta impropriedade do objeto, o qual se traduz na configuração de crime impossível! Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 28 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 35 - (2011/FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO): Marcus, visando roubar Maria, a agride, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Antes, contudo, de subtrair qualquer pertence, Marcus decide abandonar a empreitada criminosa, pedindo desculpas à vítima e se evadindo do local. Maria, então, comparece à delegacia mais próxima e narra os fatos à autoridade policial. No caso acima, o delegado de polícia a) deverá instaurar inquérito policial para apurar o crime de roubo tentado, uma vez que resultado pretendido por Marcus não se concretizou. b) nada poderá fazer, uma vez que houve a desistência voluntária por parte de Marcus. c) deverá lavrar termo circunstanciado pelo crime de lesões corporais de natureza leve. d) nada poderá fazer, uma vez que houve arrependimento posterior por parte de Marcus. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra C. Nesse caso, note que Marcus desistiu voluntariamente de sua empreitada criminosa, o que acarretará a sua responsabilização apenas pelos atos já praticados. Assim sendo, não mais responderá pelo delito de roubo que intentava originalmente, mas, tão somente, pelas lesões corporais leves já praticadas. QUESTÃO 36 - (CESPE/OAB/EXAME DE ORDEM): Alonso, com evidente intenção homicida, praticou conduta compatível com a vontade de matar Betina. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta. a) Caso Alonso interrompesse voluntariamente os atos de execução, caracterizar-se-ia desistência voluntária, e ele só responderia pelos atos já praticados. b) Caso Alonso utilizasse os meios que tinha ao seu alcance para atingir a vítima, mas não conseguisse fazê- lo, ele só responderia por expor a vida de terceiro a perigo. c) Caso Alonso fosse interrompido, durante os atos de execução, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chegando a fazer tudo que pretendia para consumar o crime, não se caracterizaria a tentativa de homicídio, mas lesão corporal. d) Caso Alonso não fosse interrompido e, após praticar tudo o que estava ao seu alcance para consumar o crime, resolvesse impedir o resultado, obtendo êxito neste ato, caracterizar-se-ia o arrependimento posterior, mas ficaria afastado o arrependimento eficaz. COMENTÁRIOS: Alternativa correta letra A. Excelente questão. Conforme estudamos, a interrupção voluntária dos atos executórios caracteriza a chamada desistência voluntária, fazendo com que o agente responda apenas pelos atos já praticados. A assertiva a está, portanto, correta. Demais assertivas (incorretas): b) Errada. Na verdade, responderia pela tentativa. c) Errada. Pelo contrário. Caracterizar-se-ia a tentativa, regularmente. d) Errada. O examinador inverteu os conceitos. Seria caso de arrependimento eficaz, e não posterior. Este conteúdo é exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização Todos os direitos reservados. 29 Questões comentadas para OAB – Direito Penal QUESTÃO 37 - (VUNESP/OAB-SP/EXAME DE ORDEM): Pretendendo matá-lo, Fulano coloca veneno no café de Sicrano. Sem saber do envenenamento, Sicrano ingere o café. Logo em seguida, Fulano, arrependido, prescreve o antídoto a Sicrano, que sobrevive, sem qualquer sequela. Diante disso, é correto afirmar que se trata de hipótese de a) crime impossível, pois o meio empregado por Fulano era absolutamente ineficaz para
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