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DIREITO CIVIL - NEXO CAUSAL

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DINIZ
Conceito: O nexo de causalidade é a relação necessária entre o evento danoso e a ação que o produziu.
nexo representa, portanto, uma relação necessária entre o evento danoso e a ação que o produziu, de tal sorte que esta é considerada como sua causa. Todavia, não será necessário que o dano resulte apenas imediatamente do fato que o produziu. Bastará que se verifique que o dano não ocorreria se o fato não tivesse acontecido. Este poderá não ser a causa imediata, mas, se for condição para a produção do dano, o agente responderá pela consequência (Diniz p. 49) 
A obrigação de indenizar, em regra, não ultrapassa os limites traçados pela conexão causal
Assim sendo, a questão do nexo causal é uma quaestio facti e não quaestio iuris, uma vez que deverá ser apreciada pelo juiz da causa (questão de fato e não de direito) 
NC - elementos objetivos (P.49)
A vítima deverá apenas provar o nexo causal, não se admitindo qualquer escusa subjetiva do imputado. (p30)
Na responsabilidade objetiva, a atividade que gerou o dano é lícita, mas causou perigo a outrem, de modo que aquele que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dela não resulte prejuízo, terá o dever ressarcitório, pelo simples implemento do nexo causal. (p30)
Motivos excludentes do nexo causal p. ex., se A der veneno a B, e B, antes de a bebida produzir efeito, vier a falecer em razão de um colapso cardíaco. Houve culpa, mas não houve nexo de causalidade. Se A dirige seu carro à noite, com os faróis apagados, atropelando B, mas, na realidade, B sofreu o acidente por sua própria culpa163.
Pode haver imputabilidade sem nexo causal.
a) Por culpa exclusiva da vítima
b) Por culpa concorrente: a conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade na responsabilidade civil objetiva Assim, se um motorista A na contramão vier a colidir com veículo conduzido por B, que corre a 200 km por hora, o magistrado deverá estabelecer o montante global do prejuízo sofrido, na proporção do grau de culpa da vítima e do lesante, p. ex., 70% para A e 30% para B. Não desaparece, portanto, o liame de causalidade; haverá tão somente uma atenuação da responsabilidade, hipótese em que a indenização é, em regra, devida por metade
c) Por culpa comum, isto é, se a vítima e o ofensor causaram culposa e conjuntamente o mesmo dano, caso em que se terá compensação de reparações
d) Por culpa de terceiro (RT, 651:99), isto é, de qualquer pessoa além da vítima ou do agente, de modo que, se alguém for demandado para indenizar um prejuízo que lhe foi imputado pelo autor, poderá pedir a exclusão de sua responsabilidade se a ação que provocou o dano foi devida exclusivamente a terceiro. É o que ocorrerá, p. ex., se o abalroamento (RT, 646:89, 437:127), que causou dano ao autor, foi causado por um veículo dirigido por terceiro
e) Por força maior ou por caso fortuito (CC, art. 393
PABLITO 
a investigação deste nexo que liga o resultado danoso ao agente infrator é indispensável para que se possa concluir pela responsabilidade jurídica deste último (P.48)
TEORIAS EXPLICATIVAS DO NEXO DE CAUSALIDADE
1. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA: 
Para os adeptos desta teoria, não se poderia considerar causa “toda e qualquer condição que haja contribuído para a efetivação do resultado”, mas segundo um juízo de probabilidade
Logo, nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for mais apropriada para produzir o evento (antecedente/ resultado)
se alguém retém ilicitamente uma pessoa que se apressava para tomar certo avião, e teve, afinal, de pegar um outro, que caiu e provocou a morte de todos os passageiros, enquanto o primeiro chegou sem incidente ao aeroporto de destino, não se poderá considerar a retenção ilícita do indivíduo como causa (jurídica) do dano ocorrido, porque, em abstrato, não era adequada a produzir tal efeito, embora se possa asseverar que este (nas condições em que se verificou) não se teria dado se não fora o ilícito. A ideia fundamental da doutrina é a de que só há uma relação de causalidade adequada entre o fato e o dano quando o ato ilícito praticado pelo agente seja de molde a provocar o dano sofrido pela vítima, segundo o curso normal das coisas e a experiência comum da vida”194 (grifos nossos).
A deu uma pancada ligeira no crânio de B, a qual seria insuficiente para causar o menor ferimento num indivíduo normalmente constituído, mas que causou a B, que tinha uma fraqueza particular dos ossos do crânio, uma fratura de que resultou a morte. O prejuízo deu-se, apesar de o fato ilícito praticado por A não ser causa adequada a produzir aquele dano em um homem adulto. Segundo a teoria da equivalência das condições, a pancada é uma condição ‘sine qua non’ do prejuízo causado, pelo qual o seu autor terá de responder. Ao contrário, não haveria responsabilidade, em face da teoria da causalidade adequada
O ponto central para o correto entendimento desta teoria consiste no fato de que somente o antecedente abstratamente apto à determinação do resultado, segundo um juízo razoável de probabilidade, em que conta a experiência do julgador, poderá ser considerado causa. A teoria da Causalidade Adequada apresenta o inconveniente de admitir um acentuado grau de dis­cricionariedade do julgador,. segundo o curso normal das coisas, se o fato ocorrido no caso concreto pode ser considerado, realmente, causa do resultado danoso. (p.49)
a determinação do nexo causal é, antes do mais, uma ‘quaestio facti’, incumbindo ao juiz proceder ‘cum arbítrio boni viri’, sopesando cada caso na balança do equilíbrio e da equidade”197 (grifos nossos).
qual a teoria adotada pelo Código Civil brasileiro, referente ao nexo de causalidade, parcela da doutrina, nacional e estrangeira, tende a acolher a teoria da causalidade adequada. Entretanto, assim não pensamos. Alinhamo-nos ao lado daqueles que entendem mais acertado o entendimento de que o Código Civil brasileiro adotou a teoria da causalidade direta ou imediata (teoria da interrupção do nexo causal), na vertente da causalidade necessária.
E a essa conclusão chegamos ao analisarmos o Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual
CARLOS ROBERTO GONÇALVES, seguindo a mesma linha de pensamento, é contundente ao afirmar que: “Das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código adotou, indiscutivelmente, a do dano direto e imediato, como está expresso no art. 403; e das várias escolas que explicam o dano direto e imediato, a mais autorizada é a que se reporta à consequência necessária.
O problema é que, muitas vezes, a jurisprudência205 e a doutrina, sucumbindo talvez ao caráter sedutoramente empírico do tema, acabam por confundir ambas as teorias, não dispensando, entretanto, em nenhuma hipótese, a investigação da necessariedade da causa.
Portanto, a despeito de reconhecermos que o nosso Código melhor se amolda à teoria da causalidade direta e imediata, somos forçados a reconhecer que, por vezes, a jurisprudência adota a causalidade adequada, no mesmo sentido.
A regra positivada básica, como visto, no Código Civil, independentemente da tese adotada, é a do art. 403
Curiosidade: teoria do resultado mais grave: A tal respeito, ilustres autores têm sustentado que o agente que pratica a conduta deve ser responsabilizado também pelo resultado mais grave, ainda que oriundo de condições particulares da vítima. Assim, no clássico exemplo dado por CARDOSO DE GOUVEIA210, em que o cidadão dá um “leve tapa” na cabeça da vítima e esta vem a óbito por conta de uma fragilidade craniana, pelas teorias convencionais, até mesmo pela ausência de previsibilidade, não deveria o sujeito responder pela morte. (p51)
Teoria da causalidade direta ou imediata desenvolvida, no Brasil, pelo ilustrado Professor AGOSTINHO ALVIM. Conceito: Causa, para esta teoria, seria apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao resultado danoso, determinasse este último comouma consequência sua, direta e imediata.
Causa, para esta teoria, seria apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao resultado danoso, determinasse este último como uma consequência sua, direta e imediata.
Discorrendo sobre esta corrente de pensamento, o culto e saudoso professor da PUC-SP pontificava:
“A Escola que melhor explica a teoria do dano direto e imediato é a que se reporta à necessariedade da causa. Efetivamente, é ela que está mais de acordo com as fontes históricas da teoria do dano, como se verá”. E em outro trecho de sua obra: “Suposto certo dano, considera-se causa dele a que lhe é próxima ou remota, mas, com relação a esta última, é mister que ela se ligue ao dano, diretamente. Assim, é indenizável todo dano que se filia a uma causa, ainda que remota, desde que ela lhe seja causa necessária, por não existir outra que explique o mesmo dano. Quer a lei que o dano seja o efeito direto e imediato da execução”199.
Tomemos um clássico exemplo doutrinário, para o adequado entendimento da matéria.
Caio é ferido por Tício (lesão corporal), em uma discussão após a final do campeonato de futebol. Caio, então, é socorrido por seu amigo Pedro, que dirige, velozmente, para o hospital da cidade. No trajeto, o veículo capota e Caio falece. Ora, pela morte da vítima, apenas poderá responder Pedro, se não for reconhecida alguma excludente em seu favor. Tício, por sua vez, não responderia pelo evento fatídico, uma vez que o seu comportamento determinou, como efeito direto e imediato, apenas a lesão corporal.
Note-se, portanto, que a interrupção do nexo causal por uma causa superveniente, ainda que relativamente independente da cadeia dos acontecimentos (capotagem do veículo) impede que se estabeleça o elo entre o resultado morte e o primeiro agente, Tício, que não poderá ser responsabilizado.
Dessa forma, concluímos com TEPEDINO que:
“a causa relativamente independente é aquela que, em apertada síntese, torna remoto o nexo de causalidade anterior, importando aqui não a distância temporal entre a causa originária e o efeito, mas sim o novo vínculo de necessariedade estabelecido, entre a causa superveniente e o resultado danoso. A causa anterior deixou de ser considerada, menos por ser remota e mais pela interposição de outra causa, responsável pela produção do efeito, estabelecendo-se outro nexo de causalidade”200.
Uma questão que ainda deve ser tratada, à luz desta teoria, diz respeito ao dano reflexo ou em ricochete, já visto no capítulo passado.
O fato de só se considerar como atribuível ao antecedente causal o seu efeito direto ou imediato negaria a ocorrência o dano reflexo?
Entendemos que não.
O fato de se considerar “reflexo” ou “indireto” o dano não significa dizer que não haverá responsabilidade civil. Apenas quer-se, com isso, caracterizar aquela espécie de dano que, tendo existência certa e determinada, atinge pessoas próximas à vítima direta. Este dano, pois, para a pessoa que o sofreu reflexamente (o alimentando que teve o pai morto, por ex.), é efeito direto e imediato do ato ilícito.
O que não podemos confundir é este dano reflexo — consequência inafastável do ilícito — com aquele que não se liga diretamente (por neces­sariedade) à conduta do agente, conforme exemplifica o Desembargador CARLOS GONÇALVES, citando doutrina francesa:
“Pothier fornece o exemplo de alguém que vende uma vaca que sabe pestilenta e que contamina o rebanho do adquirente. Deve, em consequência, indenizar o valor do animal vendido e também o daqueles que morreram em virtude do contágio. Mas não responde pelos prejuí­zos decorrentes da impossibilidade do cultivo da terra, por terem sido atingidos pela doença também os animais que eram utilizados nesse serviço. É que esses danos, embora filiados a ato seu, acham-se do mesmo modo distante”201.
Além de mais simples, entendemos ser mais adequada esta teoria, eis que não apresenta o nível de insegurança jurídica e subjetividade apresentados em alto grau pelas teorias anteriores.
NADER
os fatos relacionados às atividades humanas são explicados pelo princípio da finalidade: a conduta visa sempre a alcançar determinado fim.
nas leis da natureza, uma vez verificada a causa, o efeito ocorrerá inevitavelmente, enquanto nas relações humanas a causa de um dano moral poderá apresentar-se sem a correspondente efetivação, como no exemplo: “A” calunia “B”, mas este falece sem tomar conhecimento da ofensa. In casu, verifica-se a causa sem a superveniência do efeito. A ação do agente não chegou a ser eficaz no sentido de provocar lesão, embora os meios empregados possam ter sido idôneos para efetivá-la. 
ELELEMENTO AGLUTINADOR Não são suficientes, à caracterização do ato ilícito, a conduta antijurídica, a culpa ou risco e o dano. Fundamental, igualmente, é a relação de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outrem. 
IMPUTABILIDADE E CAUSALIDADE Não se confundem as noções de imputabilidade e causalidade. A primeira consiste no fato de se atribuir a alguém a responsabilidade por um dano, praticado pelo imputável ou não. Já a causalidade é o reconhecimento de que a conduta imputada a alguém foi a determinante do dano, ou seja, a conduta imputada constitui a causa da qual o dano figura como efeito
Enquanto a imputabilidade se define considerando-se o elemento subjetivo da conduta, a causalidade é de natureza objetiva
É possível a imputabilidade sem o correspondente nexo de causalidade. Serpa Lopes exemplifica: alguém coloca veneno na bebida a ser tomada por uma pessoa, mas esta, antes da ingestão causar efeito, vem a falecer em razão de um ataque cardíac (Nader p. 121)
A definição da causa eficiente é complexa, especialmente quando as circunstâncias apontam diversos fatores na etiologia do dano, ou seja, diversas causas. Se um paciente, após submeter-se à determinada cirurgia, torna-se incapaz para as suas atividades físicas habituais, não quer dizer que a culpa, forçosamente, seja do profissional que o operou. Caso se comprove que o paciente foi o único culpado, devido à inobservância dos cuidados que lhe foram recomendados, não haverá responsabilidade civil. Igualmente, se o cirurgião provar que a lesão decorreu de caso fortuito ou força maior. Pode, todavia, o dano físico advir da concorrência de causas: imperícia do cirurgião e imprudência do paciente, caso em que o valor da indenização a ser imposta ao profissional deverá ser reduzida. Neste caso, o juiz decidirá por equidade, levando em conta o grau de ambas as culpas, atendendo ao disposto no art. 945 do Código Civil. (Nader p. 122) 
Se após a demolição de um prédio, o edifício vizinho apresenta rachaduras, nem por isso se poderá afirmar, conclusivamente, que estas são uma consequência daquela. Caberá à prova técnica apurar os cuidados observados na demolição, bem como as condições em que se encontrava o prédio afetado. Caso as conclusões da perícia revelem que a causa determinante da ocorrência
A teoria do risco integral preconiza a dispensa da causalidade em determinadas circunstâncias, como na hipótese de danos nucleares p123
 segurança jurídica, fundamental em qualquer arcabouço normativo. Não se deve buscar a justiça atropelando este valor, que é fundante, enquanto a justiça é valor fundado p 124
As concausas são sucessivas quando o efeito de uma causa constituir uma nova causa de outro efeito, formando-se, pois, uma cadeia causal. Eis um exemplo apresentado por Agostinho Alvim: “Suponha-se que um prédio desaba por culpa do engenheiro que foi inábil; o desabamento proporcionou o saque; o saque deu como consequência a perda de uma elevada soma, que estava guardada em casa, o que, por sua vez, gerou a falência do proprietário
Teoria da causalidade adequada
O critério adotado por esta teoria, ao indicar a causa determinante do dano, leva em consideração a maior probabilidade de produzir o resultado, fato este gerador de críticas, pois a imputação de responsabilidade deve fazer-se diante de uma certeza e não de maior probabilidade.
T
EORIA DA CAUSALIDADE DIRETA E IMEDIATATambém denominada teoria da causa próxima, os adeptos desta concepção indicam por responsável pelos danos o último agente da cadeia causal. Das várias condições que atuaram, sucessivamente, para a realização do prejuízo, a causa deste seria a última, da qual dependeu diretamente. Esta concepção foi adotada pelo Código Civil relativamente à inexecução das obrigações, à vista do art. 403
A jurisprudência não oferece um critério uniforme, geral, aplicável à generalidade dos casos. A tendência é a decisão conforme as peculiaridades do caso concreto
CRÍTICA DO AUTOR Aplicando-se o argumento a contrario sensu, tem-se que, na responsabilidade negocial, os lucros cessantes não são suscetíveis de reparação, quando apenas mediata ou indiretamente decorrerem da inadimplência. A deficiência da teoria se constata, também, ao não justificar a responsabilidade por danos futuros.
A tendência é a decisão conforme as peculiaridades do caso concreto, 
(P.128)

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