Buscar

Juízo de Admissibilidade e Mérito Recursal

Prévia do material em texto

RECURSOS
Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito Recursal 
O recurso passará por uma dupla análise, em um primeiro momento se analisará se preenche requisitos mínimos para que seja admitido, o que se denomina de juízo de admissibilidade. Em um segundo momento, vendo que o recurso está formalmente em ordem, passará a análise de mérito do recurso, ou seja, se é caso de reformar, anular ou manter a sentença, se há direito a reforma da decisão. 
· Órgãos/competência 
Recentemente houve profunda mudança no sistema brasileiro, a regra no processo civil sempre foi a de que haveria um duplo juízo de admissibilidade, tanto quem proferiu a decisão (juízo a quo) como quem irá julgar o recurso (juízo ad quem) tinham competência para fazer a admissibilidade. Isso também ocorria com o recurso especial e extraordinário. O juízo de mérito seria sempre feito pelo órgão ad quem, o tribunal de Justiça em uma apelação e o STJ no recurso especial. 
O problema pairava no aumento do número de recursos. Anteriormente o recurso era protocolado em primeiro grau para que passando pelo juízo de admissibilidade fosse encaminhado ao Tribunal de Justiça. Nesse sentido era possível que o juiz de primeiro grau ao se deparar com apelação em face de sua sentença, a impugnasse não conhecendo o recurso em face do decurso de tempo, decisão que caberia agravo de instrumento. Isso também era possível no recurso especial, onde também caberia recurso. 
O legislador, através do CPC de 2015 extinguiu o primeiro juízo de admissibilidade, sendo encaminhado diretamente ao Tribunal, no caso de apelação. Nesse sentido, protocolada a apelação em primeiro grau, este juiz a que foi dirigida não pode mais fazer análise de admissibilidade, somente podendo intimar a parte contrária para apresentar contrarrazões. Assim apresentada, serão remetidos os autos ao Tribunal para análise do mérito sem realizar a análise de admissibilidade, já que não possui mais competência para tanto. 
Portanto, no âmbito da apelação não existe mais duplo juízo de admissibilidade, há um único juízo de admissibilidade pelo Tribunal que fará a análise do mérito. 
No âmbito específico do recurso especial (STJ) e do recurso extraordinário (STF) acabou mantida a ideia de duplo juízo de admissibilidade, já que houve nova lei implementada no período de vacatio legis. 
· Requisitos de admissibilidade recursal (Classificação do Prof. Barbosa Moreira) 
a) Intrínsecos: todos aqueles que digam respeito à própria existência do direito de recorrer. 
1. Cabimento 
Para que um recurso seja admitido, ele tem que ser cabível, tem haver com uma adequação entre o tipo de pronunciamento e o recurso interposto. Como por exemplo, em face de sentença cabe apelação. 
Aqui entra a ideia de fungibilidade para casos em que há dúvida no cabimento recursal. 
2. Legitimidade 
De maneira simples, quem recorreu deve possuir legitimidade para tanto. 
Por excelência, quem possui legitimidade são as partes, autor e réu. Entretanto, analisando o artigo 996 do CPC tem legitimidade para recorrer também o terceiro prejudicado e o Ministério Público nas causas em que atua como fiscal da lei. 
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
É o caso, por exemplo, de ação de alimentos movida pelo menor incapaz representado pela mãe em face do pai. Neste caso haverá parecer do Ministério Público ante o interesse de incapaz, havendo legitimidade para recorrer de tal decisão por ser fiscal da lei. 
Poderia o MP apresentar apelação mesmo sem a concordância das outras partes? A grande maioria da doutrina entende que sim, a legitimidade do MP é autônoma, não depende de concordância do menor representado pela mãe para apelar. 
E mais do que isso, poderia o Ministério Público recorrer contra os interesses do menor? A maior parte da doutrina entende que a legitimidade do Ministério Público além de ser autônoma seria disjuntiva, ou seja, pode recorrer inclusive contra os interesses do incapaz, daquele que justificou a sua intervenção. A lógica é que o MP é fiscal da lei e não representante dos interesses do incapaz. 
Possui ainda legitimidade para recorrer o terceiro prejudicado. É o caso, por exemplo, de uma ação de despejo determinando o despejo do réu locatário. Entretanto, quem está morando no imóvel é o sublocatário. Neste caso, o sublocatário até então terceiro, já que não ingressou no processo, poderá apelar da sentença. Ainda, pode se falar na hipótese de litisconsórcio facultativo como terceiro prejudicado, quando um dos irmãos dono da fazenda, não fazendo parte do processo decide apelar da sentença. 
Em outro exemplo, há dois irmãos donos de uma fazenda e um adentra com ação de reintegração de posse. Em um certo momento o outro irmão adentra como assistente litisconsorcial, havendo a possibilidade de interpor recurso já que se tornou parte no processo. Caso não tivesse adentrado ao processo, poderia apelar justamente na hipótese de terceiro interessado. 
3. Interesse recursal 
Para que um recurso seja admitido é preciso que quem recorreu tenha interesse em recorrer. Tradicionalmente a ideia de interesse recursal sempre esteve relacionada à ideia de sucumbência, entretanto existem situações em que a pessoa poderá recorrer, mas rigorosamente ela não sucumbiu. 
Há na doutrina um posicionamento em que toda vez em que for possível melhorar a situação jurídica com o recurso, mesmo que não tenha perdido, há a possibilidade de recorrer. Em um exemplo em que foi julgada a ilegitimidade passiva do réu, o autor já haveria sucumbido. Entretanto, haveria a possibilidade de o réu interpor recurso para que seja analisado o mérito do processo e gere o efeito da coisa julgada e não apenas uma extinção do processo sem resolução do mérito. 
Ainda há o que possa se falar em interpor recurso mesmo que já tenha ganho a causa para que elimine vícios que possam causar prejuízos futuros, como é o caso de sentença em que determina dano moral superior ao solicitado pelo réu, sendo então sentença ultra petita. 
Hoje, portanto, é preciso revisitar o interesse recursal sem adentrar nos inúmeros desdobramentos que o sistema de precedentes gera no sistema recursal, além de inúmeras mudanças sofridas pelo CPC que afetam o interesse recursal. 
4. Inexistência de fato extintivo/impeditivo do direito de recorrer 
Para que o recurso seja processado não é possível haver renúncia e nem desistência do recurso, fatos que extinguem ou impedem o direito de recorrer. 
A renúncia é um ato prévio, antecedente àquilo que ainda não exerceu. É o caso, por exemplo, das partes que fizeram acordo e renunciam do recurso. A desistência, por sua vez, é um ato posterior à interposição do recurso. 
No âmbito recursal não há a necessidade de concordância da parte contrária para que haja desistência ou renúncia, são atos unilaterais já que já há uma sentença de mérito em que julgou a causa que transitará em julgado. E mais, há quem diga que sendo atos unilaterais, sequer precisam para ter eficácia de homologação. 
A doutrina entende que o limite temporal para a desistência é a sessão de julgamento, sendo assim, aberta a sessão não poderá haver desistência. 
Ex. Banco ante a sucumbência do processo por nulidade de cláusula impetrou recurso especial. Entretanto, visando impedir o sistema de precedentes solicitou desistência. Ocorre que a Ministra Nanci, muito embora a desistência seja unilateral, entendeu que o banco estaria tentando burlar o sistema de procedentes, impedindo de tal maneira a desistência do recurso especial. 
Nessa toada, o legislador criou o artigo 998, parágrafo único do CPC, para evitar desistências que burlem o sistema de precedentes. 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorridoou dos litisconsortes, desistir do recurso.
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
b) Extrínsecos: dizem respeito ao exercício regular do direito de recorrer. 
5. Tempestividade 
Tempestividade nada mais é que para que o recurso seja conhecido, deve ser interposto dentro do prazo. 
A regra no sistema é o prazo de 15 dias úteis, a exceção fica por conta dos embargos de declaração que devem ser interpostos em 05 dias. 
O feriado local pode ser considerado como dia não útil desde que seja o local onde o ato deva ser praticado e que seja comprovada a existência de feriado local no ato de interposição do recurso por meio de juntada na procuração de ato normativo que assim determine. 
É irrelevante comprovar a existência de feriado local se o ato sequer devesse ser praticado aqui. Como por exemplo, interpor embargos de declaração contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça, o ato deve ser praticado em Brasília. 
Por muito tempo se discutiu se o recurso prematuro seria tempestivo, ou seja, situações em que a parte protocola o recurso antes de se iniciar o prazo recursal. Como por exemplo, ocorreu a sessão de julgamento hoje e amanhã interponho recurso. Ocorre que sequer foi publicado no diário oficial para fins de intimação, apenas pela mera disponibilização do acórdão do sistema. Por muito tempo se entendeu que tal recurso seria intempestivo, típico caso de jurisprudência defensiva que visa barrar recurso a qualquer custo. 
O CPC atual traz dispositivo expresso que rediz que o ato processual praticado antes do início do prazo processual é tempestivo, ou seja, recurso prematuro é sim tempestivo. 
6. Preparo 
O preparo nada mais é do que uma taxa, espécie do gênero tributo por uma contraprestação do serviço público, ou seja, nada mais é que do que uma custa recursal. 
Quem regula tal taxa é a legislação estadual. No Estado de São Paulo, a taxa é de 4% do valor da condenação ou do valor da causa na apelação. Já no agravo de instrumento não é baseado em porcentagem, mas baseado em unidade fiscal. Há alguns entes que não precisam recolher custas, como Fazenda Pública, Ministério Público, beneficiários da justiça gratuita. 
Juiz de primeiro grau não faz juízo de admissibilidade, portanto, não pode alegar o não recolhimento de custas para não admitir o recurso. Caso assim o faça, estará usurpando a sua competência, hipótese de que é possível o ajuizamento de reclamação constitucional contra essa decisão do juiz. 
Por muito tempo, de plano, não seria admitido o recurso ante a inexistência de preparo. O CPC, entretanto, na ausência de recolhimento de preparo possibilita que o recorrente seja intimado para que regularize com pagamento em dobro. Nem mesmo o tribunal, de plano, pode inadmitir o recurso já que deve haver a possibilidade de preparo. 
A deserção recursal é a expressão utilizada para quando o Tribunal inadmite por não recolhimento de custas. 
7. Regularidade formal 
Nada mais é do que uma espécie de válvula de escape, acaba englobando todas as outras formalidades que a lei acaba exigindo para cada recurso. 
Há um exemplo que existia a pouco tempo que mostra muito bem este requisito, havia um tipo de agravo que deveria ser interposto obrigatoriamente de maneira oral na audiência. 
Algo que se aplica a todo recurso e se encontra dentro da regularidade formal é o denominado (princípio da) dialeticidade recursal. Ao redigir o recurso, deve ser obrigatoriamente impugnado os fundamentos da decisão recorrida, ou seja, para que seu recurso seja admitido deve dialogar com a decisão que está sendo atacada. 
São requisitos cumulativos. Assim, a ausência de qualquer requisito de admissibilidade gera o mesmo efeito, será um recurso não conhecido/admitido, sequer irão analisar o mérito da questão, não haverá andamento. 
Recurso Adesivo (Art. 997, §1º e 2º)
O recurso adesivo não se trata de uma espécie recursal, na verdade se refere a uma forma de interposição de alguns recursos. 
Ex. Daniel entra com uma ação contra Murilo pedindo 100 mil reais de danos morais. Na sentença Murilo foi condenado a pagar 80 mil reais. 
Obs. Proferida esta sentença é fácil perceber que ambos possuem interesse em recorrer. O prazo fixado de 15 dias é concomitante para ambos. Daniel satisfeito com os 80 mil não tem interesse em apelar, já que poderia receber o dinheiro neste momento, não haveria a necessidade de esperar pela análise do Tribunal. Entretanto, pensando que o Murilo poderia apelar, também apelaria para possivelmente ganhar os 100 mil. Mas como saberia se Murilo iria apelar já que o prazo de ambos é concomitante?
A ideia do recurso adesivo é evitar que a parte recorra apenas com receio da outra parte recorrer, já que possibilita ao autor no prazo de contrarrazões impetrar um recurso por meio do recurso adesivo, como por exemplo, apelação de forma adesiva. 
Pressupostos: 
1) Existência de sucumbência recíproca, ou seja, só se fala em recurso adesivo se ambos de algum modo perderam. Como é o caso da sentença de parcial procedência. 
2) Ter havido interposição de recurso pela parte contrária. 
3) Somente se admite a interposição na forma adesiva se estiver diante de uma apelação, um recurso especial ou um recurso extraordinário. 
Regra: não existe agravo de instrumento adesivo. Entretanto, boa parte da doutrina levante o questionamento, será que não deveria caber agravo de instrumento adesivo na hipótese que funciona como apelação, ou seja, na hipótese de decisão interlocutória de mérito? Parte da doutrina sustenta que sim, excepcionalmente há o cabimento de agravo de instrumento adesivo quando se tratar de decisão interlocutória de mérito.
O momento em que se pode interpor adesivo é no prazo das contrarrazões. 
Só há sentido em falar de recurso adesivo se partir da premissa que se não houver recurso o tribunal não pode melhorar a situação do autor, se não haveria julgamento ultra petita e proibição de reformatio in pejus. 
O recurso adesivo fica processualmente subordinado ao recurso principal, de modo que eventual inadmissibilidade do recurso principal afetará o recurso adesivo. 
Obs. 1) Isto não significa que o recurso adesivo dispense os requisitos de admissibilidade, por outro lado, deve preenchê-los. 
2) Trata-se de uma subordinação meramente processual, de modo que não existe subordinação material (quanto ao conteúdo). 
Ex. Apelação do réu exclusivamente quando ao dano moral. O autor além de responder o recurso do réu, interpõe apelação adesiva para não só pedir o aumento de dano material de 50 para 100 mil mas também de dano moral de 30 para 100 mil. 
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível.
Recursos em Espécie
Apelação (art. 1009 e seguintes, CPC)
Conceito. É dito por muitos ser um recurso por excelência. É o grande recurso, aquele que discute o mérito. Que recorre da sentença. 
O recurso de apelação está previsto no art. 1009 e seguintes do CPC.
Poderíamos começar conceituando-o como o recurso interposto contra a sentença. Entretanto, é necessário aprofundar mais.
A apelação é um recurso cabível contra a sentença e contra decisões interlocutoras não agraváveis (não estão no rol do 1015).
Ou seja, todas as decisões interlocutóriasque o juiz proferir e que não sejam agraváveis, caberá a apelação. Não havendo que se falar em preclusão do direito de recorrer.
Dessa forma, deverá se fazer a apelação contra a sentença e abrir um objeto dentro dela para recorrer também da decisão interlocutória não agravável.
Breve histórico: no CPC de 73, se o juiz proferisse uma sentença cabia apelação, se fosse decisão interlocutória cabia agravo de instrumento, havia uma divisão no código onde havia dois tipos de agravo: o de instrumento e o retido. 
Mas por que tinha dois tipos? 
Se o juiz proferisse uma decisão interlocutória (indeferindo alimentos provisório, por exemplo) e houvesse urgência em apelar para o tribunal, cabia então o agravo de instrumento. Nesse caso, o processo de 1° grau continuava correndo e o desembargador analisava o recurso enquanto isso. Não era possível esperar até a sentença para recorrer da decisão interlocutória proferida durante o processo.
Mas havia também o chamado agravo retido, onde o juiz dava uma decisão interlocutória e não havia urgência. Para esse caso, o agravo retido era o ideal pois não havia necessidade de se discutir isso naquele momento. O agravo retido permitia que você recorresse da decisão interlocutória após o proferimento da sentença. Era um recurso protocolado nos próprios autos de 1° grau no momento da decisão interlocutória, mas que seria julgado somente após a sentença. EX: Autor entrou com ação de dano moral e pediu diversas testemunhas, mas o juiz indeferiu uma delas. O autor percebendo que poderia ganhar o processo somente com as demais testemunhas, impetrava o agravo retido. Caso o juiz julgasse improcedente o pedido de dano moral, o autor apelava da sentença e falava para o tribunal analisar também o agravo retido, que já estava nos autos. Para que eventualmente, o desembargador deferisse a produção da prova testemunhal que foi indeferida.
Em resumo, se houvesse uma sentença caberia apelação, se houvesse uma decisão interlocutória caberia agravo de instrumento ou retido. A diferença entre eles é que quando fosse uma situação de urgência utilizava-se o agravo de instrumento, caso não houvesse urgência usaria o agravo retido. 
O CPC/15 acaba com o recurso de agravo retido. Para isso, o legislador promoveu uma outra mudança no sentido de que só passa a ser admitido o agravo de instrumento nas hipóteses que o código prever (rol do art. 1015 do CPC).
Cenário atual: Sentença > cabe apelação. Decisão interlocutória > pode caber agravo de instrumento (desde que esteja no rol do 1015 do CPC). EX: Decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória. 
Entretanto, passou-se a ter um problema: nós passamos a ter determinadas decisões interlocutórias que o juiz profere ao longo do processo e que não se encontram no rol do art. 1015 do CPC. EX: Decisão que indefere a produção de perícia (não está no rol). Então como se recorre disso? É nesse contexto que o CPC de 2015 amplia o cabimento da apelação. 
Então, a apelação é um recurso cabível contra a sentença e contra decisões interlocutoras não agraváveis (não estão no rol do 1015).
Ou seja, todas as decisões interlocutórias que o juiz proferir e que não sejam agraváveis, caberá a apelação. Não havendo que se falar em preclusão do direito de recorrer.
Dessa forma, deverá se fazer a apelação contra a sentença e abrir um objeto dentro dela para recorrer também da decisão interlocutória não agravável.
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
· Preclusão?
Como se interpretar a expressão “não são cobertas pela preclusão”? O legislador quis dizer que não são cobertas imediatamente pela preclusão, mas que precluem sim. Ou seja, é necessário abrir a impugnação da decisão interlocutória na apelação. Se deixar para outro momento, haverá a preclusão do direito de recorrer dessa decisão.
· Suscitar?
O que é suscitar? A palavra suscitar tem a ver com efetivamente recorrer da decisão interlocutória. Ou seja, impugnar tal decisão trazendo fundamentos plausíveis. Não basta simplesmente mencionar a decisão. 
· Contrarrazões?
É possível que eu ganhe a ação e não tenha interesse em apelar. No entanto, o réu apela dessa sentença e eu serei intimado para recorrer. Nesse momento, eu precisarei fazer um pedido subsidiário, em contrarrazões, para que o tribunal eventualmente analise a produção de prova indeferida se ele reformar a sentença. EX: Eu falo que a sentença deve ser mantida; mas caso o tribunal entenda que seja necessário a reforma da sentença, eu peço que ele reanalise a decisão do juiz que indeferiu a perícia na decisão interlocutória.
Efeitos da apelação
a) efeito devolutivo: vide teoria geral dos recursos, se aplica integralmente. 
Como por exemplo, se há uma sentença condenando ao réu em duas pretensões do autor, é a apelação do interessado que irá delimitar o que será devolvido ao tribunal, ou seja, se o juiz condena o réu ao pedido A e B e apela somente do pedido B, apenas este é devolvido ao tribunal. 
Com relação à extensão da devolução (quanto aos pedidos), lembra-se da frase “tantum devolutum quantum apelatum”. Por outro lado, quanto às matérias, o recurso contra o capítulo da anulação do contrato, por exemplo, faz com que sejam devolvidas ao tribunal todas as teses, já que se fala em profundidade do efeito devolutivo. 
Dentro do efeito devolutivo da apelação há a regra que traz a possibilidade do Tribunal julgar o mérito de plano sem precisar devolver o processo ao primeiro grau. Trata-se de hipótese de ampliação da própria devolutividade do recurso. 
No exemplo dado em sala de aula, o juiz de primeiro grau extingue o processo sem análise do mérito ante a ilegitimidade de uma das partes. A parte interessada interpõe apelação, sendo modificado o recurso do juiz e dado provimento ao recurso. A regra seria devolver ao juízo de primeiro grau para que julgue o mérito. Assim, após a sentença haveria uma nova apelação ao Tribunal. Hoje, frisando pela economia processual, em muitos casos não há a necessidade de devolver ao juízo de primeiro grau, podendo de plano julgar o mérito. 
Entretanto, o Tribunal somente pode avançar no mérito se a causa estiver madura para julgamento, ou seja, já a produção de provas. Isso é denominado pela doutrina como espécie de mitigação ao duplo grau de jurisdição ou então teoria da causa madura. 
Art. 1013, § 3º. Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
Isto não é apenas para a hipótese de apelação contra sentença terminativa, que extingue o processo sem análise do mérito. É o caso, por exemplo, de sentença viciosa por falta de fundamentação, onde o Tribunal reconhecendo que a sentença é nula pode dar um passo a frente e analisar o mérito. 
Havendo o julgamento do mérito pelo Tribunal, existe um acórdão que pode ser passível de recurso especial ou extraordinário. Ocorre que nem tudo pode ser discutido em tais recursos, o que muitos na doutrina já criticam dizendo tal dispositivo ser inconstitucional, posto que fere o duplo grau de jurisdição. 
Foi ajuizada uma ação direta de inconstitucionalidade em dispositivo com tese similar onde foi pacificado o entendimento de constitucionalidade em face da ponderação de princípios. Há sim uma mitigação do duplo grau de jurisdição, mas acaba por priorizar a celeridade processual. 
b) efeito suspensivo:
A regra é que proferida uma sentença ela não surte efeitos, já que a apelação tem efeito suspensivo automático conforme artigo 1012 do CPC. 
Comoo recurso especial para o STJ não possui efeito suspensivo, há a possibilidade de executar a sentença provisoriamente, ainda que não tenha transitado em julgado nesta situação.
Quando se diz que um recurso tem efeito suspensivo automático não quer dizer que suspenda algo que estava sendo produzido e sim que proferida sentença, ela sequer começa a produzir efeitos. 
O mais técnico é dizer que a interposição da apelação nos 15 dias prolonga a ineficácia da sentença, ou ainda, impede que a sentença comece a produzir efeitos. 
Por muito tempo a doutrina criticou ferrenhamente a regra de que a apelação possui efeito suspensivo, já que é uma das responsáveis por gerar uma imagem negativa do judiciário de que o processo é lento e moroso. 
Foi realizada pesquisa em que 65 a 70% das sentenças são mantidas no tribunal. Assim, deveria retirar do CPC a hipótese de efeito suspensivo da apelação, salvo casos urgentes. Entretanto, na Câmara dos Deputados a nova regra caiu e voltou à antiga, o CPC entrou em vigor com a regra de que a apelação tem efeito suspensivo automático. Regra muito criticada na doutrinária em razão da eficácia. 
Mesmo que tenha se mantido a regra de suspensão automática, o próprio CPC traz exceções em que a apelação não terá efeito suspensivo presentes no §1 do artigo 1012. 
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
· Neutralizado os efeitos suspensivos da apelação. 
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
Leis extravagantes podem prever exceções como a sentença de despejo que não possui efeito suspensivo. 
Nestes casos em que a apelação por força de lei não tenha efeito suspensivo, mesmo assim é possível que o apelante requeira o efeito suspensivo. Como é o caso, por exemplo, de sentença que julga procedente reconhecendo a paternidade condenando o réu a pagar pensão alimentícia em face do princípio da solidariedade e da dignidade da pessoa humana, mesmo que o DNA tenha dado negativo. 
Quais requisitos devem ser demonstrados pelo apelante para se obter o efeito suspensivo? Não basta, por óbvio, protocolar a apelação para que gere efeito suspensivo. Ao se pedir o efeito suspensivo da apelação nestes casos é o mesmo que pedir tutela provisória em âmbito recursal, requerendo para que a sentença não seja executada até que o recurso seja julgado, ou tecnicamente requerer o efeito suspensivo à apelação. 
Sendo uma tutela provisória recursal, os requisitos seriam fumus boni iuris e periculum em mora. Entretanto, embora isto não esteja errado, o artigo 1012, §4º dispõe que: “Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso (fumus boni iuris) ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.”. 
O problema deste dispositivo é justamente o uso da partícula “ou”. A partir disso, a doutrina passa a dizer que o legislador permitiu a concessão de efeito suspensivo à apelação por meio de uma tutela provisória recursal de evidência, já que parece bastar ao apelante demonstrar apenas a probabilidade de provimento do recurso independentemente de periculum em mora. 
Contra decisão monocrática do desembargador que nega efeito suspensivo postulado no recurso de apelação, cabe agravo interno. 
Qual é a forma de se requerer o efeito suspensivo? 
Quem possui competência para dar o efeito suspensivo é o Tribunal e a apelação é interposta em primeiro grau, o que pode demorar alguns meses. 
Em decorrência do lapso temporal entre o protocolo da apelação em primeiro grau e a subida dos autos ao Tribunal, o CPC determina que se faça uma petição simples em que se demonstrem os requisitos para pedir efeito suspensivo, protocolando-a direto no Tribunal, onde o desembargador analisará e poderá conceder efeito suspensivo a uma apelação que está em primeiro grau que chegará até lá depois de alguns meses. Neste caso, este desembargador ficará prevento para esta apelação. 
Art. 1012, § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
É possível se pedir efeito suspensivo no Tribunal antes mesmo de se protocolar a apelação em primeiro grau? Há quem sustente a possibilidade de uma tutela antecipada antecedente recursal, utilizando-se analogia a tutela provisória de urgência antecipada antecedente ante a situação de extrema urgência em que não há tempo hábil para realizar uma apelação complexa. 
c) Regressivo 
O efeito regressivo é aquele em que alguns recursos possuem de permitir que aquele que proferiu a decisão se retrate. 
Em regra, a apelação é um recurso de duplo efeito (devolutivo e suspensivo). Não possui, em regra, efeito regressivo. No mais das vezes, proferida uma decisão encaminha ao Tribunal, mesmo que errou o juiz não pode se retratar. 
Entretanto, existem duas hipóteses em que a lei dá efeito regressivo à apelação, ou seja, há dois casos em que o juiz proferindo a sentença e a parte apelando poderá se retratar. 
São elas: 
1) Apelação contra sentença que julga liminarmente improcedente o pedido do autor, hipótese do art. 332 do CPC. 
 Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
2) Apelação contra sentença terminativa, que extingue o processo sem análise do mérito, como, por exemplo, aquela que indefere a petição inicial. 
Como se compatibiliza nos casos de efeito regressivo a possibilidade de o juiz se retratar com a impossibilidade dele de analisar a admissibilidade do recurso? 
A verdade é que ao mudar a regra de admissibilidade, o legislador esqueceu-se das hipóteses de retratação do juiz. O que a doutrina tem sugerido é que nas hipóteses em que o juiz for se retratar, este deve analisar se estão presentes os requisitos de admissibilidade. Caso perceba que a apelação é intempestiva, não deve se retratar nem sequer reconhecer inadmissibilidade e encaminhar ao Tribunal. 
Procedimento da apelação
É fácil perceber que o procedimento da apelação é bifásico, se dá em momentos diferentes, uma parte em primeiro grau e outra parte em segundo grau no âmbito dos tribunais. 
O procedimento de apelação em primeiro grau se dá de maneira bem resumida. Proferida uma sentença, abre-se quinze dias para a parte que perdeu interpor apelação, dirigida ao próprio juiz que proferiu tal sentença. Interposta a apelação, o juiz intima a parte contrária para apresentar contrarrazões no prazo de quinze dias e remete ao tribunal. 
Pode eventualmente, no momento das contrarrazões, ocorrer algo a mais, ou seja, pode o apelado ao apresentar contrarrazões efetivamente recorrer, seja por uma apelação adesiva ou recurso nas contrarrazões contra decisão interlocutória. Isto muda que haverá um estágio a mais, o juiz deverá intimar a parte que originariamente apelou a apresentar contrarrazões ao recurso adesivo/recurso contra interlocutória. 
Juntadas as contrarrazões o juiz deve encaminhar os autos ao tribunal independentemente de juízo de admissibilidade, já que juiz de primeiro grau em apelação não fazanálise de admissibilidade. 
Cabe reclamação constitucional (art. 988 e seguintes do CPC) contra decisão de juiz de primeiro grau que inadmite a apelação, cujo objeto é a usurpação de competência do juiz, pouco importa o juízo de admissibilidade (se dentro do prazo ou não). A consequência da procedência da reclamação trabalhista é o tribunal avocar os autos. 
· A reclamação é uma ação de competência originária do tribunal. 
2º grau 
Os tribunais em geral são órgãos fracionários, ou seja, com várias seções (de direito público ou privado). Cada sessão é composta por várias câmaras ou turmas. Costuma-se usar câmara para tribunal estadual e turma para federais. Cada câmara é composta por desembargadores. 
A maioria dos regimentos internos dos tribunais trazem regras de prevenção, ou seja, se ao longo do processo já houve algum agravo de instrumento contra decisão interlocutória, o desembargador que julgou tal recurso ficará prevento para julgar a apelação. 
Poderes do desembargador relator: 
1) Exercer o juízo de admissibilidade da apelação. 
Cabe agravo regimental ou denominado de agravo interno contra decisão monocrática do desembargador a respeito da admissibilidade do recurso. 
2) Análise do pedido de efeito suspensivo do recurso. 
Cabe agravo interno contra decisão do desembargador relator que nega pedido de efeito suspensivo à apelação. Não importa o conteúdo da decisão e sim a natureza do pronunciamento, que continua a ser decisão monocrática cabendo agravo interno. 
Até 2016 a lei dizia expressamente que esta decisão que indeferia o efeito suspensivo era irrecorrível. Na prática os advogados impetravam mandado de segurança contra tal decisão. “Nem toda decisão é recorrível mas toda decisão é impugnável se gera prejuízo”. Assim, o CPC preferiu tirar a previsão de irrecorribilidade, cabendo agravo interno contra decisão que nega efeito suspensivo à apelação. 
A lei prevê algumas situações excepcionais que a pretexto de dar celeridade admite que o desembargador julgue o mérito monocraticamente (dando ou negando provimento). Isto ocorre quando a situação envolver precedente vinculante. Provimento monocrático não significa relativização do contraditório, mas apenas não levar ao julgamento em sessão. 
Juiz solicita a designação de data para a sessão de julgamento, intimando as partes, já que é possível que na sessão de julgamento as partes façam sustentação oral por meio de seus advogados. Imediatamente após a sustentação oral passará ao julgamento. 
Na eventualidade do julgamento da apelação no órgão colegiado se der por maioria, isto é, não unânime, prevê o CPC (art. 942) que o julgamento será estendido, trazendo-se mais dois desembargadores para ampliar o colegiado. 
Se ocorrer do julgamento da sessão se dar por 2 votos a 1, a lei diz que o julgamento da apelação não se findou por maioria, deverá ser continuado o julgamento preferencialmente na mesma sessão, trazendo mais dois desembargadores para votar. De modo que os votos anteriores podem ser alterados, passando a 5 votos a 0, por exemplo. 
Até 2016 se por acaso o julgamento da apelação desse 2 votos a 1, acabava o julgamento ganhando a parte por maioria e aquele que perdeu poderia antes de interpor o recurso especial ao STJ, interpor embargos infringentes. O CPC de 2015 extingue os embargos infringentes, mas em contrapartida prevê a regra de que todo julgamento não unanime deve ser estendido, independentemente da parte recorrer, substituindo-o. 
Além disso, no CPC revogado só cabia embargos infringentes se houvessem dois magistrados a favor e dois contra, ainda que analisando o posicionamento do juiz de primeiro grau. 
Hoje, pouco importa o sentido do julgamento, mesmo na situação de 3 a 1 contando com o posicionamento do juiz de primeiro grau, haverá julgamento estendido sempre que se findar por maioria. 
 
Agravo de Instrumento
O legislador de determinado país faz uma opção para que determinadas decisões interlocutórias possam ou não ser recorríveis. Assim, há a adoção de sistemas de recorribilidade ao longo da história. 
É possível que o legislador opte pela irrecorribilidade das decisões interlocutórias, como no caso da justiça do trabalho ou do juizado especial, onde não há que se falar em agravo de instrumento, só cabe recurso ao final do processo. 
De outro lado, existem determinados sistemas opostos, sistema denominado de recorribilidade ampla das decisões interlocutórias, ou seja, todas as decisões que o juiz profere antes da sentença, durante o processo, são passíveis de agravo de instrumento. 
O processo civil brasileiro, na origem em 1974, já adotou este sistema de recorribilidade ampla das decisões interlocutórias. Ocorre que neste período os tribunais não mais julgavam apelação, já que havia agravos de instrumento em excesso. Ao longo do tempo a legislação foi alterada várias vezes, houve 04 grandes reformas no CPC revogado, tentando modificar o próprio sistema de recorribilidade. 
Hoje, na vigência do CPC de 2015, adotamos um sistema recorribilidade mitigada das decisões interlocutórias. Assim, algumas decisões interlocutórias proferidas no processo são recorríveis.
O legislador no artigo 1015, certo ou errado, estabeleceu um rol de cabimento de agravo de instrumento. 
Hipóteses 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
Está contida a decisão do juiz que concede tutela provisória, como também a que nega a tutela provisória. Mais do que isso, encontra-se neste inciso a decisão do juiz que posterga a análise da liminar para após as informações do réu. 
Se no meio do processo o juiz revoga a tutela antecipada que havia concedido, isto é uma decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória, cabe agravo de instrumento. 
O legislador assim a dispôs como a primeira hipótese de cabimento, já que não faz sentido impedir a interposição de recurso ante a urgência incita a ideia de tutela provisória. 
II - mérito do processo;
Aqui é a ideia por excelência de julgamento parcial de mérito, decisão do juiz que decide apenas um dos pedidos constantes da inicial, que não se enquadra como sentença já que não põe fim ao processo. 
O pronunciamento do juiz após a contestação em que decide afastando a tese de prescrição trata-se de decisão interlocutória que versa sobre o mérito do processo, sendo cabível agravo de instrumento. 
A decisão em que fixou a data da separação de fato do casal, já foi considerada pelo STJ como decisão interlocutória que versa sobre o mérito do processo, sendo impugnável por agravo de instrumento, clássico exemplo. 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
É o caso, por exemplo, de um contrato em que foi estipulada convenção arbitral e uma das partes requer a atuação do judiciário. Logo de início a parte contrária já faz alegação de convenção arbitral. A decisão do juiz que rejeita a alegação de convenção arbitral cabe agravo de instrumento. 
Em relação ao pronunciamento do juiz que acolhe convenção de arbitragem, coloca fim ao processo por meio de sentença, cabendo, portanto, apelação. 
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
A decisão do juiz que julga o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, dizendo que há confusão patrimonial para trazer os sócios ao polo passivo do processo, cabe agravo de instrumento. Tanto na hipótese que aceita ou rejeita o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Há quem fale que se houver pedido de provas embutido no incidente, seria cabível ainda agravo de instrumento. Outros já entendem que em face de produção de provas não caberia agravo de instrumento, sendo a discussão a respeito de outros recursos cabíveis, como mandado de segurança ante a urgência. 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
Contra decisão do juiz que concede o benefício da gratuidade da justiça deve ser recorrível em face de apelação, sendo a ideia do legislador não travar o processo e prestigiar a justiça gratuita. 
VI- exibição ou posse de documento ou coisa;
Cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória que verse sobre produção de prova documental para a exibição de documento. 
VII - exclusão de litisconsorte;
A hipótese que por excelência admite agravo é o caso, por exemplo, de ação proposta contra três pessoas. Os réus alegam ilegitimidade. O juiz dá uma decisão determinando que o Sérgio é parte ilegítima, excluindo o litisconsorte do processo. Ao autor cabe agravo de instrumento diante desta decisão. 
Se o juiz der uma decisão rejeitando a ilegitimidade alegada pelo réu, cabe agravo de instrumento desta decisão? O STJ em julgamento recente entendeu que não cabe agravo de instrumento se a decisão mantém litisconsorte, somente caberia se a decisão excluísse litisconsorte. Desta decisão somente seria possível discuti-la em face de apelação no futuro, já que se extinguisse o litisconsorte anteriormente, poderia no futuro gerar nulidade se o tribunal reconhecesse que era parte legítima. Então, o momento adequado é em face de apelação, que se assim entender que era parte ilegítima, apenas o exclui. 
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
Hipótese específica em que vários autores se reúnem para entrar com uma ação contra outrem. O réu está em uma situação delicada, não irá conseguir fazer uma defesa excelente contra tantos autores que demandaram contra ele. Solicita o réu ao juiz, que desmembre o litisconsórcio em outros processos, mantendo somente alguns autores (ex. de 20 autores para 10). Desta decisão do juiz que rejeita o pedido de limitação do litisconsórcio cabe agravo de instrumento. 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
Cabe agravo de instrumento contra decisão que admite ou inadmite intervenção de terceiros, como o caso de denunciação da lide a seguradora, assistente. 
Há uma hipótese em que o próprio legislador excepciona, é o caso do artigo 138. A decisão que admite Amicus Curiae é por força da lei irrecorrível. 
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
Pedir efeito suspensivo para embargos à execução é uma espécie de tutela provisória, sendo absolutamente dispensável este inciso já que já está incluso no inciso I, cabendo agravo de instrumento. 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;
Necessidade urgente de saber a quem será o ônus da prova, portanto, cabe agravo de instrumento contra decisão que redistribui o ônus da prova. 
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Cláusula aberta. Entretanto, isso não significa que o rol deixou de ser fechado, mas sim há outras hipóteses previstas em lei. Na Lei de Falências e recuperação de empresa há uma hipótese que diante daquela decisão cabe agravo de instrumento. Na Lei de improbidade administrativa, ainda, diz que se o juiz converte uma ação de improbidade em ação civil pública, cabe agravo de instrumento. Assim, o legislador deixa claro que outras hipóteses as quais a lei extravagante acaba prevendo, cabe agravo de instrumento. 
29/08
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
Não há que se verificar o rol do art. 1015, todas as decisões interlocutórias proferidas em sede de liquidação, execução e inventário serão agraváveis por força do parágrafo único. 
A lógica é que na execução não se consegue aplicar a ideia de recorrer depois da sentença no momento da apelação, desta forma não caber agravo em tais decisões a tornariam irrecorríveis. Portanto, todas as decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação, execução cabem agravo de instrumento. 
O legislador ainda fez bem em citar o processo de inventário, que diante de sua peculiaridade permite que todas as decisões interlocutórias proferidas sejam passíveis de agravo de instrumento. 
A doutrina ainda fala que o legislador deveria ter incluído o processo de falência e recuperação de empresa, o que não o fez, havendo discussão a respeito do cabimento de agravo de instrumento. Assim, a lei de falência foi modificada passando a prever expressamente que todas as decisões interlocutórias proferidas são passíveis de agravo de instrumento. 
Portanto, não há um rol taxativo, todas as decisões interlocutórias na liquidação, execução e no inventário são agraváveis. 
Decisões não contempladas no rol 
Decisão sobre prova 
Cabe agravo de instrumento contra decisão do juiz que indefere uma prova? 
Se indeferir prova no inventário e na execução cabe, agora no processo comum/conhecimento não, sendo hipótese de deixar para recorrer em sede de apelação. 
Se estou diante de execuções, procedimentos especiais como inventário, falência e recuperação de empresa são todas agraváveis. 
Procedimento comum – somente o que está dentro do rol do artigo 1015 do CPC, agora execução e inventário, qualquer decisão interlocutória é agravável. 
A questão da competência 
Em relação às decisões sobre competência, parte da doutrina, como Fredie Didier passou a defender que caberia sim agravo de instrumento contra tal decisão, com fundamento no inciso III do artigo 1015 (rejeição da alegação de convenção de arbitragem), fazendo-se em sentido amplo uma espécie de analogia, interpretação extensiva. Quando o legislador diz que cabe agravo de instrumento contra decisão que rejeita alegação de convenção de arbitragem, também deve entender que cabe agravo de instrumento contra decisão que rejeita a alegação de incompetência. 
Entende Fredie Didier que o fato de o rol ser taxativo não impediria que se fizesse interpretação extensiva desta hipótese. 
Obs. Não há dúvida que o ideal seria que coubesse agravo de instrumento, já que há falha do legislador que não previu tal hipótese e não há possibilidade de postergar tal análise para a apelação. Por outro lado, há um risco de preclusão se admitisse a ampliação do rol taxativo, já que se fosse possível de agravo de instrumento deveria ter sido interposto nos quinze dias. 
Tamanha polêmica, o Superior Tribunal de Justiça fixou um precedente vinculante a respeito desta questão, o tema 988 dos repetitivos. A questão submetida a julgamento foi definir a natureza do rol do art. 1015 do CPC/2015 e verificar possibilidade de sua interpretação extensiva, para se admitir a interposição de agravo de instrumento contra decisão interlocutória que verse sobre hipóteses não expressamente versadas nos incisos do referido dispositivo do Novo CPC.
A tese firmada foi que o rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.
Ainda resta pendente a questão da preclusão, há uma carga de subjetividade nesta tese firmada, já que não deixa um rol de decisões. No voto da ministra Nanci, esta redisse que muito embora o rol pudesse ser ampliado, a parte não poderia ser prejudicada por uma eventual preclusão se não está no rol. 
Tudo indica que a parte realmente não pode ser prejudicada pela preclusão. Claro que se está no rol, haverá preclusão se não interpôs no prazo de 15 dias. A doutrina majoritária interpretando o acórdão do STJ tem entendido que a parte não pode ser prejudicada pela preclusão se não agravou e não está no rol. 
Em regra, estando no rol do artigo 1015 cabe agravo de instrumento sob pena de preclusão. Por outro lado, se é uma decisão interlocutória não prevista no rol do artigo 1015 será discutidaa questão em sede de apelação, somente se verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação seria cabível agravo de instrumento invocando a tese da taxatividade mitigada. 
Decisão que aplica multa
De acordo com o artigo 334 o juiz aplica multa por ato atentatório à justiça quando a parte autora não comparece a audiência de conciliação e mediação. 
Se o juiz julga procedente a ação e se a outra parte não interpuser apelação, transita em julgado. Aqui se pode chegar a uma situação inusitada de cabimento de apelação exclusivamente contra decisão interlocutória que aplica multa. 
Na doutrina já houve quem entendesse o cabimento de agravo de instrumento contra decisão que aplica multa. Entretanto, o STJ já decidiu a apelação exclusiva contra a decisão interlocutória que aplica multa. Há poucos meses, por outro lado, entendeu que não cabe nem agravo de instrumento e nem apelação e sim mandado de segurança contra decisão interlocutória que aplica multa. 
30/08/2022
Procedimento do Agravo de Instrumento
O agravo de instrumento diferentemente da apelação é interposto diretamente no tribunal. 
No CPC revogado, havia a regra de que interposto o agravo de instrumento no tribunal, deveria informar o juízo a quo no prazo de três dias sobre a interposição de tal recurso. 
A ideia do agravante informar em primeiro grau que agravou possuía duas funções, a primeira era imediatamente dar oportunidade à parte contrária de ter acesso ao agravo de instrumento, viabilizando o contraditório. Além disso, possuía a função de permitir o juízo de retratação do recurso, ou seja, a partir do momento em que juntava a cópia do agravo em primeiro grau, o juiz poderia se retratar e conceder a liminar, ficando prejudicado o agravo que havia sido interposto no tribunal. 
Isso é algo que sempre teve mais sentido nos autos físicos, para que acima de tudo a outra parte pudesse ter acesso ao agravo de instrumento. Hoje, em uma lógica de autos eletrônicos, facultativamente se pode juntar tal agravo de instrumento nos autos em primeiro grau com a única e exclusiva função de permitir o juízo de retratação. 
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso.
Assim, trata-se de uma faculdade e não obrigação. 
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput , no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
Neste caso, é um dever do agravante de informar a interposição do recurso ao juízo a quo no prazo de três dias. 
§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
Talvez seja uma das únicas hipóteses do sistema de ausência de requisito de admissibilidade que não pode ser conhecido de ofício pelo magistrado. 
O instrumento do agravo de instrumento sempre foi uma lógica de autos físicos em que o processo estava tramitando em primeiro grau e o juiz dá uma decisão interlocutória concedendo uma liminar. A parte prejudicada quer recorrer de tal decisão. Como os autos físicos não podem ser remetidos ao tribunal, tira cópia das principais peças do processo e aí sim encaminha ao tribunal. Essa sempre foi a ideia de agravo de instrumento, é um agravo no sentido de insatisfação que se está fazendo por meio de um instrumento, cópia das principais peças. 
É daí que vem a ideia de que ao interpor o agravo de instrumento deveria juntar além da petição, as peças obrigatórias, como a certidão de intimação. Caso não juntasse as peças obrigatórias, o recurso seria inadmitido. Hoje, ainda existe a expressão de peças obrigatórias e facultativas, mas acaba por ser ultrapassado em face dos autos eletrônicos. 
Assim, saindo uma decisão interlocutória passível de agravo de instrumento, tem-se o prazo de quinze dias, interposição direta ao tribunal com a possibilidade de informar o juiz de primeiro grau para exercer o juiz de retratação. 
O processamento do agravo de instrumento no tribunal seguirá as mesmas regras da apelação, com três importantes ressalvas em especial. 
Em regra, um colegiado de três desembargadores julgará o agravo de instrumento. 
Assim como é possível na apelação, no agravo de instrumento poderia o relator-desembargador julgar monocraticamente o mérito do agravo de instrumento? Pode e também se aplica a possibilidade quando a situação envolver precedente vinculante. Diferentemente da apelação, o agravo de instrumento quando sobe ao tribunal não possui o contraditório formado. Assim, há uma ressalva, se for para dar provimento ao agravo, necessita antes intimar a parte contrária para apresentar contrarrazões. Com as contrarrazões em mãos, pode inclusive monocraticamente por envolver precedentes vinculantes, julgar. Por outro lado, para negar provimento não necessita das contrarrazões já que é para beneficiar o agravado. 
Cabe sustentação oral no julgamento do agravo de instrumento? O CPC rediz que cabe sustentação oral apenas em uma hipótese, no agravo de instrumento contra decisão que verse sobre tutela provisória. 
Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021 : VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência;
É motivo de muita crítica na doutrina a ausência de previsão de sustentação oral no agravo de instrumento contra decisão interlocutória de mérito, já que faz às vezes de uma apelação. 
Se o julgamento do agravo de instrumento for por maioria haverá ampliação do colegiado? O CPC também prevê a ampliação do colegiado para uma hipótese de agravo de instrumento, no julgamento do agravo de instrumento interposto contra decisão interlocutória de mérito, apenas quando houver reforma da decisão. 
 Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. 
§ 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
Efeitos do Agravo de Instrumento
Segue a lógica da teoria geral do recurso, possui efeito devolutivo, translativo e regressivo, já que ao dar informação ao juízo a quo permite a retratação. 
Em regra, o agravo de instrumento não possui efeito suspensivo, proferida uma decisão interlocutória, qualquer que seja, está valendo. Não possui efeito suspensivo automático derivante da lei, mas o agravante pode requerer o efeito suspensivo ao desembargador sob os argumentos de fumus boni iuris e periculum em mora. Como, por exemplo, liminar interditando o prédio da Toledo. Será interposto um agravo de instrumento e requisitará efeito suspensivo. 
Há forte posicionamento na doutrina que o agravo de instrumento interposto contra decisão interlocutória de mérito por fazer a função de apelação, teria que ter efeito suspensivo automático. 
Embargos de Declaração
Por muito tempo a doutrina colocou em cheque se os embargos de declaração seriam mesmo um recurso, a própria natureza jurídica é historicamente questionada. 
Trata-se de um recurso julgado pelo próprio juiz que proferiu a decisão. O que causa crítica na doutrina se realmente seriaum recurso ou um pedido de reconsideração. 
O recurso sempre foi algo destinado a reformar a decisão. Nos embargos, por outro lado, o grande objetivo é aprimorar a decisão e não reforma-la. 
Apesar da discussão histórica, o Código Civil Brasileiro parte da premissa que embargos de declaração é sim um recurso, estudaremos como tal. 
A doutrina definirá embargos como um meio de impugnação a decisão judicial manejado no mesmo processo quando o objetivo for precipuamente o aprimoramento da decisão. 
Cabe o recurso de embargos de declaração contra todo e qualquer pronunciamento judicial. Assim, diferentemente dos demais recursos não possui paralelo com determinada decisão, cabendo contra decisão interlocutória, sentença, acórdão, entre outros. 
Cabe embargos de declaração contra despacho? Rigorosamente, ao analisar friamente o CPC poderá chegar a conclusão de que não cabe, já que diz que o despacho é irrecorrível e o mesmo ainda diz que os embargos de declaração são sim um recurso. Logo, não caberia embargos de declaração contra despacho. 
A doutrina menciona que não há sentido algum de não haver cabimento de embargos contra despacho, já que um simples despacho sem carga decisória pode de algum modo não ser claro. Assim, a doutrina excepcionará dizendo que o despacho é irrecorrível salvo os embargos de declaração, já que possui o objetivo de aprimorar a decisão, sendo totalmente cabível. 
Neste sentido, caberá embargos de declaração contra todo e qualquer posicionamento desde que contenha um dos seguintes vícios: 
1) Obscuridade. A doutrina dirá que obscuridade é falta de clareza, o pronunciamento ininteligível ou aquele que não pode ser compreendido. Como, por exemplo, a sentença que utiliza muitas expressões em latim. 
2) Contradição. Em sentido amplo, é a existência de afirmações inconciliáveis entre si na decisão. A contradição que admite embargos de declaração é apenas a contradição interna, ou seja, dentro do pronunciamento. Como, por exemplo, juiz está seguindo um caminho de improcedência e no final condena o réu a pagar. 
3) Omissão. Haverá omissão quando o juiz deixar de analisar uma questão relevante para o desfecho da causa. O exemplo clássico é aquela sentença em que deixa de analisar o dano moral, se tornando infra petita. Outro exemplo ainda é quando o juiz não enfrenta alguma tese, como a prescrição. 
O CPC acabou por ampliar o conceito de decisão. 
Art. 1022, parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .
Também será considera omissa a decisão que deixar de enfrentar um precedente vinculante aplicável ao caso. 
4. Erro material. A doutrina dirá que é aquele erro perceptível de plano. Se o juiz de ofício pode corrigir erro material, mais que cabível que a parte solicite que corrija erro material em sede de embargos de declaração. 
Procedimento dos embargos de declaração 
No embargo de declaração, o procedimento é absolutamente simplificado, poderia se resumir em interposição e julgamento. 
Proferido um pronunciamento que contenha vício que enseja embargos deve ser interposto em cinco dias dirigido ao próprio juiz que proferiu a decisão, sem recolhimento de custas. 
O juiz não deve intimar a parte contrária para que apresente contrarrazões de embargos? Em regra, não há contraditório nos embargos de declaração, já que seu objetivo é aprimorar a decisão e não reforma-la. Entretanto, o próprio CPC no artigo 1023 e seus parágrafos rediz expressamente que se o juiz verificar que eventual acolhimentos dos embargos pode gerar mudança da decisão, deve intimar a parte contrária para contrarrazões em cinco dias. 
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
§ 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 .
§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
Como é o caso, por exemplo, de embargos que alegue prescrição, onde se acatada por extinguir o processo. Deverá intimar a parte contrária para contrarrazoar em cinco dias. 
É o mesmo órgão que proferiu a decisão, não a mesma pessoa física. É o caso, por exemplo, do juiz entrar de férias, falecer. 
Efeitos dos embargos de declaração 
Qual recurso cabe contra a decisão do juiz que julga embargos de declaração? Os embargos de declaração possuem o que a doutrina chama de efeito integrativo. Para todos os efeitos, a decisão que julga os embargos, passa a integrar o pronunciamento inicialmente atacado. Assim, se os embargos foram direcionados a sentença, caberá apelação. Se em face de decisão interlocutória, caberá agravo de instrumento. 
Ainda há um segundo efeito nos embargos de declaração denominado de efeito interruptivo. Assim a oposição de embargos de declaração dentro do prazo interrompe todos os demais prazos recursais até que sejam julgados. Com isso, do julgamento do embargos de declaração volta-se a contar do início o prazo para recurso desta decisão, quinze dias se apelação e agravo de instrumento. 
Todo embargos de declaração independentemente do resultado gera esse efeito interruptivo. Aplica-se multa se a parte apenas quiser protelar o resultado do processo. Mesmo neste caso, tais embargos terão efeito interruptivo. 
Só há um caso em que os embargos de declaração não terão o condão de interromper o prazo, qual sejam os embargos de declaração intempestivos, interpostos fora do prazo de cinco dias. 
Pode acontecer que uma parte apele e outra embargue de eventual sentença. Assim antes de encaminhar o Tribunal, o juiz de primeiro grau deve analisar os embargos de declaração. Uma vez que o juiz acolhe os embargos modificando a sentença, aquele que já apelou terá um prazo de quinze dias para complementar a sua apelação nos limites da modificação. 
§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.
Na situação em que uma parte apela e a outra embarga de declaração, negando o juiz os embargos, por muito tempo o STJ entendeu por base na jurisprudência defensiva, que aquele que já apelou deveria no prazo de 15 dias do julgamento dos embargos, reiterar o seu desejo de apelar sob pena da sua apelação não ser conhecida. 
O CPC fez questão de disciplinar sobre tal assunto no art. 1024, §5º, o qual dispõe que: “Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.”. 
Efeito suspensivo dos embargos. 
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
A primeira ideia que se tem ao ler o artigo é que toda vez que embargar de uma decisão estará valendo, não há suspensão. Na verdade, o correto é se pensar a depender do pronunciamento em que se está embargando. 
Do mesmo jeito que contra decisão liminar cabe agravo de instrumento e não possui efeito suspensivo, havendo embargos de declaração contra ela, será executada de plano já que não suspende a sua eficácia. 
Se for uma sentença passível de apelação, pelo fato de a apelação possuir efeito suspensivo, a sentença não vale. Assim, se interposto embargos de declaração, possuiria efeito suspensivo. 
Portanto, os embargos de declaração seguem a mesma lógica do recurso originariamente cabível. 
Os embargos de declaração também possuemefeito translativo, que tem a ver com a transferência de conhecimento de matéria de ordem pública. Por exemplo, a apelação possui efeito translativo, levando ao tribunal a possibilidade de reconhecer a prescrição, matéria de ordem pública. 
É possível que o tribunal conheça de matérias de ordem pública no julgamento dos embargos de declaração justamente por possuir efeito translativo. 
Justamente por possuir efeito interruptivo, os embargos de declaração são usados frequentemente como meio protelatório. 
Art. 1026, § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
· Mesmo que protelatório, o embargos interrompe o prazo dos demais recursos. Ao julgar o segundo embargos protelatórios reabre o prazo para apelar da sentença. 
· Trata-se de uma forma de sancionar os embargos protelatórios. 
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios.
· Este terceiro embargos de declaração protelatórios será considerado como inexistente, não interromperá o prazo recursal. 
· Entende-se pela redação dos parágrafos acima que os embargos de declaração devem ser protelatórios em relação à mesma decisão. 
Embargos de Declaração prequestionadores 
Além dos requisitos tradicionais de admissibilidade, no recurso especial e extraordinário há um requisito a mais, qual seja o prequestionamento. Para que seja possível levar uma discussão ao STJ e STF, o acórdão em que está enfrentando deve ter decidido a respeito do tema. 
É muito comum à utilização dos embargos de declaração como forma de prequestionamento, necessita enfrentar tal questão, como a hipótese de litisconsórcio necessário. Somente quando estiver constante do acórdão é que é possível que tal matéria seja levada ao STJ ou STF. A este embargos de declaração se dá o nome de embargos de declaração prequestionador. 
Por muito tempo a jurisprudência do STJ foi no sentido de que sendo interposto embargos de declaração e o tribunal tenha rejeitado alegando que não há omissão, ainda não estaria cumprido o requisito do prequestionamento. 
Tratando sobre tal tema, o legislador de 2015 instituiu o art. 1025 que disciplina o préquestionamento ficto, presumido. 
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
Recurso Especial
1) Previsão Legal 
· Art. 994, inciso VI do CPC. 
· Art. 1029 a 1035 CPC. 
Cabimento – Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida. 
O recurso especial é um recurso excepcional, será possível o interpor se houver interpretação errônea de lei federal. Não é possível a reanalise de fatos, apenas de direito. 
Súmula 07 STF - A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. 
Súmula 203, STJ - Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.
2) Importância 
· Recurso de estrito direito 
 A importância do recurso especial foi ampliada pelo Código de Processo Civil, principalmente no art. 926, em que o Tribunal nesta ideia de uniformização de precedentes passou a realizar a gestão processual. 
3) Cabimento – art. 105, III, CF 
· Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência. 
O próprio CDC, CPC, lei do inquilinato são leis federais. Assim, havendo aplicação contrária por parte do Tribunal ao disposto nestas leis aplica-se o recurso especial. 
Contrariar = em sentido contrário à finalidade da norma.
Negar vigência = deixar de aplicar a norma correta ao caso. 
· Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal. 
Como, por exemplo, o município de Presidente Prudente criou uma lei em que o consumidor pode devolver o produto sem prazo final. O Tribunal entendeu ser uma norma possível. Ocorre que este ato do governo violou o CDC (lei federal), sendo possível a interposição de recurso especial. 
· Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído OUTRO tribunal. 
Necessário demonstrar as divergências entre os tribunais.
As hipóteses não são cumulativas, tendo apenas uma delas já é possível a interposição de recurso especial. 
4) Finalidade = assegurar que a lei federal seja aplicada de maneira UNIFORME. 
5) Requisito de Admissibilidade 
Todos aqueles que já vimos (intrínsecos e extrínsecos, preparo, tempestividade, cabimento, etc.). 
Ainda há alguns outros requisitos necessários para o recurso especial, quais sejam: 
a) Esgotamento das estancias recursais. 
À decisão do juízo de 1º grau, a depender do pronunciamento do juiz caberá apelação e agravo de instrumento que permitirão que o processo vá ao Tribunal. 
No Tribunal há dois tipos de decisões, contra a decisão monocrática é cabível agravo interno onde será decidido no colegiado e gerará um acórdão, que aí sim será possível interpor recurso especial. 
Caso seja contra uma decisão do colegiado, por lógica, já é possível a interposição de recurso especial. 
b) Proibição de reexame fático. 
c) Prequestionamento – embargos de declaração. 
A matéria deve ser suscitada em algum momento do processo, deve haver prequestionamento. 
Caso ainda não tenha sido falado sobre este tema que a parte quer abordar no recurso especial, o Código de Processo Civil abre a possibilidade de realização de embargos de declaração com fins de prequestionamento. 
d) Dissídio de jurisprudência entre tribunais. 
Só há necessidade de demonstrar o dissídio de jurisprudência entre tribunais se o recurso especial tiver como fundamento a interpretação divergente de lei federal de outros tribunais. 
Recurso Extraordinário
1) Previsão legal – art. 994, VII, CPC e art. 1029 e ss do CPC. 
Cabimento – Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida. 
Súmula 279 STF - Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
Súmula 640 STF – JEC: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Quadro resumo JEC 
· Recurso Especial. Súmula 203 do STJ - Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.
· Recurso Extraordinário. Súmula 640 do STF - É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Decisão recorrida: 
· Contrariar dispositivo da Constituição Federal. 
· Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. 
· Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal. 
· Julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Nesta hipótese caberá tanto recurso especial como recurso extraordinário, houve uma ampliação do rol das hipóteses que seriam possíveis impetrar REXT em face de sua importância.
2) Importância – Uniformizar a aplicação dos ditames constitucionais. 
3) Admissibilidade 
a) Todos aqueles que já vimos (preparo, tempestividade, cabimento). 
+ 
b) esgotamentodas vias recursais. 
c) proibição de reexame de matéria de fato. 
d) prequestionamento. 
· Ainda é possível embargos de declaração para fins de prequestionamento. 
e) Repercussão geral 
Art.102, §3º, CF: No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.
Tanto o Tribunal de Justiça quanto os tribunais superiores (STJ e STF) farão análise dos requisitos de admissibilidade em todos os outros casos. Ocorre que quando se tratar de repercussão geral, apenas o STF fará juízo de admissibilidade. Ainda, somente poderá recusar a repercussão geral pela manifestação de dois terços de seus membros, ou seja, 08 dos 11 ministros devem concordar pela repercussão geral. 
Caberá agravo em recurso especial ou extraordinário quando o recurso não for admitido por falta de requisito de admissibilidade pelo Tribunal, sendo possível assim levar o processo ao STJ ou STF. 
Caberá agravo interno caso não tenha sido conhecido por algum dos requisitos de admissibilidade por decisão monocrática, exceto repercussão geral, hipótese que levará o julgamento ao colegiado. 
Artigo 1035, CPC. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.
§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.
Hipótese de repercussão geral presumida 
Art. 1035, §3º: Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:
I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;
III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal .
Intervenção de Terceiros em Rext (Amicus Curiae) 
Art. 1035, § 4º, CPC. O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.
§ 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno.
Repercussão geral 
Reconhecida – Art. 1035, §9º: O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus .
Não conhecida – art. 1035, §8º: Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.
§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão.
4) Recurso Especial e Extraordinário interposto contra a mesma decisão. 
Se o Tribunal profere um acórdão que viole tanto a Constituição Federal quanto a Lei Federal, no mesmo prazo, ou seja, em quinze dias, deverá impetrar recurso extraordinário ao STF da parte do acórdão que viola a Constituição Federal e recurso especial ao STJ da parte do acórdão que viola a Lei Federal. 
Caso não seja interposto o recurso, haverá preclusão temporal. 
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO
1) Diferença entre processo de conhecimento e processo de execução. 
Falar em diferença entre os dois processos é dizer qual a atividade o juiz realizará em cada um dos processos. 
1.1. Atividade do juiz 
a) Atividade cognitiva 
Quando estamos diante de um processo de conhecimento, o juiz através da sua atividade cognitiva tomará conhecimento dos fatos, do direito, das provas, da matéria de ordem pública, com o objetivo de proferir um julgamento. 
b) Atividade executiva. 
Por sua vez, na atividade executiva a atividade preponderantemente será exercer atos executivos com o objetivo de satisfazer o direito. Como, por exemplo, um cheque, título executivo judicial. Irá entrar com um processo de execução para satisfação deste cheque. 
O que é execução?
1.2. Acepção do termo “executar”: efetivar, realizar, tornar concreto. 
1.3. Acepção jurídica. Atividade executiva é aquela por meio do qual o juiz com cognição sumária ou exauriente realiza um direito promovendo modificações na realidade sensível. 
1. Modificações percebidas pelos nossos sentidos. Como, por exemplo, pegar a cadeira e modificar o lugar em que ela estava. 
1.4. Tutelas, cognição e contraditório. 
a) Tutela executiva – o que o juiz busca proteger na execução, a satisfação, efetivação do direito. Toda a atividade jurisdicional na execução será voltada para a satisfação do direito. 
b) Contraditório e cognição na execução. Ainda continua existindo contraditório e cognição na execução, ou seja, existe conhecimento e contraditório no processo de execução. A diferença entre o processo de conhecimento ou de execução é a atividade predominante, conhecimento ou execução, não significa que não haja conhecimento na execução. 
A partir do CPC de 1973 o contraditório passou a deter outra definição, sendo ciência, possibilidade de contradição, somados a legitimação da decisão, ou seja, só existe decisão legítima se foi exercido o contraditório por todas as partes do processo. 
Portanto, a execução é a modificação na realidade sensível para a satisfação do direito. 
Como executar? 
2. Meios 
Sub-rogatório – Neste meio, o Estado substitui a pessoa do executado, cumprindo a obrigação, muitas das vezes até contra a sua vontade. 
Existem três modalidades: I) desapossamento; II) expropriação; III) transformação. 
Coercitivo – O papel do Estado é pressionar o obrigado para que ele cumpra através de dois mecanismos, o patrimonial ou pela restrição dos direitos de liberdade. 
O mecanismo patrimonial é a famosa multa. Por sua vez a restrição de liberdade há um caminho mais tortuoso, somente existe um tipo de prisão por dívida, a obrigação alimentar. 
O artigo 139, inciso IV, do CPC trouxe alguns poderes ao juiz e dentre eles, criou-se medidas atípicas executórias, como, por exemplo, a suspensão de CNH e suspensão de passaporte, restrição de direitos de liberdade que advém do poder estatal de coagir o obrigado a satisfazer a obrigação. 
3. Visão panorâmica do CPC 
a) Local em que está reconhecido o direito, que pode ser: I) título judicial. II) título extrajudicial. 
· A execução de título judicial é sinônima de cumprimento de sentença. 
· Ao falar em execução de título extrajudicial, o Código apenas fala em execução. 
b) Direito material. Pode haver sentença condenatória em dinheiro, devendo utilizar o cumprimento de sentença de quantia certa (art. 523 a 527). Se for, por exemplo, um carro, deverá utilizar do cumprimento de sentença de entrega de coisa (art. 536 a 538). 
CPC
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL 
ART. 523/527 (Quantia certa) ART. 824/909 (Quantia certa)
ART. 528/533 (Alimentos) ART. 911/913 (Alimentos) 
ART. 536/538 (Fazer) ART. 814/823 (Fazer) 
4. “Princípios” da atividade

Mais conteúdos dessa disciplina