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OBJETO E CONSTRUÇÃO UNIDADE 1

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Objeto e Construção
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Claudemir Nunes Ferreira
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Arte Objeto
5
• Precursores: Colagem e Experimentação Matérica
• Ready-made: A Negação da Arte
• Objeto Dadaísta: O Choque
• Objeto Surrealista: O Inconsciente
 · Compreender as manifestações artisticas que levaram à origem da arte objeto e os 
conceitos que fundamentaram a sua incorporação no cenário artístico. 
 · Analisar obras realizadas pelas primeiras correntes artísticas que, sob propósitos 
distintos, exploraram essa instigante linguagem.
 · Verificar sua importância no cenário artístico contemporâneo.
Caro(a) aluno(a),
Iniciaremos nossos estudos pelas colagens cubistas, as primeiras experimentações artísticas 
que inseriram fragmentos físicos da realidade na produção de obras.
Apresentaremos Marcel Duchamp, o grande artista do século XX, cujo legado fundamentou 
a origem e desenvolvimento da arte conceitual e seus ready-mades, a primeira manifestação 
artística que elevou objetos comuns ao status de obras de arte.
Estudaremos ainda como o objeto foi incorporado pelos movimentos dadaísta e surrealista, 
que sublimaram a proposta de negação da arte sugerida pelos ready-mades de Duchamp 
e exploraram o grande potencial expressivo do objeto como linguagem artística, dando-lhe 
novas interpretações e significados.
Após ler o material teórico, não deixe de realizar as atividades de sistematização e de 
aprofundamento. Explore também o material complementar para ampliar seus conhecimentos.
Bons estudos!
Arte Objeto
6
Unidade: Arte Objeto
Contextualização
A Arte Objeto ampliou o significado de arte e, consequentemente, o de artista. Embora 
exista há mais de um século, ainda instiga nossa percepção, fazendo-nos refletir sobre o 
conceito de arte e seu papel no cenário contemporâneo. 
Para iniciarmos esta Unidade, reflita a respeito da seguinte – e tão recorrente – pergunta, 
que ainda é capaz de gerar longas e acaloradas discussões, seja entre o espectador comum, 
com repertório artístico restrito; ou mesmo entre críticos e artistas, os quais ainda adeptos da 
arte tradicional: 
Isto é arte?
Figura 1 – A fonte (1917), réplica de 1964, Marcel Duchamp.
Aproveite o estudo desta Unidade para aprofundar seus conhecimentos sobre essa linguagem 
tão interessante e não deixe de apresentá-la em sala de aula para ampliar o repertório cultural 
e artístico de seus alunos.
Bons estudos!
7
Precursores: Colagem e Experimentação Matérica
Os movimentos de vanguarda do início do século XX romperam com os padrões da tradição 
artística, modificando os paradigmas da pintura por meio da experimentação de novas formas 
de perceber e representar o mundo.
Na busca por essas novas visualidades, os artistas Georges Braque e Pablo Picasso deram 
um passo além. Ao invés de representar a realidade de uma maneira inovadora por meio 
da pintura, inseriram elementos reais em algumas de suas obras, que receberiam o nome de 
papier collés, ou colagens.
Assim, surgiu na França, durante a fase do Cubismo Analítico, uma nova linguagem artística, 
na qual a obra é constituída pela seleção de fragmentos de materiais que são organizados e 
colados sobre uma superfície plana. O espaço bidimensional da tela foi rompido pela inserção 
de recortes de jornal, pedaços de papel texturizados, tecidos e madeiras, entre outros materiais, 
tornando tênue a fronteira, até então estabelecida, entre pintura e escultura. 
 Importante!
A principal característica do Cubismo é a representação da natureza, corpos ou 
objetos, por vários pontos de vista simultâneos, que decompõem a figura em formas 
geométricas de suas diferentes partes – como se o objeto tridimensional fosse aberto 
e apresentasse todos os seus ângulos no plano frontal em relação ao espectador. 
Uma das características do Cubismo Analítico é a reaproximação com a figuração, 
mantendo a fisionomia essencial da figura, mesmo que resumida, em contraponto 
ao Cubismo Sintético, no qual a imagem foi tão fragmentada que chegou quase à 
abstração, tornando difícil sua interpretação.
É claro que Braque e Picasso não inventaram a colagem, a genialidade está no ato de inserir 
uma técnica originalmente decorativa ou, para muitos, uma simples “brincadeira” no cenário 
artístico. Foram as primeiras apropriações de elementos reais da vida cotiana, corriqueiros 
e sem valor que, ao serem incorparados nas obras desses artistas, tornaram-se algo único e 
valioso, mudando a relação entre arte e vida. 
Em 1912, Pablo Picasso produziu Natureza morta com cadeira de palha (Figura 1), a 
primeira colagem que colocou-se no mercado de arte equiparada à pintura tradicional. Nessa 
obra, um pedaço de oleado – aquele material geralmente usado para forrar gavetas – impresso 
com o padrão de palha trançada e um cordão torcido, usado para emoldurar a imagem, 
dividem a tela com uma pintura de estilo cubista.
8
Unidade: Arte Objeto
Figura 1 – Natureza morta com cadeira de palha (1912), de Pablo Picasso
A obra representa a vida real, os objetos pintados são identificáveis, um cachimbo, uma xícara 
e um jornal, remetendo a uma mesa de algum café. O padrão pré-impresso do oleado reforça 
essa ideia, esteja representanda uma toalha, ou uma cadeira presente sob a mesa, já que a palha 
trançada era um elemento frequentemente presente no mobiliário desses estabelecimentos.
No mesmo ano, Georges Braque produziu Fruteira e copo (Figura 2), obra na qual cortou 
e colou sobre a tela um pedaço de papel de parede, estampado com padrão de madeira e 
apenas esboçou com carvão um prato de frutas e um copo. Note que não há pintura nessa 
“pintura”, ou seja, não há a presença da tinta – elemento fundamental da pintura – nessa obra, 
a cor é fornecida apenas pela impressão pré-existente no papel de parede.
Figura 2 – Fruteira e copo (1912), de Georges Braque.
9
As obras de Juan Gris, artista que definia sua pintura como “espécie de arquitetura plana 
com cor”, diferem das de Braque e Picasso – que são essencialmente monocromáticas – pela 
preferência por cores vivas e harmoniosas. Henri Matisse, um dos principais representantes do 
fauvismo, amigo pessoal de Gris e considerado o grande rival artístico de Picasso, privilegiou em 
suas colagens a mesma interacão entre cor e forma com composições formais e semiabstratas.
Figura 3 – Playing cards and glass of beer (1913), de Juan Gris.
10
Unidade: Arte Objeto
Figura 4 – Snow flowers (1951), de Henri Matisse.
As experimentações com a colagem levaram a pesquisa cubista a novas direções. A 
utilização de outros materiais, além de papéis, deu origem a obras tridimensionais que hoje 
chamaríamos de assemblage, ou escultura, porém e naquela época, escultura correspondia a 
obras esculpidas em grandes blocos de mármore, modeladas em argila ou fundidas em metal 
e o termo assemblage nem existia. 
Guitarra (Figura 5), de Picasso, foi constituída com cartão e cordão. E Copo de absinto (Figura 
6), desse mesmo artista, apresenta uma colher real de absinto sobre uma cabeça fundida em bronze.
Figura 5 – Guitarra (1912), de Pablo Picasso.
11
Figura 6 – Copo de absinto (1914), de Pablo Picasso.
A versão tridimensional da colagem cubista rompeu com dois conceitos fundamentais 
da escultura tradicional: o de obra como resultado da criação e necessária manipulação do 
artista sobre a matéria bruta; e o de artista como o detentor de capacidade criativa, técnica e 
habilidade, capazes de transformar a matéria bruta em obra. Contrapôs-se à arte acadêmica do 
século XIX, recusando a definição de materiais das belas-artes – mármore, bronze, ouro, tela, 
tinta óleo – e assimilou definitivamente os materiais, até então, considerados não artísticos.
As experimentações cubistas foram responsáveis pelo surgimento de uma liberdade 
fundamental no campo da escultura que, assimilada e expandida por inúmeros artistas, deram 
origem a novas linguagens. 
Além de disseminar-se nas produções de artistasdo circuito parisiense, a colagem cubista 
e sua versão escultural foram incorporadas, com reinterpretações distintas, em produções de 
outras partes do mundo. Na Itália, artistas como Umberto Boccioni utilizaram a técnica para 
discutir temas futuristas, como a máquina, tecnologia, velocidade e movimento. Na Rússia, os 
princípios da colagem aderiram-se às tendências construtivistas, destacando o poder expressivo 
dos materiais e os princípios da composição, como nos relevos de Vladimir Tatlin.
Estudaremos a versão escultural da colagem cubista, sua influência nas correntes artísticas 
subsequentes e sua importância para a escultura moderna em Unidade futura, intitulada 
Construção objetual.
12
Unidade: Arte Objeto
Ready-Made: a Negação da Arte
Diálogo com o Autor
Em 1913, eu tive a feliz ideia de fixar uma roda de uma 
bicicleta a um banco de cozinha e ficar a vê-la rodar. 
[...] Em Nova Iorque, em 1915, comprei numa loja 
de ferramentas uma pá para a neve na qual escrevi: 
em antecipação ao braço partido. Foi por essa altura 
que a palavra ready-made me veio ao espírito para 
designar este gênero de manifestação. [...] Um ponto 
que eu desejo frisar é que a escolha desses ready-
mades nunca foi ditada por deleite estético. A escolha 
baseou-se numa reação de indiferença visual e, em 
simultâneo, com uma total ausência de bom ou mal 
gosto... de fato, uma completa anestesia (DUCHAMP 
apud RUHRBERG; HONNEF, 2010, p 457).
Figura 7 – Roda de bicicleta (1913), réplica de 1951, de Marcel Duchamp.
13
Figura 8 – Em antecipação ao braço partido (1915), réplica de 1964, Marcel Duchamp.
O ready-made corresponde à seleção, apropriação e inserção no circuito artístico de um 
objeto do cotidiano, escolhido pelo artista com indiferença visual intencional.
Em uma análise superficial da história do objeto nas artes, o ready-made pode parecer 
uma consequência, ou evolução das experimentações cubistas que inseriram o objeto 
na obra de arte para o objeto em si como obra de arte. Porém, não é bem assim. O 
surgimento do ready-made não foi influenciado por nenhuma das ideais ou técnicas dos 
artistas precursores que inseriram o objeto no cenário artístico, tampouco Duchamp 
pretendia instituir a arte objeto. 
Enquanto os movimentos de vanguarda buscavam romper com o padrão de arte instituído 
por meio de novas técnicas, materiais e meios, criando inéditas visualidades artísticas no século 
XX, contrárias à arte tradicional predominantemente burguesa, Duchamp pretendia negar o 
próprio conceito de arte.
Com seus ready-mades, Duchamp procurava demonstrar que a arte é uma questão 
de definição, não sendo sintetizada pelo artista ou sua obra, mas sim pelo olhar do 
espectador. Os objetos escolhidos com indiferença visual rejeitam a própria tradição 
estilística e todos os fundamentos da produção artística: capacidade criadora, ofício, 
gêneros, estética, forma e técnica. O conceito de arte foi deslocado da produção efetiva 
da obra para a ideia da obra. 
Duchamp negava a arte retiana destinada ao prazer estético. Acreditava na arte intelectual 
destinada à comunicação de uma ideia sem propósito funcional além de si mesma, que 
confrontasse o público, fazendo-o pensar e refletir sobre a arte enquanto linguagem.
14
Unidade: Arte Objeto
Figura 9 – A fonte (1917), réplica de 1964, de Marcel Duchamp.
Em 1917 o ready-made mais conhecido de Duchamp causou um grande alvoroço no 
cenário artístico. Um mictório girado a noventa graus, assinado com o psedônimo de R. Mutt, 
uma alusão ao nome da loja onde comprou o objeto – J. L. Mott – e intitulado A fonte foi 
inscrito na Exposição dos Artistas Independentes. Até então, a maior mostra de arte moderna 
dos Estados Unidos, organizada pela Sociedade dos Artistas Independentes, um grupo de 
intelectuais progressistas do qual Duchamp era membro diretor. 
O grupo era contrário à atitude conservadora da National Academy of Design. O 
regulamento, que o próprio Duchamp ajudou a redigir, dizia que qualquer artista poderia se 
tornar membro da sociedade pelo preço de um dólar e qualquer membro poderia inscrever 
duas obras para essa exposição pagando uma taxa adicional de cinco dólares por obra. 
Ironicamente, o comitê formado pela suposta vanguarda intelectual da época, que defendia 
o combate ao mercado artístico estabelecido com um conjunto de novos princípios liberais 
e progressistas, recusou a obra por considerá-la muito vulgar e ofensiva. A fonte original 
desapareceu e nunca foi exibida em público, Duchamp renunciou ao comitê.
Poucos dias depois, Alfred Stieglitz, dono de uma influente galeria de arte de Manhatan – a 
291 –, fotografou uma réplica do ready-made de Duchamp, criando uma prova documental da 
existência do objeto e endossando-o como uma legítima obra de arte pela vanguarda artística. 
Essa réplica também desapareceu. Atualmente, quinze exemplares de A fonte assinados por 
R. Mutt estão espalhados em coleções pelo mundo.
A importância desse ready-made e dessa história está na crítica dirigida ao ostensivo 
mercado de arte, dos colecionadores especuladores aos diretores de museu, colocando em 
xeque a própria noção de obra de arte decretada por acadêmicos e críticos. Para Duchamp, 
15
cabia ao artista decidir o que era ou não obra de arte e a ideia era o primordial, sendo o meio 
– pintura ou escultura –, secundário. Em síntese, a arte está na ideia, não no objeto. 
Não deveria haver devoção à obra e, principalmente, ao seu criador, quando essa resume-se 
a um objeto comum. Assim, Duchamp redefiniu a arte e desmistificou o próprio conceito de 
artista, deixando um importante legado para as experimentações artísticas subsequentes. Suas 
“obras conceitos” foram incessantemente revisitadas por inúmeros artistas, das mais diversas 
correntes, abrindo o caminho para novas interpretações individuais do objeto na produção 
artística, como a dos dadaístas e surrealistas, da pop art, do fluxos e da arte cinética, tornando 
Duchamp o “pai” da arte conceitual.
Posteriormente, Duchamp concebeu também o ready-made assistido, composto por um 
conjunto de objetos comuns, isolados de seus contextos e reunidos sem qualquer orientação 
lógica, narrativa ou metafórica, tornando a obra incompreensível, tanto quanto instigante.
Figura 10 – Por que não espirrar, Rrose Sélavy? (1921), de Marcel Duchamp.
Por que não espirrar, Rrose Sélavy? (1921) traz cubos de mármore, um prato de porcelana, 
um termômetro e uma concha calcária de um molusco dentro de uma gaiola de metal pintada 
de branco. Enigmática, a obra não apresenta nenhuma lógica narrativa, os cubos de mármore 
lembram açucar, tornando a obra muito mais pesada do que parece; o termômetro, uma 
referência à temperatura, talvez sugira que os cubos de mármore devessem lembrar gelo; 
a concha calcária de um molusco sugere a presença de uma ave, que indica que a gaiola 
seja de passáros – cheia de gelo ou de açúcar e com um termômetro? Sua leitura vai além 
da apreciação visual, pede o contato tátil para reconhecer a materialidade dos cubos, que 
sugerem açúcar ou gelo, seja pelo peso ou pela temperatura.
16
Unidade: Arte Objeto
 Saiba Mais
Duchamp, um capítulo à parte
Quem não compreender Duchamp, provavelmente não compreenderá o objeto no cenário 
artístico e a arte conceitual, tampouco a arte contemporânea.
Duchamp nasceu em 1887 na cidade francesa de Blainville-Cevon. Foi pintor, escultor, poeta, 
criador do ready-made e jogador de xadrez. Nunca pertenceu oficialmente a nenhum movimento 
artístico, mas sua diversificada produção traz características impressionistas, expressionistas, 
cubistas, futuristas e dadaístas. 
Iniciou sua carreira como pintor aos quatorze anos, sob influência impressionista. Aos dezesseis foi 
morar em Paris, onde foi reprovado no exame da Escola de Belas Artes. Em 1911, sob influência 
cubista, criou sua primeira obra inovadora, Retrato de jogadores de xadrez, na qual representa 
jogadores “pensando” o xadrez, ao invés de efetivamente jogá-lo. Nu descendo a escada,de 1912, 
traz características futuristas, enquanto os cubistas fragmentavam a imagem a partir de vários 
pontos de vista do objeto, Duchamp fragmentou-a partir do movimento do objeto no espaço sob 
o mesmo ponto de vista. Essa obra foi rejeitada no Salão dos Artistas Independentes e, a partir 
desse momento, Duchamp passou a adotar uma postura artística mais intelectual. Em 1913, 
concebeu seus primeiros ready-mades, que só seriam assim nomeados em 1915 e apareceriam 
no cenário artístico em 1917. Em 1915 mudou-se para Nova Iorque, onde atingiu grande fama 
como escultor, nesse período sua produção artística aproximou-se do Dadaísmo.
Irônico, controverso e subversivo, cada vez que suas obras passavam a ser compreendidas e eram 
inseridas no mercado artístico, Duchamp mudava bruscamente de estilo. Quando passou a ser 
considerado um grande artista, abandonou a carreira para se dedicar ao jogo de xadrez, o que, 
aliás, dizia ser a grande paixão de sua vida, deixando um valioso legado para a arte conceitual e 
sendo ainda a maior referência para muitos artistas contemporâneos.
“Aliás, são sempre os outros que morrem” – lápide de Marcel Duchamp.
17
Objeto Dadaísta: o Choque
No ano de 1916, em Zurique, quando o poeta e filósofo Hugo Ball fundou o Cabaré 
Voltaire, um misto de bar e teatro com sociedade artística, pensado para ser um centro de 
entretenimento onde artistas e poetas de diferentes tendências seriam convidados a dar 
sugestões e contribuições de todos os tipos, surgia o movimento de vanguarda mais radical do 
século XX e que rapidamente se espalhou pela Europa e EUA.
Com atitude anarquista, o Dadaísmo foi um movimento de crítica cultural que questionava 
absolutamente tudo, não apenas a arte, mas a insanidade da guerra, a lógica instrumental, a 
política nacionalista, a religião e a sociedade burguesa. Pregava a destruição de todos padrões 
pré-estabelecidos, a irracionalidade, o absurdo e o caos. 
O Dadaísmo não foi essencialmente objetual, predominavam as poesias sem sentido, 
leituras chocantes, apresentações teatrais, música ruído e manifesto, ao lado de trabalhos 
tipográficos caóticos e fotomontagens satíricas. No entanto, sob os preceitos do Dadaísmo, 
artistas encontraram no objeto uma forma brutal e sarcástica de negar os princípios da arte e os 
conceitos burgueses. Ao produzir obras com materias baratos, destinados ao lixo e ressignificar 
objetos comuns retirados do cotidiano, romperam com a distinção entre arte e vida. 
Na Alenhanha, Kurt Schwitters sublimou a terapia de choque do Dadaísmo com obras que 
ampliaram a estética e lirismo dos papiers collés cubistas com a utilização de materias diversos. 
Enquanto Picasso e Braque usavam fragmentos de materias comuns que poderiam ser encontrados 
em seus próprios ateliês, Schwitters buscava os seus no lixo e, ainda assim, suas composições eram 
esteticamente elegantes. Sua obra, com exceção de Merzbau, aproxima-se mais da pintura do que 
da escultura, seus relevos priveligiavam mais as leis do plano do que a tridimensionalidade.
Figura 11 – Merzbild Kijkduin (1923), de Kurt Schwitters.
18
Unidade: Arte Objeto
Figura 12 – Merz picture with rainbow (1939), de Kurt Schwitters.
Seus quadros Merz distanciaram-se do dada político, privilegiando a estética em composições 
romantizadas, que encobrem a realidade cotidiana da sociedade moderna e a destruição com 
a beleza estética de seu lixo – posters, recortes de jornal, brochuras, fragmentos de madeira, 
arames, objetos descartados e todo tipo de detritos urbanos.
Figura 13 – Hannover Merzbau (1933), de Kurt Schwitters.
19
A Merzbau foi uma ocupação espacial sempre mutável e em expansão que transformou a 
casa/estúdio de Kurt em um labirinto de colunas e grutas, mesclando construções de madeira 
pintada de branco e gesso a esculturas do artista e todo tipo de objeto “reciclado do cotidiano”, 
símbolos dos aspectos sociopolíticos e do desperdício. O artista a considerava a obra de sua 
vida e, quando a Marzbau de Hannover na Alenhanha foi destruída pela Segunda Guerra 
Mundial, essa foi reconstruída mais algumas vezes, na Alemanha, na Noruega e na Inglaterra. 
Man Ray, sob influência dadaísta e seguindo os passos de Duchamp, produziu em Nova 
Iorque obras que tornariam-se ícones da arte objeto. Enquanto os ready-mades de Duchamp 
eram concisos e incompreensíveis, os seus eram enigmas visuais expressivos, provocando 
emoções e associações pela contradição. 
Na obra Emak Bakia (Figura 14) uma cauda loura e sedosa de pônei emerge de um braço 
de contrabaixo, dando uma sugestão antropomórfica para as cordas e uma metáfora visual e 
tátil para o som suave do instrumento. Em Indestructible object (Figura 15) a imagem de um 
olho é recortada de uma fotografia e presa com um clipe na extremidade de um metrômetro 
– instrumento formado por um pêndulo preso a uma caixa com formato de pirâmide, utilizado 
para a medição de tempo musical. Uma analogia ao Olho de Deus perante o triângulo da 
trindade, o mundo rigorosamente controlado por leis e regulado pela medida do tempo, o 
contraponto à improvisação e ao acaso.
Figura 14 – Emak Bakia (1926), réplica de 1970, de Man Ray.
20
Unidade: Arte Objeto
Figura 15 – Indestructible object (1923), réplica de 1965, de Man Ray.
21
Objeto Surrealista: o Inconsciente
O movimento surrealista surgiu oficialmente na França, em 1924, como um desdobramento 
do Dadaísmo. Inicialmente formado por artistas associados ao movimento anterior e liderados 
pelo poeta André Breton, propunha uma ação mais positiva que o niilismo do já enfraquecido 
dada que, ao negar tudo, acabara negando a si mesmo. 
Da herança dadaísta o surrealismo assimilou a recusa às formas tradicionais de arte e aos 
padrões burgueses, além da exploração do irracional, do ilógico e do acaso. Como principal 
diferencial incorporou os princípios da Psicanálise freudiana sobre a influência do inconsciente 
no comportamento humano – o automatismo psíquico, ou seja, a ação livre de qualquer 
associação consciente, ideias preconcebidas ou intenção específica, como elemento-chave 
de sua expressão artística que, a partir do contraponto entre sonho e realidade, buscava a 
representação da realidade absoluta. 
O surrealismo também nasceu mais como um movimento literário, de modo que apenas 
por volta de 1930, quando Salvador Dalí representou o subconsciente espelhando o surreal 
no real em suas pinturas, que os princípios do movimento tornaram-se palpáveis para o que 
Dalí chamou de “objetos surreais com uma função simbólica”. 
Em 1936 Dalí uniu dois objetos díspares – um telefone e uma lagosta – para criar um dos 
mais estranhos e fascinantes objetos surrealistas, o Telefone-lagosta (Figura 16).
Figura 16 – Telefone-lagosta (1936), de Salvador Dalí.
O ready-made de Duchamp ganhou uma nova dimensão, enquanto esse elegia um 
objeto com indiferença visual, recusando a emoção, a assinatura do artista, a autobiografia 
e evitando a intervenção estética, o objeto surrealista, chamado também de object trouvé – 
objeto encontrado –, era escolhido em função de suas qualidades estéticas e singularidades, 
a partir de um encontro do acaso que excluia a reflexão e o cálculo. Assim, a obra emergia, 
revelando as energias subconscientes do artista. Por projeção, através da experência estética, 
os espectadores também acessam seus próprios sentimentos reprimidos.
22
Unidade: Arte Objeto
Os object trouvés são dotados de simbolismos psíquicos e eróticos, que podem representar 
os desejos reprimidos, o patológico, os tabus, os medos e as aversões.
Em Object – Le déjeuner en fourrure (Figura 17) –, Maret Oppenheim apresenta uma 
xícara, pires e colher, objetos funcionais associados à alimentação, forrados com pele animal, 
algo agradável ao toque e que causa uma sensação muito desagradável se colocado na boca. A 
obra, uma alusão ao erotismo oral, evoca de forma perturbadora sensações ambivalentes como 
atração e repugnância, ao tranformar objetos associados ao prazer oral em algorepulsivo. 
Figura 17 – Object – Le déjeuner en fourrure (1936), de Maret Oppenheim
Em Ma gouvernante (Figura 18), Oppenheim nos serve um par de sapatos de salto alto em 
uma bandeja de inox, amarrados e decorados com mini chapéus de chef, como se fosse um 
frango. Provavelmente uma alusão à mulher vista e desejada como um objeto de consumo, 
enquanto as cordas e a posição vulnerável dos sapatos, “de costas” e com os salto – ou 
“pernas” – para cima, faz alusão a algo sexualmente sádico.
Figura 18 – Ma gouvernat (1936), de Maret Oppenheim.
https://www.google.com.br/search?q=ma+gouvernante&hl=pt&gbv=2&tbm=isch&sa=X&as_q=&nfpr=&spell=1&ei=ObMrVb_1DfPlsASyo4CoBQ&ved=0CBIQvwU
23
O norte-americano Joseph Cornell ampliou o conceito do ready-made assistido, reunindo 
em caixas de madeira recordações artísticas nostálgicas, literatura, natureza e brincabraques 
– objetos colecionáveis e sem valor que aparentemente não servem para nada –, como 
fotografias, postais, recortes de livros e jornais, selos, blocos infantis, penas de animais e 
pequenos objetos de metal, entre muitos outros objetos banais. Cada uma de suas Caixas de 
sombras – como o artista nomeou essa série – é uma metáfora poética da memória na qual 
as recordações suprimidas no subconsciente são evocadas pelos objetos nessas contidos. Em 
alguns trabalhos o espectador é convidando a manipulá-los, criando um contexto aleatório. 
Figura 19 – Medici slot-machine (1942), de Joseph Cornell.
24
Unidade: Arte Objeto
A obra Duchamp dossier (Figura 20), de Cornell, reúne 117 itens, entre anotações manuscritas, 
correspondências, cartões-postais, fotocópias, documentos impressos, recortes de jornais e revistas, 
anúncios de exposições, objetos, um estudo para a obra Allégorie de genre e fragmentos da obra 
Boîte-en-valise, um museu em miniatura sobre o que Duchamp estava produzindo de sua obra com 
a ajuda de Cornell, enquanto esse produzia a própria obra biográfica do artista e amigo Duchamp. 
Figura 20 – Duchamp dossier (1942-1953), Joseph Cornell.
Quando Duchamp concebeu o ready-made com o propósito de negação da arte, não poderia 
imaginar que exatamente o contrário estava por vir – uma nova linguagem artística. O objeto 
foi assimilado, estetizado e ressignificado por diversas correntes, mostrando-se um veículo 
altamente eficaz para a expressão artística e que figura no cenário artístico contemporâneo 
como obra de arte legítima. Para o propósito de negação de Duchamp, o ready-made foi, 
como o próprio redefiniu, “o tiro que saiu pela culatra”.
25
Material Complementar
Caro(a) aluno(a),
Há vários materiais, como sites e livros, que podem ampliar seu conhecimento sobre arte objeto, tais 
quais os seguintes: 
Livros:
O quarto capítulo, intitulado Do ready-made ao objeto surrealista, da obra de 
Ruhrberg e Honnef (2010). Esse texto apresenta um panorama completo da arte objeto 
nas primeiras décadas do século XX, de sua origem à sua assimilação e reinterpretação 
pelas correntes artísticas subsequentes. Com essa leitura você conhecerá outros artistas 
que trabalharam com tal linguagem e suas respectivas obras.
Museus:
Navegue pelas coleções virtuais dos grandes museus e descubra outras significativas obras 
da arte objeto. 
Comece conhecendo os acervos do Museu de Arte Moderna do Reino Unido (Tate): 
http://www.tate.org.uk
Museo de Arte Moderna (MoMA) : 
http://www.moma.org
Museo Guggenheim de Nova Iorque: 
http://www.guggenheim.org
Estes museus trazem em suas coleções outras obras dos artistas apresentados nesta 
Unidade, além de obras representativas de outros artistas que também exploraram essa 
linguagem.
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http://www.guggenheim.org
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Unidade: Arte Objeto
Referências
ARCHER, M. Arte Contemporânea – uma história concisa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
BIRD, M. 100 ideias que mudaram a arte. São Paulo: Rosari, 2012.
KRAUSS, R. E. Caminhos da escultura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
RUHRBERG, K.; HONNEF, F. Arte do século XX. v. 2. China: Taschen, 2010.
STANGOS, N. Conceitos da Arte Moderna: com 123 ilustrações. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar Editor, 2000. 
TASSINARI, A. O espaço moderno. São Paulo: Cosac Naify, 2001. 
TUCKER, W. A linguagem da escultura. São Paulo: Cosac & Naify, 1999.
WITTKOWER, R. Escultura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
WOOD, P. Arte conceitual. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
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Fonte das imagens
Fig 00 - Contextualização – wikiart.org
Fig 01 – wikiart.org
Fig 02 – wikiart.org
Fig 03 – wikiart.org
Fig 04 – metmuseum.org
Fig 05 – wikiart.org
Fig 06 – wikiart.org
Fig 07 – wikiart.org
Fig 08 – moma.org
Fig 09 – wikiart.org
Fig 10 – artfcity.com
Fig 11 – museothyssen.org
Fig 12 – wikiart.org
Fig 13 – Wikimedia Commons
Fig 14 – tate.org.uk
Fig 15 – Wikimedia Commons
Fig 16 – wikiart.org
Fig 17 – wikiart.org
Fig 18 – wikiart.org
Fig 19 – psr.edu
Fig 20 – agentof.ch
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