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Profa. Dra. Daniela Cris/na Vinhal 1Goiânia, 2022. FARMACOLOGIA “Só a dose faz o veneno.” Paracelso (1493-1541) 2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS FISIOPATOLOGIA DA DOR/INFLAMAÇÃO •Nociceptores • Hiperalgesia 3 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS FISIOPATOLOGIA DA DOR/INFLAMAÇÃO Inflamação: 5 sinais cardiais 4 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS DOR ↓ HIPERALGESIA ↓ CARÁTER INFLAMATÓRIO ↓ Edema e limitação da mas/gação AGUDA (curta duração) CRÔNICA (longa duração) (SILVA, 2006; ANDRADE, 2014) FISIOPATOLOGIA DA DOR/INFLAMAÇÃO 5 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS FISIOPATOLOGIA DA DOR/INFLAMAÇÃO • FASES DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA 6 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS MECANISMOS DA DOR INFLAMATÓRIA Origem e efeitos das PROSTAGLANDINAS 7 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS MECANISMOS DA DOR INFLAMATÓRIA cicloxigenase pró-inflamatória (SILVA, 2006; ANDRADE, 2014) • Mediadores Inflamatórios Autacoides: - Via Cicloxigenase (COX) COX-1 COX-2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS 9 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Terapêutica Medicamentosa em Odontologia 45 dições de normalidade, sem precisar de estímulos inflamatórios.3,4 A COX-2, por sua vez, está presente em peque- nas quantidades nos tecidos. Sua concentração é drasticamente aumentada em até 80 vezes após um estímulo inflamatório, daí ser chamada de cicloxi- genase pró-inflamatória.3 Portanto, em função do tipo celular envolvido, e dependendo da ação enzimática da COX-1 ou da COX-2, o ácido araquidônico irá produzir metabó- litos ativos com efeitos diferentes.3,4 Como exemplo, as células injuriadas do local inflamado irão produzir prostaglandinas; as células endoteliais, que revestem as paredes dos capilares sanguíneos, irão gerar prostaciclina; as plaquetas, por sua vez, irão liberar tromboxanas. Com exceção das tromboxanas, responsáveis pela agregação plaquetá- ria, todas as demais substâncias causam hiperalgesia.3 As prostaglandinas irão promover aumento na permeabilidade vascular, gerando edema. Além disso, potencializam os efeitos de outros autacoides, como a histamina e a bradicinina. Convém lembrar que a lesão tecidual também irá servir de sinalizador para que as células fago- citárias (macrófagos e neutrófilos) produzam mais prostaglandinas diretamente no local inflamado, estimulando a liberação de outras substâncias que também possuem propriedades pró-inflamatórias, com destaque para a interleucina-1 (IL-1) e o fator ativador de plaquetas (PAF).3,4 A via 5-lipoxigenase (LOX) Por esta via de metabolização do ácido araquidô- nico, são gerados autacoides denominados leuco- trienos (LT), como produtos finais. Dentre eles, o leucotrieno B4 (LTB4) parece estar envolvido no processo de hiperalgesia, sendo também considera- do como um dos mais potentes agentes quimiotáti- cos para neutrófilos.1 Portanto, entende-se que o LTB4 atrai os neu- trófilos e outras células de defesa para o sítio infla- mado, as quais se encarregam de fagocitar e neu- tralizar corpos estranhos ao organismo. Tal ação poderá resultar em mais lesão tecidual, que nova- mente dispara o gatilho para a formação de mais autacoides, e assim por diante.1 Além do LTB4, a somatória de outros leucotrie- nos (LTC4, LTD4 e LTE4), também formados pela via 5-lipoxigenase, parece constituir a substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A).1 Este dado é muito importante por ocasião da escolha de um anti-inflamatório, como será visto mais adiante. A Figura 6.2 ilustra, de forma simplificada, as vias de metabolização do ácido araquidônico e o es- tado de hiperalgesia. A participação dos neutrófilos no processo de hiperalgesia Os neutrófilos são as principais células efetoras da resposta inflamatória aguda. Imediatamente após a HIPERALGESIA COX-2 5-lipoxigenase PROSTAGLANDINAS LEUCOTRIENOS Lesão tecidual Fosfolipase A2 Ácido araquidônico Fosfolipídeos das membranas celulares Figura 6.2 Esquema simplificado do mecanismo de hiperalgesia promovida pelos metabólitos do ácido araquidônico. Tudo tem início com a ação da enzima fosfolipase A2 sobre os fosfolipídeos da membrana das células lesadas. Andrade_06.indd 45Andrade_06.indd 45 23/09/13 13:2123/09/13 13:21 (ANDRADE, 2014) • Mediadores Inflamatórios: - Via 5-Lipoxigenase (LOX) 10 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS MEDIADORES INFLAMATÓRIOSAção das prostaglandinas COX-2 COX-1 COX-2 11 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTRUTURA COX-1 E COX-2 12 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS REGIMES ANALGÉSICOS Analgesia preempGva: tem início antes do es(mulo nocivo, ou seja, previamente ao trauma tecidual. Neste regime, são empregados fármacos que previnem a hiperalgesia, que pode ser complementada pelo uso de anestésicos locais de longa duração. Analgesia prevenGva: o regime tem início imediatamente após a lesão tecidual, porém antes do início da sensação dolorosa. Em termos práJcos, a primeira dose do fármaco é administrada ao final do procedimento (com o paciente ainda sob os efeitos da anestesia local), seguida pelas doses de manutenção no pós-operatório, por curto prazo. Analgesia perioperatória: o regime é iniciado antes da lesão tecidual e man7do no período pós-operatório imediato. A jusJficaJva para isso é de que os mediadores pró-inflamatórios devem manter-se inibidos por um tempo mais prolongado, pois a sensibilização central pode não ser prevenida se o tratamento for interrompido durante a fase aguda da inflamação. (ANDRADE, 2014) 13 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AÇÕES FARMACOLÓGICAS An/-inflamatória (Vasodilatação, edema) An/piré/ca (IL-1, PGs, hipotálamo, Febre.) Analgésica (PGs, hiperalgesia, Bk, 5-HT, Dor) 14 DOR OU INFLAMAÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA DOR PÓS- OPERATÓRIA ARTRITE REUMATÓIDE CEFALEIASDOR ODONTOLÓGICA ALÍVIO SINTOMÁTICO DA FEBRE USO CLÍNICO FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS 15 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ANTI-INFLAMATÓRIOS PLAQUETAS ÚTERO HIPERSENSIBILIDADE PELE TGI VIAS AÉREAS • Desagregação • Diminuição da moElidade • UrEcária • Rubor • Reações cutâneas • Ulcerogênese • Broncoespasmo POTENCIAIS ALVOS DA INIBIÇÃO DA BIOSSÍNTESE DE EICOSANOIDES 16 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS A N T I - I N F L A M A T Ó R I O S 17 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS CLASSIFICAÇÃO DOS ANALGÉSICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS Fármacos que inibem a síntese da cicloxigenase (COX) Fármacos que inibem a ação da fosfolipase A2 Fármacos que deprimem a aOvidade dos nociceptores • an#-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) AÇÃO FARMACOLÓGICA FÁRMACO (NOME GENÉRICO) Inibidores não sele,vos para a COX-2 Ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco, cetorolaco, piroxicam e tenoxicam Inibidores seletivos para a COX-2 Etoricoxibe, celecoxibe, meloxicam e nimesulida FÁRMACO (NOME GENÉRICO) Hidrocortisona Prednisona Prednisolona Triamcinolona Dexametasona Betametasona FÁRMACO (NOME GENÉRICO) Dipirona Diclofenaco • anti-inflamatórios esteroidais (AIEs) – corticosteroides 18 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINEs) O que são? • Medicamentos usados no controle do processo inflamatório • Típicos / Atípicos • AINES • Inibidores da COX1 e COX2 • Típico (Antipirético Analgésico e Anti-inflamatório) • Atípico (AAS, Dipirona, Paracetamol) • Esteroidais / hormonais (glicocorticoides) • 5 % do consumo de medicamentos no mundo; • Indicados para dor, febre, inflamação; • Uso a parHr do final do século XIX; • ↑ risco de sangramento TGI . 19 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AINEs 20 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ácido Acetilsalicílico - AAS • desenvolvido na Alemanha em 1897 por Felix Hoffmann (Bayer). Ø Mecanismos de ação centrais § Hanzlick, 1926 (citado por Jurna, 1997) “Salicilatos são capazes de aliviar a dor por ação principalmente central” § Woodbury, 1965 (Goodman & Gilman) “Salicilatos são capazes de aliviar algunsHpos de dor através de efeito depressivo seleHvo sobre o SNC” Ø Mecanismos de ação periféricos § Vane, 1971 - Descoberta que a aspirina age inibindo a síntese de prostaglandinas § Ferreira, 1972 e Ferreira et al, 1973 - Sensibilização periférica das prostaglandinas AINEs Classificação dos AINEs Anti-inflamatórios Não-Esteroidais (AINEs) São fármacos que inibem a síntese da COX COXIBES Coxibes FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS São agentes anOnocicepOvos potentes. AINEs FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AINEs não seletivos • Ligação não específica na COX-1 e COX-2 23 AINEs - Farmacocinética Administração por via oral ABSORÇÃO *Ácidos orgânicos fracos *Biodisponibilidade não é modificada pela presença de alimentos DISTRIBUIÇÃO Alta taxa de ligação a proteínas plasmáHcas (albumina) METABOLISMO *FASE I - Metabolizados pela CYP3A e CYP2C *FASE II EXCREÇÃO • Renal (final) • Biliar e reabsorção êntero-hepáHca ELIMINAÇÃO O que acontece com o AINE após sua administração? AINEs FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø FARMACOCINÉTICA • São ácidos orgânicos fracos; • Metabolizados no fígado com a participação das enzimas da CYP3A e CYP2C; • Elevada taxa de ligação às proteínas plasmáticas (albumina) – 98%; 25 INIBIDORES NÃO SELETIVOS DA COX-2 DICLOFENACO • Meia-vida – 1,1 h • Dose – 50-75 mg/4x dia IBUPROFENO • Meia-vida – 2 h • Dose – 600 mg/4x dia INDOMETACINA • Meia-vida – 4-5 h • Dose – 50-70 mg/3x dia CETOPROFENO • Meia-vida – 1,8 h • Dose – 70 mg/3x dia NAPROXENO • Meia-vida – 14 h • Dose – 375 mg/2x dia PIROXICAM • Meia-vida – 57 h • Dose – 20 mg/dia Perfil da intensidade da ação para tratamento da dor: Naproxeno > Ibuprofeno > Aspirina FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AINEs - Inibidores NÃO seletivos para a COX-2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø AAS – ÁCIDO ACETILSALICÍLICO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO – AAS *Inibição irreversível da COX • Meia-vida – 15 min. • Dose anti-inflamatória – 1.200-1.500 mg/3x dia • Dose antiplaquetária – 81-325 mg/dia Ação anVplaquetária ↓ duração 8 a 10 dias ANTITROMBÓTICO AINEs - Inibidores NÃO seletivos para a COX-2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø PARACETAMOL AINEs - Inibidores NÃO seletivos para a COX-2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø DICLOFENACO AINEs - Inibidores NÃO seletivos para a COX-2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AINEs - Inibidores seletivos para a COX-2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS 31 INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2 Exercem efeitos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios próprios dos AINES, contudo, promovem menos efeitos colaterais gastrintestinais. CELECOXIBE • Meia-vida – 11h • 27% do fármaco é excretado inalterado • Dose – 100-200 mg/dia MELOXICAM • Meia-vida – 20h • Dose – 7,5-15 mg/dia FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AINEs - Inibidores seletivos para a COX-2 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø NIMESULIDA v Efeitos farmacológicos: anti-inflamatório, analgésico e antipirético v Características farmacocinéticas: • Distribuição: 97% ligado à proteínas plasmáticas • Metabolismo: hepático • Eliminação: urina e fezes • Meia-vida de 3h a 6h. ØEfeitos adversos • Dor de cabeça • Urticária • Tontura • Sonolência Hepatotoxicidade → Deve ser evitada em crianças; Dosagem máxima diária – 100 mg. AINEs FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS 34 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS EFEITOS ADVERSOS DOS AINEs SNC Cefaleia, zumbido e tontura. CARDIOVASCULARES Retenção hídrica, hipertensão, edema, IAM, ICC. GASTRINTESTINAIS Dor abdominal, displasia, náuseas, vômitos, úlceras, sangramento. HEMATOLÓGICOS Trombocitopenia, neutropenia, anemia aplásica.HEPÁTICOS Provas de função hepáticas anormais, insuficiência hepática. PULMONARES Asma. CUTÂNEOS Exantemas e prurido. RENAIS Insuficiência renal, falência renal, hiperpotassemia, proteinúria. 35 EFEITOS COLATERAIS COMUNS A TODOS OS AINEs FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AINEs - SEGURANÇA FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS vEfeitos não anti-inflamatórios vEfeitos colaterais e tóxicos AINEs - SEGURANÇA FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS vIrritação Gástrica AINEs – INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Interações medicamentosas • AINEs diminuem a eficácia dos agentes inibidores da ECA • AINEs + Glicocorticoides -> Aumento de disturbios do TGI • Risco de sangramento com uso de varfarina • Deslocam fármacos com alta ligação a proteínas plasmáticas • Anti-hipertensivos, diuréticos, antidepressivos (ISRS) AINEs FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø PRECAUÇÕES Ø Anvisa: considerações sobre a prescrição • A ação analgésica e anti-inflamatória dos inibidores seletivos da COX-2 não é superior àquela apresentada pelos inibidores não seletivos; • O uso dos coxibes deve ser considerado exclusivamente para pacientes com risco aumentado para sangramento do TGI; • O uso concomitante dos AINEs com certos anti-hipertensivos pode precipitar uma elevação brusca da pressão arterial sanguínea; •Não há estudos que demonstrem a segurança da utilização dos inibidores da COX-2 em pacientes < 18 anos; •Na prescrição de qualquer inibidor da COX-2, deve-se usar a menor dose efetiva pelo menor tempo necessário de tratamento; •É contraindicado o uso de inibidores seletivos da COX-2 em pacientes que fazem uso contínuo de antiagregantes plaquetários, como o AAS ou o clopidogrel; •IDOSOS - Deve-se evitar a prescrição dos inibidores da COX a pacientes com histórico de infarto do miocárdio, angina ou stents nas artérias coronárias, pelo risco aumentado de trombose. •Todos os AINEs podem causar retenção de água e sódio, diminuição da taxa de filtração glomerular e aumento da pressão arterial sanguínea. AINEs FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS 41 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS GLICOCORTICOIDES vCORTISOL • principal glicocorticoide humano; • produção diurna - com pico pela manhã seguido de um declínio e um pico secundário, pequeno, no fim da tarde; • secreção é influenciada por estresse e níveis de esteroides séricos. vAÇÕES • indução da gliconeogênese, do catabolismo proteico • (exceto no fígado) e da lipólise; • aumento da resistência ao estresse; • alteração no nível das células sanguíneas no plasma; • atividades anti-inflamatórias e imunossupressivas; • inibição por retroalimentação da produção de corticotropina (ACTH) e afetam o sistema endócrino. 42 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS GLICOCORTICOIDES/ ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIEs) v USO TERAPÊUTICO • terapêutica de reposição; • tratamento de reações alérgicas graves, asma, artrite reumatoide, outros distúrbios inflamatórios e alguns cânceres. 43 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS GLICOCORTICOIDES / ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIEs) efeitos desejados e adversos 44 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS GLICOCORTICOIDES/ ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIEs) v EFEITOS ADVERSOS • no tratamento de longa duração com corticosteroides; • são dose dependentes; • Síndrome tipo Cushing clássica (redistribuição da gordura corporal, face de lua cheia, hirsutismo e aumento do apetite); • a dosagem deve ser reduzida lentamente de acordo com a tolerância individual. 45 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS AIEs Ø A inaHvação da enzima fosfolipase A2 reduz a disponibilidade de ácido araquidônico – reduz a síntese de substâncias pró-inflamatórias (prostaglandinas e leucotrienos) Ø prevenir a hiperalgesia e controlar o edema inflamatório: Ø dexametasona ou betametasona - fármacos de escolha - maior potência anV-inflamatória e duração de ação; Ø analgesia preemp#va; • adultos – dose de 4 a 8 mg, administrada 1 h antes do início da intervenção; • crianças – solução oral betametasona (0,5 mg/mL), dose única, 1 h antes do procedimento. 46 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS CORTICOSTEROIDES x AINEs Ø Quando empregados em dose única pré-operatória ou por tempo restrito, podem ser feitasas seguintes considerações quanto à prescrição dos CORTICOSTEROIDES, comparada ao uso dos AINEs: • Não produzem efeitos adversos clinicamente significaJvos; • Não interferem nos mecanismos de hemostasia; • Reduzem a síntese dos leucotrienos C4, D4 e E4, que consJtuem a substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A), liberada em muitas das reações alérgicas; • Apresentam reações adversas bem conhecidas – uso clínico teve início na década de 1950; • São mais seguros para serem empregados em gestantes ou lactantes, bem como em pacientes hipertensos, diabéJcos, nefropatas ou hepatopatas, com a doença controlada; • Relação custo/benefcio do tratamento é menor. 47 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ANALGÉSICOS NÃO OPIOIDES Terapêutica Medicamentosa em Odontologia 51 recente com os coxibes), o que não acontece com os corticosteroides, cujo uso clínico teve início na década de 1950. • Os corticosteroides são mais seguros para se- rem empregados em gestantes ou lactantes, bem como em pacientes hipertensos, diabéti- cos, nefropatas ou hepatopatas, com a doença controlada. • A relação custo/benefício do tratamento é mui- to menor quando se usam os corticosteroides. Usos com precaução e contraindicações dos corticosteroides São contraindicações absolutas ao uso dos corticos- teroides: pacientes portadores de doenças fúngicas sistêmicas, herpes simples ocular, doenças psicóti- cas, tuberculose ativa ou os que apresentam história de alergia aos fármacos deste grupo. Outra consideração importante diz respeito à interferência dos corticosteroides na homeosta- sia do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA). Como se sabe, o cortisol endógeno é produzido pelo córtex adrenal de forma constante, obedecen- do ao ritmo circadiano. Os maiores níveis plasmáti- cos de cortisol no homem são observados por volta das 8 h, e os menores no início do período da noite. Por esse motivo, quando os corticosteroides forem empregados como medicação pré-operató- ria, as intervenções cirúrgicas devem ser agenda- das preferencialmente para o início do período da manhã, permitindo a somação dos efeitos anti-in- flamatórios da dose suprafisiológica administrada com os do cortisol endógeno, além de proporciona- rem menor interferência no eixo HHA. Fármacos que deprimem a atividade dos nociceptores Quando os nociceptores já se encontram sensibi- lizados pela ação das prostaglandinas e de outros autacoides, os corticosteroides não mostram tanta eficácia como na prevenção da hiperalgesia. Portanto, nos quadros de dor já instalada, o emprego de fármacos que deprimem diretamente a atividade dos nociceptores pode ser conveniente, pois conseguem diminuir o estado de hiperalgesia persistente. Isso é conseguido por meio do bloqueio da entrada de cálcio e da diminuição dos níveis de AMPc nos nociceptores, como mostra a Figura 6.3. A substância-padrão desse grupo é a dipirona,1 empregada rotineiramente no Brasil e em outros países para o controle da dor leve a moderada em ambiente ambulatorial ou hospitalar. Outro fármaco que bloqueia diretamente a sensibilização dos nociceptores é o diclofenaco.17,18 Isso significa que ele age de duas formas: prevenin- do a sensibilização dos nociceptores (pela inibição da COX-2) e deprimindo sua atividade após esta- rem sensibilizados. Isso talvez possa explicar a boa eficácia do diclofenaco no controle da dor já esta- belecida, especialmente quando empregado como complemento do tratamento pré-operatório com os corticosteroides. USO CLÍNICO DOS ANALGÉSICOS Os analgésicos rotineiramente empregados na clí- nica odontológica são a dipirona e o paracetamol. Como alternativa a ambos, pode-se optar pelo ibu- IMPULSO NERVOSO Sensibilização central SNC Ca++ AMPc NOCICEPTOR X Prostaglandinas, leucotrienos ... e outros autacoides X Dipirona e diclofenaco X Figura 6.3 Mecanismo de ação analgésica da dipirona e do diclofenaco. Andrade_06.indd 51Andrade_06.indd 51 23/09/13 13:2123/09/13 13:21 Ø São empregados por períodos curtos, 24 a 48 h, para controlar a dor aguda de baixa intensidade. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia 53 Seu início de ação ocorre, em geral, 1 h após a administração de uma dose de 50 mg. Não é indi- cado para pacientes < 16 anos, pela falta de estudos clínicos controlados. Efeitos adversos, como náuseas e constipação intestinal, vômito, alterações de humor, sonolência e depressão respiratória, limitam a utilização da codeína e do tramadol em larga escala na clínica odontológica. Devem ser utilizados com cautela em pacientes idosos, debilitados, com insuficiência he- pática ou renal, hipertrofia prostática e portadores de depressão respiratória. A Tabela 6.4 mostra os principais analgési- cos de uso odontológico, com o nome genérico, as doses usuais e os intervalos entre as doses de manutenção. Tabela 6.4 Nomes genéricos, doses e intervalos usuais, para adultos, dos analgésicos mais empregados na clínica odontológica Nome genérico Dose usual Intervalo entre as doses Dipirona 500 mg a 1 g 4 h Paracetamol 500-750 mg 6 h Ibuprofeno 200 mg 6 h Paracetamol associado à codeína 500 mg de paracetamol + 30 mg de codeína 6 h Tramadol 50 mg 8 h Doses pediátricas: regra prática • Dipirona (solução oral “gotas” com 500 mg/ mL): 0,5-1 gota/kg/peso • Paracetamol (solução oral “gotas” com 200 mg/mL): 1 gota/kg/peso • Ibuprofeno (solução oral “gotas” com 50 mg/ mL): 1 gota/kg/peso • Codeína e tramadol: não são recomendados para uso em crianças REFERÊNCIAS 1. Ferreira SH. A classification of peripheral analgesics based upon their mode of action. In: Sandler M, Col- lins GM, editors. Migraine: spectrum of ideas. London: Oxford University; 1990. p. 59-72. 2. Willis Jr WD. Hyperalgesia and allodynia: summary and overview. New York: Raven; 1992. p. 1-11. 3. Vane JR, Bakhle YS, Botting RM. Cyclooxygenases 1 and 2. Annu Rev Pharmacol Toxicol. 1998;38:97-120. 4. Vane JR, Botting RM. Mechanism of action of non- steroidal anti-inflammatory drugs. Am J Med. 1998;104(3A):2S-8S. 5. Cunha TM, Verri WA Jr, Schivo IR, Napimoga MH, Parada CA, Poole S, et al. Crucial role of neutrophils in the development of mechanical inflammatory hyper- nociception. J Leukoc Biol. 2008;83(4):824-32. 6. Fitzgerald GA. Coxibs and cardiovascular disease. N Engl J Med. 2004;351(17):1709-11. 7. Warner TD, Mitchell JA. Cyclooxygenases: new forms, new inhibitors, and lessons from the clinic. FASEB J. 2004;18(7):790-804. 8. Seymour RA, Meechan JG, Blair GS. 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First report of their rela- tion to drug use with reference to analgesics. JAMA. 1986;256(13):1749-57. 20. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vi- gilância Sanitária. Relatório “Painel internacional de avaliação da segurança da dipirona” [Internet]. Brasília: ANVISA; 2001 [capturado em 30 jun. 2013]. Disponí- vel em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/informes/ relatoriodipirona2.pdf. Andrade_06.indd 53Andrade_06.indd 53 23/09/13 13:2123/09/13 13:21 PARACETAMOL IBUPROFENO DIPIRONA AAS 48 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS (ANDRADE, 2014) ANALGÉSICOS NÃO OPIOIDES FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø PARACETAMOL ANALGÉSICOS NÃO OPIOIDES 50 FARMACOLOGIA DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ø PARACETAMOL ANALGÉSICOS NÃO OPIOIDES 51 Ação do Fármaco no organismo Dosagem e os fatores que a modificam As vias de administração Forma Farmacêutica ideal Fatores Farmacocinéticos Fatores Farmacodinâmicos A responsabilidade em administrar medicamentos é um dos maiores pesos sobre a equipe de saúde da qual deve ter conhecimento: 52 VAMOS EXERCITAR!!! 53 54 REFERÊNCIAS RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M.; FLOWER, R. J. FARMACOLOGIA. 7ª Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. BRUNTON, Laurence L.; LAZO, Jhon S.; PARKER, Keith L. Goodman e Gilman: as bases farmacológicas da terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006. 1821 p. ANDRADE, E.D. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3 ed., São Paulo: Artes Médicas, 2014. KATZUNG, Bertram G.; MASTERS Susan B.; TREVOR Anthony J. Farmacologia básica e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2014. GOLAN, David E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 55 OBRIGADA!!
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