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FISIOPATOLOGIA DA DEGLUTIÇÃO 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................... Erro! Indicador não definido. 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 2.FATORES QUE INTERFEREM NO DESEMPENHO DA DEGLUTIÇÃO .............. 6 3. DISFAGIA ........................................................................................................ 8 3.1 Patologias que podem levar à Disfagia ................................................ 15 3.2 Sinais de pessoas com Disfagia ........................................................... 16 3.3 Interpretação dos achados ................................................................... 16 3.4 Grupos de Risco ................................................................................... 17 3.5 Causas que podem levar a disfagia ...................................................... 17 3.6 Disfagia lusória ..................................................................................... 20 4. VISÃO GERAL DAS DOENÇAS ESOFÁGICAS E DE DEGLUTIÇÃO .......... 21 4.1 Acalasia ................................................................................................ 21 4.2 Incoordenação cricofaríngea ............................................................. 27 4.3 Espasmo esofágico difuso .................................................................... 28 4.4 Esofagite eosinofílica ......................................................................... 30 4.5 Divertículos esofágicos ......................................................................... 34 4.5 Ruptura esofágica .............................................................................. 37 4.6 Membrana esofágica ......................................................................... 39 4.7 Doença do refluxo gastroesofágico (DRG) ........................................ 39 4.8 Hérnia de hiato................................................................................... 45 4.9 Doenças esofágicas infecciosas ........................................................ 47 4.10 Anel esofágico inferior .................................................................... 50 4.11 Síndrome de Mallory-Weiss ........................................................................ 51 5.CONCLUSÃO.......................................................... Erro! Indicador não definido. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 52 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO A disfagia é um distúrbio da deglutição que afeta a capacidade de transportar alimentos ou líquidos da boca até o estômago. É sintoma de uma doença de base e se manifesta, geralmente, por tosse e/ou engasgo, durante ou após a refeição. Doenças que afetam tecidos ou vias essenciais ao controle neural da deglutição podem provocar disfagia neurogênica. Quando progressivas, tais doenças, geralmente, são chamadas de neurodegenerativas e caracterizam-se pela perda de populações específicas de neurônios. Tendo em vista que alterações no sistema nervoso podem levar à disfagia, é importante conhecer a fisiopatologia de cada doença e conhecer a origem sensorial e motora dos sinais e sintomas da alteração na deglutição. O conhecimento destes aspectos auxiliará na definição da conduta fonoaudiológica apropriada para favorecer a segurança e a qualidade de vida do paciente. A identificação de sinais e sintomas pelo próprio indivíduo, durante a alimentação por via oral, pode revelar-se como um fator de atenção para os profissionais da saúde quanto à identificação precoce da disfagia e de sua evolução. Quando precocemente identificada, a disfagia pode ser monitorada e as suas complicações, como desidratação, desnutrição e broncoaspiração podem, muitas vezes, ser prevenidas. Quando necessária, uma via alternativa de alimentação pode ser indicada em tempo ideal, para aumento de sobrevida em determinados casos. Mesmo quando a via alternativa de alimentação não for escolhida pelo paciente, o desconforto causado pelos engasgos pode ser minimizado pelo gerenciamento fonoaudiológico da deglutição, aumentando o bem- estar e promovendo a qualidade de vida do indivíduo. Deglutir com segurança e eficácia é de fundamental importância para a manutenção das condições biológicas, sociais e emocionais de qualquer indivíduo. Para a maioria das pessoas, a deglutição é um ato normal e espontâneo, porém, apesar da sua facilidade, este processo consiste em uma atividade sensório-motora complexa e dinâmica, que envolve 26 pares de músculos e cinco nervos cranianos. O aparato para a deglutição consiste em faringe, esfíncter esofágico superior (cricofaríngeo), corpo do esôfago. O terço superior do esôfago e as estruturas proximais a ele são compostos por musculatura esquelética; o esôfago distal são compostos por músculo liso. Esses componentes trabalham como um sistema integrado que transporta 4 material da boca para o estômago e evita que reflua para o esôfago. Obstrução física ou doenças que interferem na função motora (doenças de motilidade esofágica) podem afetar o sistema. Observar o pacientes deglutir pode auxiliar a diagnosticar aspiração ou regurgitação nasal. Muitos dos distúrbios esofágicos necessitam de testes específicos para seu diagnóstico, faremos o estudo de alguns deles nesse material. 5 2. Histórico História da doença atual começa com a duração dos sintomas e seu modo de início. Os pacientes devem descrever quais substâncias causam dificuldade e onde sentem que o problema está localizado. Preocupações específicas incluem se os pacientes têm dificuldades para engolir sólidos, líquidos ou ambos; se a comida sai pelo nariz; se babam ou têm vazamento de alimentos da boca; se têm impacto alimentar; e se tossem ou engasgam ao comer. A revisão dos sintomas deve se concentrar nos sintomas neuromusculares sugestivos, digestivos e doenças do tecido conjuntivo e na presença de complicações. Os sintomas neuromusculares importantes incluem fraqueza e fatigabilidade fácil, distúrbio de marcha ou equilíbrio, tremores e dificuldades na fala. Os sintomas gastrointestinais importantes incluem azia ou outros desconfortos no tórax sugestivos de refluxo. Os sintomas das doenças do tecido conjuntivo são mialgia, artralgia, fenômeno de Raynaud e alterações cutâneas, por exemplo exantemas, edema e espessamento). História médica pregressa deve avaliar doenças que podem causar disfagia, sendo algumas causas de disfagia orofaríngea e algumas causas de disfagia esofágica. 6 3.Fatores que interferemno desempenho da deglutição A deglutição possui vários fatores que podem desencadear alterações ao processo normal. A idade, o sexo, a consistência, volume e o sabor do bolo alimentar, são fatores que foram sendo identificados e considerados como moduladores da deglutição. Alguns autores defendem que a idade e o sexo são fatores preponderantes na avaliação do risco de disfagia, porque, homens e mulheres, crianças, jovens e adultos possuem estruturas neurofisiológicas diferentes, que é necessário ter em conta. Através da avaliação da capacidade de deglutição em pacientes neurológicos, testou a velocidade de deglutição entre os sexos e em diferentes idades, concluindo que esta é menor no sexo feminino e será idêntico na idade. Mistry, Rothwell 2006 e Costa, Santana et al. 2010, estudaram o processo deglutivo através da administração de sabores diferentes que estimulam a deglutição. Substâncias como: doce, salgado, azedo e amargo, foram considerados como sabores básicos e concluíram que, o atraso na deglutição poderá estar associado ao efeito inibidor de um dos sabores, provocando maior ou menor número de deglutições, através da combinação de medições sensoriais e reológicas (ex. viscosidade) definiram e quantificaram as consistências adequadas que caraterizam as texturas modificadas dos alimentos utilizados na avaliação da deglutição, de forma a facilitar a comunicação e a recomendação das consistências apropriadas para os pacientes com disfagia . Deglutição na Infância e no Idoso O homem, é um ser complexo e em constante evolução. As estruturas internas desenvolvem-se ao longo do seu crescimento e o processo de deglutir não é exceção já que existem registos de que a deglutição se inicia a partir das 11 ou 12 semanas de gestação e atinge o processo completo às 34 semanas [15, 46, 55]. Anatomicamente, bebés e crianças, são diferentes, pois estruturas, tais como: a cavidade oral, a faringe, laringe e esófago, possuem diferentes dimensões. A criança até aos 6 meses, possui o palato mole mais próximo das valéculas, fazendo a separação da via da deglutição da via respiratória. Além disso a nasofaringe e a hipofaringe constituem apenas uma estrutura, não existindo a verdadeira orofaringe, por isso a primeira fase da deglutição inclui o reflexo de sucção. A partir do 6º mês, todas estas estruturas se vão afastando definindo mais 7 concretamente a orofaringe e permitindo uma coordenação maior entre deglutição e respiração [46, 56, 57]. No decorrer do processo de crescimento e envelhecimento do ser humano, as estruturas que envolvem o processo de deglutição passam por mudanças estruturais e fisiológicas que afetam o normal processo deglutivo. A perda de grupos musculares, diminuição da capacidade funcional, lentidão psicomotora, problemas de mastigação por deficiência da arcada dentária ou próteses inadequadas, diminuição do volume de saliva, denervação senil A Deglutição Orofaríngea 29 do esófago, são fatores associados ao normal envelhecimento do ser humano, provocando diversos problemas na deglutição dos alimentos. As fases, oral, faríngea e esofágica da deglutição, apresentam alterações ao processo normal: alterações na motilidade, baixa amplitude peristáltica e aumento de rigidez do esófago [58, 59]. As fases deixam de ser simétricas e síncronas nos movimentos das estruturas envolvidas na deglutição, provocando uma maior duração no movimento do bolo alimentar [46, 60, 61]. 2.1.4. Fatores que Interferem no Desempenho da Deglutição Orofaríngea A deglutição possui vários fatores que podem desencadear alterações ao processo normal. A idade, o sexo, a consistência, volume e o sabor do bolo alimentar, são fatores que foram sendo identificados e considerados como moduladores da deglutição. Alguns autores defendem que a idade e o sexo são fatores preponderantes na avaliação do risco de disfagia, porque, homens e mulheres, crianças, jovens e adultos possuem estruturas neurofisiológicas diferentes, que é necessário ter em conta [5, 11, 62]. Nathadwarawala, Nicklin et al. 1992, através da avaliação da capacidade de deglutição em pacientes neurológicos, testou a velocidade de deglutição entre os sexos e em diferentes idades, concluindo que esta é menor no sexo feminino e será idêntico na idade [63]. Mistry, Rothwell 2006 e Costa, Santana et al. 2010, estudaram o processo deglutivo através da administração de sabores diferentes que estimulam a deglutição. Substâncias como: doce, salgado, azedo e amargo, foram considerados como sabores básicos e concluíram que, o atraso na deglutição poderá estar associado ao efeito inibidor de um dos sabores, provocando maior ou menor número de deglutições [64, 65]. Wedin, Karine et. al. 2010, através da combinação de medições sensoriais e reológicas (ex. viscosidade) definiram e quantificaram as consistências adequadas que caraterizam as texturas modificadas dos alimentos utilizados na avaliação da deglutição, de forma a facilitar a comunicação e a recomendação das consistências apropriadas para os pacientes com disfagia [66]. 8 3. DISFAGIA O processo normal de deglutição, essencial a qualquer ser humano, é difícil de compreender, pois envolve vários eventos sensório-motor complexos. Este processo está por vezes comprometido devido a problemas funcionais que perturbam o seu normal funcionamento. A disfunção da deglutição, poderá envolver um ou mais mecanismos, tais como: dificuldade de controlo do bolo alimentar devido ao volume, consistência e viscosidade, alterações no normal funcionamento da língua, na lubrificação, controlo oral, fechamento do palato e/ou vias aéreas, propulsão faríngea, regurgitação nasofaríngea, atraso ou diminuição da inclinação da epiglote, paresia da faringe, disfunção cricofaríngea e na abertura do esfíncter esofágico superior. A disfagia é a taxonomia clínica utilizada para descrever a dificuldade de transportar os alimentos da cavidade oral até ao estômago, isto é, o comprometimento da deglutição. Esta dificuldade pode ocorrer em qualquer idade, desde o bebê até ao idoso e pode ocorrer como resultado de variados problemas congénitos, estruturais, funcionais e/ou médicos. As alterações fisiológicas podem transformar os eventos da deglutição, tais como: escape precoce para a faringe e/ou recessos piriformes, a pressão, duração ou o tempo, e/ou mesmo os movimentos estruturais ou o deslocamento e afetar a ativação muscular. Os problemas de deglutição podem estar relacionados com o início da deglutição, nas fases oral e faríngea ou então, são problemas de propulsão que impedem o fluxo através do esófago . Neste sentido, Wolf, classifica a disfagia em 4 categorias, tendo em conta a sua localização: orofaríngea, esofágica, esofagogástrica e paraesofágica. A Disfagia é assim, dividida em dois grupos chave: Disfagia Orofaríngea: é caracterizada pela dificuldade de esvaziar o material da orofaringe no esôfago; resulta de função anormal proximal ao esôfago. Pacientes se queixam de dificuldade para iniciar a deglutição, regurgitação nasal e aspiração traqueal seguida de tosse. Mais frequentemente, a disfagia orofaríngea ocorre em pacientes com doenças neurológicas ou musculares que afetam a musculatura esquelética (algumas causas de disfagia orofaríngea) ocorre na fase oral e faríngea. Apresenta-se frequentemente com sensação de alimento retido na garganta e engasgos; e na disfagia esofágica há relatos de desconforto e dor torácica durante a deglutição e presença de regurgitação. Dentre as causas da disfagia destacamos as de origem neurogênica, que são decorrentes de 9 comprometimento do sistema sensório-motor como ocorre na Doença de Alzheimer, Esclerose Lateral Amiotrófica, Mal de Parkinson, Tumores Cerebrais e Acidente Vascular Encefálico e pode ser ainda classificada como: 1. Mecânica; 2. Neurogênica; 3. Psicogênica; 4. Heterogênica.Nutrição e Dieta A mudança de dieta por alimentos mais macios e medidas posturais são úteis. A alimentação oral é preferida sempre que possível. A modificação da consistência da dieta para fluidos espessos e comidas macias pode fazer uma diferença significativa. Deve-se tomar cuidado na monitorização das necessidades hídricas e nutricionais (risco de desidratação). A complementação de ácido cítrico ao alimento melhora o reflexo de deglutição, possivelmente devido ao aumento da estimulação gustativa e do trigêmio pelo ácido. O tratamento adjuvante com inibidor da enzima conversora de angiotensina para facilitar o reflexo de tosse também pode ser útil. Se houver risco alto de aspiração ou se a ingesta oral for insuficiente para manter o bom estado nutricional, então deve-se considerar a possibilidade de suporte nutricional alternativo. Uma sonda macia e bem tolerável pode ser alocada guiada radiologicamente. A alimentação por gastrostomia após acidente vascular cerebral reduz a mortalidade e melhora o estado nutricional em comparação com a sonda nasogástrica. A gastrostomia endoscópica percutânea é realizada instalando-se um tubo da gastrostomia pelo estômago por via abdominal percutânea guiada pelo endoscopista e, se disponível, é preferível a gastrostomia cirúrgica. A probabilidade de perda por remoção do tubo de alimentação é mais baixa em pacientes idosos, que sofreram AVC bilateral ou cuja video-fluoroscopia inicial mostrou aspiração. Tratamentos cirúrgicos com o objetivo de aliviar as causas espásticas de disfagia, como a miotomia cricofaríngea, tem sido bem sucedidos em até 60% dos casos, mas sua indicação permanece controversa. Por outro lado, a remoção de obstruções mecânicas, como divertículos de Zenker volumosos e compressivos, geralmente é benéfica. 10 Reeducação da deglutição Várias técnicas terapêuticas para ajudar na deglutição inadequada vêm sendo desenvolvidas, e incluem: exercícios de fortalecimento, biofeedback e estimulação térmica e gustativa. Disfagia Esofágica: consiste na dificuldade da passagem do alimento pelo esôfago. Pode resultar de obstrução mecânica ou distúrbio motor ocorre na fase esofágica. A presença de disfagia nos pacientes, aumenta o risco de desenvolver vários tipos de complicações, tais como: desidratação, desnutrição, falência no crescimento, pneumonia por aspiração e sufocação, fatores que podem afetar a qualidade de vida dos pacientes e por vezes podem provocar a morte . O comprometimento do processo de deglutição pode ocorrer com bolo alimentar , o que indica lesões estruturais, porém sendo de pequeno valor para diferenciar a disfagia orofaríngea da esofágica, e pode ocorrer com líquido ou com ambos. O tempo que demora a deglutição auxilia na diferenciação entre processos benignos e malignos, sendo os últimos caracteristicamente de evolução rápida e com curso progressivo de dificuldade para deglutir sólidos para dificuldade de deglutir líquidos. A disfagia é por si só, uma condição mórbida que se caracteriza pela dificuldade de ingerir o alimento por disfunção que se manifesta na dinâmica oral e/ou faríngea durante a deglutição. Na interpretação da dinâmica da deglutição, o Protocolo de Avaliação do Risco 11 para Disfagia (PARD) é bastante empregado e consiste na observação da ingestão de pequenos volumes controlados de líquidos e de alimentos pastosos de consistência homogênea. Pode ser primária, devido a uma alteração local, ou secundária à patologia sistémica capaz de interferir na dinâmica ósteo-músculo-ligamentar dos constituintes destas regiões e pode-se classificar em vários estádios. As escalas de classificação do grau de comprometimento da disfagia orofaríngea são instrumentos utilizados dentro do processo diagnóstico desse sintoma nas avaliações clínicas e objetivas de deglutição, para auxiliar na identificação do risco, na classificação da disfunção, como instrumento para definição de condutas ou como parâmetro no controle da eficácia da reabilitação. Essas escalas vêm sendo propostas em diversos estudos e nem sempre utilizam critérios consensuais. A Dysphagia Outcome and Severity Scale (DOSS) é uma escala desenvolvida para avaliar sistematicamente a severidade funcional da disfagia com base na avaliação objetiva e fazer recomendações para o tipo de dieta, nível de independência e do tipo de nutrição. Essa escala pode ser usada por clínicos treinados para determinar o grau de severidade da disfagia baseado em medidas objetivas por meio da VFD. Dada a sua alta confiabilidade, essa ferramenta pode ser valiosa na medição objetiva da história natural, para o prognóstico da disfagia entre as populações e para medir a eficácia do tratamento. A DOSS proposta por O’Neil et al (1999) foi traduzida de forma livre para o português como Escala de Severidade das disfagias. Seu principal objetivo predizer o nível de independência para alimentação, fazer recomendações para o tipo de consistência de dieta e quanto ao tipo de nutrição (VO/Enteral). Figura 1: Tabela 1 - Escala DOSS (Grau de severidade das disfagias) Nível 1 Nutrição não oral obrigatória - Disfagia Severa: Não é possível ofertar de forma segura, sendo incapaz de realizar a deglutição. Achados comuns: (Preparatória Oral) estase de consistência em cavidade oral; (Fase Oral) escape prematuro do bolo; (Fase Faríngea) estase de consistência na faringe, aspiração silente e/ou evidente em 2 ou mais consistências (Pós deglutição) Tosse não eficaz, apesar de voluntária; 12 Nível 2 Nutrição não oral obrigatória – Disfagia Moderadamente grave: é necessária assistência máxima e utilização de manobras e utensílios diferenciados. A via oral é parcial (somente utilizando manobras é possível ofertar uma consistência de forma segura). Estase severa em faringe, com manobras de limpeza ineficazes, ainda que sob demanda. Aspiração de forma silente para duas ou mais consistência. Nível 3 Disfagia Moderada: o paciente necessita de total supervisão e de utilização de manobras para duas ou mais consistências. Apresenta estase moderada em faringe, mas consegue limpar sob demanda do avaliador. Apresenta penetração sem tosse ou aspiração para duas ou mais consistências Nível 4 Disfagia de Leve a Moderada: Nesta fase a supervisão do avaliar é mais livre (intermitente) para até duas consistências. Pode apresentar estases na cavidade oral e/ou faríngea mas consegue limpar de forma efetiva sob demanda. Pode ocorrer aspiração para uma consistência com nenhuma ou fraca tosse reflexiva. Nível 5 Disfagia Leve: Neste nível é importante a presença da supervisão assistida. Esta restrição é em apenas uma consistência. Pode apresentar tosse ou engasgo com LF (líquidos finos), mas a tosse reflexa é capaz de limpar as Vias Aéreas de forma completa. Há presença importante de estase em faringe, mas as manobras de limpeza são eficazes. O tempo de transito oral é aumentado e a amplitude/ força mastigatórias reduzidas. Importante salientar que neste nível o paciente realizar as manobras sem ser solicitado (sensibilidade preservada). Nível 6 A dieta é normal, mas é considerada Deglutição Funcional. Aceitam-se leves atrasos no disparo da deglutição ou estases orais e/ou faríngeas, pois o paciente consegue limpar. Não há penetração e/ou aspiração, mas pode precisar de um tempo maior para oferta. Nível 7 Deglutição Normal em todas as situações de dieta; Não é necessário manobras (posturais ou de limpeza) ou tempo extra; A total independência para alimentar-se. Dentro dos limites funcionais de modificação 13 Em relação ao nível de funcionalidade na alimentação utiliza-se, na prática clínica, a Escala Funcional de Ingestão por via oral (Functional Oral Intake Scale (FOIS)), que descreve sete níveis distintos de ingestão oral, assim como sugere a via de alimentaçãodos pacientes com AVC, por exemplo e disfagia, ou, ainda, a necessidade de manobras compensatórias na deglutição. A FOIS é uma escala transversal a todos os doentes com deglutição comprometida, não sendo necessária a colaboração dos mesmos, nem o recurso a métodos invasivos (videofluroscopia ou endoscopia). Apresentam-se como dois instrumentos de fácil aplicação, sendo uma mais-valia para a avaliação do compromisso na deglutição e respetiva reabilitação (Queirós, et. al., 2013). Figura 1: Tabela 2 - Escala Funcional de Ingestão Oral (FOIS) Grau/Nível I Deglutição norma - normal para o líquido e pastoso em todos os itens avaliados. A alimentação via oral é recomendada. Grau/Nível II Deglutição funcional: são esperadas compensações espontâneas de dificuldades leves em pelo menos uma consistência, com ausência de sinais de risco de aspiração. A alimentação via oral é recomendada, mas pode ser necessário tempo adicional para esta tarefa. Limitações funcionais ao nível da fase oral e faríngea. Grau/Nível III Disfagia orofaríngea leve: distúrbio de deglutição presente, com necessidade de orientações específicas dadas pelo fonoaudiólogo durante a deglutição. Necessidade de pequenas modificações na dieta a ser prescrita pelo nutricionista, tosse e/ou pigarro espontâneos e eficazes; leves alterações orais com compensações adequadas. Comprometimento leve: requer alterações na alimentação Grau/Nível IV Disfagia orofaríngea leve a moderada: existência de risco de aspiração, porém reduzido com o uso de manobras e técnicas terapêuticas. Necessidade de supervisão esporádica para realização de precauções terapêuticas; sinais de aspiração e restrição de uma consistência; tosse reflexa fraca e voluntária forte. O tempo para a alimentação é significativamente aumentado e a suplementação nutricional é indicada. Comprometimento leve a 14 moderado: necessidade de precauções terapêuticas para minimizar o risco de aspiração. Grau/Nível V Disfagia orofaríngea moderada: existência de significante risco de aspiração. Alimentação oral suplementada por via alternativa, sinais de aspiração para duas consistências. O paciente pode se alimentar de algumas consistências utilizando técnicas específicas para minimizar o potencial de aspiração e/ou facilitar a deglutição, com necessidade de supervisão. Tosse reflexa fraca ou ausente. Comprometimento moderado: disfunção moderada e aspiração. Grau/Nível VI Disfagia orofaríngea moderada a grave: tolerância de apenas uma consistência com máxima assistência para utilização de estratégias, sinais de aspiração com necessidade de múltiplas solicitações de clareamento, aspiração de duas ou mais consistências, ausência de tosse reflexa, tosse voluntária fraca e ineficaz. Se o estado pulmonar do paciente estiver comprometido é necessário suspender a alimentação por via oral. Disfunção moderada a severa: aspiração e necessidade de alimentação suplementar Grau/Nível VII Disfagia orofaríngea grave: impossibilidade de alimentação via oral. Disfunção severa: aspiração significativa, transito orofaríngeo inadequado, alimentação não oral Além das escalas de classificação da severidade da disfagia e funcionalidade da ingestão por via oral serem utilizadas de forma complementar aos instrumentos de avaliação podem, também, ser agregadas como balizadoras da progressão ou regressão da disfagia, conforme estudos de casos (O’neil; Purdy; Falk; Gallo (1999) e Silva; Motonaga; Cola; Gatto; Ribeiro; Carvalho et al (2012), sendo possível relacionar os seus níveis, ou seja, quanto pior o grau de disfagia do indivíduo na escala DOSS (O’neil; Purdy; Falk; Gallo (1999) ), o mesmo terá uma maior restrição de ingestão de alimentos dentro das consistências por via oral na escala FOIS. 15 Figura 3: Algoritmo para avaliação da disfagia 3.1 Patologias que podem levar à Disfagia A disfagia pode ocorrer devido a várias condições que afetam a complexa coordenação das estruturas neuromusculares, nas regiões hipofaríngea, laríngea e na parte superior do esfíncter esofágico. O comprometimento da deglutição na faringe e no esófago proximal é chamada de disfagia orofaríngea ou alta, enquanto que, no corpo esofágico e na junção esofagogástrica, é denominada por disfagia esofágica ou baixa . Segundo Partik, Scharitzer et al. (2003), existem sete unidades funcionais onde podem ocorrer problemas de deglutição: cavidade oral, palato mole, epiglote, osso hioide e laringe, faringe, esfíncter esofágico superior e esófago. O fator idade é também determinante para identificar um problema de deglutição. Em bebês, crianças e pacientes mais jovens, é frequente encontrar sintomas de disfagia causadas por doenças musculares inflamatórias, teias e anéis, enquanto que, em pacientes mais idosos, doenças associadas ao sistema nervoso central (Parkinson, Alzheimer e demência) e acidentes vasculares cerebrais, são as causas mais prováveis de problemas de deglutição. 16 3.2. Sinais de pessoas com Disfagia Qualquer disfagia é preocupante, mas alguns achados são mais urgentes: Dificuldade de mastigar, preparar e manter o alimento dentro da boca Tempo prolongado para engolir Necessidade de engolir várias vezes para o alimento, líquido ou saliva descer Restos de comida dentro da boca após engolir Dor ao engolir Sensação de alimento parado na garganta Escape de alimento pelo nariz durante a alimentação Mudança na voz após engolir • Mudança da cor da pele durante ou após a alimentação (palidez/cianose ou “pele roxa”) • Tosse ou pigarro constante durante a alimentação • Engasgos frequentes durante as refeições ou ao deglutir saliva • Falta de ar • Perda de peso • Pneumonias de repetição • Falta de interesse em se alimentar • Necessidade de mudanças na consistência dos alimentos 3.3 Interpretação dos achados A disfagia que ocorre em conjunto com um evento neurológico agudo provavelmente é decorrente desse evento; nova disfagia em um paciente com distúrbio neurológico estável de longa duração pode ter outra etiologia. A disfagia para sólidos por si só sugere obstrução mecânica; entretanto, um problema com sólidos e líquidos é inespecífico. Babar e derramar alimento da boca ao comer ou regurgitação nasal sugerem uma disfunção orofaríngea. A regurgitação de uma pequena quantidade de alimento na compressão lateral do pescoço é praticamente diagnóstica de divertículo da faringe. 17 Os pacientes que se queixam de dificuldades para fazer com que os alimentos deixem a boca ou da adesão do alimento à parte inferior do esôfago geralmente estão corretos a respeito da localização do problema; a sensação de disfagia na parte superior do esôfago é menos específica. 3.4 Grupos de Risco Estão no grupo de risco as crianças: bebês prematuros, má formação do sistema digestivo, fissura labiopalatina, síndromes (como a de Down, por exemplo) e doenças neurológicas; os adultos: doenças neurológicas (por exemplo, AVC, Esclerose Lateral Amiotrófica, Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, demências); traumatismos crânioencefálicos; alterações mecânicas (por exemplo, câncer de cabeça e pescoço, queimaduras, refluxo gastroesofágico, doenças cardíacas); Idosos estão mais suscetíveis à disfagia porque os fatores acima mencionados podem estar associados a algumas mudanças naturais decorrentes do envelhecimento que favorecem dificuldade para deglutir como, por exemplo, a perda de força muscular e a redução de velocidade, precisão e coordenação dos movimentos. 3.5 Causas que podem levar a disfagia Figura 4: Tabela 2. Causas de disfagia orofaríngea. Iatrogênicas Efeitos adversos medicamentosos (neurolépticos, anticolinérgicos...) Pós-cirurgicos Radioterapia Corrosivo (intencional) Infecciosos Difteria Botulismo Doença de Lyme18 Sífilis Mucosite (herpes, citomegalovírus, cândida) Metabólicas Amiloidose Síndrome de Cushing Doença de Wilson Tireotoxicose Miopáticas Doenças do tecido conectivo Dermatomiosite Miastenia gravis Distrofia Miotônica Poliomiosite Sarcoidose Síndromes paraneoplásicas Neurológicas Tumores de sistema nervoso central Trauma cranioencefálico Acidentes vasculares encefálicos Paralisia cerebral Síndrome de Guillain-Barré Doença de Huntington Esclerose múltipla Poliomielite Discinesia tardia Encefalopatias metabólicas Esclerose lateral amiotrófica Doença de Parkinson 19 Demência Estruturais Divertículo de Zencker Membranas cervicais Tumores de orofaringe Osteófitos Congênitos Fonte: Disfunções da deglutição / Nelsoni de Almeida Figura 5: Tabela 3 -Patologias que se deve levar em consideração no ato do exame Fonte: Disfunções da deglutição / Nelsoni de Almeida 20 3.6 Disfagia lusória Disfagia lusória é a denominação dada à sintomatologia decorrente da estenose esofágica secundária à presença da artéria lusória, também conhecida como artéria subclávia direita aberrante. Esta se origina na porção esquerda do arco aórtico e percorre caminho não habitual, geralmente retroesofágico, podendo ainda interpor esôfago e traqueia ou encontrar-se anteriormente a essas estruturas. Acredita-se que sua origem se dá devido a uma desordem embriológica associada à involução do quarto arco aórtico primitivo e do arco aórtico proximal direito, de forma que a patência da porção distal do arco aórtico direito e da sétima artéria intersegmentar a ele conectada origine a artéria lusória. A disfagia pode aparecer na infância ou mais tardiamente como resultado de alterações ateroscleróticas no vaso aberrante. A incidência dessa variação anatômica varia de 0,5 a 1,8% da população, predominando discretamente em mulheres. Até 80% de seus portadores permanecem assintomáticos durante toda a vida, raramente apresentando manifestações de compressão traqueoesofágica, como disfagia, tosse e estridor. Dentre as raras etiologias não neoplásicas de obstrução esofágica extrínseca ao órgão, deve-se considerar as anomalias vasculares e as malformações da coluna vertebral, exigindo alto grau de suspeição da equipe médica até a realização do diagnóstico. O diagnóstico de disfagia lusória implica na identificação de uma artéria subclávia aberrante em exames de imagem justificando a clínica apresentada pelo paciente. Sob suspeita de estenose lumial do esôfago, a EDA pode ser solicitada como exame inicial para a investigação da disfagia. Pacientes com disfagia lusória podem ou não apresentar ao exame visualização de presença de massa compressiva pulsátil na parede posterior do órgão, enquanto alterações da mucosa relacionadas à enfermidade não são esperadas. O esofagograma baritado, por sua vez, é um exame mais sensível do que a EDA para a identificação de eventual estenose oblíqua, alteração que está presente na porção superior do esôfago torácico na disfagia lusória. A angiotomografia de tórax, por fim, permite a avaliação minuciosa da anatomia do mediastino e do arco aórtico, a identificação da artéria lusória e sua relação com o esôfago, podendo dispensar a realização da angiografia (considerada antigamente o padrão-ouro para o diagnóstico da anomalia vascular). 21 Caso haja predomínio de sintomas respiratórios, a propedêutica pode seguir com indicação de broncoscopia. O tratamento da disfagia lusória depende da intensidade da sintomatologia do paciente. Se disfagia leve a moderada, a abordagem inicial é feita com modificações dietéticas como comer devagar e em mordidas pequenas. Caso a disfagia seja intensa, progressiva ou haja identificação de divertículo de Kommerell a abordagem cirúrgica pode ser considerada, objetivando a reconstrução vascular funcional do arco aórtico18. A técnica cirúrgica padrão ouro ainda não foi estabelecida; assim, a operação deve ser planejada cuidadosamente de acordo com a anatomia do paciente e com a experiência da equipe cirúrgica responsável. Se anatomia propícia, a abordagem endovascular é desejada principalmente na presença de aneurisma de Kommerell, com a utilização de endopróteses. A cirurgia aberta pode ser feita para realização de by-pass ou de translocação da artéria subclávia aberrante para posição anatomicamente favorável seguida de sua anastomose ao arco aórtico ou à artéria carótida comum direita. A abordagem híbrida é também descrita na literatura e possui resultados promissores. Em pacientes com elevado risco cirúrgico, é possível o alívio temporário dos sintomas por meio da indicação de dilatação esofágica endoscópica. No caso clínico abordado no presente estudo, optou-se pela orientação dietética e acompanhamento clínico da paciente após esta evoluir com remissão expressiva dos sintomas. 4. VISÃO GERAL DAS DOENÇAS ESOFÁGICAS E DE DEGLUTIÇÃO 4.1 Acalasia Acalasia é um distúrbio de motilidade esofágica congênito caracterizado por peristaltismo esofágico defeituoso e falta de relaxamento do esfíncter esofágico inferior durante a deglutição. Os sintomas costumam ser disfagia de progressão lenta, em geral tanto para sólidos quanto para líquidos, e regurgitação de alimento não digerido. A avaliação classicamente é feita por manometria, esofagograma com ingestão de bário e endoscopia. O tratamento é feito com dilatação, injeção de toxina botulínica, miotomia cirúrgica e miotomia endoscópica peroral. 22 Figura 6: Acalasia Considera-se que a acalasia seja causada pela perda de gânglios do plexo mioentérico do esôfago, resultando em denervação do músculo esofágico. A etiologia da denervação é desconhecida, mas causas virais e autoimunes são suspeitas e certos tumores podem provocar acalasia, seja por obstrução direta ou como um processo paraneoplásico. A doença de Chagas destrói os gânglios autonômicos e pode resultar em acalasia. A pressão aumentada no (EEI) causa obstrução com dilatação esofagiana secundária. A retenção esofagiana de líquidos e alimentos não digeridos é comum. Sinais e Sintomas A acalasia acontece em qualquer idade, mas em geral começa dos 20 aos 60 anos. O começo é insidioso e a progressão gradual se dá durante meses ou anos. A disfagia tanto para sólidos quanto para líquidos é o principal problema. A regurgitação noturna de comida não digerida acontece em cerca de 33% dos pacientes e pode causar tosse e aspiração pulmonar. A dor torácica é menos comum, mas pode ocorrer com a deglutição ou espontaneamente. Ocorre perda ponderal leve a moderada; quando a perda ponderal é pronunciada, particularmente em pacientes idosos cujos sintomas de disfagia se desenvolveram rapidamente, a acalasia secundária a um tumor da junção gastroesofágica deve ser considerada. 23 Figura 7: Acalasia Diagnóstico Manometria esofágica é o exame diagnóstico preferido para acalasia. Esse exame mostra relaxamento incompleto do EEI com uma média de pressão integrada de relaxamento ≥ 15 e 100% de peristaltismo falho. Esofagograma com bário é um teste complementar frequentemente feito durante a fase inicial dos testes e que pode mostrar ausência das contrações peristálticas progressivas durante a deglutição. O esôfago costuma estar dilatado, frequentemente enorme, mas se estreita e tem a forma de bico de pássaro no EEI. Se a esofagoscopia for feita, haverá dilatação esofágica, mas sem lesão obstrutiva, e um "estalo" clássico é muitas vezes ouvido quando o esofagoscópio atravessa o estômago. Raramente, esses achados podem resultar de um tumor; pode-se considerar ultrassonografia endoscópica com biópsias para descartar câncer. A acalasia deve ser diferenciada do carcinoma estenosante distal e de estenose péptica, em particular nos pacientescom esclerose sistêmica em que a manometria pode mostrar também aperistalse. A esclerodermia geralmente é acompanhada por uma história de fenômeno de Raynaud e sintomas da doença de refluxo gastroesofágico (DRGE), devido à pressão reduzida ou ausente no EEI. A acalasia decorrente de câncer na junção gastroesofágica pode ser diagnosticada por TC do tórax e abdome ou ultrassom endoscópico com biópsia. 24 Figura 8: (a) Esofagograma de um paciente com acalasia. O esôfago encontra-se dilatado e com o chamado afilamento em “bico de pássaro” do esôfago distal. Secreções acumuladas formam o nível hidroaéreo heterogêneo observado no topo da coluna de bário. (B) Esofagograma da acalasia em estágio final. O esôfago apresenta agora uma tortuosidade semelhante ao sigmoide com uma grande quantidade de restos alimentares acumulados. Fonte: https://www.medicinanet.com.br/conteudos/acp- medicine/5041/disturbios_esofagicos_%E2%80%93_michael_f_vaezi.htm Tratamento O tratamento medicamentoso com nitratos ou bloqueadores do canal de cálcio geralmente é ineficaz e pouco tolerado. A injeção endoscópica de toxina botulínica pode ser utilizada como tratamento inicial para pacientes de alto risco cirúrgico nos quais o médico julgar que a dilatação por velas e a medicação serão mal toleradas. A injeção de toxina botulínica parece ser um procedimento seguro que induz remissão clínica por pelo menos seis meses em cerca de dois terços dos pacientes com acalasia. No entanto, a https://www.medicinanet.com.br/conteudos/acp- 25 maioria dos pacientes necessitará de novas aplicações para manter a remissão e apenas aproximadamente dois terços dos pacientes em remissão a manterão em um ano, apesar de aplicações repetidas. Quando houver insucesso destes tratamentos, médico e paciente devem decidir se os benefícios potenciais da dilatação pneumática ou da miotomia superam os riscos dos mesmos para pacientes idosos ou enfermos. A alimentação por gastrostomia é uma alternativa mais segura que a dilatação pneumática ou miotomia, mas muitos pacientes neurologicamente sãos consideram inaceitável viver com uma gastrostomia. Figura 9: gastrostomia Prognóstico Aspiração pulmonar e presença de câncer são determinantes como fatores prognósticos. Regurgitação noturna e tosse sugerem aspiração. Complicações pulmonares secundárias à aspiração são difíceis de manejar. A incidência de câncer esofágico em pacientes com acalasia pode estar aumentada; este ponto é controverso. 26 Tratamento Dilatação por balão ou miotomia cirúrgica do EEI Miotomia endoscópica peroral À vezes, injeção de toxina botulínica Nenhuma terapia restaura o peristaltismo; o tratamento da acalasia visa reduzir a pressão no EEI. A dilatação com balão do EEI e a miotomia cirúrgica ou endoscópica peroral parecem ser igualmente eficazes. Em 2016, um estudo randomizado e controlado envolvendo pacientes com acalasia descobriu que no acompanhamento de 5 anos após dilatação com balão pneumático a eficácia foi comparável à miotomia laparoscópica de Heller . A complicação mais preocupante desses procedimentos é a perfuração esofágica. Taxas de perfuração são diferentes em relação a cada centro, variando de 0 a 14% para dilatação por balão pneumático e 0 a 4,6% para miotomia laparoscópica de Heller . Outros estudos atuais mostraram que a miotomia endoscópica peroral tem bom resultado em longo e curto prazo . Assim, a escolha entre esses três procedimentos depende do operador e do tipo específico de acalasia. Em pacientes candidatos a essas opções de tratamento, pode-se tentar denervação química dos nervos colinérgicos no esôfago distal por meio de injeção endoscópica direta de toxina botulínica tipo A no EEI. A melhora clínica ocorre em 70 a 80% dos casos, mas os resultados duram somente 6 meses a 1 ano. Reduzir a pressão no EEI pode aumentar a ocorrência de DRGE. A incidência varia com base no tipo de tratamento que é realizado. Em média, estima-se que cerca de 20% dos pacientes tenham DRGE pós-procedimento. Pode-se tentar fármacos como nitratos (p. ex., dinitrato de isossorbida 5 a 10 mg via sublingual antes das refeições) ou bloqueadores do canal de cálcio (p. ex., nifedipina 10 a 30 mg VO 30 a 45 minutos antes de uma refeição). Esses fármacos têm eficácia limitada, mas podem reduzir a pressão do EEI o suficiente para prolongar o tempo entre as dilatações. 27 Incoordenação cricofaríngea Na incoordenação cricofaríngea, o músculo cricofaríngeo (o esfíncter esofágico superior) não está coordenado (ver também Visão geral dos distúrbios esofágicos e de deglutição). Incoordenação cricofaríngea pode causar divertículo de Zenker. A aspiração repetida de material do divertículo pode causar doença pulmonar crônica. Pode-se tratar a doença com ressecção cirúrgica do músculo cricofaríngeo ou por endoscopia. Os distúrbios de propulsão da garganta podem dificultar a passagem dos alimentos da parte superior da garganta ao esôfago (o tubo oco que conecta a garganta [faringe] ao estômago). Geralmente, as pessoas costumam notar quando estão tendo dificuldade em engolir (disfagia). Além disso, pessoas com um distúrbio de propulsão da garganta frequentemente regurgitam os alimentos pela parte posterior do nariz ou os aspiram pela traqueia, causando tosse. Distúrbios de propulsão da garganta surgem com mais frequência em pessoas que sofrem de distúrbios nos músculos ou nos nervos da garganta. Figura 10: Distúrbios de propulsão da garganta 28 A causa mais comum dos distúrbios dos músculos dos nervos da garganta é Acidente Vascular Cerebral. Outros distúrbios que afetam os músculos ou nervos da garganta incluem a dermatomiosite, a esclerose sistêmica, a miastenia grave, a distrofia muscular, a poliomielite, a paralisia pseudobulbar, a doença de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (doença de Lou Gehrig). Uma classe de medicamentos chamada fenotiazinas, que são utilizadas para tratar algumas formas graves de doença mental, podem prejudicar a função normal dos músculos da garganta e causar dificuldade em engolir. Na descoordenação cricofaríngea, o esfíncter esofágico superior (músculo cricofaríngeo) permanece fechado ou se abre de forma descoordenada. Um esfíncter funcionando de forma anormal pode permitir que os alimentos entrem na traqueia e cheguem aos pulmões repetidamente, o que pode levar a infecções pulmonares recorrentes e acabar causando doença pulmonar crônica. O cirurgião pode seccionar o esfíncter para que este se mantenha permanentemente relaxado. Se deixado sem tratamento, esse quadro clínico pode levar à formação de um divertículo de Zenker, uma bolsa formada quando o revestimento do esôfago é empurrado para fora e para trás através do músculo cricofaríngeo. 4.3 Espasmo esofágico difuso O espasmo esofágico difuso sintomático faz parte de um espectro de alterações da motilidade caracterizadas por diferentes contrações não propulsivas, contrações hiperdinâmicas ou pressão elevada do esfincter esofágico. Os sintomas são dor torácica e, algumas vezes, disfagia. O diagnóstico é feito por estudo contrastado com bário ou manometria. O tratamento é difícil, mas pode ser feito com nitratos, bloqueadores do canal de cálcio, injeção de toxina botulínica e tratamento antirrefluxo. Anormalidades na motilidade esofágica se correlacionam mal com os sintomas do paciente; anormalidades semelhantes podem causar sintomas distintos ou nenhum sintoma em pessoas diferentes. Além disso, nem sintomas, nem contrações alteradas estão definidamente relacionados a anormalidades histopatológicas do esôfago. 29 Figura 11: Espasmo esofágico difuso sintomático Sinais e Sintomas O espasmo esofágico difuso classicamente provoca dor torácicasubesternal com disfagia, tanto para líquidos quanto para sólidos. A dor pode acordar o paciente do seu sono. Líquidos muito quentes ou muito frios podem agravar a dor. Ao longo dos anos, a doença pode evoluir para acalasia (com comprometimento do peristaltismo esofágico e ausência de relaxamento do esfíncter esofágico inferior durante a deglutição). O espasmo esofágico pode causar dor intensa na ausência de disfagia. Essa dor é em geral descrita como um aperto subesternal e pode ocorrer em associação com exercícios. Tal dor pode ser indistinguível da angina pectoris. Diagnóstico Exame contrastado com bário Manometria esofágica Possivelmente exames para isquemia coronariana 30 Diagnósticos alternativos incluem isquemia coronariana, que talvez precise ser excluída por meio de exames apropriados (p. ex., ECG, marcadores cardíacos, teste de esforço (ver também Diagnóstico das síndromes coronarianas agudas). A confirmação definitiva da etiologia esofágica da origem dos sintomas é difícil. Estudos contrastados com bário podem mostrar progressão precária e desordenada do bolo alimentar, contrações simultâneas ou ondas terciárias. Espasmos intensos podem mimetizar a aparência radiográfica de divertículos, mas variam em tamanho e localização. A manometria esofágica mostra a descrição mais específica dos espasmos. Pelo menos 20% das deglutições de teste devem ter uma latência distal curta (< 4,5 s) para atender os critérios manométricos para espasmo esofágico difuso. Entretanto, os espasmos podem não ocorrer durante o exame. A cintilografia e os testes provocativos com fármacos (p. ex., cloreto de edrofônio, 10 mg, IV) não têm utilidade comprovada. Tratamento Bloqueadores do canal de cálcio Injeção de toxina botulínica Algumas vezes, miotomia cirúrgica ou endoscópica O espasmo esofágico é geralmente difícil de ser tratado e são escassos os estudos controlados dos métodos de tratamento. Anticolinérgicos, antidepressivos tricíclicos, nitroglicerina e nitratos de ação prolongada têm sucesso limitado. Bloqueadores do canal de cálcio administrados VO (p. ex., verapamil, 80 mg, de 8/8 h, nifedipina, 10 mg, de 8/8 h) podem ser úteis, assim como injeção de toxina botulínica tipo A no esfíncter esofágico inferior. O tratamento clínico costuma ser suficiente, mas a miotomia cirúrgica ou endoscópica peroral em toda a extensão do esôfago já foi tentada nos casos intratáveis. 4.4 Esofagite eosinofílica 31 Esofagite eosinofílica é uma doença crônica mediada pelo sistema imunitário do esôfago resultando em inflamação predominante de eosinófilos no esôfago; pode causar sintomas semelhantes a refluxo, disfagia e impactação alimentar. A esofagite eosinofílica é uma doença cada vez mais reconhecida que pode surgir a qualquer momento entre a infância e a idade adulta jovem; ela ocasionalmente se manifesta em idosos. Ela é mais comum entre homens. A causa da esofagite eosinofílica é provavelmente uma resposta imunitária a antígenos alimentares em pacientes com suscetibilidade genética; os alergênios ambientais também podem desempenhar algum papel. Inflamação esofágica crônica não tratada e pode por fim levar a estreitamento e estenose esofágica. Figura 12: esofagite eosinofílica 32 Sintomas Lactentes e crianças podem apresentar recusa alimentar, vômitos e/ou dor torácica. Em adultos, a impactação alimentar esofágica é, às vezes, a primeira manifestação e a maioria dos pacientes tem disfagia. Podem ocorrer sintomas da doença do refluxo gastresofágico (DRGE), como azia. Os pacientes muitas vezes também apresentam manifestações de outros distúrbios atópicos (p. ex., asma, eczema, rinite alérgica). Diagnóstico Endoscopia com biópsia Às vezes, um esofagograma com bário (ver também American College of Gastroenterology’s Evidenced Based Approach to the Diagnosis and Management of Esophageal Eosinophilia and Eosinophilic Esophagitis (EoE). O diagnóstico da esofagite eosinofílica muitas vezes é considerado pela primeira vez quando os sintomas de refluxo não respondem à terapia de supressão ácida. Ele também deve ser considerado em adultos que apresentam impactação alimentar esofágica ou em adultos com dor torácica não cardíaca. 33 Figura 13: Esofogascopia O diagnóstico requer uma endoscopia com biópsia mostrando infiltração eosinofílica (> 15 eosinófilos/campo de alta potência). Embora anomalias visíveis como por exemplo sulcos lineares, estenoses, anéis circulares empilhados, perda das marcações vasculares, exsudados brancos, possam ser visíveis na endoscopia, a aparência pode ser normal, de modo que as biópsias são fundamentais. Como a DRGE também pode causar infiltração eosinofílica, os pacientes que tem principalmente sintomas de refluxo provavelmente devem ser submetidos à endoscopia somente após a falha de uma tentativa de 2 meses com um inibidor da bomba de prótons. Esofagografia com bário pode mostrar anéis circulares empilhados (esôfago de felino), esôfago de calibre estreito ou estenoses. Frequentemente realizam-se testes para alergias alimentares a fim de identificar possíveis gatilhos; alternativas incluem testes cutâneos, exame radioalergoabsorvente (RAST) ou uma tentativa de dieta de eliminação. 34 Tratamento Corticoides tópicos Dieta de eliminação Às vezes, dilatação esofágica Em adultos, normalmente administram-se corticoides tópicos para tratar esofagite eosinofílica. Os pacientes podem usar um inalador multidose de fluticasona (220 mg) ou budesonida (180 mg) 30 minutos antes do café da manhã e 30 minutos antes do jantar; eles pulverizam o fármaco na boca sem inalar e então o engolem. Budesonida (várias doses) misturada com um espessador, mais frequentemente um substituto ao açúcar, e ingerida 30 minutos antes do café da manhã e 30 minutos antes do jantar também pode ser misturada em uma suspensão e engolida. Eles são administrados por 8 semanas para determinar a eficácia. Se o paciente alcançar a remissão com essa terapia, ela é frequentemente continuada indefinidamente. Estudos recentes mostram que anticorpos monoclonais contra a interleucina-13 (IL- 13) e IL-5 podem ser benéficos, mas são necessários outros estudos. Tentam-se também mudanças na dieta, que geralmente são mais eficazes em crianças do que em adultos; alérgenos alimentares identificados por meio de testes são eliminados da dieta ou os pacientes podem seguir uma eliminação dietética pré- especificada, ou seja, alimentos permitidos nas dietas de eliminação. Os pacientes com estreitamentos importantes podem precisar de dilatação esofágica cuidadosa utilizando um balão ou dilatador esofágico; realizam-se múltiplas dilatações progressivas cuidadosas para ajudar a evitar lacerações ou perfurações esofágicas. 4.5 Divertículos esofágicos O divertículo esofágico consiste na exteriorização da mucosa através da camada muscular do esôfago. Pode ser assintomático ou causar disfagia e regurgitação. O diagnóstico é feito por exame contrastado com bário; reparo cirúrgico é raramente necessário. 35 Divertículos de Zenker (faríngeos) consistem em exteriorização posterior da mucosa e submucosa através do músculo cricofaríngeo, provavelmente como resultado de uma incoordenação entre a propulsão faríngea e o relaxamento do cricofaríngeo. Divertículos do esôfago médio (tração) são causados pela tração de lesões inflamatórias mediastinais ou, de maneira secundária, por doenças de motilidade esofágica. Divertículos epifrênicos ocorrem logo acima do diafragma e em geral acompanham um distúrbio de motilidade (acalasia, espasmo esofágico difuso). Figura 14: Divertículos esofágicos Sinais e sintomas Um divertículo de Zenker se enche de alimento que pode ser regurgitado quando o pacientese curva ou se deita. Pneumonite aspirativa pode ser secundária a regurgitação noturna. Raramente, a bolsa se torna mais larga, causando disfagia e algumas vezes tornando-se palpável no pescoço como uma massa. Os divertículos de tração e epifrênicos são raramente sintomáticos, embora sua causa de base possa ser. 36 Figura 15: Divertículos esofágicos Diagnóstico Exame contrastado com bário Todos os divertículos são diagnosticados por videodeglutograma com bário e frequentemente confirmados na endoscopia alta. Tratamento Em geral, nenhum Ocasionalmente, ressecção cirúrgica O tratamento específico não é necessário, embora ocasionalmente seja necessária a ressecção para divertículos grandes ou sintomáticos. Os divertículos associados a distúrbios de motilidade necessitam de tratamento do distúrbio de base. Por exemplo, relatos de caso sugerem realizar uma miotomia do cricofaríngeo durante a resseção do divertículo de Zenker. 37 4.5 Ruptura esofágica A ruptura esofágica pode ser iatrogênica durante procedimentos endoscópicos ou outros instrumentos ou ser espontânea (síndrome de Boerhaave). Os pacientes estão gravemente enfermos, com sintomas de mediastinite. O diagnóstico é feito por esofagografia com contraste hidrossolúvel. Reparo cirúrgico imediato e drenagem são necessários. Os procedimentos endoscópicos são as principais causas de ruptura esofágica, mas pode ocorrer ruptura espontânea, classicamente relacionada a vômitos, ânsia ou deglutição de grande bolo alimentar. O local mais comum de ruptura é a face lateral esquerda do esôfago distal. Ácido e outros componentes do suco gástrico causam mediastinite fulminante e choque. Pneumomediastino é comum. Figura 16: Ruptura Esofágica 38 Sinais e sintomas Os sintomas da ruptura esofágica incluem dor abdominal e torácica, febre, vômitos, hematêmese e choque. Enfisema subcutâneo é palpável em cerca de 30% dos pacientes. Som de trituração no mediastino (sinal de Hamman), um ranger sincrônico com os batimentos cardíacos, pode estar presente. Diagnóstico Radiografias do abdome e tórax Esofagografia Radiografias do abdome e tórax mostrando ar no mediastino, derrame pleural ou alargamento mediastinal sugerem o diagnóstico. O diagnóstico da ruptura esofágica é confirmado por esofagografia com contraste hidrossolúvel, que evita potencial irritação do mediastino pelo bário. A tomografia computadorizada de tórax detecta ar e líquido no mediastino, mas não localiza bem a perfuração. A endoscopia pode não perceber uma perfuração pequena. Tratamento Implante endoscópico de stent ou correção cirúrgica Além da correção cirúrgica ou implante endoscópico de stent, os pacientes devem receber antibióticos de largo espectro (p. ex., gentamicina mais metronidazol ou piperacilina/tazobactam) e expansão volêmica quando necessária, pelo choque. Mesmo com o tratamento, a mortalidade é alta. 39 4.6 Membrana esofágica Raramente, desenvolvem-se membranas em pacientes com anemia ferropriva grave não tratada; elas se desenvolvem ainda mais raramente em pacientes sem anemia. As membranas em geral aparecem no esôfago proximal, causando disfagia para sólidos. Elas são mais bem diagnosticadas com esofagogramas com bário. As membranas desaparecem com o tratamento da anemia, mas podem ser facilmente rompidas durante a esofagoscopia. Figura 17: Membrana esofágica 4.7 Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) Incompetência do esfíncter esofágico inferior permite o refluxo do conteúdo gástrico no esôfago, causando dor em queimação. O refluxo prolongado pode provocar esofagite, estenose e raramente metaplasia. O diagnóstico é clínico, algumas vezes por endoscopia, com ou sem pHmetria. O tratamento envolve modificações do estilo de vida, supressão ácida com inibidores da bomba de prótons e, às vezes, cirurgia. A doença de refluxo gastroesofágica (DRGE) é comum, ocorrendo em 10 a 20% dos adultos. Ela também ocorre com frequência em bebês, tipicamente com início no nascimento (Refluxo gastresofágico em recém-nascidos). 40 Figura 18: Refluxo gastresofágico Etiologia A presença de refluxo implica em incompetência do EEI, que pode resultar de perda generalizada do tônus desse esfíncter ou de relaxamentos recorrentes e temporários (i.e., não relacionados à deglutição). Os relaxamentos transitórios do EEI são desencadeados por distensão gástrica ou estímulo faríngeo subliminar. Fatores que contribuem para a competência da junção esofagogástrica incluem o ângulo da junção cardioesofágica, a ação do diafragma e a gravidade (i.e., em pé). Fatores que podem contribuir para o refluxo incluem ganho de peso, alimentos gordurosos, bebidas gasosas ou com cafeína, álcool, tabaco e determinados fármacos. Fármacos que diminuem a pressão do EEI incluem anticolinérgicos, anti-histamínicos, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores do canal de cálcio, progesterona e nitratos. 41 Complicações A DRGE pode causar esofagite, úlcera péptica esofágica, estenose esofágica, esôfago de Barrett e adenocarninoma esofágico. Os fatores que contribuem para o desenvolvimento de esofagite incluem a natureza cáustica do material refluído, a inabilidade para eliminar o material refluído do esôfago, o volume do conteúdo gástrico e as funções protetoras da mucosa. Alguns pacientes, em particular recém-nascidos, podem aspirar o material refluído. Sinais e sintomas O sintoma mais proeminente de DRGE é a queimação retroesternal, com ou sem regurgitação do conteúdo gástrico para a boca. Crianças apresentam vômitos, irritabilidade, anorexia e, algumas vezes, sintomas de aspiração crônica. Tanto adultos como crianças com aspiração crônica podem apresentar tosse, roncos ou chiado. A esofagite pode causar odinofagia e mesmo hemorragia, que em geral é oculta, mas pode ser maciça. Estenoses pépticas causam disfagia gradualmente progressiva para alimentos sólidos. Úlceras esofágicas provocam o mesmo tipo de dor encontrada em úlceras gástricas ou duodenais, mas a dor em geral se localiza na região do apêndice xifoide ou região subesternal alta. As úlceras pépticas esofágicas cicatrizam lentamente, tendem a recorrer e costumam causar estenose quando cicatrizam. Figura 19: Queimação retroesternal 42 Diagnóstico Diagnóstico clínico Endoscopia para pacientes que não respondem ao tratamento empírico pHmetria de 24 h para pacientes com sintomas típicos, mas endoscopia normal Uma anamnese detalhada aponta para o diagnóstico. Pode-se tentar uma prova terapêutica com supressores de ácido para pacientes com sintomas típicos da DRGE. Deve-se submeter aqueles que não melhoram ou têm sintomas de longa duração ou sintomas das complicações a outros testes. Endoscopia com lavado para citologia e/ou biópsias de áreas anormais é o procedimento de escolha. A biópsia endoscópica é o único teste que detecta de maneira consistente as alterações na mucosa colunar do esôfago de Barrett. Pacientes com achados endoscópicos sem importância e sintomas típicos, apesar do tratamento com inibidores da bomba de prótons, devem ser submetidos à pHmetria de 24h. Embora um esofagograma com bário mostre prontamente úlceras esofágicas e estenoses pépticas, é menos útil para refluxo leve a moderado; além disso, a maioria dos pacientes com anormalidades requer endoscopia subsequente. Figura 20: anormalidades no esofagograma 43 Manometria esofágica pode ser usada para avaliar o peristaltismo esofágico antes do tratamento cirúrgico. Tratamento Elevação da cabeceira do leito Evitar café, álcool, godura e tabagismo Inibidores da bomba de prótons, bloqueadores de H2 Otratamento da DRGE não complicada consiste em elevar a cabeceira do leito em cerca de 15 cm (6 pol) e evitar o seguinte: Comer em 3 horas antes da horas de dormir Estimulantes fortes da secreção ácida (ex.: café, álcool) Certos fármacos (ex.: anticolinérgicos) Alimentos específicos (ex.: gorduras, chocolate) Tabagismo Recomenda-se perda ponderal para pacientes com sobrepeso e para aqueles que ganharam peso recentemente. O tratamento farmacológico costuma ser feito com inibidores da bomba de prótons, todos os quais parecem ser igualmente eficazes. Por exemplo, adultos podem receber omeprazol 20 mg, lansoprazol 30 mg, pantoprazol 40 mg ou esomeprazol 40 mg 30 minutos antes do café da manhã. Em alguns casos, por exemplo, resposta somente parcial à dosagem 1 vez ao dia) pode-se administrar inibidores da bomba de prótons de 12/12 h. As crianças podem receber esses fármacos em doses reduzidas 1 vez ao dia (i.e., omeprazol, 20 mg, para crianças com > 3 anos de idade; omeprazol, 10 mg, para crianças com < 3 anos; lansoprazol, 15 mg, para crianças com ≤ 30 kg ou 30 mg, para crianças com > 30 kg). Esses fármacos podem ser mantidos por longo prazo, mas as doses devem ser ajustadas ao mínimo exigido para prevenir os sintomas, incluindo dosagem intermitente conforme necessário. Bloqueadores de H2, por exemplo a ranitidina 150 mg ao deitar, ou pró- cinéticos, por exemplo metoclopramida 10 mg, VO, 30 minutos antes das refeições e ao deitar, são menos eficazes, mas podem ser acrescentado a um esquema de inibidor da bomba de prótons. 44 Realiza-se a cirurgia antirrefluxo (geralmente fundoaplicatura por via laparoscópica) em pacientes com esofagites graves, hérnias de hiatos volumosas, hemorragia, estenoses ou úlceras. Estenoses esofágicas são tratadas por meio de dilatações endoscópicas repetidas. O esôfago de Barrett pode ou não regredir com o tratamento médico ou cirúrgico. (ver também American College of Gastroenterology’s updated guidelines for the diagnosis, surveillance, and therapy of Barrett’s esophagus.) Como o esôfago de Barrett é um precursor do adenocarcinoma, recomenda-se vigilância endoscópica para transformação maligna a cada 3 a 5 anos na doença não displástica. As diretrizes de 2015 do American College of Gastroenterology recomendam terapia ablativa endoscópica para pacientes com displasia de baixo grau confirmada e sem comorbidade limitadora da vida; entretanto, vigilância endoscópica a cada 12 meses é uma alternativa aceitável. Deve-se tratar os pacientes com esôfago de Barrett e displasia de alto grau confirmada com terapia ablativa endoscópica, a menos que tenham comorbidade limitadora da vida. Técnicas ablativas endoscópicas para esôfago de Barrett incluem resseção endoscópica da mucosa, terapia fotodinâmica, crioterapia e ablação a laser. A incompetência do esfíncter esofágico inferior e relaxamentos transientes permitem o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago e, às vezes, para a laringe ou pulmões. Complicações incluem esofagite, úlcera péptica esofágica, estenose esofágica, esôfago de Barrett e adenocarninoma esofágico. O principal sintoma em adultos é azia e bebês apresentam vômitos, irritabilidade, anorexia e, algumas vezes, sintomas de aspiração crônica; em qualquer idade, aspiração crônica pode causar tosse, rouquidão e sibilos. Diagnosticar clinicamente; fazer endoscopia em pacientes que não respondem ao tratamento empírico e pHmetria de 24 h se a endoscopia estiver normal em pacientes com sintomas típicos. Tratar com mudanças no estilo de vida (p. ex., elevação da cabeceira do leito, perda ponderal, evitar gatilhos dietéticos) e terapia supressora de ácido. A cirurgia antirrefluxo pode ajudar pacientes com complicações ou com uma grande quantidade de refluxo não ácido sintomático. 45 4.8 Hérnia de hiato Etiologia A etiologia da hérnia de hiato costuma ser desconhecida, mas acredita-se que ocorra pela distensão dos ligamentos da fáscia entre o esôfago e o diafragma no hiato esofágico (a abertura pela qual o esôfago atravessa o diafragma). Figura 21: etiologia da hérnia Fisiopatologia Há 2 tipos principais de hérnia de hiato: Hérnia de hiato por deslizamento (o tipo mais comum): a junção gastroesofágica e parte do estômago estão acima do diafragma. Hérnia de hiato paraesofágica: a junção gastroesofágica está em sua posição normal, mas parte do estômago está adjacente ao esôfago no hiato diafragmático. 46 As hérnias também podem ocorrer por outras partes do diafragma (Hérnia diafragmática). A hérnia de hiato por deslizamento é comum e é um resultado incidental na radiografia em > 40% da população; portanto, a relação entre hérnia e sintomas não está clara. Embora muitos pacientes com DRGE tenham algum grau de hérnia de hiato, < 50% dos pacientes com hérnia de hiato têm DRGE. Figura 22: Hérnia de Hiato Sinais e sintomas A maioria dos pacientes com hérnia de hiato por deslizamento é assintomática, mas pode ocorrer dor torácica e outros sintomas de refluxo. A hérnia paraesofágica é geralmente assintomática, mas pode encarcerar e estrangular-se, diferentemente da hérnia de hiato por deslizamento. Sangramento gastrointestinal oculto ou maciço pode ocorrer com qualquer tipo de hérnia. 47 Diagnóstico Exame contrastado com bário Às vezes, endoscopia alta Uma hérnia de hiato grande é frequentemente descoberta incidentalmente na radiografia torácica. Hérnias menores são diagnosticadas por esofagograma com bário. Hérnias também podem ser vistas com endoscopia alta. Tratamento Às vezes, correção cirúrgica Algumas vezes, um inibidor da bomba de prótons Hérnias de hiato por deslizamento assintomáticas não necessitam de qualquer tratamento específico. Os pacientes com DRGE associada devem ser tratados com um IBP. A hérnia paraesofágica deve ser reduzida cirurgicamente em razão do risco de estrangulamento. Doenças esofágicas infecciosas A infecção esofágica ocorre principalmente em pacientes com mecanismos de defesa diminuídos. Agentes primários incluem Candida albicans, HSV e CMV. Os sintomas mais frequentes são odinofagia e dor torácica. O diagnóstico se faz por visualização endoscópica e cultura. O tratamento se faz com antifúngicos ou fármacos antivirais. A infecção esofagiana é rara em pacientes com mecanismos de defesa preservados. Os mecanismos primários de defesa do esôfago incluem saliva, motilidade esofágica e imunidade celular. Portanto, pacientes de alto risco incluem aqueles com aids, transplantados, alcoólatras, diabéticos, desnutridos, com neoplasias e distúrbios de motilidade esofágica. A infecção por Candida pode ocorrer em qualquer um desses pacientes. Infecções por HSV e CMV ocorrem principalmente na aids e em pacientes transplantados. 48 Esofagite por Cândida Os pacientes com esofagite por Cândida em geral se queixam de odinofagia e, menos comumente, de disfagia. Cerca de dois terços têm sinais de estomatite (logo, sua ausência não exclui envolvimento esofágico). Pacientes com odinofagia e estomatite típica podem receber tratamento empírico, mas caso não ocorra melhora significativa em 5 a 7 dias, uma avaliação endoscópica é necessária. A esofagografia com bário é menos exata. O tratamento da esofagite por Cândida é com fluconazol 200 a 400 mg VO ou IV, 1 vez ao dia por 14 a 21 dias. Alternativas incluem outros “azois” (ex., itraconazol, voriconazol e posaconazol) ou equinocandinas (ex., caspofungina, micafungina, anidulafungina). A terapia tópica não tem indicação. Figura 23: esofagite por Cândida 49 Esofagite por vírus herpes simples e esofagite por citomegalovírus Estas infecções são igualmente frequentes em pacientes transplantados, mas o HSV ocorre precocemente após o transplante(reativação) e o CMV ocorre 2 a 6 meses depois. Nos pacientes com Aids, o CMV é muito mais comum que o HSV; a esofagite viral ocorre principalmente quando a contagem de CD4+ é < 200/mcL. Odinofagia intensa pode ser secundária a ambas as infecções. Estas infecções são igualmente frequentes em pacientes transplantados, mas o HSV ocorre precocemente após o transplante (reativação) e o CMV ocorre 2 a 6 meses depois. Nos pacientes com aids, o CMV é muito mais comum que o HSV; a esofagite viral ocorre principalmente quando a contagem de CD4+ é < 200/mcL. Odinofagia intensa pode ser secundária a ambas as infecções. A endoscopia com citologia ou biópsia costuma ser necessária para o diagnóstico. O HSV é tratado com aciclovir, IV, 5 mg/kg, de 8/8 horas, por 7 dias ou valaciclovir, 1 g, VO de 8/8 h. CMV é tratado com ganciclovir, 5 mg/kg, IV, de 12/12 horas, por 14 a 21 dias, com manutenção de 5 mg/kg, IV, 5 dias por semana, para pacientes imunocomprometidos. Alternativas incluem fosfonoformato trissódico e cidofovir. Figura 24: Esofagite por vírus herpes simples e esofagite por citomegalovírus 50 4.9 Anel esofágico inferior Anel esofágico inferior é um estreitamento de 2 a 4 mm da mucosa que produz a aparência de um estreitamento anelar do esôfago distal na junção escamocolunar que costuma causar disfagia. A etiologia dos anéis esofágicos inferiores é controversa; as principais teorias são de que eles são congênitos ou causados por refluxo ácido ou esofagite induzida por comprimidos. Esses anéis provocam disfagia intermitente para sólidos. Os sintomas podem começar em qualquer idade, mas normalmente só começam após os 25 anos de idade. A dificuldade de deglutição é intermitente e se agrava principalmente ao ingerir carne e pão seco. Os sintomas em geral ocorrem apenas quando o diâmetro da luz esofágica é < 12 mm e nunca quando é > 20 mm. Figura 25: Anel esofágico inferior 51 Tipicamente, a avaliação da disfagia começa com endoscopia alta, que deve mostrar um anel grande o suficiente para causar sintomas. Se o esôfago distal estiver adequadamente distendido, radiografias com bário também costumam mostrar o anel. Instruir o paciente a mastigar o alimento por completo é normalmente o único tratamento necessário para anéis mais largos, mas os anéis mais estreitos necessitam de dilatação por endoscopia ou velas. A ressecção cirúrgica raramente é necessária. 4.10 Síndrome de Mallory-Weiss A síndrome de Mallory-Weiss consiste em laceração não penetrante das mucosas do esôfago distal e do estômago proximal, causada por vômitos, ânsia ou soluços. Inicialmente descrita em alcoólatras, a síndrome de Mallory-Weiss pode ocorrer em qualquer paciente que vomite com grande esforço. É a causa de cerca de 5% dos episódios de hemorragia digestiva alta. A ruptura também pode ser acompanhada por dor na parte inferior do tórax. O diagnóstico da síndrome de Mallory-Weiss é sugerido clinicamente por uma história típica de hematêmese, ocorrendo após um ou mais episódios de vômitos não sanguinolentos. Nesses casos, se a quantidade de sangramento for mínima e o paciente estiver estável, os exames podem ser adiados. Do contrário, se a história não está clara ou o sangramento é contínuo, o paciente deve ser submetido à avaliação para sangramento GI, tipicamente com endoscopia alta e exames laboratoriais. Endoscopia digestiva alta também pode ser terapêutica porque um clipe pode ser colocado sobre a ruptura para controlar o sangramento. 52 Figura 26: síndrome de Mallory-Weiss A maioria dos episódios de sangramento cessa espontaneamente; sangramento grave ocorre em cerca de 10% dos pacientes, que requerem intervenção significativa, como transfusão ou hemostasia endoscópica (por colocação do clipe, injeção de etanol ou adrenalina ou por eletrocautério). Infusão intra-arterial de vasopressina ou embolização terapêutica na artéria gástrica esquerda durante angiografia também pode ser usada para controlar sangramento. Cirurgia raramente é necessária. Figura 27: Laceração de Mallory-Weiss 53 REFERÊNCIAS BAYLEY, B. J.; HEALY, G. B.; JOHNSON, J. T. et al. Otolaryngology. Head & Neck Surgery. 2001. 4. CAMPOS, Carlos Alberto Herreiras de; COSTA, Henrique Olavo da. Tratado de Otorrinolaringologia. São Paulo: Roca, 2002. 2. Otolaryngologic Clinics of North América. 31:3. 1998. COOK, I. J.; KAHRILAS, P. J.. Gastroenterology. AGA technical review on management of oropharyngeal dysphagia. 1999 Feb;116(2):455-78. CRARY, M. A.; MANN, G. D.; GROHER, M. E. Initial psychometric assessment of a functional oral intake scale for dysphagia in stroke patients. Arch Phys Med Rehab. 2005 Aug; 86(8):1516-20. FEBRERO, B.; Ríos, A.; RODRÍGUE, Z. JM., et al. Dysphagia lusoria as a differential diagnosis in intermittent dysphagia. Gastroenterol. 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