Buscar

AULA 1 TEORIA GERAL DO CRIME (1)



Continue navegando


Prévia do material em texto

Unip – 2022 – Teoria Geral do Crime
AULA 1
A Pré-História do Direito Penal 
A compreensão da história do Direito Penal constitui elemento indispensável em nosso estudo, ainda que pontuada por noções básicas.
Não se sabe com precisão quando o homem surgiu na Terra; é certo, porém, que o ser humano sempre se reuniu em agrupamentos sociais, até porque não sobreviveria muito tempo de outro modo, fazendo-se necessário um conjunto mínimo de regras, inclusive penais, a serem observadas.
O Direito Penal pré-histórico ou primitivo
Diz-se primitivo ou pré-histórico o Direito Penal antes do surgimento da escrita. Cuida-se de época longínqua, mas que toda a civilização um dia experimentou. O Brasil por exemplo vivenciou semelhante fase antes de sua colonização, quando vigoravam as leis e costumes indígenas, as quais eram transmitidas oralmente e conservadas pela tradição, os direitos eram muito numerosos, com costumes distintos em cada agrupamento social(fosse um clã, uma tribo, ou uma etnia), encontrando-se o direito impregnado de religião.
Ao tempo do descobrimento, nosso índios não apresentavam o mesmo estágio civilizatório de outros povos da América, como os astecas, os incas ou os maias. Encontrava-se em verdade bem próximos da Idade da Pedra Lascada.
Conheceram nossos primeiros habitantes diversas formas primitivas de pena, notadamente a vingança divina e a vingança privada e o Talião(falaremos a frente), inclusive existia entre os indígenas a pena de morte (executada por um tacape que era um pedaço de madeira com uma ponta mais grossa)
Anote-se que o direito penal indígena dado o seu primitivismo e diante do nosso processo de colonização, em nada influenciou o Direito Penal brasileiro da atualidade. O choque de civilizações decorrente da chegada dos portugueses em nossas terras resultou num desfecho inevitável em que a cultura mais desenvolvida, seja pela força, superioridade ou astúcia, sobrepujou a dos indivíduos colonizados.
Surgimento da Escrita e dos Primeiros Textos Jurídicos
Os mais antigos documentos jurídicos escritos datam de cerca de 500 anos e aparecem tanto no Egito quanto na Mesopotâmia, merecendo particular registro o chamado Direito Cuneiforme, que se entende pelo conjunto de regras adotadas por povos do oriente antigo(Suméria, Babilônia, Assíria) perpetuadas por meio de um processo de escrita ideográfico, em forma de cunho ou prego.
O código mais antigo que atualmente se conhece é o de Ur-Nammu, fundador da terceira dinastia de Ur por volta de 2000 anos antes de Cristo. O mais célebre porém é o Código de Hammurabi, rei da Babilônia, que estima ter vivido de 1726 a 1686 a.C (compõe-se de 282 artigos e está gravado em uma estela-pedra descoberta em 1901 e conservada no Museu de Louvre em Paris)
A fase da vingança penal – dividida em três subfases: a vingança divina, a vingança privada e a vingança pública, nas quais se entremeia a chamada vingança limitada(Talião).
Vingança Divina –normas impregnadas de cunho religioso ou místico, em que a inflição de castigo se dava com o escopo de apaziguar a revolta dos deuses.
Vingança Privada – já em tempos mais modernos o homem fazia justiça pelas própria mãos. A vingança privada caracterizava-se por reações violentas, quase sempre exageradas e desproporcionais. As penas impostas eram a perda da paz (o sujeito era banido do convívio de seus pares, ficando à própria sorte), e a vingança de sangue(verdadeira guerra entre os agrupamentos sociais).
Vingança Limitada (Talião)–olho por olho, dente por dente, acarretava a aniquilação do grupo, o enfraquecimento paulatino das pessoas. Um processo de Justiça em que ao mal praticado por alguém devia corresponder, tão exatamente quanto possível um mal igual e oposto.
Vingança Pública – a função de punir deixa de ser individual e se torna pública, ficando a cargo do Estado, o responsável por assegurar a integridade territorial, política e social do seus súditos.
A História do Direito Penal na Antiguidade Romana
Época antiga – caracterizada por um direito arcaico, primitivo, mais próximo da pré-história do Direito Penal, com escassos registros escritos, grande diversidade de regras, segundo as diferentes famílias e clãs, sendo as normas preservadas por meio de costumes. Data desse período a Lei das Doze Tábuas ou Código de Decenviral.
Época Clássica – o direito era fixado predominantemente por juristas, podendo se identificar uma ciência jurídica coerente e racional. Surge neste contexto a divisão do Direito em ramos (Direito Público e Privado).
Época do Baixo Império – dominava o absolutismo imperial, com intensa atividade legislativa ditada pelos imperadores e marcada influência do Cristianismo.
Direito Penal na Idade Média – sua base é formada pelo Direito Romano, Germânico e Canônico, vindo deste último os primeiros passos dados em direção à humanização da pena, vista como expiação. Dava-se extremo valor à confissão, etapa necessária para demonstrar o arrependimento do réu. O Direito Penal dessa época era caracterizada pela fusão entre o Estado e a Religião, promoveu intensamente o arbítrio judicial, quando ilimitado, seja na definição dos crimes como na inflição de penas, impregnando a justiça com uma aura de incerteza, insegurança e terror.
Direito Penal na Idade Moderna e as Ordenações do Reino de Portugal 
A Idade Moderna vivenciou uma transição fundamental em matéria de Direito Penal, do absolutismo à humanização.
Em Portugal e, por extensão no Brasil colônia, as Ordenações do Reino (Afonsinas, Manuelinas e Filipinas), constituíam forte exemplo do Direito Penal absolutista, caracterizado pela difusão do terror.
Com o Iluminismo e sua racionalidade, os pensadores começaram a ser dar conta da iniquidade do modelo de Direito Penal vigente. For marco dessa nova visão a obra de CesareBonesana, o Marquês de Beccaria, intitulada Dos Delitos e das Penas (1764). No Brasil, o primeiro reflexo das idéias humanitárias de Beccaria se fez sentir na Constituição Imperial de 1824, posteriormente no Código Criminal em 1830.
História do Direito Penal Positivo Brasileiro
Período Colonial – Ordenações Afonsinas (1447 ou 1448-1521),Ordenações Manuelinas (1521 a 1603) e Ordenações Filipinas (1603-1830).
Império – Código Criminal do Império (1830 a 1890).
República – Código Penal Republicano (1890-1940), Consolidação das Leis Penais(1932), Código Penal vigente (1940 até os dias atuais) e reforma da Parte Geral (1984)